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Física Júnior 1 AULA 5 MOVIMENTO EM UMA DIMENSÃO O universo, e tudo que nele existe, está sempre em movimento. Um dos propósitos da Física é estudar o movimento dos corpos, a rapidez com que se movem ou a distância percorrida em um dado intervalo de tempo. Nesta aula, estudaremos a física básica do movimento nos casos em que o objeto está se movendo em linha rela. Este tipo de movimento é chamado de movimento unidimensional. Nesse estudo, faremos as seguintes exigências: Supor que o movimento se dá ao longo de uma linha rela. A trajetória pode ser vertical, horizontal ou inclinada, mas deve ser retilínea. Discutir apenas o movimento em si e suas mudanças, sem nos preocuparmos com as suas causas. Supor que o corpo em movimento é uma partícula ou um corpo que se move como uma partícula, isto é, todas as partes do objeto se movem na mesma direção e com a mesma velocidade. Assim, podemos imaginar que o movimento de um corpo rígido deslizando em um escorrega é semelhante ao de uma partícula. Não podemos dizer o mesmo para uma bola rolando em uma mesa de sinuca. O estudo do movimento unidimensional será feito em dois momento. No primeiro momento abordaremos o movimento com velocidade constante, ou seja, sem aceleração. No segundo momento, estudaremos o movimento com aceleração constante e diferente de zero. 1. MOVIMENTO SEM ACELERAÇÃO O movimento sem aceleração, também chamado movimento uniforme (MU), é o movimento onde a intensidade da velocidade permanece constante e não nula (𝑣 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 ≠ 0) no decorrer do tempo, de modo que o móvel percorra distâncias iguais em intervalos de tempos também iguais. Na definição apresentada, não foi feita nenhuma restrição à forma da trajetória. Portanto, o movimento pode ser uniforme independentemente do formato da trajetória. Veja os exemplos abaixo: Figura 1: Movimento Uniforme em formas diferentes de trajetórias. Como foi definido, no MU o móvel percorre distâncias iguais em intervalos de tempos iguais. Figura 2: Uma pedra lançada em uma região onde a gravidade é desprezível realiza um movimento uniforme. Observe que, em iguais intervalos de tempos, ela percorre distâncias iguais. O MU é uma situação difícil de ser observada no nosso dia-a-dia. Mas podemos citar como exemplo os movimentos nos elevadores e nos metrôs, depois da saída e antes da parada. Física Júnior 2 Figura 3: Nos elevadores e nos metrôs, após uma fase inicial de aumento de velocidade e, antes da fase de desaceleração, ocorre o estágio em que o movimento uniforme. Isso é importante para não comprometer o bem-estar dos passageiros. O movimento uniforme de um paraquedista Quando um paraquedista salta de um avião, sua velocidade começa a crescer devido à atração da Terra (força gravitacional). Ao abrir o paraquedas, o ar oferece uma resistência ao movimento do paraquedista, e essa resistência vai se tornando mais intensa a medida que a velocidade escalar do paraquedista vai aumentando. Após certo tempo de queda, essa resistência se torna capaz de impedir que a atração da Terra continue aumentando a intensidade da velocidade durante a queda. A partir desse instante, o movimento do paraquedista passa a ser uniforme, e ele chega ao solo com velocidade de intensidade entre 6 m/s e 7 m/s, aproximadamente. Essa velocidade escalar constante é denominada velocidade terminal ou velocidade limite. É importante colocar que os paraquedistas usam técnicas de frenagem antes de tocar o solo. Figura 4: Paraquedista em salto com paraquedas aberto descendo com velocidade constante devido à resistência do ar. 1.1 CARACTERISTICAS DO MOVIMENTO UNIFORME 1) Possui aceleração escalar nula e velocidade de intensidade constante e não nula. 𝑎 = 0 ⇒ 𝑣 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 ≠ 0 2) Percorrer distâncias iguais em intervalos de tempos iguais. 3) Por ser um movimento de velocidade constante em módulo, a velocidade escalar instantânea é igual a velocidade escalar média. 𝑣 = 𝑣𝑚 = ∆𝑥 ∆𝑡 4) A equação da posição em função do tempo 𝑥(𝑡) é do 1º grau em , e do tipo: 𝑥(𝑡) = 𝑥0 + 𝑣. 𝑡 Física Júnior 3 Demonstração da equação Sendo a velocidade média dada por , e igual a instantânea, 𝑣 = 𝑣𝑚. Para o instante inicial, 𝑡0 = 0, temos: 𝑣 = ∆𝑥 ∆𝑡 = 𝑥 − 𝑥0 𝑡 − 𝑡0 = 𝑥 − 𝑥0 𝑡 ⇒ 𝑥 − 𝑥0 = 𝑣. 𝑡 ∴ 𝑥 = 𝑥0 + 𝑣. 𝑡 5) Não possui funções temporais da velocidade e da aceleração, 𝑣(𝑡) e 𝑎(𝑡), já que a velocidade é constante (𝑣 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒) devido a aceleração ser nula (𝑎 = 0). 1.1.1 Mais Sobre a Velocidade Constante A partir da equação diferencial , para condição em que seja constante, temos: Para o intervalo de 𝑡 a 𝑡0 = 0, correspondente as posições 𝑥 e 𝑥0, que são os limites de integração. ∴ 𝑥 = 𝑥0 + 𝑣𝑡 Esta é outra forma de demonstrar a equação 𝑥(𝑡), desta vez com cálculo diferencial e integral. 1.2 VELOCIDADE RELATIVA Os conceitos que estudaremos agora só se aplicam a movimentos com velocidade constante. A velocidade relativa de um móvel A, em relação a outro B é definida como sendo a grandeza 𝑣𝐴𝐵 dada por: 𝑣𝐴𝐵 = 𝑣𝐴 − 𝑣𝐵𝑣𝐴𝐵 = 𝑣𝐴 − 𝑣𝐵 = 60 − 80 = −20 𝑘𝑚 ℎ Para melhor compreensão da definição, tomemos dois carros A e B, percorrendo uma mesma trajetória retilínea, com velocidades constantes de intensidades, respectivamente iguais a, 𝑣𝐴 e 𝑣𝐵. Figura 5: Carros A e B se movendo para o mesmo sentido, sentido positivo do eixo 𝒙. A velocidade de B em reação a A é: E, a velocidade de A em relação a B é: 𝑣𝐴𝐵 = 𝑣𝐴 − 𝑣𝐵 = 60 − 80 = −20 𝑘𝑚 ℎ Observe que: 𝑣𝐴𝐵 = −𝑣𝐵𝐴 Física Júnior 4 Como exemplo, vamos calcular as velocidades relativas entre os corpos A e B nos casos a, b, c e d indicados abaixo. Como A e B se movem para o mesmo sentido da trajetória, suas velocidades são positivas, 𝑣𝐴 > 0 e 𝑣𝐵 > 0. Daí: 𝑣𝐴𝐵 = 𝑣𝐴 − 𝑣𝐵 = 10 − 5 = 5 𝑚 𝑠 Como A e B se movem em sentidos contrário ao da trajetória, suas velocidades são negativas, 𝑣𝐴 < 0 e 𝑣𝐵 < 0. Daí: 𝑣𝐴𝐵 = 𝑣𝐴 − 𝑣𝐵 = −10 − (−5) = −5 𝑚 𝑠 Como A se move no sentido da trajetória, e B contrário, a velocidade de A é positiva e a de B negativa, 𝑣𝐴 > 0 e 𝑣𝐵 < 0. Daí: 𝑣𝐴𝐵 = 𝑣𝐴 − 𝑣𝐵 = 10 − (−5) = 15 𝑚 𝑠 Como A se move no sentido oposto ao da trajetória, e B no mesmo sentido, a velocidade de A é negativa e a de B positiva, 𝑣𝐴 < 0 e 𝑣𝐵 > 0. Daí: 𝑣𝐴𝐵 = 𝑣𝐴 − 𝑣𝐵 = −10 − 5 = −15 𝑚 𝑠 No entanto, o que nos importância é obter a velocidade escalar relativa (módulo da velocidade relativa) entre dois corpos A e B. Daí, usamos a seguinte regra prática. 1 Se os móveis se movimentarem no mesmo sentido, a velocidade escalar relativa é dada pelo módulo da diferença das intensidades das velocidades de A e B. 𝑣𝐴𝐵 = |𝑣𝐴 − 𝑣𝐵| 2 Se os móveis se movimentarem em sentidos opostos, a velocidade escalar relativa é dada pelo módulo da soma das intensidades das velocidades escalares de A e B. 𝑣𝐴𝐵 = |𝑣𝐴 + 𝑣𝐵| 1.3 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO MU E SUAS PROPRIEDADES A representação gráfica do movimento tem sua importância. Nesse tipo de descrição conseguimos observar características que, apenas com as equações, normalmente não conseguiríamos. Física Júnior 5 1.3.1 Gráfico da Posição em Função do Tempo Como vimos anteriormente, a equação que descreve a posição 𝑥(𝑡) no movimento uniforme é da forma, 𝑥 = 𝑥0 + 𝑣𝑡, ou seja, equação do 1° grau em t. Portanto, sua representação gráfica é um segmento de reta inclinado em relação aos eixos, podendo se enquadra nos seguintes casos: MOVIMENTO UNIFORME PROGRESSIVO (MUP) MOVIMENTO UNIFORME RETRÓGRADO (MUR) O movimento é a favor da trajetória. Neste caso, as posições aumentamcom o tempo, (𝑣 > 0). O movimento é a contrário a trajetória. Neste caso, as posições diminuem com o tempo, (𝑣 < 0). MUP com posição inicial negativa, 𝑥0 < 0. MUR com posição inicial negativa, 𝑥0 < 0. MUP com posição inicial nula, 𝑥0 = 0. MUR com posição inicial nula, 𝑥0 = 0. MUP com posição inicial positiva, 𝑥0 > 0. MUP com posição inicial positiva, 𝑥0 > 0. A ordenada em que a reta 𝑥 = 𝑥0 + 𝑣𝑡 corta o eixo x, representa o valor da posição inicial x0. A abscissa em que a reta 𝑥 = 𝑥0 + 𝑣𝑡 corta o eixo , representa o instante em que o móvel passa pela origem das posições 𝑥 = 0. 1.3.1.1 Propriedade do gráfico 𝒙(𝒕) A velocidade escalar instantânea 𝑣 é numericamente igual a tangente do ângulo de inclinação 𝛼 da curva no gráfico 𝑥(𝑡). 𝑣 = ±𝑡𝑔𝛼 Considere o gráfico a baixo, figura 6, da posição 𝑥 em função do tempo 𝑡 de uma partícula em movimento uniforme. Para um intervalo de tempo ∆𝒕 considerado, se calcular a tangente da inclinação do gráfico determinaremos a velocidade escalar nesse intervalo de tempo. Física Júnior 6 Gráfico 1: Gráfico 𝒙(𝒕), mostrando o ângulo 𝛼 e seus catetos. A região destacada no gráfico corresponde a um triângulo retângulo, cujo cateto oposto ao ângulo representa a variação da posição ∆𝑥, e o cateto adjacente, o intervalo de tempo ∆𝑡. Sendo a tangente do ângulo o quociente entre as medidas do seu cateto oposto e adjacente. 𝑡𝑔𝛼 = ∆𝑥 ∆𝑡 E sabendo que 𝑣 = ∆𝑥 ∆𝑡 . Comparando, verificamos que: 𝑣 = 𝑡𝑔𝛼 Como a inclinação é constante, e a velocidade é dada pela tangente de , confirmamos que a velocidade é constante. EM SÍNTESE Reta Ascendente – Movimento Progressivo Reta Descendente – Movimento Retrógrado Como, 𝑥 > 𝑥0 ⇒ 𝑣 = 𝑥−𝑥0 𝑡−𝑡0 = ∆𝑥 ∆𝑡 ∴ 𝑣 = 𝑡𝑔𝛼 Como, 𝑥 < 𝑥0 ⇒ 𝑣 = 𝑥−𝑥0 𝑡−𝑡0 = − ∆𝑥 ∆𝑡 ∴ 𝑣 = −𝑡𝑔𝛽 1.3.2 Gráfico da Velocidade em Função do Tempo Como a velocidade de um móvel em MU é constante e diferente de zero, com o passar do tempo, o gráfico da velocidade em função do tempo 𝑣(𝑡) é uma reta paralela ao eixo dos tempos. De acordo com o sentido do movimento, o gráfico 𝑣(𝑡) pode ser: Movimento Uniforme Progressivo (MUP) Movimento Uniforme Retrógrado (MUR) Movimento no sentido da trajetória, 𝑣 > 0. Movimento contrário a trajetória, 𝑣 < 0. Física Júnior 7 No repouso, a velocidade é constante e igual a zero, 𝑣 = 0. Nesse caso, temos um gráfico 𝑣(𝑡) igual ao que se encontra ao lado. 1.3.2.1 Propriedade do gráfico 𝒗(𝒕) A variação da posição ∆𝑥 é numericamente igual área A abaixo da curva do gráfico 𝑣(𝑡), em um determinado intervalo de tempo. ∆𝑥 = ±Á𝑟𝑒𝑎 (𝐴) (5) Considere o gráfico da velocidade 𝑣 em função do tempo 𝑡, de uma partícula com velocidade constante. Tomando dois instantes quaisquer, 𝑡1 e 𝑡2, como indicados no gráfico e, calculando a área A delimitada por eles, determinaremos a variação da posição ∆𝑥 nesse intervalo de tempo. Gráfico 9: Gráfico 𝒗(𝒕), mostrando a área. Observe que a região destacada no gráfico corresponde a um retângulo, cuja base representa o intervalo de tempo ∆𝑡, entre 𝑡1 e 𝑡2 e, a altura a velocidade escalar 𝑣. Calculando essa área, produto de sua base ∆𝑡 pela altura 𝑣, temos: 𝐴 = 𝑣.∆𝑡 Sendo 𝑣 = ∆𝑥 ∆𝑡 ⇒ ∆𝑥 = 𝑣. ∆𝑡, comparando verificamos que: ∆𝑥 = 𝐴 EM SÍNTESE Movimento Progressivo Movimento Retrógrado 𝑣 > 0 ⇒ ∆𝑥 > 0 ⇒ 𝐴 > 0 𝑣 < 0 ⇒ ∆𝑥 < 0 ⇒ 𝐴 < 0 Física Júnior 8 2. MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO CONSTANTE O movimento com aceleração constante, denominado movimento uniformemente variado (MUV), é o movimento onde a aceleração é constante e não nula, 𝑎 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 ≠ 0. Assim, a velocidade sofre variações iguais em intervalos de tempos também iguais. É comum encontrar movimentos com aceleração constante ou quase constante. Como exemplo, podemos apontar os automóveis durante a frenagem e corpos que caem na vizinhança da superfície terrestre. Analisando o gráfico 𝑣(𝑡), de três móveis A, B e C, mostrado na figura. Podemos perceber que: Figura 1: Gráfico 𝒗(𝒕) para três móveis A, B e C. O móvel A possui velocidade constante e igual a 10 m/s. Logo, seu movimento é uniforme e sua aceleração escalar é nula. Já os móveis B e C possuem velocidades variáveis com o tempo. Então, suas acelerações não são nulas. Entretanto, existe uma grande diferença entre os dois: A velocidade de B sofre variações iguais em iguais intervalos de tempo. Ela varia 5 𝑚⁄𝑠 a cada segundo, o que significa que a aceleração é constante e igual a 5 𝑚⁄𝑠2. Portanto, o movimento de B é uniformemente variado. A velocidade de C não sofre variações iguais em iguais intervalos de tempo. De 0 a 2s sua velocidade varia 5 𝑚⁄𝑠; de 2s a 4s varia, aproximadamente, 2,5 𝑚⁄𝑠; de 4s a 6s, varia novamente, aproximadamente, 2,5𝑚⁄𝑠; de 6 s a 8s varia 5 𝑚⁄𝑠; e nos últimos dois segundos, de 8s a 10s, varia 15 𝑚⁄𝑠. Isso significa que sua aceleração é variável e, portanto, o movimento não é uniformemente variado. A velocidade de um móvel pode variar de duas formas distintas, aumentando ou diminuindo sua intensidade com o tempo. Por exemplo: Na decolagem, um avião aumenta sua velocidade até possuir a intensidade propícia para que o avião possa decolar. Neste caso, dizemos que o movimento é acelerado. Na frenagem, ao avistar um semáforo fechado (vermelho), um automóvel diminui sua velocidade até parar. Neste caso, dizemos que o movimento é retardado. 2.1 CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO UNIFORMEMENTE VARIADO 1) Possui aceleração escalar constante e não nula, e velocidade escalar variando uniformemente com o tempo. Física Júnior 9 𝑎 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 ≠ 0 ⇒ 𝑣 = 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎 2) Aceleração escalar instantânea igual a aceleração escalar média. 𝑎 = 𝑎𝑚 = ∆𝑣 ∆𝑡 3) A velocidade escalar média pode ser determinada por: , ou pela média aritmética entre as velocidades. Para velocidade final e inicial 𝑣0, . Logo: ∆𝑥 ∆𝑡 = 𝑣 + 𝑣0 2 Demonstração da equação A partir do gráfico 𝑣(𝑡), e usado a propriedade ∆𝑥 = Á𝑟𝑒𝑎 temos: Sendo a figura um trapézio, ∆𝑥 = Á𝑟𝑒𝑎 ⇒ ∆𝑥 = (𝑣+𝑣0).∆𝑡 2 ∴ ∆𝑥 ∆𝑡 = 𝑣+𝑣0 2 5) A equação 𝑣(𝑡) é do 1° grau em t, e do tipo: 𝑣 = 𝑣0 + 𝑎𝑡 Demonstração da equação Sendo a aceleração média dada por , e igual a instantânea, 𝑎 = 𝑎𝑚, já que é constante. Para o instante inicial, 𝑡0 = 0 temos: 6) A equação 𝑥(𝑡) é do 2º grau em 𝑡, e do tipo: 𝑥 = 𝑥0 + 𝑣0. 𝑡 + 1 2 𝑎. 𝑡2 Demonstração da equação Sabendo que no movimento de aceleração constante a velocidade escalar média 𝒗𝒎 pode ser obtida pela média aritmética das velocidades, em 𝑡0 = 0 temos: Física Júnior 10 Sendo 𝑣 = 𝑣0 + 𝑎𝑡, substituindo em 𝑣, temos: 𝑥 − 𝑥0 = (𝑣0 + 𝑎. 𝑡). 𝑡 + 𝑣0. 𝑡 2 = 𝑣0. 𝑡 + 𝑎. 𝑡 2 + 𝑣0. 𝑡 2 = 2. 𝑣0. 𝑡 + 𝑎𝑡 2 2 = 2. 𝑣0. 𝑡 2 + 𝑎𝑡2 2 𝑥 − 𝑥0 = 𝑣0. 𝑡 + 𝑎𝑡2 2 ∴ 𝑥 = 𝑥0 + 𝑣0. 𝑡 + 𝑎𝑡2 2 5) Existe uma equação que relaciona a velocidade em função da posição 𝑣(𝑥), chamada de equação de Torricelli. 𝑣2 = 𝑣02 + 2𝑎∆𝑥 Demonstração da equação Sendo 𝑎, a intensidade da aceleração da partícula, constante e diferente de zero (𝑎 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 ≠ 0) e, sabendo que neste tipo de movimento as funções 𝑣(𝑡) e 𝑥(𝑡) são: 𝑣 = 𝑣0 + 𝑎𝑡 (𝐼) e Isolamos o tempo na equação (I), substituído em (II). E resolvendo, temos: 𝑥 − 𝑥0 = (𝑣. 𝑣0 − 𝑣0 2) 𝑎 + 1 2 . 𝑎 ( 𝑣2 − 2. 𝑣. 𝑣0 + 𝑣0 2 𝑎2 ) = (𝑣. 𝑣0 − 𝑣0 2) 𝑎 + (𝑣2 − 2. 𝑣. 𝑣0 + 𝑣0 2) 2. 𝑎∆𝑥 = 2(𝑣. 𝑣0 − 𝑣0 2) + (𝑣2 − 2. 𝑣. 𝑣0 + 𝑣0 2) 2. 𝑎 = 2. 𝑣. 𝑣0 − 2. 𝑣0 2 + 𝑣2 − 2. 𝑣. 𝑣0 + 𝑣0 2 2. 𝑎 = −2. 𝑣0 2 + 𝑣2 2. 𝑎 ∆𝑥 = −2. 𝑣0 2 + 𝑣2 2. 𝑎 ⇒ −2. 𝑣0 2 + 𝑣2 = 2. 𝑎. ∆𝑥 ∴ 𝑣2 = 𝑣0 2 + 2. 𝑎. ∆𝑥 2.1.1 Mais Sobre a Aceleração Constante A partir da equação diferencial 𝑎 = 𝑑𝑣 𝑑𝑡 , para condição de 𝑎 constante, temos: Física Júnior 11 Para o intervalo de 𝑡 a 𝑡0 = 0, correspondente as velocidade 𝑣 a 𝑣0, que são os limites de integração. ∴ 𝑣 = 𝑣0 + 𝑎𝑡 Seguindo o mesmo princípio, a partir da equação diferencial 𝑣 = 𝑑𝑥 𝑑𝑡 , para 𝑣 = 𝑣0 + 𝑎𝑡 e 𝑎 constante, obtemos: Para o intervalo de 𝑡 a 𝑡0 = 0, correspondente as posições 𝑥 e 𝑥0, que são os limites de integração. 2.2 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO MUV E SUAS PROPRIEDADES 2.2.1 Gráfico da Posição em Função do Tempo A equação da posição 𝑥(𝑡) no movimento com aceleração constante é da forma, 𝑥 = 𝑥0 + 𝑣0𝑡 + 1 2 𝑎𝑡2, isto é, do 2° grau em 𝑡. Logo, sua representação gráfica é uma parábola onde a concavidade é definida pelo sinal da aceleração. Aceleração Positiva 𝒂 > 𝟎 Concavidade voltada para cima Aceleração Negativa 𝒂 < 𝟎 Concavidade voltada para baixo Do lado esquerdo do ponto Q, vértice da parábola, o movimento é retrógrado (𝑣 < 0) e retardado (𝑣. 𝑎 < 0). A direita de Q, o movimento é progressivo (𝑣 > 0) e acelerado (𝑣. 𝑎 > 0). Do lado esquerdo do ponto Q, vértice da parábola, o movimento é progressivo (𝑣 > 0) e retardado (𝑣. 𝑎 < 0). A direita de Q, o movimento é retrógrado (𝑣 < 0) e acelerado (𝑣. 𝑎 > 0). Física Júnior 12 O ponto onde a parábola toca o eixo da ordenada 𝑥, determina a posição inicial 𝑥0 do movimento no instante t0 = 0. Os pontos onde a parábola toca o eixo da abscissa 𝑡, determinam os instantes em que o móvel passa pela origem das posições 𝑥 = 0. No instante correspondente ao vértice Q da parábola, a velocidade escalar é nula 𝑣 = 0, instante em que ocorre inversão do movimento. O gráfico 𝑥(𝑡), pode possuir 𝑥0 < 0 , 𝑥0 = 0 e 𝑥0 > 0, conforme ilustrado no quadro abaixo. Aceleração Positiva 𝒂 > 𝟎 Aceleração Negativa 𝒂 < 𝟎 2.2.1.1 Propriedade gráfica Considere o gráfico 𝑥(𝑡) de uma partícula em MUV. Sejam e 𝑥′ as posições nos instantes e 𝑡′, respectivamente. A velocidade média é dada por , que é o coeficiente angular da reta secante. Gráfico: Reta secante nas posições 𝒙 e 𝒙′ nos instantes 𝒕 e 𝒕′ no gráfico 𝒙(𝒕). 𝑣𝑚 = ∆𝑥 ∆𝑡 = 𝑡𝑔𝛼 Física Júnior 13 Para determinar a velocidade instantânea 𝑣, no instante 𝑡, deve-se fazer 𝑡′ aproximar-se de t. Deste modo, a reta secante vai se deslocando e, no limite, quando 𝑡′ tender a 𝑡, passa-se a ter uma reta tangente a curva em 𝑡. Gráfico: Reta tangente a curva no instante 𝒕. O coeficiente angular, 𝑡𝑔𝜃, dessa reta tangente, fornece a velocidade 𝑣, no instante . Matematicamente esse coeficiente angular é a derivada da posição em relação tempo, calculada no instante . 𝑣 = 𝑑𝑥 𝑑𝑡 Portanto, como visto anteriormente, a tangente de inclinação do gráfico 𝑥(𝑡) é numericamente igual a velocidade instantânea. 2.2.2 Gráfico da Velocidade em Função do Tempo A equação da velocidade 𝑣(𝑡) do movimento com aceleração constante é 𝑣 = 𝑣0 + 𝑎𝑡, do 1° grau em . Sendo assim, seu gráfico é uma reta inclinada, onde a inclinação é definida pelo sinal da aceleração. Aceleração Positiva 𝒂 > 𝟎 Reta Crescente Aceleração Negativa 𝒂 < 𝟎 Reta Decrescente A esquerda de 𝑣 = 0, o movimento é retrógrado (𝑣 < 0) e retardado (𝑣. 𝑐 < 0). E a direita progressivo (𝑣 > 0) e acelerado (𝑣. 𝑎 > 0). A esquerda de 𝑣 = 0, o movimento é progressivo (𝑣 > 0) e retardado (𝑣. 𝑐 < 0). E a direita retrógrado (𝑣 < 0) e acelerado (𝑣. 𝑎 > 0). Figura: Gráfico 𝒗(𝒕), classificação do movimento antes e depois da mudança de sentido. Física Júnior 14 2.2.2.1 Propriedades Gráfica 1° propriedade: A aceleração escalar instantânea é numericamente igual a tangente do ângulo de inclinação 𝛼 do gráfico 𝑣(𝑡). 𝑎 = ±𝑡𝑔𝛼 Considere o gráfico 𝑣(𝑡) do movimento com aceleração constante. Para um intervalo de tempo ∆𝑡 considerado, calculando a tangente da inclinação 𝛼 do gráfico, determina-se a aceleração instantânea 𝑎 nesse intervalo de tempo. Gráfico 3: Inclinação no gráfico 𝒗(𝒕). Observe que a região destacada no gráfico corresponde a um triângulo retângulo, cujo cateto oposto ao ângulo 𝛼 representa a variação da velocidade ∆𝑣, e o cateto adjacente o intervalo de tempo ∆𝑡. Sabendo que a tangente do ângulo de um triângulo retângulo é determinada pelo quociente entre a medida do cateto oposto pela medida do cateto adjacente, para o gráfico acima temos: 𝑡𝑔𝛼 = ∆𝑣 ∆𝑡 Como 𝑎 = ∆𝑣 ∆𝑡 , de modo geral: 𝑎 = ±𝑡𝑔𝛼 Pela definição, podemos concluímos que, a aceleração escalar instantânea é constante para esse tipo de gráfico, já que ela é numericamente igual a tangente da inclinação 𝛼 e esta é constante. 2° propriedade: A variação da posição ∆𝑥 é numericamente igual área A abaixo da curva do gráfico 𝑣(𝑡) em um determinado intervalo de tempo ∆𝑡. ∆𝑥 = ±Á𝑟𝑒𝑎 (𝐴) Foi a partir desta propriedade que mostramos que a velocidade escalar média 𝑣𝑚, entre os instantes 𝑡1 e 𝑡2, é a média aritmética entre as velocidades escalares 𝑣1 e 𝑣2, no movimento em que a aceleração é constante. Tomemos dois instantes quaisquer, 𝑡1 e 𝑡2, e calcularmos a área A que eles delimitam: Gráfico : Área A no gráfico 𝒗(𝒕). Física Júnior 15 Como a área do gráfico abaixo da curva delimitada pelos instantes 𝑡1 e 𝑡2 é um trapézio, temos: , Nota. Quando o gráfico 𝒗(𝒕) apresentar inversão no sentido do movimento, deveremos ter cuidado ao calcularmos o deslocamento e a distância percorrida, já que são conceitos distintos. Como exemplo, vamos obter o deslocamento e da distância percorrida a partir do gráfico abaixo. Gráfico 5: Áreas 𝑨𝟏 > 𝟎 e 𝑨𝟐 < 𝟎. Áreas formadas acima do eixo 𝑡 são positivas, e abaixo, negativas, logo 𝐴1 > 0 e 𝐴2 < 0. Cálculo da distância percorrida 𝒅𝒑 Para calcular a distância percorrida 𝑑𝑝 pelo gráfico 𝑣(𝑡), somamos todas as áreas formadas, independentemente delas serem positivas ou negativas. 𝑑𝑝 = |𝐴1| + |𝐴2| Cálculo do deslocamento ∆𝒙 Para calcular o deslocamento pelo gráfico 𝒗(𝒕), é importante determinar e distinguir as áreas em negativas e as positivas. ∆𝑥 = 𝐴1 − 𝐴2 2.2.3 Gráfico da Aceleração em Função do Tempo Como no MUV a aceleração é constante e não nula, 𝑎 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 ≠ 0, o gráfico 𝑎(𝑡) é uma reta paralela ao eixo das abscissas . Aceleração Positiva 𝒂 > 𝟎 Reta paralela e acima do eixo 𝒕 Aceleração Negativa 𝒂 < 𝟎 Reta paralela e abaixo do eixo 𝒕 Física Júnior 16 2.2.3.1 Propriedade Gráfica A variação da velocidade ∆𝑣 é numericamente igual área A abaixo da curva do gráfico 𝑎(𝑡) em um determinado intervalo de tempo ∆𝑡. ∆𝑣 = ±Á𝑟𝑒𝑎(𝐴) Considere o gráfico 𝑎(𝑡). Se escolhermos dois instantes quaisquer 𝑡1 e 𝑡2, como indicados no gráfico e calcularmos a área A que eles delimitam, determinaremos a variação da velocidade ∆𝑣 nesse intervalo de tempo. Gráfico 6: Área A no gráfico 𝒂(𝒕). Observe que a região destacada no gráfico corresponde a um retângulo, cuja base representa o intervalo de tempo ∆𝑡 entre 𝑡1 e 𝑡2, e a altura a aceleração instantânea 𝑎. Sabendo que a área de um retângulo é determinada pelo produto das medidas entre sua base e sua altura, para o gráfico acima: 𝐴 = ∆𝑡.𝑎 Como 𝑎 = ∆𝑣 ∆𝑡 ⇒ ∆𝑣 = 𝑎. ∆𝑡, e comparando temos que ∆𝑣 = 𝐴. De modo geral.∆𝑣 = ±𝐴 Áreas abaixo do eixo 𝑡 serão negativas, o que resulta em uma variação de velocidade negativa ∆𝑣 < 0. O ponto onde a reta toca o eixo da ordenada 𝑣, determina a velocidade inicial 𝑣0 do movimento. O ponto onde a reta toca o eixo das abscissas 𝑡, determina o instante em que a velocidade é nula 𝑣 = 0. Ponto de inversão do movimento. O gráfico 𝑣(𝑡), pode possuir 𝑣0 < 0, 𝑣0 = 0 e 𝑣0 > 0, conforme mostrado no quadro abaixo. Aceleração Positiva 𝒂 > 𝟎 Aceleração Negativa 𝒂 < 𝟎 3. MOVIMENTO VERTICAL SEM RESISTÊNCIA Física Júnior 17 Neta secção estudaremos o movimento de corpos na vertical, sob a ação exclusiva da gravidade terrestre, desprezando a resistência ar, mediante três situações distintas: a queda livre, o lançamento vertical para cima e o lançamento vertical para baixo. Nesta situação, todos os corpos, independentes de suas dimensões, formas ou composição, caem com a mesma aceleração, a gravidade terrestre �⃗�. Por mais que o valor da gravidade na superfície da Terra seja considerada constantes em muitos exemplos, ele varia com a altitude e com a densidade do local da crosta terrestre. 3.1 QUEDA LIVRE Na queda livre o corpo é solto, ou seja, sua velocidade inicial é nula 𝑣0 = 0 . Galileu Galilei, físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano, estudou corretamente, pela primeira vez a queda livre dos corpos. Ele concluiu, que todos os corpos em queda livre têm a mesma aceleração independente de sua massa. Esta aceleração foi denominada aceleração da gravidade e, nas proximidades da Terra, é suposta constante e com intensidade de, aproximadamente, 𝒈 = 𝟗, 𝟖 𝒎⁄𝒔𝟐. Na queda livre a trajetória é retilínea e seu movimento é uniformemente variado, neste caso, a aceleração escalar do corpo é constante e igual a 𝒂 = +𝒈, se a trajetória for orientada para baixo, ou 𝒂 = −𝒈 se for orientada para cima. Figura 2: A trajetória adota para o movimento indica o sinal da aceleração da gravidade. 3.1.1 Equações da Queda Livre Considere um corpo sendo solto de um local de altura acima do solo terrestre. A medida que o corpo desce, a partir da posição inicial 𝑦0 = 0, no instante 𝑡0 = 0, sua velocidade aumenta uniformemente com o tempo (movimento acelerado), devido a aceleração (𝑎 = 𝑔) ser constante, até chegar ao solo com intensidade máxima Figura 3: Corpo solto de uma altura y acima do solo terrestre. Analisando a figura, sabendo que o movimento é uniformemente variado e desprezando a resistência do ar, determinaremos as equações 𝑥(𝑡), 𝑣(𝑡) e 𝑣(𝑥). A função 𝑥(𝑡) é do tipo . Sendo 𝑥 = 𝑦, 𝑥0 = 𝑦0 = 0, 𝑣0 = 0 𝑒 𝑎 = 𝑔, temos: A função 𝑣(𝑡) é do tipo 𝑣 = 𝑣0 + 𝑎𝑡. Sendo 𝑣0 = 0 𝑒 𝑎 = 𝑔. 𝑣 = 0 + 𝑔𝑡 ∴ 𝑣 = 𝑔𝑡 Física Júnior 18 A função 𝑣(𝑥) é do tipo . Sendo 𝑣0 = 0, 𝑎 = 𝑔 e ∆𝑥 = ∆𝑦. 𝑣2 = 0 + 2𝑔∆𝑦 ∴ 𝑣2 = 2𝑔∆𝑦 3.2 LANÇAMENTO VERTICAL PARA BAIXO No lançamento vertical para baixo, o corpo é arremessado, sendo assim, o início deste movimento apresenta velocidade inicial não nula, 𝑣0 ≠ 0. 3.2.1 Equações do Lançamento Vertical Para Baixo Considere um corpo sendo lançado para baixo, de um local de altura 𝑦 acima do solo terrestre, com uma velocidade inicial 𝑣0. Figura 4: Corpo lançado para baixo a partir de uma altura y acima do solo terrestre. Análoga a queda livre, a medida que o corpo desce, a partir da posição inicial 𝑦0 = 0, no instante 𝑡0 = 0, sua velocidade também aumenta uniformemente com o tempo, devido a aceleração (𝑎 = 𝑔) ser constante, até chegar ao solo com intensidade máxima. Analisando a figura, sabendo que o movimento é uniformemente variado e desprezando a resistência do ar, determinaremos as equações 𝑥(𝑡), 𝑣(𝑡) e 𝑣(𝑥). A função 𝑥(𝑡) é do tipo . Sendo 𝑥 = 𝑦, 𝑥0 = 𝑦0 = 0, 𝑣0 ≠ 0 𝑒 𝑎 = 𝑔, temos: A função 𝑣(𝑡) é do tipo 𝑣 = 𝑣0 + 𝑎𝑡. Sendo 𝑣0 ≠ 0 𝑒 𝑎 = 𝑔. 𝑣 = 𝑣0 + 𝑔𝑡 ∴ 𝑣 = 𝑣0 + 𝑔𝑡 A função 𝑣(𝑥), é do tipo 𝑣2 = 𝑣02 + 2𝑎∆𝑥. Sendo 𝑣0 ≠ 0, 𝑎 = 𝑔 e ∆𝑥 = ∆𝑦. 𝑣2 = 𝑣02 + 2𝑔∆𝑦 ∴ 𝑣2 = 𝑣02 + 2𝑔∆𝑦 3.3 LAÇAMENTO VERTICAL PARA CIMA No lançamento vertical para cima o corpo é arremessado. Logo, ele sobe a partir de uma velocidade inicial, 𝑣0 ≠ 0. 3.3.1 Equações do Lançamento Vertical Para Cima Física Júnior 19 Considere um corpo sendo lançado verticalmente para cima, com uma velocidade inicial 𝑣0 a partir do solto terrestre. O corpo sobe até uma altura 𝑦, onde inverte o sentido do seu movimento, e retorna ao solo. Figura 5: Corpo lançado para cima a partir do solo terrestre até uma altura y. Durante a subida, a partir da posição inicial 𝑦0 = 0 no solo, no instante 𝑡0 = 0, sua velocidade diminui uniformemente com o tempo (movimento retardado), enquanto na descida, aumenta (movimento acelerado), devido a aceleração ser constante (𝑎 = 𝑔 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒), até chegar ao solo com velocidade de intensidade igual ao da velocidade inicial, porém com sinais contrários (𝑣 = −𝑣0). O tempo de subida 𝑡𝑠 e o tempo de descida 𝑡𝑑 são iguais e, em cada posição do movimento, as velocidades, na subida e na descida, têm a mesma intensidade, mas com sinais opostos. Sabendo que o movimento é uniformemente variado, orientando a trajetória para cima (a aceleração será negativa, 𝑎 =−𝑔, tanto na subida quando na descida, pois ela é contrária a orientação), e desprezando a resistência do ar, determinaremos as equações 𝑥(𝑡), 𝑣(𝑡) e 𝑣(𝑥). A função 𝑥(𝑡) é do tipo . Sendo 𝑥 = 𝑦, 𝑥0 = 𝑦0 = 0, 𝑣0 ≠ 0 𝑒 𝑎 = −𝑔, temos: A função 𝑣(𝑡) é do tipo 𝑣 = 𝑣0 + 𝑎𝑡. Sendo 𝑣0 ≠ 0 𝑒 𝑎 = −𝑔. 𝑣 = 𝑣0 + (−𝑔)𝑡 ∴ 𝑣 = 𝑣0 − 𝑔𝑡 A função 𝑣(𝑥), é do tipo 𝑣2 = 𝑣02 + 2𝑎∆𝑥. Sendo 𝑣0 ≠ 0, 𝑎 = −𝑔 e ∆𝑥 = ∆𝑦. 𝑣2 = 𝑣02 + 2(−𝑔)∆𝑦 ∴ 𝑣2 = 𝑣02 − 2𝑔∆𝑦 3.3.2 Casos Específicos Vamos usar as equações para o cálculo de alguns casos específicos bastante comuns em problemas Cálculo do tempo de subida - No ponto mais alto da trajetória 𝑣 = 0 e 𝑡 = 𝑡𝑠. Logo: 𝑣 = 𝑣0 − 𝑔𝑡 ⇒ 0 = 𝑣0 − 𝑔𝑡𝑠 ⇒ 𝑔𝑡𝑠 = 𝑣0 Velocidade escalar de retorno ao solo - Como voltou ao mesmo local de onde saiu, ∆𝑦 = 0. Logo: 𝑣2 = 𝑣02 − 2𝑔∆𝑦 ⇒ 𝑣2 = 𝑣02 − 2𝑔. 0 ∴ 𝑣2 = 𝑣02 ⇒ 𝑣 = −𝑣0 Cálculo do tempo de descida - Na descida até o solo 𝑣0 = 0, 𝑣 = −𝑣0 e 𝑡 = 𝑡𝑑. Logo: Física Júnior 20 Observe que o tempo de subida é igual ao de descida 𝑡𝑠 = 𝑡𝑑, quando ao mesmo nível. Cálculo da altura máxima - Na altura máxima 𝑣 = 0 e ∆𝑦 = 𝑦𝑚á𝑥. Logo: NOTAS: Para uma mesma posição, o tempo de subida 𝑡𝑠 e o tempo de descida 𝑡d são iguais, 𝑡𝑠 = 𝑡𝑑. No ponto mais alto da trajetória o corpo inverte o sentido do seu movimento, portanto, a velocidade nesse ponto é nula (𝑣 = 0). Na subida o movimento é retardado e na descida acelerado. A velocidade de retorno ao solo 𝑣 tem o mesmo módulo da velocidade inicial 𝑣0, porém sinais contrários. EXERCICIO DE APLICAÇÃO Movimento sem aceleração - MU 01. Um trem de carga de 200 m de comprimento, movendo-se com velocidade escalar constante de 72 km/h, em trajetória retilínea, gasta 0,50 minutos para atravessar completamente um túnel. Qual o comprimento do túnel? 02. Dois móveis A e B percorrem uma mesma trajetória retilínea com movimentos uniformes e velocidades com intensidades respectivamente iguais a 2,0 m/s e 1,0 m/s e sentidos indicados na figura. No instante t0, o móvel A está posicionado em A0 e o móvel B em B0. Adotando o ponto 0 como origem dos posições e o instante t0 como origem dos tempos, determine: (a) As equações da posição para os movimentos de A e B. (b) A distância entre os móveis A e B noinstante t1 = 10 s. 03. Duas partículas A e B, ambas com movimento uniforme, percorrem uma mesma trajetória retilínea. Na origem dos tempos, as partículas ocupam as posições A0 e B0, indicadas na trajetória, conforme a figura a seguir. As partículas A e B se movem no mesmo sentido, com velocidades escalares respectivamente iguais a . Determine: (a) Em que posição da trajetória ocorrerá o encontro dos móveis? (b) Em que instantes a distância entre os dois móveis será de 50 m? 04. Um atirador aponta para um alvo e dispara um projétil. Este sai da arma com velocidade de 300 𝑚⁄𝑠. O impacto do projétil no alvo é ouvido pelo atirador 3,2 𝑠 após o disparo. Sendo de 340𝑚⁄𝑠 a velocidade de propagação do som no ar, calcule a distância do atirador ao alvo. Física Júnior 21 05. Um rapaz e uma moça saem de suas casas uma ao encontro do outro, caminhando sempre com velocidades constantes, respectivamente iguais a, 3,5 km/h e 1,5 km/h. Estando a 100 m da moça, em linha reta, o rapaz, ao avistá-la, aciona o seu cronômetro, travando-o apenas no instante em que os dois se encontram. Qual o intervalo de tempo, em minutos, registrado pelo cronômetro? 06. Três veículos, A, B e C, trafegam num mesmo sentido, sobre uma pista retilínea, com velocidades constantes. Num determinado instante, C vem à frente, a 80 m de B, e este, 60 m à frente de A. O veículo A leva 6,0 s para ultrapassar o veículo B e, 1,0 s após, encontra-se ultrapassando veículo C. Determine, em m/s, a velocidade de B em relação C. 07. Há um serviço de ônibus entre as cidades de Cajazeiras e Patos, distantes 180 km uma da outra. A cada hora um ônibus sai da primeira para segunda cidade, trafegando com velocidade constantes de módulo 60 km/h. Se você viajar de automóvel com velocidade constante de módulo 60 km/h, haverá cruzamento com os ônibus que vem sentido contrário. Qual o intervalo de tempo entre dois cruzamentos sucessivos? 08. Uma partícula descreve um movimento uniforme cuja função horária é 𝑥 = −2 + 5𝑡, para 𝑥 em metros e 𝑡 em segundos. Neste caso, classifique o movimento quanto a velocidade. 09. A posição de uma partícula varia em função do tempo, de acordo com o gráfico. Determine: (a) A posição inicial do movimento. (b) O que acontece no intervalo de tempo de 0 a 2 s? (c) Os instantes em que o móvel passa pela origem das posições. (d) A velocidade escalar nos instantes 4 s e 9 s. 10. Um automóvel faz uma viagem em 6 h e sua velocidade escalar varia em função do tempo, aproximadamente como mostra o gráfico. Qual a velocidade média do automóvel na viagem? Movimento com aceleração constante – MUV 11. A cabeça de uma cascavel pode acelerar 50 m/s2 no instante do ataque. Se um carro, partindo do repouso, também pudesse imprimir essa aceleração, em quanto tempo atingiria a velocidade de 180 km/h? 12. Um avião jumbo precisa atingir uma velocidade de 360 km/h para decolar. Supondo que a aceleração da aeronave seja constante e que a pista seja de 1,8 km, qual o valor mínimo desta aceleração em m/s2? Física Júnior 22 13. Quando a luz verde de um sinal de trânsito acende, um carro parte com aceleração constante de 2 m/s2. No mesmo instante, um caminhão, com velocidade constante de 10 m/s, ultrapassa o automóvel. Determine: (a) a que distância, após o sinal, o automóvel ultrapassará o caminhão? (b) Qual a velocidade do carro nesse instante? 14. Dois trens, em movimento retilíneo, viajam na mesma direção e em sentidos opostos, um a 72 km/h e o outro a 144 km/h. Quando estão a 950 m um do outro, os maquinistas se avistam e aplicam os freios. Determine se haverá colisão, sabendo-se que a desaceleração em cada um dos trens é de 1,0 m/s2. 15. A velocidade de uma partícula que se move ao longo do eixo 𝑥, partindo da origem das posições, é dada, por: 𝑣 = 6𝑡2 − 2𝑡3, no SI. Determine, para o instante 2 s, (a) a posição, (b) a velocidade e (c) a aceleração da partícula. (d) Qual é a velocidade máxima alcançada pela partícula? 16. O gráfico representa a velocidade escalar de uma partícula que, descreve uma trajetória retilínea, e função do tempo. No intervalo de tempo de 0 a T, a partícula inverte o sentido de seu movimento: a) Nenhuma vez b) Uma vez c) Duas vezes d) Três vezes e) Quatro vezes. 17. (UELON-PR) O gráfico representa a velocidade escalar de uma partícula, em função do tempo. A aceleração escalar da partícula, em m/s2, é igual a: a) 0,5 b) 4,0 c) 8,0 d) 12 e) 16 18. O gráfico representa a posição em função do tempo para um móvel que se desloca com aceleração constante. Classifique o movimento para: a) 0 ≤ 𝑡 < 𝑡1 e b) 𝑡 > 𝑡1. 19. O gráfico a seguir representa a velocidade de um atleta, que descreve uma trajetória retilínea e orientada, em função do tempo. No gráfico destacamos três secções distintas, indicadas por I (0 < 𝑡 < 𝑡1), II (𝑡1 < 𝑡 < 𝑡2) e III (𝑡2 < 𝑡 < 𝑡3). Qual os tipos de movimento nas secções I, II e III? Física Júnior 23 20. O gráfico representa a posição 𝑥 em função do tempo 𝑡 para o movimento de um corpo, em trajetória retilínea. Os trechos AO e BC são retilíneos e os trechos curvos são arcos de parábola com vértices em B e C e eixos de simetria paralelos a eixo das posições. Construa o gráfico da velocidade escalar em função do tempo e classifique o movimento em cada trecho. 21. O gráfico a seguir representa a velocidade de um atleta olímpico, em função da coordenada de posição, na corrida de 100 m rasos em uma trajetória suposta retilínea. Nos primeiros 30 m de percurso o movimento é com aceleração constante e, nos 70 m restantes, o movimento é uniforme. Qual o tempo total de percurso dos 100 m, com precisão de centésimos de segundo? 22. A figura refere-se ao diagrama 𝒙(𝒕) de uma partícula que descreve um movimento com aceleração constante, partindo do repouso no instante t = 0. No intervalo de 10 s a 15 s, qual foi o deslocamento sofrido pela partícula? 23. No livreto fornecido pelo fabricante de um automóvel há a informação de que ele vai do repouso a 108 km/h (30 m/s) em 10 s e que sua velocidade escalar varia, em função do tempo, de acordo com gráfico. Suponha que você queria fazer esse mesmo caro passar do repouso a 30 m/s também em 10 s, mas com aceleração constante. (a) Calcule qual deve ser essa aceleração escalar. (b) Compare as distância d e d’ percorridas pelo carro nos dois casos, verificando se a distância d’ percorrida com aceleração escalar constante é maior, menor ou igual à distância d percorrida na situação representada pelo gráfico. 24. Uma partícula possui velocidade igual a 2,0 m/s, no instante t0 = 0 e percorre uma trajetória retilínea. Sabe-se que a aceleração da partícula varia, em relação ao tempo, de acordo com o gráfico. Qual a distância percorrida pela partícula, entre os instantes t0 = 0 e t1 = 6,0 s? Física Júnior 24 25. Considere que a chuva cai de uma nuvem, 1700 m acima da superfície da Terra. Se desconsiderarmos a resistência do ar, com que velocidade, em km/h, as gotas de chuva atingiriam o solo? Seria seguro caminhar ao ar livre num temporal? 26. Uma chave inglesa cai de uma construção e atinge o solo com velocidade de 30,0 m/s. (a) De que altura caiu a bola? (b) Que tempo levou para cair? 27. Um objeto é largado de uma ponte 45 m acima da água. O objeto cai dentro de um barco que se desloca com velocidade constante e estava a 12 m do ponto de impacto no instante em que o objeto foi solto. Qual a velocidade do barco? 28. Uma bola lançada verticalmente para baixo de um altura de 58,8 m com velocidade inicial de 20, 5 m/s. (a) Qual sua velocidade exatamente antes de atingir o solo? (b) Que tempo ela necessita para atingir o solo? (c) Se a bola fosse jogada verticalmente para cima, da mesma altura e com a mesma velocidade inicial, quaisseriam as repostas aos item (a) e (b)? 29. Um foguete é lançado do repouso, de uma base submarina, situada 125 m abaixo da superfície da água. Ele se move verticalmente para cima, com aceleração desconhecida mas suposta constante (efeitos combinados de seus motores, da gravidade da Terra, do empuxo e da resistência da água) e alcança a superfície após 2,15 s. Quando ele rompe a superfície seus motores são automaticamente desligados (para tornar mais difícil a detecção) e continua a subir. Qual a altura máxima que ele alcança acima da superfície da água? (Ignore quaisquer efeitos da superfície). RESPOSTAS 01 400 m 02 (a) 𝑥𝐴 = 2 + 2. 𝑡 e 𝑥𝐵 = −1 − 1. 𝑡 ; (b) 33 m 03 (a) 5 s ; (b) 2,5 s e 7,5 s 04 510 m 05 20 s 06 10 𝑚 𝑠⁄ 07 2h 08 𝑣 = 5 𝑚 𝑠⁄ > 0 , Progressivo 09 (a) -10 m ; (b) Repouso ; (c) 4 s e 9 s ; (e) 9 m/s e 3,33 m/s, respectivamente. 10 40 km/h 11 1 s 12 2,78 m/s2 13 (a) 100 m ; (b) 200 m/s 14 Haverá colisão, pois a soma das distâncias percorridas por cada trem é (1000 m) maior que 950 m. 15 (a) 8 m ; (b) 8 m/s ; (c) 0 ; (d) -32 m/s 16 C 17 A 18 (a) Retrógrado e Retardado ; (b) Progressivo e Acelerado 19 Progressivo e acelerado, uniforme e progressivo, progressivo e retardado. 20 De 0 a A: MU Progressivo; De A a B: Progressivo e Retardado; De B a C: Repouso; De C a D: Progressivo e Acelerado. 21 10,83 s 22 250 m 23 (a) 3 m/s2 ; (b) d’ < d 24 42 m Física Júnior 25 25 663,8 km/h, não é seguro pois a velocidade das gostas são muito altas, podendo causar lesões. 26 (a) 1,5 m, (b) 0,55 s 27 4 m/s 28 (a) 39,95 m/s, (b) 1,945 s, (c) 39,9 m/s e 6,04 s 29 2704 m
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