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Cálculo III Aula 3: Funções com valores vetoriais Apresentação Nesta aula, aprenderemos mais algumas aplicações de funções vetoriais de uma variável real, tais como vetor tangente unitário e vetor normal principal. Além de apresentarmos o cálculo de curvatura. Tais conteúdos são muito utilizados em várias disciplinas, por exemplo, na Física. Objetivos Identi�car mais algumas aplicações de funções vetoriais de uma variável real, tais como vetor tangente unitário e vetor normal principal; Reconhecer o cálculo de curvatura. 1º Vetor Tangente Unitário Para de�nir o vetor tangente unitário devemos primeiro lembrar quem é o vetor tangente. Vimos, na aula anterior, que o vetor velocidade instantânea é sempre tangente à trajetória no ponto em que a partícula se encontra (de�nição das derivadas), portanto: Vetor Tangente será dado pela derivada do vetor posição σ (t). Aprendemos, em cálculo vetorial, que toda vez que queremos um vetor unitário deveremos dividir o vetor por seu módulo (cálculo do versor de σ’(t)). Observação: Quando uma partícula se move ao longo de uma curva C, o vetor T(t), sendo de comprimento constante, muda somente de direção, conforme pode ser visto na �gura abaixo. Exemplo 1: Encontre o vetor T(t) a curva σ(t) = ( cos , sen ), t ≥ 0 Notação: θ θ T(t) = = (−sen θ , cos θ)(−sen θ, cos θ) (−sen θ + (cos θ)2 )2 √ T(t) = , σ' (t) ≠ 0(σ'(t) ∥σ' (t)∥ ∣ ∣ ∣ ∣ ∣ ∣ ∣ ∣ Fórmulas (Fonte: Gerd Altmann por Pixabay ). 2º Vetor Normal Principal Como vimos anteriormente, quando uma partícula se move ao longo de uma curva C, o vetor T(t), sendo de comprimento constante, muda somente de direção. A variação desta direção é medida pela derivada. Portanto podemos concluir utilizando a teoria vista na disciplina de Cálculo e recordada na aula passada, que T(t) é perpendicular a T’(t). Se �zermos o versor de T’(t), ou seja, calcular o vetor unitário de T’(t), encontraremos o vetor que denominamos como Normal Principal. Notação: Geometricamente o vetor Normal unitário é perpendicular a σ’(t) apontando para parte interna da curva (parte côncava da curva), onde a curva muda de direção. N(t) = = , σ' (t) ≠ 0T '(t) ∥T ' (t)∥ σ'(t) ∥σ' (t)∥ ∣ ∣ ∣ ∣ ∣ ∣ ∣ ∣ Observe: Se || σ’ (t) || = c, onde c é uma constante, podemos por meio da de�nição de comprimento (teoria vista em cálculo vetorial), || σ’ (t) || = σ’(t) σ’(t) = c2. Se derivarmos tal expressão teremos (usando a regra do produto): σ’(t) σ’’(t) + σ’(t) σ’(t) = 0. Então 2 σ’’(t) σ’(t) = 0 e portanto σ’’(t) σ’(t) = 0, pela teoria aprendida em cálculo vetorial, podemos a�rmar que σ’’(t) é perpendicular a σ’(t). Teorema: Considere uma partícula em movimento que possui o vetor posição σ(t). Tomemos a velocidade da partícula como v(t) = ǁ σ′ (t) ǁ, este diferente de zero, então o vetor aceleração A(t) pode ser dado da seguinte forma: A (t) = v’ (t) T (t) + v (t) T’ (t) Para demonstrar tal fato devemos tomar: Podemos reescrever como Derivando o produto encontraremos , como queríamos demonstrar. Observação: De forma análoga podemos demonstrar que se T’(t) ≠ 0, temos: A = componente tangencial da aceleração (T(t)) A = componente norma da aceleração (N(t)) T(t) = , σ' (t) ≠ 0σ'(t) ∥σ' (t)∥ ∣ ∣ ∣ ∣ ∣ ∣ ∣ ∣ σ’ (t) = ║σ’ (t) ║ T (t) = v (t) T (t) A (t) = σ’’ (t) = v’ (t) T (t) + v (t) T ’ (t) T N Exemplo Exemplo 1: Encontre o vetor N(t) a curva σ (t) = ( cos , sen ), t ≥ 0θ θ T(t) = = (−sen θ , cos θ)(−sen θ, cos θ) (−sen θ + (cos θ)2 )2 √ N(t) = = = (−sen θ , cos θ)T '(t) ∥T '(t)∥ (−sen θ, cos θ) (−sen θ + (cos θ)2 )2 √ Fórmulas (Fonte: Shutterstock). 3º Curvatura De�nição: O arqueamento de uma curva é a taxa de variação de sua direção, ou seja, a velocidade com que a tangente muda de direção por unidade de comprimento. Observe: A curvatura de uma reta é nula, pois o vetor tangente é constante. Podemos então entender o cálculo da curvatura como a medida do quando a curva C deixa de ser uma reta. Portanto podemos desenvolver a de�nição de curvatura, utilizando a regra da cadeia e observar que... Logo podemos de�nir a curvatura como sendo: Vamos ver um exemplo clássico encontrado na literatura. = = T ' (t) = = , v(t) ≠dT ds dT dt dt ds 1 ds/dt T '(t) ds/dt T '(t) v(t) k(t) = ∥T '(t)∥ v(t) Exemplo Determine a curvatura da circunferência de raio a e centro na origem. A parametrização de tal curva será: σ(ϴ) = ( a cos , a sen ), 0 ≤ ≤ 2 π Portanto σ’ ( ) = (- a sen , a cos ), v ( ) = a, T( ) = ( - sen , cos ), T ’ ( ) = ( - cos , - sen ) e ║ T ’ ( ) ║ = 1. Logo k ( ) = 1 / a Teorema: Se uma partícula em movimento possui vetor velocidade V(t), velocidade v(t), vetor aceleração A(t) e curvatura k(t), então: A(t) = v ’ (t) T (t) + v (t) ║ T ’ (t) ║ N (t). A(t) = v ’ (t) T (t) + k (t) v (t) N (t) e esta fórmula implicará que k (t) = θ θ θ θ θ θ θ θ θ θ θ θ θ θ θ 2 = | A(t) x V (t) | (t) v3 | σ'(t) x σ"(t) | | σ'(t)|3 Lembre-se: A(t) x v(t) indica produto vetorial. Para demonstrar tal fato basta fazer o produto vetorial de A(t) e V(t). Tomemos A(t) = v'(t) T(t) + k(t) v (t) N(t) e V(t) = v(t) T(t). Portanto A x V = v' v T x T + k v N x T = kv N x T. (Lembre-se T x T = 0). Como ║ N x T ║ = ║ N ║ ║ T ║ Obtemos então que Para curvas planas y = f (x) podemos desenvolver e concluir que 2 3 3 = 1sen π 2 A x V ∥= k e κ (t) = .∥∥ v 3 | A (t) x V (t) | (t) v3 | σ'(t) x σ"(t) | | σ' (t) |3 K = . ∥ ∥ ∥ yd2 dx2 ∥ ∥ ∥ [1+( ]dy dx ) 2 3/2 Raio de curvatura da trajetória em um dado ponto P Suponha C uma trajetória lisa de�nida por uma função vetorial, não retilínea, com um ponto P da trajetória. De�nição: Raio da curvatura será de�nido como O círculo que passa por P e tem raio ρ(t) e que tem centro na semirreta normal que contém N(t) é chamado de círculo de curvatura (ou círculo osculador). É o círculo que melhor descreve o comportamento da curva C perto de P, este tem a mesma tangente, a mesma normal e a mesma curvatura da curva C no ponto P. Esta de�nição nos mostra que pequenos círculos têm uma grande curvatura, enquanto grandes círculos têm uma pequena curvatura. p(t) = , k(t) ≠ 01 k(t) Comentário Vetor binormal, B(t) = T(t) x N(t), é perpendicular a T e N e também é unitário. O plano determinado pelo vetor normal e pelo vetor binormal num ponto P sobre a curva C é chamado de plano normal e o plano determinado por T(t) e N(t) é chamado de plano osculador de C em P, este é o plano que mais se aproxima de conter a parte da curva próxima a P. Para uma curva plana, o plano osculador é o plano que contém a curva. Veremos a seguir um exemplo clássico encontrado em todas as literaturas: Exemplo A curvatura de um círculo de raio a, com centro na origem de�nida por σ(t) = (a cos t, a sen t), t pertencendo ao intervalo fechado de [0, 2π], é constante e igual 1/a. Demonstração: σ(t) (a cos t, a sen t) e σ'(t) = ( - a sen t, a cos t), portanto v(t) = Então v (t) = a T(t) = Então: Nota: O conteúdo estudado nesta aula e na anterior faz parte da demonstração das Leis de Kepler. Tais leis tratam do movimento planetário, estudado por Johannes Kepler e você pode pesquisar mais para conhecê-las. σ'(t) ∥ ∥ ∥ ∥ (−a sen t + (a cos t)2 )2 − −−−−−−−−−−−−−−−−−−− √ = = = (−sen t, cos t) e T ' (t) = ( − cos t, − sen t). σ'(t) σ'(t)∥ (−a sen t, a cos t t) (−a sent t , + (a cos t ,)2 )2√ (−a sen t, a cos t) a T ' (t) ∥ = 1. Logo k (t) = 1/a∥ ∥ ∥ (− cos t , + (− sen t)2 )2 − −−−−−−−−−−−−−−−−−−− √ Notas vetor de�nido pela seta 1 Esse vetor também é chamado de deslocamento vetorial da partícula.Referências AYRES JR, Frank. Teoria e Problemas de Cálculo.4ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. GUIDORIZZI, Hamilton Luiz.Curso de Cálculo.5ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001. 4.v. GONÇALVES, Marcelo dos Anjos e Silva; FLEMING, Diva Maria.Cálculo C: funções vetoriais, integrais curvilíneas, integrais de superfície.3ª ed. São Paulo:Makron, 2004. IEZZI, Gelson; MURAKAMI, Carlos; MACHADO, Nílson José.Fundamentos de Matemática Elementar, 8; limites, derivadas, noções de integral. 5ª ed. São Paulo: Atual, 2001. LEITHOLD, Louis.Cálculo com geometria analítica. 3ª ed. São Paulo: Harbra, 1994-2002. 2v. PINTO, Diomara; MORGADO, Maria Candida Ferreira.Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis. 3ª ed. Rio de Janeiro: UFRJ, 2005. SAFIER, Fred.Teoria e Problemas de Pré-Cálculo. Porto Alegre: Bookman, 2007. STEWART, James.Cálculo. 5ª ed. São Paulo: Pioneira, 2001-2006. Próxima aula Determinar a forma de algumas superfícies, a partir de suas equações. ç Explore mais Pesquise na internet, sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem.
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