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CEGUEIRA PROPOSITAL OU INVISIBILIDADE SOCIAL O ABUSO E EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA E ADOLESCENTE?
Cláudia Patrícia Brito Gomes [footnoteRef:1] [1: Graduanda em Direito pela Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC – Itabuna – BA. E-mail: patynegreska@hotmail.com] 
Luciana Noves Fontes [footnoteRef:2] [2: Graduanda em Direito pela Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC – Itabuna – BA. E-mail: luciananovaes@gmail.com ] 
Perla Maria Oliveira Campos [footnoteRef:3] [3: Graduada em Direito pela Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC – Itabuna – BA. E-mail: perlamaria@gmail.com] 
SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. Referencial teórico; 2.1. Quem é a criança e o adolescente; 2.1.1. Como identificar a vitima; 2.2. Tipos de violências; 2.2.1. Negligência; 2.2.2. Violência física; 2.2.3. Violência psicológica; 2.2.4. Violência sexual; 2.3. Importância da família; 2.4. O que é abuso e exploração sexual; 2.4.1. Abuso sexual; 2.4.2 exploração sexual 2.5. O que fazer perante a violência; 3. Considerações Finais; 4. Referências 
RESUMO
O presente artigo tem por base estudos e pesquisas sobre o abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, visando expor ao conhecimento geral a gravidade do problema, conceituando e buscando dar soluções as dúvidas, priorizando os pontos mais consideráveis para uma discussão jurídica nos moldes do Direito em diversos ramos. Baseando-se em artigos, órgãos oficiais e pesquisas. 
 
PALAVRAS-CHAVES: Criança e adolescente; ECA; código penal; abuso e exploração.
ABSTRACT
This article is based on studies and research on sexual abuse and exploitation of children and adolescents, aiming to expose to general knowledge the seriousness of the problem, conceptualizing and seeking solutions to doubts, prioritizing the most important points for a juridical discussion in the molds Of Law in several branches. Relying on articles, official bodies and research.
 
KEYWORDS: Child and adolescent; ECA; Criminal code; Abuse and exploitation.
1. INTRODUÇÃO
Parte-se do pressuposto que,toda criança tem o direito a uma infância feliz e protegida, em contra partida todo adulto tem o dever de proteger a criança, porém nem sempre dever e direito se encontram e a infância pode se tornar um pesadelo provocado pelos adultos, pelo abuso e/ou exploração sexual infanto-juvenil, ou seja, é a violação dos direitos sexuais, que se traduz pelo abuso e/ou exploração do corpo e da sexualidade de crianças e adolescentes, envolvendo meninas e meninos em atividades sexuais impróprias para sua idade cronológica ou para o seu desenvolvimento físico, psicológico e social. 
As espécies mais frequentes de violência são a negligência, a física, a psicológica, a sexual e a social. Esses tipos de violência estão tão presentes a realidade brasileira que consegue mobilizar vários setores sociais com o objetivo de acabar ou ao menos reduzir os casos. 
 As duas formas, igualmente perversas, com que a violência sexual se manifesta, praticados por pessoas ditas “normais”, são o abuso e exploração sexual. São crimes graves, que geralmente acontecem dentro de casa e deixam marcas profundas nos corpos das vítimas, como lesões, contágio por doenças sexualmente transmissíveis e gravidez precoce. Mais do que isso, a violência sexual prejudica profundamente o desenvolvimento psicossocial de crianças e adolescentes, gerando problemas como estresse, depressão e baixa autoestima. A omissão faz com que o agressor sinta-se livre para continuar praticando os crimes previstos desde o artigo 213 ao 218-B do Código Penal Lei Nº 2.848, De 7 De Dezembro De 1940.
Com isso, as pessoas deveriam se perguntar como identificar o que acontece com as crianças e adolescentes, para que a sociedade consiga retirar essa venda dos olhos e possa intervir para um futuro melhor? Para responder a este questionamento precisa-se expor a diferença entre as violações e violências sofridas pela criança e o adolescente, analisando os desafios sociais perante o crime; identificar a interação e a omissão do Estado e da sociedade; conceituar e diferenciar abuso e exploração sexual infanto-juvenil, e por fim entender as orientações de enfrentamento do problema.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. QUEM É A CRIANÇA E O ADOLESCENTE?
Com base no Estatuto da Criança e do Adolescente em seu artigo 2º diz que são consideradas crianças os menores de 12 anos e adolescentes os indivíduos entre 12 e de 18 anos, nessa faixa etária o Código civil os considera como absolutamente incapazes e os relativamente	incapazes, os quais necessitam de grande proteção estatal, social e familiar como afirma o artigo 227 da Constituição Federal de 1988: 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Nesta situação, se não ocorrer a proteção do Estado, da família e da sociedade serão passiveis de punição penal nos termos da lei, desde cumplicidade ao ato penal, até como agente ativo do crime. Geralmente as crianças e adolescentes são negros, de baixa renda, estrutura familiar precária, baixa escolaridade, mas nada impede que sejam pessoas brancas, com renda familiar mediana. As pessoas pobres vêm em primeiro plano já que tem uma necessidade e normalmente são pessoas de baixa escolaridade o que remete ao não conhecimento do que ocorre e o que se pode fazer.
Conforme pesquisas feitas por Christine Martins e Maria Helena Jorge:
Entre as vítimas, houve predomínio do sexo feminino (74,2%), numa razão de masculinidade de 0,3 ou, ainda, numa proporção de 2,9 meninas para cada menino. Entre as meninas, observou-se concentração de casos na faixa etária dos 10 aos 14 anos (58,0%), seguida pela faixa etária de cinco a nove (31,8%) e de zero a quatro anos (10,1%). Entre os meninos, a faixa etária com maior freqüência de casos foi de cinco a nove anos (66,7%), seguida pela faixa de 10 a 14 (25,0%) e de zero a quatro anos (8,4%).
Contudo, podemos observar que a cada quatro crianças e jovens, um é menino e três são meninas isso pode ter relação com o tratamento da mulher como um objeto de uso e a faixa etária que mais é atingida pela preferência dos agressores é de 10 a 14 anos para meninas e para os meninos de 5 a 9 anos, isso nos leva a pensar que quando de trata de uma menina se refere a formação do corpo, ou seja, ao crescimento dos seios, a estrutura corporal como um todo. Vale ressaltar que esses números não são absolutos, dado ao conhecimento de que nem todas as vitimas denunciam as agressões assim sendo é um numero relacionado à localidade na qual a pesquisa foi realizada. 
2.2.1. COMO IDENTIFICAR A VÍTIMA
	AS vítimas sentem e dão sinais sobre o que vem acontecendo com elas, mesmo que sutis esses sinais ficam expostos em suas atitudes e comportamento, inclusive por desenhos, medos que antes não tinham, pesadelos constantes, pensamentos sexuais impróprios para a idade, negar a retirar a roupa, negar a ficar perto de determinadas pessoas, sente culpa das coisas que acontecem com ela, acarretando diversos problema psicossociais, transformando – as em adultos doentes. Por isso é necessário se atentar aos sinais que demonstram e acreditar no que falam.
 
2.2. TIPOS DE VIOLÊNCIAS 
	Num sentido amplo, a violência é um ato que uma ou mais pessoas empregam para obrigar alguém (vítima) a fazer aquilo que os agressores querem e que a vítima não deseja, constrangendo, agredindo, deferindo palavrões, retirando a liberdade entre outros. Os tipos mais freqüentes de violência contra a criança e o adolescente são: psicológica, física, por negligência e sexual. Todos esses tipos ocorrem de uma vez só quando se fala de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. 
Por décadas, no Brasil os temas de abuso e exploração infantojuvenil foram apenasmais um tabu que as pessoas tinham medo de falar, apesar de ser algo freqüente, que era escondido, mas que todos sabiam o que ocorria, mesmo assim nada se fazia. 
Rangel (2006, p.23) apud Albernaz (2012, p.13) diz que:
A violência intrafamiliar contra a criança e o adolescente vem ocupando grande espaço nas análises contemporâneas sobre violência, mas não por ser um fenômeno recente, os maus tratos, os abusos físicos e sexuais sempre estiveram presentes na esfera familiar como demonstra a história. (...) o que é recente, portanto, é a concepção da criança como pessoa em desenvolvimento, sujeito de direitos que devem ser oponíveis, inclusive aos seus pais. 
Essa realidade só foi modificada com a chegada da Lei nº 8.069/90 mais conhecido como ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, que trouxe os diversos tipos de proteções para essa faixa etária e aplicou sanções para aqueles que descumprissem o que ali estava, pois toda criança deve ser guardada por um adulto para que possa se tornar um adulto sem problemas de qualquer tipo, porém quando esse adulto não cumpre seu papel de salvaguardar essa criança e adolescentes, por motivos diversos da vida os quais o adulto não pode ter controle, será negligente.
2.2.1. NEGLIGÊNCIA
A negligência é uma violência quase imperceptível, para as pessoas ao redor, mas para a vítima causa problemas gravíssimos e por vezes irreversível, principalmente no que tange a fazer coisas condenáveis pela sociedade, essa negligencia pode ser a porta de entrada no mundo das drogas, do trafico, da prostituição entre outro. 
Conceituando, a negligência é o ato de omissão, de não suprir as necessidades básicas da criança e adolescente, podendo ser física quanto a roupa, aos alimentos; a casa; educação ou emocional quanto ao afeto; a atenção. Nesse contexto o artigo 5º do ECA explicita quanto a negligência dizendo:
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
Destarte, não se pode deixar uma criança ou um adolescente viver em um lugar onde as condições são extremamente desconfortáveis, ou seja, onde se vê que não há roupa limpa; que a são deixados por dias sozinhos; que passam dias com fome sem que o responsável providencie comida; sofre constantes depreciações; xingamentos; presencia o uso de drogas todos esses fatores levam a violência física e psicológica.
2.2.2. VIOLÊNCIA FÍSICA
É todo ato violento com o uso da força ou omissão com a intenção de causar risco e dor no corpo daquele que recebe, pode ser desde um tapa, até o espancamento o qual pode até ser fatal, pode ser por arma de fogo ou branca destruindo a saúde corporal da vítima.
Vemos que a violência física é, nacionalmente, a que tem maior incidência, absorvendo 35,4% dos atendimentos. Destacam-se Alagoas e Rio Grande do Norte, ambos com índices acima de 60% dos atendimentos. O menor índice de atendimentos por violência física é o do Acre, com 18,7%. (Waiselfisz, pag. 115, 2015).
Pode-se identificar que esse é o pior e mais comum tipo de violência, pois é aquele mais rápido e mais envolvente, até porque consegue abranger outros tipos de violências. Segundo Araújo (1996, p.21) apud Albernaz (2012, p.13) “a violência não pode se caracterizar apenas pela agressão física, tendo em vista envolver também as violências sexuais e psicológicas, que incluem agressões verbais e humilhações que afetam a autoestima e a capacidade de reação e decisão da pessoa agredida”. 
A violência psicológica envolve a psique, ou seja, a estrutura mental, emocional e social .
2.2.3. VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA 
A ação de xingar, ameaçar ou qualquer tipo de depreciação contra o jovem são formas de violência psicológica que também pode ser chamado de tortura psicológica, por diversas vezes o adulto faz e nem imagina o mal que causa ao pequeno que esta em plena formação, produzindo assim grandes enfermidades, ameaçando até a vida. 
A psique da criança tem aspectos psicológicos e psicossociais que são alterados mediante a violência pelo impacto que a vitima sofre, tornando essas crianças em adultos problemáticos, violentos, anti-social, por diversas vezes depressivos chegando inclusive ao suicídio. 
2.2.4. VIOLÊNCIA SEXUAL 
O Código penal diz que “é a violação da dignidade sexual, da liberdade sexual e do desenvolvimento sexual”, característicos nos casos de abuso e exploração sexual. Nos casos envolvendo crianças e adolescentes caracteriza-se o estupro de vulnerável para os jovens até os 14 anos e estupro qualificado para os menores de 18 anos e maiores de 14 anos. Previsão legal respectivamente nos artigos 213, § 1º e 217 – A do Código Penal. 
Art. 217-A.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.  § 1o  Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência; § 3o  Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos; § 4o  Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
É a conjunção carnal ou o ato libidinoso ocorrido mediante violência ou coação, constrangimento etc.
O projeto Vira Vida blog Carinho de verdade expressa, que “existe uma série de fatores que podem favorecer esse tipo de violência, além da condição de pobreza. Entre eles encontramos questões de gênero, étnicas, culturais, a erotização do corpo da criança e do adolescente pela mídia, o consumo de drogas, disfunções familiares e baixa escolaridade. Contudo, devemos lembrar que a violência sexual acontece em todos os meios e classes sociais.”
2.3. IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA 
Não se pode imaginar a sua violação, por se tratar da base social e ser sinônimo de abrigo e proteção, pois é onde a criança tem seu primeiro contato para formação dos laços de parentesco e do desenvolvimento saudável e equilibrado, e aprendizagem social e cultural, é a formação do individuo para a vida, compreendendo assim a importância da entidade familiar.
A família pode ser pensada sob diferentes aspectos: como unidade doméstica, assegurando as condições materiais necessárias a sobrevivência, como instituição, referência e local de segurança, como formador, divulgador e contestador de um vasto conjunto de valores, imagens e representações, como um conjunto de laços de parentesco, como um grupo de afinidade, com variados graus de convivência e proximidade... e de tantas outras formas. Existe uma multiplicidade de formas e sentidos da palavra família, construída com a contribuição das várias ciências sociais e podendo ser pensada sob os mais variados enfoques através dos diferentes referenciais acadêmicos. (VILHENA, 2005, p. 02)
 A autora Vilhena, (2005, p.02) traz a seguinte indagação: “Podemos encarar a família como uma prisão ou um lugar de abrigo. Um espaço de trocas ou de isolamento coletivo. Um agente de mudanças ou um dispositivo de alienação”. 
Nessa seara, está claro que nem sempre a família é aquilo que imaginamos ou o que essas crianças necessitam. Essa desmistificação da família quanto ao seu papel, fica evidente quando nos deparamos com o numero de casos de abuso e exploração sexual que vemos dentro dos lares, por aqueles que deveriam proteger e salvaguardar de todo mal. 
Para um melhor entendimento é preciso que se saiba os crimes que estão sendo expostos nesse artigo e compreender que são dois crimes diferentes com suas semelhanças.
2.4. O QUE É ABUSO E EXPLORAÇÃO SEXUAL
Segundo uma campanha da Fundação Abrinq divulgada na internet, foram mais de 24 mil denuncias de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes apenas em 2014, desses casos cerca de 19 mil foram de abuso e 5 mil de exploração sexual infantil. Se levados em considerações os casosque não são denunciados esses números seriam muito maior e mais alarmante, apesar desses já serem muito assustadores. Porem se pensa que acontece com tanta freqüência por não haver punição engana-se. A Constituição Federal vem trazendo no seu artigo 227, § 4º “A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.” O que ocorre é a falta de estrutura e conhecimento das pessoas.
Com fulcro nos art. 213 § 1o estupro qualificado do CP diz que Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos; art. 216 – A § 2º assedio sexual, a pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; art. 217 – A estupro de vulnerável pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos; art. 218 corrupção de menores pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos; art. 218 – B favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e o art. 227 § 1º mediação para servir a lascívia de outrem maiores de 14 anos e menores de 18 anos pena - reclusão, de dois a cinco anos.
Necessário se faz a conceituação do que é abuso sexual e o que é exploração sexual de crianças e adolescentes. Para que se entenda a gravidade desses problemas .
2.4.1. Abuso Sexual 
Ainda que, a maioria dos abusos ocorram entre pessoas da mesma família nuclear, isso não quer dizer que sempre será incesto, mas sempre abuso sexual. Existem dois tipos de abuso, o intra familiar que ocorre por alguém da família ou amigo que é o incestuoso e o extra familiar que ocorre por desconhecidos.
Mess (2001) apud Albernaz (2012) vem trazendo que: 
[...] abuso sexual e incesto às vezes costumam ser confundidos, mas não são a mesma coisa. Abuso sexual (ou vitimização sexual) geralmente designa relações sexuais entre um adulto e uma criança. Incesto refere-se a relações sexuais entre dois membros de uma mesma família, cujo casamento seria proibido por lei ou por costume... Muita vitimização sexual é incestuosa, e, muito incesto é vitimização sexual tal como a definimos: mas eles não são idênticos. Em particular, o contato sexual entre familiares da mesma idade é uma espécie de incesto que não é vitimização e o contato sexual entre um adulto estranho à familia e a criança é vitimização que não é incesto[...]
Contudo o incestuoso sempre será intra familiar, mas nem sempre o intra familiar será incestuoso, pois pode ser por um amigo da família, um namorado da mãe, que muito freqüenta a residência que para a criança e o adolescente por muitas vezes é o seu local de proteção, seu porto de segurança e confiança que é quebrada pelo agressor e pela omissão ou conivência do familiar que tem o dever de proteger, incorre como cúmplice do crime. Afirma FALEIRO (1998, p.7) apud SILVA JUNIOR e ROSAS JUNIOR (2014, p.2 / 146) que normalmente nos casos de violência intrafamiliar:
A violência se manifesta pelo envolvimento dos atores na relação consangüínea, para proteção da “honra” do abusador, para preservação do provedor e tem contado, muitas vezes, com a complacência de outros membros da família, que nesse caso, funciona como clã, isto é, fechada e articulada.
Nos casos de violência extra familiar encontra-se em grande evidência a figura do pedófilo, aquele que não conhece o menino ou a menina e mesmo assim se aproxima, apenas com o intuito de satisfazer lascívia própria. Por vezes levando a vitima a óbito e deixando sequelas terríveis. 
2.4.2 EXPLORAÇÃO SEXUAL
O aliciador tira proveito financeiro comercializando o corpo e a vida sexual da criança e do adolescente, criando matéria pornográfica para que seja feita a escolha do cliente, é como se fosse a prostituição com uma diferença, esses jovens são induzidos ou obrigados a realizar as atividades. O Ministério Público afirma que: “Nesse tipo de violação aos direitos infanto-juvenis, o menino ou menina explorado passa a ser tratado como um objeto sexual ou mercadoria. Assim, ficam sujeitos a diferentes formas de violência, como o trabalho forçado”.
Nesse crime incorrem os aliciadores, os clientes, os donos dos estabelecimentos que facilitam a pratica e qualquer pessoa que obtenha vantagem com essa exploração. Todos responderão pelos crimes mediante sua conduta, assevera-se a pena sempre que se tratar de aliciador o ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda. Assim como afirma os artigos 244 do ECA – Estatuto da criança e do adolescente; o artigo 218-B do código penal que trata do favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável e o artigo 227 também do código penal mediação para servir a lascívia de outrem. 
companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para Art. 218-B.  Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone. § 1o  Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. § 2o  Incorre nas mesmas penas: I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. § 3o  Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. (BRASIL, Código Penal, online)
Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: Pena - reclusão, de um a três anos. § 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou fins de educação, de tratamento ou de guarda  (BRASIL, Código Penal, online)
 A exploração é muito comum em cidades com grande fluxo de pessoas principalmente as turísticas e as de garimpo, tendo uma grande concentração de pedófilos. Mas quem é o pedófilo? Segundo o site do MP é aquele que “tem desejo de fazer sexo com crianças e se aproveita da inocência e ingenuidade delas para se aproximar.” E fica a pergunta o que fazer perante a violência?
2.5. O QUE FAZER PERANTE A VIOLÊNCIA?
É pouco provável o conhecimento das autoridades quanto ao fato ocorrido, no geral é como se houvesse uma espécie de pacto de silêncio entre os envolvidos e até por aqueles que tem por obrigação identificar e informar e nem sempre o fazem, é triste ver que os profissionais de saúde tem o dever e são treinados para reconhecer os sinais que esses jovens dão muitas vezes inconscientemente, apesar de se ter conhecimento de que os sinais vão variando de caso para caso, num entanto existem sinais que são de todos principalmente as lesões físicas como as marcas na pele; gravidez; a existência de doenças sexualmente transmissíveis; fissuras, rupturas na boca e regiões genitais, todos esses são sinais explícitos do que esta acontecendo e na identificação dessa violência o profissional de saúde assim como de educação devem imediatamente informar as autoridades competentes quanto ao problema para que seja combatido o quanto antes, para que essa criança e adolescente tenha menos traumas e seja um adulto “normal”. 
Para Fukumoto, Corvino e Olbrich Neto (2011) as: 
Vítimas e agressores, na maioria das vezes, convivem em ambientes onde a proximidade torna possível a realização da violência e os fatores relacionados variam pouco, nas diferentes populações em que se estuda este tipo de crime. O ato gera marcas permanentes, sejam elas biológicas ou psicológicas.
Todos os profissionais deveriam ter conhecimentos básicos quanto ao Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, frisando os direitos e fatores de risco do desenvolvimento infanto-juvenil, esses fatores de risco não são definidos,ou seja, é algo subjetivo, contudo estudiosos apontam que são aqueles que estão ligados a desordem emocional, que deixa a criança vulnerável a alterações negativas do seu desenvolvimento. 
O órgão responsável pela proteção e garantia dos direitos da criança e do adolescente é o Conselho Tutelar que junto com Ministério Público, lutam contra as violações dos direitos.
 É no Conselho Tutelar que ocorre o primeiro contato referente às violações dos direitos, mas sozinhos não conseguem vencer a constante luta contra as violações, desta forma, mesmo que esses órgãos estejam unidos ainda assim necessitam da sociedade nesse combate. 
O art. 34 da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, ratificada pelo Brasil, obriga a proteger a criança contra todas as formas de exploração e abuso sexual, inclusive a exploração em espetáculos ou materiais pornográficos. (Ministério Público, online) 
Cada pessoa tem papel fundamental na erradicação do abuso e da exploração sexual de crianças e adolescentes em nossa sociedade. Este é um problema que atinge a toda a sociedade. Sua solução depende da participação e do comprometimento de todos.
O instituto childhood explica o que fazer caso a criança ou adolescente seja vitima de abuso ou exploração. “Em primeiro lugar, acolhê-la e, de modo algum, responsabilizá-la pelo ocorrido. Romper com o pacto de silêncio que encobre essa situação é um dos pontos cruciais do enfrentamento da questão. Sendo assim, o passo seguinte é fazer a denúncia e a notificação a um Conselho Tutelar, à Vara da Infância e Juventude, ao Ministério Público ou a uma delegacia de polícia do município, ou ainda por meio de uma ligação anônima e gratuita ao serviço telefônico 100. Após a denúncia, a vítima é encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML) e deve ser ouvida pelas instâncias responsáveis pela apuração dos fatos e encaminhamento do processo.”
A criança e/ou adolescente que consegue superar todos os traumas vividos é conhecida com resiliente, pois encontra formas de enfrentar os pontos negativos que acontecem na vida, mas ainda assim é necessário que se tenha um acompanhamento de profissionais que sua família ou pessoas importantes para essa criança apoie e ajude durante todo o processo. 
Idealizando uma estratégia de mobilização da sociedade brasileira para promover a conscientização das pessoas, instituições, empresas e organizações sobre o problema do abuso e da exploração sexual de crianças e adolescentes. Busca-se contribuir na construção de uma sociedade mais atenta e engajada em reduzir a indiferença e a tolerância da exploração sexual de crianças e adolescentes. Trata-se, portanto, de um trabalho de educação social com o objetivo de ajudar a construir uma nova cultura na sociedade marcada pela conscientização da gravidade do problema.
Hoje já existe o “Depoimento sem Dano” é uma nova forma de audiência para evitar traumas nas crianças vitimas ou testemunhas de violência, psicólogo ou assistente social acompanha o depoimento gravado em ambiente acolhedor enquanto o advogado, promotor e juiz monitoram por vídeo conferencia. Acriança já sofreu e muito, para contar o que aconteceu ela não precisa ficar constrangida e sofre de novo. O depoimento sem dano é maior proteção, mais dignidade e respeito à criança. O depoimento especial já é realidade no país.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
É essencial a ampliação de campanhas de conscientização social pela gravidade do problema que é o abuso e exploração sexual, para que a sociedade possa agir no combate dessa violência que tanto ataca e prejudica o desenvolvimento das crianças e adolescentes, até mesmo pela falta de conhecimento quanto a gravidade do problema que os atinge, para que assim possamos ter uma sociedade melhor e não fechar os olhos para esses que são o futuro do mundo.
Como se pode observar existe diversas formas de violências e violações no abuso e na exploração, que apesar de serem crimes diferentes e punidos separadamente, são crimes muito iguais quando se trata do sofrimento da vitima, vitima essa que carrega com sigo as dores de não poderem ser crianças e adolescentes da maneira que deveriam, desta forma tentamos entender a todo o momento se o motivo de não se combater o crime como deveria acontecer é porque esses crimes não chegam ao conhecimento social ou porque a sociedade se vendou para não fazer nada.
É de suma necessidade que as pessoas tenham consciência e interfiram nessa violência, não precisa que faça efetivamente algo com a criança retirando do convívio ou qualquer coisa que afaste a criança da violência, basta que ligue 100 e denuncie, já será de grande ajuda aos órgãos competentes e a todas as crianças e adolescentes que sofrem e são vitimas constantes.
Reconhecemos as mudanças consideráveis, que estão sendo realizadas no tratamento com crianças e adolescentes no Brasil, sobretudo, os esforços que os serviços de atendimento tem promovido no cumprimento de suas finalidades, mas também não podemos negar suas incapacidades em atender uma demanda social cada vez mais crescente. Embora numa ordem formal, temos garantido legislação específica e políticas públicas, não está consolidada uma estrutura material, financeira e pessoal que permita constituir esse investimento social em políticas efetivas.
O trabalho chega-se ao final com mais inquietações do que se iniciou, em razão das diversas possibilidades de interpretação do fenômeno e pela riqueza do tema. As certezas não são premissas absolutas, mas uma tentativa modesta de mergulhar fundo numa contribuição sobre a reflexão dos maus- tratos que a infância brasileira ainda é constituída. Há que se tratar que os tempos atuais através de promoção de programas e campanhas tem alcançado ao domínio público, um assunto tão velado, mas ainda sentimos insuficientes todas as ações, em razão do clamor silencioso de crianças e adolescente. 
 
 
4. REFERÊNCIAS 
CHILDOOD. Se uma criança sofreu abuso sexual, o que deve ser feito?Disponível em:<http://www.childhood.org.br/entenda-a-questao/perguntas-mais-frequentes> Acessado em: abril 2017
FUKUMOTO, A. E. C. G.; CORVINO, J. M.; OLBRICH NETO, J. Perfil dos agressores e das crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. Rev. Ciênc. Ext. v.7, n.2, p.72, 2011.
MARTINS, Christine Baccarat de Godoy e Maria Helena Prado de Mello Jorge. ABUSO SEXUAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: PERFIL DAS VÍTIMAS E AGRESSORES EM MUNICÍPIO DO SUL DO BRASIL.
PÚBLICO, Mistério. Exploração e abuso sexual: um grande desafio Disponível em:<http://www.turminha.mpf.mp.br/direitos-das-criancas/18-demaio/ exploracao-e-abuso-sexual-um-grande-desafio> Acessado em: abril de 2017.
PÚBLICO, Mistério. O MPF está atento à pedofilia. Você também? Disponível em:<http://www.turminha.mpf.mp.br/direitos-das-criancas/18-de-maio/o-mpf-esta-atento-a-pedofilia.-voce-tambem> Acessado em: abril 2017 
SILVA JUNIOR, Arlindo Soares de Albergaria Henriques da e ROSAS JUNIOR, José Roberto. VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES: CONCEITOS-CHAVE, Revista do Laboratório de Estudos da Violência da UNESP/Marília, Ano 2014 – Edição 14. Disponível em:<http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/levs/article/viewFile/4215/3075> Acesso em: abril de 2017. 
VIDA, Projeto Vira. Carinho de verdade. Disponível em:<http://www.carinhodeverdade.org.br> Acesso em: maio de 2017. 
VILHENA, Junia de. REPENSANDO A FAMÍLIA, Rio de Janeiro. Disponível em:<http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0229.pdf> Acesso em: abril de 2017.

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