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1 Pós-graduando em fisioterapia traumatoortopédica com ênfase em terapia manual **Fisioterapeuta, especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e Direito em Saúde Utilização do método rapid entire body assecement (reba), associado a diagrama de localização de sintomas e aspectos organizacionais do trabalho, para avaliação de riscos ocupacionais em funcionários da Rádio Rural de Santarém Wanderson Augusto Oliveira de Almeida 1 wandersonfisio@gmail.com Orientadora: Dayana Priscila Mejia de Sousa Pós-graduação em Fisioterapia Traumatoortopédica com ênfase em Terapia Manual– Faculdade Ávila Resumo Esta pesquisa teve como objetivo avaliar as posturas adotadas pelos radialistas da Rádio Rural da cidade de Santarém, utilizando o método Rapid Entire Body Assecement (REBA) de Avaliação Postural, associado à aplicação de questionário para a localização de sintomas e aspectos organizacionais do trabalho. Para esta análise, foi necessária a captação de imagens por meio de câmera digital, do trabalho dos radialistas, durante trinta minutos, posteriormente, as posturas registradas foram avaliadas de acordo com o método (REBA) associado a um questionário de localização de sintomas e de aspectos organizacionais do trabalho. Foram observados ainda, fatores como hábitos, organização e gerenciamento do trabalho, além de possíveis riscos à saúde ocupacional existente no ambiente laboral. A pesquisa traz uma amostragem de oito indivíduos, com idade entre 31 e 60 anos, correspondendo a 89% do total de radialistas da empresa. A conclusão deste estudo apresentou uma alta incidência de desconfortos posturais nestes profissionais, com destaque para a região cervical (35,7%), lombar (21,4%), dorsal (14,3%) e ombros (14,3%). Pesquisou-se ainda, a intensidade das dores, onde 66,6% (n=14) classificaram-se como dores moderadas, 6,6% dores intensas; 6,6% dores leves, e 6,6% descritas como “formigamentos”. Os movimentos de maior expressão, por sua relação com as sobrecargas posturais, estão relacionados às posturas estáticas sustentadas por mais de quatro minutos, sendo adotadas durante a leitura de recados e anúncios durante a transmissão dos programas, as quais são categorizadas como de risco médio e alto. Outro fator que foi associado à incidência de risco postural se trata do acento utilizado pelos funcionários, avaliado como inadequado. A pesquisa permitiu concluir que o profissional radialista fica exposto a um grau de constrangimento postural importante, o que classificaria como uma profissão de médio risco com propensão a DORT, principalmente, aquelas associadas à coluna vertebral, como lombalgias e cervicalgias, sendo necessária a intervenção Fisioterapêutica através medidas ergonômicas a curto prazo. Palavras-chave: Postura, DORT, Método REBA, Ergonomia, Saúde do Trabalhador, Fisioterapia mailto:wandersonfisio@gmail.com 1. Introdução As “dores nas costas”, decorrentes de posturas inadequadas no ambiente de trabalho, são talvez as desordens ocupacionais mais encontradas por pesquisadores em todo o mundo. A adoção de posturas inadequadas na realização de determinadas funções, associado a outros fatores de risco existentes no posto de trabalho, como as sobrecargas impostas à coluna vertebral, equipamentos e mobiliários desconfortáveis, e a manutenção de uma postura por tempo prolongado constitui uma das maiores causas de afastamento do trabalho e de sofrimento humano no mundo moderno. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os maiores desafios para a saúde do trabalhador atualmente e no futuro são os problemas de saúde ocupacional, em conseqüência às sobrecargas impostas pelo trabalho, riscos ambientais (meios físicos, químicos e biológicos), más posturas adotadas pelos trabalhadores e estresse. “A saúde do trabalhador se caracteriza por um conjunto de ações que visam à melhoria do ambiente e das relações de trabalho, contribuindo para a saúde física e mental do trabalhador. E entre os fatores a serem observados para esta melhoria, está o ergonômico, ou seja, a adequação dos mobiliários e estruturação física do ambiente de trabalho, aos aspectos anatômicos e características pessoais dos indivíduos” (CARVALHO, 1999). A não observância desses aspectos implicará em distúrbios/doenças, entre as quais estão os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), que atualmente têm se constituído em um grande problema de saúde pública em muitos países industrializados, pois vivemos em uma época onde as empresas, para subsistir no mercado nacional ou internacional necessitam de grande produtividade a um custo competitivo. Segundo Lech (1997), estas condições levam a imposição de ritmos de trabalho intensos, causando distúrbios orgânicos pelo uso abusivo da musculatura e demais partes moles do sistema osteomuscular, ao realizar tarefas devido à repetitividade, sobrecarga, alta velocidade, precisão e posturas inadequadas, entre outros fatores predisponentes. Tudo isso em função de um trabalho mal conduzido ou exercido em más condições de gerenciamento, por defeituosa organização do trabalho e ainda, em condições ergonômicas precárias. Para Carvalho (1999), a Fisioterapia tem se preocupado muito nos últimos anos com a prevenção dos DORT e suas conseqüências físicas e psicoemocionais. Uma vez que as mesmas podem incapacitar o indivíduo para suas atividades de trabalho, domésticas e para o lazer, levando-o a um estado de depressão, angústia, medo; podendo causar outras doenças, encurtar-lhe a vida ou levá-lo ao óbito precoce. Entre os principais DORT estão àquelas relacionadas diretamente com as Posturas Inadequadas durante o trabalho, lazer e descanso, como as Lombalgias, Lombociatalgias, Dorsalgias, Dorsolombalgias, Cervicalgias e Cervicobraquialgias. Mesmo se tratando de um tema relevante, percebe-se a escassez de referências sobre o tema “dores nas costas causadas por distúrbios posturais”. A legislação brasileira, através da Norma Regulamentadora 17 – NR17 (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 1978), embora estabeleça parâmetros para a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe as organizações avaliá-las e realizar análise ergonômica do trabalho, não deixando claro ou não sugerindo metodologias para estas avaliações. Existem muitos métodos de análise de riscos ergonômicos encontrados na literatura disponível, delineados para determinar e quantificar a exposição a fatores de risco devido à sobrecarga biomecânica dos membros superiores. Entre eles destacam-se aqueles que evidenciam de forma qualitativa a presença de características ocupacionais que podem levar o “avaliador” em direção à possível presença de um risco. Nossa proposta é avaliar a aplicabilidade do método “Rapid Entire Body Assessment” (REBA), que no Brasil significa Avaliação Rápida do Corpo Inteiro, proposto por Sue Higrnett e Lynn McAtammney para avaliação postural, bem como sugerir uma forma de complementação para que se possa fazer uma avaliação mais completa e detalhada das condições de trabalho dos indivíduos. Foi escolhido o ambiente dos Radialistas pela facilidade encontrada para a execução deste projeto e por se tratar de uma profissão com uma incidência de sintomatologia álgica da coluna vertebral bastante alta. Além da semelhança de movimentos com aqueles executados por trabalhadores de escritórios, secretarias, entre outros setores administrativos. O trabalho apresentado visa integrar um instrumento análise de riscos ergonômicos (o REBA), a um questionário de busca de sintomas e aspectos organizacionais do trabalho, para dar condições, em especial aos fisioterapeutas, para levantar o possível diagnóstico de quais seriam os fatores de risco e desencadeadores de processos álgicos para a coluna vertebral, e assim desenvolveremprogramas preventivos mais eficazes, ajudando-o então a ampliar seus horizontes profissionais. 2. Referencial Teórico 2.1 Saúde do trabalhador e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) e a ergonomia. Guimarães (2004), define os Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT) como sendo uma conseqüência nefasta e desarmônica entre a atividade de trabalho desenvolvida, o ambiente laboral e o trabalhador. Os DORT acometem em maior proporção à região dos membros superiores, mas também podem ocorrer em outras regiões do corpo, como a cintura escapular e a coluna cervical e lombar, onde recebem denominações próprias como cervicalgias, cervicobraquialgias, dorsalgias e lombalgias. Um dos principais distúrbios relacionados ao trabalho e a adoção de posturas estáticas são as dores nas costas. Pesquisas recentes demonstram que as disfunções da coluna vertebral apresentam uma alta incidência entre a população geral, ocupando o segundo lugar na procura de assistência médica em decorrência de doenças crônicas e uma das principais causas das faltas no trabalho custando aos cofres públicos cifras elevadíssimas. Ergonomia, etimologicamente, derivada do grego érgon: trabalho e nomos: leis ou regra. É o conjunto de Estudos que visam à organização metódica do trabalho em função do fim proposto e das relações entre o homem e a máquina. (FERREIRA, 2000). Com relação à prevenção do erro humano e adequação ergonômica do posto de trabalho, Hagberg et.al., (1995), sugere que para analisar os fatores de risco relacionados as DORT, três tipos de estratégias de avaliação devem ser tomadas: relatórios dos próprios trabalhadores, observação do local de trabalho quanto a análise das atividades desenvolvidas pelos trabalhadores, bem como a mensuração semiquantitativa ou quantitativa por alguma forma de instrumento de medidas. Sobre as observações realizadas no local de trabalho são realizadas de forma: 1) Identificação das condições de trabalho que possam estar causando problemas; e, 2) fornecer conselhos preventivos para eliminar os agentes estressores. De acordo com Lida (2007), atualmente alguns softwares de computadores estão sendo desenvolvidos por equipes inter-multidisciplinares composta por ergonomistas, médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, estão sendo desenvolvidos e testados para detectarem quais são os principais fatores que podem desencadear DORT. Estes programas levantam o possível diagnóstico de quais tipos de posturas e movimentos nocivos que oferecem risco aos trabalhadores à aquisição de futuras doenças do sistema músculo esquelético. Dentre os métodos de analise ergonômica destacam-se: Métodos Descrição Informações Resultados OWAS (KARHU et. al 1977) Esquema de observação da atividade de todo o corpo A postura do tronco, pernas e braços são definidos por códigos numéricos Descrição postural RULA (MCATAMNEY E CORLET, 1993) Ferramenta classificadora de risco para os membros superiores Diagrama de posturas com pesos aditivos Classificação do posto de trabalho quanto à prioridade de intervenção DRAFT OHSHA checklist (SILVERSTAIN, 1997) Lista de checagem de fatores de riscos gerais Diagramas com pesos aditivos Classificação da atividade laboral quanto aos fatores de riscos analisados REBA (HIGNETT E MCATAMNE, 2000) Ferramenta classificatória de risco para o corpo inteiro Diagramas de posturas com pesos aditivos Classificação do posto de trabalho quanto à prioridade de intervenção Observation Analysis of the hand end wrist (STERTSON et. al. 1991) Técnica de observação que quantificação Registro e armazenamento de uma serie de parâmetros como forca de inserção com ou sem ferramentas, forca de pinçamento, posturas do punho Uso do próprio sistema de armazenamento e registro Figura 1: Métodos usados na análise de riscos físicos em ergonomia Fonte: Artigo: Revisão dos métodos de análise ergonômica, aplicados ao estudo dos DORT em trabalho de montagem manual (2004) 2.2 Método Reba O Método REBA (Rapid Entire Body Assessment), que em português significa Avaliação Rápida do Corpo Inteiro do foi proposto por Sue Higrnett e Lynn McAtammney, publicado em uma revista especializada a Applied Ergonomics, no ano de 2000. O método é resultado de um trabalho conjunto, composto por ergônomos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e enfermeiros, que identificaram cerca de 600 posturas para sua elaboração. O método permite a análise do conjunto das posições adotadas pelos membros superiores (braço, antebraço e mãos), do tronco, da coluna cervical e das pernas. Enfim, define outros fatores que considera determinantes para a avaliação final da postura, bem como a força aplicada, o tipo de pegada, tipo de atividade muscular realizada pelo trabalhador. Permite avaliar tanto posturas estáticas quanto dinâmicas, incorporando como novidade a possibilidade de assinalar a existência de movimentos estafantes e posturas inadequadas. Para a definição dos segmentos corporais foi analisada uma série de tarefas simples com variações de cargas e movimentos. O estudo se realizou aplicando varias metodologias, de confiabilidade amplamente reconhecida pela comunidade ergonômica, tais como, o método NIOSH (Waters et. al. 1993) a Escala de Percepção de Esforço (Borg, 1985), o método OWAS (Karhu et al. 1994), a técnica BPD (Corllet & Bishop, 1976) e o método RULA (Mctamney, 1993). O método REBA é uma ferramenta de análise postural especialmente sensível para detectar tarefas que exigem movimentos inesperados de postura, como conseqüência normalmente da manipulação de cargas. Sua aplicação previne o elevado índices de risco de lesões associados à postura, principalmente pelos músculos esqueléticos, indicando em cada caso a urgência com que se deveriam aplicar ações corretivas. Trata-se, por tanto de uma ferramenta útil para a prevenção de riscos capaz de alertar sobre as condições de trabalho inadequadas. 3. Metodologia De acordo com Zentgraf (2006), sobre a metodologia da pesquisa cientifica, este trabalho se caracteriza como um estudo descritivo, qualitativo, do tipo transversal, quais foram participantes, os funcionários da RÁDIO RURAL DA CIDADE DE SANTARÉM que desempenham a função de radialista, analisando a incidência de alterações posturais numa população específica de funcionários e a presença de sintomas, que podem ser relacionados a estes indivíduos. Local da Pesquisa Este trabalho foi realizado na Rádio Rural de Santarém, localizada na Avenida São Sebastião, 622-A, Santarém do Pará. Período de Realização A pesquisa foi realizada no período de Maio a Outubro de 2011 População e Amostra da Pesquisa Fizeram parte da amostra da pesquisa todos os radialistas que fazem parte do quadro de funcionários da rádio, totalizando 8 (oito). A maioria dos programas, 7 (sete), são realizados de segunda a sexta-feira, sendo que os mesmos possuem em média uma duração de uma hora e meia. Durante a pesquisa foi estipulado o tempo para a captação de imagens em meia hora para cada programa. O número de radialistas submetidos ao estudo correspondeu a aproximadamente 89% do total da empresa (n=9). Instrumentos para Coleta e Análise de Dados. Os instrumentos para análise e coleta de dados compreendem dois métodos, que nesta obra, os classificamos, como método objetivo e subjetivo. Como método subjetivo foram utilizados, um questionário adaptado (AnexoI) de Amando e Perez (2004), e aplicado à amostra de radialista, intitulado de "QUESTIONÁRIO DE SINTOMAS E DE ASPECTOS DA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO", e uma ficha de avaliação com o diagrama de CORLETT, de caráter subjetivo sobre a dor (AnexoII). O questionário consistiuem 14 perguntas, abertas e fechadas, que colheram informações sobre as características físicas do ambiente de trabalho, as atividades desenvolvidas no trabalho e o tipo de vida dos integrantes da amostra. Em relação ao diagrama de sintomas e localização das dores, foi possível localizar e quantificar a dor em uma escala sugerida, da seguinte forma: cor vermelha – dor intensa; cor amarela - dor moderada; azul – dor leve. Como método objetivo foi utilizado a ficha de avaliação postural do Método REBA (Anexo III), para a análise das posturas e movimentos que podem desencadear processos degenerativos e álgicos da coluna e articulações do corpo. A Coleta de Dados foi realizada através da captação de imagens (estáticas e dinâmicas) das atividades desenvolvidas durante o trabalho dos radialistas, com a utilização de filmadora e máquina fotográfica digital, sendo preconizado um tempo de 30 minutos de filmagem, com a posição da câmera ajustada de modo que captasse uma imagem em perfil do individuo. E somente após esta coleta é que foram aplicados os questionários e fichas de avaliação já descritas. Após coleta e análise dos dados, tanto no método subjetivo quanto no objetivo, foram levantadas hipóteses sobre possíveis riscos ocupacionais. O possível diagnóstico das posturas adquiridas pelos radialistas, as condições de trabalho, hábitos adquiridos, movimentos estafantes e a organização do trabalho nortearão as discussões desta pesquisa. Aplicação do método a) Divisão do corpo em segmentos para serem codificados individualmente, e avalia tanto os membros superiores, como o tronco, a coluna cervical e as pernas. b) Analise a repercussão sobre a carga postural e manejo de cargas realizado com as mãos e com outras partes do corpo. c) O resultado determina o nível de risco que podem ocasionar lesões, estabelece ainda o nível de ação requerida e a urgência em deve serem feitas às intervenções. d) Avaliar a duração da tarefa excessiva e a composição de outras operações elementares, secundares as posturas e movimentos preconizados. e) Registro as diferentes posturas adotadas pelo trabalhador durante sua jornada de trabalho, além da captura desse registro em vídeo, fotografias e anotações em temo real ser for possível. f) Identificação entre todas as posturas registradas, aquelas consideradas mais significativas ou "perigosas" para sua posterior avaliação com o método REBA. g) A aplicação do método deve resumir-se nos seguintes passos: h) Divisão do corpo em dois grupos, sendo o grupo A, correspondendo ao tronco, coluna cervical e pernas, e o grupo B, formado por membros superiores (braço, antebraço e mãos). A pontuação individual dos membros de cada grupo deve se dar, a partir de seus correspondentes valores da tabela. i) Preenchimento da ficha de avaliação do método REBA (anexoIII) j) Consulta da tabela A para a obtenção da pontuação do grupo inicial A, a partir das pontuações individuais do tronco, coluna cervical e pernas. k) Mensuração dos valores do grupo B a partir das pontuações do braço, antebraço e mãos, mediante a tabela B. l) Modificação da pontuação da assinalada do grupo A em função das cargas e forças aplicadas, para obtenção da “pontuação A”. m) Correção da pontuação assinalada a zona corporal e dos membros superiores (braço, antebraço e punhos). O grupo B, segundo o tipo de pegada a carga manejada, em seguida determinar a “Pontuação B”. n) A partir da “pontuação B” e a consulta da tabela C, obtém-se uma nova pontuação denominada “Pontuação C”. o) Modificação da “Pontuação C” segundo o tipo de atividade muscular desenvolvida para a obtenção da pontuação final de acordo com o método. p) Consulta do nível de ação, risco e urgência de atuação correspondente ao valor final calculado. Pontuação dos grupos A e B Tronco Coluna Cervical 1 2 3 Pernas Pernas Pernas 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 1 2 3 4 1 2 3 4 3 3 5 6 2 2 3 4 5 3 4 5 6 4 5 6 7 3 2 4 5 6 4 5 6 7 5 6 7 8 4 3 5 6 7 5 6 7 8 6 7 8 9 5 4 6 7 8 6 7 8 9 7 8 9 9 Figura 2: Pontuação inicial para o Grupo A1 1 2 As figuras (2 – 9) tem como fonte o artigo: Apllied Ergonomics, HIGRNETT & MCATMMNEY (2000). A pontuação inicial para o Grupo B será obtida a partir da pontuação do braço, antebraço e punho, através da consulta da figura 3. Braço Antebraço 1 2 Punho Punho 1 2 3 1 2 3 1 1 2 2 1 2 3 2 1 2 3 2 3 4 3 3 4 5 4 5 5 4 4 5 5 5 6 7 5 6 7 8 7 8 8 6 7 8 8 8 9 9 Figura 3 - Pontuação inicial para o grupo B Pontuação da Carga e Força Pontos Posição +0 A carga ou força aplicada é menor de 5 kg. +1 A carga ou força está entre 5 e 10 Kg. +2 A carga ou força é maior que 10 Kg. Figura 4: Pontuação para a carga ou força aplicada durante a realização do trabalho Pontos Posição +1 A força é aplicada bruscamente. Figura5: Modificação da pontuação para as cargas ou forças Pontos Posição + 0 Pegada Boa - A pegada é boa e a força de aplicada é suficiente, não necessita de outras regiões do corpo. + 1 Pegada Regular - A pegada é aceitável, mas não é ideal, a pegada é auxiliada por outras partes do corpo. + 2 Pegada Ruim - A pegada é possível, mas a carga é pesada e a pegada é instável. + 3 Pegada inaceitável - A pegada é insegura, faz-se necessária a utilização de outras partes do corpo, para que se possa deslocar a carga. Figura 6: Pontuação referente ao tipo de Pegada Pontuação C A “Pontuação A” e a “Pontuação B” permitem obter uma pontuação intermediaria denominada a “Pontuação. O quadro 18 mostra os valores para esta pontuação. Pontuação A Pontuação B 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 1 1 1 2 3 3 4 5 6 7 7 7 2 1 2 2 3 4 4 5 6 6 7 7 8 3 2 3 3 3 4 5 6 7 7 8 8 8 4 3 4 4 4 5 6 7 8 8 9 9 9 5 4 4 4 5 6 7 8 8 9 9 9 9 6 6 6 6 7 8 8 9 9 10 10 10 10 7 7 7 7 8 9 9 9 10 10 11 11 11 8 8 8 8 9 10 10 10 10 10 11 11 11 9 9 9 9 10 10 10 11 11 11 12 12 12 10 10 10 10 11 11 11 11 12 12 12 12 12 11 11 11 11 11 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 Figura 7: Pontuação C em função das pontuações A e B. Pontuação Final A pontuação Final do método é resultado da soma da “Pontuação C”, mais o incremento proveniente do tipo de atividade muscular. Os três tipos de atividades consideradas pelo método. Pontos Atividade +1 Uma ou mais partes do corpo permanecem estáticas, por exemplo, suportadas durante mais de 1 minuto. +1 Produzem-se movimentos repetitivos, por exemplo, repetidos mais de 4 vezes por minuto (na posição estática). +1 Produzem-se mudanças de postura importantes o se adotam posturas instáveis. Figura 08: Pontuação referente ao tipo de atividade muscular exigida O método classifica a pontuação final em cinco níveis. Por sua vez, cada nível corresponde a um nível de ação. Cada nível de ação determina um nível de risco e recomenda uma atuação sobre a postura avaliada, assinalando em cada caso a urgência que deve ser feita a intervenção. O valor será maior quanto maior seja o risco previsto, o valor 1 indica um risco praticamente inexistente, já o valor Maximo, 15, estabelece uma postura de risco muito alto e sobre esse risco deve ser estabelecida uma atuação imediata, por exemplo. Análise do Risco e Intervenção. REBA (Pontuação) Grau de Risco Intervenção e posterior análise 1 Inexistente Não é necessário 2-3 Baixo Pode ser necessário 4-7 Médio Necessário 8-10 Alto Prontamente necessário 11-15 Muito alto. Atuação imediata Figura 9: Verificação dos níveis de risco e ação método REBA Procedimentos Metodológicos Buscando a investigação de distúrbiosposturais apresentados nas atividades dos radialistas da amostra, este estudo foi constituído pelas seguintes etapas: Elaboração do projeto de pesquisa; Solicitação do local da pesquisa, a Rádio Rural de Santarém, através do diretor responsável Padre Edilberto Sena, que autorizou a pesquisa (APÊNDICE I), mediante apresentação do projeto e objetivos do trabalho; Assinatura do Termo de Consentimento para a realização da pesquisa pelos integrantes da amostra estudada (APÊNDICE II); Elaboração do questionário (APÊNDICE III), que foi composto por três partes fundamentais: a) Com informação de dados pessoais, como: nome, sexo, idade, altura, peso; b) Com informação de dados sobre a atuação profissional, como local de atuação, tempo de atuação, carga horária de trabalho, número de horas extras realizadas por mês, exercício de outra atividade profissional (em caso positivo, qual), ocorrência de eventos na rotina de trabalho (pausas para ir ao banheiro ou tomar água); c) Com informações sobre distúrbios ocorridos recentemente, como: se ocorreu sintomas como dores, formigamentos, queimações; que tipo de distúrbio foi esse; qual região do corpo afetada, (sinalização deste distúrbio no mapa de desconforto corporal e quantificação desta dor), se o distúrbio foi diagnosticado por um médico; se consultou um médico por causa do distúrbio; se deixou de atuar profissionalmente por causa do distúrbio; que tipo de atividade faz no tempo livre; d) Informações sobre o que pode ser feito para a melhoria das condições do trabalho, como, quais os pontos mais problemáticos em seu ambiente de trabalho e sugestões para a melhoria do conforto e melhoria das condições de trabalho. 4. Resultados: 4.1 Análise das atividades desenvolvidas e do ambiente de trabalho dos radialistas Durante as inúmeras visitas e análises realizadas durante a programação da rádio RURAL de Santarém, pode-se observar características comuns no que se refere as posturas e movimentos executados pelos radialistas. Além disto, foi possível descrever características do ambiente de trabalho nas quais estão inseridos. Através de fotos, filmagens e mensuração dos mobiliários foram registradas todos esses momentos que serviram de banco de dados para a pesquisa. A observação das características da atividade profissional dos radialistas foi de fundamental importância para que se pudesse chegar a um diagnóstico de quais as medidas ergonômicas devem ser adotadas, visando sempre a segurança, eficiência e conforto dos trabalhadores. De modo geral os radialistas exercem posturas estáticas durante longos períodos. A duração da jornada de trabalho dos radialistas entrevistados é, em média, de 5 horas, das quais uma hora e meia é utilizada “no ar”, ou seja, comandando os programas de rádio ao vivo, o restante do tempo, na edição e produção do programa. Durante o período de gravação do programa, o locutor, exerce uma postura sentada, sob uma cadeira de madeira, executando movimentos de torção, flexão e extensão da coluna lombar para alcançar objetos que ficam espalhados sobre a mesa, raramente interrompem essa postura para realização de outras atividades que não estão ligadas ao programa. O restante da jornada de trabalho é executada em outro ambiente, em condições parecidas com as que foram citadas até aqui. A mesa tem forma de bancada e possui cerca de 1,10 m de altura. Se for levada em consideração a relação altura da mesa x altura da cadeira, a mesa torna-se baixa, já que o espaço para posicionamento dos membros inferiores torna-se pequeno. Sobre a utilização e organização dos materiais dispostos sobre a mesa, foi observada a presença de um computador, microfone, telefone, teclado e mouse, além de inúmeros papéis, que servem de lembretes e outros recados lidos durante os programas e que estão dispostos de forma desorganizada sobre a mesa. O ambiente de trabalho é frio, sendo que a direção do ar condicionado está posicionada lateralmente e acima do espaço onde o locutor esta localizado. Geralmente durante a gravação dos programas duas pessoas ficam na sala, uma comandando a “mesa de som”, e a outra, o radialista fica do outro lado de uma bancada aonde esta o microfone regulável e o local conduzindo a programação. Por causa da bancada, às vezes se torna necessário o indivíduo fazer um movimento de extensão da coluna, para tornar possível à comunicação entre eles. 4.2 Análise dos Dados obtidos através do Questionário. Após o estudo das características do ambiente físico e o tipo de atividade desenvolvida pelos radialistas da Rádio Rural de Santarém, iniciamos em primeiro momento, a apresentação dos dados obtidos através da aplicação do questionário (ANEXO III) traçando um perfil dos profissionais radialistas, Lembrando que nossa amostra é constituída de 8 (oito) funcionários, que corresponde à cerca de 89% do total de indivíduos que desempenham esta função dentro da instituição. Os radialistas eram todos do sexo masculino, com idade entre 31 e 60 anos. Idade Freqüência (n=8) (%) 30 ┤49 2 25 40 ┤49 3 37,5 50 ┤60 3 37,5 Tabela 1: Distribuição de freqüências: Idade dos radialistas A Figura 10 nos mostra a distribuição da População quanto ao tempo de atuação profissional. Figura 15: Tempo de atuação profissional Quanto ao tempo de atuação profissional (questão 3) revelou que: 12,5 % dos entrevistados relataram estar atuando como radialista a menos de cinco anos; 12,5% entre 5 e 10 anos; 25% entre 10 e 15 anos e 50% há mais de 20 anos. Isto evidenciou um número mais elevado no que se refere aos radialistas com maior tempo de atividade profissional, acima de 20 anos de profissão. Investigou-se a ocorrência de queixa de dores nos últimos quatro meses, por parte dos radialistas (questão 9). Em caso de afirmação, perguntou-se ainda se o indivíduo procurou atendimento médico (questão 10) ou foi afastado do seu posto de trabalho por causa do problema (questão 11). O número total de radialistas acometidos por dores nos últimos quatro meses foi de seis (6), o que corresponde a 75% dos entrevistados, e 25% não referiram dores. Com relação à procura de atendimento médico indagada, apenas dois dos entrevistados relatam ter procurado atendimento médico por causa das dores. Apenas um dos entrevistados teve que ser afastado temporariamente da atividade devido esta queixa de dor. 12,5% 12,5% 25,0% 50,0% 0-5 anos 5-10 anos 10-20 anos Mais de 20 anos Com relação à localização e intensidade das dores, indicada pelos entrevistados, através do diagrama de desconforto corporal (APÊNDICE IV), os dados obtidos estão representados na Tabela 2. Localização da dor Distribuição das queixas de dores. N % Coluna Cervical 5 35,7 Coluna lombar 3 21,4 Coluna Dorsal 2 14,3 Ombros 2 14,3 Punho 1 7,1 Panturrilha 1 7,1 Tabela 2: Distribuição das queixas e localização das dores De acordo com os resultados demonstrados sobre a região de incidência e localização das dores corporais, referentes à questão 9 do questionário (APÊNDICE III) e o diagrama de CORLETT (APÊNDICE IV), é possível observar que foram registrados seis principais focos onde estariam localizadas as dores, sendo que, 35,7% da dor está localizado na região cervical; 21,4% na região lombar da coluna; 14,3 % na coluna dorsal; 14,3% nos ombros; 7,1% nos punhos e 7,1% na panturrilha, do tipo formigamento. (Tabela 2). Já quanto à intensidade das dores, localizada no diagrama de desconforto corporal (APÊNDICE IV), foi constatado que 66,6% referem dor moderada; 21,1% dor leve; 6,7% dor leve; e 6,7% dos entrevistados relatam sentir “formigamento” em determinadas áreas do corpo (Figura 20). Figura 11: Intensidade das dores relatadas pelos radialistas Por perguntou-se aos radialistas sobre quais as sugestõesque poderiam ser dadas para a melhoria das condições de trabalho (questão 14). A principal sugestão indicada pelos funcionários foi à mudança da cadeira utilizada durante a gravação dos programas (75%), referindo-se ao acento desconfortável. Porém 12,5% queixaram-se da temperatura (frio) dentro do estúdio e da direção do ar condicionado, pois segundo queixas, a temperatura e o vento provocam o ressecamento e irritação das cordas vocais. Outro 6,7% 66,6% 20,1% 6,7% Dor intensa Dor moderada Dor Leve Formigamento aspecto sugerido foi o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar para o desenvolvimento da melhoria das condições de trabalho e prevenção de doenças ocupacionais. Análise dos Dados Obtidos pelo Método REBA. De acordo com as observações, filmagens, fotos e anotações realizadas no ambiente de trabalho, além do preenchimento das informações na ficha de avaliação do Método REBA (APÊNDICE V), quatro principais posturas foram identificadas durante a jornada de trabalho destes profissionais. As posturas identificadas foram denominadas como: Postura 1 - Leitura dos anúncios e cartas. Postura 2 - Utilização do computador. Postura 3 - Alcance dos objetos sobre a mesa. Postura 4 - Postura durante os Intervalos dos programas. A postura mais utilizada entre todas as atividades desenvolvidas pelos radialistas, foi a Postura 1, podendo ser descrita da seguinte forma: Indivíduo sentado e com apoio bilateral para os pés; com a sustentação desta postura por mais de quatro minutos; Flexão de tronco entre 20º - 60º, com presença de torção ou inclinação lateral; Flexão do pescoço maior que 20º, com rotação ou inclinação lateral; Braços fletidos entre 20º e 45º, estando abduzidos e ombros elevados; Antebraços fletidos, formando um ângulo maior que 100º com o eixo longitudinal; Punhos fletidos entre 0º e 15º; A pontuação final revelada pelo método REBA, para esta postura, foi de 9 pontos. A postura 1, foi classificada, como postura de alto risco. As posturas 2 e 3, somam eventos bastante visualizados durante o trabalho em estudo, seus resultados são bastante similares, a diferença detectada apareceu no final da análise que avalia a sustentação da postura estática por mais de 4 minutos, em conseqüência disto, a postura 2, somou um ponto no score final, totalizando 7 pontos, enquanto a postura 3, somou 6 pontos. Ambas posturas foram categorizadas como de risco médio, segundo a avaliação REBA. As posturas 2 e 3, foram descritas assim: Indivíduo sentado e com apoio bilateral para os pés; com a sustentação desta postura por mais de quatro minutos (Postura 2) ou não (Postura 3), sob ação de cargas inferiores a 5 kg; Flexão de tronco entre 20º – 60º, com presença de torção ou inclinação lateral; Flexão do pescoço entre o e 20º, presença de rotação; Braços fletidos entre 20º e 45º, somado a elevação de ombros. Antebraços fletidos formando um ângulo maior que 100º com o eixo longitudinal; Punhos fletidos entre 0º e 150; A postura 4, obteve a menor pontuação, igual a 4 pontos. Apesar de esta ser a postura detectada com menor pontuação, é a menos freqüente, e sugere uma postura de repouso, isto é, neste instante o radialista está no intervalo dos programas, sentado na cadeira, esperando o recomeço das atividades. Neste instante, esta postura foi categorizada também como de risco médio, motivada principalmente pela adoção de uma postura estática sustentada por mais de 4 minutos. A descrição da Postura 4, foi: Indivíduo sentado, pés apoiados bilateralmente, sustentação desta postura por mais de quatro minutos, submetidos à ação de uma força ou carga menor que 5 kg; Flexão de tronco entre 0º e 20º, presença de torção ou inclinação lateral;Flexão do pescoço apresentando um ângulo entre 0º e 20 º , presença de rotação ou inclinação lateral; Braços fletidos entre 0º e 20º, e com apoio; Antebraços fletidos entre 60º e 100º; Punhos fletidos entre 0º e 15º. As quatro posturas identificadas durante os procedimentos, foram analisadas, sendo que sua categorização baseou-se nos itens contidos na Ficha de Avaliação do Método REBA. O resultado final deste estudo revelou que, das quatro posturas analisadas três delas, as Posturas 2, 3, 4 foram categorizadas como de risco médio, já a postura 1, foi categorizada como sendo de alto risco para o surgimento de lesões do sistema músculo esquelético destes trabalhadores. Figura 12: Posturas adotadas pelos radialistas durante a jornada de trabalho 5. Discussão dos Resultados . Os resultados obtidos nesta pesquisa revelaram a incidência de posturas que podem desencadear distúrbios posturais nos profissionais radialistas, além disto, foram detectados sinais e sintomas que justificariam as conseqüências das posturas que representam riscos ao sistema músculo esquelético destes trabalhadores. De fato há um consenso na literatura de que um número cada vez maior de trabalhadores das mais diversas áreas profissionais, entre elas os radialistas, vem sendo acometidos por dores na região das costas decorridos das atividades de trabalho. Os dados obtidos pela aplicação do Método REBA na avaliação postural, confirmou estes resultados demonstrando a necessidade das modificações a serem tomadas no ambiente de trabalho destes trabalhadores. O trabalho destes profissionais, se assemelha a outras atividades como o secretariado, bancários, cobradores de ônibus, etc., já que, caracteriza-se basicamente pela a adoção de posturas estáticas (sentadas), e pela manutenção desta postura por longos períodos. Através do estudo das imagens captadas e das observações realizadas, durante as várias visitas na Rádio Rural de Santarém, foi possível detectar quatro principais posturas mais freqüentes entre os radialistas. As quatro posturas foram categorizadas como sendo de risco médio e alto, segundo o Método REBA, dessa forma, confirmou-se a suspeita que apesar do trabalho de radialista ser aparentemente “leve”, tendo em vista que, não se executam movimentos estafantes, repetitivos e de suspensão de cargas, mesmo assim está propensa ao surgimento de lombalgias e cervicalgias, como foi observado na investigação dos sinais e sintomas. Quanto aos sintomas detectados, 71,4% (n=14), estão relacionados à coluna vertebral, a região cervical obteve o maior índice de queixas (31%), dessa forma, é possível comparar a análise deste dado aos estudos de Viel e Esnalt (2000), quando afirmam que, a postura inadequada da cabeça, principalmente a inclinação da coluna cervical, nas tarefas de trabalho impõe um consumo de energia muscular demasiado considerável da região cervical, o que podem desencadear processos álgicos como cervicalgias e cervicobraquialgias. Com relação à intensidade das dores, é possível relacioná-las aos riscos ocupacionais. A maioria das queixas de dores foi classificada como moderadas e leves 72,9 % (N=14), confirmando-se dessa forma, a necessidade intervenção ergonômica, resultante da avaliação de risco médio proposta pelo método objetivo em questão. A postura 1, a mais freqüente durante o trabalho, foi classificada como de alto risco, o método de Hignett e Mccattmey (2000), deve ser realizada um intervenção ergonômica imediata. A postura de número 4 é a menos freqüente, esta postura está relacionada aos momentos de intervalos dos programas, neste instante, atividades como atender telefonemas, são comuns, esta postura estática, mesmo atingindo a menor pontuação (4 pontos), ainda atinge o limiar da pontuação referente a categorização de risco médio. O questionário sobre a pesquisa dos sinais e sintomas e aspectos de organização do trabalho, procurou identificar quais foram os principais sintomas apresentados pelos trabalhadores, além da observação quanto à presença de fatores de risco ambientaiscomo os mobiliários, e hábitos de vida e de trabalho, elementos estes que podem ou não estar relacionados com o surgimento das dores nas costas por parte dos trabalhadores, como propôs Peres (2002), quando ressalta que os sintomas podem ser de característica multifatorial ou variam conforme as condições físicas ou de treinamento profissional. Com relação ao ambiente de trabalho e o mobiliários utilizados, também estão entre fatores que podem desencadear algias existentes na coluna vertebral, segundo Chafin (2001), a altura, a inclinação do assento, a posição, forma e inclinação do encosto, a presença de outros tipos de apoio (cotovelo e coluna dorsal) influenciam na postura, sendo assim, foi constatado que o acento utilizado pelos trabalhadores é inadequado. Em estudos propostos por Viel e Esnalt (2000), a “cadeira ideal” deveria conter algumas características básicas, como: Encosto para a coluna lombar e dorsal, acolchoamento para apoio isquiático, deve ser giratória, caso o trabalho exige posturas em torção, deve ter apoio para os braços, sendo assim, a cadeira utilizada no estúdio da rádio, não se enquadra neste perfil, muito pelo contrário, é desconfortável e contribui significativamente para a adoção de posturas cifóticas, que segundo Rio e Pires (2001) provocam aumento da compressão dos discos intervertebrais, fadiga e dores na região lombar e cervical. Analizando as posturas mais freqüentes para o trabalho de radialistas, que foram caracterizadas basicamente por adoção de posturas sentadas, estáticas e com execução de movimentos em rotação de tronco e pescoço, além de abdução e elevação de ombros, percebe-se que a utilização de acentos adequados são indispensáveis para a melhoria das condições de trabalho destes indivíduos, já que as funções da cadeira (rotação, apoio para os braços e coluna, acolchoados para isquiático e lombar), auxiliariam e proporcionariam um melhor conforto ao indivíduo a realizar suas tarefas durante seu trabalho. A partir dos autores citados, podemos correlacionar os dados desta pesquisa na qual demonstrou claramente a alta incidência de distúrbios posturais dos profissionais radialistas em função de sua atividade ocupacional. 6. Conclusão A compreensão dos conhecimentos da biomecânica corporal se faz necessária para entender os mecanismos de defesa da fadiga muscular e conseqüentemente dos distúrbios posturais relacionados ao trabalho nas mais diversas áreas, em especial, dos radialistas, que mesmo submetidos a cargas leves, sofrem de algias, principalmente na coluna e constrangimentos posturais. A realização de posturas estáticas por tempo prolongado, associado à flexão e rotação de tronco, abdução e elevação de ombros, freqüentemente utilizada por esses profissionais, somado ao desconforto provocado por imóveis inadequados, como a cadeira utilizada dentro do estúdio de gravação, por exemplo, podem ser fatores desencadeadores de algias na coluna, que segundo a literatura, estão enquadradas como Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). De acordo com a avaliação postural pelo Método REBA, pôde-se constatar que das posturas mais adotas por estes trabalhadores, a maioria delas 75% (N=4), enquadraram-se na categoria de risco médio. A pesar de este método apresentar alguma deficiência em suas aplicações por não permitir a análise de outros fatores como, riscos ambientais, fatores intrínsecos etc, este método, propõe-se à identificação da gravidade das posturas assumidas sugerindo providências a serem tomadas nas posturas e situação de trabalho, o que é de extrema importância para a saúde do trabalhador. Dentre as providências a serem adotadas, inicialmente, deve-se executar um trabalho de educação e conscientização, no intuito de se corrigir as posturas em questão, orientando esse trabalhador sobre a importância de se manter uma postura correta, melhor utilização dos equipamentos (telefone, cadeira, microfone), dicas sobre a organização das atividades. Medidas educativas como estas, com certeza, ajudarão a conscientizar os funcionários, sobre como pode ser possível diminuir os risco de dores nas costas. Através dos resultados dessa pesquisa podemos enumerar algumas recomendações, que farão parte da intervenção ergonômica, que foi um dos objetivos desta pesquisa, tendo em vista que, até este momento, conseguimos diagnosticar quais foram os principais fatores de risco ao acometimento das DORT, por parte dos radialistas da Rádio Rural de Santarém: 1. Utilização de atividade física regularmente; 2. Evitar a permanência de posturas, principalmente sentada, por tempos prolongados. 3. Alongamentos específicos (peitorais, coluna cervical, cintura escapular e membros superiores) antes atividades do início das atividades, não só dos programas, mas também da produção e edição dos mesmos. 4. Nos intervalos entre a programação, promover a mudança de posição, se for possível realizar a seqüência de alongamentos recomendada, na posição em pé, exercitando dessa forma a musculatura corporal. 5. Manutenção de um ambiente de trabalho agradável e organizado, para que se evite torções e inclinações do tronco para alcance de objetos desorganizados sobre a mesa. 6. Acompanhamento de uma equipe multiprofissional (médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, etc) para tratamento de sintomas já existentes e prevenção de futuras complicações. 7. Reuniões Periódicas com funcionários mais profissionais da saúde visando à promoção de palestras sobre ergonomia e temas ligados a saúde, para que se possa continuar reforçando a conscientização de como se pode ter um ambiente de trabalho mais confortável e seguro. 7. Referências Bibliográficas. ABNT Digital. “Normas Técnicas para trabalhos científicos”. Disponível em www.abnt.com.br, acessado em novembro de 2007. CARVALHO, D. C. de e PANTOJA A.L.B, Fisioterapia preventiva nas lesões por esforços repetitivos / Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT) em trabalhadores de escritórios. 1999. 82f. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – curso de graduação em Fisioterapia, Universidade do Estado do Pará, Belém, 1999. DELIBERATO, Paulo C. P. Fisioterapia preventiva: fundamentos e aplicações. São Paulo: Manole, 2002. FERREIRA, Aurélio Buarque, Mini-dicionário da língua portuguesa, 4 a Edição, Ed. Nova Fronteira Rio de Janeiro.2000. GIROUX, B.;LAMONTAGNE, M, Net shoulder joint moment end musular activity during light weight handling at different displacements and frequencies. Ergonomics, 35. p.385-403, 1992. GUIMARÃES, Carla P.; Revisão dos métodos de análise ergonômica aplicados ao estudo dos DORT em trabalho de montagem manual, Artigo publicado na Revista Produto & Produção v.3 p. 63-75, março de 2004. http://www.abnt.com.br/ LECH, Osvandré, PEREIRA, T.I. Prevenindo a LER: Técnicas para evitar a ocorrência de lesões por esforço repetitivo. Ver.. Proteção, n.63, p. 53, 1997. LIDA, I. Ergonomia: Projeto e produção. São Paulo. Ed. Edgar Bluter ltda, 4 a Ed. 1997. HIGNETT, S.;McTAMNEY, L. Rapid Entire Body Assessment (REBA). Applied Ergonomics, (31), p. 201-205, 2000. PERES, Celeide P.A., Estudo Das Sobrecargas Posturais em Fisioterapeutas: Uma Abordagem Biomecânica Ocupacional. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis – SC. 2002. Revista Produto & Produção, Revisão dos Métodos de analise Ergonômica aplicados ao Estudo dos DORT, em trabalho de montagem manual. Carla Patrícia Guimarães, Volume 7, n.1, p. 63-75, março de 2004. “Saúde do Trabalhador segundo a Organização Mundial da Saúde”. Disponível em www.oms.com/saudedotrabalhador, acessado em 10 de junho de 2007. VIEL, É. ; ESNAULT, M. Lombalgias e Cervicalgias da Posição Sentada. Sã WISNER, A. Ergonomia e condiciones de trabajo. Buenos Aires, Humanitas, 1987. ZENTGRAF, Maria C. Docência do Ensino Superior:Metodologia Científica. Universidade Castelo Branco. Rio de Janeiro 2006. http://www.oms.com/saudedotrabalhador APÊNDICE I AUTORIZAÇÃO Autorizo a coleta de dados (filmagem e entrevista) referente ao trabalho de conclusão de curso TCC, intitulado: UTILIZAÇÃO DO MÉTODO RAPID ENTIRE BODY ASSECEMENT (REBA), ASSOCIADO À DIAGRAMA DE LOCALIZAÇÃO DE SINTOMAS E ASPECTOS ORGANIZACIONAIS DO TRABALHO, PARA AVALIAÇÃO DE RISCOS OCUPACIONAIS EM RADIALISTAS. De autoria do acadêmico do curso de graduação em fisioterapia da Universidade do Estado do Pará, Wanderson Augusto Oliveira de Almeida sob orientação do Prof. Ms Alexandre R B Oliveira da mesma instituição, Concordo também com a publicação ou divulgação dos resultados obtidos, mediante previa apresentação dos resultados do trabalho, ficando a cargo do diretor da empresa a decisão de vetar ou não tal autorização. Este documento também garante à obrigatoriedade dos autores a citação do nome da instituição bem como os locais de realização do trabalho. Santarém, 01 Outubro de 2007. ______________________________________________ Diretor da Radio Rural de Santarém APÊNDICE I UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ. CURSO DE FISIOTERAPIA. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO. Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa entitulada “UTILIZAÇÃO DO MÉTODO RAPID ENTIRE BODY ASSECEMENT (REBA), ASSOCIADO À DIAGRAMA DE LOCALIZAÇÃO DE SINTOMAS E ASPECTOS ORGANIZACIONAIS DO TRABALHO, PARA AVALIAÇÃO DE RISCOS OCUPACIONAIS EM RADIALISTAS”. que será apresentada a instituição acima citada, após a elaboração de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para obtenção do titulo de graduação em Fisioterapia. Após ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento. Em caso de recusa você não será penalizado(a) de forma alguma. Eu, ____________________________________________,abaixo assinado, concordo em participar do estudo “Analise das Posturas adotadas pelos Radialistas da Rádio Rural da cidade de Santarém: Utilização do método Rapid Entire Body Assecement (REBA) de Avaliação Postural associado à aplicação de Questionário para a localização de Sintomas e Aspectos Organizacionais do Trabalho”, como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido pelos pesquisadores responsáveis, Wanderson Augusto Oliveira de Almeida (acadêmico do 5º Ano de Fisioterapia) e Alexandre Dica (Professor Mestre e Fisioterapeuta orientador da pesquisa) sobre a pesquisa e os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve à qualquer penalidade ou interrupção de meu acompanhamento/ assistência. Santarém, 02 de Maio de 2007. Assinatura: _______________________________ ____________________________________ AXEXO I UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ CURSO DE FISIOTERAPIA QUESTIONÁRIO DE SINTOMAS E ASPECTOS DA ORGANIZACÃO DO TRABALHO 1. Nome________________________________________________________ 2. Sexo ( )masculino ( ) feminino;Idade___ Peso___ Altura___________ 3. Há quanto tempo (ano e meses) trabalha como radialista? _______________________________________________________________ 4. Quantas horas compõem sua jornada de trabalho?_____________________ 5. Alem de radialista você exerce outra atividade? ( )Sim ( ) Não Qual?__________________________________________________________ 6. Você realiza horas extras? ( ) Sim ( ) Não Quantas por mês? ________________________________________________ 7. Você interrompe o trabalho para ir ao banheiro ou beber água sempre que necessite? ( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes 8. Você sente dormência, formigamento, queimação, ou dores? ( ) Sim ( ) Não. Em que parte do corpo? ___________________________ 9. Você sentiu dores nos últimos 4 meses? ( ) Sim ( ) Não Caso afirmativo assinale na figura (verso) os locais onde sentiu dor. 10. Você já consultou um médico devido a esse problema? ( ) Sim ( ) Não 11. Você já ficou afastado do trabalho por este problema? ( ) Sim ( ) Não 12. Você realiza algum tipo de atividade física, ou laboral? (caminhadas, alongamentos, exercícios físicos)? Qual?______________________________ 13. Descreva como você se sente ao final de um dia de trabalho:_______________________________________________________ 14. Você tem alguma sugestão para melhorar o seu trabalho?________________________________________________________________ _______________________________________________________ ANEXO II DIAGRAMA PARA LOCALIZAÇÂO E INTENSIDADE DAS DORES. ANEXO III AVALIAÇÃO RÁPIDA DO CORPO – REBA. Postura:___________________________________ Freqüência:____________________________ GRUPO A GRUPO B Postura/Segmento Score Total Postura/Segmento Score total TRONCO BRAÇOS D E Erguido 1 + 1 Se existe flexão lateral ou torção do tronco. Flexão: 0 – 20 o Extensão: 0 – 20 o 1 O braço abduzido ou rotação: +1 O ombro elevado: +1 Apoio aos braços e postura a favor da gravidade: - 1 Flexão: 0 – 20 o extensão: 0 – 20 o 2 Flexão: 20 – 45 o Extensão: > 20 o 2 Flexão: 20 – 60 o extensão: > 20 o 3 Flexão: 46 - 90 o 3 Flexão: > 90 o 4 Flexão: > 60 o 4 PESCOÇO ANTEBRAÇO Flexão: 0 – 20 o 1 +1 Existe torção/ inclinação lateral do pescoço Flexão: 60 - 100 o 1 Sem ajustes Flexão: > 20 o Extensão: > 20 o 2 Flexão: < 60 o Flexão: > 100 o 2 PERNAS PUNHOS Suporte bilateral, andando ou sentado. 1 Posição sentada: 0 flexão de joelhos 30 – 60 O : + 1 flexão de joelho > 60 O : + 2 Flexão: 0 - 15 o Extensão: 0 - 15 o 1 Existe torção ou desvio lateral do punho: +1 Flexão: > 15 o Extensão: > 15 o 2 Suporte unilateral, suporte temporário ou Postura instável 2 Pontuação da tabela A Pontuação da tabela B Força/carga. Tipo de pegada < 5 kg 0 força aplicada bruscamente: +1. Boa 0 Sem ajustes 5 – 10 kg 1 Regular 1 > 10 kg 2 Ruim 2 Instável 3 Pontuação Final de A Tipo de atividade Muscular Pontuação Final para B D E Uma ou mais partes do corpo permanecem estáticas. +1 PONTUAÇÃO C Produzem-se movimentos repetitivos +1 Pontuação do Tipo de atividade Adotam-se posturas instáveis. +1 Avaliação final REBA
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