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Educação e experiência: contribuições da teoria de Dewey para implementação de políticas publicas na educação (Lei 10639/03)

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Educação e experiência: contribuições da teoria de Dewey para implementação de políticas publicas na educação (Lei 10639/03)
Kátia Maria Eugenio
Resumo
Refletiremos nesse artigo sobre que contribuições podemos obter do filósofo Dewey, a partir do livro “Educação e Experiência”, para implementação de políticas públicas na educação estabelecendo um diálogo com a lei 10639/03, que trata da importância e da obrigatoriedade da inclusão da História da África e dos Afro Brasileiros no currículo da Educação Básica. Salientamos a necessidade de entender três importantes aspectos que envolvem a constituição e manutenção das regras e valores sociais, a educação, a escola e o educador. No primeiro aspecto a educação progressiva e a interação do educando com o contexto social em que está envolvido. Noutro aspecto a compreensão da extensão da concepção do papel da escola enfatizando o que cabe a esta contribuir para realização individual do aluno e que é uma condição para o progresso social. E por ultimo uma leitura do papel do educador e sua postura e formação frente a uma proposta de educação libertadora.
Palavras–chave: Educação – Escola – Educador – Relações raciais
Educação e experiência: contribuições da teoria de Dewey para implementação de políticas publicas na educação (Lei 10639/03)
Introdução
Este artigo objetiva embasar a dissertação de mestrado em políticas publicas, sob o titulo: “Políticas de ações afirmativas no município de Campinas: pedagogias multiplicadas no caso da lei nº 10639/03”, quanto ao conceito de educação, o papel da escola e do educador a partir do livro ”Experiência e Educação” do filósofo John Dewey, expoente máximo da escola “nova” ou “progressiva”. 
O estudo discorre sobre as transformações necessárias aos processos educativos vigentes, em decorrência da alteração trazida à lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), pela lei 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica. Destacam-se as alterações feitas aos artigos Art. 26, 26 A e 79 B, que tratam sobre o direito à igualdade de condições de vida e de cidadania, assim como a garantia de igual direito às histórias e culturas dos povos e grupos que compõem a sociedade brasileira e da humanidade. Ressaltamos, também, o direito de acesso às diferentes fontes da cultura por todos, e o atendimento às reivindicações dos diversos grupos sociais, em particular do movimento negro são fatores que se fazem importantes neste processo. 
A contribuição deste artigo consiste em apontar caminhos salutares para a efetivação da Lei 10.639/03 no âmbito escolar, por meio do que entendermos tratar-se do movimento de uma escola progressiva, pautada na valorização da experiência do educando.
Portanto, neste artigo procuramos compreender a extensão da concepção do papel da escola e do educador a partir das teorias sobre escola progressiva de Dewey(1976), ao refletir sobre uma escola que propõe uma educação que possibilite a interação do educando com o contexto social em que esta envolvido. 
Daqui também emergem questões acerca da real condição da escola publica, no tocante a aproximação da escola com os diferentes núcleos de resistência² que os educandos estão inseridos e como podemos a partir desses questionamentos, criar condições para que os educandos sejam sujeitos críticos nos contextos da vida sócio, político, econômico e cultural. 
Dividiremos este artigo em três outras seções:
· A primeira com o intuito de entender o conceito de educação progressiva;
· A segunda seção temos a caracterização da escola e sua proposta enquanto instrumento social;
· E na terceira seção procuraremos estabelecer o papel do educador e sua postura frente a uma educação libertadora. Encerraremos o artigo apresentando as considerações finais.
Educação progressiva: interação do educando com o contexto social em que está envolvido.
	A intenção aqui não é esmiuçar o autor, mas buscar nele referências teóricas para ampliar a concepção de educação e ter suporte para dialogar sobre as questões étnicas raciais atravessadas pelo papel da escola. Abaixo apresento aspectos que nos fazem pensar sobre a importância da educação neste trabalho de inclusão da História da África. Encontramos em Dewey (1976) a necessidade de um diálogo maior, mas efetivo sobre os diversos aspectos de sua teoria e pensamento sobre educação no momento atual, no nosso caso, uma reflexão mais aprofundada quanto à educação numa perspectiva da diversidade étnica e cultural.
Nascemos desprovidos de tudo, a educação nos dá o que precisamos quando adulto esta educação nos vem da natureza, dos homens e das coisas. A educação da natureza é responsável pelo desenvolvimento interno de nossos órgãos, aprendemos a usufruir desse desenvolvimento pela educação dos homens e o ganho de nossas experiências sobre os objetos que nos afetam se dá na educação das coisas. É na educação dos homens que temos o poder de interagir. (ROUSSEAU, 1995).
A educação é entendida como um mecanismo a serviço do social, ou seja, um instrumento de constituição dos sistemas sociais e de manutenção e perpetuação dos mesmos (DURKHEIN, 1873). Durkhein, enfatiza que o processo educativo beneficiaria a sociedade, pelo fato da educação tratar da socialização dos jovens pelos mais velhos, e quanto mais eficiente for o processo, melhor será o desenvolvimento da comunidade em que a escola esteja inserida.
O aspecto filosófico da educação, segundo Dewey (1976), é marcado por pensamento extremo, balizada pela oposição entre as ideias do desenvolvimento de dentro para fora e a formação de fora pra dentro, ou seja, baseia-se nos dotes naturais e a de que é um processo de vencer as inclinações naturais e substituí-las por hábitos adquiridas sob pressão externa.
O aparecimento da educação progressiva foi para Dewe(1976), uma resposta ao descontentamento com a essência filosofia da educação tradicional, baseado no esquema de imposição de cima pra baixo, onde a distância do que se ensina esta longe do alcance da experiência que o aluno possui.
A unidade da filosofia da Educação Nova baseia-se na íntima relação entre o processo de nossa experiência real e a educação, consequentemente o desenvolvimento positivo e construtivo da sua própria ideia básica está sujeito a uma ideia apropriada da experiência.
Os princípios mais importantes para formulação da teoria da experiência são categorias da continuidade ou continuum experiencial, é aplicado quando tivermos que discriminar entre experiências de valor educativo e experiência sem tal valor. O princípio da continuidade da experiência significa que toda a experiência apropria-se das experiências passadas e reestruturam de algum modo as experiências subsequentes.
Ao explicar a aceitação do movimento progressivo o autor se pauta no caráter democrático, pois aponta uma proximidade com o povo em detrimento ao caráter autocrático do movimento tradicional. Dewey(1976) enfatiza que ao explicar o porquê significamos a ”razão” da preferência e não a “causa” que leva a preferência, sendo que a causa pode ser administradas em várias outras instituição além da escola, que ao assimilarmos as ideias dos nossos meios fazemos pelo hábito.
Dewey deixa claro que existe conexão orgânica entre educação e experiência pessoal, creditando na nova filosofia da educação um comprometimento com algum tipo de filosofia empírica e experimental. Temos que levar em consideração que a experiência não acontece apenas de dentro para fora, depende também do meio em que se está inserida, as situações concretas que levam ao crescimento. Reconhecendo esses fatores o educador pode dirigir a experiência do educando sem exercer imposição.
Interação seria o segundo princípio fundamental usado para a interpretação de uma experiência quanto a função e força educativa. De acordo com o autor, o que faz a educação ser um processo social é o princípio de que o desenvolvimento da experiência se faz por interação do indivíduo com pessoas e com coisas.Cabe à educação progressiva duas alternativas deixar-se conduzir por mais ou menos ao acaso ou guiar-se por ideias que, articuladas e coerentes, formando uma filosofia da educação.
Partindo do princípio de que é na educação dos homens que temos o poder de interagir, consequentemente, podemos afirmar que conduzindo o processo educacional na escola levando em consideração as experiências do educandos, construiremos caminhos positivos para comunidade em que o educando está inserido. Por conseguinte, é de suma importância a compreensão do papel da escola no qual a educação progressiva será desenvolvida.
 
Extensão da concepção do papel da escola progressiva
A escola, junto com a família, tem uma função social de destaque entre as outras instituições sociais. Pois, a escola é uma das principais instituições hoje responsável pela ampliação das relações de sociabilidade. 
Na esfera da escola amplia-se o aprendizado das regras e valores sociais sobre a ótica do grupo, a relação estabelecida entre pares, mediado pela figura do professor. A escola vai contribuir na sociabilidade e na construção de identidades. 
Porém, a escola carrega fortes marcas da concepção e dos princípios do pensamento e política liberal da Revolução Francesa, com base no individualismo, propriedade, igualdade e liberdade. (LOPES, 2006)
Lopes (2006) enfatiza que cabe à escola o desenvolvimento dos dotes inatos, aptidões e vocações de cada um, cumprindo assim o seu papel de contribuir para a realização individual, condição do progresso social, o século XVII trouxe, com todas as suas transformações, o fim do privilégio de acesso ao ensino, estabelecendo o direito na forma de Lei à educação, garantida como função do Estado.
O currículo vem a ser a forma de organização do conhecimento escolar. Ele não é e nem nunca foi neutro e desinteressado na transmissão de conteúdos do conhecimento social. Ele vai aparecer sempre imbricado em relações políticas de poder e de controle social sobre a produção desse conhecimento.
“Um longo percurso de transformações históricas e de construções teóricas a respeito dela aconteceu desde então. A ebulição de ideias que caracteriza o início do século XX trouxe para a Escola os filósofos, os epistemólogos, os sociólogos, os linguistas, os herdeiros da psicanálise, todos contribuindo, à luz da sua disciplina, para desvendar a escola e sua função social.” (LOPES, 2006 p.14). 
Dewey (1976) desenvolveu uma teoria para entendermos como a escola progressiva, contribui para o desenvolvimento e realização individual. Ele afirma que o controle das ações individuais é realizado pela situação global onde os indivíduos atuam como partes componentes e cooperativas. O controle é social, mas os indivíduos são partes do grupo e não elementos fora da comunidade.
As escolas progressivas têm como características o cultivo da individualidade, atividade livre, aprender por experiência, aquisição como meios para atingir fins que respondam a apelos diretos e vitais do aluno, aproveitar-se ao máximo das oportunidades presentes e tomada de contacto com um mundo em mudança.
Algumas questões levantadas na educação progressiva em relação ao real significado da matéria e de organização dentro da experiência. Uma filosofia de educação não pode ignorar essas questões por simples oposição, correndo o risco de ficar engessada sem descobrir o real significado dentro do fator experiência, portanto para resolver o problema de como estabelecer contato sem violar os princípios de aprendizagem por meio de experiência pessoal necessita-se de uma filosofia bem preparada dos fatores sociais atuando na construção de experiência individual.
A nova educação e os seus princípios básicos não são a solução dos problemas das escolas progressivas, pois levantam novos problemas práticos e concretos que precisam ser solucionados a luz de uma nova filosofia de experiência. Torna-se necessário desenvolver os propósitos, métodos e matérias na base de uma teoria de experiência e de suas potencialidades, ressaltando a importância da organização da matéria de estudo, proceder como se qualquer forma de direção e orientação pelo adulto não constituísse invasão a área da liberdade individual, considera uma ideia de educação que se interesse pelo presente e futuro sem rejeitar o passado.
O pai ou professor na escola progressiva exercem a autoridade como representante e agente dos interesses do grupo como um todo, e não pela simples vontade pessoal. Exprimindo, assim, a diferença entre ação arbitraria e ação justa e leal.
Na escola nova a fonte primária de controle social se explica na própria natureza do currículo, a partir do momento que todos contribuem e se sentem responsáveis pelo seu desenvolvimento. 
Aqui torna-se necessário levar em consideração algumas premissas, pois sozinha a vida comunitária não se organiza, requer pensamento e espírito de planejamento inteligente e antecipado, o conhecimento irá conduzir a escolher de atividade que produzam a organização social, permitindo a contribuição de todos, e que o principal elemento de controle seja a própria atividade compartilhadas, o educador deve estudar as necessidades do grupo que tiver de educar, o planejamento deve ser flexível na medida certa para permitir o livre exercício da experiência individual e firme para dar a direção ao continuo desenvolvimento da capacidade dos alunos.
O papel do educador e sua postura frente a uma educação libertadora
Ao tentarmos entender o papel de educadores e educadoras no atual contexto, percebemos a demanda para entender a sua constituição através do processo da educação brasileira. 
A regulamentação dos cursos de formação de professores, mais especificamente o curso de pedagogia, no Brasil começa a partir de1969 no período da ditadura militar, obedecendo uma legislação que aponta para a formação de um educador passivo, apolítico, técnico sem preocupações sociopolíticas, com um agir totalmente desvinculado da realidade na qual se inserida. (GADOTTI, 1998)
Essa concepção tecnicista apresenta uma contradição na origem, pois está intrínseco no papel dos educadores um caráter eminentemente político. Sendo inerente ao seu trabalho o processo de reflexão permanente da sua ação, problematizando os processos educativos, buscando o “por quê” e o “para quê” do ato educativo; mais que isso, sua tarefa é a de quem incomoda, de quem evidencia e trabalha o conflito, não o conflito pelo conflito, mas o conflito para sua superação dialética. 
O papel do educador, segundo Dewey, consiste em transformar as experiências, instrumentar o educando para que essas não sejam apenas agradáveis, mas que contribuam para novas experiências futuras. O problema central da educação está apoiado em experiência, a escolhas dessas experiências presentes, devem contribuir para a criação de outras experiências.
O educador concentra sua preocupação com a situação onde a interação se processa. O individuo entra com um dos fatores, condições internas, em um dado tempo, as condições objetivas até certo ponto oferece a possibilidade de ser regulada pelo educador.
A educação fundamentada na experiência e esta é concebida como um processo social, o professor passa a ser um líder das atividades do grupo e como membro mais amadurecido cabe à responsabilidade de condução das interações e intercomunicações do grupo como comunidade.
“A única liberdade de importância duradoura é a liberdade de inteligência, Isto é liberdade de observação e de julgamento com respeito a propósito intrinsecamente válidos e significativos.” (DEWEY, 1976 p.59)
 Existem alguns equívocos quando identifica a liberdade só com liberdade de movimento, ou com o lado físico e exterior da atividade, pois este lado não pode ser separado do lado interno, da liberdade de pensar, desejar e decidir.
A liberdade externa considera-se como um meio e não com um fim, e tudo depende que uso se dá a essa liberdade e a que fim ela serve. A importância da liberdade externa consiste em que a partir do seu conhecimento o professor pode conhecer as pessoasque irá tratar, a falta da liberdade externa impede o aluno de revelar sua real natureza, a liberdade externa favorece as condições do verdadeiro processo de aprendizagem, a liberdade de movimento também importante na manutenção da saúde física e mental.
Impulsos e desejos naturais constituem em qualquer caso o ponto de partida, porem para haver crescimento intelectual torna-se necessário rever e refazer esses impulso e desejos no início em que se manifestam.
Pensar se constitui na primeira forma de parar e reestruturar os impulsos, essa reordenação tende a colocar em conexão com outras tendências, a fim de construir um plano possível e coerente de ação. A junção da memória e da observação estabelece o ponto fundamental da reflexão. O resultante do pensar e refletir é o domínio de si mesmo, autodomínio. O fim ideal da educação é a formação da capacidade de domínio de si mesmo.
Para Dewey(1976) propósito e fins explicam-se por si mesmos, porém enfatiza a importância da compreensão do propósito o seu surgimento e funcionamento na experiência. 
Existe uma complexidade de operação intelectual na formação de propósitos, pois envolve observação das condições e circunstancias ambientes, conhecimento do que aconteceu em situações similares no passado, conhecimento obtido em parte, pela lembrança e, em parte pela informação, conselho; aviso de cuidado dos que tiveram maiores e mais amplas experiências e julgamento ou juízo, ou seja, a operação pela qual juntamos o que observamos e o que recordamos e concluímos sobre o que significa toda a situação, para podermos tomar o propósito de ação.
Finalizando, papel do professor consiste em velar para que seja aproveitada a oportunidade de ensinar, levando em consideração a liberdade nas operações de observação inteligente, no levantamento de informação e julgamento coerente para formação do propósito. 
Considerações finais
É importante o conhecimento da contribuição que Dewey (1976) trás para entendermos que é dever de toda educação iniciar-se pela experiência que o aluno já possui. Cabe ao educador suscitar novos problemas, estimulando novos modos de observação e julgamento ampliando a área para experiências posteriores.
O problema do educador na escola progressiva é mais difícil do que o do professor da escola tradicional. Cumpre-lhe estar atento às potencialidades contidas existentes para guiar os estudantes a novos campos e usar o conhecimento dessas potencialidades como seu critério para selecionar e organizar as condições que influenciem a presente experiência dos alunos.
O que distingue a educação baseada na experiência da educação tradicional é o fato de que as condições encontradas na experiência atual do aluno são utilizadas como fontes de problemas. Na escola tradicional, a fonte de problemas esta fora da experiência do aluno. A educação deve ser uma continua espiral.
Entendemos que está direcionada à escola uma grande parcela da educação, e a efetividade desta educação existe na relação de ensino – aprendizagem, ou seja, há ensino quando há intenção de aprendizagem e a qualidade da aprendizagem aparece como conteúdo de inscrição genética no instinto humano. A humanidade criou formas de garantir a transmissão de seus conhecimentos de uma geração para outra. (LOPES, 2006).
Assim, reconhecendo o papel político – social e as relações de poder inseridos na escola, torna-se muito importante pensar sobre a forma de organização e ampliação do currículo, quanto as questões étnicos raciais para uma legitima implementação da Lei 9.394/96 em seus artigos 26, 26ª e 79B, que trata da obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação. Munanga enfatiza a necessidade de trabalhar as questões étnico – raciais na escola.
“Alargar e mudar o currículo escolar torna então essencial, não apenas em nome de uma cultura mais vasta para o mundo, mas sim para dar o reconhecimento legítimo àqueles que até então eram excluídos. A idéia fundamental que sustenta essas demandas é a de que o reconhecimento possa forjar a identidade, particularmente na sua explicação fanonista: os grupos dominantes tendem a reforçar sua posição hegemônica ao inculcar uma imagem de inferioridade aos grupos submissos. A luta pela liberdade e igualdade deve então passar por uma nova Revisão dessas imagens.” (MUNANGA, 2002 p.73).
Como aponta o parecer, da Lei 10639/03, estão sendo atribuídas 
às instituições de ensino a responsabilidade de acabar com os modos de ver negativo da contribuição dos afrodescendentes no cenário nacional. Acreditamos que essa responsabilidade perpassa por todos os atores que atuam na escola, através de uma política de formação abrangente quanto à consciência política e histórica da diversidade, fortalecimento de identidades e de direitos e ações educativas de combate ao racismo e as discriminações.
Nesse sentido, buscamos nesse artigo apontar para a possibilidade de uma escola cujos princípios “aprender fazendo”,” aprender pela vida” e “para a democracia” contribui para uma educação que possibilite a interação do educando com o contexto social em que esta envolvido e para a implementação de uma nova pedagogia étnica, a partir do momento que dialoga com as experiências dos alunos que vivenciam suas culturas em diferentes núcleos de resistência[footnoteRef:1]. O papel do educador é de suma importância, pois acreditamos que para construir a identidade da criança positivamente o educador, tenha propriedade e conhecimento da diversidade cultural, religiosa e política dos núcleos de resistências do cenário global para poder reconhecer no outro o seu real valor e assim repassar uma imagem que reforce os valores da comunidade negra. [1: Núcleos de resistência - espaços geográficos que foram histórica e culturalmente constituídos na cidade de Campinas, que contribuem de alguma forma para a construção da identidade projeto da população negra e não negra] 
Referências
BRASIL, Gabinete de Presidência. Diretrizes curriculares nacionais para a Educação das Relações étnico-raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília, 2005.
ARROYO, Miguel G. Ofício de mestre: imagens e autoimagens, 6 ed., Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2002.
AZANHA, José Mario Pires. Uma ideia de pesquisa educacional. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1992. 
DEWEY, John. Experiência e educação. Trad. de Anísio Teixeira. São Paulo: C. E. Nacional, 1976
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: 
GADOTTI, Moacir. Pedagogia da práxis. 2. ed., São Paulo: Cortez,1998
HASENBALG, Carlos A. Relações raciais no contexto nacional e internacional. In Carlos A. Hasenbalg, Kabengele Munanga e Lilia Moritz Schwarcz. Estudos e Pesquisas; Racismo – perspectivas para um estudo contextualizado da sociedade brasileira. Niterói, Universidade Federal Fluminense, 1998. p. 9-41. 
LOPES, Ana Lúcia. Currículo, escola e relações ético-raciais. In: Educação africanidades Brasil. MEC – SECAD – UnB – CEAD – Faculdade de Educação. Brasília, 2006. p. 13-31.
MORIN, Edgar. A cabeça bem- feita: repensara reforma, reformar o pensamento; trad. Eloá Jacobina- 8ª Ed.- Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
MUNANGA, K. Negritude: Usos e sentidos. São Paulo: Ed. Ática, 1988.
MUNANGA, K. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil. Identidade Nacional versus Identidade Negra. 2. ed. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2004.
MUNANGA, Kabengele. Construção da Identidade Negra no Contexto de Globalização. In: Relações Raciais e Educação: Temas Contemporâneos., Niterói, RJ: Editora EdUFF, 2002: 61-83.
MUNANGA, Kabengele. Uma Abordagem conceitual das noções de Raça, Racismo, Identidade e Etnia. In: Relações Raciais e Educação: Temas Contemporâneos. Niterói, RJ: Editora EdUFF, 2002: 15-34.
OLIVEIRA, Iolanda (organizadora). Relações raciais e educação: temas contemporâneos. Antonio Sergio Alfredo Guimarães – Democracia Racial. Niterói: EdUFF, 2002. 
RUSSEAU, Jean Jaques. Emilio da Educação. Tradução Sérgio Milliet. – 3ed. – Rio de Janeiro: 1995.

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