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Aula 01 Controle Externo p/ TCM-RJ - Técnico de Controle Externo Professores: Érica Porfírio, Erick Alves 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 59 OBSERVAÇÃO IMPORTANTE Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos ;-) 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 59 AULA 01 Olá pessoal! Nosso objetivo nesta aula é cobrir os seguintes assuntos: Tribunais de Contas: funções, natureza jurídica e eficácia das decisões. Regras constitucionais sobre controle externo: fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial. Para tanto, seguiremos o seguinte sumário: SUMÁRIO Tribunais de Contas: funções, natureza jurídica e eficácia das decisões ......................................... 3 Funções dos Tribunais de Contas ........................................................................................................................... 3 Natureza Jurídica dos Tribunais de Contas ..................................................................................................... 12 Natureza e Eficácia das decisões dos Tribunais de contas ....................................................................... 17 Natureza das fiscalizações ...................................................................................................................................... 27 Mais questões de prova ............................................................................................................................................ 31 RESUMÃO DA AULA ..................................................................................................................................................... 49 Questões comentadas na Aula .............................................................................................................................. 51 Gabarito ............................................................................................................................................................................. 59 Ao final temos o resumo da aula e as questões que foram comentadas, seguidas do gabarito. Preparado (a)? Vamos lá! 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 59 TRIBUNAIS DE CONTAS: FUNÇÕES, NATUREZA JURÍDICA E EFICÁCIA DAS DECISÕES Antes de iniciar, vale ressaltar que, embora a maior parte das considerações apresentadas neste capítulo faça referência às características da Corte de Contas Federal, elas também se aplicam às funções, natureza jurídica e eficácia das decisões dos demais Tribunais de Contas, estaduais ou municipais. FUNÇÕES DOS TRIBUNAIS DE CONTAS As funções nada mais são que uma forma de sistematizar as diversas competências que foram conferidas pela Constituição Federal - e também por outras normas - ao TCU e, por simetria, aos demais Tribunais de Contas, dando uma ideia geral da natureza das atividades exercidas pelos órgãos de controle externo. De acordo com publicação institucional do TCU1, as funções dos Tribunais de Contas podem ser agrupadas da seguinte maneira: Fiscalizadora Judicante Sancionadora Consultiva Informativa Corretiva Normativa De ouvidoria Pedagógica A seguir veremos exemplos de algumas competências do TCU abrangidas por cada uma dessas nove funções. Por ora, as referidas competências serão apenas mencionadas, para exemplificar as características de cada função, visto que o estudo detalhado das atribuições do TCU será realizado nas próximas aulas. 1 Conhecendo o Tribunal. Brasília: TCU, 2008. 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 59 Função fiscalizadora (ou fiscalizatória, ou de fiscalização) A maioria das competências atribuídas ao TCU está inserida na função fiscalizadora. As atividades dessa função caracterizam-se pelo exame de uma situação ou condição (p.ex. a prática de um ato administrativo), tendo como referência um critério ou padrão (p.ex. uma norma legal), com o objetivo de verificar em que medida a situação ou condição está de acordo com o critério ou padrão. A função fiscalizadora compreende a realização de levantamentos, auditorias, inspeções, acompanhamentos e monitoramentos, relacionados com a fiscalização de atos e contratos administrativos em geral (CF, art. 71, IV). O exercício da função fiscalizadora envolve ainda a apreciação da legalidade dos atos de concessão de aposentadorias, reformas e pensões e de admissão de pessoal (CF, art. 71, III), a fiscalização da aplicação de recursos repassados pela União mediante convênios e outros instrumentos congêneres a Estados, Municípios e DF (CF, art. 71, VI), assim como a fiscalização das contas nacionais das empresas supranacionais (CF, art. 71, V). Função judicante (ou jurisdicional, ou de julgamento) O TCU exerce a função judicante quando julga as contas dos administradores e dos demais responsáveis por bens e valores públicos (contas ordinárias e extraordinárias), e também quando julga as contas dos responsáveis por causar prejuízo ao erário (tomada de contas especial) (CF, art. 71, II). Ao julgar as contas, o Tribunal decide se elas são regulares, regulares com ressalva ou irregulares. Perceba que, por força da parte final do art. 71, II da CF, sempre que, na administração do patrimônio público, houver desvio de recursos ou prática de ato de que resulte dano ao erário, o responsável pelo prejuízo deverá ter suas contas julgadas pela Corte de Contas competente. Se o prejuízo foi causado ao patrimônio da União, o julgamento caberá ao TCU; se o dano atingiu o patrimônio do Estado de Minas Gerais, o julgamento será de competência do TCE/MG, e assim por diante. Note também que o TCU não exerce a função judicante quando realiza atividades de fiscalização (auditorias, inspeções etc.). O julgamento das contas dos responsáveis ocorre sempre em processo específico que pode ser um processo de contas ordinárias, de contas extraordinárias ou um processo de tomada de contas especial: 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 59 Contas ordinárias Processo de Contas Contas extraordinárias Tomada de contas especial Assim, caso no curso de uma auditoria seja constatada ocorrência que resultou em prejuízo aos cofres públicos, a auditoria (processo de fiscalização) deverá ser convertida em processo de tomada de contas especial (processo de contas), para aí sim ocorrer o julgamento das contas dos responsáveis pelo desfalque e a cobrança do débito apurado (LO/TCU, art. 47). Nesse caso, ocorre a mutação da natureza do processo, de um processo de fiscalização para um processo de contas. Função sancionadora (ou sancionatória, ou punitiva) A função sancionadora surge quando daaplicação das sanções previstas em lei, seja na LO/TCU, seja em outras leis (CF, art. 71, VIII). Essas sanções podem compreender, isolada ou cumulativamente: aplicação, ao agente público, de multa proporcional ao valor do prejuízo causado ao erário; cominação de multa ao responsável por contas julgadas irregulares, por ato irregular, ilegítimo ou antieconômico, por não-atendimento de diligência ou determinação do Tribunal, por obstrução ao livre exercício de inspeções ou auditorias e por sonegação de processo, documento ou informação; inabilitação do responsável para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública; declaração de inidoneidade do responsável, por fraude em licitação, para participar, por até cinco anos, de certames licitatórios promovidos pela administração pública; afastamento provisório do cargo por obstrução a auditoria ou inspeção; decretação da indisponibilidade de bens. Três observações importantes: (1) as sanções podem ser aplicadas tanto em processos de fiscalização quanto em processo de contas. Assim, caso na realização de uma auditoria ou no exame de uma prestação de contas seja 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 59 constatado que uma determinação anterior do Tribunal não tenha sido cumprida, o gestor responsável poderá ser penalizado com multa no âmbito do próprio processo em que o não-atendimento foi identificado, seja este um processo de contas ou de fiscalização; (2) ao impor sanções o Tribunal deverá permitir o contraditório e a ampla defesa; (3) nos processos de contas, a eventual cobrança do prejuízo causado ao erário (imputação de débito) tem natureza de responsabilização civil, com a finalidade de recompor os cofres lesados pela ação do agente público. Ou seja, cobrar débito não é impor sanção. Logicamente, caso seja cabível, o Tribunal poderá impor sanções juntamente à cobrança do débito. Função consultiva (ou de consulta, ou opinativa) A função consultiva é exercida mediante a elaboração de parecer prévio, de caráter essencialmente técnico, sobre as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, a fim de subsidiar o julgamento a cargo do Congresso Nacional (CF, art. 71, I; art. 49, IX). Da mesma forma, compreende a emissão de pareceres prévios sobre as contas de governo de territórios (CF, art. 33, §2º). Inclui também o exame, sempre em tese, de consultas feitas por autoridades legitimadas para formulá-las, a respeito de dúvidas na aplicação de dispositivos legais e regulamentares concernentes às matérias de competência do Tribunal (LO/TCU, art. 1º, XVII). Outro exemplo de atividade abrangida pela função consultiva é o parecer sobre indícios de despesas não autorizadas (CF, art. 72, §1º), emitido por solicitação da comissão de deputados e senadores prevista no art. 166, §1º da CF – Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO). Também se enquadram na sua função consultiva as recomendações – de caráter não compulsório – que o Tribunal emite ao identificar oportunidades de melhoria de desempenho, geralmente como resultado de auditorias de natureza operacional, ocasiões nas quais atua como uma verdadeira consultoria organizacional (RI/TCU, art. 250, III). 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 59 Função informativa (ou de informação) A função informativa é exercida quando da prestação de informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por suas Casas ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização exercida pelo Tribunal (CF, art. 71, VII). Compreende, ainda, representação ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados (CF, art. 71, XI), assim como o encaminhamento ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, de relatório das atividades do Tribunal (CF, art. 71, §4º). Inclui também a emissão de alertas destinados aos órgãos e Poderes da União, como os alertas sobre ultrapassagem de 90% dos limites de gastos com pessoal, endividamento, operações de crédito e concessão de garantias e demais previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF, art. 59, §1º). Outro exemplo é a informação prestada ao Ministério Público Eleitoral acerca da lista de responsáveis que tiveram suas contas julgadas irregulares, para fins de aplicação da norma de inelegibilidade (LO/TCU, art. 91). Função corretiva O TCU exerce a função corretiva ao: emitir determinações, de caráter compulsório, para corrigir falhas ou impropriedades (LO/TCU, art. 18); fixar prazo para cumprimento da lei, se verificada ilegalidade (CF, art. 71, IX); sustar ato impugnado (CF, art. 71, X). Função normativa (ou regulamentar) Decorre do poder regulamentar conferido ao TCU por sua Lei Orgânica, que lhe faculta a prerrogativa de expedir instruções e atos normativos (de cumprimento obrigatório, sob pena de responsabilização) acerca de matérias de sua competência e a respeito da organização dos processos que lhe devam ser submetidos (LO/TCU, art. 3º). 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 59 Função de ouvidoria (ou de ouvidor) Reside na possibilidade de o TCU receber denúncias e representações relativas a irregularidades ou ilegalidades que lhe sejam comunicadas por responsáveis pelo controle interno, por autoridades ou por qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato (CF, art. 74, §§ 1º e 2º). Essa função tem fundamental importância no fortalecimento da cidadania e na defesa dos interesses difusos e coletivos, sendo importante meio de colaboração com o controle. Cabe frisar que, na apuração das denúncias e representações, o Tribunal exerce a função fiscalizatória. Função pedagógica O TCU atua de forma pedagógica quando orienta e informa sobre procedimentos e melhores práticas de gestão, mediante publicação de manuais e cartilhas, realização de seminários, reuniões e encontros de caráter educativo ou, ainda, quando recomenda a adoção de providências em auditorias de natureza operacional. O caráter educativo surge também quando da aplicação de sanções a responsáveis por irregularidades ou práticas lesivas aos cofres públicos, na medida em que tais punições funcionam como fator de inibição à prática de novas ocorrências da espécie. --------------------- Antes de finalizar este tópico, cabe registrar que o TCU quase nunca exerce apenas uma das suas funções isoladamente. O normal é que as atuações do Tribunal associem sempre duas ou mais delas. Por exemplo, ao julgar as contas de gestão, o Tribunal pode aplicar penalidades e/ou fazer determinações. Assim, simultaneamente à função judicante, são exercidas as funções sancionadora e corretiva. Outro exemplo consiste no exercício simultâneo das funções consultiva e normativa quando o Tribunal responde a consulta que lhe seja formulada por autoridade competente, uma vez que, nesse caso, a resposta do Tribunal possui caráter normativo (LO/TCU, art. 1º, XVII, §2º). Por fim, vale salientar que o rol de funções apresentado, no total de nove, não é imperativo ou exaustivo, embora seja uma boa referência retirada de uma publicação institucional do TCU. Com efeito, pode-se encontrar na doutrina sistematizações diferentes para as atribuições dos Tribunais de Contas, mas que são apenas variações das apresentadas 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof.Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 59 anteriormente. Por exemplo, Nagel2 identifica sete grupos de funções ou atribuições: opinativa, consultiva e informativa; investigatórias; corretivas e cautelares; cautelares; jurisdicionais; declaratórias; e punitivas. Já Hely Lopes Meirelles3 reduz sua análise a quatro categorias: técnico-opinativas, verificadoras, assessoradoras e jurisdicionais administrativas. 1. (TCU – ACE 2007 – Cespe) A função judicante é expressa quando o TCU exerce a sua competência infraconstitucional de julgar as contas de gestão dos administradores públicos. Entretanto, no tocante às prestações de contas apresentadas pelo governo federal, compete ao TCU apenas apreciá-las e emitir parecer prévio, já que compete ao Congresso Nacional julgá-las, com base na emissão do parecer emitido pela comissão mista permanente de senadores e deputados. Comentário : É verdade que o TCU exerce a função judicante ao julgar as contas de gestão dos administradores públicos. A competência para tanto está expressa na própria Constituição (art. 71, II), sendo apenas reproduzida na LO/TCU (art. 1º, I). Portanto, a palavra infraconstitucional torna a questão errada. Cabe lembrar que, no tocante às contas prestadas pelo Presidente da República, o Tribunal emite parecer prévio, não vinculante, como subsídio ao julgamento realizado pelo Congresso Nacional (CF, art. 71, I). Nesse caso, o TCU exerce a função consultiva. Observe ainda que, além do TCU, a comissão mista de senadores e deputados também emite parecer sobre as contas prestadas pelo Presidente da República (CF, art. 166, §1º, I). Gabarito: Errado 2. (TCDF – Procurador 2002 – Cespe) Com relação aos tribunais de contas, entre as inovações introduzidas pela LRF, encontra-se a instituição da função cautelar de alertar os demais Poderes ou órgãos nas situações que especifique. Comentário : Como vimos, o rol de funções que estudamos, no total de nove, não é imperativo ou exaustivo, pois na doutrina podem- se encontrar sistematizações diferentes para as atribuições dos Tribunais de Contas. A questão em tela menciona a função cautelar , que incluiria os alertas previstos na LRF. Na aula, classificamos tais alertas na função informativa . Perceba que as duas classificações estão corretas, pois a informação prevista na LRF sob a forma de alerta tem caráter cautelar, preventivo. A mesma atribuição poderia 2 Apud. Lima (2011, p. 111). NAGEL, José. A fisionomia distorcida do controle externo. Revista do TCE MG, edição nº 4, 2000. 3 Apud. Lima (2011, p. 111). MEIRELES, H.L. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo, Malheiros Editores, 1997. 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 59 ser também classificada na função assessoradora , segundo as categorias consideradas por Hely Lopes Meirelles. Portanto, para fins de prova, o importante é conhecer as competências do Tribunal de Contas e utilizar o bom senso na hora de responder uma questão que as classifique em alguma função. No caso de uma questão discursiva em que seja necessário discorrer sobre as funções dos Tribunais de Contas, creio que a apresentação das nove funções dadas na aula, seguidas de um ou dois exemplos, seja suficiente para uma boa resposta. Gabarito: Certo 3. (TCE/ES – Procurador Especial de Contas 2009 – Cespe) Na CF, o controle externo foi consideravelmente ampliado. Nesse sentido, as funções que os TCs desempenham incluem a a) sancionatória, quando se aprovam as contas dos dirigentes e responsáveis por bens e valores públicos. b) de julgamento, quando se emite parecer prévio sobre as contas anuais dos chefes de poder ou órgão. c) de ouvidor, quando se respondem e esclarecem as dúvidas de servidores sobre a aplicação da legislação orçamentária e financeira. d) corretiva, quando se aplicam multas e outras penalidades aos responsáveis por irregularidades. e) de fiscalização financeira, quando se registram os atos de admissão do pessoal efetivo. Comentário : Pede-se para escolher a alternativa correta. Então, vamos analisar cada uma delas. A letra “a” está errada, pois os Tribunais de Contas exercem a função judicante ou de julgamento - e não a função sancionatória - quando “aprovam” as contas dos administradores públicos. Assim, a letra “b” também está errada. Com efeito, a emissão de parecer prévio faz parte da função consultiva ou opinativa dos Tribunais de Contas. Quanto à letra “c”, lembre-se que a função de ouvidor é exercida quando o Tribunal recebe denúncias e representações sobre irregularidades que lhe sejam comunicadas pelo controle interno, por autoridades ou por qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato . Ademais, o TCU somente decidirá sobre consultas - exercendo sua função consultiva - que sejam formuladas pelas autoridades competentes , as quais estão elencadas do art. 264, I a VII do RI/TCU, e que não incluem os servidores em geral. Portanto, a alternativa “c” também está errada. A função corretiva , expressa na letra “d”, é exercida quando os Tribunais de Contas emitem deliberações com o objetivo de corrigir irregularidades ou 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 59 impropriedades existentes na Administração Pública que foram constatadas nas atividades de controle. Assim, a assertiva está errada, pois quando aplicam multas e outras penalidades, os Tribunais de Contas exercem a função sancionatória . Por fim, a letra “e” está correta, pois quando registram os atos de admissão de pessoal, assim como outras atividades de caráter investigatório e que envolvem análise técnica de informações e documentos, os Tribunais de Contas exercem a função fiscalizadora ou fiscalizatória . A professora Di Pietro a descreve como de fiscalização financeira 4, como está no quesito. Gabarito: alternativa “e” 4. (TCE/RN – Assessor Técnico de Controle e Administração 2009 – Cespe) Uma das funções de competência dos TCs, como definido na CF, é a de ouvidor, caracterizada pelo recebimento de denúncias de irregularidades ou ilegalidades formuladas tanto pelos responsáveis pelo controle interno como por qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato. Comentário: O item está perfeito. Na Constituição Federal, a função de ouvidor exercida pelos TCs encontra-se positivada no art. 74, §§ 1º e 2º, consistindo na possibilidade de as Cortes de Contas receberem denúncias e representações relativas a irregularidades ou ilegalidades que lhe sejam comunicadas por responsáveis pelo controle interno, por autoridades ou por qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato. Gabarito: Certo 5. (TCE/AC – ACE 2008 – Cespe) Considerando as funções dos tribunais de contas, assinale a opção correta. a) A função opinativa dos tribunais de contas se reveste de conteúdo vinculativo. b) A função sancionadora ocorre quando os tribunais de contas, por exemplo, efetuam recolhimento da multa proporcional ao débito imputado. c) A função de fiscalização dos tribunais de contas compreende as ações relativas ao exame e à realização de diligências relacionadas a recursos de alienação dos ativos. d) O julgamento das contas dos responsáveis por bens e valores públicos constitui função corretiva dos tribunais de contas. e) Assiste aos tribunais de contas o poder regulamentar, também chamado de normativo, que, em certos casos, pode ir além de sua competência e jurisdição. Comentário: Vamos analisar cada alternativa:4 Apud. Lima (2011, p. 111). DI PIETRO, M.S.Z. Direito Administrativo. 19ª edição, Atlas, 2006. 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 59 (a) errada, pois a função opinativa dos tribunais de contas, como o próprio nome já diz, não possui conteúdo vinculativo, podendo-se citar como exemplo a emissão de parecer prévio sobre as contas do Chefe do Executivo; (b) errada, pois a função sancionadora ocorre na aplicação - e não no recolhimento - da multa. Ademais, quem a recolhe é o responsável, não o Tribunal! (c) certa, tendo como exemplo a fiscalização exercida pelo TCU nos processos de privatização de instituições públicas federais, em que ocorre a alienação de ativos para a iniciativa privada; (d) errada, pois o julgamento de contas é inerente à função judicante, e não à função corretiva. Esta, por sua vez, é exercida quando da emissão de determinações para corrigir falhas ou impropriedades, na fixação de prazo para o exato cumprimento da lei ou, ainda, na sustação de ato impugnado; (e) errada, pois o poder regulamentar que assiste ao Tribunal de Contas apenas pode ser exercido no âmbito de sua competência e jurisdição (LO/TCU, art. 3º). Gabarito: alternativa “c” NATUREZA JURÍDICA DOS TRIBUNAIS DE CONTAS Para estudarmos a natureza jurídica dos Tribunais de Contas, vamos adotar como roteiro o enunciado da seguinte questão discursiva: (TCU – ACE 2008 - Cespe) (...) discorra, de forma fundamentada e de acordo com a Constituição Federal brasileira, sobre os seguintes aspectos: natureza jurídica do TCU; relação entre o TCU e o Poder Legislativo; eventual vinculação hierárquica da Corte de Contas com o Congresso Nacional. Natureza jurídica do TCU A doutrina majoritária classifica o TCU como órgão administrativo, autônomo e independente, de estatura constitucional (CF, art. 71). Por ser um órgão, o TCU não possui personalidade jurídica própria. A sua personalidade jurídica é a mesma da União, pessoa jurídica de direito público em que está inserido. Não obstante a ausência de personalidade jurídica própria, o TCU possui capacidade para figurar em juízo, ativa ou passivamente, na 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 59 defesa das suas competências e direitos próprios (capacidade postulatória). Com efeito, frequentemente são impetrados mandados de segurança no STF contra decisões da Corte de Contas, ocasiões nas quais ela se situa no polo passivo da lide. Relação entre o TCU e o Poder Legislativo – inexistência de vinculação hierárquica O TCU, apesar de ser um “Tribunal”, não pertence ao Poder Judiciário. Tampouco pertence ao Poder Legislativo, apesar de auxiliar o Congresso Nacional no controle externo da Administração Pública. De fato, o TCU não está subordinado hierarquicamente a nenhum dos três Poderes: o Presidente do TCU não deve obediência ao Presidente do Congresso Nacional, titular do controle externo, e muito menos ao Presidente do STF ou ao Presidente da República. Similarmente, o Presidente de um Tribunal de Contas Estadual também não responde ao Presidente da Assembleia Legislativa ou ao Governador do Estado, tampouco ao Presidente do TCU. Por outro lado, da mesma forma que o Ministério Público, o TCU também não constitui, por si só, um Poder. Diz-se que a tripartição clássica dos Poderes do Estado - Executivo, Legislativo e Judiciário - não é suficiente para abarcar o perfil institucional do TCU, órgão de estatura constitucional que possui competências próprias e privativas voltadas para o controle externo da Administração Pública. No exercício do controle externo, a Constituição reservou ao TCU atividades de cunho técnico, como a realização de auditorias e o exame e julgamento da gestão dos administradores públicos. O Congresso Nacional, embora titular do controle externo, não pode exercer nenhuma das atribuições conferidas exclusivamente à Corte de Contas. O rol de competências das Cortes de Contas é tão amplo que torna o exercício do controle externo mais ligado a elas que aos próprios órgãos legislativos. No campo do controle externo, cabe ao Parlamento, em regra, atividades de cunho político, também previstas na Constituição, a exemplo do julgamento das contas prestadas pelo Presidente da República, porém sem qualquer relação administrativa, hierárquica ou mesmo de coordenação com o Tribunal de Contas. Assim, por exemplo, o Congresso Nacional não tem competência para realizar diretamente uma auditoria contábil em um Ministério do Governo Federal. Deve solicitá-la ao TCU. Este, por sua vez, não realizará a referida fiscalização por causa 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 59 de uma eventual subordinação ao Congresso, e sim porque tal atividade é da sua competência privativa, conferida diretamente pela Constituição (CF, art. 71, IV). Dessa forma, a interpretação que deve ser dada ao caput do art. 71 da Carta Magna, é que o controle externo da Administração Pública, a cargo do Poder Legislativo, não poderá ser realizado senão com o auxílio técnico do TCU, que é inafastável e imprescindível. Para reforçar a independência do TCU, a Carta Magna lhe assegura autonomia funcional, administrativa, financeira e orçamentária, garantindo-lhe quadro próprio de pessoal (CF, art. 73), e estendendo-lhe, no que couber, as atribuições relativas à auto-organização do Poder Judiciário, previstas no art. 96 da CF, como elaborar seu Regimento Interno e organizar sua Secretaria e demais serviços auxiliares. Ademais, como garantia de independência e autonomia, a Constituição assegura ao TCU a iniciativa exclusiva de projetos de lei para propor alterações e revogações de dispositivos da sua Lei Orgânica. Assim, não cabe ao Legislativo ou ao Executivo a iniciativa de propostas tendentes a alterar a Lei Orgânica do TCU, sob pena de vício de iniciativa. Todavia, para fins orçamentários e de responsabilidade fiscal, o Tribunal está associado ao Poder Legislativo, uma vez que, nas leis orçamentárias, as dotações relativas ao TCU constam do orçamento do Poder Legislativo. Além disso, pela LRF, os limites de despesas de pessoal do TCU são incluídos no âmbito do Poder Legislativo (LRF, art. 20). Isso, contudo, não retira a autonomia orçamentária e financeira da Corte de Contas, eis que o TCU pode movimentar livremente os recursos previstos no seu orçamento, ter ordenador de despesas próprio, elaborar e liquidar a folha de pagamento dos seus servidores, realizar o pagamento dos contratos com seus fornecedores, dentre outros atos de administração financeira e orçamentária, sem qualquer dependência em relação ao Congresso Nacional e suas Casas. 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 59 A título de conhecimento, registre-se que há na doutrina aqueles que consideram o TCU como órgão do Poder Legislativo, por sua associação a este Poder nas leis orçamentárias e nos limites de gastos com pessoal previstos na LRF, bem como pelo fato de o Tribunal estar inserido no capítulo da Constituição que trata do Poder Legislativo. Contra tais argumentos, além das considerações apresentadas nesta aula, geralmente opõe-se que o texto constitucional não menciona o TCU ao tratar expressamente da composição do Poder Legislativo, referindo-se tão somente ao CongressoNacional, integrado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal (CF, art. 44). Não obstante a existência de posições contrárias, percebe-se que prevalece o entendimento de que o TCU é órgão administrativo autônomo e independente, sem subordinação hierárquica ao Poder Legislativo ou a qualquer outro órgão ou Poder. Dito isso, voltemos à questão de prova para ver como ela poderia ser resolvida: 6. (TCU – ACE 2008 – Cespe) (...) discorra, de forma fundamentada e de acordo com a Constituição Federal brasileira, sobre os seguintes aspectos: natureza jurídica do TCU; relação entre o TCU e o Poder Legislativo; eventual vinculação hierárquica da Corte de Contas com o Congresso Nacional. Comentário: Quanto à natureza jurídica, o TCU é tido pela maioria da doutrina como órgão administrativo, de estatura constitucional. Sua personalidade jurídica é a da União, sem pertencer a nenhum dos três Poderes. Não obstante, possui capacidade postulatória, podendo figurar em juízo ativa ou passivamente. Por disposição constitucional, o TCU auxilia tecnicamente o Poder Legislativo no controle externo da Administração Pública. Além disso, o TCU está associado ao Poder Legislativo para fins orçamentários e de responsabilidade fiscal. Todavia, não há vinculação hierárquica entre a Corte de Contas e o Congresso Nacional. O Tribunal é órgão autônomo e independente, pois a Constituição lhe atribui competências próprias e privativas, assim como lhe garante autonomia funcional e financeira. Gabarito: N/A 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 59 7. (TCE/RN – Assessor Técnico Jurídico 2009 – Cespe) O TCU faz parte do Congresso Nacional, a quem deve auxiliar no exercício do controle externo. Comentário: O item está errado, pois o TCU não faz parte do Congresso Nacional, apesar de auxiliá-lo no exercício do controle externo. Com efeito, de acordo com o posicionamento majoritário da doutrina, o TCU, assim como os demais tribunais de contas, são órgãos autônomos e independentes, não subordinados a nenhum outro órgão ou Poder. Gabarito: Errado 8. (TCE/RN – Assessor Técnico Jurídico 2009 – Cespe) Na prestação de auxílio para o exercício do controle externo, os TCs não estão subordinados operacional nem administrativamente às casas legislativas. Comentário: O quesito está correto, pois os Tribunais de Contas são órgãos administrativos autônomos e independentes, sem subordinação hierárquica, operacional ou administrativa ao Poder Legislativo ou a qualquer outro órgão ou Poder. Para o exercício do controle externo, o TCU possui competências próprias e privativas retiradas da Constituição Federal, as quais devem ser replicadas no âmbito estadual, distrital e municipal. Gabarito: Certo 9. (TCDF – ACE 2012 – Cespe) De acordo com o princípio de autotutela e o sistema de controle existente, o Tribunal de Contas da União e o TCDF estão vinculados por uma relação de hierarquia, visando garantir o emprego efetivo do recurso público. Comentário: O quesito está incorreto. Da mesma forma que não existe vinculação hierárquica entre os Tribunais de Contas e os órgãos do Poder Legislativo, também não existe qualquer espécie de relação de hierarquia entre o Tribunal de Contas da União e os demais Tribunais de Contas Estaduais e Municipais. Cada Tribunal de Contas é um órgão autônomo e independente que atua na respectiva esfera de competência, garantindo o emprego regular e efetivo dos recursos públicos federais, estaduais, distritais e municipais. Gabarito: Errado 10. (TCU – TCE 2007 – Cespe) O TCU deve auxiliar o Congresso Nacional no exercício do controle externo e da fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta. Comentário: Segundo o art. 70, caput da CF, a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 59 da administração direta e indireta será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo. E o art. 71 , caput , consagra o papel do TCU no exercício do controle externo, qual seja, o de auxiliar o Congresso Nacional : "O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União (...)". Não obstante, deve-se ressaltar que o auxílio no exercício do controle externo não significa subordinação do TCU em relação ao Congresso. O TCU possui competências próprias e privativas, de caráter técnico, enquanto a atuação do Congresso ocorre no campo político. Gabarito: Certo NATUREZA E EFICÁCIA DAS DECISÕES DOS TRIBUNAIS DE CONTAS Conforme aponta a maior parte da doutrina, sendo o TCU um órgão administrativo, suas decisões também possuem natureza administrativa. Contra o mérito dessas decisões, somente cabe recurso ao próprio TCU, com natureza de apelação administrativa. Assim, não existem vias recursais junto ao Judiciário ou ao Legislativo que possibilitem a reforma do mérito de uma decisão do TCU tomada no exercício de suas competências. Da mesma forma, não cabe recurso ao TCU para reformar uma decisão de um Tribunal de Contas Estadual ou Municipal. As possibilidades se esgotam no âmbito da Corte de Contas que proferiu a decisão. Todavia, uma vez que o ordenamento jurídico pátrio é regido pelo princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional (CF, art. 5º, XXXV), é possível acionar o Poder Judiciário contra uma decisão do Tribunal de Contas. A provocação do Judiciário, contudo, não tem natureza de recurso, pois se faz por meio de uma ação judicial nova e totalmente independente do processo no Tribunal de Contas. Ademais, o Judiciário não revisa as decisões da Corte de Contas, cabendo-lhe tão somente verificar se os aspectos formais foram observados e se os direitos individuais foram preservados. Segundo a jurisprudência do STF: No julgamento das contas de responsáveis por haveres públicos, a competência é exclusiva dos Tribunais de Contas, salvo nulidade por irregularidade formal grave ou manifesta ilegalidade. Por exemplo: suponha que o TCU, numa sessão em que não houve quórum mínimo (irregularidade formal), tenha julgado irregulares as 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 59 contas de um administrador público, sem ainda lhe oferecer o direito ao contraditório e à ampla defesa (manifesta ilegalidade). Nesse caso, o Poder Judiciário poderá declarar nula a decisão do TCU. Entretanto, o Judiciário não poderá proferir novo julgamento em relação às contas do administrador, declarando-as regulares ou regulares com ressalva. A matéria deverá ser submetida mais uma vez à apreciação do TCU e, este, agora respeitando o devido processo legal, deverá julgá-las novamente. Em suma, o Judiciário não apreciará o mérito, mas sim a legalidade e a formalidade das decisões dos Tribunais de Contas, podendo anulá-las, mas não reformá-las. A competência para processar e julgar ações contra atos dos Tribunais de Contas, no âmbito do Judiciário, se divide da seguinte forma: Tipo de ação Contra ato do Órgão do Judiciário competente Fundamento Habeas corpus, mandado de segurança, Habeas data e mandado de injunção TCU Supremo Tribunal Federal (STF) CF, art. 102, I, d, q Habeas corpus Demais TCs Superior Tribunal de Justiça (STJ) CF, art. 105, I, c Mandado de segurança, Habeas data Demais TCs Tribunais deJustiça dos Estados e do DF CF, art. 125 Além disso, também é possível impetrar ações ordinárias nos juízos de primeiro grau contra as decisões dos Tribunais de Contas. Se postulada contra ato do TCU, a competência para julgar será dos juízes federais; já ações ordinárias contra as decisões dos demais Tribunais de Contas serão apreciadas pelos juízes estaduais. Uma observação importante: segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Tribunal de Contas não possui legitimidade para recorrer dos julgados do Poder Judiciário que anulem suas decisões administrativas. Nesse caso, como já dissemos, resta ao Tribunal de Contas emitir nova decisão, livre dos vícios apontados pelo Judiciário. Compreendida a natureza, passemos a falar sobre a eficácia das decisões do TCU. 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 59 As decisões do TCU de que resulte imputação de débito ou multa – somente essas! - terão eficácia de título executivo (CF, art. 71, §3º; LO/TCU, art. 19, 23, III, “b” e 24). No geral, título executivo é um documento constituído no âmbito do Poder Judiciário que representa uma dívida líquida e certa, permitindo ao seu titular propor a correspondente ação executiva para fins de cobrança. No caso de decisões do Tribunal de Contas de que resulte imputação de débito e/ou multa, a discussão judicial torna-se desnecessária, pois a própria decisão do Tribunal já tem essa eficácia de título executivo. Assim, caso o responsável não comprove o recolhimento do débito e/ou multa no prazo determinado ou não apresente recurso com efeito suspensivo contra a decisão do Tribunal, não há necessidade de se rediscutir, no âmbito do Judiciário, a certeza e liquidez da dívida, bastando que se dê início ao processo de execução judicial. Portanto, pula-se uma etapa – a do conhecimento da dívida no Judiciário -, uma vez que a decisão do Tribunal tem força de título executivo. Até mesmo a inscrição em dívida ativa é desnecessária, embora às vezes seja feita por motivos gerenciais do órgão de cobrança. Neste caso, constitui dívida ativa não tributária. Por ser constituída fora do Poder Judiciário, a decisão do Tribunal de Contas que impõe débito e/ou multa produz efeitos de título executivo extrajudicial. Para que tal título tenha validade e eficácia, isto é, para que seja apto a fundamentar a ação de execução, é necessário que não reste qualquer dúvida quanto à existência da obrigação e, ainda, que não exista qualquer óbice para que a dívida seja cobrada imediatamente. Assim, para se revestir do caráter de título executivo extrajudicial, a decisão do Tribunal deve conter a identificação do responsável e o valor do débito ou multa, em moeda nacional. Além disso, as possibilidades de recurso contra a referida decisão devem ter sido esgotadas no âmbito do Tribunal, ou seja, a decisão deve ser definitiva. Definitivas são as decisões contras as quais não caibam recursos ou contra as quais tenham sido interpostos, nos prazos previstos, os recursos cabíveis, de modo que não haja mais possibilidade legal de se insurgir contra a decisão no próprio Tribunal. A fim de melhor compreendermos a eficácia das decisões dos Tribunais de Contas, vejamos um exemplo de decisão do TCU que 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 59 imputou débito e multa ao gestor público em um processo de tomada de contas especial: Acórdão 42/2011-Plenário5 ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, diante das razões expostas pelo Relator, em: 9.1 julgar irregulares as contas do Sr. (...), condenando o responsável ao pagamento do valor de R$ 88.500,06 (...), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal, o recolhimento desses valores aos cofres da Caixa Econômica Federal, atualizados monetariamente e acrescidos dos juros de mora (...); 9.2. aplicar ao Sr. (...) a multa referida no art. 57 da Lei nº 8.443, de 1992, no valor de R$ 5.000,00 (...), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a partir da notificação, para que comprove, perante o Tribunal, seu recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente (...); (...) 9.5 autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443, de 1992, a cobrança judicial dos valores acima, caso não atendidas as notificações, na forma da legislação em vigor; Como dito anteriormente, a imputação de débito tem natureza de responsabilização civil, para ressarcimento do prejuízo causado aos cofres públicos. Não é uma sanção. Por isso é que, no exemplo, o Tribunal determinou que o prejuízo apurado, no valor de R$ 88.500,06, fosse recolhido pelo responsável aos cofres da Caixa Econômica Federal, empresa pública que teve seu patrimônio lesado. Dessa forma, a condenação pretende fazer com que o patrimônio público retorne ao estado em que se encontrava antes de ter sido lesado pelo ato irregular praticado pelo responsável. De fato, o débito deve ser recolhido aos cofres de quem sofreu a lesão. Se for uma entidade da administração indireta – autarquia, fundação, empresa pública ou sociedade de economia mista – recolhe-se o débito aos cofres da própria entidade, como no exemplo. Se for um órgão da administração direta – suponha que ao invés da Caixa fosse o Ministério da Educação – recolhe-se o débito diretamente aos cofres da União, ou seja, ao Tesouro Nacional. 5 Disponível em: www.tcu.gov.br 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 59 Já a multa sempre é recolhida aos cofres do Tesouro Nacional. Não importa se o patrimônio lesado foi de entidade da administração direta ou da indireta. Isso porque a multa, esta sim, é uma sanção, de natureza pecuniária, que não visa ressarcir o prejuízo, mas penalizar aquele que o causou. No exemplo, o Tribunal aplicou multa de R$ 5.000, proporcional ao dano causado ao erário (LO/TCU, art. 57), valor que o responsável deve recolher aos cofres da União, ou seja, do Tesouro Nacional. E se o responsável não recolher espontaneamente os valores que lhe foram imputados, no prazo fixado pelo Tribunal6? Então, a dívida deverá ser cobrada judicialmente, como autorizado no item 9.5 do nosso exemplo. Para tanto, o instrumento da decisão do Tribunal que imputou o débito e aplicou a multa – o Acórdão – torna a dívida líquida e certa, sendo título executivo bastante para fundamentar a respectiva ação de execução judicial. Todavia, a titularidade para promover a cobrança judicial não pertence ao Tribunal de Contas. O Tribunal apenas decide sobre a obrigação de ressarcimento e/ou sobre a cominação da multa, autorizando a cobrança judicial da dívida. Por sua vez, o título executivo oriundo da decisão condenatória deve ser executado pelos órgãos próprios do ente destinatário dos valores devidos. O Ministério Público que atua junto ao TCU (MPTCU) apenas exerce a função de intermediário nesse processo, remetendo a documentação necessária aos órgãos executores (LO/TCU, art. 81, III). Assim, caso o débito deva ser recolhido aos cofres do Tesouro Nacional, o MPTCU remete a documentação pertinente à Advocacia-Geral da União (AGU), a quem cabe o ajuizamento da ação, por meio da Procuradoria Geral da União. No caso de entidade que possua procuradoria própria – como as empresas públicas e as sociedades de economia mista federais – recairásobre o órgão de representação judicial dessas entidades a atribuição de deflagrar o processo de execução, após receber a documentação do MPTCU. Quanto à execução judicial da multa, sempre está sob responsabilidade da AGU, vez que sempre é recolhida aos cofres da União (Tesouro Nacional). 6 Segundo o art. 214, III do RI/TCU, é de quinze dias o prazo para o responsável provar, perante o Tribunal, o pagamento do débito ou da multa. Esse prazo deve ser fixado no Acórdão condenatório. 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 59 No nosso exemplo, se o responsável não comprovar o recolhimento no prazo de 15 dias, competirá à procuradoria da Caixa Econômica Federal (entidade da administração indireta com representação judicial própria) o ajuizamento da execução relativa ao débito de R$ 88.500,06 e à AGU o ajuizamento da execução da multa de R$ 5.000,00. O MPTCU deve remeter a esses órgãos a documentação necessária ao processo de execução. Por outro lado, se em um mesmo Acórdão estiverem consignados débito e multa em razão de dano causado ao patrimônio de órgão da administração direta, competirá à AGU a execução de ambos. Por fim, face ao disposto no art. 37, §5º da CF, tem-se que, constituído o título executivo, isto é, exarado o Acórdão, a cobrança do débito, por sua natureza de ressarcimento do dano causado, é imprescritível. Por outro lado, a imprescritibilidade não se aplica à cobrança da multa, que é uma sanção. No TCU, ante a ausência de previsão legal a respeito do prazo a ser considerado na prescrição da pretensão punitiva da Corte Contas, costuma-se aplicar, por analogia, o prazo prescricional de 10 anos previsto no art. 205 do Código Civil7. Esquematizando: Erário/cofres Cobrança por meio de União (Tesouro Nacional) Advocacia-Geral da União (AGU), por meio da Procuradoria Geral da União (PGU) Estados e Distrito Federal Procuradorias dos Estados ou do DF Municípios Prefeito ou procurador municipal Entidades dotadas de personalidade jurídica própria Procuradorias próprias, departamentos jurídicos 7 Ver Acórdãos TCU 946/2013-Plenário, 2.177/2013-2ª Câmara e 2.183/2013-2ª Câmara. 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 59 11. (TCU – ACE 2007 – Cespe) Todas as manifestações das cortes de contas têm valor e força coercitiva, entretanto, só os acórdãos condenatórios têm eficácia de título executivo, ou seja, unicamente os processos de contas, abrangendo tanto as contas anuais quanto as contas especiais, podem ser julgados, ensejando a constituição de título executivo e podem ter como efeito a produção de coisa julgada. Comentário : As decisões dos Tribunais de Contas de que resulte débito e/ou multa terão eficácia de título executivo (CF, art. 71, §3º) . É fato que débitos só podem ser imputados em processos de contas. Entretanto, multas podem ser aplicadas tanto em processos de contas quanto em processos de fiscalização. Assim, a questão é falsa ao afirmar que unicamente os processos de contas ensejam a constituição de título executivo, pois os processos de fiscalização também podem constituí-los, caso resultem em multa aos responsáveis. Além disso, também considero errada, ou no mínimo discutível, a afirmação de que “todas as manifestações das cortes de contas têm valor e força coercitiva”, haja vista as atribuições inerentes à função consultiva dos Tribunais de Contas, que possuem caráter opinativo, ou seja, não vinculante. Também não é pacífico o entendimento de que as decisões dos Tribunais de Contas produz em efeito de coisa julgada. Alguns doutrinadores defendem que o julgamento das contas faz coisa julgada administrativa, uma vez que a decisão não pode ser reformada por outro órgão ou Poder; outros defendem o contrário, pois no Brasil impera o monopólio ou unidade de jurisdição , conferida ao Poder Judiciário, de modo que apenas decisões provenientes de órgãos judiciais possuiriam a prerrogativa de produzir efeito de coisa julgada. Gabarito: Errado 12. (TCU – TCE 2007 – Cespe) Considere que determinado gestor de receitas públicas, após o devido processo legal, tenha sido condenado pelo TCU a ressarcir o erário. Considere ainda que, na condenação, o tribunal tenha declarado expressamente o agente responsável e o valor a ser devolvido à União. Nesse caso, a competência para executar a decisão do tribunal é da Advocacia-Geral da União, que deverá observar os prazos de cobrança previstos na lei, sob pena de prescrição para atos ilícitos praticados por agente ou servidor público. Comentário : A decisão do Tribunal da qual resulte imputação de débito ou cominação de multa torna a dívida líquida e certa e tem eficácia de título executivo (CF, art. 71, §3º). Nesse caso, o responsável é notificado para, n o prazo de quinze dias, recolher o valor devido (RI/TCU, 214, III). Se o 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 59 responsável, após ter sido notificado, não recolher tempestivamente a importância devida, é formalizado processo de cobrança executiva, o qual é encaminhado por meio Ministério Público junto ao T CU para a Advocacia- Geral da União (AG U) ou para as unidades jurisdicionadas com procuração judicial própria promover em a cobrança judicial da dívida. O erro é que, nos termos do art. 37, §5º, da CF/88, as ações de ressarcimento serão imprescritíveis : "A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento ". Gabarito: Errado 13. (TCU – ACE 2004 – Cespe) No sistema brasileiro de controle externo, em face das competências atribuídas pela Constituição da República ao TCU, a doutrina e a jurisprudência são majoritárias no sentido de que as decisões daquele órgão têm natureza jurisdicional e, por isso mesmo, não podem ser reexaminadas pelo Poder Judiciário. Comentário: De pronto já rechaçamos a assertiva de que as decisões do TCU não podem ser reexaminadas pelo Poder Judiciário, visto que, no ordenamento jurídico pátrio, impera o princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional (CF, art. 5º, XXXV). Assim, aquele que se sinta lesado por decisão da Corte de Contas poderá sim buscar junto ao Judiciário a defesa dos seus direitos. Todavia, lembre-se de que essa apelação se faz por meio de ação ordinária nova e independente do processo que tramita no TCU, ou seja, não tem natureza de recurso (apesar de comumente utilizar-se a expressão “recorrer ao Judiciário”). Ademais, o Judiciário não pode reformar a decisão da Corte de Contas, cabendo-lhe tão-somente decretar sua nulidade por irregularidade formal grave ou manifesta ilegalidade. Também merece destaque a afirmação de que a doutrina e a jurisprudência são majoritárias no sentido de que as decisões do TCU têm natureza jurisdicional . Isso não é verdade, pois o tema não é pacífico. Os que defendem que os Tribunais de Contas não possu em jurisdição , ou seja, que suas decisões não têm natureza jurisdicional, apoiam- se no argumento de que o termo jurisdição pressupõe a existência de conflitos entre partes, cabendo ao Estado, somente quando provocado, a responsabilidade de dizer o direito, ou seja, solucionar a controvérsia. Asseveram, então, que as atribuições conferidas ao TCU não possuem tais características,embora o texto constitucional fale em “julgar” (CF, art. 71, II). Segundo essa posição, a jurisdição seria privativa do Poder Judiciário. Outros, porém, defendem a natureza jurisdicional da decis ão do TCU no julgamento das contas, decidindo a regularidade ou irregularidade, pois tal decisão, por força de disposição constitucional, é soberana, privativa e 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 59 definitiva, não se submetendo a nenhuma outra instância revisional. Nem mesmo ao Judiciário é permitido desconstituir o mérito do julgado do Tribunal de Contas. Ademais, para os defensores da existência de uma jurisdição própria e privativa do Tribunal, haveria previsão expressa para tanto no caput do art. 73 da Constituição: “O TCU (...) tem jurisdição em todo o território nacional (...)”, o que também está presente no art. 4º da LO/TCU. Por fim, há aqueles que sustentam uma posição intermediária, cunhando termos como “jurisdição anômala”, “jurisdição administrativa” ou “jurisdição constitucional especializada”. Portanto, muita cautela com esse assunto na prova, principalmente em uma eventual questão discursiva. Gabarito: Errado 14. (TCU – TCE 2007 – Cespe) O TCU tem atribuições de natureza administrativa; porém, quando julga as contas dos gestores e demais responsáveis por bens e valores públicos, exerce sua natureza judicante. Mesmo assim, não há consenso na doutrina quanto à natureza do tribunal. Comentário : Mais uma vez o Cespe explora a divergência doutrinária em relação à natureza do TCU e de suas decisões. Como vimos, a maior parte da doutrina sustenta que o TCU possui natureza administrativa, afinal, a maioria de suas atribuições, como a realização de auditorias e inspeções, o registro de atos de pessoal e a emissão de parecer prévio sobre as contas do Presidente da República, situam-se na esfera administrativa. A polêmica reside na competência própria e privativa atribuída ao TCU para julgar as contas dos responsáveis por recursos públicos e a dos causadores de dano ao erário. Em razão dessa competência, alguns doutrinadores defendem que o TCU possui natureza “quase jurisdicional”, haja vista que nem mesmo o Poder Judiciário pode rever suas decisões no julgamento de contas. Outros, ainda, apregoam o meio termo, ou seja, o TCU possui natureza jurisdicional quando julga contas, e natureza administrativa quando desempenha suas demais atribuições. Enfim, como o tema não é unânime, a questão está correta. Gabarito: Certo 15. (TCU – ACE 2004 – Cespe) De acordo com a doutrina, a condenação de gestor público por parte do TCU constitui título executivo de natureza judicial, por força da competência conferida pelo art. 71 da Constituição àquele órgão, para julgar contas de pessoas responsáveis por dinheiro público. Comentário : Somente as decisões dos Tribunais de Contas de que resulte débito e/ou multa terão eficácia de título executivo que, por ser constituído fora do Judiciário, é dito extrajudicial , e não judicial, como afirma 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 59 o quesito , daí o erro. Gabarito: Errado 16. (TCU – Procurador 2004 – Cespe) Sempre que se julgar lesado por decisão tomada pelo TCU, o cidadão poderá recorrer ao Poder Judiciário, mas o remédio juridicamente adequado não será a impetração de mandado de segurança contra o ato do tribunal, seja porque as decisões deste somente podem ser desconstituídas mediante dilação probatória, seja porque o tribunal não poderá figurar no pólo passivo da ação mandamental. Comentário: A via frequentemente utilizada para pleitear amparo junto ao STF contra decisão do TCU é o mandado de segurança, ocasiões nas quais a Corte de Contas, que possui capacidade postulatória, figura no polo passivo da lide. Gabarito: Errado 17. (TCE-ES – Procurador Especial de Contas 2009 – Cespe) O julgamento das contas dos administradores e responsáveis é atribuição peculiar dos TCs, de acordo com a CF. Como órgãos especializados no julgamento das contas, suas decisões não estão sujeitas a revisão do Poder Judiciário, salvo quando a) houver observância do devido processo legal. b) o mérito da decisão envolver questões atinentes à legitimidade dos atos praticados pelos administradores e responsáveis. c) o MP representar contra decisão de mérito do TC. d) a decisão alterar o entendimento do TC até então vigente. e) houver vício de forma, como, por exemplo, a inobservância de direitos e garantias individuais. Comentário : Na questão, pede-se para indicar a alternativa correta. Como se sabe, as decisões dos Tribunais de Contas estão sujeitas à revisão do Poder Judiciário, mas só podem ser anuladas (nunca reformadas) em caso de irregularidade formal grave ou manifesta ilegalidade. Assim, compete ao Judiciário apenas verificar se foi observado o devido processo legal e se não houve violação de direito individual. Portanto, somente a última alternativa se enquadra nessas condições. Perceba a “pegadinha ” logo na primeira alternativa, pois a decisão do TCU poderia ser anulada em caso de inobservância do devido processo legal. Gabarito: a lternativa “e” 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 59 NATUREZA DAS FISCALIZAÇÕES A natureza das fiscalizações exercidas pelos Tribunais de Contas está informada no art. 70, caput, da Constituição Federal: contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial. Assim, suponha que o Ministério da Educação, no âmbito do programa fictício “Livro para Todos” tenha realizado uma licitação para adquirir livros didáticos destinados a escolas públicas e uma denúncia é encaminhada ao TCU com elementos indicando possíveis irregularidades na compra. Para apurá-la, o Tribunal poderá realizar uma fiscalização que, dependendo do objeto da denúncia, será de natureza: Natureza da fiscalização O que será fiscalizado Exemplo Contábil Lançamentos e escrituração contábil Auditoria para verificar se os eventos contábeis relacionados à aquisição dos livros foram corretamente registrados no SIAFI. Financeira Arrecadação de receitas e execução de despesas Acompanhamento para verificar se os pagamentos efetuados ao fornecedor dos livros estão de acordo com o contrato. Orçamentária Elaboração e execução dos orçamentos Inspeção para verificar a existência de previsão orçamentária para a aquisição. Operacional Processos administrativos e programas de governo Auditoria ミラ Pヴラェヴ;マ; さLキ┗ヴラ ヮ;ヴ; TラSラゲざが ; fim de verificar se a distribuição dos livros está beneficiando os destinatários da forma e na medida desejada pelo Programa. Patrimonial Guarda e administração de bens móveis e imóveis Auditoria para verificar se os livros adquiridos foram realmente entregues pelo fornecedor e se foram corretamente distribuídos para as escolas cadastradas no Programa. Geralmente, as fiscalizações que o Tribunal realiza são de natureza múltipla, envolvendo mais de um dos atributos relacionados no art. 70 da CF. Por exemplo, a entrega dos livros e os pagamentos realizados ao fornecedor poderiam ser examinados na mesma auditoria; nessas condições, a fiscalização teria natureza patrimonial e financeira. 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 59 Segundo o mesmo dispositivoda Constituição (art. 70, caput), os aspectos a serem verificados nas fiscalizações, ou seja, os possíveis focos do controle são: legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas. Vejamos como os três primeiros (legalidade, legitimidade e economicidade) podem ser aplicados ao nosso exemplo: Foco da fiscalização Característica Exemplo Legalidade Verifica se a conduta do gestor guarda consonância com as normas aplicáveis, de qualquer espécie - leis, regimentos, resoluções, portarias etc. Geralmente, é o aspecto predominante nas fiscalizações de natureza contábil, financeira, orçamentária e patrimonial. Verificar: se o processo licitatório seguiu a Lei de Licitações; se os pagamentos foram realizados de acordo com a previsão contratual; se as regras da contabilidade pública foram obedecidas na realização dos lançamentos contábeis. Legitimidade Verifica se o ato atende ao interesse público, à impessoalidade e à moralidade. Verificar se as escolas mais necessitadas foram atendidas em vez de, ao contrário, serem privilegiadas aquelas cujos responsáveis teriam relações políticas com o Ministro. Nesse último caso, a aquisição seria ilegítima, mesmo se realizada em conformidade com a Lei de Licitações. Economicidade Analisa a relação custo/benefício da despesa pública, isto é, se o gasto foi realizado com minimização dos custos e sem comprometimento dos padrões de qualidade. Verificar se o preço dos livros está de acordo com os referenciais de mercado ou, na falta, se o valor pago é razoável, compatível com a natureza e a qualidade da publicação. Além desses aspectos, a Constituição determina expressamente a fiscalização da aplicação das subvenções e da renúncia de receitas, cujo exame envolve avaliações de legalidade, legitimidade e economicidade. 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 59 Subvenções, de acordo com a Lei 4.320/1964, são transferências de recursos orçamentários destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades beneficiadas. Classificam-se em subvenções sociais quando destinadas a órgãos ou entidades de caráter assistencial, cultural ou de educação; e em subvenções econômicas, quando se destinam a cobrir déficits de empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril. Assim, os beneficiários deverão prestar contas da aplicação das subvenções recebidas, sujeitando-se à devida fiscalização dos órgãos de controle. Renúncia de receita envolve benefícios que impliquem redução discriminada de tributos, tais como anistia, remissão, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou alteração de base de cálculo. Assim, o Tribunal de Contas deve fiscalizar os órgãos e entidades que tenham atribuição de conceder, gerenciar ou utilizar recursos provenientes de renúncia de receita. Existem também outros casos, fora do âmbito tributário, que podem ser considerados renúncia de receita, a exemplo da falta da cobrança do aluguel de um imóvel da administração ou de uma multa contratual legítima em favor do erário. O gestor que deixa de cobrar esses valores também está sujeito à fiscalização do Tribunal de Contas em função da renúncia de receita. Eficiência, eficácia e efetividade somam-se a esses critérios, dada a competência atribuída ao TCU para realização de auditorias operacionais (CF, art. 71, IV), destacando-se a eficiência, que foi elevada à categoria de princípio constitucional da administração pública pela EC 19/98, ao lado dos princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade e da publicidade (CF, art. 37, caput). Seguindo nosso exemplo: 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 59 Foco da fiscalização Característica Exemplo Eficiência Analisa os meios utilizados em relação aos resultados obtidos pela Administração, com critérios de custo, prazo e qualidade. De certa forma, se confunde com o conceito de economicidade. Verificar se os recursos dispendidos na aquisição dos livros foram otimizados, ou seja, se os livros adquiridos atendem as necessidades das escolas, se foram disponibilizados em quantidades suficientes e a custo razoável. Eficácia Verifica se as metas estabelecidas foram alcançadas, ou seja, se os bens e serviços foram providos. Verificar se o cronograma estabelecido para a aquisição e entrega dos livros foi cumprido, se todas as escolas previstas receberam os respectivos exemplares, ou seja, verificar se os livros foram realmente adquiridos e distribuídos conforme planejado e divulgado. Efetividade Analisa se os objetivos da ação administrativa foram atingidos, em termos de impactos sobre a população-alvo. Verificar se os livros, após distribuídos, realmente atenderam as necessidades das escolas, suprindo as carências que motivaram a sua aquisição. ***** É isso pessoal. Terminamos aqui a parte teórica de hoje. Vamos agora resolver mais algumas questões de prova para consolidar o aprendizado. 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 59 MAIS QUESTÕES DE PROVA 18. (TCU – AUFC 2013 – Cespe) No uso de sua função sancionadora, pode o TCU, no caso de ilegalidade, fixar prazo para que o órgão ou entidade adote providências necessárias ao exato cumprimento da lei. Comentário : A questão está errada. A fixação de prazo para o exato cumprimento da lei constitui atribuição da função corretiva , visto que o objetivo dessa deliberação é corrigir a ilegalidade constatada pelo Tribunal, e não punir o gestor. Não é por outra razão que o TCU, ao fixar prazo para o exato cumprimento da lei, deve fazer indicação expressa dos dispositivos a serem observados, visando ao saneamento do erro. Se o gestor observar os dispositivos indicados pelo Tribunal e corrigir a ilegalidade, não haverá imposição de sanção alguma. O uso da função sancionadora ocorreria apenas em momento posterior , na hipótese de a determinação do Tribunal não ser atendida, quando então haveria a aplicação de multa concomitantemente às providências específicas para a sustação do ato ou contrato, conforme o caso, nos termos do art. 251 do RI/TCU: Art. 251. Verificada a ilegalidade de ato ou contrato em execução, o Tribunal assinará prazo de até quinze dias para que o responsável adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, com indicação expressa dos dispositivos a serem observados , sem prejuízo do disposto no inciso IV do caput e nos §§ 1º e 2º do artigo anterior. § 1º No caso de ato administrativo, o Tribunal, se não atendido : I – sustará a execução do ato impugnado; II – comunicará a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; III – aplicará ao responsável, no próprio processo de fiscalização, a multa prevista no inciso VII do art. 268 . Gabarito: Errado 19. (TCE/RS – OCE 2013 – Cespe) Considere que o governo do estado do Rio Grande do Sul tenha instituído subsídio para os eletrodomésticos de alta tecnologia, reduzindo dois pontos percentuais na alíquota do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação (ICMS). Nessa situação, constitui responsabilidade do TCE/RS examinar o ato de concessão do referido subsídio. Comentário: A questão está correta. O ato de concessão do referido subsídio constitui hipótesede renúncia de receitas , objeto da fiscalização exercida pelos Tribunais de Contas, a teor do art. 70 , caput da CF: 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 59 Art. 70 . A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas , será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Gabarito: Certo 20. (TCE/ES – ACE 2012 – Cespe) Compete exclusivamente à Câmara dos Deputados suspender os atos dos Poderes Executivos federal, estadual e municipal caso estes tenham exorbitado os limites do poder regulamentar das leis expedidas pelos respectivos órgãos legislativos. Comentário: A questão trata do controle parlamentar/político exercido sobre a Administração Pública diretamente pelos órgãos do Poder Legislativo. A competência para sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa é do Congresso Nacional e não da Câmara dos Deputados isoladamente, nos termos do art. 49, V da CF. Ademais, o Congresso Nacional, quando for o caso, somente pode sustar os atos do Poder Executivo federal , jamais do estadual ou municipal. Portanto, o quesito está incorreto. Gabarito: Errado 21. (TCU – ACE 2005 – Cespe) De acordo com a Constituição Federal de 1988, a fiscalização contábil, orçamentária, financeira, operacional e patrimonial do município será exercida pelo Legislativo municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno dos poderes Executivo e Legislativo municipais, na forma da lei. Assim, o parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal. Comentário: Por simetria constitucional (CF, art. 75), a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do município será exercida pelo Legislativo municipal, mediante controle externo, conforme art. 31 e art. 70 da CF. Em relação ao controle interno, a Carta Magna dispõ e que a fiscalização será exercida pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal , na forma da lei (CF, art. 31). A Constituição não fala em sistema de controle interno Poder Legislativo Municipal, o qual está previsto apenas na LRF (LRF, art. 59, caput ). Mas como a questão inicia com “De acordo com a Constituição (...)”, então a afirmativa está errada. Já a segunda frase, relativa ao parecer prévio emitido sobre as contas prestadas pelo prefeito, está correta, pois é a transcrição do art. 31, §2º, da CF. Gabarito: Errado 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 59 22. (TCU – AUFC 2010 – Cespe) O correto funcionamento de um sistema de fiscalização exercida pelo controle interno de determinada empresa pública dispensa a atuação do controle externo sobre aquela entidade. Comentário: Não é razoável esperar que o TC consiga fiscalizar com a mesma efetividade todos os órgãos e entidades que administram recursos públicos federais. Isso seria virtualmente impossível, pois a máquina pública é gigantesca e o quadro de pessoal do Tribunal reduzido. Por isso, a Corte de Contas direciona sua atuação para áreas em que estão presentes os atributos de materialidade, relevância e risco. Materialidade diz respeito ao montante de recursos públicos envolvidos, enquanto relevância se refere aos impactos sociais e econômicos de determinada ação governamental. Risco, por sua vez, entre outros aspectos, tem relação com o funcionamento do controle interno, is to é, a capacidade que o órgão ou entidade fiscalizado possui para, por si só, evitar e corrigir erros, falhas ou desvios de conduta na gestão dos recursos públicos. Assim , o correto funcionamento do sistema de controle interno , constatado mediante avaliações específicas, é um indicativo de que, naquele órgão, o risco de ocorrer alguma situação danosa ao patrimônio público é menor, de modo que o Tribunal pode direcionar seus esforços para outras áreas. Contudo, de forma alguma o correto funcionamento do sistema de controle interno dispensa a atuação do controle externo, cujas atribuições são inafastáveis e intrasferíveis. O controle interno possui como finalidade apoiar o controle externo do exercício de sua missão institucional (CF, art. 74 IV). Os gestores das unidades que possuem um bom controle interno precisam prestar contas e estão sujeitos à fiscalização do TC, como qualquer outro jurisdicionado ao Tribunal. Gabarito: Errado 23. (TCU – ACE 2007 – Cespe) A relevância do controle externo no Brasil não se restringe aos aspectos concernentes à eficiente gestão das finanças ou à adequada gerência administrativa do setor público. Envolve também o equilíbrio entre os poderes na organização do Estado democrático de direito. Comentário: O quesito está correto. A atribuição do Poder Legislativo de exercer o controle externo da gestão pública, com o auxílio do Tribunal de Contas, está perfeitamente alinhada com a estrutura da divisão de poderes, ou sistema de freios e contrapesos, delineado na Constituição Federal para restringir e limitar o poder dos governantes. Assim, o Legislativo é o responsável por aprovar as políticas públicas, bem como as regras para a arrecadação de receitas e a programação orçamentária da execução das despesas , as quais devem ser seguidas e executadas majoritariamente pelo Poder Executivo, mas também pelos responsáveis pelas unidades administrativas dos demais Poderes, obedecendo aos princípios da legalidade, 14351317701 14351317701 - REBECA DE LIMA CONCEIÇÃO SILVA Controle Externo p/ TCM-RJ 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 01 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 59 legitimidade e economicidade . Buscando o equilíbrio entre os Poderes, a Constituição definiu que a prestação de contas deve ser feita ao mesmo Poder que definiu as regras, o Legislativo, o qual conta com o auxílio técnico indispensável do Tribunal de Contas, que, mediante sua ação fiscalizadora, busca garantir que a administração pública arrecade, gaste e administre os recursos públicos dentro dos limites da lei e do interesse geral. Gabarito: Certo 24. (TCU – ACE 2006 – ESAF) Nos termos da Constituição Federal, pode-se afirmar que a) o Tribunal de Contas da União – TCU – é órgão vinculado ao Senado da República. b) as Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete conselheiros. c) as decisões do TCU não se submetem a controle judicial. d) os Ministros do Tribunal de Contas da União têm as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. e) a titularidade do Controle Externo, no Brasil, pertence ao Tribunal de Contas da União. Comentário: A alternativa “a” está errada, pois a doutrina majoritária é no sentido de que o TCU , órgão de estatura constitucional, é autônomo e independente, não vinculado a nenhum Poder, nos moldes do Ministério Público. Existem, contudo, aqueles que consideram a Corte de Contas vinculada ao Poder Legislativo, por estar inserida no capítulo da Constituição que trata desse Poder, e por estar associada ao Legislativo nas leis orçamentárias e nos limites de gastos com pessoal previstos na LRF. Porém, mesmo considerando esse entendimento, não há que se falar em vinculação específica
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