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FUNDAMENTOS 
PEDAGÓGICOS NA 
EDUCAÇÃO 
INFANTIL 
PROFESSOR (A): COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA 
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO 
FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
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SUMÁRIO 
 
1 CONCEPÇÕES DE CRIANÇA DA EDUCAÇÃO INFANTIL .......................... 03 
 
2 EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL .................................. 05 
2.1 Breve história da criança ............................................................................... 05 
2.2 Legislação para as crianças .......................................................................... 07 
 
3 INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO INFANTIL ................................................... 11 
3.1 Educar ............................................................................................................ 11 
3.2 Cuidar ............................................................................................................. 12 
3.3 Objetivos da Educação Infantil ...................................................................... 13 
3.4 Funções e atribuições do professor de Educação Infantil ............................ 16 
 
4 CONTEÚDOS E PROCEDIMENTOS DIDÁTICO-METODOLÓGICOS ......... 20 
4.1 Movimento ...................................................................................................... 20 
4.2 Música ............................................................................................................ 22 
4.3 Artes visuais ................................................................................................... 24 
4.4 Linguagem oral e escrita................................................................................ 27 
4.5 Natureza e sociedade .................................................................................... 30 
4.6 Matemática ..................................................................................................... 31 
 
REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ............................................ 34 
 
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1 CONCEPÇÃO DE CRIANÇA DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
Segundo João Gomes Pedro (2004) ser criança é uma questão que tem 
de ser entendida, no nosso milênio e na nossa civilização, como o grande 
desafio da nossa existência impondo, eticamente, uma responsabilidade de 
atitude a todos os cidadãos do mundo. 
A criança é razão de ser do mundo e, mais do que isso, representa 
o futuro desse mundo, portanto, tomamos as palavras de João Gomes Pedro 
para iniciar nossos estudos sobre a educação da criança. 
Pensar em futuro, qualquer que seja a dimensão considerada, tanto em 
termos científicos como morais, obriga a pensar na criança e, sobretudo, obriga 
a refletir se o que hoje investimos na criança é suficiente para garantir o melhor 
do seu porvir que é, por acréscimo, o do seu mundo (PEDRO, 2004). 
A criança é um sujeito social e histórico que está inserido em uma 
sociedade na qual partilha de uma determinada cultura. É profundamente 
marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca. A 
criança tem na família, biológica ou não, um ponto de referência fundamental, 
apesar da multiplicidade de interações sociais que estabelece com outras 
instituições sociais (BRASIL, 1994). 
No dicionário Aurélio, infância é considerada como período de 
crescimento no ser humano, que vai do nascimento à puberdade (FERREIRA, 
2005). 
Para o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no seu artigo 1º, 
criança é a pessoa até 12 anos de idade incompletos e adolescente é aquela 
entre 12 e 18 anos. Na análise de Kuhlmann (1998), a infância tem um 
significado genérico e, como qualquer outra fase da vida, esse significado se 
dá em função das transformações sociais, culturais e econômicas. 
A concepção de criança é uma noção historicamente construída e 
consequentemente vem mudando ao longo dos tempos, não se apresentando 
de forma homogênea nem mesmo no interior de uma mesma sociedade e 
época. Assim é possível que, por exemplo, em uma mesma cidade existam 
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diferentes maneiras de se considerar as crianças pequenas dependendo da 
classe social a qual pertencem, do grupo étnico do qual fazem parte. Boa parte 
das crianças pequenas brasileiras enfrenta um cotidiano bastante adverso que 
as conduz desde muito cedo a precárias condições de vida e ao trabalho 
infantil, ao abuso e exploração por parte de adultos. Outras crianças são 
protegidas de todas as maneiras, recebendo de suas famílias e da sociedade 
em geral todos os cuidados necessários ao seu desenvolvimento. Essa 
dualidade revela a contradição e conflito de uma sociedade que não resolveu 
ainda as grandes desigualdades sociais presentes no cotidiano (BRASIL, 
1998). 
Olhar a criança como ser que já nasce pronto, ou que nasce vazio e 
carente dos elementos entendidos como necessários à vida adulta ou, ainda, a 
criança como sujeito conhecedor, cujo desenvolvimento se dá por sua própria 
iniciativa e capacidade de ação, foram, durante muito tempo, concepções 
amplamente aceitas na Educação Infantil até o surgimento das bases 
epistemológicas que fundamentam, atualmente, uma pedagogia para a 
infância. Os novos paradigmas englobam e transcendem a história, a 
antropologia, a sociologia e a própria psicologia resultando em uma perspectiva 
que define a criança como ser competente para interagir e produzir cultura no 
meio em que se encontra. Essa perspectiva é hoje um consenso entre 
estudiosos da Educação Infantil (BONDIOLI e MANTOVANI, 1998; CAMPOS 
ET AL., 1993; ROSSETTI-FERREIRA, 1993). 
A interação a que se referem os autores citados não é uma interação 
genérica, como veremos na apostila sobre as Teorias Pedagógicas. Trata-se 
de interação social, um processo que se dá a partir e por meio de indivíduos 
com modos histórica e culturalmente determinados de agir, pensar e sentir, 
sendo inviável dissociar as dimensões cognitivas e afetivas dessas interações 
e os planos psíquico e fisiológico do desenvolvimento decorrente (VYGOTSKI, 
1986 e 1989). Nessa perspectiva, a interação social torna-se o espaço de 
constituição e desenvolvimento da consciência do ser humano desde que 
nasce (VYGOTSKI, 1991). 
 
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2 EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL 
 
2.1 Breve história da criança 
Vamos partir do pressuposto de que criança e infância foram social e 
historicamente construídas. Pois bem, tomando por base o século XVI, 
encontramos a partir daí, a evolução dos direitos das crianças e que o estatuto 
da criança dentro do seu núcleo familiar estava ligado ao poder sem limites dos 
pais sobre os filhos. 
Enquanto categoria social, as crianças não estavam separadas dos 
adultos, não havia diferenciação entre as necessidades dos adultos e das 
crianças. Foi só a partir do século XVI que se iniciam mudanças com relação à 
posição e estatuto da criança com relação aos adultos: (...) atitudes associadas 
à sobrevivência, proteção e educação das crianças, que gradualmente se 
foram fortalecendo durante os séculos XVII e XVIII, começaram a permitir e 
delinear um espaço social destinado às crianças, no qual já é possível 
salvaguardar algumas das suas necessidades e direitos (SOARES, 1997 apud 
FULLGRAF, 2001). 
No século XIX, a contribuição de diversas ciências, como a pedagogia, a 
psicologia, a medicina, marca uma relativa separação das crianças com 
relação aos adultos, enquanto uma categoria social, principalmente nos 
aspectos relacionados à necessidade de proteção. Estas novas tendências, no 
início do século XX, são marcadas por uma concepção (...)de que as crianças 
eram as fontes humanas essenciais, de cuja dimensão maturacional iria 
depender o futuro da humanidade (FULLGRAF, 2001). 
Neste contexto, a inglesa Eglantine Jebb foi pioneira do movimento de 
defesa dos direitos da criança no início do século, defendendo que as crianças 
são vítimas dos custos das guerras, das repressões políticas, das 
contingências econômicas e sociais, entre outras. A luta encaminhada por Jebb 
gerou uma onda de solidariedade, iniciando o movimento de defesa dos 
direitos das crianças. Esse movimento internacional teve como consequência a 
elaboração da 1ª Declaração dos Direitos da Criança: a “Declaração de 
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Genebra” em 1923. No contexto do pós guerra mundial, as preocupações com 
os direitos das crianças tornam-se mais relevantes, dadas as graves condições 
de carência e pobreza em que a Europa se encontrava. 
Assim, em 1946 é fundado o “Fundo das Nações Unidas para a 
Infância”, o UNICEF, que segundo Soares (1997) é o organismo que irá 
desempenhar um papel fundamental na defesa dos direitos das crianças. A 
partir da aprovação em 1948 da “Declaração Universal dos Direitos do 
Homem”, os países subscritos expressam a necessidade de um conjunto de 
direitos adicionais que atendam às necessidades específicas relacionadas às 
crianças. A “Declaração Universal dos Direitos das Crianças” foi promulgada 
em 1959 e adotada por unanimidade pela Assembleia Geral das Nações 
Unidas. A Declaração constitui um conjunto de princípios, que expressam 
alguns aspectos inovadores, além da proteção das necessidades primárias, 
como no texto da declaração anterior. 
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS 
1. Direito à igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade; 
2. Direito à especial proteção para seu desenvolvimento físico, mental e social; 
3. Direito a nome e a uma nacionalidade; 
4. Direito à alimentação, moradia e assistência médica adequadas para a 
criança e para a mãe; 
5. Direito à educação e a cuidados especiais para criança física ou 
mentalmente deficiente; 
6. Direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade; 
7. Direito à educação gratuita a ao lazer infantil; 
8. Direito a ser socorrido em primeiro lugar, em caso de catástrofes; 
9. Direito a ser protegido quanto ao abandono e à exploração no trabalho; 
10. Direito a crescer dentro do espírito de solidariedade, compreensão, 
amizade e justiça entre os povos. 
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No início dos anos 1970, dez anos após a declaração universal, torna-se 
mais intensa a discussão em torno da necessidade de formular uma 
Convenção das Nações Unidas para que os direitos das crianças tivessem eco 
na lei internacional e ultrapassassem as fronteiras de uma declaração. Assim, 
os Estados comprometer-se-iam com obrigações específicas. Acontece então, 
em 1989, a “Convenção dos Direitos da Criança” composta de 54 artigos que 
incorporam (...) uma diversidade de direitos, desde direitos civis, econômicos, 
sociais e culturais, incluindo os direitos mais básicos como o direito à vida, à 
saúde, à alimentação, e a educação (...)(SOARES, 1997, p. 81). 
A “Convenção” teve por objetivo reunir em um único documento as 
diferentes medidas internacionais de proteção à criança, representando um 
forte instrumento inovador, internacionalmente reconhecido, dos direitos das 
crianças, sendo assim um marco fundamental no percurso da construção e 
definição de um estatuto digno para todas as crianças (FULLGRAF, 2001). 
 
2.2 Legislação para as crianças 
No decorrer da evolução descrita acima, legislações foram 
implementadas. No caso do Brasil, a Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do 
Adolescente, traduzindo o resultado da crescente valorização que a infância 
tem assumido e, consequentemente, a necessidade de efetivação de um 
conjunto de direitos, colocando toda criança brasileira no mesmo patamar de 
direitos. Entretanto, apesar da luta social por direitos e da declaração desses 
direitos, as desigualdades contra as crianças vêm aumentando: (...) as 
desigualdades e a discriminação contra as crianças não apenas não acabaram 
nestes anos em que a Convenção foi aclamada por muitos países como um 
novo signo de civilização e de progresso, como estão atualmente em 
crescimento (SARMENTO E PINTO, 1997). 
A Constituição Federal de 1988 também trouxe novas definições legais 
para a educação infantil: creches e pré-escolas passam a desempenhar 
funções básicas de educar e cuidar de forma complementar à ação da família. 
Segundo Craidy (2000, p. 65), a Constituição traz também uma nova 
doutrina com relação às crianças e aponta diretrizes para seu atendimento. Ela 
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marca o surgimento, na legislação brasileira, de um novo paradigma sobre a 
infância, em que a criança passa a ser sujeito de direito e não apenas objeto de 
tutela como era na legislação anterior. É afirmação da cidadania da criança (...) 
entre os direitos da criança estão o de receber atendimento em creches e pré-
escolas caracterizadas na carta constitucional como instituições educacionais 
enquanto são parte do dever do Estado para com a educação. 
A Constituição, ao considerar a educação como um direito universal, 
proclama em seu artigo 205 que a educação é um direito de todos, e, 
especificamente, no artigo 208, que a educação é um direito das crianças de 
zero a seis anos. Portanto, com relação à assistência e educação das crianças 
pequenas, estes artigos tratam a questão sob o signo do direito. Ainda do 
ponto de vista da Constituição, podemos destacar que ela rompeu com a 
concepção de que a educação infantil é uma falta que deve ser compensada 
por ações de amparo e de assistência, de que é um vácuo que precisa ser 
preenchido, trazendo no seu bojo o dever do Estado em oferecer educação 
infantil, e o direito da criança a este atendimento (...). 
 A Constituição incorporou a si algo que estava presente no movimento 
da sociedade e que advinha do esclarecimento e da importância que já se 
atribuía à educação infantil. Caso isto não estivesse amadurecido entre 
lideranças e educadores preocupados com a educação infantil, no âmbito dos 
estados membros da federação, provavelmente não seria traduzido na 
Constituição de 88. Ela não incorporou esta necessidade sob o signo do 
Amparo ou da Assistência, mas sob o signo do Direito, e não mais sob o 
Amparo do cuidado do Estado, mas sob a figura do Dever do Estado. Foi o que 
fez a Constituição de 88: inaugurou um Direito, impôs ao Estado um Dever, 
traduzindo algo que a sociedade havia posto (CURY, 1998, p. 11). 
Nesse sentido, a nova Constituição representa para a educação infantil a 
conquista de uma legitimidade legal e para as crianças, a conquista de direitos 
específicos que não sejam aqueles relacionados ao direito da família. Os 
direitos das crianças reconhecidos no “papel” garantem um avanço jurídico, no 
entanto os resultados desse avanço necessitam ser traduzidos em ações 
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concretas no campo das políticas sociais para a infância brasileira 
(FULLGRAF, 2001). 
Voltemos ao ECA, criado pela Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, 
passando a sociedade a dividir com o Estado, pelo menos do ponto de vista da 
legislação, a responsabilidade pela construção de um mundo melhor para a 
infância. O ECA enquanto norma jurídica colocou crianças e adolescentes 
como prioridade absoluta na ação do Estado e da Comunidade, marcando a 
expressão dos novos direitos.Acredita-se que, mais do que regulamentar as 
conquistas em favor das crianças e dos adolescentes na Constituição Federal, 
esta Lei veio promover um importante conjunto de avanços que extrapola o 
campo jurídico, desdobrando-se e envolvendo outras áreas da realidade 
política e social no Brasil. 
A história da Política Nacional para a Educação Infantil acompanha de 
certa forma a trajetória histórica das instituições de educação infantil no país, 
onde as políticas de expansão do atendimento às crianças pequenas têm 
sofrido a influência de diversos segmentos e diferentes concepções educativas. 
Para se compreender a história das políticas nacionais de educação infantil, é 
necessário compreender, mesmo que num breve histórico, a forma como 
creches e pré-escolas surgiram e se consolidaram no Brasil. 
Assim, traçando um breve histórico sobre a educação infantil, destaca-se 
que (...) o que hoje chamamos de educação infantil já foi (chamado e 
organizado como) asilo, roda dos expostos, jardim de infância, creche, pré-
escola, dentro de uma história que remonta ao século XVIII, nos tempo do 
Brasil Colônia. Naquele tempo, o abandono era fenômeno corrente. Justifica-
se, assim, a criação de asilos para as crianças órfãs e abandonadas, mantidos 
pela “caridade” pública e pela filantropia, pois o poder público não se ocupava 
de questões desta natureza (OSTETTO, 2000, p. 21 apud FULLGRAF, 2001, p. 
49). 
A história das instituições de educação infantil no Brasil revela uma 
duplicidade nas propostas de atendimento às crianças pequenas. Foi possível 
caracterizar nas últimas décadas duas formas de atendimento com funções 
diferentes: para as creches, era atribuída a função de beneficência, de cuidado, 
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e aos jardins de infância ou pré-escola, era atribuída uma função educativa. 
Esta duplicidade foi implementada durante todo o século XX, permanecendo 
até hoje. Também se fez presente na vinculação administrativa das instituições: 
as creches vinculadas às Secretarias de Bem-Estar Social, da Família e 
Assistência e as pré-escolas vinculadas às Secretarias de Educação. 
Na verdade, todas as instituições têm um caráter educativo: as creches 
tinham uma proposta de educação assistencial voltada para a educação de 
crianças pobres ao passo que as pré-escolas tinham uma proposta 
escolarizante voltada para as crianças menos pobres. Kuhlmann (1998) 
demonstra que as instituições com foco voltado para a assistência trazem no 
seu bojo a ideia de “educação assistencialista”, educação para submissão, 
destacando ainda que o que caracteriza a assistência não é o “caráter não 
educativo” e nem o trabalho de cuidado das crianças. A principal característica 
das instituições assistencialistas é a forma ideológica de encaminhá-la: a 
educação como um favor e não como um direito. Na verdade, toda proposta 
assistencial traz consigo uma proposta de educação, uma educação de baixa 
qualidade, de cunho moralista, com o objetivo de formar hábitos e atitudes. 
Eis que ao longo dessa trajetória, o reconhecimento das instituições de 
educação infantil como parte do sistema educacional aponta para a 
possibilidade de superação desses espaços de segregação social, onde 
políticas compensatórias isolavam as crianças pobres em instituições 
educacionais vinculadas aos órgãos de assistência social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3 INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
Estudos de Füllgraf (2001) nos mostram tanto a nível nacional quanto 
internacional que as instituições de educação infantil devem caminhar na 
direção de satisfazer de maneira integrada, as funções de educar e cuidar e 
com padrões de qualidade. 
A instituição de educação infantil deve tornar acessível a todas as 
crianças que a frequentam, indiscriminadamente, elementos da cultura que 
enriquecem o seu desenvolvimento e inserção social. Cumpre um papel 
socializador, propiciando o desenvolvimento da identidade das crianças, por 
meio de aprendizagens diversificadas, realizadas em situações de interação. 
Na instituição de educação infantil, pode-se oferecer às crianças 
condições para as aprendizagens que ocorrem nas brincadeiras e aquelas 
advindas de situações pedagógicas intencionais ou aprendizagens orientadas 
pelos adultos. É importante ressaltar, porém, que essas aprendizagens, de 
natureza diversa, ocorrem de maneira integrada no processo de 
desenvolvimento infantil (BRASIL, 1998). 
 
3.1 Educar 
Educar significa propiciar situações de cuidados, brincadeiras e 
aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o 
desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e 
estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, 
e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade 
social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o 
desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das 
potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na 
perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis 
(BRASIL, 1998). 
 
 
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3.2 Cuidar 
 
Cuidar de uma criança em um contexto educativo demanda a integração 
de vários campos de conhecimentos e a cooperação de profissionais de 
diferentes áreas. 
A base do cuidado humano é compreender como ajudar o outro a se 
desenvolver como ser humano. Cuidar significa valorizar e ajudar a 
desenvolver capacidades. O cuidado é um ato em relação ao outro e a si 
próprio que possui uma dimensão expressiva e implica em procedimentos 
específicos (BRASIL, 1998). 
O desenvolvimento integral depende tanto dos cuidados relacionais, que 
envolvem a dimensão afetiva e dos cuidados com os aspectos biológicos do 
corpo, como a qualidade da alimentação e dos cuidados com a saúde, quanto 
da forma como esses cuidados são oferecidos e das oportunidades de acesso 
a conhecimentos variados (BRASIL, 1998). 
As atitudes e procedimentos de cuidado são influenciados por crenças e 
valores em torno da saúde, da educação e do desenvolvimento infantil. Embora 
as necessidades humanas básicas sejam comuns, como alimentar-se, 
proteger-se etc., as formas de identificá-las, valorizá-las e atendê-las são 
construídas socialmente. As necessidades básicas podem ser modificadas e 
acrescidas de outras de acordo com o contexto sociocultural. Pode-se dizer 
que além daquelas que preservam a vida orgânica, as necessidades afetivas 
são também base para o desenvolvimento infantil (BRASIL, 1998). 
O cuidado precisa considerar, principalmente, as necessidades das 
crianças, que quando observadas, ouvidas e respeitadas, podem dar pistas 
importantes sobre a qualidade do que estão recebendo. Os procedimentos de 
cuidado também precisam seguir os princípios de promoção à saúde. Para se 
atingir os objetivos dos cuidados com a preservação da vida e com o 
desenvolvimento das capacidades humanas, é necessário que as atitudes e 
procedimentos estejam baseados em conhecimentos específicos sobre o 
desenvolvimento biológico, emocional e intelectual das crianças, levando em 
consideração as diferentes realidades socioculturais. 
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Para cuidar é preciso antes de tudo estar comprometido com o outro, 
com sua singularidade, ser solidário com suas necessidades, confiando em 
suas capacidades. Disso depende a construção de um vínculo entre quem 
cuida e quem é cuidado (BRASIL, 1998). 
Além dadimensão afetiva e relacional do cuidado, é preciso que o 
professor possa ajudar a criança a identificar suas necessidades e priorizá-las, 
assim como atendê-las de forma adequada. Assim, cuidar da criança é, 
sobretudo, dar atenção a ela como pessoa que está num contínuo crescimento 
e desenvolvimento, compreendendo sua singularidade, identificando e 
respondendo às suas necessidades. Isto inclui interessar-se sobre o que a 
criança sente, pensa, o que ela sabe sobre si e sobre o mundo, visando à 
ampliação deste conhecimento e de suas habilidades, que aos poucos a 
tornarão mais independente e mais autônoma. 
 
3.3 Objetivos da Educação Infantil 
 
Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil 
(RCNEI), a prática da educação infantil deve se organizar de modo que as 
crianças desenvolvam as seguintes capacidades: 
 Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez 
mais independente, com confiança em suas capacidades e percepção 
de suas limitações; 
 Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas 
potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de 
cuidado com a própria saúde e bem-estar; 
 Estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, 
fortalecendo sua autoestima e ampliando gradativamente suas 
possibilidades de comunicação e interação social; 
 Estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo 
aos poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais, 
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respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e 
colaboração; 
 Observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, 
percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agente 
transformado do meio ambiente e valorizando atitudes que contribuam 
para sua conservação; 
 Brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e 
necessidades; 
 Utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e 
escrita) ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, 
de forma a compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, 
sentimentos, necessidades e desejos e avançar no seu processo de 
construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade 
expressiva; 
 Conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de 
interesse, respeito e participação frente a elas e valorizando a 
diversidade (BRASIL, 1998). 
 
No quadro abaixo temos especificados os objetivos para as diversas 
faixas etárias que compõem a educação infantil: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FAIXA 
ETÁRIA 
OBJETIVOS 
0 a 3 anos 
A instituição deve 
criar um ambiente 
de acolhimento 
que dê segurança 
e confiança às 
crianças, 
garantindo 
oportunidades 
para que sejam 
capazes de: 
 
 
• experimentar e utilizar os recursos de que 
dispõem para a satisfação de suas 
necessidades essenciais, expressando seus 
desejos, sentimentos, vontades e desagrados, 
e agindo com progressiva autonomia; 
• familiarizar-se com a imagem do próprio 
corpo, conhecendo progressivamente seus 
limites, sua unidade e as sensações que ele 
produz; 
• interessar-se progressivamente pelo cuidado 
com o próprio corpo, executando ações 
simples relacionadas à saúde e higiene; 
• brincar; 
• relacionar-se progressivamente com mais 
crianças, com seus professores e com demais 
profissionais da instituição, demonstrando 
suas necessidades e interesses. 
 
4 a 6 anos 
Os objetivos 
estabelecidos para 
a faixa etária de 
zero a três anos 
deverão 
ser aprofundados 
e ampliados, 
garantindo-se, 
ainda, 
oportunidades 
para que as 
• ter uma imagem positiva de si, ampliando 
sua autoconfiança, identificando cada vez 
mais suas limitações e possibilidades, e 
agindo de acordo com elas; 
• identificar e enfrentar situações de conflitos, 
utilizando seus recursos pessoais, respeitando 
as outras crianças e adultos e exigindo 
reciprocidade; 
• valorizar ações de cooperação e 
solidariedade, desenvolvendo atitudes de 
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crianças 
sejam capazes de: 
ajuda e colaboração e compartilhando suas 
vivências; 
• brincar; 
• adotar hábitos de autocuidado, valorizando 
as atitudes relacionadas com a higiene, 
alimentação, conforto, segurança, proteção do 
corpo e cuidados com a aparência; 
• identificar e compreender a sua pertinência 
aos diversos grupos dos quais participam, 
respeitando suas regras básicas de convívio 
social e a diversidade que os compõe. 
 
 
3.4 Funções e atribuições do professor da Educação Infantil 
 
Desde o início das instituições para a educação de crianças de 0 a 6 
anos, existe uma preocupação com a diferenciação dos papéis, atribuições e 
atuação dos adultos no processo educativo das crianças pequenas ou maiores, 
porém o que acabou por ocorrer é que, no estabelecimento dessas atribuições, 
terminava-se, grosso modo, por adaptar o modelo escolar destinado às 
crianças de 4 a 6 anos aos menores, o modelo de cuidado materno 
“aperfeiçoado” pelos ditames médicos higienistas (BONETTI, 2004). 
Dentre as várias funções atribuídas ao professor da educação básica e, 
por extensão, aos professores da educação infantil, Bonetti selecionou alguns 
que configuram o campo da educação para as crianças pequena na atualidade 
e que merecem ser expostos e refletidos. 
 
 Garantir para a criança o direito de aprender e de se desenvolver 
deveria ser a principal função do professor e atuando coletivamente, 
pois o trabalho em equipe ajuda sobremaneira no desenvolvimento de 
competências. Na perspectiva de garantir a aprendizagem, o professor 
de educação infantil deve organizar situações de aprendizagem 
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adequadas à criança de quatro a seis anos a partir da compreensão de 
que vivem um processo de ampliação de experiências com relação à 
construção das linguagens e dos objetos de conhecimento, 
considerando o desenvolvimento, em seus aspectos afetivo, físico, 
psicossocial, cognitivo e linguístico (MEC/SEMTEC, 2000, p. 73). 
 Trabalhar com a diversidade é um requisito importante, pois requer 
conhecer e considerar a diversidade das crianças, pois ao professor 
cabe acionar conhecimentos múltiplos capazes de responder de forma 
apropriada às diferentes questões que surgem nesse cotidiano; 
utilizando-se de “[...] conhecimentos aprendidos dentro e fora da escola 
em diferentes situações da vida; conhecimentos conceituais e 
procedimentais, capacidades cognitivas, sensibilidade e intuição” 
(MEC/SEF, 1998. p. 103). O exercício de uma docência que leva em 
conta a diversidade cultural das crianças pequenas também fez parte 
dos movimentos na luta por uma educação infantil que respeite a 
criança, “[...] seus processos de constituição como seres humanos em 
diferentes contextos sociais, sua cultura, suas capacidades intelectuais, 
criativas expressivas e emocionais” (ROCHA, 2000, p. 231) sendo a 
diversidade um fator positivo a ser considerado. 
 Ser articulador entre a creche ou pré-escola e a família e a 
comunidade quer dizer que a função docente na educação infantil deve 
ser exercida de forma articulada com a família. Estabelecer essas 
relações é uma das dimensões, sendo a interação com as famílias das 
crianças uma característica constitutiva de sua profissão. A relação 
instituição de educação infantil com a família faz parte do 
desenvolvimento do trabalho do professor na educação da criança de 0 
a 6anos, especialmente na construção de vínculos afetivos, no 
compartilhar obrigações, posto que estabelecer uma boa relação com a 
família está intimamente ligado com a acolhida da criança e a 
necessidade de um trabalho articulado (MAISTRO, 1999; KISHIMOTO, 
1999; MACHADO, 1999; ROCHA, 2000 apud BONETTI, 2004). A 
criança requer olhar atento e ações comprometidas e articuladas por 
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parte dos adultos que com ela convivem quer no espaço institucional 
quer no familiar, exercendo funções distintas. 
 Produzir conhecimento e gerir os processos pedagógicos. A 
diversidade e a complexidade dos contextos exige que o professor 
produza conhecimento pedagógico, tenha domínio sobre sua prática e 
crie formas ou procedimentos adequados ao ensino dos conteúdos 
indicados nas reformas da educação básica. 
 Educar e cuidar – função específica na educação infantil. O educar é 
abordado como essencial ao desenvolvimento integral da criança, das 
“suas múltiplas capacidades” e da construção de uma autoimagem 
positiva. O cuidar da criança, além de ser tratado junto com o educar, é 
também enfatizado separadamente como fator de humanização. 
 
Enfim, a compreensão da criança como totalidade requer que se 
repensem os currículos de formação de seus professores, preparando-os para 
ajudá-las, ouvindo-as e observando-as, levando a sério suas necessidades, 
ideias e teorias, desafiando-as por meio de questões, informações, materiais e 
técnicas; funções que têm sido enfatizadas como fundamentais seja para a 
atuação profissional, seja para a constituição da pedagogia da infância como 
um campo de conhecimento (BONETTI, 2004). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4 CONTEÚDOS E PROCEDIMENTOS DIDÁTICO-METODOLÓGICOS 
 
Seguindo as orientações contidas nos Referenciais Curriculares 
Nacionais para a Educação Infantil é pertinente discorrer sobre o movimento, a 
música, as artes visuais, linguagem oral e escrita, natureza e sociedade e 
matemática, sugerindo a leitura completa dos RCNEI, os quais encontram-se 
disponibilizados na internet. 
 
4.1 Movimento 
O movimento é uma importante dimensão do desenvolvimento e da 
cultura humana. 
As crianças se movimentam desde que nascem, adquirindo cada vez 
maior controle sobre seu próprio corpo e se apropriando cada vez mais das 
possibilidades de interação com o mundo. Engatinham, caminham, manuseiam 
objetos, correm, saltam, brincam sozinhas ou em grupo, com objetos ou 
brinquedos, experimentando sempre novas maneiras de utilizar seu corpo e 
seu movimento. Ao movimentar-se, as crianças expressam sentimentos, 
emoções e pensamentos, ampliando as possibilidades do uso significativo de 
gestos e posturas corporais. O movimento humano, portanto, é mais do que 
simples deslocamento do corpo no espaço: constitui-se em uma linguagem que 
permite às crianças agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente 
humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo (BRASIL, 
1998). 
As maneiras de andar, correr, arremessar, saltar resultam das interações 
sociais e da relação dos homens com o meio; são movimentos cujos 
significados têm sido construídos em função das diferentes necessidades, 
interesses e possibilidades corporais humanas presentes nas diferentes 
culturas em diversas épocas da história. Esses movimentos incorporam-se aos 
comportamentos dos homens, constituindo-se assim numa cultura corporal. 
Dessa forma, diferentes manifestações dessa linguagem foram surgindo, 
como a dança, o jogo, as brincadeiras, as práticas esportivas etc., nas quais se 
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faz uso de diferentes gestos, posturas e expressões corporais com 
intencionalidade. 
Ao brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, as crianças também 
se apropriam do repertório da cultura corporal na qual estão inseridas. 
Nesse sentido, as instituições de educação infantil devem favorecer um 
ambiente físico e social onde as crianças se sintam protegidas e acolhidas, e 
ao mesmo tempo seguras para se arriscar e vencer desafios. Quanto mais rico 
e desafiador for esse ambiente, mais ele lhes possibilitará a ampliação de 
conhecimentos acerca de si mesmas, dos outros e do meio em que vivem 
(BRASIL, 1998). 
O trabalho com movimento contempla a multiplicidade de funções e 
manifestações do ato motor, propiciando um amplo desenvolvimento de 
aspectos específicos da motricidade das crianças, abrangendo uma reflexão 
acerca das posturas corporais implicadas nas atividades cotidianas, bem como 
atividades voltadas para a ampliação da cultura corporal de cada criança. 
Para tanto, os conteúdos a serem trabalhados devem contemplar a 
expressividade do movimento que engloba tanto as expressões e comunicação 
de ideias, sensações e sentimentos pessoais como as manifestações corporais 
que estão relacionadas com a cultura, como, por exemplo: 
 A dança que é uma das manifestações da cultura corporal dos diferentes 
grupos sociais que está intimamente associada ao desenvolvimento das 
capacidades expressivas das crianças. A aprendizagem da dança pelas 
crianças, porém, não pode estar determinada pela marcação e definição 
de coreografias pelos adultos. 
 Atividades como o banho e a massagem são oportunidades privilegiadas 
de explorar o próprio corpo, assim como de experimentar diferentes 
sensações, inclusive junto com outras crianças. 
 Brincadeiras que envolvam o canto e o movimento, simultaneamente, 
possibilitam a percepção rítmica, a identificação de segmentos do corpo 
e o contato físico. 
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 O espelho continua a se fazer necessário para a construção e afirmação 
da imagem corporal em brincadeiras nas quais meninos e meninas 
poderão se fantasiar, assumir papéis e se olharem. Nesse sentido, um 
conjunto de maquiagem, fantasias diversas, roupas velhas de adultos, 
sapatos, bijuterias e acessórios são ótimos materiais para o faz de conta 
nessa faixa etária. Com eles, e diante do espelho, a criança consegue 
perceber que sua imagem muda, sem que modifique a sua pessoa. 
As ações que compõem as brincadeiras envolvem aspectos ligados à 
coordenação do movimento e ao equilíbrio. Por exemplo, para saltar um 
obstáculo, as crianças precisam coordenar habilidades motoras como 
velocidade, flexibilidade e força, calculando a maneira mais adequada de 
conseguir seu objetivo (BRASIL, 1998). 
É importante possibilitar diferentes movimentos que aparecem em 
atividades como lutar, dançar, subir e descer de árvores ou obstáculos, jogar 
bola, rodar bambolê, etc. Essas experiências devem ser oferecidas sempre, 
com o cuidado de evitar enquadrar as crianças em modelos de comportamento 
estereotipados, associados ao gênero masculino e feminino, como, por 
exemplo, não deixar que as meninas joguem futebol ou que os meninos rodem 
bambolê. 
 
4.2 Música 
A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de 
expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da 
organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. 
A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas 
situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, 
políticas etc. Faz parte da educação desde há muito tempo, sendo que, já na 
Grécia antiga, era considerada como fundamental para a formação dos futuros 
cidadãos, ao lado da matemática e da filosofia (BRASIL, 1998). 
A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos ecognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social, 
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conferem caráter significativo à linguagem musical. É uma das formas 
importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no 
contexto da educação, de um modo geral, e na educação infantil, 
particularmente. 
A música está presente em diversas situações da vida humana. Existe 
música para adormecer, música para dançar, para chorar os mortos, para 
conclamar o povo a lutar, o que remonta à sua função ritualística. Presente na 
vida diária de alguns povos, ainda hoje é tocada e dançada por todos, seguindo 
costumes que respeitam as festividades e os momentos próprios a cada 
manifestação musical. Nesses contextos, as crianças entram em contato com a 
cultura musical desde muito cedo e assim começam a aprender suas tradições 
musicais (BRASIL, 1998). 
Compreende-se a música como linguagem e forma de conhecimento. 
Presente no cotidiano de modo intenso, no rádio, na TV, em gravações, jingles 
etc., por meio de brincadeiras e manifestações espontâneas ou pela 
intervenção do professor ou familiares, além de outras situações de convívio 
social, a linguagem musical tem estrutura e características próprias, devendo 
ser considerada como: 
 Produção — centrada na experimentação e na imitação, tendo como 
produtos musicais a interpretação, a improvisação e a composição; 
 Apreciação — percepção tanto dos sons e silêncios quanto das 
estruturas e organizações musicais, buscando desenvolver, por meio do 
prazer da escuta, a capacidade de observação, análise e 
reconhecimento; 
 Reflexão — sobre questões referentes à organização, criação, produtos 
e produtores musicais (BRASIL, 1998). 
O trabalho com música deve considerar, portanto, que ela é um meio de 
expressão e forma de conhecimento acessível aos bebês e crianças, inclusive 
aquelas que apresentem necessidades especiais. A linguagem musical é 
excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da 
autoestima, autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social. 
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A organização dos conteúdos para o trabalho na área de Música nas 
instituições de educação infantil deverá, acima de tudo, respeitar o nível de 
percepção e desenvolvimento (musical e global) das crianças em cada fase, 
bem como as diferenças socioculturais entre os grupos de crianças das muitas 
regiões do país. 
Os conteúdos deverão priorizar a possibilidade de desenvolver a 
comunicação e expressão por meio dessa linguagem. Serão trabalhados como 
conceitos em construção, organizados num processo contínuo e integrado que 
deve abranger: 
 A exploração de materiais e a escuta de obras musicais para propiciar o 
contato e experiências com a matéria-prima da linguagem musical: o 
som (e suas qualidades) e o silêncio; 
 A vivência da organização dos sons e silêncios em linguagem musical 
pelo fazer e pelo contato com obras diversas; 
 A reflexão sobre a música como produto cultural do ser humano é 
importante forma de conhecer e representar o mundo (BRASIL, 1998). 
 
4.3 Artes visuais 
As Artes Visuais expressam, comunicam e atribuem sentido a 
sensações, sentimentos, pensamentos e realidade por meio da organização de 
linhas, formas, pontos, tanto bidimensional como tridimensional, além de 
volume, espaço, cor e luz na pintura, no desenho, na escultura, na gravura, na 
arquitetura, nos brinquedos, bordados, entalhes etc. (BRASIL, 1998). 
O movimento, o equilíbrio, o ritmo, a harmonia, o contraste, a 
continuidade, a proximidade e a semelhança são atributos da criação artística. 
A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, intuitivos, estéticos e 
cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social, 
conferem caráter significativo às Artes Visuais. 
As Artes Visuais estão presentes no cotidiano da vida infantil. Ao 
rabiscar e desenhar no chão, na areia e nos muros, ao utilizar materiais 
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encontrados ao acaso (gravetos, pedras, carvão), ao pintar os objetos e até 
mesmo seu próprio corpo, a criança pode utilizar-se das Artes Visuais para 
expressar experiências sensíveis. 
Tal como a música, as Artes Visuais são linguagens e, portanto, uma 
das formas importantes de expressão e comunicação humanas, o que, por si 
só, justifica sua presença no contexto da educação, de um modo geral, e na 
educação infantil, particularmente (BRASIL, 1998). 
O trabalho com as Artes Visuais na educação infantil requer profunda 
atenção no que se refere ao respeito das peculiaridades e esquemas de 
conhecimento próprios à cada faixa etária e nível de desenvolvimento. Isso 
significa que o pensamento, a sensibilidade, a imaginação, a percepção, a 
intuição e a cognição da criança devem ser trabalhadas de forma integrada, 
visando a favorecer o desenvolvimento das capacidades criativas das crianças 
(BRASIL, 1998). 
No processo de aprendizagem em Artes Visuais a criança traça um 
percurso de criação e construção individual que envolve escolhas, experiências 
pessoais, aprendizagens, relação com a natureza, motivação interna e/ou 
externa. 
O percurso individual da criança pode ser significativamente enriquecido 
pela ação educativa intencional; porém, a criação artística é um ato exclusivo 
da criança. É no fazer artístico e no contato com os objetos de arte que parte 
significativa do conhecimento em Artes Visuais acontece. No decorrer desse 
processo, o prazer e o domínio do gesto e da visualidade evoluem para o 
prazer e o domínio do próprio fazer artístico, da simbolização e da leitura de 
imagens (BRASIL, 1998). 
O ponto de partida para o desenvolvimento estético e artístico é o ato 
simbólico que permite reconhecer que os objetos persistem, independentes de 
sua presença física e imediata. Operar no mundo dos símbolos é perceber e 
interpretar elementos que se referem a alguma coisa que está fora dos próprios 
objetos. Os símbolos reapresentam o mundo a partir das relações que a 
criança estabelece consigo mesma, com as outras pessoas, com a imaginação 
e com a cultura. 
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A instituição deve organizar sua prática em torno da aprendizagem em 
arte, garantindo oportunidades para que as crianças sejam capazes de: 
 Ampliar o conhecimento de mundo que possuem, manipulando 
diferentes objetos e materiais, explorando suas características, 
propriedades e possibilidades de manuseio e entrando em contato com 
formas diversas de expressão artística; 
 Utilizar diversos materiais gráficos e plásticos sobre diferentes 
superfícies para ampliar suas possibilidades de expressão e 
comunicação. 
Os conteúdos para trabalhar as Artes visuais estão organizados em dois 
blocos. O primeiro bloco se refere ao fazer artístico e o segundo trata da 
apreciação em Artes Visuais. 
A organização por blocos visa a oferecer visibilidade às especificidades 
da aprendizagem em artes, embora as crianças vivenciem esses conteúdos de 
maneira integrada. 
Para as crianças de 0 a 3 anos, o primeiro bloco – fazer artístico, os 
conteúdos estão assim divididos: 
 Exploração e manipulação de materiais, como lápis e pincéis de 
diferentes texturas e espessuras, brochas, carvão, carimbo etc.; de 
meios, como tintas, água, areia, terra, argila etc.; e de variados suportes 
gráficos, como jornal, papel, papelão, parede, chão, caixas, madeiras 
etc. 
 Exploração e reconhecimento de diferentes movimentos gestuais, 
visando a produção de marcas gráficas. Cuidado com o próprio corpo e dos colegas no contato com os suportes 
e materiais de artes. 
 Cuidado com os materiais e com os trabalhos e objetos produzidos 
individualmente ou em grupo. 
Para as crianças de 4 a 6 anos: 
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 Criação de desenhos, pinturas, colagens, modelagens a partir de seu 
próprio repertório e da utilização dos elementos da linguagem das Artes 
Visuais: ponto, linha, forma, cor, volume, espaço, textura etc. 
 Exploração e utilização de alguns procedimentos necessários para 
desenhar, pintar, modelar, etc. 
 Exploração e aprofundamento das possibilidades oferecidas pelos 
diversos materiais, instrumentos e suportes necessários para o fazer 
artístico. 
Para que as crianças possam criar suas produções, é preciso que o 
professor ofereça oportunidades diversas para que elas se familiarizem com 
alguns procedimentos ligados aos materiais utilizados, aos diversos tipos de 
suporte e para que possam refletir sobre os resultados obtidos. 
É aconselhável, portanto, que o trabalho seja organizado de forma a 
oferecer às crianças a possibilidade de contato, uso e exploração de materiais, 
como caixas, latinhas, diferentes papéis, papelões, copos plásticos, 
embalagens de produtos, pedaços de pano etc. É indicada a inclusão de 
materiais típicos das diferentes regiões brasileiras, pois além de serem mais 
acessíveis, possibilitam a exploração de referenciais regionais. 
O segundo eixo – apreciação em Artes Visuais contempla a observação 
e identificação de imagens diversas. 
No que diz respeito às leituras das imagens, deve-se eleger materiais 
que contemplem a maior diversidade possível e que sejam significativos para 
as crianças. É aconselhável que, por meio da apreciação, as crianças 
reconheçam e estabeleçam relações com o seu universo, podendo conter 
pessoas, animais, objetos específicos às culturas regionais, cenas familiares, 
cores, formas, linhas etc. Entretanto, imagens abstratas ou renascentistas, por 
exemplo, também podem ser mostradas para as crianças. Nesses casos, há 
que se observar o sentido narrativo que elas atribuem a essas imagens e 
considerá-lo como parte do processo de construção da leitura de imagens. É 
aconselhável que as crianças realizem uma observação livre das imagens e 
que possam tecer os comentários que quiserem, de tal forma que todo o grupo 
participe. O professor pode atuar como um provocador da apreciação e leitura 
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da imagem. Nesses casos o professor deve acolher e socializar as falas das 
crianças (BRASIL, 1998). 
 
4.4 Linguagem oral e escrita 
A aprendizagem da linguagem oral e escrita é um dos elementos mais 
importantes para as crianças ampliarem suas possibilidades de inserção e de 
participação nas diversas práticas sociais. 
O trabalho com a linguagem se constitui um dos eixos básicos na 
educação infantil, dada sua importância para: 
a) A formação do sujeito; 
b) Para a interação com as outras pessoas; 
c) Na orientação das ações das crianças; 
d) Na construção de muitos conhecimentos e, 
e) No desenvolvimento do pensamento. 
Aprender uma língua não é somente aprender as palavras, mas também 
os seus significados culturais, e, com eles, os modos pelos quais as pessoas 
do seu meio sociocultural entendem, interpretam e representam a realidade 
(BRASIL, 1998). 
A educação infantil, ao promover experiências significativas de 
aprendizagem da língua, por meio de um trabalho com a linguagem oral e 
escrita, se constitui em um dos espaços de ampliação das capacidades de 
comunicação e expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças. Essa 
ampliação está relacionada ao desenvolvimento gradativo das capacidades 
associadas às quatro competências linguísticas básicas: falar, escutar, ler e 
escrever. 
As instituições e profissionais de educação infantil deverão organizar sua 
prática de forma a promover as seguintes capacidades nas crianças: 
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 Participar de variadas situações de comunicação oral, para interagir e 
expressar desejos, necessidades e sentimentos por meio da linguagem 
oral, contando suas vivências; 
 Interessar-se pela leitura de histórias; 
 Familiarizar-se aos poucos com a escrita por meio da participação em 
situações nas quais ela se faz necessária e do contato cotidiano com 
livros, revistas, histórias em quadrinhos etc. 
Os objetivos estabelecidos para a faixa etária de zero a três anos 
deverão ser aprofundados e ampliados, promovendo-se, ainda, as seguintes 
capacidades nas crianças de quatro a seis anos: 
 Ampliar gradativamente suas possibilidades de comunicação e 
expressão, interessando-se por conhecer vários gêneros orais e escritos 
e participando de diversas situações de intercâmbio social nas quais 
possa contar suas vivências, ouvir as de outras pessoas, elaborar e 
responder perguntas; 
 Familiarizar-se com a escrita por meio do manuseio de livros, revistas e 
outros portadores de texto e da vivência de diversas situações nas quais 
seu uso se faça necessário; 
 Escutar textos lidos, apreciando a leitura feita pelo professor; 
 Interessar-se por escrever palavras e textos ainda que não de forma 
convencional; 
 Reconhecer seu nome escrito, sabendo identificá-lo nas diversas 
situações do cotidiano; 
 Escolher os livros para ler e apreciar. 
A oralidade, a leitura e a escrita devem ser trabalhadas de forma 
integrada e complementar, potencializando-se os diferentes aspectos que cada 
uma dessas linguagens solicita das crianças (BRASIL, 1998). 
É importante que o professor converse com bebês e crianças, ajudando-
os a se expressarem, apresentando-lhes diversas formas de comunicar o que 
desejam, sentem, necessitam, etc. Nessas interações, é importante que o 
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adulto utilize a sua fala de forma clara, sem infantilizações e sem imitar o jeito 
de a criança falar. 
A ampliação da capacidade das crianças de utilizar a fala de forma cada 
vez mais competente em diferentes contextos se dá na medida em que elas 
vivenciam experiências diversificadas e ricas envolvendo os diversos usos 
possíveis da linguagem oral. Portanto, eleger a linguagem oral como conteúdo 
exige o planejamento da ação pedagógica de forma a criar situações de fala, 
escuta e compreensão da linguagem (BRASIL, 1998). 
Cabe ao professor, atento e interessado, auxiliar na construção conjunta 
das falas das crianças para torná-las mais completas e complexas. Ouvir 
atentamente o que a criança diz para ter certeza de que entendeu o que ela 
falou, podendo checar com ela, por meio de perguntas ou repetições, se 
entendeu mesmo o que ela quis dizer, ajudará a continuidade da conversa. 
Para as crianças muito pequenas uma palavra, como “água”, pode ser 
significada pelo adulto, dependendo da situação, como: “Ah! Você quer água?”, 
ou “Você derrubou água no chão”. Os professores podem funcionar como 
apoio ao desenvolvimento verbal das crianças, sempre buscando trabalhar com 
a interlocução e a comunicação efetiva entre os participantes da conversa 
(BRASIL, 1998). 
Na instituição de educação infantil, as crianças podem aprender a 
escrever produzindo oralmente textos com destino escrito. Nessas situações o 
professor é o escriba. A criança também aprende a escrever, fazendo-o da 
forma como sabe, escrevendo de próprio punho. 
Em ambos os casos, é necessário ter acesso à diversidade de textos 
escritos, testemunhar a utilização que se faz da escrita em diferentes 
circunstâncias, considerandoas condições nas quais é produzida: para que, 
para quem, onde e como (BRASIL, 1998). 
O trabalho com produção de textos deve se constituir em uma prática 
continuada, na qual se reproduz contextos cotidianos em que escrever tem 
sentido. Deve-se buscar a maior similaridade possível com as práticas de uso 
social, como escrever para não esquecer alguma informação, escrever para 
enviar uma mensagem a um destinatário ausente, escrever para que a 
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mensagem atinja um grande número de pessoas, escrever para identificar um 
objeto ou uma produção, etc. 
O tratamento que se dá à escrita na instituição de educação infantil pode 
ter como base a oralidade para ensinar a linguagem que se usa para escrever. 
Ditar um texto para o professor, para outra criança ou para ser gravado em fita 
cassete é uma forma de viabilizar a produção de textos antes de as crianças 
saberem grafa-los. É em atividades desse tipo que elas começam a participar 
de um processo de produção de texto escrito, construindo conhecimento sobre 
essa linguagem, antes mesmo que saibam escrever autonomamente (BRASIL, 
1998). 
 
4.5 Natureza e sociedade 
O eixo de trabalho denominado Natureza e Sociedade reúne temas 
pertinentes ao mundo social e natural. A intenção é que o trabalho ocorra de 
forma integrada, ao mesmo tempo em que são respeitadas as especificidades 
das fontes, abordagens e enfoques advindos dos diferentes campos das 
Ciências Humanas e Naturais (BRASIL, 1998). 
Dada a grande diversidade de temas que este eixo oferece, é preciso 
estruturar o trabalho de forma a escolher os assuntos mais relevantes para as 
crianças e o seu grupo social. 
As crianças devem, desde pequenas, ser instigadas a: 
 Observar fenômenos; 
 Relatar acontecimentos; 
 Formular hipóteses; 
 Prever resultados para experimentos; 
 Conhecer diferentes contextos históricos e sociais; 
 Tentar localizá-los no espaço e no tempo. 
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Podem também trocar ideias e informações, debatê-las, confrontá-las, 
distingui-las e representá-las, aprendendo, aos poucos, como se produz um 
conhecimento novo ou por que as ideias mudam ou permanecem. 
Contudo, o professor precisa ter claro que esses domínios e 
conhecimentos não se consolidam nesta etapa educacional. São construídos, 
gradativamente, na medida em que as crianças desenvolvem atitudes de 
curiosidade, de crítica, de refutação e de reformulação de explicações para a 
pluralidade e diversidade de fenômenos e acontecimentos do mundo social e 
natural (BRASIL, 1998). 
Os conteúdos deverão ser selecionados em função dos seguintes 
critérios: 
 Relevância social e vínculo com as práticas sociais significativas; 
 Grau de significado para a criança; 
 Possibilidade que oferecem de construção de uma visão de mundo 
integrada e relacional; 
 Possibilidade de ampliação do repertório de conhecimentos a respeito 
do mundo social e natural. 
Propõe-se que os conteúdos sejam trabalhados junto às crianças, 
prioritariamente, na forma de projetos que integrem diversas dimensões do 
mundo social e natural, em função da diversidade de escolhas possibilitada por 
este eixo de trabalho (BRASIL, 1998). 
Como orientação didática, a observação e a exploração do meio 
constituem-se duas das principais possibilidades de aprendizagem das 
crianças desta faixa etária. É dessa forma que poderão, gradualmente, 
construir as primeiras noções a respeito das pessoas, do seu grupo social e 
das relações humanas. A interação com adultos e crianças de diferentes 
idades, as brincadeiras nas suas mais diferentes formas, a exploração do 
espaço, o contato com a natureza, se constituem em experiências necessárias 
para o desenvolvimento e aprendizagem infantis. 
 
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4.6 Matemática 
As crianças, desde o nascimento, estão imersas em um universo do qual 
os conhecimentos matemáticos são parte integrante. As crianças participam de 
uma série de situações envolvendo números, relações entre quantidades, 
noções sobre espaço. Utilizando recursos próprios e pouco convencionais, elas 
recorrem a contagem e operações para resolver problemas cotidianos, como 
conferir figurinhas, marcar e controlar os pontos de um jogo, repartir as balas 
entre os amigos, mostrar com os dedos a idade, manipular o dinheiro e operar 
com ele etc. 
Também observam e atuam no espaço ao seu redor e, aos poucos, vão 
organizando seus deslocamentos, descobrindo caminhos, estabelecendo 
sistemas de referência, identificando posições e comparando distâncias. 
Essa vivência inicial favorece a elaboração de conhecimentos 
matemáticos. Fazer matemática é expor ideias próprias, escutar as dos outros, 
formular e comunicar procedimentos de resolução de problemas, confrontar, 
argumentar e procurar validar seu ponto de vista, antecipar resultados de 
experiências não realizadas, aceitar erros, buscar dados que faltam para 
resolver problemas, entre outras coisas. Dessa forma as crianças poderão 
tomar decisões, agindo como produtoras de conhecimento e não apenas 
executoras de instruções. Portanto, o trabalho com a Matemática pode 
contribuir para a formação de cidadãos autônomos, capazes de pensar por 
conta própria, sabendo resolver problemas (BRASIL, 1998). 
Nessa perspectiva, a instituição de educação infantil pode ajudar as 
crianças a organizarem melhor as suas informações e estratégias, bem como 
proporcionar condições para a aquisição de novos conhecimentos 
matemáticos. 
O trabalho com noções matemáticas na educação infantil atende, por um 
lado, às necessidades das próprias crianças de construírem conhecimentos 
que incidam nos mais variados domínios do pensamento; por outro, 
corresponde a uma necessidade social de instrumentalizá-las melhor para 
viver, participar e compreender um mundo que exige diferentes conhecimentos 
e habilidades. 
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A abordagem da Matemática na educação infantil tem como finalidade 
proporcionar oportunidades para que as crianças desenvolvam a capacidade 
de estabelecer aproximações a algumas noções matemáticas presentes no seu 
cotidiano, como contagem, relações espaciais etc. 
Para as crianças de quatro a seis anos o objetivo é aprofundar e ampliar 
o trabalho para a faixa etária de zero a três, garantindo, ainda, oportunidades 
para que sejam capazes de: 
 Reconhecer e valorizar os números, as operações numéricas, as 
contagens orais e as noções espaciais como ferramentas necessárias 
no seu cotidiano; 
 Comunicar ideias matemáticas, hipóteses, processos utilizados e 
resultados encontrados em situações-problema relativas a quantidades, 
espaço físico e medida, utilizando a linguagem oral e a linguagem 
matemática; 
 Ter confiança em suas próprias estratégias e na sua capacidade para 
lidar com situações matemáticas novas, utilizando seus conhecimentos 
prévios (BRASIL, 1998). 
Às noções matemáticas abordadas na educação infantil correspondem 
uma variedade de brincadeiras e jogos, principalmente aqueles classificados 
como de construção e de regras (disponibilizamos uma apostila especifica para 
discorrer sobre os jogos e brincadeiras) 
Pelo seu caráter coletivo, os jogos e as brincadeiras permitem que o 
grupo se estruture, que as crianças estabeleçam relações ricas de troca, 
aprendam a esperar sua vez, acostumem-se a lidar com regras, 
conscientizando-se que podem ganhar ou perder. 
 
 
 
 
 
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