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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM TRAÇÃO TRAÇÃO A tração é um recurso muito utilizado no tratamento ortopédico e traumatológico, baseia-se no uso de forças. O QUE É FORÇA? FORÇA= ações mútuas trocadas por dois corpos.Grandeza vetorial e para determina- la é necessário conhecer sua intensidade, direção e sentido. Força tração. O QUE É TRAÇÃO? TRAÇÃO – é uma força que se aplica a um membro com o objetivo de restabelecer o comprimento e alinhamento, corrigindo deformidades e manter imóvel o foco da fratura. Pode ser utilizada por curto ou longo (semanas, meses) espaço de tempo. MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA A INSTALAÇÃO DE UMA TRAÇÃO: Cama com quadro balcânico Roldanas Cotovelos Goteira de Braun Barras Suportes de pesos Pesos Tábuas quadrangulares Atadura de algodão ortopédico Atadura de crepe PRINCÍPIOS BÁSICOS AO INSTALAR UMA TRAÇÃO: Promover sempre contratração; MMSS: leito na horizontal MMII: leito em trendelemburg Halo craniano: leito em proclive Manter os pesos livres de atrito Conservar sempre o alinhamento da tração Manter o membro tracionado afastado das grades do leito Não retirar os pesos sem ordem médica, principalmente durante os cuidados de higiene. INDICAÇÃO: Transportar pacientes em emergências – alívio da dor Reduzir fraturas Reduzir e imobilizar fraturas até consolidação Corrigir e prevenir deformidades Aliviar contraturas musculares (joelho, quadril). luxações Tratamento Algumas afecções da coluna vertebral TIPOS DE TRAÇÃO Manual Cutânea Esquelética TRAÇÃO MANUAL Aplicação da força por meio de manobras. Utilizada para: Redução de fraturas incruentas (internas – sem sangue) Passagem de fios no procedimento da tração transesquelética Transporte de pacientes – maca /cama e cama/maca Redução de fraturas para instalação de tração cutânea. TRAÇÃO CUTÂNEA É aplicação de força de maneira indireta sobre o osso, por meio do uso de adesivos sobre a pele. Utilizado em crianças ou em caráter temporário, pode ser esparadrapo ou espuma auto adesiva. TRÊS REGRAS BÁSICAS PARA INSTALAR A TRAÇÃO: Ter em mente os princípios básicos; Instalar a tração respeitando a prescrição médica; Manter o carrinho de tração sempre em ordem. MATERIAL BÁSICO Algodão, adesivo, atadura de crepe, tábuas de orifício central, corda de nylon, tesoura, suporte de pesos, barras, quadro balcânico, colete de contenção (sn). TRAÇÃO CUTÂNEA DE MMII Orientar o paciente quanto ao procedimento; Transportar o carrinho de tração próximo ao paciente; Fazer tricotomia s/n; Fazer em no mínimo duas pessoas; Tracionar manualmente pelo pé o membro lesionado durante a instalação. Tração ao Zênite ou Bryant Utilizado em fraturas de diáfise do fêmur, em criança até quatro anos de idade. Após a instalação, os membros inferiores são tracionados ao Zênite de forma que a região glútea fique suspensa, não apoiando na cama, promovendo assim a contratração e garantindo um bom alinhamento dos fragmentos. Tração de Russell Utilizada para qualquer tratamento próximo do quadril ou região trocantérica. É muito utilizada no tratamento tardio de crianças portadoras de luxação de quadril (LCQ). Tração cutânea de MMSS Obedece aos principio dos MMII. Utilizado em fraturas de diáfise umeral, fraturas e luxação de ombro.Lembrando que para tração de MMSS o leito deverá ficar na posição horizontal. TRAÇÃO TRANSESQUELÉTICA A força é aplicada diretamente ao osso por meio de um fio metálico. Suporta maior quantidade de peso. Craniana Redução e imobilização das fraturas e luxações da coluna cervical. A tração é aplicada por meio de aparelhos instalados na calota craniana. Pode ser do tipo Crutchfield e/ou halo craniano. A posição deverá ser em proclive e colchão deverá ser 20cm menor que o estrado da cama. Os ombros do paciente devem ser apoiados no limite superior do colchão de modo a deixar livre a região cervical. A colocação da tração é efetuada logo após a instalação do halo craniano, aumentando 3 kg ao dia até 30 a 50% do peso do paciente, dependendo da tolerância da graduação de peso. Tração transesquelética de MMII Pode ser colocada em vários locais do membro inferior, sendo instalada conforme prescrição médica. O material necessário para a sua instalação: Perfurador manual ou elétrico; Fios de Kirschner; Cortador de fio; Campo cirúrgico fenestrado; Bisturi com lamina. Material para anestesia local agulha, seringas, anestésico sem vaso constritor e bolas de algodão com álcool; Luva estéril; Material para tricotomia e assepsia; Atadura de crepe; Cama com quadro balcânico, posicionado em trendelemburg. Tração supracondileana femoral É instalada em fraturas do terço proximal do fêmur, lesão traumática e inflamatória do quadril e bacia. Tração tibial superior É indicada, freqüentemente, em algumas lesões traumáticas do fêmur, joelho e quadril e em alguns casos de infecção do quadril e joelho. Tração tibial inferior Este tipo de tração é utilizado normalmente em fraturas de tíbia. Tração calcânea É indicada em lesões traumáticas do joelho, fratura dos ossos da perna e tornozelo e fraturas do calcâneo. Pode ser associada à tração tibial superior na correção da deformidade em flexão do joelho. Tração tibial dupla É usadas para o alinhamento da tíbia em fraturas cominutivas e instáveis do terço médio e aquelas associadas com lesão extensa de partes moles. Tração de Thomas Pearson Neste tipo de tração é necessárias a férula de Thomas, com aparelhagem de Pearson, para permitir a flexão do joelho. É utilizada no tratamento conservador de fraturas da diáfise do fêmur, em que o paciente permanecerá na tração por meses. Tração 90º - 90º É utilizada no tratamento conservador das fraturas da diáfise do fêmur em crianças. É uma tração simples, porem efetiva. O quadril e o joelho fletidos promovem um relaxamento muscular e facilita o alinhamento. Tração Transesquelética do Membro superior (olecraniana) É a colocação do fio de Kirschner no olecrano para tratamento de fraturas do úmero. COMPLICAÇÕES: Comprometimento neurovascular: na tração cutânea, a causa pode ser o enfaixamento muito apertado; e na transesquelética, por um acidente na passagem do fio metálico. Pode ser detectado por queixas de formigamento, diminuição da sensibilidade e motricidade, perfusão periférica diminuída, cianose e edema de extremidades. Flictenas e alergias: podem ser causadas pelo adesivo, ao fazer a remoção do adesivo poderá conter áreas hiperemiadas ou com “bolhas” (flictenas). Inflamação ou infecção na inserção do fio metálico: o local deve ser observado diariamente e detectado precocemente sinais de inflamação ou aparecimento de sinais infecciosos (febre, odor e presença de exsudato purulento). Úlcera de Pressão / embolia gordurosa / TVP CUIDADOS DE ENFERMAGEM: Antes da aplicação da tração: Fazer a manutenção de equipamentos e previsão de materiais específicos ao procedimento; Manter o carrinho de tração sempre abastecido e organizado; Dar orientação ao paciente sobe o procedimento, pois, o material pode provocar pânico; Fazer tricotomia quando necessário; Instalar a tração segundo os princípios já descritos; Deixar previamente o leito na posição para promover a contratração. Após a instalação da tração: A transferência do paciente da maca para a cama deve ser feita pelo lado não afetado e se estiver em condições, ele poderá auxiliar; Instalar a tração conforme prescrição médica e peso indicado; A corda de nylon e pesos devem ser fixados de maneira firme e segura, reforçando-se o nó com tiras de esparadrapo; Ter sempre em mente os princípios básicos na instalação da tração; Atender as necessidades básicas do paciente, fazendo com que participe dos cuidados no que lhe é possível; Deixar a mesa de cabeceira próxima ao paciente, estimulando o autocuidado; Não retirar os pesos em hipótese alguma durante os cuidados de higiene para que não ocorra destruição do calo ósseo e espasmo muscular; Observar continuamente o posicionamento do paciente no leito (alinhamento da tração e eficácia da contratração); Nas trações cutâneas, examinar com atenção e diariamente a pele e detectar o aparecimento de flictenas; Instalar colchão de ar especial para prevenção de ulcera de pressão; Orientar o paciente para fletir o membro não comprometido sobre a cama e elevando o quadril para a colocação da comadre; Realizar banho de leito sem retirar os pesos, trocando a roupa de cama de cima para baixo; Observar padrão respiratório, estimulando a tosse, expectoração, inspiração profunda, ingestão hídrica e movimentação ativa no leito; Estimular flexão e extensão das articulações, para manutenção do tônus muscular e estimular a circulação; Observar rigorosamente retorno venoso – pulso, queixas de formigamento, alteração da sensibilidade, edema; Nas trações transesquelética observar qualquer sinal de inflamação e/ou infecção, fazendo curativo no local; Em pacientes com tração esquelética craniana, a mobilização deve ser feita por três pessoas – a primeira responsável pelo alinhamento e mobilização da coluna; a segunda fará a movimentação propriamente dita, a terceira fará os cuidados necessários; Manter roupas de cama limpas, secas e bem esticadas. ORIENTAÇÃO DE ALTA Dificilmente o paciente receberá alta hospitalar com tração. Se a tração for utilizada na própria residência do paciente é necessário orientar o paciente e a família do mesmo.