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DEONTOLOGIA JURÍDICA Aula 04 – SOCIEDADE DE ADVOGADOS Professor Fabio Pereira Professor Marcelo Resende EMENTA 1. Conceito 2. Constituição de sociedade simples de advogados 3. Constituição de sociedade unipessoal de advocacia 4. Denominação 5. Atuação profissional SOCIEDADE DE ADVOGADOS Sociedade: agrupamento de seres que convivem em estado gregário e em colaboração mútua. Sociedade empresarial: O artigo 981 do Código Civil apresenta o conceito de sociedade: “Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados”. CONCEITO DE SOCIEDADE Sociedade de Advogados: EAOAB (Lei 8906/94), art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no regulamento geral. CONCEITO Para qualquer sociedade adquirir personalidade jurídica, há de ser feito o registro (CC, art. 45 e 985) de seus atos constitutivos em um órgão competente (vide Princípio da Autonomia Patrimonial – CC, art. 49-A incluído pela Lei nº 13.874, de 2019). CONSTITUIÇÃO CONSTITUIÇÃO CC, art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. CC, art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou administradores (Incluído pela Lei nº 13.874/2019). Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos. CC, art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150). Em relação as sociedades simples (CC, art. 997) a regra é efetuar o registro no Registro Civil de Pessoas Jurídicas como determina os artigos 985 e 1150 do Código Civil. CC, art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária. CONSTITUIÇÃO Em relação à sociedade de advogados, esta adquire personalidade jurídica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB (EAOAB, art. 15, § 1º; e, RGOAB, art. 37), em cuja base territorial tiver sede, seja esta uma sociedade simples ou uma sociedade unipessoal de advocacia, sendo proibido o registro nos cartórios de registro civil de pessoas jurídicas e nas juntas comerciais (EAOAB, art. 16, § 3º). CONSTITUIÇÃO EAOAB, art. 15, § 1o A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de advocacia adquirem personalidade jurídica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede. EAOAB, art. 15, § 5º O ato de constituição de filial deve ser averbado no registro da sociedade e arquivado no Conselho Seccional onde se instalar, ficando os sócios, inclusive o titular da sociedade unipessoal de advocacia, obrigados à inscrição suplementar. CONSTITUIÇÃO Prevê o Estatuto que não são admitidas a registro, e nem podem funcionar, as sociedades simples de advogados ou sociedades unipessoais de advocacia que apresentem formas ou características mercantis, que adotem denominação fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam sócios não inscritos no quadro de advogados da OAB ou que estejam totalmente proibidos de advogar (EAOAB, art. 16, caput). CONSTITUIÇÃO CONSTITUIÇÃO Art. 16. Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies de sociedades de advogados que apresentem forma ou características de sociedade empresária, que adotem denominação de fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam como sócio ou titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa não inscrita como advogado ou totalmente proibida de advogar. § 3º É proibido o registro, nos cartórios de registro civil de pessoas jurídicas e nas juntas comerciais, de sociedade que inclua, entre outras finalidades, a atividade de advocacia. DENOMINAÇÃO No contrato social, que será registrado no Conselho Seccional da OAB, deve constar a denominação (razão social) da sociedade. No entanto, existem regras a serem seguidas para que o registro seja aprovado. Conforme dito, não se admite o uso do nome fantasia (por exemplo, “Justa Causa, advogados”. Tampouco se permite a utilização do nome de algum advogado renomado já falecido (“Escritório de Advocacia Ruy Barbosa” ou “Evandro Lins e Silva, advogados associados”). Quando se tratar de uma sociedade simples de advocacia, a denominação adequada deve trazer o nome de, pelo menos, um advogado responsável pela sociedade (RGOAB, art. 38), acompanhado de uma expressão que indique a finalidade do escritório. Assim, se três advogados – Pedro Meira Júnior, Ana Cristina Secioso de Sá Pereira e Carlos Henrique Afonso Dias – resolvem constituir uma sociedade simples de advogados, poderão ser colocadas, entre outras, as seguintes denominações: “Meira e advogados”; “Ana Cristina Secioso de Sá Pereira, advocacia”; “Escritório de Advocacia Carlos Dias”; “Escritório Jurídico Meira, Secioso e Dias”. Não importa se a expressão indicadora da finalidade vem antes ou depois do nome do advogado. DENOMINAÇÃO O Regulamento Geral permite o uso do nome abreviado do advogado (art. 38), o que não significa que serão utilizadas siglas com as iniciais de cada parte do seu nome completo. Apenas para melhor ilustração, o nome completo de uma pessoa é formado por um prenome mais um sobrenome, podendo, ainda, ter um agnome. O prenome pode ser simples (p. ex., Pedro, Fabiana, Rafael) ou composto (Pedro Henrique Tiago, Ana Cristina), do mesmo modo que pode ser o sobrenome (Vidal, sobrenome simples; Meira Matos, sobrenome composto). O agnome existe quando houver nomes iguais na mesma família, justamente, para que possa ser feita a distinção: Júnior, Neto, Sobrinho, Filho. Então, quando o Regulamento Geral disse “nome abreviado”, quis dizer, qualquer parte do nome. Por autorização do Provimento nº 112/06, pode ser utilizado o símbolo “&” na denominação da sociedade de advogados (Meira & Dias Sociedade de Advogados S/S – por exemplo). Em caso de falecimento de um dos sócios, cujo nome é utilizado na denominação da sociedade simples de advogados, o Estatuto determina que a permanência do nome é condicionada à previsão no contrato social (EAOAB, art. 16, §1º, in fine; e, RGOAB, art. 38). Art. 16. (...) § 1º A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome de, pelo menos, um advogado responsável pela sociedade, podendo permanecer o de sócio falecido, desde que prevista tal possibilidade no ato constitutivo. § 4o A denominação da sociedade unipessoal de advocacia deve ser obrigatoriamente formada pelo nome do seu titular, completo ou parcial, com a expressão ‘Sociedade Individual de Advocacia’. DENOMINAÇÃO ATUAÇÃO PROFISSIONAL Os mandamentos do Código de Ética e Disciplina são aplicados às sociedades simples de advogados ou às sociedades unipessoais de advocacia, no que couber (EAOAB, art. 15, § 2º). Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, constituir mais de uma sociedade unipessoal de advocacia, ou integrar, simultaneamente, uma sociedade de advogados e uma sociedade unipessoal de advocacia, com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo Conselho Seccional (EAOAB, art. 15, § 4º). Dessa forma, se um advogado já é sócio de um escritório deadvocacia no Estado do Rio de Janeiro, não poderá integrar, como sócio, nenhuma outra sociedade simples de advogados nem constituir uma sociedade unipessoal de advogados neste Estado. Poderá, todavia, ser sócio de outra sociedade de advogados (simples ou unipessoal) no Estado de Minas Gerais, por exemplo. ATUAÇÃO PROFISSIONAL Já na hipótese de constituição de filial em outro estado, o ato de constituição deve ser averbado no registro da sociedade e arquivado no Conselho Seccional onde se fixar, ficando os sócios obrigados à inscrição suplementar. Essa obrigação também é exigida para o titular da sociedade unipessoal de advocacia (art. 15, § 5º, do EAOAB). Os sócios de uma mesma sociedade simples de advogados não podem representar em juízo clientes com interesses opostos (Vide tergiversação – EAOAB, art. 15, § 6º; CED, arts. 19 e 20; e, CP, art. 355, p. único). Patrocínio infiel Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Patrocínio simultâneo ou tergiversação Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. ATUAÇÃO PROFISSIONAL As procurações passadas aos advogados devem ser outorgadas individualmente aos profissionais, mencionando a sociedade de que façam parte. As atividades de advocacia são exercidas pelos próprios advogados, ainda que os honorários se revertam à sociedade. No entanto, podem ser praticados pela sociedade, com o uso da razão social, os atos indispensáveis às suas finalidades, que não sejam privativos de advogado. ATUAÇÃO PROFISSIONAL ATUAÇÃO PROFISSIONAL A sociedade simples de advogados pode contemplar qualquer tipo de administração social, sendo permitida a existência de sócios gerentes, com indicação dos poderes atribuídos (art. 41 do Regulamento Geral). Por fim, no que diz respeito à responsabilidade civil, os advogados sócios, o titular da sociedade individual de advocacia e os advogados associados respondem subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados diretamente ao cliente, por dolo ou culpa, por ação ou omissão, no exercício da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar e penal em que possam incorrer (art. 17 do EAOAB, com a redação dada pela Lei 13.247/16, combinado com o art. 40 do Regulamento Geral). ATUAÇÃO PROFISSIONAL Art. 15 (...) § 2o Aplica-se à sociedade de advogados e à sociedade unipessoal de advocacia o Código de Ética e Disciplina, no que couber. § 3º As procurações devem ser outorgadas individualmente aos advogados e indicar a sociedade de que façam parte. § 5o O ato de constituição de filial deve ser averbado no registro da sociedade e arquivado no Conselho Seccional onde se instalar, ficando os sócios, inclusive o titular da sociedade unipessoal de advocacia, obrigados à inscrição suplementar. § 6º Os advogados sócios de uma mesma sociedade profissional não podem representar em juízo clientes de interesses opostos. ATUAÇÃO PROFISSIONAL Art. 16 (...) § 2º O licenciamento do sócio para exercer atividade incompatível com a advocacia em caráter temporário deve ser averbado no registro da sociedade, não alterando sua constituição. Art. 17. Além da sociedade, o sócio e o titular da sociedade individual de advocacia respondem subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados aos clientes por ação ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar em que possam incorrer. REFERÊNCIAS: • VÁZQUEZ, Adolfo Sanchez. Ética. 21ª ed. Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro: 2001. • BITTAR, Eduardo C. B. Curso de Ética Jurídica: ética geral e profissional. 13.ed. São Paulo: Saraiva, 2016. • MAMEDE, Gladston. A Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil. 6ed. São Paulo: Atlas, 2014. • VAZ, Henrique Cláudio de Lima. Ética e Direito. São Paulo: Loyola, 2002. • Lei 8.906/94 – Estatuto da Advocacia e da OAB.
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