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Emendatio e Mutatio Libelli no Direito Brasileiro

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EMENDATIO E MUTATIO LIBELLI NO DIREITO BRASILEIRO 
Ab initio, importante salientar que o texto utilizado como referência para a realização desta resenha crítica traz aspectos importantes  dentro do nosso ordenamento jurídico, e, principalmente nos posicionamentos doutrinários e jurisprudenciais, discussões sobre problemas na identificação de supostas violações ao sistema acusatório, de questões relacionadas a contraditório e ampla defesa não totalmente satisfeitos, em se tratando dos institutos da emendatio e mutatio libelli.
Importante também, tecer breves considerações pontuais. 
Primeiramente cabe pontuar que historicamente, ocorreu uma reforma em 2008, ocorrida nos arts 383 e 384 do CPP, que dizem respeito a emendatio e a mutatio respectivamente. 
O sistema processual brasileiro é acusatório, apesar de não ser puro, sendo que o advento da Constituição de 1988 caminhou ainda mais nessa direção. Ao separar o enfoque constitucional e processual é possível perceber nuances e particularidades em nosso sistema, em especial quando a questão é colocada sob o prisma do princípio da Correlação. 
Estabelecer os limites objetivos para a acusação e defesa é tarefa árdua, sendo o princípip
Ad argumentandum tantum, no nosso processo penal, a petição acusatória deve descrever com precisão o fato delituoso. Essa afirmação desdobra-se do princípio da ampla defesa que se irradia no processo, exigindo uma imputação objetiva, clara e precisa. Dela o acusado terá prévio conhecimento, para que eventualmente, possa contrapor os seus argumentos diante dos fatos narrados. Dessa concepção surge o princípio da correlação, também conhecido como princípio da congruência da condenação com a imputação, segundo o qual deve haver uma estrita correspondência entre o fato descrito na denúncia ou queixa e o fato pelo qual o acusado é condenado. 
Aury Lopes Júnior também é favorável a esse entendimento ao afirmar que, infelizmente, o senso comum teórico segue afirmando que o réu se defende dos fatos, de modo que a emendatio libelli seria uma mera correção do tipo penal descrito na acusação, podendo o juiz fazer uso do art. 383 sem qualquer preocupação. Para o autor, tal postura peca pelo reducionismo, numa visão simplista do processo penal, incompatível com a Constituição Federal. Para ele, é elementar que o réu se defende dos fatos, mas incumbe também ao defensor debruçar-se sobre os limites semânticos do tipo, possíveis causas de exclusão da tipicidade, ilicitude e culpabilidade e em toda a complexidade que envolve o injusto penal, não apenas dedicando-se à análise fática (8).
Ora, quando o juiz modifica o tipo penal, mesmo sem alterar os fatos descritos na acusação, ele surpreende a defesa com nova definição jurídica para o crime, trazendo prejuízo para o acusado. Por isso, havendo qualquer mudança na acusação, em qualquer circunstância, deve ser determinada intimação para que a defesa se manifeste sobre a mudança, evitando-se o cometimento de nulidades por ofensa ao princípio da ampla defesa.
A premissa de que o réu se defende dos fatos é falsa e, partindo-se de uma premissa falsa, falsa é a conclusão do discurso doutrinário tradicional. A emendatio libelli, da forma como está proposta, não se compatibiliza com os princípios da amplitude de defesa e contraditório, violando, sobremaneira, a Constituição Federal de 1988.
 Existem dentro do nosso ordenamento jurídico, e, principalmente nos posicionamentos doutrinários e jurisprudenciais, discussões sobre problemas na identificação ainda de supostas violações ao sistema acusatório, de questões relacionadas a contraditório e ampla defesa não totalmente satisfeitos, em se tratando dos institutos da emendatio e mutatio libelli.
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