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DIREITO CIVIL SUCESSÃO LEGÍTIMA. SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA E DISPOSIÇÕES DE ÚLTIMA VONTADE Livro Eletrônico DICLER FORESTIERI Ex-Auditor-Fiscal do Estado da Paraíba, Ex- Auditor-Fiscal de Tributos do Município de São Paulo e atual Conselheiro Substituto do TCM-RJ (aprovado em 2º lugar). Também foi aprovado nos concursos de Auditor-Fiscal do Estado do Rio Grande do Sul e Conselheiro Substituto do TCE- AM. Ministra aulas das disciplinas Direito Civil, Direito Penal e Legislação Tributária Municipal. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 3 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Direito das Sucessões .................................................................................4 Introdução ................................................................................................4 1. Sucessão em geral ..................................................................................5 2. Sucessão legítima .................................................................................21 3. Sucessão testamentária .........................................................................38 Questões de Concurso ...............................................................................72 Gabarito ..................................................................................................82 Gabarito Comentado .................................................................................83 Questões de Concurso ............................................................................. 103 Gabarito ................................................................................................ 109 Gabarito Comentado ............................................................................... 110 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira DIREITO DAS SUCESSÕES Introdução Querido aluno(a), em decorrência da extensão do assunto sucessões (cerca de 240 artigos), a aula de hoje será direcionada para concursos públicos. Dessa forma, farei uma abordagem aprofundada quando o assunto for relevante, por outro lado, teremos uma abordagem superficial quando o assunto não for tão usual em provas de concursos públicos. A palavra sucessão significa um ato pelo qual uma pessoa assume o lugar de outra, substituindo-a na titularidade de determinados bens e direitos. No Direito Civil, o vocábulo sucessões é utilizado para designar a sucessão causa mortis, ou seja, a transmissão do patrimônio do de cujus a seus sucessores. Ressalta-se que o direito de herança é um direito e garantia fundamental, pois está disciplinado no art. 5º, XXX, da CF. Art. 5º, XXX – é garantido o direito de herança; Dessa forma, podemos definir o direito das sucessões como o conjunto de prin- cípios jurídicos que disciplinam a transmissão do patrimônio de uma pessoa que morreu aos seus sucessores. O Código Civil trata do assunto dividindo-o em quatro partes: • sucessão em geral; • sucessão legítima; • sucessão testamentária; e • inventário e partilha. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Vamos tratar das três primeiras partes nesta aula. Se a quarta parte for cobrada em seu concurso, veremos o assunto em outra aula. Como o tema costuma ser objeto de grande dificuldade entre os estudantes, ao fi- nal teremos uma bateria de exercícios com questões fáceis, médias e difíceis. Você poderá perceber as diferentes formas de abordagens que as bancas costumam usar. 1. Sucessão em geral Abertura da sucessão A sucessão se abre no exato instante da morte do de cujus acarretando uma transmissão automática da herança aos herdeiros legítimos e testamentários, sem haver descontinuidade. Ou seja, mesmo que o herdeiro não tenha conhecimento da morte do hereditando, ocorre a sucessão. Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legí- timos e testamentários. O art. 1.784 do CC acolheu o princípio da “saisine”, segundo o qual o próprio defunto transmite ao sucessor o domínio e a posse da herança. Conclui-se então que o herdeiro se torna dono no exato momento da abertura da sucessão e não no momento posterior da partilha. Ou seja, a morte, a abertura da sucessão e a transmissão da herança aos herdeiros ocorrem num só momento. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Essa regra acarreta algumas consequências importantes: a) a verificação da legitimação para suceder ocorre no momento da abertura da sucessão, devendo ser regida pelas leis em vigor no momento da abertura (art. 1.787 do CC); Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela. b) se o herdeiro falecer após a abertura da sucessão, mas antes de ocorrer a partilha, haverá direito de transmissão, ou seja, o herdeiro que falecer rece- berá a herança e depois a retransmitirá novamente; e c) o valor dos bens do de cujus a serem inventariados é o valor que eles tinham por ocasião da morte do autor da herança, pois é nesse momento que ocorre a transmissão. Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido. O local da abertura da sucessão pode não ser o mesmo local no qual ocorreu a morte do de cujus, pois o local da abertura da sucessão é o lugar onde o faleci- do teve seu último domicílio, ou seja, o local que autor da herança, pela última vez, estabeleceu residência com ânimo definitivo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Art. 1.786. A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade. O art. 1.786 do CC menciona as duas formas de sucessão existentes no ordena- mento jurídico brasileiro. • Sucessão legítima: é a que decorre por força exclusiva da lei; • Sucessão testamentária: é a que toma por base as disposições de última von- tade feitas em testamento ou em codicilo pelo autor da herança. Estas são as duas formas de sucessão causa mortis causa reconhecidas pelo di- reito brasileiro, entretanto, isso não significaque a sucessão seja sempre legítima ou sempre seja testamentária. Em determinadas circunstâncias, a sucessão pode ser, ao mesmo tempo, legí- tima e testamentária, como no caso de o testamento não compreender todos os bens do testador (art. 1.788), e de o testador só dispor da metade da herança, por ter herdeiros necessários (art. 1.789). A sucessão legítima regulará a situação dos bens que não foram mencionados no testamento e resolverá sobre o que vai caber aos herdeiros necessários, respectivamente. Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no tes- tamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo. Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança. Em se tratando da sucessão testamentária, se houver herdeiros necessários, o testamento só pode fazer referência, no máximo, à metade dos bens do autor da herança, pois a outra metade caberá a eles. O esquema gráfico a seguir mostra o caminho a ser seguido na hipótese de exis- tirem ou não herdeiros necessários. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Existem herdeiros necessários? SIM NÃO O testamento só pode dispor, no máximo, de 50% do patrimônio que compõe a herança, pois os outros 50% a lei atribui aos herdeiros necessários. Neste caso, o testamento pode dispor da totalidade do patrimônio que compõe a herança; situação em que teremos apenas a sucessão testamentária. Quem são os herdeiros necessários? A resposta é dada pelo art. 1.845 do CC. Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. Através do art. 1.846 do CC percebe-se que os herdeiros necessários possuem direito à, pelo menos, metade do patrimônio que compõe a herança. Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima Da herança e de sua administração O art. 1.791 do CC consagra o princípio da indivisibilidade da herança. Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros. Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Conclui-se que, através da abertura da sucessão, a herança, por força da saisine, transmite-se, imediatamente, aos herdeiros. Mesmo que haja mais de um herdeiro, a herança permanece como um todo unitário, e até a partilha, o direito dos co-her- deiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, regulando-se pelas normas relativas ao condomínio. Ou seja, antes da partilha nenhum herdeiro tem direito exclusivo sobre um bem certo e determinado que integra a herança. Qualquer dos co-herdeiros pode exercer os seus direitos compatibilizando-os com a situação de indivisibilidade e exercer atos possessórios, desde que não ex- cluam os direitos dos outros compossuidores. Art. 2.023. Julgada a partilha, fica o direito de cada um dos herdeiros circunscrito aos bens do seu quinhão. Essa situação de copropriedade perdura até a partilha. A partir do momento em que esta é julgada, cessa, em regra, a indivisão e o direito de cada um dos her- deiros fica circunscrito aos bens de seu quinhão (ver art. 2.023 do CC). A não ser, é claro, que na partilha se decida que algum bem ficará em condomínio entre os herdeiros, mantendo-se, portanto, o estado de comunhão. Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, de- mostrando o valor dos bens herdados. O art. 1.792 do CC demonstra que é a herança que responde pelo pagamento das dívidas do falecido (conforme o art. 1.997 do CC). Ou seja, o herdeiro só res- ponde intra vires hereditatis (dentro das forças da herança). Ocorre uma separação entre os patrimônios do autor da herança e do herdeiro. Art. 1.997. A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas, feita a partilha, só respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que na he- rança lhe coube. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira O art. 1.793 do CC trata da cessão de direitos hereditários que consiste na transferência que o herdeiro legítimo ou testamentário faz a outrem de todo o qui- nhão hereditário ou de parte dele. Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co- -herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública. § 1º Os direitos, conferidos ao herdeiro em consequência de substituição ou de direito de acrescer, presumem-se não abrangidos pela cessão feita anteriormente. § 2º É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente. § 3º Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade. A cessão da herança só será válida após a abertura da sucessão, pois, se a ces- são ocorrer antes da abertura da sucessão, ocorreria uma afronta ao art. 426 do CC, que proíbe a herança de pessoa viva figurar como objeto de contrato. Pelo fato do direito à sucessão aberta ser considerado por lei um bem imóvel, a cessão da herança deverá observar a forma de escritura pública, mesmo que a herança contenha apenas direitos pessoais e bens móveis. Por fim, cabe salientar que o cessionário assume os direitos hereditários nas mesmas condições jurídicas do cedente, pois passa a ser titular do quinhão ou le- gado, apesar de não receber a qualidade de herdeiro. Art. 1.794. O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto. Através do art. 1.794 do CC é regulado o direito de preferência do co-her- deiro na cessão onerosa de herança a estranho. Ou seja, até a partilha, o di- reito dos co-herdeiros é indivisível, regulando-se pelas normas relativas ao condo- mínio. O co-herdeiro não pode ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. SucessãoTestamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Sabemos então que pelo mesmo preço, outro co-herdeiro tem preferência na aquisição da quota hereditária. Entretanto, não há que se falar em direito de prefe- rência se o co-herdeiro cede a sua quota hereditária a outro co-herdeiro. Art. 1.795. O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, deposi- tado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento e oitenta dias após a transmissão. Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias. O art. 1.795 do CC regula o exercício do direito de preferência do co-herdeiro. Art. 1.796. No prazo de trinta dias, a contar da abertura da sucessão, instaurar-se-á inventário do patrimônio hereditário, perante o juízo competente no lugar da sucessão, para fins de liquidação e, quando for o caso, de partilha da herança. Estudaremos mais adiante que o inventário é o processo judicial tendente à re- lação, descrição, avaliação e liquidação de todos os bens pertencentes ao de cujus ao tempo de sua morte, para partilhá-los e distribuí-los entre os seus sucessores. O art. 1.796 do CC determina que esse processo deve ser instaurado no prazo de trinta dias após a abertura da sucessão, no lugar onde o falecido teve o seu último domicílio. Entretanto, nos termos do art. 611 do Novo CPC, o prazo para ser requerido o inventário é de dois meses, a contar da morte do de cujus, concluindo-se dentro de doze meses subsequentes ao seu requerimento. Art. 611. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subse- quentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte. Com isso, é possível perceber que houve uma revogação tácita do art. 1.796 do CC pelo art. 611 do NCPC. No caso em questão, o NCPC prevaleceu em decorrência do critério cronológico, ou seja, como o NCPC é de 2015, ele deve prevalecer sobre uma lei de 2002, que é o CC. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Art. 1.797. Até o compromisso do inventariante, a administração da herança caberá, sucessivamente: I – ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da su- cessão; II – ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho; III – ao testamenteiro; IV – a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos an- tecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhe- cimento do juiz. Finalizando as disposições sobre a administração da herança. O art. 1.797 do CC estabelece uma ordem de preferência para ser escolhido um administrador provisório da herança, ou seja, aquele que irá administrar o patrimônio do de cujus até ser prestado o compromisso do inventariante. Da vocação hereditária Por meio dos arts. 1.798 a 1.803, o Código Civil cuida da legitimidade necessá- ria para que se possa invocar a titularidade da herança. Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no mo- mento da abertura da sucessão. O art. 1.798 do CC trata da legitimação para suceder, ou seja, trata da qualida- de necessária para que alguém possa invocar a sua vocação hereditária ou o seu direito de herdar por testamento. Percebemos que mesmo não tendo nascido no momento da abertura da suces- são, o nascituro, por já ter sido concebido, poderá participar da sucessão, desde que nasça com vida. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: I – os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão; II – as pessoas jurídicas; III – as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação. O art. 1.799 do CC trata da capacidade testamentária passiva. Art. 1.800. No caso do inciso I do artigo antecedente, os bens da herança serão con- fiados, após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz. § 1º Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá à pessoa cujo fi- lho o testador esperava ter por herdeiro, e, sucessivamente, às pessoas indicadas no art. 1.775. § 2º Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim nomeado, regem-se pelas disposições concernentes à curatela dos incapazes, no que couber. § 3º Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferida a sucessão, com os frutos e rendimentos relativos à deixa, a partir da morte do testador. § 4º Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros legítimos. Ainda tratando da capacidade testamentária passiva, o art. 1.800 do CC estabe- lece regras sobre a prole eventual de pessoa designada pelo testador. Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: I – a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; II – as testemunhas do testamento; III – o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; IV – o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. O art. 1.801 do CC trata da incapacidade testamentária passiva relativa ao estabelecer a impossibilidade de recebimento por via de testamento para determi- nadas pessoas. 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Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder. As cláusulas do testamento que beneficiem pessoas sem legitimidade para su- ceder (art. 1.798 do CC) ou sem capacidade testamentária (art. 1.801 do CC) são nulas. Ressalta-se que apenas a cláusula será nula e não todo o testamento. Art. 1.803. É lícita a deixa ao filho do concubino, quando também o fordo testador. A disposição testamentária em favor do filho da concubina, que não é filho do testador casado, considera-se feita, de forma indireta, à própria concubina. Tal fato infringe o art. 1.802, Parágrafo único do CC. Por via do filho, pressupõe-se que o testador casado quer beneficiar, realmente, a concubina. Entretanto, o filho da concubina pode ser filho, também, do testador. Se isso acontecer, não há mais base ou motivo jurídico ou moral para a proibição. Da aceitação e renúncia da herança A aceitação da herança é o ato pelo qual o herdeiro concorda na transmissão dos bens do de cujus, ocorrida por lei com a abertura da sucessão, confirmando-a. Ver art. 1.804 do CC. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança. Pode ser de três tipos: • expressa: quando ocorre por declaração escrita; • tácita: quando resulta de uma conduta própria do herdeiro; e Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro. § 1º Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória. § 2º Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais co-herdeiros. • presumida: quando o herdeiro permanece em silêncio após ser notificado, nos termos do art. 1.807 do CC. Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança, pode- rá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trin- ta dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita. A renúncia da herança é um ato jurídico unilateral em que o herdeiro declara expressamente (não há renúncia tácita) que não quer a herança a que tem direito, despojando-se de sua titularidade. Tal ato jurídico, nos termos do art. 1.806 do CC, depende de forma especial (instrumento público ou termo judicial). Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento pú- blico ou termo judicial. Através do art. 1.808 do CC verificamos duas características importantes a res- peito da aceitação/renúncia da herança: • impossibilidade de aceitação ou repúdio parcial da herança; e • inadmissibilidade de aceitação ou renúncia sob condição ou termo. 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O art. 1.809 do CC trata da aceitação da herança pelos sucessores do herdeiro no caso do herdeiro falecer antes de declarar se a aceita ou não. Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de acei- tar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não verificada. Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira. A parte do quinhão hereditário daquele que repudiar (não aceitar) a herança será, segundo o art. 1.810 do CC, transmitida aos demais herdeiros. Se o de cujus tinha quatro filhos e um deles renuncia à herança, a quota do renunciante vai para os outros três filhos. Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdei- ros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subsequente. Se o herdeiro renuncia à herança, ninguém pode suceder no lugar dele, pelo direito de representação que será estudado nos arts. 1.851 a 1.856 do CC. Se o de cujus tinha quatro filhos e um deles renuncia à herança, a quota do renunciante não pode passar para os netos do de cujus. Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renuncia- rem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira O art. 1.812 do CC prescreve o princípio da irrevogabilidade, tanto da acei- tação quanto da renúncia da herança. Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança. É possível, através do art. 1.813 do CC, que ocorra a aceitação da herança pelos credores do herdeiro se este os prejudicar com a sua renúncia. Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante. § 1º A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimen- to do fato. § 2º Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros. Dos excluídos da sucessão Este tema da aula trata da indignidade, ou seja, uma pena civil que priva do direito de herança não só o herdeiro, bem como o legatário que cometeu atos crimi- nosos, ofensivos ou reprováveis, taxativamente enumerados em lei, contra a vida, honra e liberdade do de cujus. O assunto é abordado nos arts. 1.814 a 1.817 do CC: Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: I – que houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso, ou ten- tativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; II – que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; III – que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indigni- dade, será declarada por sentença. Parágrafo único. O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em quatro anos, contados da abertura da sucessão. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.brhttps://www.grancursosonline.com.br 18 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro ex- cluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão. Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administra- ção dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens. Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos. Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das des- pesas com a conservação deles. Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico. Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testa- mento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite da disposição testamentária. Da herança jacente Diz-se jacente a herança quando o seu autor falece sem deixar testamento e nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, conforme o art. 1.819 do CC. Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo no- toriamente conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância. Por força do princípio da saisine, desde a morte do transmitente, a herança se transmite aos herdeiros legítimos e testamentários. Se, todavia, o de cujus não deixou testamento e não há herdeiro legítimo notoriamente conhecido, instala-se uma situação de crise que gera dúvidas e insegurança. Pelo fato dos bens da heran- ça não terem titular conhecido e atual, a lei intervém para que não haja usurpação de bens, para que o patrimônio não se deteriore, não se perca, conservando-o, até o momento de ser entregue, depois, a quem de direito, que, inclusive, pode ser o Estado, se a herança for declarada vacante. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Art. 1.820. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão expe- didos editais na forma da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, será a herança declarada vacante. A arrecadação dos bens da herança e o inventário destes obedecerão ao dispos- to no Código de Processo Civil, arts. 1.145 e seguintes. Em seguida, serão expedi- dos editais, na forma da lei processual, tomando pública a arrecadação dos bens e convocando os sucessores do finado para que venham a habilitar-se. Art. 1.821. É assegurado aos credores o direito de pedir o pagamento das dívidas re- conhecidas, nos limites das forças da herança. Pelo art. 1.821 do CC fica estabelecido o direito dos credores do de cujus tam- bém se habilitarem no inventário ou promoverem ação ordinária de cobrança, pois a herança responde pelas dívidas do falecido. Art. 1.822. A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que le- galmente se habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situados em território federal. Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacância, os colaterais ficarão excluídos da sucessão. A sentença declaratória de vacância produzirá os seguintes efeitos: • Devolução da herança à União, se os bens estiverem localizados em território federal; ou aos municípios/DF, se estiverem situados nas respectivas circuns- crições, conferindo a eles uma propriedade resolúvel; • Possibilidade de os herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e côn- juge) reclamarem os bens vagos, habilitando-se, legalmente, durante o prazo de cinco anos da abertura da sucessão; após esse prazo o patrimônio irá se incorporar definitivamente ao patrimônio público e nenhum herdeiro poderá mais reclamá-lo; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira • Os herdeiros colaterais ficam excluídos da sucessão legítima até a declaração de vacância, se não providenciarem a sua habilitação, passando a serem tidos como renunciantes. Art. 1.823. Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde logo declarada vacante. Por fim, o art. 1.823 do CC prevê a possibilidade de declaração imediata de vacância da herança, ou seja, a herança não passa pela fase da jacência, que é preliminar à declaração de vacância. Da petição da herança A ação de petição de herança (petitio hereditatis) é a que utiliza o herdeiro para que se reconheça e tome efetiva esta sua qualidade, e, consequentemente, lhe sejam restituídos, total ou parcialmente, os bens da herança, com os frutos, rendi- mentos e acessórios. Nesta ação, o réu é a pessoa que não tem título legítimo de herdeiro e, não obstante, possui bens da herança, total ou parcialmente. Tal ação pode ser utilizada, por exemplo, quando a herança é recolhida por parentes mais afastados do falecido, e o interessado é parente mais próximo, que se acha em classe preferencial; quando a herança é distribuída entre os herdeiros legítimos, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira e aparece testamento do de cujus em que outra pessoa é nomeada herdeira; quan- do o filho não reconhecido do de cujus ingressa com ação investigatória, cumulada com a de petição de herança etc. Os arts. 1.824 a 1.828 do CC tratam do assunto: Art. 1.824. O herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar o reconheci- mento de seu direito sucessório, para obter a restituição da herança, ou de parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua. Art. 1.825. A ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos herdeiros, poderá compreender todos os bens hereditários. Art. 1.826. O possuidor da herança está obrigado à restituição dos bens do acer- vo, fixando-se-lhe a responsabilidade segundo a sua posse, observado o disposto nos arts. 1.214 a 1.222. Parágrafo único. A partir da citação, a responsabilidade do possuidor se há de aferir pelas regras concernentesà posse de má-fé e à mora. Art. 1.827. O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder de ter- ceiros, sem prejuízo da responsabilidade do possuidor originário pelo valor dos bens alienados. Parágrafo único. São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro apa- rente a terceiro de boa-fé. Art. 1.828. O herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não está obrigado a prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a este o direito de proceder contra quem o recebeu. 2. Sucessão legítima Já estudamos que a sucessão legítima é aquela que decorre da lei. Ocorre tal tipo de sucessão em caso de inexistência ou invalidade do testamento e, também, em relação aos bens nele não compreendidos. A ordem de vocação hereditária O chamamento dos sucessores é feito de acordo com uma sequência denomina- da ordem de vocação hereditária. Trata-se de uma relação preferencial pela qual a lei chama determinadas pessoas à sucessão hereditária. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira O chamamento é feito por classes, sendo que a mais próxima exclui a mais re- mota, ver art. 1.829 do CC: Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I – aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II – aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III – ao cônjuge sobrevivente; IV – aos colaterais. Observando-se em detalhe o art. 1.829 do CC, percebemos que se deve obser- var o regime de casamento para saber se o cônjuge sobrevivente concorre com os descendentes do falecido na sucessão. Para clarear o assunto, segue uma tabela: Hipóteses em que o cônjuge não concorre na herança 1) Comunhão universal de bens; Neste caso, o cônjuge já terá direito à meação (50% dos bens comuns do casal) e, por essa razão, não concorre com os demais herdeiros. 2) Separação obrigatória de bens; e Neste caso, o cônjuge não tem direito a nada, mas essa posição é discutida na doutrina. 3) Comunhão parcial, se não houver bens particulares do falecido. Se não existirem bens particulares do falecido, então é porque existem, apenas, bens comuns, onde os cônjuges eram coproprietários. Dessa forma, falecendo um deles, o outro continua exer- cendo a propriedade. a) A sucessão do descendente Excetuando o direito de representação, os descendentes mais próximos ex- cluem os mais remotos, dessa forma, o filho (descendente em 1º grau) exclui o neto (descendente em 2º grau). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Os arts. 1.833 a 1.835 do CC tratam do assunto: Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos, salvo o direito de representação. Art. 1.834. Os descendentes da mesma classe têm os mesmos direitos à sucessão de seus ascendentes. Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descen- dentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau. Percebe-se que a sucessão do descendente pode ocorrer de duas formas: • por cabeça: quando os descendentes estiverem no mesmo grau; e • por estirpe: quando os descendentes estiverem em graus diferentes. Veja os exemplos gráficos a seguir: Pai (falecido) Os 4 filhos irão herdar por cabeça. Filho 1 Filho 2 Filho 3 Filho 4 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Os filhos 1, 2 e 3 irão herdar por cabeça e os netos irão herdar por estirpe (representação). Pai (falecido) Filho 1 Filho 2 Filho 3 Neto 1 Filho 4 (pré-falecido) Neto 2 b) A sucessão do ascendente Cabe ressaltar que na linha ascendente nunca haverá o direito de representa- ção. Neste caso, a sucessão será feita por linha: • materna: ascendentes da mãe que dividirão 50 % dos bens deixados pelo falecido; e • paterna: ascendentes do pai que dividirão 50 % dos bens deixados pelo fa- lecido. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira No caso, cada um dos avós ficará com 50% da herança. Morto 1) Avô 50% Mãe (pré-falecida) 2) Avó 50% Pai (pré-falecido) No caso, o pai ficará com 100% da herança, pois ele é ascendente mais próximo que o avô. Morto 3) Avô Mãe (já falecida) Pai O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira c) A sucessão do cônjuge Aqui existem três possibilidades: • não existirem descendentes e ascendentes e, com isso, o cônjuge receber toda a herança; • o cônjuge concorrer com descendentes; e • o cônjuge concorrer com ascendentes, se não houver descendentes. Não existindo descendentes ou ascendentes do de cujus, o cônjuge rece- berá toda a herança, nos termos do art. 1.838 do CC. Art. 1.838. Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por in- teiro ao cônjuge sobrevivente. Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente. Entretanto, segundo o art. 1.830 do CC, o cônjuge será excluído da sucessão em duas hipóteses: • se estiver separado judicialmente; e • se estiver separado de fato do falecido há mais de dois anos, desde que tenha sido culpado pela separação. Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será asse- gurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habita- ção relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar. Segundo o art. 1.831 do CC está assegurado ao cônjuge o direito real de habitação. Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I)caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Por outro lado, quando houver a concorrência do cônjuge com descendentes (em primeiro lugar) ou ascendentes (em segundo lugar), temos o seguinte: • Descendente concorrendo com o cônjuge: Reforçando a tabela feita por ocasião do art. 1.829, I do CC, temos que a con- corrência do cônjuge com descendente depende do tipo de regime de bens do casamento. A tabela a seguir vai sanar qualquer dúvida ainda existente: Hipóteses de não concorrência Hipóteses de concorrência Comunhão universal de bens. Participação final nos aquestos. Separação obrigatória de bens. Separação convencional de bens. Comunhão parcial de bens se não houver bens particulares. Comunhão parcial de bens se houver bens particulares. Segundo o art. 1.832 do CC, cabe ao cônjuge cota igual a dos descendentes que sucederem por cabeça. Dessa forma, graficamente temos o seguinte: Maria Filho 1 José (de cujus) Filho 2 Filho 3 25% 25% 25% 25% Entretanto, ainda no art. 1.832 do CC, percebe-se que existe uma reserva le- gal para o cônjuge, ou seja, ele não pode receber menos de 25% do valor da herança. Veja outro gráfico demonstrando a reserva legal do cônjuge: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Maria Filho 2Filho 1 José (de cujus) Filho 3 Filho 4 25% 18,75% 18,75% 18,75% 18,75% • Ascendente concorrendo com o cônjuge Os ascendentes concorrem com o cônjuge sobrevivente, como já anunciara o art. 1.829, II do CC, e essa concorrência não sofre as limitações, quanto ao regime de bens do casamento, constantes no art. 1.829, I do CC, que só se aplicam no caso de a concorrência ser entre descendentes e cônjuge sobrevi- vente. Ver art. 1.836 do CC: Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente. § 1º Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distin- ção de linhas. § 2º Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha pater- na herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna. Quando o cônjuge concorrer com ascendentes, a quota hereditária do cônjuge variará, conforme as hipóteses mencionadas no art. 1.837 do CC. Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um ter- ço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Veja as possibilidades que podem ser inferidas do art. 1.837 do CC: • 1a possibilidade: cônjuge concorrendo com um ascendente em 1º grau. Mãe 1/2 Esposa 1/2 Pai (falecido) Marido (morreu) • 2a possibilidade: cônjuge concorrendo com dois ascendentes em 1º grau. Mãe 1/3 Esposa 1/3 Pai 1/3 Marido (morreu) • 3a possibilidade: cônjuge concorrendo com dois ascendentes em 2º grau. Mãe (já falecida) 1) Avô 1/4 Esposa 1/2 Pai (já falecido) 2) Avó 1/4 Marido (morreu) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira • 4a possibilidade: a sucessão dos colaterais Na falta de herdeiros necessários, serão chamados a suceder os herdeiros facul- tativos (parentes em linha colateral até o 4º grau). Os parentes de 2º grau são os irmãos, os de 3º grau são os tios e sobrinhos, os de 4º grau são os primos, os tios-avós e os sobrinhos-netos, atendendo-se ao princípio de que os mais próximos excluem os mais remotos. Ver arts. 1.839 e 1.840 do CC. Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau. Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos. Sobre a sucessão entre irmãos unilaterais (um dos pais apenas em comum) com irmãos bilaterais, veja o art. 1.841: Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar. Neste dispositivo legal o legislador buscou tratar com igualdade os iguais e com desigualdade os desiguais. Graficamente temos o seguinte: Irmão 1 (morreu) Pai (já falecido) Irmão bilateral Irmão unilateral Mãe (já falecida) 2º marido da mãe 1/3 da herança2/3 da herança O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Conclui-se que o irmão bilateral irá herdar o dobro do que herdar o irmão unilateral Art. 1.842. Não concorrendo à herança irmão bilateral, herdarão, em partes iguais, os unilaterais. Por outro lado, se houverem apenas irmãos unilaterais concorrendo à herança, todos herdarão em partes iguais. Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios. § 1º Se concorrerem à herança somente filhos de irmãos falecidos, herdarão por cabeça. § 2º Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada um destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles. § 3º Se todos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de irmãos unilaterais, herdarão por igual. Já estudamos que os sobrinhos são parentes em 3º grau, desta forma, na falta de herdeiros necessários e de irmãos, os sobrinhos serão chamados à sucessão do de cujus, e, na falta destes, os tios. Embora os tios também sejam parentes em 3º grau, a lei dá preferência aos sobrinhos. Art. 1.844. Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum suces- sível, ou tendo eles renunciado a herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em território federal. Não havendo herdeiros necessários ou facultativos, não pode a herança ficar sem dono e se tornar uma res nullius,dessa forma, o Poder Público será chamado, em último lugar à sucessão do de cujus. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Sucessão na vigência da união estável As famílias constituídas pelo afeto, pela convivência, são merecedoras do mes- mo respeito e tratamento dados as famílias originárias do matrimônio. A discrimi- nação entre elas ofende, inclusive, fundamentos constitucionais. O art. 1.790 do CC trata da sucessão na vigência da união estável. Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes: I – se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho; II – se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles; III – se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança; IV – não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança. Este artigo era muito cobrado em provas de concursos. Entretanto, em maio de 2017, o STF decidiu pela inaplicabilidade do artigo citado pelo fato de estabelecer ao companheiro condições menos favoráveis que o cônjuge. Veja a decisão a seguir: Julgamento afasta diferença entre cônjuge e companheiro para fim sucessório (10/05/2017) O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu julgamento que discute a equiparação entre cônjuge e companheiro para fins de sucessão, inclusive em uniões homoafetivas. A de- cisão foi proferida no julgamento dos Recursos Extraordinários (REs) 646721 e 878694, ambos com repercussão geral reconhecida. No julgamento realizado nesta quarta-fei- ra (10), os ministros declararam inconstitucional o artigo 1.790 do Código Civil, que estabelece diferenças entre a participação do companheiro e do cônjuge na sucessão dos bens. O RE 878694 trata de união de casal heteroafetivo e o RE 646721 aborda sucessão em uma relação homoafetiva. A conclusão do Tribunal foi de que não existe elemento de discriminação que justifique o tratamento diferenciado entre cônjuge e companheiro estabelecido pelo Código Civil, estendendo esses efeitos independentemente de orien- tação sexual. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira No julgamento de hoje, prevaleceu o voto do ministro Luís Roberto Barroso, relator do RE 878694, que também proferiu o primeiro voto divergente no RE 646721, relatado pelo ministro Marco Aurélio. Barroso sustentou que o STF já equiparou as uniões homoafetivas às uniões “conven- cionais”, o que implica utilizar os argumentos semelhantes em ambos. Após a Consti- tuição de 1988, argumentou, foram editadas duas normas, a Lei n. 8.971/1994 e a Lei n. 9.278/1996, que equipararam os regimes jurídicos sucessórios do casamento e da união estável. O Código Civil entrou em vigor em 2003, alterando o quadro. Isso porque, segundo o ministro, o código foi fruto de um debate realizado nos anos 1970 e 1980, anterior a várias questões que se colocaram na sociedade posteriormente. “Portanto, o Código Civil é de 2002, mas ele chegou atrasado relativamente às questões de família”, afirma. “Quando o Código Civil desequiparou o casamento e as uniões estáveis, promoveu um retrocesso e promoveu uma hierarquização entre as famílias que a Constituição não ad- mite”, completou. O artigo 1.790 do Código Civil pode ser considerado inconstitucional porque viola princípios como a igualdade, dignidade da pessoa humana, proporcionali- dade e a vedação ao retrocesso. No caso do RE 646721, o relator, ministro Marco Aurélio, ficou vencido ao negar pro- vimento ao recurso. Segundo seu entendimento, a Constituição Federal reconhece a união estável e o casamento como situações de união familiar, mas não abre espaço para a equiparação entre ambos, sob pena de violar a vontade dos envolvidos, e assim, o direito à liberdade de optar pelo regime de união. Seu voto foi seguido pelo ministro Ricardo Lewandowski. Já na continuação do julgamento do RE 878694, o ministro Marco Aurélio apresentou voto-vista acompanhando a divergência aberta pelo ministro Dias Toffoli na sessão do último dia 30 março. Na ocasião, Toffoli negou provimento ao RE ao entender que o legislador não extrapolou os limites constitucionais ao incluir o companheiro na reparti- ção da herança em situação diferenciada, e tampouco vê na medida um retrocesso em termos de proteção social. O ministro Lewandowski também votou nesse sentido na sessão de hoje. Para fim de repercussão geral, foi aprovada a seguinte tese, válida para ambos os pro- cessos: “No sistema constitucional vigente é inconstitucional a diferenciação de regime suces- sório entre cônjuges e companheiros devendo ser aplicado em ambos os casos o regime estabelecido no artigo 1829 do Código Civil.” Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteu- do=342982 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Os herdeiros necessários O herdeiro necessário é o ascendente, o descendente e o cônjuge do de cujus (desde que preenchidas certas condições), sendo que a eles é pertencente a le- gítima (porção de bens que o testador não pode dispor por estar reservada aos herdeiros necessários). Os parentes em linha colateral até o 4º grau são chamados de herdeiros facultativos. O herdeiro necessário só poderá ser afastado da sucessão por indignidade ou por deserdação. Os arts. 1.845 a 1.850 tratam do assunto. Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima. Art. 1.847. Calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na abertura da sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do funeral, adicionando-se, em seguida, o valor dos bens sujeitos a colação. Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima. § 1º Não é permitido ao testador estabelecer a conversão dos bens da legítima em ou- tros de espécie diversa. § 2º Mediante autorização judicial e havendo justa causa, podem ser alienados os bens gravados, convertendo-se o produto em outros bens, que ficarão sub-rogados nos ônus dos primeiros. Art. 1.849. O herdeiro necessário, a quem o testador deixar a sua parte disponível, ou algum legado, não perderá o direito à legítima. Art. 1.850. Para excluir da sucessão os herdeiros colaterais, basta que o testador dis- ponha de seu patrimônio sem os contemplar. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576,vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira O direito de representação Ocorre o direito de representação quando a lei chama alguém a suceder em lugar de parente mais próximo (já falecido) do autor da herança, ver art. 1.851 do CC. Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse. Pode-se dizer que os representantes não herdam por direito próprio, pois os bens do acervo hereditário se transmitem por estirpe. Trata-se de uma relativização da regra de que o grau mais próximo exclui o mais remoto. São requisitos para ocorrer o direito de representação: • Que o representado tenha falecido antes do representante, salvo as hipóteses de ausência (desaparecimento do domicílio sem notícias do paradeiro), indig- nidade e deserdação (arts. 1.814 e 1.816 do CC); • Que o representante seja descendente do representado; • Que o representante tenha legitimação para herdar do representado, no mo- mento da abertura da sucessão; • Que não haja descontinuidade no encadeamento dos graus entre represen- tante e representante e representado, como exemplo, não pode o neto ter preferência sobre o pai, se este estiver vivo, a fim de representá-lo na heran- ça do avô; e • Que reste, no mínimo, um filho do de cujus ou, na linha colateral, um irmão do falecido. Art. 1.852. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na ascendente. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 36 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Para haver representação será preciso que o representante descenda do re- presentado. Não haverá representação na linha ascendente; dessa forma, se o de cujus morre sem deixar cônjuge sobrevivente e sem descendência, sua herança irá para os ascendentes, mas não por representação. O gráfico a seguir ilustra a representação na linha descendente: Imagine que João, pai de Mário e Zeca (falecido antes de João). Zeca, por sua vez, deixou dois filhos que ainda estão vivos. O diagrama representa a situação: Mario Filho 1 Zeca (já falecido) Filho 2 João Direito de representação em linha reta descendente Ou seja, em princípio, caso Zeca fosse vivo, João deixaria metade da sua heran- ça para Mario e a outra metade para Zeca. Entretanto, como Zeca faleceu antes do pai, os seus filhos possuem o direito de representá-lo na herança (direito de repre- sentação em linha reta). Assim, a metade que caberia a Zeca é dividida pelos seus filhos, ficando com 25% do total cada um. Temos também o direito de representação em linha transversal, conforme pre- coniza o art. 1.853 do CC: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 37 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Art. 1.853. Na linha transversal, somente se dá o direito de representação em favor dos filhos de irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem. Segue diagrama para visualizar a aplicação do art. 1853 do CC: Pais (já falecidos) Irmão 1 (morreu) Irmão 2 1/3 sucessão por cabeça Irmão 3 1/3 sucessão por cabeça Irmão 4 (já falecido) Filho 1 1/6 sucessão por estirpe Filho 2 1/6 sucessão por estirpe Direito de representação em linha transversal ou colateral Imagine que na situação representada o irmão 1 faleça sem ter herdeiros des- cendentes (não possui filhos, netos...) ou ascendentes (já faleceram seus pais, avós...). Dessa forma, observando a ordem de vocação hereditária apresentada sua herança será dividida pelos irmãos, entretanto, o irmão 4, pai de dois filhos, faleceu antes dele. Diante do contexto apresentado, caberá 1/3 da herança para cada um dos ir- mãos e, os seus sobrinhos, dividirão a parte que caberia ao seu pai, ou seja, cada um ficará com 1/6 da herança. Art. 1.854. Os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria o represen- tado, se vivo fosse. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 38 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Estabelecido o direito de representação, a estirpe vai suceder aquilo que o pa- rente pré-morto sucederia se estivesse vivo. Ou seja, tem o representante os mes- mos direitos (e deveres), nem mais, nem menos, do que teria o representado. Art. 1.855. O quinhão do representado partir-se-á por igual entre os representantes. Os representantes herdam o quinhão que seria do representado e esse quinhão será repartido entre eles, igualmente. Art. 1.856. O renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão de outra. O fato de alguém ter renunciado à herança de uma pessoa não inibe o renun- ciante de representar o falecido na sucessão de outra pessoa. Dessa forma, o que renunciou à herança do pai, morrendo, depois, o avô, está autorizado a representar o pai, pré-defunto, na sucessão do avô. 3. Sucessão testamentária A sucessão testamentária é aquela pela qual uma pessoa, ainda em vida, dispõe de seus bens, no todo ou em parte, para que tal manifestação de última vontade produza efeitos para depois de sua morte. O documento desse negócio jurídico unilateral é o testamento que, embora seja produzido ainda em vida pelo testador, terá os efeitos patrimoniais e reais apenas depois da morte do autor. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 39 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Capacidade para testar A capacidade testamentária ativa é o conjunto de condições necessárias para que alguém possa, juridicamente, dispor de seu patrimônio por meio de testamen- to. Para que o testador possa testar, será preciso discernimento e compreensão do que representa o ato e manifestação exata do que pretende. Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tive- rem pleno discernimento. Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos. Através do art. 1.860 do CC, percebe-se que a idade mínima para testar é 16 anos; ou seja, os relativamente incapazes por motivos de idade podem fazer um testamento. Entretanto, as outras causas de incapacidade impedem a capacidade testamentária ativa, tais como: • menores de 16 anos; e • desprovidos de discernimentopor estarem impossibilitados de emitir a von- tade de forma livre (ex.: hipnotismo, arteriosclerose, sonambulismo, embria- guez completa etc.). Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade. Segundo o art. 1.861 do CC, a capacidade ou a incapacidade do testador deve ser verificada na data em que foi outorgado o testamento, aplicando-se a regra tempus regit actum. Se era capaz o testador no momento em que testou, se estava são de espírito, apresentando o discernimento necessário para saber e compreen- der o que fazia, o testamento não ficará prejudicado na sua validade se, depois, o testador vier a sofrer de uma doença mental, perdendo completamente a razão. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 40 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Testamento Na sucessão testamentária o falecido expressa a sua vontade através de um testamento ou codicílio. Dessa forma, nos arts. 1.862 e 1.886 do CC, o legislador enumerou as espécies de testamentos existentes: Art. 1.862. São testamentos ordinários: I – o público; II – o cerrado; III – o particular. Art. 1.886. São testamentos especiais: I – o marítimo; II – o aeronáutico; III – o militar. Segue esquema gráfico: As hipóteses de testamentos mencionadas no Código Civil estão no gráfico ante- rior. Entretanto, no art. 1.863 do CC, temos uma hipótese de testamento proibido. Art. 1.863. É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou cor- respectivo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 41 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira O testamento conjuntivo ou de mão comum é aquele feito por mais de uma pessoa no mesmo instrumento. A proibição deste tipo de testamento se relaciona com o fato do legislador entender que o testamento é um ato personalíssimo e que não pode ser feito por duas pessoas. Nesses termos, temos as seguintes situações de testamento conjuntivo: • testamento simultâneo: A e B nomeiam, no mesmo testamento, C como herdeiro; • testamento recíproco: A nomeia B como herdeiro e B nomeia A como herdei- ro, no mesmo testamento; e • testamento correspectivo: A deixa sua casa para B e B deixa sua casa para A em um mesmo instrumento. O que é proibido é a possibilidade de um mesmo testamento conter dois atos personalíssimos. Utilizando o testamento correspectivo como exemplo, nada impe- de que A deixe sua casa para B e vice-versa, desde que as disposições sejam em documentos diferentes. Art. 1.887. Não se admitem outros testamentos especiais além dos contemplados nes- te Código. Não há outros testamentos especiais, além dos contemplados no Código Civil. Aliás, não há, também, outros testamentos ordinários. Só é testamento, só pode valer e ter eficácia como testamento, o que a lei diz que é testamento e na forma e com as solenidades rigorosamente prescritas. Nos arts. 1.857 a 1.859 do CC, o legislador apontou algumas características gerais para os testamentos: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 42 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte. § 1º A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento. § 2º São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador somente a elas se tenha limitado. O art. 1.857 do CC indica algumas características interessantes sobre o testa- mento, veja: • qualquer pessoa com discernimento e com mais de 16 anos pode testar; • a metade pertencente aos herdeiros necessários, se houver (legítima), não pode ser incluída no testamento; e • o testamento também pode conter matéria extrapatrimonial, tal como reco- nhecimento de filho, nomeação de tutor para filho menor, disposição do pró- prio corpo para fins altruísticos e de pesquisa etc. Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo. O testamento é um negócio jurídico personalíssimo (apenas pode ser realizado pelo testador), unilateral (representa a manifestação de vontade de uma pessoa), formal ou solene (depende de forma) e revogável (pode ser mudado a qualquer tempo). Art. 1.859. Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento, contado o prazo da data do seu registro. Não se pode questionar a validade do testamento em vida do testador. O testa- mento é negócio jurídico mortis causa. Somente com a abertura da sucessão é que a alegação da invalidade do testamento pode ser apresentada. Este artigo estabe- lece prazo de caducidade, portanto, prazo de decadência, para que seja impugnada a validade do testamento. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Edmy Teixeira - 08696710576, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 43 de 124www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade Prof. Dicler Ferreira Testamentos ordinários O testamento será ordinário quando puder ser adotado por qualquer pessoa capaz e em qualquer condição. a) Testamento público O testamento público é o lavrado pelo tabelião ou por seu substituto legal em livro de notas, de acordo com a declaração de vontade do testador, exarada verbal- mente, perante o mesmo oficial e na presença de duas testemunhas idôneas ou de- simpedidas. Pode ser escrito manual ou mecanicamente ou ser feito pela inserção da declaração de vontade em partes impressas de livro de notas, cujos espaços em branco vão sendo contemplados pelo tabelião, conforme as declarações feitas pelo testador, desde que todas as páginas sejam rubricadas pelo testador. Os arts. 1.864 a 1.867 do CC tratam do assunto. Art. 1.864. São requisitos essenciais do testamento público: I – ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas, de acordo com as declarações do testador, podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos; II – lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelião ao testador e a duas teste- munhas, a um só tempo; ou pelo testador, se o quiser, na presença destas e do oficial; III – ser o instrumento, em seguida à leitura, assinado pelo testador, pelas testemunhas e pelo tabelião. Parágrafo único. O testamento público pode ser escrito manualmente ou mecanica- mente, bem como ser feito pela inserção da declaração de vontade em partes impressas de livro de notas, desde que rubricadas todas as páginas pelo testador, se mais de uma. Art. 1.865. Se o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto
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