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A mulher brasileira no mercado de trabalho

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A mulher brasileira no mercado de trabalho 
"Ninguém nasce mulher: torna-se mulher", máxima de Simone de Beauvoir, filósofa existencialista francesa, elucida a emergência da figura e da luta feminina para alcançar equidades na esfera sócio-política do XIX. Nesse contexto, o ideal e o emponderamento feminino, frente aos ditames patriarcais, foi precursor para a conquista de direitos trabalhistas da mulher, no mundo e no Brasil contemporâneo. No entanto, apesar das vitórias, ainda ocorre disparidades laborais devido à ausência fiscal do poder público e à intolerância feminina cultural presente no homem. Diante disso, essa realidade constitui um impasse a ser corrigido não só pelas instituições governamentais, mas também pela sociedade brasileira.
Retratando a luta por respeito e por dignidade humana da mulher, o filme "Estrelas Além do Tempo", baseado em fatos reais, reproduz a história da segregação racial e sexual, nos anos 1960, com ênfase na importância do trabalho de três personagens femininas, na ciência espacial, para a eclosão do homem estadunidense à lua. O longa-metragem expõe a ascensão, a eficiência e a inteligência da mulher mediante aos ambientes que seriam, até então, "dominados" apenas por homens, demonstrando, com isso, a quebra de paradigmas sociais excludentes. À vista dessa obra, hodiernamente, percebe-se a validez desses fatos diante das lutas e das conquistas empreendidas pela população feminina, em relação às atividades de ofícios, com respaldo na democracia e nas ideologias sócio-políticas feministas do século XIX e XXI. Como resultado disso, no Brasil, a mulher obteve maior visibilidade perante o cenário laboral, especialmente, com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), de 1946, solidificando, de modo oficial, a proteção e os direitos de suas atividades empregatícias. Em síntese, elas ganharam espaço e importantes vitórias ao longo de séculos de desigualdades no mercado de trabalho.
Contudo, ainda há preconceitos e ditames contra a personificação da identidade das proletárias brasileiras. Mesmo com o avanço das Leis trabalhistas, na prática, sua efetividade é fragilizada devido ao modelo burocrático patriarcal cuja sociedade feminina do país está submetida. Nesse sentido, as estruturas governamentais de fiscalização são deficitárias ao tentar administrar salários, condições básicas de serviços, como saúde e duração da atividade, e a ocorrência de discriminação da mulher em empresas privadas e em instituições públicas, o que, por vezes, provoca um "clima" de normalidade e banalidade de ações que desqualificam o ser e o trabalho feminino. Em razão disso, as trabalhadoras são alvo de diversas violências, em especial a "violência simbólica", elucidada por Pierre Bourdieu, sociólogo francês -- em que consiste na naturalização de padrões dominantes sobre o corpo social --. Essa forma de ação é vista, sobretudo, na coesão psicológica sobre o ser feminino perante suas atividades, principalmente, no ambiente de labor, onde sua condição humana é desvalorizada, a partir de piadas, de discrepância monetária, de adornamentos, do constante machismo e da intolerância à elas no campus em que vivem. Desse modo, a dignidade a qual construíram é violada, ocasionando, pois, subversão à moral feminina, tanto na sociedade quanto no trabalho.
Dessa forma, os padrões culturais de desrespeito as mulheres precisam ser deformadas, com o objetivo de naturalizar sua participação no mercado de trabalho ainda mais. Para tanto, faz-se importante que o Governo Federal amplie as medidas administrativas de fiscalização nos espaços públicos e privados de trabalho, por meio de mecanismos de vigilância e de denúncias contra casos de qualquer tipo de desvalorização do sexo feminino, a fim de impedir a desqualificação laboral, as violências e as consequências psicológicas e físicas --como estresse e sensação de impotência existencial -- as quais essas atitudes provocam em seus corpos. Paralelo a isso, o poder público deve instruir a sociedade masculina, a partir de propagandas televisivas e palestras educacionais, que provocam reflexões sobre os direitos e sobre a dignidade da mulher na esfera social e trabalhista, com o fito de mitigar o patriarcalismo e o machismo que permeia o Brasil. Assim, a oportunidade de alcançar a equidade de ofícios será maior e a mulher será livre para se tornar o que quiser ser, conforme a pensadora supracitada desejava e refletia em seus textos.

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