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13 TEORIA GERAL DOS RECURSOS

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
TEORIA GERAL DOS RECURSOS
ATUALIZADO ATÉ 10/04/2017
TEORIA GERAL DOS RECURSOS (ARTS. 574 A 580, CPP)[endnoteRef:1] [1: Este material foi produzido pelos coaches com base em anotações pessoais de aulas, referências e trechos de doutrina, informativos de jurisprudência, enunciados de súmulas, artigos de lei, anotações oriundas de questões, entre outros, além de estar em constante processo de atualização legislativa e jurisprudencial pela equipe do Ciclos R3.] 
1. Conceito: o recurso é uma ferramenta voluntária de impugnação das decisões judiciais, construída na mesma relação jurídica processual que antecede a coisa julgada, tendo aptidão para esclarecer, integrar, reformar ou para nulificar o julgado.
1.1. Conclusões:
a) O recurso é uma providência voluntária;
b) É admitida na mesma relação processual (a relação se perpetua em outro órgão jurisdicional);
c) O recurso é um desdobramento do direito de ação;
d) A finalidade do recurso pode oscilar entre a integração, o esclarecimento, a reforma ou a anulação do julgado.
e) Previsão legal
2. Natureza jurídica:
Existem posições divergentes sobre a natureza jurídica do recurso
i. Segundo Ada Pellegrini, o recurso é um desdobramento do direito de ação (POSIÇÃO MAJORITÁRIA).
ii. Segundo o CPP, o recurso é qualquer ferramenta de impugnação das decisões judiciais, com trânsito em julgado ou não. A redação original do CPP enquadra no capítulo dos recursos as ações autônomas de impugnação (habeas corpus e revisão criminal). O projeto do novo CPP (Projeto de Lei nº 156) promove a adequada correção.
iii. Para Hélio Bastos Tornaghi, o recurso é uma nova ação, construída incidentalmente no mesmo processo. Justifica a sua posição, afirmando que a ação deflagrada com a inicial acusatória tem por objeto o fato delituoso. O recurso, por sua vez, tem como objeto a decisão impugnada. Na relação recursal, os polos da demanda podem ser alterados (quem estava, originalmente, no polo passivo pode migrar para o polo ativo da relação recursal, como ocorre quando a defesa recorre). Essa posição é minoritária.
3. Princípios Recursais
São verdadeiras regras interpretativas dos recursos em espécie.
3.1. Princípio da voluntariedade
I. Conceito
O recurso está inserido na estratégia processual da parte. Se a parte entende que a decisão representa a justa medida, não tem o dever funcional de recorrer, podendo ser conformar com ela, mesmo que lhe seja desfavorável. O recurso é pautado pela estratégia da parte, que só recorrerá se lhe for conveniente (art. 574, CPP).
Obs. Os membros do Ministério Público ou da Defensoria Pública não tem obrigação de recorrer.
VOLUNTÁRIO ≠ DISCRICIONÁRIO
O Ministério Público não tem discricionariedade para recorrer. Para a defesa, o recurso é voluntário e discricionário.O recurso para o Ministério Público também é voluntário (não há obrigação de recorrer), mas, não há discricionariedade.
Os princípios estruturais que vigem na ação penal são: obrigatoriedade e indisponibilidade. O MP, desde que haja justa causa, deverá ajuizar a ação penal (DEVER DE AGIR), e uma vez proposta a ação penal, o promotor não pode dela desistir. O MP tem a sua liberdade de convicção (“opiniodelictiI”); que não se confunde com a ideia de discricionariedade.
Art. 576, CPP: o MP não poderá desistir do recurso que haja interposto, nem total nem parcialmente.
II. Recurso ex officio (remessa obrigatória, segundo grau obrigatório ou necessário).
Art. 574.  Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em que deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz:
I - da sentença que conceder habeas corpus;
II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena, nos termos do art. 411.
A) Conceito: É o instituto que obriga o juiz, nas hipóteses legalmente selecionadas, a reverter a sua decisão para reanalise do Tribunal, mesmo que as partes não recorram.
Só é cabível em face de decisões de juiz de primeiro grau. NUNCA COLEGIADO.
B) Natureza jurídica: há três proposições.
i. 	Para Aury Lopes Júnior, o art. 574, CPP, examinando o recurso de ofício, não foi recepcionado pelo art. 129, I, CF, afinal o ativismo judicial rompe com o sistema acusatório, com a figura do juiz acusador e parcial. Essa posição é minoritária.
ii. Segundo o STF, na Súmula 423, o instituto é uma condição objetiva de eficácia do julgado, que não transita em julgado enquanto não houver a reanalise pelo Tribunal. Essa é a POSIÇÃO MAJORITÁRIA.
iii. Para Nestor Santiago, em posição minoritária, o instituto é verdadeiramente um recurso e o juiz estaria desempenhando uma função anômala, devidamente regulamentada no Código.
Súmula 423: NÃO TRANSITA EM JULGADO A SENTENÇA POR HAVER OMITIDO O RECURSO EX OFFICIO", QUE SE CONSIDERA INTERPOSTO "EX LEGE".
c) Hipóteses de recurso ex officio: 
a) Concessão do habeas corpus pelo juiz de primeiro grau (art. 574, I, CPP);
b) Concessão de reabilitação criminal (art. 746, CPP);
        Art. 743.  A reabilitação será requerida ao juiz da condenação, após o decurso de quatro ou oito anos, pelo menos, conforme se trate de condenado ou reincidente, contados do dia em que houver terminado a execução da pena principal ou da medida de segurança detentiva, devendo o requerente indicar as comarcas em que haja residido durante aquele tempo.        Art. 746.  Da decisão que conceder a reabilitação haverá recurso de ofício.
c) Decisão de arquivamento do inquérito ou sentença absolutória nos crimes(contravenções NÃO) contra e economia popular ou contra a saúde pública (art. 7º, da Lei nº 1.521/51). OBS. Vale lembrar que o tráfico de drogas e as condutas equiparadas ofendem a saúde pública, mas não haverá recurso de ofício, pois a lei específica foi omissa no tema (Lei nº 11.343/06).
d) Concessão de mandado de segurança por juiz de primeiro grau (art. 14, §1º Lei nº 12.016/09).
e) Indeferimento liminar da ação de revisão criminal pelo relator no Tribunal - ascendência objetiva nos tribunais (art. 625, §3º, CPP).
Obs: segundo Guilherme Nucci, em posição MAJORITÁRIA, o inciso II, o art. 574, CPP, está tacitamente revogado, pois a absolvição sumária do Júri é disciplinada, atualmente, no art. 415, do CPP, com redação dada pela Lei nº 11.689/08, que não trata do recurso de ofício. Nestor Távora entende que, na verdade, o fundamento cabível é o de que o recurso de ofício viola o sistema acusatório.
Não há necessidade de fundamentação no recurso. Não precisa intimar as partes para arrazoar. Quando as partes apelam sobe tudo. Se juiz não enviar para o Tribunal, Presidente pode avocar.
Se o recurso de ofício fosse encarado no sentido estrito de recurso ele seria inconstitucional; no entanto, ele não passa de uma condição para o trânsito em julgado material da sentença. Com essa interpretação ele é plenamente constitucional.
3.2. Princípio da Unirecorribilidade (unicidade ou singularidade)
I. Conceito:
Para cada decisão judicial caberá, em regra, apenas um recurso. É uma proposta com base em um critério político de atuação.
II. Mitigação:
Quando uma mesma decisão ofende a Constituição Federal e a legislação infraconstitucional federal, admite-se a interposição simultânea de Recurso Especial e Recurso Extraordinário, mitigando a unirrecorribilidade.
§ 5º - Na hipótese de o relator do recurso especial considerar que o recurso extraordinário é prejudicial daquele em decisão irrecorrível, sobrestará o seu julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal, para julgar o extraordinário.
§ 6º - No caso de parágrafo anterior, se o relator do recurso extraordinário, em despacho irrecorrível, não o considerar prejudicial, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça, para o julgamento do recurso especial.
Crítica (Paulo Rangel): não há que se falar em mitigação do princípio, pois para interposição do RE e do REsp a decisão é estratificada, abarcando apenas uma parte da decisão. Os recursos são apresentados para impugnar uma parcela distinta do julgado.Podemos analisar a decisão como um todo ou em partes.
ATENÇÃO: Antiga EXCEÇÃO à unirrecorribilidade se verificava no cabimento simultâneo do protesto por novo Júri (crime com pena maior ou igual a vinte anos) e da apelação (crime conexo). Nesse caso, o recurso de apelação ficaria sobrestado aguardando ao protesto por novo júri.
#CPC1973
ATENÇÃO: Seria exceção à unirrecorribilidade a interposição simultânea de embargos infringentes e de nulidade quanto à parte não unânime e de recursos extraordinários quanto à parte unânime? NÃO, pois a jurisprudência majoritária (STJ: AgRg no Ag 1.386.935/SP) tinhaorientação pela incidência do art. 498, do antigo CPC, ao processo penal, de modo que, ao interpor os embargos infringentes, os prazos para interposição de RE e REsp ficariam suspensos, não havendo interposição simultânea. Inclusive, havendo interposição simultânea, sem posterior ratificação, restaria caracterizada a extemporaneidade do recurso extraordinário.
ADVERTÊNCIA: interposição simultânea de embargos infringentes ou de nulidade e RE ou Resp:
· STJ: o prazo para o RE ou Resp ficará sobrestado até o julgamento dos embargos
· STF:deve haver a interposição simultânea, sob pena de intempestividade. O RE ou Resp ficarão sobrestados aguardando o julgamento dos embargos.
#NCPC #MUDANÇADEENTENDIMENTO
Em razão da omissão do Código de Processo Penal, há duas posições a respeito:
1) Uma majoritária, anterior ao novo CPC, segundo a qual a interposição de ambos os embargos (de nulidade e infringentes) sobrestariam o prazo para a apresentação tempestiva dos recursos constitucionais, invocando-se, o art. 498 do Código de Processo Penal, com a reforma dada pela Lei nº. 10.352/2001. Esse entendimento prevalece na Justiça Comum Federal e já foi adotado pelo Superior Tribunal de Justiça no Agravo Regimental em Recurso Especial nº. 767.545/MG, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, j. 09/03/06 e Recurso Especial nº. 881.847/PE, Rel. Ministro Félix Fischer, j. 22/05/2007.
2) Outra corrente, prevalecente na Justiça Comum Estadual, preconiza que é obrigatória, sob pena de intempestividade, a interposição simultânea dos recursos constitucionais e dos embargos, devendo o acusado, desde logo, oferecer em dez dias, a partir da publicação do acórdão, os embargos (de nulidade ou infringentes), relativamente à parte da decisão não unânime e, em quinze dias, o Recurso Especial ou Extraordinário (ou ambos), cabível quanto à matéria decidida sem divergência. Esse entendimento é sustentado pelo Enunciado 355 da Súmula do Supremo Tribunal Federal, segundo o qual “em caso de embargos infringentes parciais, é tardio o recurso extraordinário interposto após o julgamento dos embargos, quanto à parte da decisão embargada que não fora por eles abrangida.” Nesse caso, o julgamento do Recurso Especial ou Extraordinário ficará sobrestado até o julgamento dos embargos.
Conclusão:
E agora, não mais havendo a previsão no Código de Processo Civil dos Embargos Infringentes e, consequentemente, a possibilidade legal do sobrestamento do prazo para os recursos constitucionais, como ficará a questão em matéria criminal?
Se, antes da vigência do novo Código de Processo Civil, primeiro deveriam ser interpostos os embargos e, depois do julgamento destes, começaria o prazo para os Recursos Especial e Extraordinário, com a vigência do novo Código de Processo Civil que, como se sabe, não mais prevê os embargos infringentes, apenas estabelecendo, no art. 942, como uma técnica de julgamento, que, “quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores.”, o uso da analogia não mais será possível, devendo ser aplicado o Enunciado 355 da súmula do Supremo Tribunal Federal. Na doutrina, Rômulo de Andrade Moreira, Alexandre Morais da Rosa e Renato Brasileiro.
A única exceção ao princípio seria a interposição simultânea de RE e REsp, à luz do art. 26, Lei 8.038/90, bem como da Súmula 126 do STJ.
STJ Súmula nº 126 - É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário.
Eugênio Pacelli nos dá outro exemplo: tratando-se de sucumbência recíproca, poderá ocorrer a interposição simultânea de recursos distintos, manejados, porém, por partes também distintas.Têm a mesma natureza jurídica
ATENÇÃO: Em uma mesma sentença, juiz julga extinta a punibilidade em relação a um delito (seria cabível o RESE, conforme art. 581, VIII, CPP), e condena em relação a outro delito. Neste caso, o recurso de APELAÇÃO absorveo RESE (PRINCÍPIO DA ABSORÇÃO/CONSUNÇÃO),conforme art. 593, §4º, CPP.
§ 4o  Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra.
3.3. Princípio da Fungibilidade (teoria do recurso indiferente; princípio da permutabilidade; princípio da conversibilidade; teoria do recurso sem rosto ou teoria do tanto vale)
I. Conceito
Por ele, um recurso inadequado pode ser conhecido como o recurso correto em homenagem à instrumentalidade das formas (art. 579, CPP).
Art. 579.  Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso por outro.
Parágrafo único.  Se o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do recurso interposto pela parte, mandará processá-lo de acordo com o rito do recurso cabível.
II. Requisitos: 
· Ausência de má-fé: para o STF, a má-fé será presumida quando o recurso apresentado goza de mais prazo do que o recurso correto, e o recorrente se beneficiou do excesso. Para Denilson Feitosa Pacheco, a posição do STF é muito rígida e se for aplicada, relegará a fungibilidade ao ostracismo.
· Ausência de erro grosseiro: para o STJ, é necessário que exista dúvida objetiva quanto ao recurso cabível naquela hipótese (REsp 611.877).Se não houver nenhuma divergência doutrinária ou jurisprudencial é tido como erro grosseiro.
Requisitos: boa-fé, recurso errado no prazo do recurso certo e dúvida objetiva (inexistência de erro grosseiro).
        Parágrafo único.  Se o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do recurso interposto pela parte, mandará processá-lo de acordo com o rito do recurso cabível – não pode haver a supressão de uma etapa procedimental do recurso correto. Ex. juízo de retratação do RESE. Tribunal convertendo em RESE deve devolver para que o juiz realize ou não a retratação.
3.4. Princípio da Taxatividade
Para a decisão ser impugnável, deve haver previsão legal disciplinando a ferramenta disponível. Do contrário, a decisão não será recorrível. 
Por ele, os recursos da esfera penal estão taxativamente previstos em lei, não havendo recurso inominado ou de improviso. Esse princípio também é conhecido como princípio da legalidade recursal.
LEI FEDERAL – competência privativa da União para legislar sobre direito processual.
Pode haver, no entanto, a interpretação extensiva ou analógica da lei processual.
3.5. Princípio da Convolação
Segundo Noberto Avena, a ferramenta impugnativa correta e adequada ao caso pode ser conhecida como se fosse outra, ainda mais propícia, cabendo ao Tribunal promover a convolação (exemplo: convolar a revisão criminal apresentada para combater sentença nula transitada em julgado no habeas corpus, já que este tramita em rito sumaríssimo e comporta a concessão de liminar).EX. intempestivo o RO, deve ser recebido como HC substitutivo.
*#OUSESABER: Não confundir o PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE com o PRINCÍPIO DA CONVOLAÇÃO no processo penal. O Princípio da Fungibilidade, tal como no Processo Civil, traduz-se na possibilidade de um recurso que inicialmente não era o adequado para combater determinadovício de uma decisão (Lembrando que, em regra, só há um Recurso cabível para cada espécie de vício decisório - Princípio da UNIRECORRIBILIDADE RECURSAL) ser aceito em substituição ao recurso correto. Isso só é possível se o ajuizamento ocorrer NO PRAZO DO RECURSO CORRETO e não se tratar de ERRO GROSSEIRO. Já o Princípio da Convolação possui lógica semelhante, mas o que se admite é um MEIO DE IMPUGNAÇÃO e não um recurso. Assim, havendo erro no protocolo de um recurso ou de um meio de impugnação, ACEITA-SE UM OUTRO MEIO DE IMPUGNAÇÃO em favor do réu. Renato Brasileiro exemplifica a utilização do princípio: alguém entra com um HC originário em TJ, que vem a ser denegado, o que enseja o ajuizamento do ROC para o STJ, mas esse é protocolado INTEMPESTIVAMENTE, MAS, EM FACE DO PRINCÍPIO DA CONVOLAÇÃO, O STJ PODE RECEBER O RECURSO ORDINÁRIO COMO UM NOVO HC!
3.6. Princípio da Conversão
Por ele, o Tribunal incompetente para o qual foi endereçado o recurso, pode reapontar o recurso e encaminhá-lo ao órgão competente. Esse fenômeno é chamado de intinerância recursal.
3.7. Princípio da non reformatio in pejus (princípio da proibição da reforma pior)
I. Conceito
No Processo Penal, uma forma de intimidar o recurso da defesa seria o temor de que o Tribunal piorasse a situação do réu.INCLUSIVE – erro material, matéria de ordem pública, medida de segurança, revisão criminal.
Por ele, quando o Tribunal julga recurso defensivo, a situação do réu não poderá ser piorada. Para a exasperação da situação do imputado é necessário que o Tribunal dê provimento a recurso da acusação. Nem mesmo em se tratando de erro material (STF: HC 83.545/SP; STJ: HC 163.851/RS).
II. Fundamentos:
a) Processual – o Tribunal não pode julgar extra petita;
b) Político – Almeja-se, ainda, não inibir a atividade recursal da defesa;
III. Modalidades (classificação): 
i. Proibição direta – por ela, o Tribunal, ao julgar o recurso da defesa, não poderá nesta relação recursal piorar a situação do réu (art. 617, CPP);
Art. 617.  O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da sentença.
ii. Proibição indireta – se o Tribunal, julgando recurso da defesa, anular a decisão impugnada, devolvendo os autos para que o juiz profira uma nova, a situação do réu também não poderá ser piorada. Percebe-se que a primeira decisão acaba trazendo um efeito limitador quanto à nulidade fruto do recurso defensivo. Logo,os limites da sanção estão demarcados no primeiro julgado que foi anulado, pelo que chamamos de efeito prodrômico. Trata-se de hipótese excepcional em que o ato nulo produz efeitos.
Situação de reformatio in pejus mesmo tendo havido redução da pena final : Assim, mesmo aparentemente a decisão do TJ tendo sido benéfica ao réu (por ter reduzido a pena), na verdade, houve, na parte referente à causa de aumento, uma reforma para pior. (Info 797, STF)
A proibição da “reformatio in pejus”, princípio imanente ao processo penal, aplica-se ao “habeas corpus”, cujo manejo jamais poderá agravar a situação jurídica daquele a quem busca favorecer. STF. 2ª Turma. HC 126869/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/6/2015 (Info 791).
INFORMATIVO 573 - STJ
# DEFENSORIA: Caso o Tribunal, na análise de apelação exclusiva da defesa, afaste uma das circunstâncias judiciais (art. 59 do CP) valoradas de maneira negativa na sentença, a pena base imposta ao réu deverá, como consectário lógico, ser reduzida, e não mantida inalterada. STJ. 6ª Turma. HC 251.417-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 3/11/2015 (Info 573). - Ao manter a pena fixada mesmo reconhecendo que uma circunstância judicial não estava presente, o Tribunal acabou incidindo em reformatio in pejus porque piorou a situação do réu.
*João foi condenado em 1ª instância a uma pena de 2 anos pela prática do crime de furto qualificado pela escalada (art. 155, § 4º, II, do CP). O Ministério Público não recorreu, transitando em julgado a sentença para a acusação. A defesa do réu interpôs apelação. O Tribunal de Justiça entendeu que não estavam presentes os requisitos necessários para a configuração da qualificadora da escalada (art. 155, § 4º, II) e, por isso, a retirou, transformando em furto simples. Até aí, tudo bem. Esse era um dos pedidos do recurso. Ocorre que os Desembargadores foram além e decidiram reconhecer a presença da causa de aumento prevista no § 1º do art. 155 do CP, em virtude de estar provado nos autos que o furto ocorreu durante o repouso noturno. Assim, o TJ afastou a condenação pelo art. 155, § 4º, II, do CP e condenou o réu pelo art. 155, § 1º, do CP. Com base nessa nova capitulação, o TJ fixou a pena do réu em 1 ano e 4 meses. Agiu corretamente o TJ? NÃO. O STF entendeu que a decisão do TJ violou o princípio do non reformatio in pejus, devendo ser refeita a dosimetria. O TJ acrescentou uma causa de aumento de pena (art. 155, § 1º) que não havia sido reconhecida na sentença em 1ª instância. Como o recurso era exclusivo da defesa, o TJ não poderia ter inserido na condenação uma circunstância contrária ao réu e que não estava presente anteriormente. Assim, mesmo aparentemente a decisão do TJ tendo sido benéfica ao réu (por ter reduzido a pena), na verdade, houve, na parte referente à causa de aumento, uma reforma para pior. STF. 2ª Turma. RHC 126763/MS, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 1º/9/2015 (Info 797).
IV. Situações especiais:
1. Reformatio in pejus x Incompetência absoluta: 
Se a decisão foi anulada no julgamento de recurso defensivo sob o fundamento da incompetência absoluta do juízo, subsistem as seguintes posições:
a) Para Eugênio Pacelli, não aplicaremos a limitação do art. 617, CPP, que é lei ordinária, já que o princípio do juiz natural é norma constitucional.
b) Para o STJ, em POSIÇÃO PREVALENTE, a proibição da reforma pra prior subsiste mesmo nessahipótese (STJ HC 105.384).
2. Reformatio in pejus x Júri: 
DOUTRINA e jurisprudência tradicional: Para a doutrina majoritária (Frederico Marques), se o primeiro julgamento no Júri é anulado em virtude de recurso da defesa, no segundo julgamento, os jurados podem reconhecer circunstâncias na quesitação que exaspere a situação do réu, pois eles atuam com soberania (art. 5º, XXVIII, CF). Todavia, no segundo julgamento, se os jurados reconhecerem as mesmas circunstâncias do primeiro – quesitação idêntica, o juiz presidente estará adstrito à proibição da reformatio in pejus. (art. 617, CPP).
ATENÇÃO: o STF, em recente acórdão da lavra do Ministro Cesar Peluso, reconheceu o obstáculo da reforma para pior mesmo quando no segundo julgamento, os jurados reconheçam circunstâncias que exasperem a situação do réu, devendo o juiz, na confecção da sentença, atender aos limites da primeira decisão, anulada em virtude do recurso defensivo (Informativo 542 - STF HC 89.554).
Esta regra, porém, não tem aplicação para limitar a soberania do Tribunal do Júri, prevalecendo o princípio constitucional da soberania dos veredictos. O juiz, ao aplicar a pena, entretanto, estará limitado àquela imposta no 1º julgamento (Informativo 542 do STF: HC 89.544/RN).
INFO 542	Tribunal do Júri e Princípio da “Ne Reformatio in Pejus” Indireta – 1A Turma deferiu habeas corpus para assentar que o princípio da ne reformatio in pejus indireta tem aplicação nos julgamentos realizados pelo tribunal do júri. 
3. Interpretação extensiva
No julgamento dos recursos da acusação, não poderá o Tribunal declarar de ofício nulidades que prejudiquem a defesa e que não foram objeto do recurso acusatório (efeito limitador), salvo naquelas situações onde a decisão é passível de recurso de ofício (Súmula 160 STF).
Súmula 160 É NULA A DECISÃO DO TRIBUNAL QUE ACOLHE, CONTRA O RÉU, NULIDADE NÃO ARGÜIDA NO RECURSO DA ACUSAÇÃO, RESSALVADOS OS CASOS DE RECURSO DE OFÍCIO.
ATENÇÃO: Corolário do princípio da non reformatio in pejus é o princípio da personalidade dos recursos, segundo o qual o recursosó pode beneficiar a parte que o interpôs, não aproveitando aquele que não recorreu. Exceção: art. 580, CPP (recurso interposto por um acusado beneficia os demais se fundado em motivos objetivos). A parte que recorreu não pode ter sua situação agravada, se não houve recurso da parte contrária.
Art. 580.  No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.
Art. 626, p. único, CPP - Non reformatio in pejus em revisão criminal: Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo, mas, de qualquer maneira, não poderá ser agravada a pena imposta pela decisão revista.
Art. 626.  Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo.
Parágrafo único.  De qualquer maneira, não poderá ser agravada a pena imposta pela decisão revista.
Súmula 525 STF - A medida de segurança não será aplicada em segunda instância, quando só o réu tenha recorrido.Tribunal não pode instaurar incidente de insanidade mental.MITIGAÇÃO – há essa possibilidade quando a primeira instância tiver condenado o réu à pena privativa de liberdade e a defesa recorrer pedindo a medida de segurança.
3.8. Princípio da reformatio in mellius (princípio da reforma para melhor)
I. Conceito
Julgando recurso acusatório, o Tribunal está autorizado a julgar extra petita, podendo melhorar a situação do réu, mesmo que esse não seja o objeto do recurso. Para Luís Flávio Gomes, pode o Tribunal melhorar a situação do réu, julgando recurso acusatório, mesmo que, para tanto, decida extra petita. 
Regra – efeito devolutivo da apelação – tribunal pode reconhecer de ofício questões em prol do réu
Exceção – Júri (evitar supressão de instância) - Súmula O efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição.
II. Fundamentos: 
a) Bem jurídico em jogo – é a liberdade, direito indisponível;
b) Tribunal ex officio poderia conceder um habeas corpus, nada impede que ele abranda situação do réu, julgando recurso acusatório;
c) O réu não pode ser prejudicado pela ineficiência da defesa técnica.
d) Embasamento normativo: a reformatio in mellius se consolida, a contrário sensu, da interpretação do art. 617, CPP;
        Art. 617.  O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da sentença.
É possível a reformatio in mellius (o tribunal melhora a situação do réu em julgamento de recurso exclusivo da acusação) por medida de economia processual e em nome do princípio do favor rei. O tribunal deve se utilizar de ordem de habeas corpus de ofício para corrigir em favor do acusado ilegalidades da decisão. PACELLI alinha-se a esta corrente. STJ: “Esta Corte firmou compreensão no sentido de que é admitida a reformatio in melius, em sede de recurso exclusivo da acusação, sendo vedada somente a reformatio in pejus.” (REsp 628.971/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 16/03/2010, DJe 12/04/2010)
3.9. Princípio da dialeticidade
Por ele o recorrente apresentará as suas razões recursais, de forma que a parte contrária terá condição de apresentar as suas contrarrazões (dialética), respeitando-se o princípio do contraditório. Através dele também haverá a fixação dos limites de atuação do Tribunal na apreciação do recurso.
ADVERTÊNCIA: o recurso de apelação pode subir ao Tribunal com ou sem as razões, mitigando a essência da dialética – crítica. Mas os Tribunais confirmam essa possibilidade. Art. 601 CPP. Obs. Juizado não. Tem que apresentar as razões, sob pena de não conhecimento.
Art. 601.  Findos os prazos para razões, os autos serão remetidos à instância superior, com as razões ou sem elas, no prazo de 5 (cinco) dias, salvo no caso do art. 603, segunda parte, em que o prazo será de trinta dias.
§ 1o  Se houver mais de um réu, e não houverem todos sido julgados, ou não tiverem todos apelado, caberá ao apelante promover extração do traslado dos autos, o qual deverá ser remetido à instância superior no prazo de trinta dias, contado da data da entrega das últimas razões de apelação, ou do vencimento do prazo para a apresentação das do apelado.
§ 2o  As despesas do traslado correrão por conta de quem o solicitar, salvo se o pedido for de réu pobre ou do Ministério Público.
- Mas afinal o que deveria ser feito diante da ausência de razões e contrarrazões? 
· Defesa: devolver ao primeiro grau para manifestação. Não sendo feita – intima réu para apresentar novo advogado. Não nomeando – Defensoria Pública ou defensor dativo. Súmula 707.
· MP: art. 28, considerando que não pode desistir do recurso que haja interposto.
- STJ – É nulo o julgamento de recurso de apelação apenas interposto e não arrazoado.
- STF – não há nulidade se as razões reproduzem as alegações finais da defesa.
- Súmula 707, STF – constitui nulidade a falta de intimação do denunciado do recurso interposto contra a decisão que rejeitou a denúncia, não a suprindo nem mesmo nomeação de defensor dativo.
- Nem todo recurso demanda a apresentação de razões – o antigo protesto por novo júri e embargos de declaração, salvo se infringentes.
Toda vez que for interposto recurso, a parte contrária terá o direito de contrarrazoar o recurso (não é obrigação). É a garantia do prazo para a apresentação das contrarrazões antes da subida dos autos. Súmula 707, STF – constitui nulidade a falta de intimação do denunciado do recurso interposto contra a decisão que rejeitou a denúncia, não a suprindo nem mesmo nomeação de defensor dativo. Advém nitidamente da cláusula constitucional do due processo oflaw, em específico no que atine à proteção ao contraditório.
OBS: Súmula 707 do STF confirma o princípio da dialeticidade recursal.
Aqui é bom registrar que o parecer do MP, na segunda instância, não representa violação ao princípio da dialeticidade. Em verdade, o parecer ministerial é exarado na condição de custos legis, e, não, na de parte, razão pela qual não há falar em violação aos princípios da dialeticidade, ampla defesa e contraditório. Essa é a posição do STJ: “é entendimento pacificado no Superior Tribunal de Justiça que o Ministério Público, ao apresentar parecer em segundo grau de jurisdição, salvo nos casos de ação originária, atua como custos legis (art. 610 do CPP) e, portanto, inexiste violação dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa.” (STJ, AgRg no HC 195.965/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 27/08/2013, DJe 12/09/2013)
Não obstante isso, atualmente está em debate se a sustentação oral do MP após a sustentação oral da defesa ofende, ou não, os princípios do contraditório e da ampla defesa, tendo o STF consignado que: “No processo criminal, a sustentação oral do representante do Ministério Público, sobretudo quando seja recorrente único, deve sempre preceder à da defesa, sob pena de nulidade do julgamento.” (STF, HC 87926 – Informativo 499, STF).
3.10. Princípio da complementaridade ou complementariedade
Por ele, o recorrente poderá complementar as razões recursais quando a decisão impugnada foi alterada pelo próprio juiz, em virtude dos seguintes fatores:
· Provimento de embargos declaratórios apresentados pela parte contrária.
· Correção ex officio de erros formais ou materiais na decisão
A complementação só pode versar sobre o que foi alterado.
Após a interposição do recurso, o juiz pode modificar a sentença nas seguintes hipóteses: a) erro de cálculo e erro material, desde que não prejudique o réu; b) lei nova mais favorável; c) embargos de declaração; d) juízo de retratação (RESE ou agravo em execução).
Não se fala em preclusão consumativa, porque os fundamentos da decisão só surgirão com a integração ou complementação a que os embargos de declaraçãoderam margem.
3.11. Princípio da suplementaridade ou suplementariedade – polêmico.
Vimos que, em regra, para uma decisão cabe apenas um recurso. No entanto, excepcionalmente, é possível a interposição de dois recursos simultâneos. Ex. Resp e RE. Por ele, se uma mesma decisão comporta mais de um recurso, eles poderiam ser apresentados em momentos distintos, desde que dentro do prazo, não havendo preclusão consumativa pela apresentação do primeiro recurso.
EXEMPLO: réu com 25 anos de condenação no homicídio e 03 anos para o estupro. Para o primeiro cabe o PROTESTO POR NOVO JÚRI (revogado pela Lei 11.689/2009) e cabe a apelação no segundo caso. Há dois recursos simultâneos. A suplementariedade dos recursos não tem correlação com o princípio da complementariedade dos recursos. OBS.: entretanto, registro novamente a dificuldade de se diferenciar suplementariedade de variabilidade, tendo em conta as divergências doutrinárias acima apontadas.
3.12. Princípio da variabilidade
O recurso interposto pode ser substituído por outro adequado à espécie, desde que dentro do prazo. Ex. Protesto por novo júri e apelação.Estava previsto em 39 e agora não está. Como excetua a preclusão consumativa deveria estar previsto.
CRÍTICA: percebe-se que este proceder compromete a preclusão consumativa – MAIORIA DA DOUTRINA.
Quando são cabíveis dois recursos alternativos, a parte pode entrar com um recurso e, no prazo recursal, pode entrar com outro recurso eliminando o primeiro. O sujeito vai variar de recursos, ou seja, quer variar de recurso. EXEMPLO: réu condenado a 25 anos cabem o protesto por novo júri e a apelação, o réu interpõe um e depois outro, desde que respeitado o prazo de interposição. NÃO SE CONFUNDE COM A SUPLEMENTARIEDADE DOS RECURSOS. Há dois recursos alternativos, ou seja, ou é um ou é outro.
Ada Pellegrini e outros definem o princípio da variabilidade como sendo: “O princípio da variabilidade significa que a interposição de um recurso não liga o recorrente à impugnação, permitindo-se a interposição de outros recursos, se no prazo”.
3.13. Princípio da colegialidade
Por ele, em regra, a apreciação do mérito do recurso ocorrerá por um órgão colegiado, dissipando a possibilidade de erro.Consectário lógico do duplo grau.
Obs. O CPC prevê a possibilidade de relator negar seguimento ou dar provimento a recurso quando a questão for sumulada ou de jurisprudência dominante. Isso não se aplica aos recursos essencialmente penais – apelação, rese, agravo em execução, pois eles têm disciplina própria exigindo a colegialidade. Quanto ao HC, Res e RE é plenamente possível a decisão monocrática com aqueles fundamentos – STF e STJ.
3.14. Princípio do duplo grau de jurisdição.
I. Fundamentos:
a) A falibilidade humana e a esperança de que o erro possa ser corrigido
b) O inconformismo natural do homem.
II. Embasamento normativo
a) Constituição Federal: existe uma decorrência implícita do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal. Art. 5º, LV.
b) Pacto de São José da Costa Rica (Convenção Americana De Direitos Humanos): existe previsão expressa no art. 8º, II. ADVERTÊNCIA: vale lembrar que a Convenção Americana é vista pelo STF como uma norma supralegal.
III. Mitigações
O princípio do duplo grau é flexibilizado dentro das seguintes hipóteses: 
a) Decisões interlocutórias simples: estas decisões, em regra, na esfera penal, não comportam recurso, de forma que a Ada Pellegrini idealiza o princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias simples. Vale lembrar que quando uma interlocutória simples comporta recurso, ela deve estar enquadrada no art. 581 do CPP (rese). Nada impede, contudo, que a decisão seja combatida por HC ou MS.
b) Para o STF, na Súmula 453, o instituto da mutatio libelli não será invocado na fase recursal, para que não ocorra supressão de instância. 
c) Autoridades com foro por prerrogativa de função
O duplo grau não é aplicado a autoridades que são julgadas originariamente perante Tribunais e o que se pode discutir eventualmente é a violação à legislação federal, por meio de Resp ou RE (STF. RHC 79785).
ADVERTÊNCIA: Na ação penal 470, tramitando no STF, e popularmente chamada de “Mensalão”, a Suprema Corte, pautada no respeito ao duplo grau, admitiu os embargos infringentes, trazendo assim duas consequências processuais importantes: 1) o STF admitiu como vigente um recurso previsto, que é anterior à CF/88. 2) A admissibilidade dos embargos infringentes, justificada também pelo respeito ao duplo grau, permitiu a rediscussão do julgado pelo mesmo Tribunal, não havendo escalonamento.
Informativo 735 STF
OBS. Duplo grau de jurisdição
Pode existir recurso sem duplo grau de jurisdição e vice versa. Ex. reexame necessário. Só há duplo grau quando o recurso proporcionar o conhecimento por órgão diverso dematéria de fato e de direito.
OBS. para haver duplo grau o juízo a quo precisa ter tido conhecimento do fato. Não pode o juízo ad quem conhecer primeiro. Por isso a proibição em relação a mutatio libelli. Súmula 453 STF.
Fundamentos: são vários: inconformidade das partes, falibilidade das pessoas; fundamento político que reside na maior confiabilidade nas decisões colegiadas; duplo grau de jurisdição
Duplo grau de jurisdição não se confunde com a mera possibilidade de recorrer. Duplo grau de jurisdição é a possibilidade de interposição de recurso que devolva a órgão jurisdicional diverso e de hierarquia superior todo o conhecimento da matéria de fato e de direito, incluindo questões probatórias.
A posição majoritária é a de que ele estaria implícito nos seguintes dispositivos: devido processo legal (art. 5º, LIV, CF/88); direito de defesa (art. 5º, LV, CF/88); estrutura do Poder Judiciário, dividido em órgãos jurisdicionais inferiores e superiores (arts. 92 e segs., CF/88).
Recursos que materializam o duplo grau de jurisdição: apelação, RO em HC, RO em crimes políticos (STF).
ATENÇÃO: Recursos extraordinários (RESP e RE) não são manifestações do duplo grau de jurisdição, pois são recursos de fundamentação vinculada, que visam à tutela da CF/88 ou da legislação federal infraconstitucional.Não permitem o reexame fático e probatório. Não se prestam precipuamente a tutelar o interesse das partes.
Pessoas com foro por prerrogativa de função, como não podem apelar (recurso que devolve matéria fática e probatória à instância superior), não possuem direito ao duplo grau de jurisdição. É que, segundo o STF (AI 601.832 AgR/SP, RHC 79.785/RJ), trata-se de garantia não absoluta, devendo ser harmonizada com as exceções previstas no próprio texto constitucional. No direito brasileiro, somente não cabe recurso de apelação nas condenações proferidas em exercício de competência originária dos tribunais. Essa é posição firme do STF. A situação se justifica por ser hipótese prevista na própria CF, que tem status superior ao Pacto de San José, que tem status supralegal.
OBS: No julgamento do mensalão (AP 470), o STF reconheceu, ao considerar cabíveis osembargos infringentes em ações penais de competência originária do STF, que o princípio do duplo grau de jurisdição também se aplica nessas ações penais:
“Assinalou, também, que a regra consubstanciada no art. 333, I, do RISTF buscaria permitir a concretização, no âmbito desta Corte, no contexto das causas penais originárias, do postulado do duplo reexame, que visa a amparar direito consagrado na Convenção Americana de Direitos Humanos, na medida em que realizaria, embora insuficientemente, a cláusula da proteção judicial efetiva. Sublinhou, por fim, que o referido postulado seria invocável mesmo nas hipóteses de condenações penais em decorrência de prerrogativa de foro, formuladas por Estados que houvessem formalmente reconhecido, como obrigatória, a competência da Corte Interamericana de Direitos Humanos em todos os casos relativos à interpretação ou aplicação desse tratado internacional.” (Informativo 720, STF)
ATENÇÃO: Súmula 704 do STF: Foro por prerrogativa de função. Coautor que não o possui também pode ser julgado pelo tribunal em hipótese deconexão/continência. Ex: caso “mensalão”. Note-se, entretanto, que a reunião não é obrigatória, ficando a critério do tribunal no caso concreto.Mas se houver essa reunião não há que se falar em duplo grau de jurisdição obrigatório, seja em relação ao acusado com foro, seja em relação ao coautor ou partícipe. CRÍTICA – em relação ao coautor não há previsão constitucional, de forma que deveria prevalecer a CADH, por ser supralegal.
ATENÇÃO: A regra é o desmembramento. Apenas quando for necessário haverá a reunião. 
3.15. Princípio tantum devolutum quantum apelatum
Quando a parte interpõe o recurso, somente a matéria objeto de impugnação é encaminhada ao Tribunal. No entanto, esse princípio gera algumas questões no processo penal. Alguns autores dizem que esse princípio não vigora no DPP. Isso não é verdade, por dois motivos: 1) em caso de recursos da acusação, vige a regra de que a interposição limita a matéria que poderá ser objeto de impugnação[footnoteRef:1]. Em favor da defesa, podem ser alegadas matérias que não tenham sido objeto de impugnação; vigora o princípio para beneficiar a defesa. 2) o STF, súmula 713 (“O efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição”), reconhece a existência desse princípio no DPP ao afirmar que na apelação do júri, o órgão “ad quem” somente pode se manifestar sobre a matéria impugnada no recurso. Se o recurso teve por objeto decisão manifestamente contrária à prova dos autos, o Tribunal não pode reconhecer uma nulidade de quesitação. [1: Se o termo de interposição da apelação é omisso quanto à parte do julgado contra a qual se insurge, a definição dos limites da impugnação é estabelecida nas razões do apelo. ] 
3.16. Princípio da disponibilidade dos recursos
A parte legitimada a recorrer pode dispor do recurso, seja renunciando ao direito de recorrer, desistindo do recurso interposto, ou, simplesmente, deixando de recorrer. A disponibilidade (após a interposição) é desdobramento lógico da voluntariedade (antes da interposição). OBS: Art. 576, CPP – O MP não pode desistir de recurso que haja interposto.
3.17. Princípio da adequação 
Somente pode ser utilizado o recurso adequado.
No julgamento de apelação interposta pelo Ministério Público contra sentença de absolvição sumária, o Tribunal não poderá analisar o mérito da ação penal para condenar o réu. Isso viola os princípios do juiz natural, do devido processo legal, da ampla defesa e do duplo grau de jurisdição. Neste caso, entendendo que não era hipótese de absolvição sumária, o Tribunal deverá dar provimento ao recurso para determinar o retorno dos autos ao juízo de primeiro grau, a fim de que o processo prossiga normalmente, com a realização da instrução e demais atos processuais, até a prolação de nova sentença pelo magistrado. STJ. 6ª Turma. HC 260.188-AC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 8/3/2016 (Info 579). - Vale ressaltar que, se o réu havia sido absolvido sumariamente, isso significa que não foram ouvidas testemunhas nem realizado interrogatório. Assim, não foi produzida nenhuma prova em juízo, não podendo, portanto, haver condenação neste caso. - Em um caso envolvendo recurso contra rejeição da denúncia, o STJ já havia decidido de forma semelhante: (...) Viola os princípios do juiz natural, devido processo legal, ampla defesa e duplo grau de jurisdição, a decisão do tribunal a quo que condena, analisando o mérito da ação penal em apelação ministerial interposta ante mera rejeição da denúncia. (...) STJ. 6ª Turma. HC 299.605/ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 18/06/2015.
4. Pressupostos recursais
4.1. Conceito
São os requisitos necessários para que o recurso ultrapasse o juízo de admissibilidade, permitindo que o órgão ad quem adentre ao mérito da questão. 
Antes de apreciar o mérito do recurso, o tribunal deve analisar se estão presentes certos pressupostos (JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL).
OBS: Juízo de admissibilidade recursal ou de prelibação (conhecimento do recurso) é realizado tanto pelo juízo a quo (juízo contra o qual se recorre) quanto pelo juízo ad quem (juízo para o qual se recorre). Diferente do juízo de mérito recursal, o qual, em regra é feito pelo juízo ad quem. O recebimento em primeira instância não vincula o juízo de admissibilidade do recurso na segunda instância (CONHECE ou NÃO CONHECE).Se o juízo a quo não admitir o recuso? Cabe RESE, no caso de apelação, e carta testemunhável nos demais.
Obs. Alguns recursos dispensam a análise dos pressupostos processuais pelo juízo a quo. Ex. Carta testemunhável, agravo de instrumento.
OBS. enquadramento terminológico:
a) Juízo de admissibilidade do recurso: análise prelibatória – CONHECIDO.
b) juízo de mérito: análise delibatória. – PROVIDO.
Obs. O conhecimento determina a competência para a revisão criminal. Efeito substitutivo. Ainda que não seja provido, na parte em que foi conhecido irá substituir a decisão recorrida. Situações
· Tribunal 2º grau conheceu/não conheceu/deu provimento/não deu provimento: Tribunal 2º grau julga a revisão criminal. (não importa, pois a competência é dele).
· RE e Resp - conheceu o recurso: STF ou STJ julgam a revisão criminal, apenas na parte que foi objeto do RE ou Resp.
· RE e Resp – não conheceu o recurso: Tribunal de 2º grau julga a revisão.
O STF só vai apreciar a matéria constitucional. Se o objeto da revisão criminal tiver sido apreciado pelo STF no julgamento do RE, caberá ao próprio STF o julgamento da revisão criminal; caso contrário, a revisão deve ser julgada pelo TJ.
Se o juiz entender que os pressupostos recursais não estão presentes ele deixa de RECEBER o recurso (receber ou não receber). Indaga-se: se o juiz receber recurso sem pressuposto, pode reformular / reconsiderar essa decisão? Até pouco tempo, esse juízo era irretratável, sob o fundamento de que o CPP é omisso quanto a possibilidade ou não da reconsideração, por isso, subsidiariamente é aplicado o CPC, que vedava tal possibilidade. Entretanto, no CPC de 1973, em seu artigo 518, havia permissão expressa para a modificação da decisão de recebimento de recurso. Aliás, a nova redação (Lei 11.276/06) do § 2º, do art. 518, do CPC, era expressa nesse sentido: Apresentada a resposta, é facultado ao juiz, no prazo de cinco dias, o reexame dos pressupostos de admissibilidade do recurso.#CPC73
#NCPC
O novo CPC não mais permite ao juiz de primeiro grau a análise dos pressupostos de admissibilidade, devendo, após a manifestação da parte contrária, remeter os autos para o juízo ad quem, para lá fazer a análise de admissibilidade, consoante art. 1.010, §3º do CPC.
Art. 1.010
§ 1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar contrarrazões.
§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.
ATENÇÃO: Nos embargos de declaração, há coincidência entre os juízos a quo e ad quem.
OBS: Na prática, o conhecimento do recurso significa que a decisão do tribunal irá substituir (efeito substitutivo) a decisão do juízo a quo no ponto que tiver sido impugnada/devolvida (efeito devolutivo). O efeito substitutivo, portanto, somente se opera diante do conhecimento/admissibilidade do recurso (art. 1.008, CPC).#NCPC
PRESSUPOSTO LÓGICO: A existência de uma decisão.
PRESSUPOSTO FUNDAMENTAL: É a sucumbência, que consiste em um gravame decorrente do descompasso entre o que foi pedido e a decisão. EXEMPLO: acordo de transação penal homologado pelo juiz admite ou não o recurso? A maioria da jurisprudência e doutrina entende que não cabe porque existe o gravame, mas não existe o descompasso.
4.2. Pressupostos recursais objetivos
a) Cabimento
É necessário que o recurso apto a impugnar a decisão esteja previsto em lei. Princípio da legalidade recursal. Não havendo previsão legal, nada impede que a decisão seja impugnada por HC ou MS.
ATENÇÃO: Ainda que não caiba recurso contra taldecisão, devera ser oportunamente impugnada, para possibilitar seu reexame em preliminar de apelação.
ATENÇÃO: Indeferimento de pedido de quebra de sigilo bancário é decisão irrecorrível. A solução seria impetrar MS, havendo que se observar o disposto na Súmula 701 do STF (MS contra decisão de juiz criminal: réu é litisconsórcio passivo necessário). No caso deferimento do pedido de quebra de sigilo bancário, como a decisão também é irrecorrível, seria cabível HC, pois, em potencial, a liberdade de locomoção estaria ameaçada.
ATENÇÃO: Indeferimento de pedido de interceptação telefônica é decisão irrecorrível. A solução aí seria fazer novo pedido ao magistrado (se possível, com novas provas), pois a impetração de MS, exigindo a citação do réu (Súmula 701 do STF), frustraria as investigações, diferentemente do sigilo bancário, em que os dados bancários já estavam registrados.
b) Adequação
É necessário que o recurso seja a ferramenta adequada para aquela hipótese, de acordo com a recomendação normativa. ADVERTÊNCIA: o princípio da fungibilidade mitiga os rigores da adequação, já que o recurso inadequado pode ser julgado como se fosse o correto, desde que não exista má-fé ou erro grosseiro.
ATENÇÃO: Requisitos para aplicação do princípio da FUNGIBILIDADE RECURSAL: a) dúvida objetiva (ausência de erro grosseiro); b) ausência de má-fé; c) interposição no prazo do recurso correto.
c) Tempestividade
C.1. Conceito
Os recursos devem ser interpostos dentro do prazo legal, sob pena de preclusão temporal.Obs. STF – também é intempestivo o recurso interposto antes da publicação da decisão.
ATENÇÃO: Para aferir a tempestividade, o que interessa é data do protocolo, estando o art. 575, CPP, desatualizado. É o teor da Súmula 428 do STF (Não fica prejudicada a apelação entregue em cartório no prazo legal, embora despachada tardiamente).
TEMPESTIVIDADE DE RECURSO E MOMENTO DE COMPROVAÇÃO. “É admissível comprovação posterior da tempestividade de recurso extraordinário quando houver sido julgado extemporâneo por esta Corte em virtude de feriados locais ou de suspensão de expediente forense no tribunal a quo” (Informativo 659 do STF: RE 626.358/MG). O STJ tem decidido da mesma forma. *Neste tema houve mudança de entendimento, uma vez que tradicionalmente entendiam os tribunais que a comprovação da tempestividade deveria ser feita no momento da interposição do recurso.
	PRAZO
	RECURSO
	
48 horas
	CARTA TESTEMUNHÁVEL (art. 640, CPP). OBS: Para contagem em horas, deve constar da certidão de intimação o horário da providência; caso contrário, o prazo será de dois dias.
	2 dias
	EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (art. 619, CPP), inclusive no STJ (art. 263, RISTJ).
	
5 dias
	APELAÇÃO (art. 593, CPP), RESE (art. 586, CPP), AGRAVOS (Súmulas 699 e 700 do STF), CORREIÇÃO PARCIAL, ROC e EMBARGOS DE DECLARAÇÃO nos Juizados Especiais e no STF. OBS: PROTESTO POR NOVO JÚRI – revogado.
	
10 dias
	APELAÇÃO nos Juizados Especiais (Aart. 82, Lei 9.099/95), EMBARGOS DE NULIDADE e EMBARGOS INFRINGENTES (art. 609, p. único, CPP).
	
15 dias
	RECURSO ESPECIAL, RECURSO EXTRAORDINÁRIO e APELAÇÃO supletiva da vítima quando não habilitada como assistente de acusação (art. 598, p. único, CPP).
	
20 dias
	RESE contra lista de jurados (art. 586, p. único, c/c art. 585, XVI, CPP). OBS: Art. 426, §1º, CPP – “reclamação”: para alguns, teria revogado tacitamente o RESE contra lista de jurados.
ATENÇÃO: No Júri, como a sentença é lida em plenário, o prazo recursal começa a fluir imediatamente, salvo se o acusado não estiver presente, caso em que se iniciará da sua intimação.
C.2. Questões processuais importantes
· A tempestividade recursal é medida pela interposição do recurso, sendo que razões apresentadas fora do prazo caracterizam mera irregularidade. ADVERTÊNCIA: essa referência é importante para os recursos onde as razões têm prazo autônomo, como a apelação e o RESE (STJ HC 204.099).
Atenção: Em que pese os Códigos de Processo Penal Comum e Militar admitirem, nos casos de apelação e recurso em sentido estrito, a interposição e a apresentação das razões em momentos distintos, em homenagem à especialidade, tal não é aplicado no âmbito dos Juizados Especiais, em que o recurso de apelação deve ser interposto acompanhado das respectivas razões, sob pena de não conhecimento. (Retirado do curso DPU – Professor Hugo Gaioso).
· Início do prazo recursal
Os prazos recursais são contínuos, peremptórios e fatais, não se interrompendo por feriados, domingo ou férias, salvo no caso de impedimento do juiz, força maior ou obstáculo criado pela outra parte. Art. 798. Mas para começar e terminar a contagem tem que ser dia útil – no caso de intimações. Se ocorrer na audiência, conta da sua data e não do dia seguinte.
Obs. Tribunais têm competência para editar portaria alterando o expediente forense, mudando a data de feriado prevista em lei específica.
OBS. Diário eletrônico – começa do dia útil seguinte à data de publicação. OBS. Se for publicada em sábado ou domingo, considera-se como publicado apenas na segunda, começando o prazo a contar da terça.
Os prazos para recurso são de natureza processual e serão contados da respectiva intimação da decisão e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória (Súmula 710 do STF). (art. 798 CPP). 
Conclusões: 
I. MP, Defensor e Advogado Dativo – intimação pessoal.
Segundo decidiu o STF, a intimação da Defensoria Pública, a despeito da presença do defensor na audiência de leitura da sentença condenatória, se aperfeiçoa com sua intimação pessoal, mediante a remessa dos autos. STF. 2ª Turma. HC 125270/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/6/2015 (Info 791)
Obrigatoriedade de intimação pessoal do Defensor Público e do defensor dativo: Em regra, é obrigatória a intimação pessoal do defensor dativo, inclusive a respeito do dia em que será julgado o recurso (art. 370, § 4º do CPP). Se for feita a sua intimação apenas pela imprensa oficial, isso é causa de nulidade. Exceção: não haverá nulidade se o próprio defensor dativo pediu para ser intimado dos atos processuais pelo diário oficial. STJ. 5ª Turma. HC 311.676-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 16/4/2015 (Info 560).
Acusado – pessoalmente – só em primeiro grau. No Tribunal – a intimação é feita pela publicação do decisório em órgão oficial, já que ele não possui capacidade postulatória para recorrer dessas decisões. ATENÇÃO:
· Não importa quem foi intimado primeiro (advogado ou réu)
· É recomendável que a intimação seja acompanhada de termo de apelação, mas não é obrigatório.
· Se apenas o advogado for intimado e interpuser apelação, deve o processo voltar para regular intimação pessoal do réu.
· Se não for possível a intimação pessoal? Edital. Só no final do prazo do edital começa o prazo para recurso.
STJ – inválido o trânsito em julgado quando defensor dativo foi intimado por Diário da Justiça.
II. Advogado do querelante, advogado de defesa, advogado do assistente – intimação pela imprensa ou qualquer meio idôneo. 
Indispensável que contenha o nome do acusado na publicação, sob pena de nulidade.
Art. 798.  Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.
 § 5o  Salvo os casos expressos, os prazos correrão:
a) da intimação;
b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte;
c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou despacho.
III. A entrega dos autos ou da intimação no setor administrativo do MP é considerada intimação pessoal (STF).
IV. O prazo vai fluir da efetiva intimação, não interessando a data da juntada aos autos do mandado cumprido– Súmula 710 STF.
V. o prazo começa a fluir do primeiro dia útil subsequente, por ser prazo processual – súmula 310 STF.A contagem, no entanto, observa o disposto no art. 798, §1º, CPP, não computando o dia de início, mas incluindo o de vencimento, salvo se terminar em domingo ou dia de feriado, caso em que se considerará prorrogado até o dia útil imediato (art. 798,§3º, CPP).Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir.
VI. Nas decisões proferidas em audiência, as partes presentes já sairão intimadas para eventuais recursos.
VII. Na esfera militar a decisão será lida na própria sessão ou em até oito dias, sendo essa a referência para a consolidação da intimação e fluência do prazo recursal. Se apenas proclamou o resultado e marcou audiência em oito dias para ler a sentença, conta desta última.
C.2.3. Peculiaridade quanto ao prazo do advogado de defesa e o réu
Para interpor recurso goza de certa autonomia entre o réu e o seu advogado, já que o primeiro pode apresentar a petição de interposição mesmo não possuindo capacidade postulatória. Logo, o prazo para recorrer começa a fluir da última intimação, pouco importa se quem foi intimado por último foi o réu ou o seu advogado. (STJ Resp 873.052). ADVERTÊNCIA: a intimação pessoal do réu é aplicável no primeiro grau de jurisdição. (HC 111.698).
# INFO 554, STJ – 2015:
C.2.4. Prazo em dobro
No Processo Penal
· Defensoria - SIM
· MP – NÃO. Está afastada a aplicação do art. 180 do NCPC. #NCPC
· Advogado dativo - NÃO
No processo CIVIL, o MP e a Defensoria Pública possuem algum benefício de prazo?
	MP: sim
	Defensoria Pública: sim
	Contam-se em dobro todos os seus prazos.
Fundamento: art. 180 do NCPC.#NCPC
	Contam-se em dobro todos os seus prazos.
Fundamento: LC 80/94.
No processo PENAL, o MP e a Defensoria Pública possuem algum benefício de prazo?
	MP: não
	Defensoria Pública: sim
	Em matéria penal, o MP não possui prazo recursal em dobro (STJ EREsp 1.187.916-SP, j. em 27/11/2013).
	Também em matéria penal, contam-se em dobro todos os prazos da DP (STJ AgRg no AgRg no HC 146.823, j. em 03/09/2013).
Obs. de acordo com o art. 9º da Lei 10.259/01 não há diferenciação prazal nos juizados federais. Juizados especiais criminais. Na esfera penal essa diferenciação não atinge a Defensoria. 
Renato Brasileiro – prevalece que DPnão tem prazo em dobro para recorrer no juizado.
ATENÇÃO: Art. 9º, Lei 10.259/01 – Nos JEF, não há prazo diferenciado para a interposição de recursos. Aplica-se tal dispositivo à DPU? Há divergência. 
1) A DPU não conta com prazo em dobro no JEF (STJ).PREVALECE
2) Por não ser uma “pessoa jurídica de direito público”, o art. 9º da Lei 10.259/01 não seria aplicável à Defensoria Pública. Assim, ainda nos JEF, a DPU teria o prazo em dobro, mormente se considerada que tal prerrogativa se encontra prevista na LC 80/94 (art. 44, I), não podendo ser suprimida por uma LO, como é a Lei 10.259/01.
- É cabível a aplicação analógica do art. 229 do CPC 2015 ao processo penal. #NCPC
Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento.
§ 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles.
§ 2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos.
C.2.5. Interposição via fax
Na esfera penal os recursos podem ser interpostos por FAX (STF HC 86952).
Obs. O prazo de cinco dias é contínuo, mesmo que comece em dia que não haja expediente forense.
Obs. A parte é responsável pela qualidade do conteúdo. Se for inelegível será considerada inexistente.
OBS: INTERPOSIÇÃO DE RECURSO VIA FAX é possível. Os originais deverão ser apresentados no prazo de 5 dias contados do término do prazo assinalado para a prática do ato, e não da data do envio do fax, conforme art. 2º, Lei 9.800/99 (STF: RHC 86.952/SP). Somente nos casos de atos não sujeitos a prazo é que os originais devem ser entregues em até 5 dias da data da recepção do material (Art. 2º, p.u., Lei 9.800/99). Prazo para o envio dos originais começa a contar no dia imediatamente seguinte ao do término do prazo, pouco importando o fato de não se tratar de dia útil (STJ, AgRg nos EDcl no AREsp 226.572/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 11/04/2013, DJe 29/04/2013).
*#CUIDADO: O art. 1º da Lei nº 9.800/99 prevê que "é permitida às partes a utilização de sistema de transmissão de dados e imagens tipo fac-símile ou outro similar, para a prática de atos processuais que dependam de petição escrita." É possível a interposição de recurso por e-mail, aplicando-se as regras da Lei nº 9.800/99? NÃO. A ordem jurídica não contempla a interposição de recurso via e-mail. O e-mail não configura meio eletrônico equiparado ao fax, para fins da aplicação do disposto no art. 1º da Lei nº 9.800/99, porquanto não guarda a mesma segurança de transmissão e registro de dados. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 919.403/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/09/2016. STF. 1ª Turma. HC 121225/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/3/2017 (Info 857).
C.2.6. Informatização da Justiça
A lei 11.419/06 pode ser aplicada na esfera penal, com as devidas restrições, como ocorre para o ato citatório e feito envolvendo a prática de atos infracionais por adolescentes. Permite aos advogados cadastrados serem intimados por meio eletrônico.
d) Inexistência de fato impeditivo.
D.1. Conceito: Significa a inexistência de fatos que impedem o conhecimento recurso ou obstam a sua admissibilidade.
Adequação temporal: estes fatos são anteriores à interposição do recurso – é um antecedente lógico.
D.2. Hipóteses:
ADVERTÊNCIA: Até 2008, o recolhimento ao cárcere do réu portador de maus antecedentes ou reincidente era pressuposto pra que o recurso fosse recebido. Atualmente, de acordo com a doutrina majoritária e com a jurisprudência do STF e STJ, isso não mais existe, o que foi convalidado com a expressa revogação dos artigos 594 e 595 CPP, que insiram nova leitura para os seguintes dispositivos: art. 585, CPP; art. 31, Lei nº 7.492/86; art. 27, §2º, Lei nº 8.038/92; art. 2º, §3º, Lei nº 8.072/90 estão tacitamente revogados; art. 3º da Lei nº 9.613/98 foi revogado pela Lei nº 12.683/12; art. 59, Lei nº 11.343/06; art. 527, CPM, estão tacitamente revogados.Tal entendimento se aplica, inclusive, no âmbito da legislação penal extravagante.
· Renúncia: 
Ela se caracteriza como desdobramento do princípio da voluntariedade, revelando-se quando a parte declara que não vai recorrer.
Obs. Legitimidade do MP para renunciar (POLÊMICA):
- 1ª Posição (Pacelli): o MP não pode renunciar à pretensão recursal; violaria a indisponibilidade da ação pública.
- 2ª Posição (Paulo Rangel e Denílson Feitoza): admite-se a renúncia por parte do MP, como desdobramento do princípio da voluntariedade recursal. Como o CPP só vedou a desistência (art. 576, CP), nada obsta que o MP renuncie à faculdade de recorrer, à luz, inclusive, do princípio da voluntariedade (se o MP pode simplesmente ficar inerte, não recorrendo, poderia renunciar). É O QUE PREVALECE.Afinal seria ilógico que ele pudesse deixar escoar o prazo (voluntariedade), mas não pudesse renunciar. 
Obs. Legitimidade da defesa.
- Segundo o STF, na súmula 705, a renúncia do réu desassistido não impede que o recurso do advogado seja conhecido.
- Se o advogado renuncia, o réu será intimado para nomear outro.
Deve prevalecer a vontade de quem quer recorrer(Súmula 705 do STF). Em havendo renúncia do único defensor, réu deve ser intimado para constituir outro antes do julgamento do recurso, sob pena de nulidade (Súmula 708 do STF).
· Preclusão:
Ela se caracteriza como um fato impeditivo que obsta a admissibilidade do recurso ou o eventual desdobramento do tempo. 
Obs. espécies de preclusão:
- temporal: intempestividade aferida no momento da interposição do recurso.
- consumativa: a faculdade processual já foi exercida. Ex. já apresentei razões do recurso, salvo se a decisão inicial seja alterada (princípio da complementariedade).
- lógica: decorre da prática de um ato incompatível com o desejo de recorrer.Ex. renúncia.
e) Inexistência de fato extintivo
Significa que não podem existir fatos supervenientes que fulminem o recurso interposto.
I. Desistência
Ela se caracteriza pela manifestação da parte, que pretende que o recurso interposto não seja apreciado.É irrevogável e irretratável.
O Ministério Público não poderá desistir dos recursos interpostos, já que o recurso é um desdobramento do direito de ação (art. 576, CPP). Apresentada a petição de interposição, que limita o âmbito recursal, não se poderá o MP nas razões reduzir o âmbito do recurso, porque equivaleria à desistência parcial. A limitação nas razões recursais é ineficaz (da mesma forma, nas razões não pode o MP ampliar o âmbito delimitado na petição de interposição). A matéria objeto de devolução é fixada na petição de interposição e não pelas razoes recursais.
Renato Brasileiro/Nucci – um promotor fez a interposição e outro as razões. Este último poderia fugir da matéria alegada. Inclusive requerendo o inverso.
O réu pode desistir do recurso e o seu defensor também (princípio da disponibilidade dos recursos).
Nada impede que a defesa desista dos recursos interpostos havendo aderência entre o desejo do advogado e do seu cliente.
A desistência é diferente da RENÚNCIA, que ocorre ANTES DA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO. O MP pode renunciar (qualquer um pode), mas não pode DESISTIR.
Art. 576.  O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto
II. Deserção. 
Antigamente, o recurso era julgado deserto quando havia fuga do réu após a interposição do recurso de apelação. O STF reconheceu como hipótese inconstitucional, e o CPP revogou o dispositivo que disciplinava essa regra. Portanto, não há mais deserção por fuga, subsistindo apenas em caso de ausência de pagamento das custas. Atenção: em alguns Estados-membros, essas custas recursais são dispensadas. Atualmente, o art. 595 , que disciplinava a deserção pela fuga do réu após a interposição da apelação, encontra-se expressamente revogado. Da mesma forma, revogado o art. 594, o recolhimento à prisão ou a prestação de fiança não é mais pressuposto de admissibilidade do recurso do réu. As duas alterações legislativas foram reflexo de entendimentos firmados pela jurisprudência.
O art. 806, CPP, disciplina normativamente o preparo. 
Art. 806.  Salvo o caso do art. 32, nas ações intentadas mediante queixa, nenhum ato ou diligência se realizará, sem que seja depositada em cartório a importância das custas.
§ 1o  Igualmente, nenhum ato requerido no interesse da defesa será realizado, sem o prévio pagamento das custas, salvo se o acusado for pobre.§ 2o  A falta do pagamento das custas, nos prazos fixados em lei, ou marcados pelo juiz, importará renúncia à diligência requerida ou deserção do recurso interposto.
§ 3o  A falta de qualquer prova ou diligência que deixe de realizar-se em virtude do não-pagamento de custas não implicará a nulidade do processo, se a prova de pobreza do acusado só posteriormente foi feita.
Em tese, na ação privada exclusiva ou personalíssima, o preparo pode ser exigido a depender da respectiva realidade jurídica de cada unidade federativa.
Deserção por FALTA DE PREPARO do recurso do QUERELANTE (querelado - acusado não.) nasações penais EXCLUSIVAMENTE PRIVADAS (art. 806, §2º, CPP): única hipótese em que a ausência de preparo leva à extinçãoanômala do recurso no processo penal; nas demais hipóteses, não se pode cercear o direito de recorrer por falta de preparo.
f) Regularidade formal[footnoteRef:2] [2: *A banca considerou correta, na prova da DPE-BA, em 2016, a seguinte alternativa: “Há previsão expressa no Código de Processo Penal de assinatura de termo de recurso por terceiro, na presença de duas testemunhas, caso o réu não saiba assinar seu nome.”] 
I. Conceito
Ela guarda pertinência com a interposição do recurso, a apresentação de razões e o respectivo processamento, devendo-se respeitar a ritualística do recurso e o devido processo legal, como expressão de garantia. Está intimamente ligada ao princípio do devido processo legal. Hoje os recursos que mais têm impacto na regularidade formal são os recursos extraordinários (RE e Resp).
Em regra, recursos podem ser interpostos por petição ou por termo nos autos (art. 578, CPP)–somente aqueles apresentados em primeiro grau e cujas razões podem ser apresentadas em momento distinto (RESE-agravo em execução/apelação/carta testemunhável). Exceção: recursos extraordinários ou perante tribunais devem ser interpostos por petição, não sendo possível a interposição por termo nos autos, sob pena de não conhecimento.
OBS: Súmula 115 do STJ é aplicável aos feitos criminais, de modo que, na instância especial, o recurso deve ser interposto por advogado com procuração nos autos(STF: HC 87.008/MG; STJ: AgRg no REsp 1.248.501/SC).Súmula 284 STF: é inadmissível o RE, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia.
Obs. expressão “por termo” nos autos deve ser compreendida como a manifestação inequívoca da parte. STJ – Assistente de acusação no momento em que foi intimado da sentença absolutória, restando certificada pelo oficial de justiça comunicante. (instrumentalidade das formas).
II. Mitigação
A regularidade formal é mitigada pela instrumentalidade das formas, pautada no adágio “se o ato atingiu a sua finalidade, não vamos declarar a invalidade procedimental”. Não quer dizer que os fins justificam os meios. Eventualmente, o referido princípio do devido processo é mitigado pela instrumentalidade das formas, desde que o ato atinja a sua finalidade e não tenha havido prejuízo.
4.3. Pressupostos recursais subjetivos
Eles guardam íntima relevância com a própria relação recursal e o foco está diretamente ligado na atuação e nos interesses do recorrente e do recorrido.
a) Legitimidade
I. Conceito
Segundo Ada, nada mais é do que a pertinência subjetiva para a apresentação de determinado recurso.
Prevista no art. 577, CPP: MP, querelante, acusado, defensor e assistente.
OBS: No CPP, a legitimidade do réu e do seu defensor são autônomas, devendo ambos ser intimados da sentença condenatória
II. Hipóteses
- Réu: ele tem ampla legitimidade para interpor o recurso (inclusive os extraordinários – RENATO – somente os recursos cujas razões podem ser apresentadas posteriormente), mesmo como leigo. Entretanto, a apresentação das razões exigirá capacidade postulatória.Há aqui legitimidade concorrente disjuntiva com o advogado. Essa divisão de legitimidade reafirma a subdivisão da ampla defesa em defesa técnica e autodefesa.
Obs: acusado tem capacidade postulatória para: HC, revisão criminal, interpor recursos, pedidos relativos à execução da pena.
- Assistente de acusação: os poderes do assistente estão delineados no art. 271. 
É a própria vítima, representante ou parente (CADI) que se habilita no processo para auxiliar o Ministério Público. Os poderes do assistente estão delineados no art. 271, CPP e sua atuação é subsidiária, só podendo apresentar recurso de o Promotor for omisso. O recurso do assistente é chamado de subsidiário ou supletivo, afinal ele só poderá recorrer se o Ministério Público não o fizer.Obs. ou quando o recurso for parcial. Obs2. Quando for total o assistente pode apenas apresentar as razões. Haverá uma interposição (MP) e duas razões.
STJ O assistente de acusação possui legitimidade para interpor recurso de apelação, em caráter supletivo, nos termos do art. 598 do CPP, ainda que o Ministério Público tenha requerido a absolvição do réu. (Info 564).
Art. 271.  Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1o, e 598.
§ 1o  O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca da realização das provas propostas pelo assistente.
§ 2o  O processo prosseguirá independentemente de nova intimação do assistente, quando este, intimado, deixar de comparecer a qualquer dos atosda instrução ou do julgamento, sem motivo de força maior devidamente comprovado.
A Lei nº 12.403/11, legitima o assistente a pleitear a decretação da prisão preventiva(art. 311, CPP). Logo, é necessário reconhecer que o assistente almeja o justo provimento jurisdicional e não a mera indenização pelos danos causados pelo crime. Por isso, a Súmula 208, STF, está superada e o assistente pode recorrer da concessão de habeas corpus e até mesmo apelar da sentença condenatória, pleiteando majoração da pena, em postura nitidamente subsidiária. ATENÇÃO: Súmula 208 do STF – assistente do MP não pode recorrer de decisão concessiva de HC. Ocorre que, a depender do caso concreto, pode ser que o assistente tenha interesse recursal no âmbito do HC, pois este, atualmente, vem sendo utilizado, ainda que excepcionalmente, para trancar a ação penal, o que equivaleria à verdadeira absolvição do réu. Neste caso, restando prejudicado o interesse patrimonial do assistente, possível a este recorrer em HC.
OBS: O ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO PODE RECORRER nos seguintes casos:
TRADICIONALMENTE
	
Extinção da punibilidade: RESE 
Sentença absolutóriaAPELAÇÃO 
Impronúncia: APELAÇÃO 
	
PREVISÃO EXPRESSA NOS ARTS. 
271 C/C 584, §1º, E 598, CPP, BEM 
COMO NA SÚMULA 210 DO STF. 
Obs. se pode recorrer de sentença absolutória também tem legitimidade par impugnar absolvição sumária.
Obs. recentes alterações legislativas aumentaram esse rol:
- desaforamento
- requerer prisão preventiva (somente já havendo iniciado a ação), e outras medidas cautelares, por analogia. Motivo pelo que tem se a superação da súmula 208 STF
ATENÇÃO: A doutrina e a jurisprudência majoritária do STJ (HC 137.993/RS), entretanto, têm se manifestado pelo amplo interesse recursal do assistente, desde que presente a SUCUMBÊNCIA, sustentando que, na busca pela justa aplicação da lei, poderia recorrer de sentença condenatória com a finalidade de aumentar a pena.
Prazo:
5 dias se ele estiver habilitado
15 dias se não estiver habilitado
Obs. para interpor recurso não há necessidade de habilitação prévia, servindo a peça de interposição como a própria habilitação.
ADVERTÊNCIA: Segundo o STF, na súmula 448, como o assistente só poderá recorrer se o MP não o fizer, o seu prazo passa a fluir uma vez esgotado o prazo ministerial.
ADVERTÊNCIA: O assistente tem a legitimidade para interpor alguns recursos, dentro da preleção normativa, quais sejam:
· Apelação
· RESE: impugnar a extinção da punibilidade e historicamente, antes da lei 11.689/08, a decisão de impronúncia (foi substituído pelo recurso de Apelação).
· Recorrer das decisões que lhes são desfavoráveis dentro da sistemática prisional.
Conclusão: Uma vez deflagrada a legitimidade recursal do assistente, ele poderá desdobrar a relação recursal até a última instância, com recursos ordinários e extraordinários – Súmula 210 STF – o assistente pode recorrer, inclusive extraordinariamente, na ação penal, nos casos dos art. 584, §1º (sentença absolutória e extintiva da punibilidade), e art. 598 (impronúncia). 
Obs. Regramento da legislação especial sobre assistente da acusação:
a) Art. 2º, §1º - órgãos federais, estaduais e municipais (Procuradorias) como assistentes de acusação interessados na responsabilização do Prefeito.
b) art. 26, parágrafo único, da Lei nº 7.492/86 - crimes contra o sistema financeiro – Comissão de Valores e Banco Central.
b) Interesse recursal
I. Conceito
Segundo Denílson Feitosa, o interesse deriva da sucumbência, que é fruto de uma situação jurídica desfavorável originada da decisão a ser impugnada.
II. Classificação da sucumbência 
· Sucumbência única: há apenas um prejudicado
· Sucumbência múltipla: atinge mais de um interessado, podendo ser desdobrada em:
- paralela: os interesses desatendidos são idênticos. Ex. dois réus condenados recorrem.
- recíproca: os interesses violados são contrapostos. Ex. juiz condena por roubo, mas absolve por receptação.
· Sucumbência Direta: é aquela que ofende frontalmente o interesse da parte;
· Sucumbência Reflexa: nela, nós teremos prejuízo aplicável a quem não integra a relação processual, exemplo: vítima não habilitada diante de uma sentença absolutória (art. 598, parágrafo único, CPP);
· Sucumbência Total: o pedido da parte é negado em sua integralidade;
· Sucumbência Parcial: nela, apenas uma parte do pedido foi desatendida;
III. Interesse da defesa em recorrer de decisão absolutória
- Absolvição imprópria – há interesse
- Absolvição própria - a defesa nutre interesse recursal para que o fundamento absolutório impeça eventual ação civil indenizatória. Exemplo: alteração do fundamento da absolvição de falta de provas para legítima defesa, vez que esta faz coisa julgada favorável ao acusado no cível.
- Extinção da punibilidade – a posição prevalente é de que não há interesse recursal. (REsp 908.863). A extinção da punibilidade (matéria de ordem pública) pela prescrição da pretensão punitiva não autoriza o acusado a recorrer em busca de decisão absolutória, sendo-lhe ausente o interesse.
OBS. divergência entre o interesse do acusado e do defensor – prevalece a vontade de quem quer recorrer.
IV. Interesse recursal do MP e sentença absolutória e condenatória
Se o Ministério Público for sucumbente, nada impede o recurso da sentença condenatória, pleiteando a absolvição. A sucumbência acontece quando, em memoriais, o Promotor pleiteou a absolvição e o réu acabou condenado ou se pleiteou a absolvição e ele foi condenado. Se o pleito do MP em alegações finais foi acatado não haverá possibilidade de recurso, mesmo que por outro Promotor.
Ação privada- só pode recorrer se for o desejo do querelante.
Havendo sucumbência, o Ministério Público pode recorrer em favor do acusado (exemplo: Ministério Público pede absolvição, mas o juiz condena), vez que lhe cabe a tutela da liberdade de locomoção deste (interesse indisponível). Se, entretanto, o Ministério Público tiver pleiteado a condenação do acusado, e o juiz o tenha, de fato, condenado, não haverá interesse recursal do Ministério Público, pois ausente a sucumbência. A solução, neste último caso, se o Ministério Público entende que o acusado é inocente, é impetrar um HC em seu favor.
- Ação exclusivamente privada – MP como custos legis, mas tem interesse recursal:
· Se a sentença for condenatória, podendo apelar para postular a exasperação da pena ou para pleitear a absolvição ou abrandamento da sanção. 
· Se a sentença for absolutóriae o querelante não recorrer, o Ministério Público nada poderá fazer, pois nesse caso materializa-se a disponibilidade da ação penal. “Neste caso, como a ação privada é movida pelo princípio da disponibilidade, se o querelante não recorrer, o Ministério Público nada tem a fazer”.
5. Efeitos dos Recursos
5.1. Efeito Obstativo (efeito extrínseco ou dilatório-procedimental): a interposição recursal impede a preclusão temporal, obstando o trânsito em julgado da decisão.Refere-se ao prolongamento da litispendência (existência do processo), evitando a coisa julgada.
5.2. Efeito devolutum quantum appelatum: Por ele, o Judiciário vai reapreciar a matéria fruto da impugnação e nos termos e limites apresentados pela parte (princípio da inércia da juridicação). OBS. os limites da impugnação podem ser transbordados em razão da reformatio in mellius, já que o Tribunal, mesmo julgando extra petita, pode ultrapassar os limites do recurso para beneficiar o réu.
Obs. uma vez interposto recurso, a sua dimensão horizontal (devolutividade) é especificada pelo recorrente. Todavia, a análise da profundidade do conteúdo (dimensão vertical) compete ao órgão julgador.
É efeito presente em todos os recursos. Namaioria dos casos, a matéria é devolvida para órgão distinto.
ATENÇÃO:Efeito devolutivo INVERSO: ocorre quando o conhecimento do recurso (da matéria impugnada) é devolvido ao próprio órgão que prolatou a decisão recorrida (ex: embargos de declaração); para alguns, coincidiria com o efeito regressivo, a permitir o exercício do juízo de retratação

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