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Unidade II ESTUDOS DISCIPLINARES História, Imagem e Fotografia em Sala de Aula Prof. Vinícius Albuquerque Estudos disciplinares: objetivos Aprimorar o conhecimento em áreas afins, observando diversos temas, assuntos correlacionados ou não à área de História. Busca de ampliação de práticas alternativas em sala de aula. Procura aprofundar demais assuntos trabalhados nas diferentes disciplinas do semestre. Estudos disciplinares: tema desta edição Aprofundar conhecimentos da História com o uso de fotografias em sala de aula. Apresentar novos recursos para o uso em aulas de História com o aprofundamento das discussões, tanto em História quanto em Didática e Educação de uma maneira mais geral. Uso de recursos de aprendizagem com interesse de relacionar História a outros campos de conhecimento. Sugestão de leitura além dos textos propostos: KOSSOY, Boris. Fotografia e História. 5. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2014. Estudos disciplinares: dos artigos selecionados Sequência das leituras: Primeiro texto: O trabalho com fotografias no ensino de história. Lucimar da Luz e Cristina Satiê. Primeiro artigo: Do que se trata? Como discute a imagem como mediador cultural? Qual o papel da História Nova nesse processo? Para Le Goff, qual seria a função do uso do documento? Quais são as particularidades atribuídas à fotografia como documento? Do que se trata? Nas palavras das próprias autoras: “O presente texto consiste em divulgar os resultados obtidos no Estágio Supervisionado, desenvolvido no primeiro semestre de 2011, com alunos do 3º ano do ensino fundamental de uma escola municipal em Campo Mourão. O estudo teve como objetivo trabalhar com fotografias como forma de produção de conhecimento e como um recurso pedagógico, relevante no ensino de História. Para tanto, foram analisadas algumas fotografias de família em diferentes épocas e das famílias dos próprios estudantes”. Visões tradicionais versus escola dos Annales Existe em nossa História uma visão tradicional, baseada na concepção causal, linear e evolutiva de tempo, buscando acontecimentos e a preocupação apenas na descrição dos fatos constituídos em sequências cronológicas, de forma inquestionável. Uso apenas de informações, fatos e memorização. Escola dos Annales: novos tipos de perguntas sobre o passado; novos objetos de estudo e novas fontes. Novas análises O conhecimento histórico é um conhecimento textual, mas o texto pode estar inscrito nas imagens, nos sons, na arquitetura, na literatura, permeado de significações simbólicas construídas nas práticas culturais. A literatura, a música, o cinema, a fotografia são tomados como objetos de análise para a nova historiografia. (BRUCE; FALCÃO; DIDIER, 2006, p.6). Novas análises De acordo com Schmidt e Garcia (2005), os professores devem buscar a renovação de conteúdos, em um movimento de reflexão acerca do ensino de História. “(...) a construção de problematizações históricas, a apreensão de várias histórias lidas a partir de distintos sujeitos históricos, das histórias selecionadas, histórias que não tiveram acesso a História” (SCHMIDT; GARCIA, 2005, p. 299). É nesse sentido que destacamos, aqui, a importância do uso das fotografias no ensino de História. Fotografia como mediador cultural: intencionalidades Uso de fotografias em compreensão de parte de determinado contexto, representando uma situação vivenciada e permitindo leituras próprias de mundo, carregadas de intencionalidades. Gejão e Molina (2008) afirmam que para ensinar com ajuda de imagens, o professor deve ter em mente que a fotografia funciona como um mediador cultural, ou seja, atua na interação entre conhecimentos prévios e novos conhecimentos. Esta interação ocorre de forma dialógica, onde está presente a ideia de múltiplas vozes, o contato com várias linguagens (GEJÃO; MOLINA, 2008, p. 01). Multiplicidade de perspectivas A intenção, assim, não é apenas tornar as aulas mais atrativas e motivadoras, mas trabalhar a multiplicidade de perspectivas do conhecimento histórico. De acordo com Gejão e Molina (2008), o trabalho com as fotografias na sala de aula deve levar em conta que estas representam apenas parte da realidade, sendo constituídas de elementos sociais, econômicos, políticos e referenciando um momento histórico específico. Isto é, a imagem encontra-se vinculada a um determinado tempo e um espaço, e não pode ser encarada como a realidade em si. Le Goff e os usos dos documentos Para Le Goff, o trabalho com o documento: (...) escrito, arqueológico, figurativo, oral, que é interrogar os silêncios da História (...) algo que nos foi dado intencionalmente, ele é o produto de uma certa orientação da história, de que devemos fazer crítica, não só segundo as regras do método positivista, que obviamente continuam necessárias a um certo nível , mas também de uma maneira que eu qualificaria de quase ideológico. É preciso para explicar e reconhecer o documento o seu caráter sempre mais ou menos fabricado (LE GOFF apud ZAMBONI, 1998, p. 2). Os documentos carregam em si intencionalidades de ordem social, econômica e cultural, dessa forma, devemos atentar para essas questões a fim de não apenas reproduzir algo impregnado de ideologias. Fotografias: várias significações Para Mauad (1996), as fotografias, desde seu surgimento até a contemporaneidade, vêm registrando diversas histórias. Do ponto de vista temporal, a imagem fotográfica permite a presença do passado, pois, segundo a autora, (...) a própria fotografia é um recorte espacial que contém outros espaços que a determinam e estruturam, como, por exemplo, o espaço geográfico, o espaço dos objetos (interiores, exteriores e pessoais), o espaço da figuração e o espaço das vivências, comportamentos e representações sociais (MAUAD, 1996, p. 10). A fotografia não representa uma realidade pura e simples, pois emite várias significações e interpretações, sempre vinculadas às intencionalidades e ao contexto de sua produção. Da experiência pedagógica exposta no texto Prática pedagógica desenvolvida no 3º ano do Ensino Fundamental de uma escola municipal, entre junho e julho de 2011. Objetivo – possibilitar às crianças a compreensão de: mudanças e permanências na organização familiar ao longo do tempo. Procedimentos: em uma primeira etapa, trabalhamos com os estudantes algumas fotografias de diferentes famílias, ao longo do tempo. O objetivo foi mostrar como as diversas famílias se organizam no tempo e no espaço. Da experiência pedagógica exposta no texto A análise dessas fotografias foi realizada visando atentar para alguns elementos: semelhanças e diferenças entre as fotos e as famílias retratadas, técnica de produção, posição das personagens, pose, vestimentas, expressões, objetos, tempo retratado, tema retratado, número de pessoas na foto e atributos da paisagem (MAUAD, 1996). Em um segundo momento, após questionamentos e reflexões sobre elementos presentes nas fotos, para Mauad (1996), ao analisar as fotografias, devemos atentar para outros elementos, presentes nas fotos, que evidenciam as relações sociais e a própria passagem do tempo (cor da foto, moradia, objetos). Interatividade Podemos considerar que o ensino de História, ao longo do tempo, passa por modificações e isso nos conduz para um questionamento dos métodos tradicionais de ensino e de uma visão da História como uma verdade pronta e acabada. Nesse sentido, a fotografia: a) Deve ser percebida como uma realidade pronta e hermética. b) Deve ser pensada como cada pessoa passa a ter um determinado olhar e buscar representações numa mensagem. c) Só pode ser compreendida por especialistas. d) Deve ser trabalhada apenas em contextos muito específicos. e) É um suporte fundamental paraoutras discussões, não sendo um objeto em si. Resposta Podemos considerar que o ensino de História, ao longo do tempo, passa por modificações e isso nos conduz para um questionamento dos métodos tradicionais de ensino e de uma visão da História como uma verdade pronta e acabada. Nesse sentido, a fotografia: a) Deve ser percebida como uma realidade pronta e hermética. b) Deve ser pensada como cada pessoa passa a ter um determinado olhar e buscar representações numa mensagem. c) Só pode ser compreendida por especialistas. d) Deve ser trabalhada apenas em contextos muito específicos. e) É um suporte fundamental para outras discussões, não sendo um objeto em si. Fotografia, cidadania e democratização no Brasil Fotografia popularizada na sociedade contemporânea pode ser usada como chave de leitura de mundo. Material: série “Trabalhadores”, de Sebastião Salgado, com as fotografias da Serra Pelada. Proposta: problematizar o processo de Democratização do Brasil e seus reflexos ainda na sociedade globalizada, divulgar a fotografia enquanto arte visual, potencializar seu uso enquanto instrumento pedagógico, desenvolver uma proposta pedagógica que perpasse pelos saberes escolares das disciplina de História e Artes. Metodologia Metodologia: Uso de fotografias da Serra Pelada com o 9º ano do Ensino Fundamental da rede pública do Estado de Minas Gerais, durante a disciplina de História com o conteúdo ‘Democratização do Brasil’. Análise pelos educandos das fotografias, sem especificar o período em que foram retiradas. Professor: contextualização do Brasil a caminho da democratização, a turma foi dividida em cinco grupos para realizar sua própria série fotográfica, onde deveriam registrar a comunidade em que estão inseridos, demonstrando através da Arte fotográfica o país democratizado e a crítica social de seu meio. Fotografia: registros das comunidades Utilizando como máquinas seus próprios celulares, os educandos saíram pela comunidade para realizar seus registros, sendo orientados a fazer um trabalho crítico, onde fossem retratadas as dificuldades do bairro onde moram, situações e conflitos antes não retratados, ou pelo menos não vistos pelos moradores. Trata-se de denunciar o cotidiano em busca de ações mais conscientes e respeitosas no meio em que eles estão inseridos. Das fotografias dos alunos: o trabalho O bairro foi dividido em cinco partes, uma por grupo. Foram discutidas com os alunos algumas técnicas básicas de fotografia, como por exemplo, a importância da luz, a posição do fotógrafo, a resolução das máquinas, entre outras. Diferenças entre tipos de fotografias como as que os educandos têm costume de produzir para postar nas redes sociais, demonstrando as diferentes finalidades entre elas. Projeção na sala, onde todos pudessem ver e discutir as questões políticas e artísticas. Foram selecionadas quatro fotografias para serem expostas, em tamanho maior, na feira de cultura da escola, dentro da sala de aula da turma. Fotografia: feira de cultura e a comunidade A feira de cultura da escola foi aberta a toda comunidade. Na sala onde estavam as fotografias, as pessoas puderam analisar, perguntar, tirar suas próprias conclusões, deixar recadinhos para os artistas e votar na melhor fotografia que representava seu bairro ou local de trabalho. O grupo vencedor pela melhor fotografia foi premiado com uma cesta de doces pela direção da escola e com a conclusão do trabalho, foi produzido um livro com todas as fotografias retiradas, numa perspectiva de registro histórico através de um fazer artístico. Fotografias e arte crítica Consideramos que Arte Política ou Arte Crítica podem ser feitas por todos nós. O mesmo celular utilizado para produzir fotos que alimentam redes sociais pode ser utilizado como ferramenta para enxergar o mundo de outras maneiras. Foi através da fotografia que o trabalho de Salgado veio ilustrar, dialogar e acrescentar a este projeto. Trata-se de um fotógrafo contemporâneo, conhecido mundialmente por seu trabalho e por sua vontade de denunciar, através da fotografia, as mazelas que o mundo globalizado enfrenta. Sebastião Salgado: Trabalhadores (1996) A série “Trabalhadores” (1996) está inserida num período tão difícil para sociedade brasileira. Era um momento em que muitos tinham o sonho de uma democracia que poderia resolver os problemas sociais, mas o que se encontra em suas fotos indica justamente o contrário. Ao trazer o educando para fazer esse tipo de Arte, questionamos se a democracia alcançou os sonhos dos brasileiros, se houve melhorias nas condições sociais, econômicas, culturais e políticas. Potencialidades dos alunos: História e Arte Através da Arte fotográfica, ocorre a possibilidade de registrar histórias, além dos alunos perceberem com maior propriedade a construção dessa ideia. Na aula (de Arte), quando você não mais entrega ao educando uma folha com um desenho pronto, lhe dizendo quais cores devem ser utilizadas, mas lhe apresenta um contexto e uma possibilidade de abertura no processo de criação, a visão dele sobre a Arte ganha outros rumos e, no caso do projeto, de História também. Sobre a bibliografia utilizada BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: “Magia e técnica, arte e política”. (Obras Escolhidas, vol. 1). São Paulo: Brasiliense, 1985. MURITIBS, Maiara. Mini currículo Sebastião Salgado. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/nucleos/cms/index.php?option=com_co ntent&view=article&id=67:sebas> Acesso em: 2013. SALGADO, Sebastião. Trabalhadores. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. _________________. Êxodos. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. _________________. Terra. Vol. 1. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. Interatividade Sobre a proposta apresentada, podemos corretamente afirmar que: a) As fotos de Sebastião Salgado não servem para a discussão da sociedade atual. b) O trabalho de Sebastião Salgado dialoga com o momento em que foi produzido, bem como o momento atual da sociedade em que os alunos estão inseridos. c) Por ser muito específico, esse trabalho gera muitas dificuldades aos alunos, demandando muita explicação técnica. d) Sebastião Salgado já foi superado em sua temática. e) Sebastião Salgado fotografa a sua sociedade ideal. Resposta Sobre a proposta apresentada, podemos corretamente afirmar que: a) As fotos de Sebastião Salgado não servem para a discussão da sociedade atual. b) O trabalho de Sebastião Salgado dialoga com o momento em que foi produzido, bem como o momento atual da sociedade em que os alunos estão inseridos. c) Por ser muito específico, esse trabalho gera muitas dificuldades aos alunos, demandando muita explicação técnica. d) Sebastião Salgado já foi superado em sua temática. e) Sebastião Salgado fotografa a sua sociedade ideal. Estudos disciplinares: dos artigos Terceiro artigo: Repensando o fazer histórico: a fotografia e o seu papel didático na sala de aula. Bárbara Maria Santos Caldeira. Observar nesse texto as linguagens apresentadas. Quais as possibilidades interdisciplinares? Qual a contribuição dessa estratégia de trabalho no sentido de propor interpretações? Quais são os possíveis processos críticos propostos na discussão? Quais as principais sugestões apresentadas para a elaboração do plano de aula? Conhecimento das imagens O conhecimento das imagens, de sua origem, suas leis é uma das chaves de nosso tempo. (...) É o meio também de julgar o passado com olhos novos e pedir-lhe esclarecimentos condizentes com nossas preocupações presentes, refazendo uma vez mais a história a nossa medida, como é o direito e dever de cada geração, Pierre Francastel. Walter Benjamin: “a névoa que recobre os primórdios da fotografiaé menos espessa do que a que obscurece as origens da imprensa”. Fotografia: memórias individuais e desejos pessoais A (re)produção da imagem inicia uma nova fase no âmbito artístico e cultural das sociedades ocidentais, e a representação de elementos cotidianos e simbólicos da vida pública e privada da época assume características até então exclusivas das artes plásticas. A fotografia permitiu o nascimento de um novo fetiche entre os sujeitos: o de registrar e preservar memórias individuais e desejos pessoais convertidos em imagens reais e fiéis à verdade tão buscada pelos princípios civilizatórios da época e pelo imaginário evolucionista e positivista que definiu a segunda metade do século XIX. Ensino de História e linguagens contemporâneas Ensino de História: discussões sobre a função social da História, apoiada nas novas tecnologias e no uso de linguagens contemporâneas. Questionamentos sobre documentos e a afirmação da fotografia na categoria de fonte histórica. Como trabalhar imagens fotográficas em sala de aula? A fotografia é um suporte didático ou uma fonte visual? Como podemos acreditar nas imagens que a fotografia reproduz? Podemos considerá-la como instrumento da interpretação historiográfica? Quais os caminhos teóricos e metodológicos para introduzirmos a fotografia no dia a dia da disciplina História? Relações entre História e Fotografia O objetivo: discussão acerca da relação entre História e Fotografia e, ao mesmo tempo, mostrar as possibilidades do “fazer histórico” em sala de aula, a partir do trabalho interpretativo dos contextos sociais e dos sujeitos trazidos pela imagem que a fotografia brinda à memória e à formação de identidades, como tentativa de responder ou chegar mais próximo das dificuldades enfrentadas por alunos e professores no âmbito escolar. Interpretar contextos sociais. A imagem fotográfica: “obra humana” da produção cultural. Fotografias: ideias e discursos O historiador e os discursos: trata-se de buscar os nexos entre as ideias contidas nos discursos, as formas pelas quais elas se exprimem e o conjunto de determinações extratextuais que presidem a produção, a circulação e o consumo de discursos. Em uma palavra, o historiador deve sempre, sem negligenciar a forma do discurso, relacioná-lo ao social (CARDOSO; VAINFAS, 1997, p.377). Do trabalho do historiador A função social do historiador determina novos horizontes, ganha espaços e uma atmosfera temporal contínua de atuação, sentido e significado da historicidade na vida cotidiana dos sujeitos: A destruição do passado – ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal a das gerações passadas, (...) os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação com o passado público da época em que vivem. Por isso, os historiadores, cujo oficio é lembrar o que os outros esquecem, tornam-se mais importantes que nunca no fim do segundo milênio (HOBSBAWM, 1995, p.13). Memória social: continuidades e rupturas O presente contínuo não pode e não deve ser ignorado pelos sujeitos, porém, a História Temática proposta nos atuais projetos curriculares não pode ser apresentada em “migalhas” aos alunos (LE GOFF, 1991). A história imediata precisa ser entendida como uma tentativa da historiografia de estabelecer constantemente as continuidades e as rupturas nas relações temporais e espaciais. A construção da memória social pelo ensino de História está intimamente ligada às representações e à aprendizagem de identidades e produção da cidadania no processo ensino- aprendizagem da educação formal e informal (SCHMIDT; CAINELLI, 2004), (BONFIM, 2004, p. 01). Trabalho interdisciplinar O diálogo proposto pelo trabalho interdisciplinar entre História, Antropologia e Sociologia ultrapassa a crítica formal das imagens. O conhecimento referente ao documento é relacionado à preocupação com os modelos de representação e significado como processo de “expressão e de conteúdo”. Um modelo de interpretação do mundo, da construção de “visões de mundo” e da articulação de signos que caracterizam a narrativa histórica. Em uma situação de ensino-aprendizagem é essencial o professor saber escolher o momento ideal para o trabalho com imagens. Interrogar os documentos Ao trabalhar com documentos, os alunos poderão perceber que “ele(s) não fala(m) por si mesmo(s), isto é, ele precisa ser interrogado a partir do problema estudado, construindo na relação presente-passado” (PCNs, 1997, p.86). Ao apresentar um documento, o professor pode eleger quais os aspectos atendem melhor à proposta de trabalho do planejamento: contexto da imagem, identificação de ideias centrais, objetivos do autor, quais os temas abordados, identificação dos autores e legendas, etc. Assim, “é preciso considerar, ainda, o fato de que as primeiras impressões de quem lê um texto ou observa uma gravura estão impregnadas de ideias, valores e informações difundidas no senso comum” (PCNs, 1997, p. 86). Do uso das fotografias Descrição das fotografias: caberá ao professor oferecer informações sobre aspectos relevantes para a crítica da documentação; pode-se discutir sobre o jogo de luzes e a técnica de contrastes entre as cores pretas e brancas, tons cinzentos, sombra e claridade, cores, etc.; o professor pode oferecer informações sobre quem produziu as fotografias e a sociedade em que se insere. Os professores podem considerar a ideia de levantar as representações – imagens e ideias que habitam o senso comum dos alunos acerca de determinado fato histórico, contexto social ou de grupos sociais. Interpretações Em uma turma do Ensino Fundamental, à primeira vista, os alunos terão impressões iniciais ligadas ao senso comum e, por isso, uma percepção limitada ao personagem central do objeto, as crianças. Porém, depois de orientados por métodos de observação e crítica, os alunos tendem a identificar outros personagens presentes na imagem, suas ações, vestimentas, calçados e adornos, (...) o cenário, o tipo e o estilo de edificações ao fundo, o tipo de calçamento do ambiente, se há presença de vegetação, o que está em primeiro plano e ao fundo da gravura, sobre o que ela fala no seu conjunto e detalhes (PCNs, 1997, p.87). Significados e questões simbólicas Apresentar a informação de que o fotógrafo traz consigo uma série de significados (imagens e palavras) e significantes (representações), ou seja, há uma ordem simbólica presente na produção da imagem, que se inicia desde a organização do equipamento (marca da máquina, tipo de filme, asa) até a escolha dos locais, situações e personagens que serão referências para interpretações diversas e que dialogará com inúmeras identidades. Além disso, o momento da associação e comparações é ideal para que o professor desconstrua o mito de que a fotografia traduz a realidade, como um espelho que reflete, de forma unívoca e verdadeira, expressões e dimensões da sociedade em sua volta. Iconografia e ensino médio Para os alunos do Ensino Médio, um conjunto iconográfico pode ser vislumbrado em uma interpretação mais subjetiva: a problemática da fragmentação e fragilidade de identidades; a queda do eurocentrismo e o fim do modelo civilizatório francês e a ideia crescente entre historiadores, sociólogos e cientistas políticos de voltar a atenção das Humanidades para os sujeitos até então negligenciados e marginalizados pela sociedade e historiografia: crianças, mulheres, trabalhadores e negros. Imagens: desconstrução e questionamentos Os alunos podem aprender a desconstruir imagens e questionar preconceitos. Discutir a condição de marginalizados ou dos estereótipos criados ao longo da história sobre homens, mulheres e crianças, personagens que sempre figuraramno trabalho das representações do imaginário visual e da realidade social de qualquer grupo cultural e político. A fotografia articula conteúdos e temas transversais para o ensino de História que favorecem o aprender a conhecer e entender “as diferenças culturais, étnicas, etárias, religiosas, de costume, gênero e poder econômico” (PCNs, 1997, p.48). Interatividade Considerando o trabalho do historiador e sua relação com as fotografias, podemos afirmar que: a) Deve-se buscar questionar os nexos entre as ideias contidas nos discursos, pois as fotografias também são discursos. b) Devemos reconstruir o passado usando essas imagens. c) Devemos enfatizar apenas o ensino técnico com as informações sobre a produção das fotografias. d) Deve-se separar fotografia e discurso. e) Por não ser discurso, a fotografia deve ser trabalhada em sua produção e depois o professor deve associá-la, como ilustração, a um certo conteúdo por ele escolhido. Resposta Considerando o trabalho do historiador e sua relação com as fotografias, podemos afirmar que: a) Deve-se buscar questionar os nexos entre as ideias contidas nos discursos, pois as fotografias também são discursos. b) Devemos reconstruir o passado usando essas imagens. c) Devemos enfatizar apenas o ensino técnico com as informações sobre a produção das fotografias. d) Deve-se separar fotografia e discurso. e) Por não ser discurso, a fotografia deve ser trabalhada em sua produção e depois o professor deve associá-la, como ilustração, a um certo conteúdo por ele escolhido. Estudos disciplinares: dos artigos Quarto texto: Caixa de história: recuperando e valorizando a história local através do uso de fotografias. Sandi Mumbach e Debora Silvana Vaz Soares Tradição de crítica política em fotografia. De que maneira a proposta discute o direito à educação? Como aparecem no trabalho as noções de identidade, de cultura e de tradições do lugar e de seus habitantes? Como o professor deve proceder na elaboração dessas discussões? De que maneira deve ser realizada a problematização entre saber popular e saber científico? História, cultura e História Local Projeto Interdisciplinar Educação do Campo, atuando na Escola Estadual de Ensino Fundamental Arroio Grande. Novas possibilidades de aprendizagem. Atividade “Caixa de História”: Ensino de História Local. Esta teve como objetivo estimular o interesse dos alunos pela história do local onde vivem, buscando a valorização da história e dos patrimônios culturais locais através do uso fotografias. Ensino de História por conexões com a sua própria história e com a história do lugar onde vive. Analisar as contribuições desta atividade e do trabalho com o Ensino de História Local na formação do sujeito histórico. Educação no e do campo Aproximar o ensino escolar da realidade dos alunos é fundamental ao pensar uma educação do campo de qualidade. Um dos traços fundamentais que vêm desenhando a identidade deste movimento por uma educação do campo é a luta do povo do campo por políticas públicas que garantam o seu direito à educação, e a uma educação que seja no e do campo. No: o povo tem direito a ser educado no lugar onde vive; Do: o povo tem direito a uma educação pensada desde o seu lugar e com a sua participação, vinculada à sua cultura e às suas necessidades humanas e sociais (CALDART, 2002 p.18). Movimentos sociais e políticas públicas Os movimentos sociais sabem que as políticas públicas são formas de garantir alguma coisa para a população, pois a sociedade capitalista, como já vimos anteriormente, utiliza-se da educação do campo como um mecanismo social e político a seu favor para se manter no poder, tanto no aspecto econômico como político, pois saber escolar é um ato que ocorre no cotidiano da vida, que atua no indivíduo como verdades, valores, princípios, etc., que orientam sua postura social e política de cada ser humano (BORGES, 2007, p. 89). Professor: ação intermediária Cabe ao professor ser o intermediário entre o saber científico e os saberes dominados pelos alunos. A união entre o saber popular e o conhecimento científico pode, sem dúvida, gerar um universo de intensa aprendizagem. O professor e a professora devem refletir sobre o modo de vida de cada comunidade para compreender melhor a realidade em que está inserida, incluir os saberes dominados por estas comunidades e promover o consenso entre o saber popular e o saber científico. A caixa de história “Caixa de História”: Compreender e recuperar a história local como forma de valorizar os patrimônios culturais locais, e motivar nas crianças e adolescentes o interesse em conhecer a história do local onde moram, buscando mostrar-lhes que eles também são sujeitos desta. Este esforço constitui uma tentativa de valorização e preservação da identidade, da cultura e das tradições deste lugar e de seus habitantes. A caixa de história: a atividade A atividade consiste em uma caixa e nesta foram colocadas fotografias antigas de locais da própria comunidade de Arroio Grande, além de fotografias atuais dos mesmos locais. Também dentro desta caixa foram colocados fragmentos de textos contendo informações a respeito destas fotografias. Esta atividade foi desenvolvida com alunos de 1º a 8ª ano, sendo que com os alunos de 1º a 5º ano foram utilizadas apenas fotografias e não os textos. Caixa de história: a atividade Para a realização da atividade, os alunos eram dispostos em círculo dentro da sala de aula, a caixa era posta no centro do círculo. Cada aluno retirava de dentro da caixa uma fotografia ou um fragmento de texto, em seguida cada aluno deveria procurar o colega que estava com a fotografia do mesmo local, mas em épocas diferentes, e também procurar o colega que estava com o fragmento de texto que explicava um pouco da história desta fotografia. Os alunos formaram trios com uma foto antiga de determinado local, uma foto atual deste mesmo local e um fragmento de texto que contava um pouco da história deste local. Depois de formados, cada trio por sua vez expunha ao grupo as fotografias e faziam questões. Conclusão da proposta A fotografia, como um instrumento didático, facilitou a visualização e compreensão, possibilitou que os alunos realizassem uma comparação entre o passado e o presente, com as fotografias antigas e atuais. Visualização, interpretação, análise e reflexão, a fotografia permite um universo de aprendizagem muito intenso. Proporcionou-lhes conhecer um pouco mais da história de sua própria comunidade e também uma reflexão a cerca da história de seus próprios pais e avós. A atividade gerou uma maior valorização e conscientização em torno do patrimônio e da história local. Interatividade Sobre a Caixa de História, podemos afirmar que: a) É uma proposta exclusiva daquela situação social. b) Deve ser utilizada com grandes restrições, pois demanda muito tempo e o professor deve cuidar de outras atividades. c) Foi uma proposta mal sucedida. d) Obteve sucesso em sua proposta e serve como sugestão de atuação, e não como modelo pronto e acabado de construção de práticas de ensino de história. e) É uma proposta antiga, retomada de práticas educacionais colocadas em desuso pela Nova História. Resposta Sobre a Caixa de História, podemos afirmar que: a) É uma proposta exclusiva daquela situação social. b) Deve ser utilizada com grandes restrições, pois demanda muito tempo e o professor deve cuidar de outras atividades. c) Foi uma proposta mal sucedida. d) Obteve sucesso em sua proposta e serve como sugestão de atuação, e não como modelo pronto e acabado de construção de práticas de ensino de história. e) É uma proposta antiga, retomada de práticas educacionais colocadas em desuso pela Nova História. ATÉ A PRÓXIMA!
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