Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PIGMENTAÇÕES • Pigmentos são substancias com cor própria, acham-se distribuídos amplamente na natureza e são encontrados em células vegetais e animais. • Pigmentação é o processo de formação e/ou acúmulo, normal ou patológico, de pigmentos no organismo. Þ Pigmentação patológica pode ser sinal de alterações bioquímicas pronunciadas. PIGMENTAÇÕES ENDÓGENAS PIGMENTOS DE HEMOGLOBINA PIGMENTOS BILIARES • Principal pigmento biliar é a bilirrubina (Bb) Þ Amarelo Þ Produto final do catabolismo da fração heme da hemoglobina e de outras hemoproteínas. • Aumento da Bb não conjugada no sangue, particularmente em recém-nascidos, pode causar kernicterus, lesão que pode causar a morte ou sequelas neurológicas. • Aumento na produção ou defeito hepático na remoção da Bb da circulação resulta na elevação de seu nível no sangue (hiperbilirrubinemia) e em um sinal clinico muito importante, a icterícia. Þ A icterícia se caracteriza pela deposição do pigmento na pele, esclera e mucosas. • Aumento na excreção de Bb na bile favorece a formação de cálculos de bilirrubonato de cálcio. FORMAÇÃO DA BILIRRUBINA • 80% provêm da hemoglobina resultante na hemocaterese, destruição fisiológica das hemácias com cerca de 120 dias de vida, por macrófagos no baco, fígado e medula óssea. • O restante origina-se de hemoproteinas hepáticas e do pool de heme livre. • Processo: Þ Fraçao heme é separada da globina Þ Abre-se o anel porfirínico cdo heme pela enzima heme oxigenasse Þ Liberação de ferro e de monóxido de carbono Þ Formação de biliverdina Þ Redução da biliverdina em bilirrubina TRANSPORTE NO SANGUE • A bilirrubina é insolúvel em solução aquosa e é transportada em sua maior parte ligada a albumina. • No fígado é conjugada com acido glicurônico. CAPTAÇÃO E TRANSPORTE PELOS HEPATÓCITOS • A captação é feita principalmente por proteínas transportadoras situadas na membrana citoplasmática. • No citosol liga-se as proteínas Y e Z e é transferida ao reticulo endoplasmático. CONJUGAÇÃO COM ACIDO GLICURÔNICO • Se faz no reticulo endoplasmático liso Þ UDO e UGT-1A1 • A Bg conjugada com duas molécula de acido glicurônico é inócua, hidrofílica, solúvel na agua e frouxamente ligada à albumina; quando seus níveis plasmáticos se elevam, ela é excretada na urina. EXCREÇÃO NOS CANALÍCULOS BILIARES • Depende de transporte ativo da Bb na membrana canalicular do hepatócito pela proteína MRP2. • A partir dos canalículos biliares, a Bb conjugada flui pelos ductos biliares até o duodeno. • No intestino: Þ Sofre ação da microbiota e transforma-se em urobilinogênio que é, em parte, reabsorvido no íleo terminal e reexcretado pelo fígado e, em menor grau, pelos rins, constituindo o ciclo êntero- hepático. Þ Ação redutora por bactérias, formando-se inúmeros compostos intermediários antes da formação do l-estercobilinogenio que por auto- oxidação, transforma-se em estercobilina, pigmento responsável pela cor característica das fezes. • A Bb conjugada reage rápida e diretamente com o ácido sulfanílico diazotado (Bb direta); a Bb não PIGMENTAÇÕES conjugada só reage diretamente com esse ácido após adição de um solvente orgânico (Bb indireta); HIPERBILIRRUBINEMIA E ICTERÍCIA • Podem ser originadas, por inúmeras causas e mecanismos Þ Aumento da produção de Bb Þ Reducao na captação e no transporte de Bb nos hepatócitos Þ Diminuição na conjugação da Bb, por carência de enzimas envolvidas no processo Þ Baixa excreção celular de Bb Þ Obstrução biliar, intra ou extra hepática Þ Combinação de lesões HEMOTOIDINA • Mistura de lipídeos e um pigmento semelhante à Bb, sem ferro, que se forma em focos hemorrágicos, após a degradação das hemácias por macrófagos. • Aparece a partir do final da segunda semana após o sangramento, sob a forma de cristais • Não tem repercussões para o organismo. HEMOSSIDERINA • Hemossiderina e ferritina são as duas principais formas de armazenamento intracelular de ferro. Þ 20 a 25% do ferro presente no corpo • A ferritina é constituída por apoferrina e ferro. A apoferritina é formada por duas subunidades, que formam uma cavidade capaz de armazenar até 4.500 moléculas de ferro. Þ Além de armazenar ferro, a ferritina o mantém na forma oxidada, controlando sua atividade pró- oxidante formadora de radicais livres de oxigênio (estado ferroso para estado férrico) Þ Esta distribuída no citoplasma formando agregados de moléculas em suspensão (micelas) • Quando há excesso de ferro, micelas de ferrita se agregam e formam a hemossiderina, seguindo as etapas: 1. Agregados de ferritina formam vacúolos autofágicos 2. Fusão destes com lisossomos (siderossomos) 3. Degradação enzimática da apoferritina 4. Persistência de agregados maciços e insolúveis de ferro, constituindo a hemossiderina • A deposição excessiva de hemossiderina nos tecidos pode ser localizada ou sistêmica Þ Hemossiderose localizda: hemorragias, em que a hemossiderina é vista no interior de macrófagos 24 a 48 horas após o inicio do sangramento. Þ Hemossiderose sistêmica: ocorre por aumento da absorção intestinal de ferro, em anemias hemolíticas e após transfusões de sangue repetidas. O pigmento acumula-se, sobretudo, nos macrófagos do fígado, baco, e medula óssea e em linfonodos, mas pode ocorrer também no fígado, pâncreas, coração e glândulas endócrinas. Logo após um traumatismo, a hemorragia aparece como uma área vermelho-azulado ou negro-azulada, devido à hemoglobina desoxigenada. Com o inicio da degradação da hemoglobina e a formação da biliverdina e Bb, a pele adquire tonalidade verde-azulada a amarelada e, finalmente, com formação de hemossideina, cor ferruginosa ou amerolo-dourada. HEMOCROMATOSE • Hemossiderose sistêmica em que h[a aumento da absorção intestinal do ferro por defeito genético • Devido a capacidade limitada de excreção e à falta de um mecanismo fisiológico de excreção do excesso de metal, o aumento da absorção de ferro resulta em acumulo do metal em vários órgãos. Þ Resulta na lesão das células por meio da formação de radicais livres e/ou da liberação de enzimas hidroliticas e de ferro acumulado nos lisossomos. Com isso, surgem lesões em vários órgãos sobretudo cirrose hepática, e hipotrofia do pâncreas exócrino e endócrino, que provoca diabetes, hipogonadismo, insuficiência cardíaca e artropatia. PIGMENTO MALÁRICO • Hemozoína, ou pigmento malárico, resulta da degradaco da hemoglobina ingerida pelo plasmódio durante o seu ciclo de vida nas hemácias. • Forma grânulos castanho-escuros e acumula-se em macrófagos do fígado, baco, medula óssea, linfonodos e de outros locais, onde permanece por muitos anos. PIGMENTAÇÕES • É inerte e não toxico Þ Sua retenção em grande numero de monócitos circulantes e macrófagos pode afetar a fagocitose, contribuindo para a redução da resposta imunitária. PIGMENTO ESQUISTOSSOMÓTICO • Origina-se no trato digestivo do Schistosoma a partir do sangue do hospedeiro, que é ingerido pelo verme • Proteases do intestino do parasito degradam a hemoglobina em peptídeos, aminoacidos e heme. • Forma um cristal de heme estruturalmente idêntico à hemozoina no intestino de verme que o regurgita na circulação sanguínea do hospedeiro. • Esses cristais se acumulam como grânulos castanho-escuro ou negros nas células de Kupffer, nos macrófagos do baco e nos espaços portais. • A deposição do pigmento nas traz repercussões para o organismo. MELANINA • Pigmento cuja cor varia do castanho ao negro • Responsável, em grande parte, pela diversidade de cores observada na pele, cabelos e em olhos. • Funções da pigmentação melânica cutânea são proteção contra a radiação ultra violeta B, acao antioxidante, absorção de calor, cosmética, comunicação social, camuflagem em varias espécies. Þ A ação fotoprotetora da melaninadeve-se à sua eficiência em absorver e dispersar fótons, convertendo rapidamente sua energia em calor. • Existem dois tipos de melanina: Þ Eumelanina: insolúvel, de cor castanha a negra, ação foto protetora e antioxidante Þ Feomelanina: solúvel em solução alcalina, de cor amarela a vermelha, também com efeito oxidante. • A melanina é sintetizada em melanócitos • Na epiderme humana, cada melanocito distribui a melanina para cerca de 30 a 40 ceratinocitos, nos quais os grânulos de melanina ficam na região acima do núcleo e absorvem os raios ultravioleta, impedindo que atinjam o núcleo e lesem o DNA. • Em pessoas de cor branca, não expostas ao sol, melanossomos são encontrados quase exclusivamente na camada basal da epiderme. • Em indivíduos de cor negra, quantidades moderadas de melanossomos são observadas em toda a espessura da epiderme. Além disso há maior produção de melanossomos pelos melanocitos, os melanossomos apresentam maior grau de melanização, os melanossomos são maiores, há dispersão maior dos melanossomos nos ceratinócitos e a degradação dessas organelas é menor. • Atuam na formação da melanina: produtos de múltiplos genes, hormônios e luz solar. Þ A luz solar aumenta o numero de melanócitos e de melanossomos, promove maior melanização e transferência de malonossomos para os ceratinócitos e aumenta a produção de alfa-MSG e ACTH. HIPERPIGMENTAÇÃO E HIPOPIGMENTAÇÃO MELÂNICAS • As lesões hiperpiogmentadas mais comuns são as efélides (sardas), as manchas senis, os nevos e os melanomas. Þ Muitas substancias podem causar hiperpigmentação melânica, como medicamentos, anticoncepcionais orais, metais pesados e agentes quimioterápicos. PIGMENTAÇÕES • A hipopigmentacao pode ser congênita ou adquirida. • Durante o envelhecimento, há perda progressiva da pigmentação melânica dos pelos Þ Resultam da apoptose de melanocitos, provavelmente por lesão do DNA mitocondrial pelo estresse oxidativo, com redução do numero dessas células no folículo piloso. ÁCIDO HOMOGENTÍSICO • Pigmento de cor castanho-avermelhada ou amarelada que se forma em pessoas com alcaptonúria, rara doença, de herança autossômica recessiva. • Na falta da enzima, o acido homogentísco acumula- se no plasma, nas cartilagens, na pele e no tecido conjuntivo e é excretado em grande quantidade na urina, podendo formar cálculos renais. Þ Pigmento na urina a deixa castanho-escuro Þ Nas cartilagens da orelha e do nariz resulta em cor negro-azulada • A ligação química do pigmento oncrótico com macromoléculas do tecido conjuntivo altera suas propriedades mecânicas, produzindo lesão. Þ Podem aparecer artropia degenerativa e valvopatia cardíaca. LIPOFUSCINA • Também chamada lipocromo, pigmento de desgaste, pigmento do envelhecimento e ceroide • É o marcador do envelhecimento celular. • Aparece como grânulos intracitoplasmáticos. • Contém principalmente proteínas e lipídeos que formam polímeros não degradáveis • Resulta da peroxidação de material autofagocitado e acumulado em lisossomos; ferro nesse material favorece a formação de radicais livres, o que causa peroxidação do conteúdo intralisossômico e contribui para a formação de lisossomos secundários, alguns dos quais se transformam em corpos residuais (lipofusina). Þ A formação de corpos residuais resulta, portanto, do desequilíbrio entre o processo de autofagocitose continua e a incapacidade da célula de eliminar os resíduos da autodigestão. Þ A lesão celular seriam resultantes de radicais livres produzidos no metabolismo normal a partir do oxigênio molecular. • Acumula-se com o tempo principalmente em células pós-mitoticas como neurônios, células musculares cardíacas e esqueléticas e epitélio pigmentar da retina. Þ Os órgãos afetadas pelo seu acumulo sofrem redução volumétrica e ponderal e adquirem coloração parda (hipotrofia parda). Þ O acumulo de lipofuscina no epitélio pigmentar da retina associa-se à degeneração macular relacionada com a idade, que é a principal causa de cegueira ou distúrbio visual grave em idosos. Þ O pigmento acumula-se também no miocárdio e no fígado de indivíduos desnutridos, particularmente aqueles com caquexia. • É possível que a lipofuscina tenha efeito citóxico, pela formação de espécies reativas derivadas do oxigênio, inibição da degradação proteica em proteassomos e formação de substancias derivadas de glicação e peroxidacao capazes de promover ligações cruzadas entre macromoléculas. PIGMENTAÇÕES EXÓGENAS • Pigmentos diversos penetram no organismo com o ar inspirado e com os alimentos ingeridos, ou são introduzidos por via parenteral, como ocorre com as injeções e as tatuagens. ANTRACOSE • Deposição de carvão • Pigmento inalado mais comum • Uma vez inalado, o pigmento de carvão é fagocitado por macrófagos alveolares e transportado por vasos linfáticos aos linfonodos regionais. Þ Acúmulo progressivo do pigmento produz coloração negra nas partes afetadas, em forma de manchas irregulares no parênquima dos pulmões, na pleura e nos linfonodos do hilo pulmonar. Þ Em trabalhadores de minas de carvão, o grande acumulo pode acompanhar-se de fibrose e levar a diminuição da capacidade respiratória. PIGMENTAÇÕES ARGIRIA • Deposição de sais de prata em tecidos • Argiria localizada Þ A causa mais comum é a impregnação mecânica da pele por partículas de prata em trabalhadores que lidam com esse metal. Outras fontes são tratamento odontológico com amalgama, implantação cutânea de agulhas de acupuntura ou uso prolongado de medicamentos tópicos que contem nitrato de prata. • Argiria sistêmica Þ Resulta da ingestão ou inalação crônica de compostos de prata solúveis Þ Grânulos de prata são encontrados na pele, em unhas, em macrófagos dos linfonodos, células de Kupffer, na membrana basal dos glomérulos e no globo ocular. Þ A pele adquire cor cinza-azulada, mais intensa em áreas expostas ao sol. A luz reduz a prata e forma prata metálica, que é oxidada e forma complexos de proteína-sulfeto de prata que estimulam a produção de melanina. CRISÍASE • Deposição de ouro nos tecidos • Rara • Causada pela administração terapêutica de sais de ouro, como na artrite reumatoide, ou por implantação de agulhas de acupuntura. • As partículas de ouro são encontradas no tecido conjuntivo e em macrófagos da derme e aparecem como grânulos negros densos e irregulares. • A pele adquire cor cinza-azulada permanente em áreas expostas ao sol, além de hiperpigmentaçao melânica. • As lesões acometem inicialmente a região periorbital, mas depois estendem-se à face, ao pescoço e aos membros superiores. TATUAGEM • Pigmentacao resultante da introdução de pigmentos insolúveis na derme • São permanentes ou transitórias, conforme o pigmento seja introduzido, respectivamente, na derme ou na camada córnea da epiderme. • Os compostos utilizados na tatuagem incluem corantes orgânicos, sais de metais e solventes à base de agua e de álcool. • O pigmento é fagocitado por macrófagos da derme, mas pode ser visto também na matriz extracelular. Þ Pequena quantidade é transportada pelos vasos linfáticos aos linfonodos regionais; em indivíduos com tatuagens extensas pode haver linfonodomegalia. Þ As principais complicações das tatuagens são reações inflamatórias cônicas de natureza alérgica e do tipo corpo estranho relacionadas com a deposição do pigmento
Compartilhar