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Pigmentação Patológica Referencia bibliográfica: BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo Patologia 8a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016, Cap. 7- Pigmentações calcificantes Pigmentações: é o processo de formação e/ou acúmulo, normal ou patológico, de pigmentos no organismo. Pigmentação patológica pode ser sinal de alterações bioquímicas pronunciadas, sendo o acúmulo ou a redução de determinados pigmentos um dos aspectos mais marcantes em várias doenças. Grande número de pigmentos origina-se de substâncias sintetizadas pelo próprio organismo (pigmentos endógenos), enquanto outros são formados no exterior e, por via respiratória, digestiva ou parenteral, penetram e depositam-se em diversos órgãos (pigmentos exógenos). Pigmentações endógenas: Podem ser: (1) derivadas da hemoglobina (pigmentos biliares, hematoidina, hemossiderina, pigmento malárico, pigmento esquistossomótico); (2) melanina; (3) ácido homogentísico; (4) lipofuscina. Pigmentações de hemoglobina Pigmentos biliares O principal pigmento biliar é a bilirrubina (Bb), um pigmento amarelo, produto final do catabolismo da fração heme da hemoglobina e de outras hemoproteínas. Tradicionalmente, são duas as razões para a atenção que os profissionais da saúde dedicam à Bb. Primeiro, porque o aumento dos níveis sanguíneos da Bb não conjugada, particularmente em recém-nascidos, pode causar lesão cerebral irreversível, morte e, nos casos de sobrevida, sequelas neurológicas permanentes,condiçãochamada kernicterus ( do alemão Kern = núcleo), porque a impregnação do tecido nervoso pela Bb pode ser vista macroscopicamente em diversos núcleos cerebrais, cerebelares e do tronco encefálico. Segundo, porque o conhecimento do metabolismo da Bb é essencial para o diagnóstico de grande número de doenças, hereditárias ou adquiridas, do fígado e do sangue. Aumento na produção de Bb ou defeito hepático na remoção do pigmento da circulação resultam na elevação de seu nível no sangue (hiperbilirrubinemia) e em um sinal clínico muito importante, a icterícia, que se caracteriza por deposição do pigmento na pele, esclera e mucosas. Além disso, o aumento na excreção de Bb na bile por doenças hemolíticas crônicas favorece a formação de cálculos pigmentares, constituídos principalmente por bilirrubinato de cálcio. Formação da billirrubina(não forma cristais) Aproximadamente 80% da Bb provêm da hemoglobina livre resultante da hemocaterese, que é a destruição fisiológica das hemácias senescentes, com cerca de 120 dias de vida, por macrófagos no baço, fígado e medula óssea. O restante da Bb origina-se de hemoproteínas hepáticas e do pool de heme livre. As hemácias ficam vivas durante 120 dias e são degradadas a todo tempo para fazer a regeneração dessas células. O macrófago das regioes do corpo em vários tecidos começa a degradar a hemoglobina de uma forma enzimática a parte não protéica da hemoglobina constituída do grupo heme,o grupo heme vai ficar livre da parte protéica e vai sofrer uma ação enzimática da enzima heme-oxigenase que vai oxidar o grupo heme(grupo prostético) formando um pigmento que se chama de biliverdina,a biliverdina vai ser convertida pela enzima biliverdina-redutase que vai reduzir a biliverdina formando a bilerrubina quando esse pigmento sai dos macrófagos ele já sai como bilerrubina na corrente sanguinea. Captação e transporte para os hepatócitos: Essa bilerrubina vai para os hepatocitos e para isso ela precisa sair da corrente sanguinea para ser transportada,mas essa bilirrubina é uma bilerrubina indireta ou não conjugada além de ser insolúvel e tóxica.Para isso acontecer a billerrubina vai se associar com a albumina(continua sendo uma bilerrubina indireta ou não conjugada) a albumina vai transportar a bilerrubina pois a albumina é solúvel,ai albumina vai para o figado levando a bilerrubina ligada a ela. Conjugação com ácido glicurônico: La no fígado a bilerrubina indireta junto com a albumina vai sofrer provessos reativos para ela ser excretada.Dentro dos hepatocitos essa bilerrubina vai ser conjugada com o acido glicuronico(moleculca glicídica) esse acido torna bilerrubina menos reativa e menos tóxica tornando a bilerrubina mais solúvel e conjugada por fim,o fígado ele conjuga a bilerrubina quechega com a albumina ainda não conjugada e depois sai conjugada junto com o acido glicuronico. Excreção nos canalículos biliares: Após a bilerrubina ser conjugada no fígado,essa bilerrubina conjugada ou direta ela esta pronta para ir pra vesícula biliar e depois para o intestino por meio dos canalículos biliares até o duodeno.La no intestino pela ação de bactérias a bilerrbuina vai ser tansformado em urobilinogenio e esse urobilinogenio da origem a estercobilina(por ação de bactérias) que tem coloração marrom que da cor para as fezes e também transformado em urobilina que vai dar a cor amarelada para urina Processos hemorrahgicos temos as fezes mais escuras como consequentemente da degradação elevada de hemácias.Fezes mais claras eu tenho uma baixa excreção de bilerrubina. Hiperbilirrubinemia e icterticia: Hiperbilirrubinemia e icterícia podem ser provocadas, portanto, por inúmeras causas e mecanismos. De forma resumida, isso acontece em: (1) aumento da produção de Bb, como ocorre em anemias hemolíticas; (2) redução na captação e no transporte de Bb nos hepatócitos, que se dá por defeitos genéticos; (3) diminuição na conjugação da Bb, por carência de enzimas envolvidas no processo, como ocorre em algumas doenças genéticas; (4) baixa excreção celular de Bb, por doenças genética; (5) obstrução biliar, intra ou extra-hepática, sobretudo por cálculos ou tumores; (6) combinação de lesões, como acontece em hepatites e na cirrose hepática. Banho de luz e icteticia em neonatos(fototerapia) fototerapia é o tratamento mais indicado, mas só se a icterícia não regredir espontaneamente. Popularmente conhecida como banho de luz, a técnica expõe a criança à luminosidade emitida por lâmpadas específicas, que atinge diretamente a estrutura do pigmento, diluindo- o e eliminando-o. Hematoidina É constituída por uma mistura de lipídeos e um pigmento semelhante à Bb, desprovido de ferro, que se forma em focos hemorrágicos, após a degradação das hemácias extravasadas por macrófagos locais. Hematoidina aparece a partir do final da segunda ou terceira semana após o sangramento, sob a forma de cristais(cristalóide) de cor variando do amarelo-ouro, amarelo-alaranjado ou vermelho-alaranjado a marrom dourado, constituídos de agulhas dispostas radialmente ou formando pequeninas placas romboidais, esferoidais ou irregulares, com dimensões variando entre 2 e 200 µm. É comum a presença de hemossiderina associada à hematoidina. A hematoidina não tem repercussões para o organismo.Esse pigmento não esta dentro de hepatocitos nem de macrófagos e sim no interstício. Hemosiderina: Hemossiderina e ferritina são as duas principais formas de armazenamento intracelular de ferro. A quantidade de ferro no corpo do homem adulto é de aproximadamente 4 a 5 g, dos quais 65 a 70% estão presentes na hemoglobina; outros 10% estão contidos em mioglobinas, citocromos e enzimas que contêm ferro; os 20 a 25% restantes são armazenados como ferritina e hemossiderina nos hepatócitos (cerca de 40% do ferro armazenado) e macrófagos do fígado, baço, medula óssea e linfonodos. O ferro é vital para todos os seres vivos, pois participa de diversos processos metabólicos, como transporte de oxigênio e de elétrons (hemoproteínas) e síntese de DNA (enzima ribonucleotídeo redutase); no entanto, é potencialmente tóxico. Por isso mesmo, é necessário um constante equilíbrio entre absorção intestinal, transporte plasmático,armazenamento nos hepatócitos e macrófagos e utilização pelas células. Além de armazenar ferro, a ferritina mantém esse metal sequestrado em forma oxidada, controlando sua atividade pró- oxidante formadora de radicais livres de oxigênio. Quando há excesso de ferro, micelas de ferritina se agregam e formam a hemossiderina, que é um pigmento visível à microscopia de luz. A hemossiderina aparece como grânulos intracitoplasmáticos grosseiros, castanho-escuros ou amarelo- dourados; pela coloração de Perls, que utiliza ferrocianato de potássio, aparece como grânulos azulados. A deposição excessiva de hemossiderina nos tecidos (hemossiderose) pode ser localizada ou sistêmica. Hemossiderose localizada: é encontrada em hemorragias , em que a hemossiderina é vista no interior de macrófagos que vão degradar células no local da lesão e vão captar e armazenar o ferro das células mortas entre 24 a 48 h após o início do sangramento os macrófagos vão degradar hemácias e absorver o ferro do grupo heme e armazena-lo em seu interior fazendo a coloração aparecer. A transformação progressiva das hemácias extravasadas em hemossiderina na área de hemorragia pode ser evidenciada macroscopicamente nas contusões cutâneas, um a três dias depois de sua ocorrência. Logo após um traumatismo, a hemorragia aparece como uma área vermelho-azulada ou negro-azulada, devido à hemoglobina desoxigenada. Com o início da degradação da hemoglobina e formação de biliverdina e Billirrubina, a pele adquire tonalidade verde-azulada a amarelada e, finalmente, com a formação de hemossiderina, cor ferruginosa ou amarelo- dourada. A cor ferruginosa ou amarelo- dourada pela deposição de hemossiderina e hematoidina pode ser vista também em hemorragias em outros órgãos. Hemossiderose sistêmica: ocorre por aumento da absorção intestinal de ferro, em anemias hemolíticas e após transfusões de sangue repetidas. O pigmento acumula-se nos macrófagos do fígado, baço, medula óssea, linfonodos e, mais esparsamente, nos da derme, pâncreas e rins. A longo prazo, pode haver deposição de hemossiderina no fígado, pâncreas, coração e glândulas endócrinas . Mesmo ocorrendo deposição intraparenquimatosa do pigmento, não há, na maioria dos pacientes, lesão celular suficiente para provocar distúrbio funcional dos órgãos afetados. Hemocromatose: Trata-se de uma forma especial de hemossiderose sistêmica em que há aumento da absorção intestinal do ferro por defeito genético. Devido à limitada capacidade de excreção, exceto quando ocorre hemorragia, aumento da absorção de ferro resulta no acúmulo do metal em vários órgãos. Excesso de ferro, sobretudo em macrófagos, interstício e células parenquimatosas do fígado, pâncreas, pele, hipófise e coração, lesa as células por meio da formação de radicais livres e/ou liberação de enzimas hidrolíticas e de ferro acumulado nos lisossomos. Com isso, surgem lesões em vários órgãos, sobretudo cirrose hepática e hipotrofia(atrofia) do pâncreas exócrino e endócrino, que provoca diabetes (conhecido como diabetes bronzeado, devido à pigmentação bronzeada da pele), hipogonadismo, insuficiência cardíaca e artropatia. A absorção de ferro, feita no duodeno, inicia- se pela captação de ferro inorgânico, principalmente em estado ferroso (Fe2+), após sofrer redução pela enzima redutase férrica presente na borda em escova dos enterócitos. A absorção de ferro envolve diversas proteínas. O produto do gene HFE (localizado no cromossomo.Portanto,falhas nessa classe de gene HFE causando a absorção excessiva de ferro no duodeno. Pigmento Malarico; Também denominado hemozoína, resulta da degradação da hemoglobina ingerida pelos parasitos da malária (Plasmodium) durante o seu ciclo de vida assexuado nas hemácias. A hemoglobina ingerida pelo plasmódio, através de pinocitose no citóstomo dos trofozoítos, é transportada até os vacúolos digestivos, onde sofre proteólise por meio de hidrolases ácidas. Os aminoácidos gerados da globina são utilizados para o crescimento e a maturação do parasito. O heme liberado (ferriprotoporfirina IX) é potencialmente tóxico, podendo resultar em inibição de proteases do vacúolo digestivo, peroxidação de lipídeos, geração de radicais livres e morte do parasito. O heme é sequestrado sob a forma de matriz cristalina insolúvel (hemozoína cristalóide), após sofrer agregação das subunidades de dímeros de ferriprotoporfirina, processo conhecido como biomineralização ou biocristalização. Ao que tudo indica, a formação da hemozoína parece ocorrer em nanosferas de lipídeos no vacúolo digestivo do plasmódio, iniciando-se na interface entre o meio aquoso do vacúolo e as nanosferas e progredindo em direção ao centro das nanosferas. O processo de detoxificação ocorre porque o plasmódio não possui a enzima heme oxigenase. Alguns medicamentos utilizados no tratamento da malária, como a cloroquina, ligam-se ao heme durante a biomineralização, impedindo a continuação do processo e o sequestro de novas moléculas de heme; o acúmulo do heme não sequestrado leva à morte do parasito. Com a formação de merozoítas, rompem- se as hemácias e os parasitos são liberados, enquanto o pigmento, sob a forma de grânulos castanho-escuros, acumula-se nos macrófagos do fígado, baço, medula óssea, linfonodos e de outros locais, aí permanecendo por muitos anos . A quantidade de pigmento nos tecidos aumenta com a duração da infecção. O pigmento malárico é inerte e não tóxico, mas sua retenção maciça em grande número de monócitos circulantes e macrófagos pode afetar algumas funções dessas células, como a fagocitose, contribuindo para a redução da resposta imunitária observada em muitos pacientes com a doença, além de inibir a eritropoese pelo acúmulo do pigmento na medula óssea. Pigmento esquistossomotico O pigmento esquistossomótico origina-se no tubo digestivo do Schistosoma a partir do sangue do hospedeiro, o qual é ingerido pelo verme adulto como fonte de nutrientes. Proteases do intestino do parasito degradam a hemoglobina em peptídeos, aminoácidos e heme. Este forma um cristal de heme similar à hemozoína em gotas de lipídeos extracelulares na luz do intestino do verme, sob a forma de agregados de cristais associados inicialmente à superfície das gotas e, sequencialmente, ao centro das gotas, sugerindo que a interface hidrofílica- hidrofóbica seja essencial para a cristalização. A hemozoína é regurgitada pelo verme adulto, intermitentemente, na circulação sanguínea do hospedeiro. Forma-se, assim, o pigmento esquistossomótico, que se acumula como grânulos castanho-escuros ou negros nas células de Kupffer, nos macrófagos do baço e no tecido conjuntivo dos espaços portobiliares. A deposição do pigmento não traz repercussões para o organismo. Melanina A melanina (do grego melas = negro) é um pigmento cuja cor varia do castanho ao negro, sendo amplamente encontrada em peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos, bem como nas plantas. As funções da pigmentação melânica cutânea são proteção contra a radiação ultravioleta B (fotoproteção), ação antioxidante, absorção de calor,cosmética. A ação fotoprotetora da melanina deve-se à sua eficiência em absorver e dispersar fótons, convertendo rapidamente sua energia em calor. Existem 2 tipos de melanina: Eumelanina- insolúvel, de cor castanha a negra, com ação fotoprotetora e antioxidante Feomelanina- solúvel em solução alcalina, de cor amarela a vermelha, igualmente com efeito antioxidante. A cor do cabelo depende da proporção entre eumelanina e feomelanina. Assim, o cabelo de cor negra contém 99% de eumelanina e 1% de feomelanina; o de cor castanha e loura contém 95% de eumelanina e 5% de feomelanina; e o de cor vermelha contém 67% de eumelanina e 33% de feomelanina. A melanina é um polímero complexo sintetizado em melanócitos(originados de células precursoras da crista neural e migradas para várias partes do organismo), especialmente na pele, globo ocular e leptomeninge. Hiperpigmentação e hipopigmentação melânicas. A produção excessiva e a redução da síntese de melanina, respectivamente hiper e hipopigmentação melânicas, também denominadas melanodermias e leucodermias, são frequentes e originam numerosas doenças, causadas por disfunção de uma ou mais etapas da melanogênese. Lesoes hiperpigmentadas: : efélides(sardas),melanomas e nevos.Assim como medicamentos (sulfonamidas, hidantoína, cloroquina, levodopa), anticoncepcionais orais, metais pesados (arsênico, bismuto, ouro, prata) e agentes quimioterápicos (ciclofosfamida, 5- fluorouracil, doxorrubicina, bleomicina) Bordas irregulares e diferentes tonalidades caracterizando um melanoma. Hipopigmentação: Congênita(albinismo) ou adquirida(vitiligo) Durante o envelhecimento, há perda progressiva da pigmentação melânica dos cabelos, resultando na formação de cabelos grisalhos e brancos. Admite-se que cabelos brancos decorram de apoptose de melanócitos, provavelmente mediada por lesão do DNA mitocondrial pelo estresse oxidativo, com redução acentuada do número dessas células no folículo piloso. A formação de cabelos grisalhos parece resultar da mistura de cabelos pigmentados e brancos, além da diminuição do tamanho e do número de grânulos de pigmento melânico e de melanossomos em folículos pilosos isolados. A cor branca dos cabelos deve-se à reflexão da luz pela ceratina do pelo. Ácido homogentísico Trata-se de pigmento em forma de grânulos de cor castanho-avermelhada ou amarelada, ocre (de argila, amarelo-pardacenta), que se forma em pessoas com alcaptonúria, também conhecida como ocronose. Essa rara doença, de herança autossômica recessiva, deve-se a mutações no gene que codifica a enzima ácido homogentísico 1,2-dioxigenase (localizado no cromossomo 3q), que degrada o ácido homogentísico (ácido 2,5-di- hidroxifenilacético), um produto do catabolismo da tirosina. Deficiência da enzima impede a degradação do ácido homogentísico, o que leva ao seu acúmulo no plasma, nas cartilagens, na pele e no tecido conjuntivo, além de excreção em grande quantidade na urina, podendo originar cálculos renais. Quando exposta ao ar durante algum tempo ou na presença de soluções alcalinas, a urina adquire cor castanho- escura(alcaptonúria), devido à oxidação do ácido homogentísico em benzoquinona, que forma polímeros semelhante à melanina. A alteração na cor da urina representa o principal sinal precoce da doença. A deposição de ácido homogentísico e de seus metabólitos no tecido cartilaginoso da orelha e do nariz, devido à posição subcutânea dessas cartilagens e à sua semitransparência, resulta em uma cor negro-azulada. Mais tarde, pelo acúmulo em outros tecidos, pode desenvolver-se artropatia degenerativa e valvopatia cardíaca. Lipofuscina: Também chamada lipocromo, pigmento de desgaste, pigmento do envelhecimento e ceroide, a lipofuscina (do latim fuscus = marrom) é um marcador biológico de envelhecimento celular. Parece que a lipofuscina seja formada por peroxidação de material previamente autofagocitado e acumulado em lisossomos. A presença de ferro no material autofagocitado (p. ex., ferritina, mitocôndrias) resulta na formação de radicais livres, o que leva a peroxidação do conteúdo intralisossômico e contribui para a formação de lisossomos secundários, alguns dos quais transformam-se em corpos residuais (pigmento de lipofuscina). Lesão celular por radicais livres constitui a teoria do envelhecimento pelo estresse oxidativo. Segundo essa teoria, a lesão celular e a formação de lipofuscina seriam, portanto, resultantes da ação de radicais livres (O2o e oOH) produzidos no metabolismo normal da célula a partir do oxigênio molecular. A formação de corpos residuais resulta, portanto, do desequilíbrio entre o processo de autofagocitose contínua e a incapacidade da célula de eliminar os resíduos da autodigestão. Lipofuscina acumula-se com o passar do tempo, em razão de que os processos responsáveis por sua formação e em acúmulo (autofagia e produção de moléculas de oxigênio reativas) ocorrem ao longo da vida. Com o avançar da idade, a lipofuscina deposita-se especialmente em células pós- mitóticas como neurônios, células musculares cardíacas e esqueléticas e epitélio pigmentar da retina. Células diferenciadas de vida curta, como ceratinócitos, enterócitos e hemácias, são logo substituídas e, portanto, não acumulam quantidades significativas de corpos residuais. Os órgãos afetados pelo acúmulo de lipofuscina sofrem redução volumétrica e ponderal e adquirem coloração parda (hipotrofia parda). O acúmulo de lipofuscina no epitélio pigmentar da retina associa-se à degeneração macular relacionada com a idade, que é a principal causa de cegueira ou distúrbio visual grave nos seres humanos nos países desenvolvidos, afetando 10 a 20% dos indivíduos acima de 65 anos. A retina é particularmente suscetível a estresse oxidativo devido ao seu alto consumo de oxigênio, elevada proporção de ácidos graxos poli-insaturados e exposição contínua à luz. O pigmento acumula-se também no miocárdio e no fígado de indivíduos desnutridos, particularmente aqueles com caquexia. Admite-se que a lipofuscina tenha efeito citotóxico mediado por vários mecanismos, como formação de espécies reativas derivadas do oxigênio, inibição da degradação proteica em proteassomos e formação de substâncias derivadas de glicação e peroxidação capazes de promover ligações cruzadas entre macromoléculas. Pigmentação Exógena Pigmentos diversos penetram no organismo juntamente com o ar inspirado e com os alimentos deglutidos, ou são introduzidos por via parenteral, como ocorre com as injeções e tatuagens. As partículas depositam-se nos pontos do primeiro contato com as mucosas ou a pele; aí podem ficar retidas ou ser eliminadas ou transportadas para outros locais pela circulação linfática ou sanguínea, ou por macrófagos. Antracose: É causado pela deposição de carvão nos pulmões e outros tecidos. encontrada em trabalhadores de minas de carvão ou fumantes e em praticamente todo indivíduo adulto morador nas grandes ou médias cidades onde exista certo grau de poluição atmosférica. A antracose ocorre também por inalação de fumaça liberada da queima de combustível sólido derivado da biomassa utilizado no preparo dos alimentos nas casas em áreas rurais (p. ex., lenha, esterco), condição denominada poluição de ar doméstica, pulmão da choupana, ou doença pulmonar por partículas adquiridas domesticamente. Uma vez inalado, o pigmento de carvão é fagocitado por macrófagos alveolares e transportado por vasos linfáticos aos linfonodos regionais. Acúmulo progressivo do pigmento produz coloração negra nas partes afetadas, em forma de manchas irregulares no parênquima dos pulmões , na pleura e nos linfonodos do hilo pulmonar. Em trabalhadores de minas de carvão, o grande acúmulo de pigmento nos pulmões pode acompanhar-se de fibrose e levar a diminuição considerável da capacidade respiratória. Argirose: É a deposição de sais de prata em tecidos; quando se deposita nos olhos, é conhecida como argirose. Diversos fatores influenciam a capacidade dos sais de prata de produzir efeitos tóxicos no organismo, como solubilidade do metal, capacidade de se ligar aos diferentes tecidos e grau com que os complexos de proteína-metal formados são sequestrados ou metabolizados e excretados. Compostos de prata orgânicos ou solúveis são mais facilmente absorvidos do que a prata metálica ou compostos de prata insolúveis. A causa mais comumde argiria localizada é impregnação mecânica da pele por partículas de prata em indivíduos que trabalham com esse metal. Outras fontes de argiria são tratamento odontológico com amálgama (mistura metálica de mercúrio e prata), uso prolongado de medicamentos tópicos que contêm nitrato de prata ou implantação cutânea de agulhas de acupuntura. Nos casos de argiria sistêmica ou generalizada, provocada por ingestão ou inalação crônica de compostos de prata solúveis (p. ex., nitrato de prata ou prata coloidal), além da deposição do metal na pele e nas unhas, grânulos de prata são encontrados em macrófagos dos linfonodos, células de Kupffer, membrana basal dos glomérulos renais e globo ocular (conjuntiva, córnea e retina). Caso clinico Prof. Universitário, 32 anos, D. Cury, sofreu um trauma após uma queda, sofrida durante o carnaval de rua. Após alguns exames e, horas de, observação o paciente foi liberado, pois não foi constatada nenhuma fratura ou traumatismo craniano. Contudo, ele apresentou áreas com hematomas e edema. O paciente percebeu que durante a semana a área lecionada mudou a coloração. Se este paciente fizesse uma biopsia quais os pigmentos você conseguiria identificar? Observe as imagens desta suposta biopsia e faça a correta identificação e também a descrição da patogênese. Os pigmentos que podem ser encontrados são a hemossiderina e a hematoidina.O trauma sofrido pelo paciente fez com que ocorresse o extravasamento de hemácias para fora dos vasos em direção ao interstício,os macrófagos presentes nos tecidos vão metabolizar essa hemácias e armazenar ferritina em seu interior como produto dessa metabolização.O acumulo de ferritina nos macrófagos formam apigmentação de hemossiderina.Além disso, a metabolização das hemácias também gera a coloração de hematoidina pois os produtos do metabolismo das hemácias vão reagir com as lipoproteínas e lipídeos que extravasam no sangramento formando também a coloração de hematoidina que se aparenta com a bilirrubina e se apresenta alguns dias depois da suspensão do sangramento.
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