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Processo Administrativo

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PROCESSO ADMINISTRATIVO
ROTEIRO DE ESTUDOS
Autoria: Danise Grimm | Revisão técnica: Silvio S. Junior
- -2
Introdução
Olá, estudante. Você está no roteiro de estudos da disciplina . Prepare-se paraProcesso administrativo
conhecer o processo administrativo aplicado à em sua função típica - e dentro dosAdministração Pública
poderes - e em suas funções atípicas.Legislativo e Judiciário
Você terá a oportunidade de conhecer e/ou se aprofundar nos assuntos a seguir:
• Direito Administrativo.
• Processo administrativo.
• Espécies de processos administrativos.
• Princípios constitucionais e os expressos na Lei.
• Lei nº 9.784 de/1999.
Direito Administrativo
O processo administrativo recebe influência de diversos aspectos do Direito Administrativo,afinal ele é parte do
Direito Administrativo. Por isso, é necessário explorar alguns pontos introdutórios.
O Direito Administrativo surgiu para e criar regramentos pararegulamentar uma ideia inicial de Estado
quem se utilizava dele. Sua materialização ocorreu no final do século XVIII e início do século XIX, tendo como
base limitar e disciplinar a atuação do Estado. Esse regramento se aplica aos poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário. No Executivo, quando exercido na sua função típica, e no Legislativo e Judiciário, quando exercidos
nas suas funções atípicas. Essa aplicação é fundamentada pela jurisdição una, derivada do modelo inglês. Para
aplicação do Direito Administrativo, usam-se fontes primárias e secundárias. Entre as primárias estão a
legislação e as súmulas vinculantes; e secundárias a doutrina, a jurisprudência, os costumes e os princípios.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro define o Direito Administrativo como o “ramo do Direito Público que tem por
objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade
não contenciosa que exerce e os bens e meios que se utiliza para a consecução de seus fins” (PIETRO, 2015, p.
81). A partir do que foi exposto pela autora, veremos a seguir as definições mais importantes:
O termo Direito Público vem para resguardar tudo aquilo que é de interesse público, aplicando-se de cima para
baixo as normas impostas pela Administração aos particulares. Essa aplicação é definida como poder vertical.
Órgãos são entes sem personalidade jurídica, sem direitos e obrigações, que surgem da desconcentração
(distribuição) de competências dentro de cada pessoa jurídica. Citando como exemplo um município,
denominado de ente, e sua distribuição em prefeitura, secretarias, escolas... quem responderá por esses entes
será o município e não as suas divisões.
Já os agentes e pessoas jurídicas administrativas são aqueles que exercem, ainda que de forma transitória ou sem
remuneração, a vontade do Estado. Ou, como explica Hely Lopes Meirelles, são pessoas físicas que exercem
mandato, cargo, emprego ou função pública.
Atividade jurídica não contenciosa significa dizer que no Brasil o processo administrativo não faz coisa julgada,
visto que uma decisão final administrativa pode ser revista no poder judiciário.
Administração Pública, em seu sentido amplo, é a junção da função política com a função administrativa. Ou seja,
é o governo, no exercício da sua função política, regido pelo Direito Constitucional, praticando atos políticos
juntamente com a Administração Pública, na sua função administrativa, regida pelo Direito Administrativo,
praticando atos administrativos.
Atos administrativos são atos jurídicos de manifestação da vontade da Administração Pública, sempre unilateral
quando usa suas prerrogativas. Sua finalidade é resguardar, extinguir, declarar direitos ou impor obrigações,
visando sempre o fim público.
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Processo administrativo
A doutrina administrativa não tem um entendimento pacificado sobre o que é o processo administrativo. Parte
traz uma definição ampla, acoplando o procedimento, e outra traz uma diferenciação entre processo e
procedimento administrativo. Matheus Carvalho dispõe que o processo administrativo “se configura por uma
série concatenada de atos administrativos, respeitando uma ordem posta por lei, com uma finalidade específica,
ensejando a prática de um ato final” (CARVALHO, 2015, p.1113). E procedimento seria o rito pelo qual o
processo passa. Já para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o processo administrativo, em sentido amplo, compõe uma
série de “atos preparatórios de uma decisão final da Administração” (PIETRO, 2015). Miriam Vasconcelos Fiaux
Horvarth, por sua vez, define o processo administrativo como “um instrumento para garantia dos direitos dos
servidores ou dos administrados. Com sua realização, as partes envolvidas serão ouvidas, alcançando de forma
mais adequada o objetivo do processo” (HORVARTH, 2011, p.80). Processo, então, seria a ferramenta
motivadora dos atos administrativos, realizados por agente capaz e decidido por um órgão competente. E
procedimento seriam as formalidades norteadoras de observação obrigatória, para o bom desenrolar do
processo administrativo. Um estaria dentro do outro.
É importante lembrar que o processo administrativo não pode ser confundido com o ato administrativo
propriamente dito. O ato só nasce após a formalização dos procedimentos necessários. Assim, o processo
administrativo surge da finalidade de documentar a atividade estatal, observando que a atuação da
Administração Pública, através do seu administrador, deve garantir a busca do interesse coletivo, baseada em
nome do povo.
Trazendo esses conceitos para o dia a dia, o processo administrativo está no pedido de alvará junto ao órgão de
fiscalização sanitária, está na inscrição junto ao órgão de conselho de classe, é o pedido de isenção de IPTU, está
em uma defesa na notificação de trânsito e em um processo administrativo disciplinar para apurar falta grave.
Destacamos que os poderes Legislativo e Judiciário também usam o processo administrativo. Quando não estão
nas suas funções típicas legislativas e jurisdicionais, estão exercendo suas funções atípicas. No caso, gerenciando
seus órgãos. Deste modo, utilizam o processo administrativo para realizar licitação de compra de café, aluguel de
carro, promoção de servidor, realização de concurso público entre outros exemplos. Ainda quanto à finalidade,
Matheus Carvalho (2015) aponta que a realização do processo administrativo deve observar o controle de
atuação estatal, a realização da democracia, a redução dos encargos do poder Judiciário e a garantia de uma
atuação eficiente e menos defeituosa.
Na prática, o controle mencionado pelo autor pode-se dar pela publicidade dos atos ou pela retirada do poder
decisório de uma única autoridade. Outro aspecto fundamental da realização do processo administrativo está na
garantia da democracia, visando evitar que a mão pesada do Estado prejudique o administrado, amparando e
resguardando seus direitos. A diminuição de encargos do poder Judiciário também pode ocorrer a partir da
instauração do processo administrativo. Essencialmente, essa diminuição se refere à redução do litígio na esfera
judicial e o processo administrativo cria a possibilidade de análise do pleito, produzindo-se provas e garantindo
a defesa do administrado. Desta forma, é possível solucionar a lide antes mesmo dela chegar ao poder Judiciário.
Por fim, a realização do processo administrativo tem propósito diretamente relacionado com a garantia da
atuação estatal, que é a proteção do interesse dos particulares junto com a boa Administração Pública.
Até aqui, entendemos que o processo administrativo é parte da função administrativa no seu sentido estrito,
regido pelo Direito Administrativo, e concatena os atos administrativos praticados. Fundamentado pelo
entendimento de Fernanda Marinella “que a ausência de processo administrativo prévio e regular enseja a
nulidade do ato que dele deveria decorrer, ao dispor que a existência do processo e a aplicação de seus
princípios são garantias inafastáveis, sob pena de nulidade do ato administrativo praticado” (MARINELA, 2015,
1318).
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Espéciesde processos
Para Hely Lopes Meirelles, o processo administrativo é - entre outros conceitos - a forma como a Administração
Pública . Essas soluções se desenvolvem de 04 (quatro)decide suas controvérsias com os administrados
formas: de expediente, de outorga, de gestão e de punição. Maria Sylvia Zanella Di Pietro utiliza outras
modalidades para definir o processo administrativo: gracioso, contencioso, técnico e jurídico. Para a autora,
gracioso é todo aquele que surge da vontade dos órgãos da Administração em aplicar a lei no caso concreto.
Contencioso visa garantir a independência e a imparcialidade do órgão julgador ao proferir uma decisão com
força de coisa julgada. O processo administrativo técnico é aquele iniciado pela própria Administração e no qual
existem apenas as fases decisórias e executórias, classificadas como fases internas. Já o processo administrativo
jurídico deve ser fundamentado de acordo com a lei, visto que há uma relação jurídica entre Administração e
administrado.
Para facilitar o entendimento das espécies de processo administrativo, usaremos como base as classificações de
Hely Lopes Meirelles. Veja a seguir:
• Processo administrativo de expediente
Aquele em que não há controvérsia entre os interessados. Não exige formalidade específica e nem rito
pré-determinado. São os processos que tramitam dentro do órgão. Não alteram, não suprimem e não
geram direitos aos administrados. Trata-se da parte burocrática de uma repartição. Pode também ser
lembrado como o processo de gestão, onde a Administração Pública utiliza suas funções típicas. Como
exemplo de processo administrativo de expediente, podemos citar o pedido de certidão ou o processo
licitatório em sua fase interna.
• Processo administrativo de outorga
Aquele em que se pleiteia alguma situação individual ou algum direito perante a Administração Pública.
Caracterizado por não ter contraditório (salvo oposição de terceiros ou impugnação da Administração),
possuir rito especial, garantir a oportunidade de defesa por parte do administrado. Caso não observado,
cabe nulidade. Aqui a decisão final por parte da Administração torna-se vinculante. O pedido para
concessão de alvará de funcionamento, a concessão e a permissão de serviço público são exemplos de
processo administrativo de outorga.
• Processo administrativo de controle
Fiscalização da Administração junto aos seus gestores e servidores. É a verificação da conduta. Tem
caráter vinculante entre as partes, rito próprio e cabe defesa. Aqui, não há punição; é mero ato de
apuração da conduta dentro do que exige a legislação. Um exemplo de processo administrativo de
controle é a prestação de contas do gestor e o lançamento tributário.
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Clique aqui e leia o capítulo 11 da obra "Direito Administrativo", de Miriam V. Fiaux Horvath.
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• Processo administrativo punitivo
É “aquele promovido pela Administração para imposição de penalidade por infração à lei, regulamento
ou contrato. Sua instauração há que se basear em auto de infração, representação ou peça equivalente,
iniciando-se com a exposição dos atos ou fatos ilegais ou administrativamente ilícitos” (MEIRELLES,
2007, p.695). Obrigatoriamente, deve-se observar o contraditório, a ampla defesa e toda a regularidade
formal que o processo exige em cada fase. É instaurado por um representante da Administração ou
composto por uma comissão. Segue subsidiariamente os preceitos do processo penal comum. Dentro do
processo administrativo punitivo, há o processo administrativo disciplinar, que pune o servidor público
por falta grave cometida no exercício de suas funções.
Princípios
A Administração Pública se estrutura sobre os princípios constitucionais expressos no artigo 37 da Constituição
Federal de 1988. Definidos no texto constituinte, a legalidade, a impessoalidade, a publicidade, a moralidade e a
eficiência também devem fundamentar o processo administrativo - essa última inserida na Constituição Federal
pela Emenda Constitucional 19 de 1998. A legalidade impede que o administrador aja da forma que bem
entender, devendo se fundamentar no que determina a legislação, subordinando-se à lei. A impessoalidade visa
garantir o interesse do coletivo, não beneficiando ou prejudicando pessoa em específico. A moralidade, por sua
vez, engloba a honestidade, a lealdade, a boa-fé da conduta do agente no exercício da sua função. Já a publicidade
é definida como o amparo legal do cidadão em saber o que acontece na Administração, visto que o cidadão é o
maior interessado nos atos praticados pelo poder público. Por fim, fundamentar o processo administrativo com
eficiência significa que o resultado final foi atingido quando se produziu bem, com qualidade e com poucos
gastos.
O processo administrativo, ainda, deve se pautar no princípio da Oficialidade, também chamado de Impulso
, que garante à Administração Pública a legitimidade de instaurar o processo sem que haja provocaçãoOficial
por parte do particular. Isso acontece porque o processo tem finalidade pública, e na busca por preservar essa
qualidade, a Administração pode impulsionar o processo por meio de ofício. O devido Processo Legal, amparado
pela Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso LIV, dispõe que “ninguém será privado da liberdade ou de seus
bens sem o devido processo legal”. Tal princípio se estende ao processo administrativo para que o desenrolar do
processo obedeça a todas as formalidades impostas, garantido ao interessado que nenhuma fase processual será
suprimida indevidamente e evitando o cometimento de abusos e arbitrariedades por parte do julgador.
Já o princípio do , previsto no artigo 5º, inciso LV, “é o direito conferido aoContraditório e da Ampla Defesa
particular de saber o que acontece no processo administrativo ou judicial de seu interesse, bem como o direito
de manifestar-se na relação processual [...]” (CARVALHO, 2015, p.1118). Apesar do contraditório e da ampla
defesa sempre aparecerem juntos, seus conceitos são diferentes um do outro. O contraditório é a possibilidade
que o indivíduo tem de equilibrar o processo, defendendo-se dos fatos alegados pela outra parte. A ampla defesa
é a igualdade entre as partes. Um dos meio para a efetivação dos objetivos do ato é chamado de
Instrumentalidade das Formas. Esse meio garante maior facilidade ao ingresso do processo a partir de premissas
como Informalismo ou Formalismo Necessário - expressões que indicam que não existe forma pré-determinada
para a prática dos atos processuais. Isso busca garantir maior facilidade ao ingresso do processo administrativo
por parte do interessado.
Outro princípio constitucional do processo administrativo é o . Esse princípio dá aPrincípio da Verdade Real
oportunidade ao litigante de produzir provas em qualquer fase do processo administrativo mesmo após a fase de
instrução. Neste sentido, cabe qualquer prova produzida por meio lícito. Esse princípio está amparado pela
verdade absoluta, ou seja, pelo conhecimento do fato verdadeiramente ocorrido.
•
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Princípios Expressos no artigo 2º da Lei 9.784 de 1999
Dispõe o artigo 2º da Lei 9.784 de 1999: ”A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da
legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência” (BRASIL, 1999, p.01).
Lembre-se! Os princípios da legalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório e eficiência já foram discutidos
junto aos princípios constitucionais. Desta forma, vamos seguir com a definição dos demais.
Celso Antônio Bandeira de Mello define finalidade como um princípio autônomo “que determina a atuação do
agente público, sempre visando alcançar a finalidade pública previamente estipulada em lei” (MELLO, 2009, p.
69). Ou seja, o princípio da finalidade visa exigir do poder público uma atuação dentro do que preconiza a
legislação, a fim de alcançaro interesse público. Motivação é o ato de fundamentar os fatos e direitos nas
decisões. O princípio da motivação, determinar que qualquer ato seja motivado para que seus pressupostos
tenham validade. Na esfera administrativa a motivação do ato se dá, também, para garantir ao cidadão o direito
de saber por que um ato foi praticado pela Administração Pública. Uma corrente doutrinária minoritária afirma
que nem todo ato precisa ser motivado, visto o poder discricionário que a Administração Pública tem de agir de
acordo com a oportunidade e conveniência (por exemplo: admissão e exoneração de cargo comissionado). Esta
interpretação foi levantada por José dos Santos Carvalho Filho, jurista e procurador brasileiro, mas não encontra
amparo junto ao Superior Tribunal de Justiça, cujo entendimento de que o princípio da motivação é o princípio
implícito na Constituição Federal e deve ser respeitado (AgRG no RMS 15.350/DF, rel. Min. Hamilton Carvalhido,
DJ 8.9.2003), (REsp: 1457255 PR 2014/00117934. Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJ 20.98.2014).
Razoabilidade e proporcionalidade – Teoria do Homem Médio
O princípio da razoabilidade indica que a Administração não pode agir com excessos, devendo ser sensata. E o
princípio da proporcionalidade tem um conceito mais específico: está contido na ampla defesa, possui relação
com as penalidades e suas aplicações de forma proporcional. Ambos os princípios estão implícitos na
Constituição Federal, mas também expressos na lei de processo administrativo. Quanto ao princípio da
segurança jurídica, cabe aqui transcrever uma passagem do livro da autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2015).
A autora integrou o projeto que resultou na lei do processo administrativo. Leia:
“Como participante da Comissão de juristas que elaborou o anteprojeto de que resultou essa lei [Lei nº 9.784
/99], permito-me afirmar que o objetivo da inclusão desse dispositivo foi o de vedar a aplicação retroativa de
nova interpretação de lei no âmbito da Administração Pública. Essa ideia ficou expressa no parágrafo único,
inciso XIII do artigo 2º, quando impõe, entre os critérios a serem observados, interpretação da norma
administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação
retroativa de nova interpretação”. (p. 118:119)
Em resumo, o princípio visa vedar a retroatividade da lei para que o cidadão não sinta insegurança jurídica, não
restando dúvida se o seu direito é válido ou não, de acordo com a interpretação da lei. O princípio do interesse
público é a ideia de proteção ao bem-estar coletivo. O poder público deve primar pelo interesse geral sobre o
interesse individual.
Princípio da gratuidade, disposto no inciso XI, do artigo 2º, da Lei nº 9.784 de 1999, traz a proibição de
cobrança de despesas processuais por parte da Administração Pública, visto que essa também integra o
processo. A vedação de cobrança também se aplica aos recursos administrativos, conforme entendimento do
STF, através da súmula vinculante nº 21: “é inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de
dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo”.
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Processo administrativo no âmbito Federal
LEI Nº 9.784 DE 1999 – REGULA O PROCESSO ADMINISTRATIVO NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA FEDERAL
Aplicação subsidiária
Como visto anteriormente, processo é uma junção de atos concatenados realizados pela Administração Pública.
Visando regulamentar esses atos, em 1999, o legislador editou normas regulamentadoras para o processo
administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. O texto ampara os fundamentos que devem pautar
o processo administrativo federal, mas se estendendo, subsidiariamente, aos estados e municípios que não
tiverem editado lei própria sobre o assunto. Endossando esse entendimento, o Superior Tribunal de Justiça já se
manifestou pela aplicação subsidiária no âmbito dos Estados-Membros, baseando-se no artigo 69 da Lei 9.784 de
1999.
Critérios
O parágrafo único, do artigo 2º, elenca, entre outros, os critérios que devem ser observados nos processos
administrativos:
I – atuação conforme a lei e o direito;
II – atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo
autorização em lei;
III – objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
IV – atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;
V – divulgação dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição;
VI – adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior
àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;
VII – indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados;
IX – adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos
direitos dos administrados;
X – garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à
interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio;
XI – proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei;
XII – impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados;
XIII – interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que
se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. (BRASIL, 1999, p. 01).
Apesar de o artigo fazer menção a critérios, observe que há princípios implícitos elencados.
Direitos e deveres dos administrados
Ao administrado é dado o direito de ser tratado com respeito pelas autoridades administrativas e servidores; de
ter ciência da tramitação dos autos em que é interessado, bem como a garantia de vistas ao processo; obter
cópias de documentos nele contidos e ter conhecimento das proferidas; ainda, tem o direito de formular
alegações e apresentar documentos antes da decisão e a faculdade de constituir advogado. Quanto aos deveres,
deve-se atentar para expor os fatos de acordo com a verdade; proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé, não
agindo de modo temerário e prestar informações sempre que forem solicitadas.
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Processos
De acordo com o artigo 9º, da Lei nº 9.784 de 1999, o processo administrativo se inicia por meio de ofício da
própria Administração Pública ou a pedido do interessado, que pode ser: pessoa física ou jurídica que possa ser
afetada pela decisão administrativa; organizações e associações representativas, no que diz respeito a direitos e
interesses coletivos; e pessoas ou associações legalmente constituídas quanto a direito ou interesses difusos.
Nestes casos, é vedada à Administração Pública a recusa sem motivo de recebimento dos documentos. A
competência para realização dos atos administrativos é irrenunciável, imprescritível e insuscetível de
prorrogação. Irrenunciável pois está previsto em lei e não deixa margem de escolha para o órgão, salvo os casos
de delegação e avocação legalmente admitidos. Imprescritível porque não se extingue com a inércia. Ou seja,
continua a existir independentemente de seu uso. E improrrogável porque “a competência não se adquire pelo
fato de estar sendo exercida sem oposição” (CARVALHO, 2015, p.1129).
Outra definição relacionada ao processo é a delegação. Delegação é o prolongamento da competência a outro
agente em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. É um ato
discricionário e não configura renúncia de competência. Delegar é atribuir poder a outra pessoa, podendo ser
horizontal ou vertical. A delegação de competência deve ocorrer de forma expressa e restrita, sendo limitada no
tempo e na matéria transferida. Caso isso não seja obedecido, o ato de delegação é considerado nulo. Já a
avocação é a possibilidade de algo retornar para si.Ela é de caráter excepcional e só vertical. A avocação de
competência é a possibilidade de tomar para si, devidamente motivado, a competência de agente subordinado.
Isso só ocorre dentro das possibilidades permitidas em lei. Ainda quanto à competência, pode haver situações de
suspeição e de impedimento. Segundo Matheus Carvalho, tratam-se de “hipóteses de afastamento da
competência originária como forma de garantia da imparcialidade das decisões administrativas, o que é
indispensável à justiça e legitimidade destas decisões” (CARVALHO, 2015, p.1129).
Um servidor ou autoridade é impedido de participar do processo quando tem interesse direto ou indireto na
matéria, caso tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou ainda se
tais situações ocorrerem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau - mesmo que
esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro. Nos
casos de amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges,
companheiros, parentes e afins até o terceiro grau, o servidor ou autoridade pode ser considerado suspeito.
Importante destacar que o processo administrativo não possui forma pré-determinada. Seu texto deve ser
escrito em vernáculo, na forma pura e correta do idioma, com data e local da realização e assinatura da
autoridade competente. O processo deve ainda ter suas páginas numeradas sequencialmente e rubricadas. Os
atos do processo devem ser realizados em dias úteis, no horário normal de funcionamento da repartição pública.
Tudo isso garante o acesso junto à Administração Pública. O artigo 26 dispõe que o órgão competente deve
proceder à intimação do interessado para que este se manifeste nos autos, tome ciência de decisões ou ainda
efetue diligências. A intimação deve resguardar antecedência mínima de três dias úteis da data do
comparecimento e pode ocorrer através da ciência no processo, por via postal, por telegrama ou outro meio que
assegure a ciência do interessado, Não respeitar esses requisitos torna a intimação nula.
- -9
Como visto, o processo administrativo é instaurado por provocação do interessado ou por meio de ofício pela
Administração Pública. Assim, após a instauração do processo e a intimação do interessado, ocorre a fase
instrutória, que é a fase onde se analisam os fatos, provas e o que mais for necessário, a fim de buscar a verdade
dos fatos. No processo administrativo, são admitidos todos os meios de provas, salvo as obtidas por meios
ilícitos. E o administrado pode apresentá-las a qualquer momento antes de proferida a decisão, visto ser de sua
responsabilidade provar os fatos levantados. Encerrada a instrução, o interessado tem o direito de manifestar-se
no prazo máximo de 10 (dez) dias e a autoridade competente tem o prazo máximo de até 30 (trinta) dias para
decidir sobre o processo. Esse prazo da Administração pode ser prorrogado por igual período, desde que
apresentadas justificativas para tal. Essa decisão deve ser motivada com a indicação dos fatos e dos fundamentos
jurídicos, ser explícita, clara e congruente. Mateus Carvalho traz um conceito doutrinário sobre motivação
aliunde: “ocorre todas as vezes que a motivação de um determinado ato remete à motivação de ato anterior que
embasa sua edição, ou seja, ao invés de administrador público justificar a razão do seu ato, ele justifica com base
em motivos expostos em ato prévio” (CARVALHO, 2015, p.1135). Esse conceito é fundamentado pelo artigo 50,
§1º, da Lei nº 9.784 de 1999.
A extinção do processo administrativo pode-se dar em razão de exaurida sua finalidade ou caso o objeto tenha se
tornado impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente (subsequente). O interessado tem o direito de
desistir do processo administrativo mediante manifestação escrita, ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis.
Mas, caso a Administração Pública entenda que há o interesse público na causa, a desistência ou a renúncia não
prejudicarão o andamento do processo. O capítulo XIV da Lei do Processo Administrativo trata da anulação,
revogação e convalidação dos atos. Anulação é quando há vícios de ilegalidade; revogação ocorre por motivos de
interesse público superveniente e convalidação quando há a possibilidade de conserto dos vícios sanáveis.
Encerrado o processo administrativo, a decisão pode ser atacada por motivo de legalidade ou por motivo de
mérito. Os recursos administrativos são garantidos pelos princípios da ampla defesa e pelo duplo grau de
jurisdição. O recurso é, ainda, amparado pelo princípio da gratuidade, uma vez que o Superior Tribunal Federal
proíbe a cobrança de depósito prévio ou caução para interposição de recursos. Os mesmos legitimados para
solicitar a abertura de um processo administrativo são também aprovados para interpor recurso. Vamos
relembrar quem são:
Titulares de direitos e interesses que forem parte no processo.
Aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela decisão recorrida.
As organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos.
Cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos.
O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão. Caso não seja reconsiderada no prazo de 05 (cinco)
dias, será encaminhada à autoridade competente, tramitando por no máximo 03 (três) instâncias. A partir do
recebimento do recurso, abre-se prazo para parte contrária apresentar contrarrazões em 05 (cinco) dias. O
recurso deverá ser julgado no prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período.
Finalizada a fase recursal e terminado o processo administrativo, teríamos a chamada "coisa julgada
VOCÊ SABIA?
Diferente do processo civil, a não manifestação do interessado junto ao processo
administrativo não gera presunção da verdade dos fatos. Isto porque no litígio administrativo,
prevalece o princípio da verdade real e a Administração deve sempre buscar a verdade dos
fatos.
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Finalizada a fase recursal e terminado o processo administrativo, teríamos a chamada "coisa julgada
administrativa". Mas, esse termo merece cuidado, pois no Brasil a "coisa julgada", imutável, é tarefa exclusiva do
Poder Judiciário. Aqui, é importante lembrar que esgotada a via administrativa, a parte interessada pode se valer
da esfera judicial. Diferente do processo judicial, o processo administrativo não acata o princípio da vedação da 
. O que significa que o recurso administrativo poderá piorar a situação do recorrente. Osreformatio in pejus
prazos começam a correr a partir da data da intimação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e
incluindo-se o do vencimento.
Por fim, as sanções a serem aplicadas por autoridade competente, terão natureza pecuniária ou consistirão em
obrigação de fazer ou de não fazer, assegurando o direito de defesa.
Conclusão
Chegamos ao final do roteiro de estudos da disciplina .Processo administrativo
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• Entender o processo administrativo é saber como funciona uma solicitação por meio de petição [1] do 
cidadão junto ao órgão público. É ver resguardado seu direito.
• Desmistificamos que processo administrativo é somente aquele que nasce para punir um servidor 
público quando o este comete falta grave; também serve para isso, mas seu conceito é bem mais amplo.
• Processo administrativo é uma faculdade do cidadão de requerer algo junto a uma repartição pública, de 
forma mais célere e menos burocrática. A ausência de formalidades faz com que o interessado não se 
afaste de seu direito pelo simples fato de não ter conhecimento para atuar na área. Pelo contrário, o 
legislador ordinário prezou por garantir isso.
• O processo administrativo é a exteriorização dos direitos e deveres do interessado; é a garantia da 
publicidade dos atos praticados pela administração pública; é a obediência de rito e, principalmente, é ver 
que o poder público não pode agir de forma arbitrária perante o cidadão.Bibliografia
BRASIL. Lei nº 9.784, de 29 de Janeiro de 1999. Regula o processo administrativo no âmbito da
. Brasília. Disponível em: <Administração Pública Federal http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9784.
>. Acesso em 01 de setembro de 2019.htm
CARVALHO, Matheus. . 2. ed. Salvador: Editora Jus PODIVM, 2015Manual de Direito Administrativo
HORVATH, Miriam Vasconcelos Fiaux. . Barueri: Editora Manole, 2011.Direito Administrativo
MARINELLA, Fernanda. . 9. ed. Niterói: Editora Ímpetus, 2015.Direito Administrativo
MEIRELLES, Hely Lopes. . 33. ed. São Paulo: Editora Malheiros, 2007.Direito Administrativo Brasileiro
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. . 26. Ed. São Paulo: Editora Malheiros,Curso de Direito Administrativo
2009.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. . 28. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2015.Direito Administrativo
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9784.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9784.htm
	Introdução
	Direito Administrativo
	Processo administrativo
	Espécies de processos
	Processo administrativo de expediente
	Processo administrativo de outorga
	Processo administrativo de controle
	Processo administrativo punitivo
	Princípios
	Princípios Expressos no artigo 2º da Lei 9.784 de 1999
	Razoabilidade e proporcionalidade – Teoria do Homem Médio
	Processo administrativo no âmbito Federal
	Aplicação subsidiária
	Critérios
	Direitos e deveres dos administrados
	Processos
	Conclusão
	Bibliografia

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