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Ferramentas de Gestão Automobilística Prof. Leandro Cardoso da Silva 2 BLOCO 1. NORMA ISO IATF 16949 Apresentação Alguns segmentos necessitam de ferramentas específicas para melhorarem seus processos de gestão e aumentarem sua competitividade. O setor automotivo é um deles! Montadoras como Ford, General Motors, Chrysler etc., no passado, integraram ideias e necessidades e, como em qualquer setor industrial, padronização e ferramentas de gestão específicas para o segmento passaram a ser uma obsessão. Derivando da ISO 9000, a ISO IATF 16949 tem o objetivo de padronizar e trazer qualidade ao setor automotivo, levando fornecedores e montadoras do segmento a se adequarem a padrões preestabelecidos na produção de seus componentes e, com isso, aumentarem sua competitividade no mercado. É o que veremos neste bloco. Bons Estudos! 1.1 Conceito IATF 16949 Uma empresa que obtém a certificação ISO IATF 16949 está habilitada a desenvolver produtos para montadoras e empresas do setor automotivo. Essa certificação na área automobilística traz grande competitividade e avanço às empresas, pois permite desenvolvimento local de produtos específicos ou não de um determinado projeto. Diretrizes e processos específicos ao segmento foram desenvolvidos para garantir a qualidade do sistema de gestão e também garantir ao cliente o maior nível de confiabilidade possível, padronizando, por meio dessa norma, aquilo que se espera do sistema de gestão do produto, gestão da qualidade e gestão da manufatura. Os requisitos específicos do cliente passam a ser a base primária para a condução do processo de desenvolvimento como também da gestão do produto e processo, contemplando especificidades e exigências a serem consideradas durante esse desenvolvimento. Não há uma regra nesses requisitos, de modo que cada cliente trata suas particularidades e exigências de acordo com normas e metodologias internas. Assim como qualquer metodologia, norma e especificação, os requisitos específicos passam por evoluções de acordo com o tempo, acompanhadas de lições aprendidas, 3 desenvolvimento e pesquisa, novas tecnologias e exigências do mercado. Ou seja, os requisitos específicos do cliente podem mudar a cada desenvolvimento de um novo produto, por exemplo: a) Adoção de uma norma de tolerâncias gerais para cotas geométricas de produtos sem tolerância. Exemplo: ISO 2768. b) Adoção de tolerância fixa para cotas geométricas de produtos sem tolerância. Exemplo: X ± 0,2 mm, onde X será o valor da cota sem tolerância. c) Simplesmente não ter nenhuma especificação referente ao tema, ficando a cargo do fornecedor decidir a melhor opção e validá-la junto ao cliente. Figura 1: Desenho técnico de coxim do radiador ‒ Corte A-A Fonte: autor. Vamos agora definir em mais detalhes os exemplos apresentados anteriormente: a) 22,5 ± 0,1 mm conforme ISO 2768 definido nos requisitos específicos do cliente. b) 22,5 ± 0,2 mm conforme requisitos específicos de tolerância fixa. c) 22,5 ± 0,3 mm definido pelo fornecedor e validado pelo cliente por não haver especificação ou exigência nos requisitos específicos do cliente. Como podemos ver pelos exemplos, a norma ISO IATF 16949 coloca o cliente como protagonista de todo o processo do sistema de gestão, buscando incessantemente a melhoria contínua para promover a qualidade no processo. A própria norma aborda a 4 importância da melhoria contínua nas etapas da gestão da qualidade, pois considerando as etapas de “entrada – processamento – saída”, fica mais fácil controlar o processo de desenvolvimento do produto segundo a abordagem do processo. Em outras palavras, quando temos a abordagem do processo aplicada ao sistema de gestão da qualidade, temos enfatizada a importância: do entendimento e atendimento dos requisitos; da necessidade de considerar os processos em termos de valor agregado; da obtenção de resultados de desempenho e eficácia de processo; da melhoria contínua de processos baseada em medições objetivas. De maneira direta, a norma utiliza o modelo de um sistema de gestão da qualidade que trata suas etapas de acordo com o ciclo PDCA (do inglês: PLAN – Planejar, DO – Executar, CHECK – Avaliar, ACT ou Adjust – Corrigir). Figura 2: Modelo de Sistema de Gestão da Qualidade baseado em processo. Fonte: autor. 5 1.2 Sistema de Gestão da Qualidade – ISO IATF 16949 A ISO IATF 16949 utiliza a ISO 9001 como base para construção de suas exigências. Os requisitos gerais definem que a organização deve estabelecer, documentar, implementar e manter um sistema de qualidade, devendo: determinar os processos necessários para o sistema de gestão da qualidade; determinar interação e sequência desses processos; determinar critérios, métodos e controles para garantir a eficácia dos processos; monitorar, medir e analisar os processos; gerar planos de ação para atingir os resultados planejados, garantindo a melhoria contínua desses processos. Para comprovar a gestão de maneira mais específica, surgem algumas necessidades para justificar o respeito aos requisitos. Veremos isso em detalhes na sequência. 1.2.1 Requisito de documentação O Sistema de Gestão da Qualidade deve realizar diversas comprovações e controles. Dentre eles é necessário definir, nos padrões da Qualidade, as documentações pertinentes para garantir e desenvolver cada necessidade de gestão e comprovação do Sistema de Gestão da Qualidade. Alguns documentos são normalizados e obrigatórios; outros são desenvolvidos para assegurar e registrar o planejamento, assim como alguns documentos são desenvolvidos sem obrigatoriedade de apresentação à certificação da norma, sendo somente necessária a organização para fazer gestão de processos e controle. A ISO IATF 16949 certifica que a documentação do sistema de gestão da qualidade deve incluir: declarações documentadas de uma política da qualidade e dos objetivos da qualidade; manual da qualidade; procedimentos documentados e registros requeridos pela norma ISO 16949; 6 documentos, incluindo registros determinados pela organização como necessários para assegurar o planejamento, a operação e o controle eficazes de seus processos. Além de apresentados no período de certificação, esses documentos são de extrema importância para o sistema de gestão da qualidade, devendo estar sempre atualizados e fazer parte da discussão e retroalimentação contínua da melhoria dos processos da organização. 1.2.2 Manual da qualidade O manual da qualidade tem a função de estabelecer as diretrizes básicas para a eficaz implementação dos elementos dos Sistemas de Gestão da Qualidade de qualquer organização, de acordo com os requisitos estabelecidos pela norma ISO 9001, ISO 14001 e a especificação técnica ISO IATF 16949. O manual da qualidade tem o principal objetivo de identificar os processos operacionais e de apoio da organização, suas interfaces e relacionamento com o cliente e, através do sistema de gestão, definir as formas, procedimentos, documentação e normas para medir e monitorar os processos que vão garantir a qualidade esperada pelo cliente. Para isso, a norma ISO IATF 16949 determina que a organização deve estabelecer e manter um manual de qualidade que inclua: o escopo do sistema de gestão da qualidade, incluindo detalhes e justificativas para quaisquer exclusões; os procedimentos documentados estabelecidos para o sistema de gestão da qualidade, ou referências a eles; uma descrição da interação entre os processos do sistema de gestão da qualidade. 1.2.3 Controle de documentos De acordo com a ISO IATF 16949, um procedimento deve ser construído e validado na organização para disseminar a metodologia e forma de controle dos documentos. Esse procedimentovisa estabelecer metodologias de controle para aprovação, reprovação, localização etc., conforme previsto na norma: 7 aprovar documentos quanto à sua adequação, antes da sua emissão; analisar criticamente, atualizar ‒ quando necessário ‒ e reaprovar documentos; assegurar que as versões pertinentes de documentos aplicáveis estejam disponíveis nos locais de uso; assegurar que os documentos permaneçam legíveis e prontamente identificáveis; assegurar que documentos de origem externa determinados pela organização como necessários para planejamento e operação do sistema de gestão da qualidade sejam identificados e que sua distribuição seja controlada; evitar o uso não pretendido de documentos obsoletos e aplicar identificação adequada nos casos em que eles forem retidos por qualquer propósito. 1.2.4 Controle de registros Este item trata especificamente do procedimento que deve ser adotado pela organização para promover a evidência de conformidade com os requisitos da norma e operações estabelecidas pelo sistema de gestão da qualidade. Esse procedimento diz respeito à identificação, armazenamento, proteção, recuperação, retenção e disposição dos registros. De maneira imperativa, o controle de registros também deve tratar os procedimentos e processos para descarte de documentos envolvidos nas operações de controle de registros e qualquer outro que precise ser arquivado fisicamente ou eletronicamente. Alguns desenvolvimentos de novos produtos demandam documentos próprios dos clientes como requisitos de produto e/ou processo; esses documentos devem ser inclusos nos controles dos registros para garantir as devidas evidências e conformidades dos requisitos específicos daquele cliente em especial. 1.3 Gestão de Recursos A gestão de recursos é uma das partes mais importantes e complexas de tratativa da norma ISO IATF 16949, pois é nessa etapa que a organização formaliza a infraestrutura necessária para cumprir com os requisitos específicos do cliente, garantindo assim 8 recursos humanos, infraestrutura e ambiente de trabalho. Vamos explicar cada um desses itens. 1.3.1 Recursos humanos Os recursos humanos envolvem: Competências, conscientização e treinamento: este tópico trata uma grande especificidade do setor; devido à grande tecnologia, muitas competências precisam ser desenvolvidas para exercer determinadas atividades, como por exemplo, especialista em arquitetura veicular. Habilidades para o projeto do produto: algumas habilidades para projetar determinados produtos pertencentes ao segmento da empresa precisam ser comprovadas através de estímulos internos. Treinamento: em auditorias, muitas vezes é solicitada a comprovação de treinamentos realizados na empresa; isso pode ser interno ou externo. Todas as funções da empresa envolvidas diretamente no desenvolvimento do produto devem estar detalhadas com suas respectivas necessidades de treinamento anual (treinamento ou reciclagem). Motivação e atribuição de poder ao funcionário: principalmente para os gestores do projeto, são analisadas a autonomia para tomada de decisão e gestão do projeto; a cobrança sobre a participação da autogestão no processo é muito grande, assim como incentivos não financeiros para programas de motivação da organização. 1.3.2 Infraestrutura Fazem parte da infraestrutura: Planejamento da planta, instalações e equipamentos: os requisitos específicos do cliente deixam claras as exigências do produto, mas não especificam a organização, como deve ser o layout e nem os equipamentos e máquinas a serem obtidos; todas essas questões devem ser propostas pelo fornecedor e validadas pelo cliente, a fim de estarem em conformidade com os requisitos tanto do cliente quanto do produto. 9 Planos de contingência: as organizações possuem adversidades em seus processos e estruturas, que necessitam do plano de contingência; nada mais é do que um plano formalizado pela organização, descrevendo as ações que deverão ser desencadeadas diante de perdas, danos e desastres, sejam de ordem pessoal ou patrimonial. 1.3.3 Ambiente de trabalho Devem estar presentes no ambiente de trabalho: Segurança do pessoal para obter a conformidade com os requisitos do produto: compreende estudos de segurança no trabalho para os processos a serem desenvolvidos, tais como ergonomia, segurança, ruído, dentre outros; essas questões precisam ser comprovadas não somente para o processo do produto, como também para a segurança pessoal dos funcionários. Limpeza do local: este requisito é fortemente derivado da ISO 9001; para alguns segmentos industriais, é muito mais do que manter o ambiente limpo. É livrar o produto e as pessoas de possíveis contaminações ou degradações. 1.4 Planejamento do Produto e Processo O planejamento do produto e processo é a etapa da norma ISO IATF 16949 mais complexa e fortemente observada nas certificações. Este tópico visa demonstrar o quanto o planejamento do produto e processo precisa ser consistente. A identidade da organização demonstra-se muito presente nesta etapa, porém, de acordo com a norma, os requisitos específicos do cliente devem ser levados em consideração. A norma estabelece que algumas determinações devem ser consideradas ao planejar o produto e processo: objetivos da qualidade e requisitos para o produto: o Baseadas em seu rico e abrangente histórico de qualidade, as montadoras possuem bancos de dados que permitem, uma vez eleitos seus fornecedores de componentes, a correta e sistêmica definição de seus objetivos de qualidade e requisitos dos clientes, visando à melhoria contínua do que já foi desenvolvido em projetos anteriores. 10 necessidade de estabelecer processos e documentos e prover recursos específicos para o produto: o O próprio histórico de desenvolvimento de novos produtos na indústria automotiva demonstra forte tendência a não repetir processos de desenvolvimento de seus produtos. Isso porque a melhoria contínua embasa o processo. Assim, na busca incessante por melhorar seus produtos e processos, as indústrias se modernizam com novas tecnologias e/ou redução de custo de produção. o Nem sempre isso é contínuo, pois em muitos casos, componentes de projetos anteriores são reaproveitados por motivos de funcionalidade, custo, tecnologia e histórico de qualidade. Para produtos e processos como esses continuarem existindo, a justificativa deve estar embasada em requisitos internos dos clientes, de modo que sua permanência seja deferida. verificação, validação, monitoramento, medição, inspeção e atividades de ensaio requerido, específico para o produto, bem como critérios para a aceitação do produto: o Estas determinações geralmente estão bem especificadas nos requisitos do cliente, seja em um documento enviado (requisitos específicos do cliente) ou no próprio desenho do produto, em forma de notas. Através de normas ou especificações, são informados os requisitos que validam a concepção do produto. Veja a seguir o exemplo de um desenho técnico de uma guarnição de borracha de perfil de porta: do lado direito, temos notas especificando exigências do material (borracha ‒ compact rubber ‒ conforme norma STD 1223.14): 11 Figura 3: Desenho técnico – Exemplo de especificação de exigências no Perfil Extrudado. Fonte: autor. registros necessários para fornecer evidência de que os processos de realização e o produto resultante atendem aos requisitos. o Este ponto exige muita atenção e cautela; registros e evidências demandados pela norma são processos longos que são consequências de documentos que registram os procedimentos feitos para realização de atividades pertinentes do desenvolvimento do produto e processo. o Desde o recebimento dos requisitos específicos do cliente e autorizaçãopara desenvolver um produto até a validação da produção, há diversas etapas que precisam garantir a qualidade do desenvolvimento do 12 produto, conforme o planejamento e datas afixadas para entrega de amostras e peças manufaturadas. o Algumas metodologias foram desenvolvidas para garantir a qualidade dos processos e documentos, e melhorar a gestão do desenvolvimento do produto. Essas metodologias foram aceitas pelo mercado automotivo para uniformizar a maneira de desenvolver e planejar produtos e processos. As montadoras e fornecedores automotivos que possuem particularidades ou requisitos específicos diferentes dos empregados nas metodologias do APQP (Planejamento Avançado da Qualidade do Produto) e PPAP (Processo de Aprovação de Peças de Produção) registram em seus requisitos específicos suas necessidades para serem tratadas e inclusas no processo de desenvolvimento do produto e processo. Essas ferramentas serão abordadas nesta disciplina no devido momento. Outras questões também devem ser consideradas no processo de desenvolvimento do produto e processo. A seguir, descreveremos brevemente algumas delas: critérios de aceitação: o Os critérios de aceitação de um produto podem se resumir somente às especificações existentes no acervo técnico de normas e procedimentos, mas também podem se estender a critérios contidos nos requisitos específicos do cliente, como por exemplo, a embalagem para transporte e entrega; o não cumprimento dessa exigência pode caracterizar que o produto sofreu possíveis danos no transporte, estando não conforme para o recebimento. o Critérios de recebimento para assegurar a qualidade são muito comuns, como por exemplo, aprovação por amostragem, atributo, zero defeito etc. confidencialidade: o A confidencialidade é um item muito preocupante e importante, geralmente contratualizado entre as partes, ou seja, assegurar 13 especificações de engenharia e características do produto torna as empresas extremamente competitivas com o lançamento de seus produtos. Esse requisito na automobilística é fundamental, pois componentes automotivos trazem novas tecnologias dotadas de empenho e desenvolvimento de pesquisa. Com a concorrência extremamente canibalizada no setor, despontar com uma tecnologia com seis meses de antecipação em relação ao concorrente pode representar o aumento do número de vendas, elevando o faturamento da empresa por um determinado período. controle de alteração: o Com um processo extenso e cheio de controles e documentos para garantir a qualidade do desenvolvimento e cumprimento de prazos, as alterações passam a ser controladas durante todo o processo, o que significa que, desde a autorização do desenvolvimento até a validação do processo produtivo, todos os documentos envolvidos devem ter controle de alteração. o A importância desse controle é que junto com modificações, erros e acertos, o histórico do desenvolvimento do produto acaba criando uma identidade cercada de registros, sendo parâmetro para mostrar o que foi feito para pessoas que futuramente possam trabalhar com esse produto e, porventura, não tenham participado de seu desenvolvimento, deixando todo o histórico disponível para quem queira ou precise conhecê-lo. o Podemos usar como exemplo os próprios desenhos técnicos que, sempre que passam por ajustes, modificações, adaptações etc., têm seu registro na tabela de revisões, juntamente com a motivação da modificação. 14 Figura 4: Desenho técnico ‒ Exemplo de controle de alteração em desenhos. Fonte: autor. características especiais definidas pelo cliente: o Este item demanda muita atenção já que tais características especiais muitas vezes são medidas geométricas que irão exigir controles estatísticos de medição para comprovar que o processo de fabricação está controlado, como também podem exigir equipamentos ou ensaios 15 para comprovar sua conformidade. Esses itens precisam ser minuciosamente identificados e verificados, pois, em caso de exigência de novos equipamentos para medição ou controle, serão necessários novos investimentos, mudando totalmente a oferta comercial a ser feita ao cliente. o Em caso de dúvida, o cliente deve ser acionado e uma reunião prévia para sanar as dúvidas deverá ser marcada, com todos os pontos registrados em uma ata de reunião. o Segue o exemplo de uma característica especial solicitada para controle, conforme requisitos específicos do cliente. Figura 5: Desenho técnico – Exemplo de característica especial na Mangueira para bocal de combustível. Fonte: autor. 16 o Conforme demonstrado no exemplo anterior, o controle das medidas de ø48+0-0,6 mm, dureza de 75±5 shore A (medida de dureza) e isenção de falhas, rebarbas e bolhas, dentro do universo dimensional, são fáceis de serem controladas, e seus controles são introduzidos no processo produtivo; porém, a resistência à pressão e à permeabilidade, nesse caso, demandam equipamentos específicos a serem desenvolvidos para esse produto, que deverá ser previsto na gestão de recursos, conforme abordado no item 1.3. viabilidade de manufatura pela organização: o A viabilidade de manufatura exige uma análise detalhada e criteriosa sobre os riscos em produzir o produto em questão, desde os riscos na manufatura do produto até riscos pertinentes a investimentos, pois dependendo dos tipos de equipamentos, contamos somente com produtos importados feitos sob encomenda que, além de grande tempo para fabricação da máquina, equipamento ou ferramental em questão, ainda exige tempo de transporte. comunicação com cliente: o A norma recomenda uma comunicação constante entre todas as fases do desenvolvimento do produto, priorizando: a) Informações sobre o produto; b) Tratamento de consultas, contratos ou pedidos, incluindo emendas; c) Realimentação do cliente, incluindo suas reclamações. o Estas animações feitas durante o desenvolvimento podem ser registradas de diversas formas; a mais popular e tradicional seria a ATA de reunião de desenvolvimento do produto. Projeto e desenvolvimento: o O principal e mais complexo tópico envolve o planejamento do desenvolvimento do produto. Muito mais que um cronograma, é fazer previsão de recursos, desde pessoas a máquinas e equipamentos. Dependendo do segmento de atuação da organização, prever recursos é 17 a fase de maior complexidade. Um exemplo são as indústrias que contemplam, em seus processos, a robotização para ganho de produtividade e confiabilidade; qualquer dimensionamento malfeito poderá acarretar sérios impactos. o Este item tem muitos desdobramentos, conforme a norma ISO IATF 16949, e iremos aproveitar os Blocos 4 e 5 para detalharmos e demonstramos de forma aplicada o seu desdobramento. 1.5 Mediação, Análise e Melhoria A norma deixa clara a preocupação com o cliente, seus requisitos, mediação, análise e melhoria, e propõe que a organização deve planejar e implementar esses processos, para: demonstrar a conformidade aos requisitos do produto; assegurar a conformidade do sistema de gestão da qualidade; melhorar continuamente a eficácia do sistema de gestão da qualidade. O monitoramento sobre a satisfação do cliente e a implementação de ferramentas para medir e controlar esse requisito passa a ser cada vez mais importante para novos desenvolvimentos. Os clientes têm implementado, em seu painel de fornecedores, programas de incentivo ao zero defeito, Just in time, entrega de protótipos na data planejada e produtividade em negociações comerciais; exemplos como esses alavancam a relação e desenvolvem parcerias baseadas na pontuação dos programas e no bom atendimento. Vista a situação, reinar em grandes montadoras e sistemistas no segmento automotivo é o desejo de qualquerindústria, portanto, esse item passa a ter grande importância dentro das organizações. Controlando, analisando e medindo é possível garantir boas participações nesse mercado tão competitivo. 18 SAIBA MAIS A ISO IATF 16949: 2015 sofreu uma pequena modificação em 2016. A direção da empresa passa a assumir o papel principal na auditoria para certificação e recertificação ao sistema. Os auditores passam a olhar como a empresa está sendo dirigida e, quanto à direção, se está engajada e participa dos processos para que o sistema de gestão seja integrador e transversal. As certificações da ISO 9001 e ISO 16949 não podem estar paralelas às direções de negócios da empresa. Este vídeo demonstra as novas tendências de análise nas certificações da ISO 16949 desde 2016: https://www.youtube.com/watch?v=7ESxBpevcfk. Conclusão A norma ISO IATF 16949 deriva da norma ISO 9001, tratando especificidades do setor automotivo para indústrias que desejam se certificar e obter a autonomia para fazer desenvolvimentos locais. A participação do cliente nesse processo é simultânea e acontece em todas as fases, não significando que o cliente tenha responsabilidades de desenvolvimento do produto e processo, porém, de maneira indireta, suas necessidades devem estar traduzidas em seus requisitos, para que, assim, o processo ocorra de maneira homogênea e garanta a qualidade desejada. É fato que a gestão de recursos e de planejamento do produto e processo demanda grande energia e sinergia de ambos, tanto do cliente quanto do fornecedor, mas é evidente que é o fornecedor que estará responsável pelo desenvolvimento do produto, e este será contemplado com os trabalhos de prototipagem, industrialização, testes e todas as demais etapas que norteiam o seu desenvolvimento. Ao desdobrarmos todas as fases, deparamos com enormes trabalhos de concepção e controle. A norma parametriza as principais necessidades e direções para obtenção da qualidade do sistema de gestão. Nos próximos blocos, começaremos a imergir no desdobramento de ferramentas para aumentarmos nossa capacidade de gestão nesse https://www.youtube.com/watch?v=7ESxBpevcfk 19 segmento e nos capacitarmos para atendermos a um dos maiores mercados do mundo. Referências Bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS E TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 9001:2008, Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos. Rio de Janeiro, 2008. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS E TÉCNICAS. ABNT NBR ISO/TS 16949:2010, Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos particulares para aplicação da ABNT NBR 2001:2008 para organizações de produção automotiva e peças de reposição pertinentes. Rio de Janeiro, 2010. ARNOSTI, J. C. M. NEUMANN, R. A.; COUTO, M. N.; LUGOBONI, L. F. ISO / TS 16949 - Ganhos e vantagens da certificação na indústria automobilística. XXXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Salvador, 2013.
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