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PEÇA 1 - CIVIL

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AO JUÍZO DE DIREITO DA _______ VARA CÍVEL DA COMARCA DE BAURU – SP.
CAIPIRA HORTALIÇAS LTDA – ME, pessoa jurídica de direito privado, com CNPJ nº __________, localizada na ____________________________, neste ato representada por seu proprietário BARNABÉ, portador do RG nº ___________, CPF nº ___________, residente e domiciliado na ___________________________, vem, respeitosamente perante V. Exa, por meio do seu advogado in fine assinado, procuração anexa, com endereço profissional na ________________________, onde desde já indica para recebimento das correspondências de estilo, e e-mail <________________>, com base nos artigos 186, 402, 403, 927 e 932 do CC, assim como no Código de Trânsito Brasileiro, propor 
AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E LUCROS CESSANTES
Em desfavor de VIAÇÃO METEORO LTDA, pessoa jurídica de direito privado, com CNPJ nº __________, localizada na ___________________________, pelos fatos e fundamentos jurídicos que se seguem:
I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA – DECLARAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA ECONÔMICA 
O autor afirma que de acordo com o artigo 98 do CPC/15 que, temporariamente, não tem condições de arcar com eventual ônus processual por insuficiência de recursos. 
Então requere, através desta declaração presente na petição inicial, os benefícios da justiça gratuita. A Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso LXXIV, estabelece como direito de todos a assistência jurídica, nos seguintes termos: “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recurso”. 
Por seu turno, o Código de Processo Civil, definiu quem tem direito à gratuidade da justiça, dizendo que: 
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. 
Nesse sentido, basta a afirmação da parte requerente de sua “insuficiência de recursos” para o deferimento do pleito. Vale ressaltar, ainda, que a pessoa jurídica, é beneficiária da justiça gratuita, desde que comprove a sua impossibilidade de arcar com as despesas processuais, como se faz no caso em tela, nos termos sumulados pelo STJ: 
Súmula 481. Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais. Portanto, considerando que, o autor se enquadra na figura do hipossuficiente, requer a concessão da Justiça Gratuita Integral, por ser uma questão de justiça.
II. DOS FATOS
O requerente é agricultor e vive da colheita e do transporte das hortaliças aos mercados das cidades vizinhas a Bauru/SP, onde possui uma micro empresa chamada Caipira Hortaliças Ltda. – ME. Através da Caipira Hortaliças Ltda. – ME, juntamente com o esforço do seu trabalho, Barnabé adquiriu uma pick-up Ford Ranger, placa GGG-1223, que utilizava para o transporte dos seus produtos. O seu veículo realizava entre 5 a 10 entregas por dia nas cidades próximas.
No dia 11/02/2017, o requerente retornava a Bauru/SP na condução de sua Pick-up após mais um dia cansativo de trabalho. Naquela noite, chovia muito e a estrada estava escorregadia, e havia também muita neblina. 
Acontece que, quando trafegava na curva do km 447 da rodovia BR-345, no município de Jaú/SP, o autor perdeu totalmente o controle do seu veículo devido à invasão do seu lado da pista pelo ônibus da empresa demandada, e com isso seus pneus traseiros derraparam e o fez frear drasticamente, ocasião em que o ônibus bateu de frente na pick-up. 
Com o impacto, a pick-up foi arremessada por cerca de10 (dez) metros, e bateu no barranco da pista. Com o impacto, o autor feriu-se gravemente, apresentando um corte na testa, fratura nas pernas e nos braços. O veículo pick-up ranger, único meio de trabalho do pequeno agricultor, com o impacto, ficou todo amassado, com danos no chassi e por toda a lataria. 
Após se submeter a cirurgias nos seus braços e pernas e tomar pontos na sua testa, embora agradecido por ter sobrevivido, o autor estava preocupado agora com a situação envolvendo o seu veículo e o seu sustento. Como ele trabalhava sozinho, não sabia como fazer para sobreviver no período de recuperação do acidente, e também como faria para transportar as hortaliças.
No período de três meses, necessário ao restabelecimento da saúde do autor, a empresa zerou o seu faturamento, e ficou em dificuldades com o locador da loja, bem como com seus fornecedores, acumulando um prejuízo de R$ 10.000,00, além dos proveitos econômicos que deixou de auferir em decorrência do acidente.
Mesmo após incessantes tentativas de contato, a empresa demandada não se responsabilizou em arcar com os prejuízos do acidente cometido pelo seu preposto, deixando de prestar qualquer assistência ao autor, que ficou desamparado e sem condições de arcar com o seu sustento e de sua família, motivo pelo qual recorre ao Poder Judiciário na pretensão de fazer valer o seu direito, que deverá ser reconhecido como ato de mais lídima justiça. 
III. DO DIREITO 
A responsabilidade do requerido constitui-se de forma subjetiva por ato ilícito, não obstante, as provas carreadas oportunamente nestes autos demonstram de forma cabal a necessidade das medidas pleiteadas, bem como a tutela antecipada aqui requerida. 
III.1. DA INFRAÇÃO DE TRÂNSITO E O DEVER DE INDENIZAR 
É notório que o universo jurídico é demandado primordialmente pelas obrigações oriundas das relações interpessoais. Conquanto, algumas advêm dos atos ilícitos que são tutelados pelo arts. 186 e 927 da lei 10.406/2002 (CC). 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
O caso é que a requerida, segundo o que se pode extrair do conjunto dos autos, com sua manutenção devidamente realizada e sem a apresentação de vícios, invadiu a pista do autor sem qualquer prudência.
O requerido não agiu de acordo com os arts. 28, 29 e 34 do Código de Trânsito Brasileiro, in verbis:
Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.
Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às seguintes normas:
I - a circulação far-se-á pelo lado direito da via, admitindo-se as exceções devidamente sinalizadas;
II - o condutor deverá guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento, a velocidade e as condições do local, da circulação, do veículo e as condições climáticas;
III - quando veículos, transitando por fluxos que se cruzem, se aproximarem de local não sinalizado, terá preferência de passagem:
a) no caso de apenas um fluxo ser proveniente de rodovia, aquele que estiver circulando por ela;
b) no caso de rotatória, aquele que estiver circulando por ela;
c) nos demais casos, o que vier pela direita do condutor;
IV - quando uma pista de rolamento comportar várias faixas de circulação no mesmo sentido, são as da direita destinadas ao deslocamento dos veículos mais lentos e de maior porte, quando não houver faixa especial a eles destinada, e as da esquerda, destinadas à ultrapassagem e ao deslocamento dos veículos de maior velocidade;
V - o trânsito de veículos sobre passeios, calçadas e nos acostamentos, só poderá ocorrer para que se adentre ou se saia dos imóveis ou áreas especiais de estacionamento;
VI - os veículos precedidos de batedores terão prioridade de passagem, respeitadas as demais normas de circulação;
VII - os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, os de polícia, os de fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de trânsito, gozam de livre circulação, estacionamento e parada, quando em serviço de urgência e devidamenteidentificados por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e iluminação vermelha intermitente, observadas as seguintes disposições:
(...)
Art. 34. O condutor que queira executar uma manobra deverá certificar-se de que pode executá-la sem perigo para os demais usuários da via que o seguem, precedem ou vão cruzar com ele, considerando sua posição, sua direção e sua velocidade.
Ainda quanto a infração de trânsito de acordo com o art. 208 do CTB e segundo pacífica jurisprudência, tal infração gera a obrigação de indenizar pelos danos causados. 
REPARAÇÃO DE DANOS. acidente de TRÂNSITO. cruzamento sinalizado por semáforo. culpa do autor que ultrapassou o sinal vermelho. autor que não se desonerou de comprovar a versão alegada que se mostra, aliÁs, destituída de verossimilhança. aplicação do princípio da imediatidade do instrutor. sentença mantida. recurso improvido. 
Restou evidenciado nos autos que o motorista que conduzia o veículo da autora, pretendendo retornar, atravessou as duas pistas da RS 040, porém, quando o semáforo estava vermelho, motivo pelo qual foi colhido pelo motorista demandado que seguia normalmente pela RS 040. A versão da autora, ademais, de que a batida ocorreu porque o réu, seguindo no mesmo sentido, tentou uma ultrapassagem, não se reveste de verossimilhança. Assim, resta evidenciada a culpa da recorrente, razão pela qual deve indenizar os prejuízos do réu, consoante o pedido contraposto. De ser aplicado no caso concreto, ainda, o Princípio da Imediatidade. (TJ-RS – Recurso Cível: 71003055837 RS, Relator: Vivian Cristina Angonese Spengler, Data de Julgamento: 14/12/2011, Segunda Turma Recursal Cível, Data de Publicação: 19/12/2011). 
Configurada a ilicitude do ato e os danos causados por esta, não há que se falar em dubiedade sobre a responsabilidade da requerida. 
IV. DAS PERDAS E DANOS 
a. DO PREJUÍZO MATERIAL EMERGENTE 
Estes decorrem do nexo de causalidade entre os fatos e os resultados, exigido pela demanda sobre a responsabilidade civil subjetiva. 
Quanto à questão dos valores decorrentes de orçamentos, a jurisprudência considera que deve ser cobrado o valor contido no orçamento menor dentre os três auferidos, para efeito de realização do pedido de reparação com base nos veículos. 
Em perícia realizada, testemunhos, vídeo, declaração policial e 3 orçamentos realizados em oficinas diversas, fica evidente e incontroverso o dever de indenização pelos danos materiais causados ao veículo do autor, que sofreu perda total.
Os valores do orçamento sobre o veículo são, em ordem crescente, R$ XX (XXX), R$ (XX) e R$XX (XX). 
Neste sentido é a jurisprudência desse egrégio Tribunal:
APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS CAUSADOS EM ACIDENTE DE TRÂNSITO. DEMANDA AFORADA CONTRA O MOTORISTA E O PROPRIETÁRIO DO VEÍCULO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA NA ORIGEM, CONDENANDO OS RÉUS AO PAGAMENTO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS. RECURSOS INTERPOSTOS POR AMBAS AS PARTES.
DISCUSSÃO CONCERNENTE À CULPA PELO EVENTO DANOSO. PROVA TESTEMUNHAL E DOCUMENTAL QUE EVIDENCIAM QUE O MOTORISTA RÉU DESRESPEITOU O SINAL VERMELHO DO SEMÁFORO, PROVOCANDO A COLISÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL CONFIGURADA.
INSURGÊNCIA ACERCA DA EXISTÊNCIA DOS DANOS MORAIS E DO QUANTUM ARBITRADO. SITUAÇÃO DE OFENSA À INTEGRIDADE FÍSICA EM QUE HÁ PRESUNÇÃO DE ABALO ANÍMICO (DANO MORAL IN RE IPSA). PRECEDENTES. MONTANTE FIXADO QUE SE MOSTRA RAZOÁVEL E PROPORCIONAL. JUROS MORATÓRIOS. ALEGAÇÃO DE QUE O TERMO INICIAL DEVERIA SER A DATA DO EVENTO DANOSO. CABIMENTO. ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL CONSOLIDADO (STJ - AgInt no AREsp n. 846.923/RJ, Quarta Turma, Min. Luis Felipe Salomão. Data do julgamento: 9.8.2016). RECURSOS CONHECIDOS. APELO DO AUTOR PARCIALMENTE PROVIDO E DOS RÉUS DESPROVIDO.
Em razão disto, deverá a requerida arcar com o prejuízo referente ao valor do veículo abalroado, cujo valor mínimo por orçamento perfaz a quantia de R$XX (XX).
Além disto, deverá a requerida ressarcir o prejuízo referente aos valores de locação do seu estabelecimento, bem como com os seus fornecedores, que de acordo com a prova carreada aos autos chega-se à cifra de R$ 10.000,00 (dez mil reais), que deverão ser devidamente corrigidos até a data do efetivo pagamento. 
b. DOS LUCROS CESSANTES
Como já amplamente exposto nos autos, o autor ficou sem provimentos durante 3 meses. 
Por este motivo é que se encontra o ensejo de pleitear os lucros que por causa do acidente cessaram, visto que o autor deixou de perceber seus proventos e ainda recebe quantia parcial do que vinha recebendo. 
Quanto a isso, a lei é clara, pois assim disciplina o Código Civil:
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
Nesses casos não se pode esquecer também da previsão dos artigos 402 e 403 do CC/02 que estabelecem reparação por lucros cessantes: 
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
 Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.
A jurisprudência pátria, corrobora com o estabelecido na lei civil se posicionando favoravelmente ao ressarcimento de lucros cessantes: 
0087882-07.2014.8.19.0001 – APELACAO. 1ª Ementa DES. TERESA ANDRADE - Julgamento: 04/05/2016 - SEXTA CAMARA CIVEL APELAÇÃO CÍVEL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO EM QUE SE PLEITEIA INDENIZAÇÃO POR LUCROS CESSANTES, PELO TEMPO EM QUE O AUTOR, TAXISTA, FICOU SEM PODER UTILIZAR O CARRO, SEU INSTRUMENTO DE TRABALHO, BEM COMO INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. Condenação do solidária segundo réu/apelante e da seguradora ao pagamento de quantia a título de lucros cessantes. Transtornos suportados pelo autor que ultrapassam o conceito do mero aborrecimento, ante a impossibilidade de utilização do seu veículo por 34 dias, restando caracterizados os alegados danos morais, estando presente o dever de repará-los, na forma do art. 927 do Código Civil. Não observados os princípios da razoabilidade e proporcionalidade no tocante ao dano moral. Reforma parcial da sentença. Recurso ao qual se dá provimento. Íntegra do Acórdão - Data de Julgamento: 04/05/2016 
Então, em decorrência da paralisação das atividades laborais por conta da ausência do veículo, por três meses, se tem um lucro cessante de R$ 30.000,00, onde de já se requer a condenação da ré.
V- DOS PEDIDOS
Ante todo o exposto requer o autor:
a) A citação do réu por meio eletrônico, para que conteste o feito no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de se reputarem verdadeiros os fatos alegados na inicial, advindo em consequência os efeitos da revelia; 
b) Designação de audiência de conciliação, para que no ato possam as partes solucionar a lide antecipadamente e, caso mal sucedida proposta a conciliação, seja designada audiência de instrução e julgamento;
c) Deferimento do pedido a fim de que seja concedida a JUSTIÇA GRATUITA, ante a comprovação pela Requerente de que faz jus ao benefício, consoante os arts. 99 e seguintes do NCPC e pela Lei nº 1.060/50;
d) A procedência dos pedidos iniciais com condenação do Réu na restituição dos prejuízos sofridos pelo Autor, referentes à perda total do veículo do autos no montante de R$XX (XX), danos emergentes no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), e lucros cessantes no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), corrigidos monetariamente e acrescidos dos juros legais desde a data do acidente até a data do efetivo pagamento;
e) Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos, depoimentos de testemunhas, bem como novas provas, documentais e outras, que eventualmente venham a surgir;
f) Finalmente, a condenação do réu ao pagamento das custas, despesas processuais nos termos da lei e honorários sucumbenciais.
Dá-se a causa o valorde R$ 70.000,00 (setenta e cinco mil reais).
Nestes Termos, 
Pede Deferimento. 
Santos – SP, data.
____________________
Advogado

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