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Profª Olivia Galvão AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA (AGA) ▪ Década de 30, Dra Marjory Warren, considerada a mãe da geriatria, atuava com idosos portadores de doenças crônicas confinadas ao leito. A falta de diagnóstico adequado e a não realização de qualquer atividade de reabilitação tornava o prognóstico desses pacientes ainda mais negativo. ▪ Introduziu o conceito de cuidado interdisciplinar e a necessidade de uma avaliação ampla. ▪Avaliação geriátrica global, avaliação geriátrica multidimensional, avaliação geriátrica abrangente ou comprehensive geriatric assessment. ▪É um método de avaliação do idoso de caráter multidimensional que engloba questões clínicas, funcionais e psicossociais. ▪Tem caráter interdisciplinar e estruturado, visto ser composta por escalas e testes de rastreio. FENÔMENO ICEBERG ▪ As queixas do paciente são apenas “a ponta”, enquanto problemas graves podem passar despercebidos, se não rastreados, por não serem relatados espontaneamente durante a consulta. ▪ A AGA se diferencia do exame clínico padrão por enfatizar a capacidade funcional e a qualidade de vida, otimizar a avaliação clínica com escalas e testes quantitativos, ter relevância nos idosos frágeis e possibilitar a participação de equipe interdisciplinar na avaliação e no plano terapêutico. ▪ Obtenção de um diagnóstico global (utilizando uma lista de problemas); ▪ Desenvolvimento de um plano de tratamento e de reabilitação; ▪ Possibilitar o acompanhamento em longo prazo. Identificação de síndromes geriátricas e outros agravos subjacentes Maior precisão diagnóstica Melhora do estado funcional e mental Redução da mortalidade Diminuição de internamentos hospitalares Redução de institucionalização Maior satisfação com o atendimento IDOSO FÍSICO FUNCIONAL MENTAL COGNITIVO SOCIAL AMBIENTAL ▪ Diretamente influenciado pelas condições de saúde do idoso e tem importante valor prognóstico e na qualidade de vida. ▪ A identificação precoce de alterações na funcionalidade pode levar a intervenções que visam maximizar a independência e a segurança. ▪ As principais escalas utilizadas para avaliação da funcionalidade são: ✓Atividades básicas de vida diária (ABVD) de Katz ✓Atividades instrumentais de vida diária (AIVD) de Lawton ✓Índice de Barthel ✓Medida de Independência Funcional (MIF) ▪ Composta por seis itens, a escala de Katz classifica o paciente como independente (6 pontos), com dependência parcial ou totalmente dependente (zero ponto). ▪ A pontuação varia de 9 a 27 pontos, sendo maior a pontuação referente ao indivíduo com mais independência. ▪ A pontuação serve de parâmetro para o seguimento e a identificação de eventuais perdas de funcionalidade. ▪ Avalia o grau de dependência funcional em 10 atividades de vida diária: ATIVIDADES ALIMENTAÇÃO BANHO HIGIENE PESSOAL VESTIR-SE INETESTINO SISTEMA URINÁRIO USO DO BANHEIRO TRANSFERÊNCIA MOBILIDADE (MARCHA) MOBILIDADE (SUBIR E DESCER ESCADAS) ▪ O histórico de quedas ou dificuldade na mobilidade tem impacto na qualidade de vida, além de ser fator de risco para agravos, como fraturas e aumento da mortalidade. ▪ “Aconteceram quedas no último ano?” ▪ Questionar o mecanismo da queda, o local, sintomas associados e se houve agravos, como fraturas. ▪ A avaliação da mobilidade começa assim que o paciente entra no consultório. ▪Teste: ▪Timed Up and Go (TUG). ▪Escala de avaliação do equilíbrio e da marcha de Tinetti. ▪Cálculo da velocidade de marcha (>0,8m/s em 6 metros). ▪Circunferência da panturrilha (>31cm) ▪Medida da força de preensão palmar com uso de dinamômetro ▪“The 30-second chair stand test” (levantar-se e sentar-se o máximo de vezes em uma cadeira em 30 segundos) ▪“The 4-stage balance test” (ficar em pé e manter diversas posições por 10 segundos – pés juntos, posição em semi- tandem, em tandem e em um pé só). Escala de avaliação do equilíbrio e da marcha de Tinetti ▪ A depressão pode se apresentar de maneira atípica em idosos, como apatia, perda de peso, declínio cognitivo e manifestações somáticas, como dor crônica, e ter impacto negativo na qualidade de vida, acarretando declínio funcional e aumento do risco de suicídio e de uso dos serviços de saúde. ▪ A escala de depressão geriátrica de Yesavage (Geriatric De-pression Scale – GDS) ▪ É um instrumento validado para rastreio composto por 15 perguntas. ▪ Pontuação ≥ 5 indica rastreio positivo e exige avaliação mais detalhada para o diagnóstico. ▪ A escala original era composta de 30 perguntas. ▪ Recomenda-se que o rastreio para declínio cognitivo seja realizado caso a família ou o paciente reporte problemas com a memória ou seja percebida alteração cognitiva durante a consulta. ▪ O miniexame do estado mental (MEEM) ▪ Teste do desenho do relógio ▪ Validado para a população brasileira e define diferentes pontos de corte de acordo com a escolaridade Avaliação quantitativa ou qualitativa do desenho de um relógio após comando: “Desenhar relógio redondo com todos os números e ponteiros indicando 11 horas e 10 minutos”. ▪ Deficiências sensoriais podem levar o idoso ao isolamento social e a apresentar quadros depressivos e cognitivos. ▪ Avaliação da audição e visão. ▪ Até 25% dos idosos que vivem em comunidade são afetados pela incontinência urinária. ▪ Raramente é uma queixa espontânea durante a consulta. ▪ “No último ano, chegou a perder urina sem querer?” ▪ Há características de incontinência de esforço (perda urinária em pequeno volume causada por tosse, espirro, riso ou esforço físico) ou urgência (vontade incontrolável de urinar seguida de perda de grande volume de urina), se precisa usar absorventes ou fraldas e se houve impacto na qualidade de vida, como deixar de sair de casa ou de exercer alguma atividade por causa do problema. ▪ A prevalência de desnutrição na população idosa pode chegar a 15% e, se não houver intervenção multidisciplinar, são devastadores os efeitos em morbidade, perda de funcionalidade e mortalidade. ▪ A medida do índice de massa corporal (IMC – normal para idosos: 23 a 28kg/m2, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde [OPAS, 2002]). ▪ É importante a promoção da saúde bucal, observando o estado de conservação dos dentes, cavidade oral e próteses dentárias com o encaminhamento ao odontólogo para acompanhamento profilático ou terapêutico. ▪ Revisão de todos os medicamentos em uso pelo paciente. ▪ Identificar a presença de polifarmácia (uso de cinco ou mais medicamentos); FATORES SOCIOAMBIENTAIS ▪ A identificação da rede de apoio social do idoso é um ponto importante da AGA, principalmente em vigência de dependência funcional ou alterações cognitivas. ▪ É necessário verificar com quem ele mora, se tem filhos e se há algum representante legal ou cuidador. ▪ Conhecer o suporte social em caso de doença aguda. ▪ A escala de Apgar familiar também pode ser usada nessa avaliação. ▪ Curatela. ▪ Decisão de institucionalização, quando necessária. ▪ Caso haja um cuidador, deve ser investigado seu nível de estresse. ▪ Sinais de maus-tratos contra os idosos. ▪ Estimular a vida social, a participação na comunidade em trabalhos voluntários, exercício da religião e espiritualidade e amizades, visto que, quando bem desenvolvido, o aspecto social evita a solidão, um fator de risco importante para quadros depressivos. ▪ Uma questão social importante, e muitas vezes negligenciada, diz respeito à sexualidade. Problemas como redução da libido, dispareunia e disfunção erétil devem ser questionados. ▪ Prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, as quais são cada vez mais prevalentes nessa faixa etária. DINIZ, Lucas Rampazzo et al. Geriatria/organização. 1. ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2020. REBELATTO, José Rubens; MORELLI, José Geraldo da Silva. Fisioterapia geriátrica : a prática da assistência ao idoso. 2. ed. ampl. Barueri, SP : Manole, 2007.
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