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1 PROFA. ROSNELLI MARIA ALVES MOREIRA SILVA Campus Machado Outubro/2020 CURSO ASSISTENTE DE SECRETARIA ESCOLAR ÉTICA PROFISSIONAL E LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL UNIDADE I 2 Caros cursistas, Chegamos ao final do curso. Muitas alegrias, conquistas, desafios e aprendizados. Cada pessoa que passa em nossa vida é única, mesmo que seja virtual. Neste período de aprendizado, posso dizer que levamos sempre um pouco do outro e deixamos um pouco de nós. Espero ter deixado em você, um pouquinho de mim! É hora de valorizar os conhecimentos adquiridos, conquistar novos horizontes. Muitas serão as oportunidades que aparecerão, seja otimista, acredite em você e seja um profissional de sucesso. Quero aproveitar para dizer a você, meu aluno, minha aluna, a quem ensinei, mas com quem muito aprendi, o meu obrigado e a minha saudade. Recebam meu afetuoso abraço! Nesta nossa etapa final, falaremos sobre alguns aspectos legais e essenciais para o seu trabalho na secretaria escolar. A ética é o que difere um bom profissional de um profissional qualquer. Para ser um profissional de sucesso é necessário caráter, vocação, ética, talento, esforço e disciplina. Vimos ao longo deste curso, tópicos sobre a ética profissional, a importância de ser um profissional de excelência, prudente, amigável, cordial. Nesta unidade, discorreremos sobre aspectos legais da LDB, o código de ética do assistente de secretaria escolar e aspectos gerais sobre as principais leis, pareceres, resoluções e portarias que tratam sobre o funcionamento da escola. Essas são apenas algumas das questões sobre as quais iremos discutir nesta unidade. São assuntos diversificados, mas que giram em torna da secretaria escolar. Para responder e compreender a essas questões, você deverá ler atentamente o material didático, assistir às videoaulas e explorarem os meios virtuais. Veremos: O exercício da profissão e o código de ética; Aspectos gerais da LDB; Principais leis, pareceres, resoluções e portarias relacionadas ao funcionamento da escola. Qualquer dúvida, estarei à disposição! 3 1. O exercício da profissão e o código de ética Estamos vivendo em uma época em que a ética e seus preceitos morais estão cada vez mais extinto da sociedade, em meio as nossas crianças, o agir com respeito aos pais, aos alunos, aos funcionários da escola e até mesmo com os seus próprios colegas já não se faz mais importante. O conjunto de princípios que antes era estabelecido entre as famílias, na profissão, hoje já não se vê tanto assim. A formação ética é vista pelos pais dos alunos como função da escola, contudo a escola não é a única instituição capaz de educar moralmente essa nova geração, ela é incapaz de garantir total sucesso nesse trabalho de formação, pois seu poder é limitado nesse sentido. (BASTOS, 2017) A instituição escolar deve agir com mais didática e rigor na educação da moral e da ética de seus alunos, já que a família e a sociedade estão deixando de lado esse quesito importantíssimo da vida do ser humano. A ética está associada aos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade. Já a moral são as convenções estabelecidas pela sociedade (como os costumes, regras e tabus), orientando o indivíduo sobre o certo ou errado. Moral e ética, às vezes, são palavras empregadas como sinônimos: conjunto de princípios ou padrões de conduta. Ética pode também significar Filosofia da Moral, portanto, um pensamento reflexivo sobre os valores e as normas que regem as condutas humanas. Em outro sentido, ética pode referir- se a um conjunto de princípios e normas que um grupo estabelece para seu exercício profissional (por exemplo, os códigos de ética dos médicos, dos advogados, dos psicólogos, etc.). (BASTOS, 2017) Em outro sentido, ainda, pode referir-se a uma distinção entre princípios que dão rumo ao pensar sem, de antemão, prescrever formas precisas de conduta (ética) e regras precisas e fechadas (moral). Finalmente, deve-se chamar a atenção para o fato de a palavra “moral” ter, para muitos, adquirido sentido pejorativo, associado a “moralismo”. Assim, muitos preferem associar à palavra ética os valores e regras que prezam, querendo assim marcar diferenças com os “moralistas”. (BASTOS, 2017) O homem vive em sociedade, convive com outros homens e, portanto, 4 cabe-lhe pensar e responder à seguinte pergunta: “Como devo agir perante os outros?”. Trata-se de uma pergunta fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida. Ora, esta é a questão central da Moral e da Ética. (BASTOS, 2017) Aprender a ser cidadão e a ser cidadã é, entre outras coisas, é aprender a agir com respeito, solidariedade, responsabilidade, justiça, não violência, aprender a usar o diálogo, nas mais diferentes situações e comprometer-se com o que acontece na vida coletiva da comunidade e do país. Nas unidades inicias do nosso curso, vimos sobre a importância da ética para o trabalho dentro da secretaria escolar. A partir de então, abordaremos o Código de Ética do Profissional de Secretariado. O Código de Ética é um dos instrumentos básicos para o direcionamento correto da atuação como profissionais de secretaria escolar, tendo como objetivo fixar normas de procedimentos na execução do serviço. No artigo 3º do Código de Ética do Profissional de Secretaria traz sobre a importância de zelar pelo prestígio e responsabilidade da profissão: Art.3º. - Cabe ao profissional zelar pelo prestígio e responsabilidade de sua profissão, tratando-a sempre como um dos bens mais nobres, contribuindo, através do exemplo de seus atos, para elevar a categoria, obedecendo aos preceitos morais e legais. (Código de Ética, 1989) Os direitos dos assistentes de secretaria estão elencados no artigo 4º que trata sobre as atribuições, a defesa da integridade moral e social da profissão, entre outros: Art.4º. - Constituem-se direitos dos Secretários e Secretárias: 1. Garantir e defender as atribuições estabelecidas na Lei de Regulamentação; 2. Participar de entidades representativas da categoria; 3. Participar de atividades públicas ou não, que visem defender os direitos da categoria; 4. Defender a integridade moral e social da profissão, denunciando às entidades da categoria qualquer tipo de alusão desmoralizadora; 5. Receber remuneração equiparada à dos profissionais de seu nível de escolaridade; 6. Ter acesso a cursos de treinamento e a outros Eventos/Cursos cuja finalidade seja o aprimoramento profissional; Jornada de trabalho compatível com a legislação trabalhista em vigor. (Código de Ética, 1989) 5 Já no artigo 5º do Código de Ética de Secretariado considera como dever do assistente de secretaria e secretários um comportamento que siga os preceitos morais e éticos, ser positivo, saber dialogar com o próximo, respeitar sua profissão: Art.5º. - Constituem-se deveres fundamentais das Secretárias e Secretários: 1. Considerar a profissão como um fim para a realização profissional; 2. Direcionar seu comportamento profissional, sempre a bem da verdade, da moral e da ética; 3. Respeitar sua profissão e exercer suas atividades, sempre procurando aperfeiçoamento; 4. Operacionalizar e canalizar adequadamente o processo de comunicação com o público; 5. Ser positivo em seus pronunciamentos e tomadas de decisões, sabendo colocar e expressar suas atividades; 6. Procurar informar-se de todos os assuntos a respeito de sua profissão e dos avanços tecnológicos, que poderão facilitar o desempenho de suas atividades; 7. Lutar pelo progresso da profissão; 8. Combater o exercício ilegal da profissão; 9. Colaborar com as instituições que ministram cursos específicos, oferecendo-lhes subsídios e orientações. (Código de Ética, 1989) O (a) assistente de secretaria escolar deve guardarsigilo sobre assuntos e documentos que lhe são confiados, ser solidário (a), cortês no ambiente de trabalho, respeitar a capacidade e limitações individuais conforme trata o artigo 8º do Código de Ética de Secretariado: Art.8º. - Compete às Secretárias e Secretários: 1. Manter entre si a solidariedade e o intercâmbio, como forma de fortalecimento da categoria; 2. Estabelecer e manter um clima profissional cortês, no ambiente de trabalho, não alimentando discórdia e desentendimento profissionais; 3. Respeitar a capacidade e as limitações individuais, sem preconceito de cor, religião, cunho político ou posição social; 4. Estabelecer um clima de respeito à hierarquia com liderança e competência. (Código de Ética, 1989) A (o) assistente de secretaria escolar é vedado usar de amizades, influência para conseguir algum tipo de favoritismo, prejudicar a reputação de seus colegas de trabalho. Um dos quesitos que fere a ética do profissional de secretaria escolar é ser 6 conivente com o erro do outro. Não seja conivente aos que fazem mal, aos que praticam erros. Pergunte-se: É errado o que fazem? Se a resposta é sim, então você não pode ser cúmplice com o erro do outro. Caso contrário, estaria errando igual a eles. Fazer o que eles querem é concordar com o que eles estão cometendo, isto pode custar o seu emprego. Você como futuro assistente de secretaria escolar deve estar atento as normas do Código de Ética de Secretaria Escolar disponível em: http://secretariandonatela.blogspot.com/2010/10/codigo-de-etica-do- profissional-de.html 2. Aspectos gerais da LDB Em 1996, foi instaurada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que trata de um vasto conteúdo e abrangente, que amplia e especifica o acesso à educação. A LDB é a legislação que define e regulamenta todo o sistema educacional brasileiro, seja público ou privado, traçando parâmetros e requisitos para seu regular e satisfatório funcionamento. A LDB começa com uma definição bastante abrangente de educação conforme artigo 1º, restringindo o âmbito de aplicação da lei e observa a finalidade prática do processo educativo: Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. § 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. § 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. (LDB, 1996) http://secretariandonatela.blogspot.com/2010/10/codigo-de-etica-do-profissional-de.html http://secretariandonatela.blogspot.com/2010/10/codigo-de-etica-do-profissional-de.html 7 A LDB regula as diretrizes e bases da educação nacional nas instituições de ensino com a finalidade prática de inserir os alunos no mercado de trabalho e na prática social, conforme artigo 2º, que trata de uma educação para a liberdade e solidariedade humana, visando o pleno desenvolvimento do educando. Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (LDB, 1996) Já no artigo 3º da LDB, os princípios básicos do ensino são destacados: Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extraescolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais; XII - consideração com a diversidade étnico-racial; XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida (LDB, 1996). A escola deve ensinar liberdade e tolerância (IV) não para formar, ao final da vida escolar, alguém com estas qualidades, mas sim para que o aluno possa converter imediatamente os ensinamentos recebidos em atitudes práticas de respeito e cidadania. Aí entra a valorização da experiência extra-escolar (X), pois sem ela não haverá como o educando enxergar na escola um espaço de aprendizado que diz respeito à sua realidade imediata. Disto decorre a vinculação entre a educação escolar com o trabalho e as práticas sociais (XI). Seja o que for ensinado dentro dos 8 muros da escola, este aprendizado deve ter significado para o aluno fora destes limites. O fim da educação escolar é a formação de membros de uma comunidade muito mais ampla do que aquela da sala de aula, o que deve ser desenvolvido ao longo de toda vida escolar com reflexos no cotidiano dos alunos. As diretrizes gerais competem à União com finalidade de nortear, guiar, orientar, a elaboração dos currículos mínimos. Os estados e municípios possuem um papel importante no estabelecimento destas diretrizes, dada a expressão “em colaboração” presente no caput do artigo. Isto significa que os estados e municípios podem estabelecer de forma subsidiária as diretrizes para nortear seus sistemas de ensinos, através de suas respectivas secretarias de educação. Figura 1 LDB Organização. Disponível em: https://slideplayer.com.br/slide/1745022/ Acesso: 29/09/2020 No artigo 22 da LDB, traz sobre a finalidade da educação básica o desenvolvimento do aluno, assegurando a capacidade de exercer a sua cidadania e ter instrumentos para seguir progredindo no trabalho e nos estudos. Ora, o que pode ser mais importante para ambos senão a capacidade de aprender com autonomia, buscando o conhecimento onde quer que este se encontre e sempre que necessário? O artigo 32 traz o ensino fundamental obrigatório, gratuito tendo como 9 objetivo a formação básica do aluno mediante a capacidade de aprender e de aprendizagem. A primeira se refere às condições básicas para aprender quaisquer conteúdos específicos; a segunda refere-se à habilidade de relacionar- se com o conhecimento de uma maneira ativa, flexível, que permita a adaptação ao novo. O artigo 70 considera como objetivos básicos essenciais o aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da educação. Neste caso, o aperfeiçoamento do auxiliar de secretaria estaria embutido neste artigo? Segundo as orientações da aplicação dos recursos do Fundeb, as ações consideradas como de manutenção e desenvolvimento do ensino são: Remuneração e aperfeiçoamento de demais profissionais da Educação, sendo alcançados nesta classificação os profissionais da educação básica que atuam no âmbito do respectivo sistema de ensino (estadual ou municipal), seja nas escolas ou nos demais órgãos integrantes do sistema de ensino, e que desenvolvem atividades de natureza técnico-administrativa (com ou sem cargo de direção ou chefia), como, por exemplo, o auxiliar de serviços gerais, secretárias de escolas, bibliotecários, serventes, merendeiras, nutricionista, vigilante, lotados e em exercício nas escolas ou órgão/unidade administrativa da educação básica. (FNDE, 2020 – grifo nosso) Portanto, o assistente de secretaria está entre os profissionais da Educação básica que podem realizar aperfeiçoamentos com o valor recebido do Fundeb. A educação básicanacional possui uma base nacional comum e uma parte diversificada. A primeira, objeto desta primeira seção, fixa certos temas e conteúdos como componentes obrigatórios da formação escolar. Isto certamente não significa que o currículo das escolas deve ser idêntico ou mesmo semelhante: não há esta obrigatoriedade. É recomendável e incentivado que atendam às diferenças regionais e locais, bem como às necessidades específicas da comunidade atendida. Aliás, é justamente neste sentido que se enquadra a parte diversificada do currículo. Vejamos o artigo 24, inciso I, que especifica a carga horária mínima. Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, 10 será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; Além da fixação relativa ao total de horas, a LDB/96 fixa certos componentes curriculares obrigatórios, aqueles que compõem a base nacional comum. Lemos no artigo 26: Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. § 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil. § 2o O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. § 3o A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: § 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia. ... § 6º A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2º deste artigo. (LDB, 1996) Os conhecimentos obrigatórios a serem abordados na educação básica são Língua Portuguesa, Matemática, conhecimentos do mundo físico e natural, assim como da realidade política e Artes (incluindo a Música). As escolas gozam de elevado grau de autonomia para decidir sobre o currículo. Apesar de ser necessária a observância das exigências legais quanto à carga horária e saberes conhecimentos ou estudos obrigatórios, há espaço para as instituições decidirem, certamente em conjunto com a comunidade, como serão compostas as disciplinas, com que carga horária, abordando que conteúdos e em quais séries. Não é necessário a estas instituições aguardar a fixação destes elementos por meio de leis ou diretrizes dos conselhos das 11 diferentes esferas públicas: a iniciativa cabe às escolas. Tal iniciativa não é somente possível, mas estimulada pela lei, na medida em que encontramos referência constante – insistente – ao respeito à autonomia didático-pedagógica, ao estímulo à inovação e à constante transformação das instituições de ensino nos textos legais. O artigo 12 da LDB prevê que a elaboração e a execução do projeto pedagógico cabem aos “estabelecimentos de ensino”. A Resolução CNE 04/2010 nos brinda com reiteradas menções a tal autonomia referentes ao currículo. Vejamos algumas delas, com especial atenção aos trechos sublinhados: Art. 13... ... § 3º A organização do percurso formativo, aberto e contextualizado, deve ser construída... incluindo não só os componentes curriculares centrais obrigatórios, previstos na legislação e nas normas educacionais, mas outros, também, de modo flexível e variável, conforme cada projeto escolar, e assegurando: ... II - ampliação e diversificação dos tempos e espaços curriculares que pressuponham profissionais da educação dispostos a inventar e construir a escola de qualidade social, com responsabilidade compartilhada com as demais autoridades que respondem pela gestão dos órgãos do poder público, na busca de parcerias possíveis e necessárias, até porque educar é responsabilidade da família, do Estado e da sociedade; III - escolha da abordagem didático-pedagógica disciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar pela escola, que oriente o projeto político-pedagógico e resulte de pacto estabelecido entre os profissionais da escola, conselhos escolares e comunidade, subsidiando a organização da matriz curricular, a definição de eixos temáticos e a constituição de redes de aprendizagem; IV - compreensão da matriz curricular entendida como propulsora de movimento, dinamismo curricular e educacional, de tal modo que os diferentes campos do conhecimento possam se coadunar com o conjunto de atividades educativas; [sublinha adicionada] (LDB, 1996) Conclui-se pelo estímulo ao dinamismo e iniciativa dos membros da comunidade escolar com vistas à permanente elaboração de um currículo adequado à satisfação do objetivo máximo da educação básica: a formação plena do cidadão e trabalhador. Já o artigo 43 da LDB, reforça a autonomia escolar como caminho para atingir a educação de qualidade e significativa para o aluno. 12 Art. 43. O projeto político-pedagógico, interdependentemente da autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira da instituição educacional, representa mais do que um documento, sendo um dos meios de viabilizar a escola democrática para todos e de qualidade social. § 1º A autonomia da instituição educacional baseia-se na busca de sua identidade, que se expressa na construção de seu projeto pedagógico e do seu regimento escolar, enquanto manifestação de seu ideal de educação e que permite uma nova e democrática ordenação pedagógica das relações escolares. II § 2º Cabe à escola, considerada a sua identidade e a de seus sujeitos, articular a formulação do projeto político- pedagógico com os planos de educação – nacional, estadual, municipal –, o contexto em que a escola se situa e as necessidades locais e de seus estudantes. [sublinha adicionada] (LDB, 1996) Diante de tanto espaço para inovação, do estímulo ao dinamismo, da prescrição legal de autonomia das escolas na elaboração de seus currículos, seria de se esperar que as propostas pedagógicas e os currículos dos colégios fossem amplamente diferentes. Contudo, o que encontramos é o contrário: as disciplinas, conteúdos e cargas horárias são todas semelhantes. Para saber mais sobre a LDB, clique: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm 3. Principais leis, pareceres, resoluções e portarias relacionadas ao funcionamento da escola. São diversas as Leis que regem o sistema educacional no Brasil, a começar pela Constituição Federal de 1988, a Carta Magna do país, que destina à educação todo um capítulo, sendo este composto por 10 artigos repletos de princípios. Mas é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) que regulamenta o sistema educacional brasileiro, tanto público quanto privado. Hoje, nossa LDB é a Lei nº. 9394, sancionado em dezembro de 1996 e já vimos os aspectos mais relevantes no tópico anterior. Outras leis importantes para a Educação brasileira que podemos citar são: Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8069/90; Lei nº 10.098/94 que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035083/lei-de-diretrizes-e-bases-lei-9394-96 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035083/lei-de-diretrizes-e-bases-lei-9394-96 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035083/lei-de-diretrizes-e-bases-lei-9394-96 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035083/lei-de-diretrizes-e-bases-lei-9394-96 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91764/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91764/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90 13 acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências; Lei nº 10.436 de 2002 que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais, Lei nº 7.853 de 1989 sobre apoio às pessoas portadoras de deficiência, Lei 10.172 de 2001, conhecida como Plano Nacional de Educação, consoante art. 9º inciso I da LDB e Lei 9131 de 1995 que criou o Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão responsável por auxiliar o Ministério da Educação na formulação e avaliação da política nacional de educação; entre outras. 3.1 Constituição Federal de 1988 A Constituição Federal de 1988 conhecida também como Constituição Cidadã, desempenhou papel importantíssimo na seara dos direitos fundamentais do ser humano, ao reconhecer que a dignidade é inerente a todo indivíduo desde o momento de seu nascimento até a sua morte. A proteção aos direitos humanos encontra-se expresso no artigo 1º da Constituição Federal de 1988 sendo: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. A Constituição Federal de 1988 nos artigos 6º, 205, 206 e 208 institui a educação como direito social de todos e dever do Estado, sem excluir a responsabilidade da família. A educação escolar assume a mesma importância de natureza vital assim como à vida em sociedade e à preservação da saúde mental. E a distribuição das https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/99492/lei-de-l%C3%ADbras-lei-10436-02 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109358/lei-7853-89 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/101486/lei-10172-01 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11695616/artigo-9-da-lei-n-9394-de-20-de-dezembro-de-1996 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11695589/inciso-i-do-artigo-9-da-lei-n-9394-de-20-de-dezembro-de-1996 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035083/lei-de-diretrizes-e-bases-lei-9394-96 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/108165/lei-9131-95 14 obrigações educacionais entre o Estado e a família implica parceria de ambos no processo educativo. A educação obrigatória, com direito à gratuidade nas escolas públicas, continuou dos sete aos catorze anos de idade. Somente a Emenda Constitucional nº 59, de 2009, ampliou-a para crianças e adolescentes de quatro a dezessete anos. Com as Emendas nº 14, de 1996, e 53, de 2006, os preceitos constitucionais relativos à educação assim se apresentam: Capítulo III - Da Educação, da Cultura e do Desporto Seção I - Da Educação Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, plano de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela União; VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis 15 anos de idade; V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. § 2º O não- oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente. § 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola. Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: I - cumprimento das normas gerais da educação nacional; II - autorização e avaliação de qualidade pelo poder público. Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. § 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. § 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino. § 1º A União organizará e financiará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, e prestará assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à escolaridade obrigatória. § 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e pré-escolar. Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que 16 a transferir. § 2º Para efeito do cumprimento do disposto no caputdeste artigo, serão considerados os sistemas de ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213. § 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, nos termos do plano nacional de educação. § 4º Os programas suplementares de alimentação e assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados com recursos provenientes de contribuições sociais e outros recursos orçamentários. § 5º O ensino fundamental público terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida, na forma da lei, pelas empresas, que dela poderão deduzir a aplicação realizada no ensino fundamental de seus empregados e dependentes. Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que: I - comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação; II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao poder público, no caso de encerramento de suas atividades. § 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública na localidade da residência do educando, ficando o poder público obrigado a investir prioritariamente na expansão de sua rede na localidade. § 2º As atividades universitárias de pesquisa e extensão poderão receber apoio financeiro do poder público. Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do poder público que conduzam à: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - melhoria da qualidade do ensino; IV - formação para o trabalho; V - promoção humanística, científica e tecnológica do País. Fonte: http://www.senado.leg.br/atividade/const/constituicao-federal.asp#/con1988/CON1988_ 05.10.1988/ CON1988.pdf Acesso: 30/09/2020 17 Diante do acima exposto, os estabelecimentos de ensino básica deve garantir o exercício de um direito ao cidadão, já assegurado no artigo 6º da Constituição Federal de 1988 remete o servidor público (chamado de profissional de educação básica), a função de intermediário entre os cidadãos e o Estado. O artigo 227 da Constituição Federal de 1988 esclarece que é dever da família, sociedade e do Estado garantir e zelar pelos direitos da criança e do adolescente. A família é o alicerce para a vida da criança, portanto, devem oferecer meios de sobrevivência, dando apoio, segurança, respeito mútuo, assim “(…) se vão gerando na criança atitudes, comportamentos, capacidades, normas, valores (…)”. A Constituição Federal de 1988, reitera o papel da família como ente educador, estendendo-o à educação escolar, sugere o estabelecimento de parcerias. Um vínculo que aponta para a ampliação destas relações pela troca e ajuda mútua, e inclui a sociedade civil como coautora do processo educacional. Pela afirmação da gestão democrática como princípio educativo, a organização da educação escolar aponta para a construção de uma “comunidade educadora”, descaracterizando a escola enquanto “ilha de saber” e “propriedade dos catedráticos”. A gestão e o ato pedagógico têm que envolver a todos, não apenas os profissionais da educação e os estudantes, atores tradicionais no processo educativo. O artigo 229 da Constituição Federal de 1988 deixa clara a responsabilidade dos pais na obrigação de criar, educar os filhos menores: Art. 229 Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. A criança e adolescente são seres em desenvolvimento por isso não possuem uma personalidade definida, mas possuem direitos fundamentais e proteção especial dos direitos sendo necessária uma implementação de políticas públicas que assegurem a efetivação destes direitos. 18 Os filhos menores – crianças e adolescentes – gozam, no seio da família, por determinação constitucional (artigo 227, Constituição Federal), plena proteção e prioridade absoluta em seu tratamento. Isso equivale a dizer que, em respeito à própria função social da família, qualquer membro do núcleo familiar, em especial pais e mães, devem propiciar acesso aos meios de adequação, moral, material e espiritual dos adolescentes com os quais convivem. Educação, saúde, lazer, alimentação, vestuário, enfim, todas as diretrizes constantes na Política Nacional da Infância e Juventude devem ser observadas rigorosamente. Figura 2 Direito a escola. Disponível em: http://proedu.rnp.br/bitstream/handle/123456789/798/07_disciplinas_ft_se_caderno_12_l egislacao_escolar.pdf?sequence=1 Acesso: 30/09/2020 A matrícula gratuita nas escolas públicas de educação básica é direito de todo cidadão (art. 206, IV; art. 208, I). Portanto, não pode ocorrer qualquer distinção entre os indivíduos, tampouco obstrução à sua oferta. A educação obrigatória, inclusive dos que não tiveram acesso a ela na idade própria, passa a ser entendida como direito subjetivo, aquele próprio da cidadania. Entendimento que implica na garantia de matrícula e permanência do aluno na escola. Desafios que o Estado tem de enfrentar via implementação de programas sociais efetivos. 19 3.2 Estatuto da Criança e do Adolescente O Estatuto da Criança e do Adolescente reconheceu as crianças e adolescentes como pessoas de direitos, com prioridades e em desenvolvimento por isto a necessidade do amparo do Estado, sociedade e da família. Em 13 de julho de 1990 entrou em vigor o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), revogando o Código de Menores de 1979 (Lei nº 6.697/79). O Código Penal e a Constituição Federal de 1988 mais precisamente artigos 228 e 27 trata sobre a Legislação Especial que é a partir de então o Estatuto da Criança e do Adolescente que visa proteger dar cumprimento aos direitos fundamentais dos menores. O Estatuto da Criança e do Adolescente é uma lei especial que dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente, conforme artigo 1º da mesma, além de prever medidas socioeducativas para o menor infrator. (VADE MECUM, 2011). O Estatuto estabelece todos os direitos que uma criança merece e necessita para crescer de forma saudável e integrar a sociedade como um indivíduo de bem, e também aborda questões de políticas de atendimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, entre outras providências. Em resumo, abrange todos os direitos diretamente relacionados à Constituição da República de 1988. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente é considerada criança pessoa até doze anos e adolescente aquele com mais de doze e menos de dezoito anos, de acordo com o artigo 2º. O artigo 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente prevê: A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes a pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facilitar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. 20 3.3 Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) existe desde 1968, como autarquia do Ministério da Educação, e tem por finalidade prover recursos e executar ações para o desenvolvimento da educação, procurando garantir um ensino de qualidade atodos. São os seguintes os principais programas do FNDE, derivados dos art. 208 e 212 da Constituição: * PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) Transfere recursos financeiros para os estados e municípios para compra de gêneros alimentícios, garantindo, assim, a alimentação escolar dos alunos de educação infantil e do ensino fundamental, inclusive os das escolas indígenas. O valor per capita repassado por cada dia é de 0,22 por aluno de creches públicas e filantrópicas, por estudante do ensino fundamental e da pré-escola e de 0,44 para os alunos das escolas indígenas que estão localizadas em comunidade quilombolas. * Programa Brasil Alfabetizado Promove apoio a alfabetização de jovens com quinze anos ou mais, adultos e idosos. Os recursos são destinados aos estados, municípios, universidades, empresas privadas, organizações não-governamentais e da sociedade civil de interesse público. * PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) Visa oferecer material didático de qualidade gratuitamente. Abrange todo ensino fundamental público, inclusive a alfabetização. * PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) 21 Seus recursos são destinados a: aquisição de material permanente, de manutenção e de consumo necessários para manter o funcionamento da escola; capacitar e aperfeiçoar os profissionais da educação; avaliar a aprendizagem; implementar o projeto pedagógico; e desenvolver atividades educacionais. O valor que cada escola recebe está baseado no número de alunos matriculados no ensino fundamental ou na educação especial apontados pelo Censo Escolar no ano anterior. * PEJA (Apoio ao Atendimento à Educação de Jovens e Adultos) É um meio de assistência suplementar utilizado para aquisição de livro didático, contratação temporária de professores, formação continuada de docentes e aquisição de gêneros alimentícios. * PNATE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) Transfere recursos financeiros de caráter suplementar aos Estados e Municípios para serem gastos com o transporte escolar de alunos da educação básica pública da zona rural. * PNBE (Programa Nacional Biblioteca na Escola) Procura incentivar a leitura e o acesso a cultura a alunos, professores e a comunidade em geral. Através desse programa são distribuídos livros de literatura brasileira e estrangeira, infanto-juvenil, clássica, de pesquisa, de referência e outros materiais de apoio. * PNSE (Programa Nacional de Saúde do Escolar) Concede apoio financeiro aos municípios para a aquisição e distribuição de óculos aos alunos matriculados na 1ª série do ensino fundamental das escolas públicas municipais e estaduais que estão com problemas de visão. Como se pode ver, a qualidade de que trata esta lei não se limita apenas 22 às atividades da escola, que são as relativas ao ensino e à educação. Prevê a valorização de todos profissionais da educação e a organização de uma escola democrática e plural. 3.4 PNE – Plano Nacional de Educação Plano Nacional de Educação – PNE – tem como objetivo a organização racional, consequente e eficaz do universo de ações educativas que devem ser executadas num determinado país, sendo gerido pela Constituição Federal. Conforme artigo 214 da Constituição Federal de 1988, o PNE deveria abranger todos os aspectos relativos à organização da educação nacional para unir os diversos níveis do ensino com o propósito de integrar as ações governamentais intentando solucionar as deficiências históricas na área educacional. Dessa forma, este plano deveria estabelecer como metas a erradicação do analfabetismo, a universalização do atendimento escolar, a melhoria da qualidade do ensino, a formação para o trabalho, a promoção humanística, científica e tecnológica do país. O PNE, por outro lado, também está subordinado a uma legislação que é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB. Esta é a lei maior da educação e estabelece as diretrizes para a sua organização nacional. Assim, todas as ações educativas implementadas nos âmbitos federal, estadual e municipal, mesmo as regulamentadas por legislações específicas no estado e município, têm como referência a LDB. Foi instaurada a Lei nº 13.005/2014 que aprova o Plano Nacional de Educação com vigência por dez anos com vistas ao cumprimento do artigo 214 da Constituição Federal de 1988. As principais diretrizes do PNE 2014-2024 são: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; IV - melhoria da qualidade da educação; V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; 23 VI - promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; VII - promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do País; VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade; IX - valorização dos (as) profissionais da educação; X - promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental A Meta 7 trata da melhoria da qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, entendida como melhoria do fluxo escolar e de aprendizagem, fixando médias nacionais para o Ideb, por isso, talvez, faça várias menções à formação, como necessidade para a melhoria do ensino. Na estratégia 7.4 aponta a autoavaliação das escolas, e a necessidade de um instrumento para esta avaliação a fim de orientar dimensões, tais como o planejamento estratégico, a melhoria contínua da qualidade, a formação continuada dos(as) profissionais da educação e o aprimoramento da gestão democrática. A estratégia 7.5 indica a necessidade de planos de ações articuladas, voltadas à formação de professores e professoras e profissionais de serviços e apoio escolares, dentre outros aspectos pedagógicos e físico-materiais para a expansão da rede escolar. As estratégias 7.26 e 7.33 fazem, respectivamente, referência à formação específica para a educação no campo, de indígenas e comunidades quilombolas, e à capacitação de professores e professoras para atuarem na formação de leitores, de acordo com o Plano Nacional do Livro e da Leitura. A estratégia 7.34 fala de um “programa nacional de formação de professores e professoras”, sem deixar muito evidente o tipo de programa, somente refere-se a uma política de preservação da memória nacional. (MEC, 2014) A valorização profissional está relacionada com vários temas propostos pelo PNE, explícita ou implicitamente, e pode ser identificada ou relacionada com outros aspectos, em especial com a formação. A estratégia 5.1, por exemplo, relaciona a qualificação e valorização de alfabetizadores como necessidade para alcançar uma plena alfabetização das crianças. Mas a Meta 17 e 18 é que estão mais diretamente relacionadas com este tema. A Meta 17 é voltada para a valorização do profissional do magistério e busca equiparar o rendimento médio dos docentes da educação básica pública ao rendimento dos demais 24 profissionais de outras áreas com escolaridade equivalente. A diferença entre o rendimento médio do magistério comparado com outras categorias profissionais é de 57%, conforme apontado por documento do MEC sobre o PNE. (MEC, 2014) 25 4. Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério Educação. Secretaria de Educação Básica. Legislação Escolar. Elaboradores: Aquiles Santos Cerqueira e Ricardo Gonçalves Pacheco. Brasília: Universidade de Brasília, Centro de Educaçãoa Distância, 2005. CURY, Carlos Roberto Jamil. Legislação educacional brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2002. 14 SAVIANI, Dermerval. Da nova LDB ao novo plano nacional de educação: por uma outra política educacional. 5. ed. São Paulo: Autores Associados, 2004. BRASIL, Portal da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE Diretoria Financeira – DIFIN Coordenação-Geral de Operacionalização do Fundeb e de Acompanhamento e Distribuição da Arrecadação do Salário-Educação – CGFSE Coordenação de Operacionalização do Fundeb – COPEF. Disponível em: www.fnde.gov.br Acesso: 20/09/2020 BRASIL, Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm Acesso: 15/09/2020 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. 05 de outubro de 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm Acesso em: 20/09/2020 BRASIL. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos escolares. In: Conselho Escolar e o financiamento da educação no Brasil. Brasília-DF. 2006. BRASIL, Lei 8078 de 11 de setembro de 1990. Código de Defesa do Consumidor. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm Acesso: 20/09/2020 BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394, de 24 de dezembro de 1996. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm