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Historia da Igreja Moderna e Contemporanea 2

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EA
D
2
Século 17: O Século do 
Absolutismo
1. OBJETIVOS
•	 Compreender	e	analisar	a	Igreja	no	período	do	Absolutis-
mo.
•	 Interpretar	e	conhecer	as	características	do	Absolutismo,	
bem	como	suas	tendências	religiosas	e	políticas.
2. CONTEÚDOS
•	 Absolutismo	e	suas	características.
•	 Vida	da	Igreja	dentro	do	Absolutismo.
•	 Tendências	religiosas	e	políticas	no	período	absolutista.
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE
Antes	de	 iniciar	o	estudo	desta	unidade,	é	 importante	que	
você	leia	as	orientações	a	seguir:
© História da Igreja Moderna e Contemporânea56
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
1)	 Para	o	estudo	desta	unidade,	sugerimos	que	você	apro-
funde	o	conhecimento	da	sociedade	dos	séculos	17	e	18,	
considerando	com	mais	ênfase	o	tema	do	Absolutismo.	
Não	se	esqueça	de	que	este	contexto	está	marcado,	ain-
da,	pela	forte	relação	entre	Estado	e	Igreja	e	que,	nessa	
época,	esta	sofria	a	 influência	da	separação	entre	Cris-
tianismo	Protestante	e	Católico.
2)	 Veja,	também,	o	contexto	em	que	surgiram	as	várias	cor-
rentes	teológicas	desse	período.	Para	isso,	leia:	MARTI-
NA,	G.	História da Igreja:	de	Lutero	a	nossos	dias	–	a	era	
do	Absolutismo.	São	Paulo:	Loyola,	1996.	
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
No	estudo	da	unidade	anterior, estudamos	os	conteúdos	re-
lacionados	à	história	das	reformas	religiosas,	tanto	as	protestantes	
como	a	católica.
Agora,	nesta	unidade,	você	conhecerá	como	funcionou	a	so-
ciedade	e	a	Igreja	no	período	do	Absolutismo,	bem	como	as	suas	
tendências	e	características.
5. ABSOLUTISMO E SUAS CARACTERÍSTICAS
As	condições	políticas,	sociais	e	econômicas	da	Europa	nos	sé-
culos	17	e	18	apresentaram	um	complexo	de	características	comuns	
que	justificam	denominar	tal	período	de	Absolutismo,	também	co-
nhecido	como	a idade do barroco	ou,	ainda,	como	o Antigo Regime.
O	Absolutismo	foi	o	ponto	de	chegada	de	um	longo	processo	
sobre	o	qual	diversos	fatores	influenciaram,	especialmente	a	luta	
entre	monarquia	e	nobreza,	bem	como	a	 ruptura	entre	o	poder	
civil	e	religioso.	De	modo	especial,	na	França,	os	reis	lutaram	desde	
o	século	13,	usando	todos	os	meios	de	violência	possíveis,	além	
de	sua	astúcia	para	abater	a	potência	dos	senhores	feudais	e	recu-
perar	o	poder	que	estava	passando	de	volta,	pouco	a	pouco,	para	
suas	mãos.
57© Século 17: O Século do Absolutismo
Embora	 tenha	 havido	 resistência,	muitos	 fatores	 somados	
deram	a	vitória	à	monarquia:	a	forte	personalidade	de	ministros	e	
soberanos,	o	cansaço	das	guerras	e	o	apoio	da	burguesia,	que	via	
no	monarca	uma	garantia	de	paz	e	de	segurança	no	comércio,	isto	
é,	um	possível	campo	de	investimento.
Especialmente	 na	 Espanha	 e	 Inglaterra,	 a	 burguesia	 teve	
grande	influência;	na	Alemanha,	o	processo	foi	um	pouco	diferen-
te,	uma	vez	que	os	senhores	feudais	se	desvincularam,	aos	poucos,	
da	autoridade	imperial	e	conseguiram	transformar	antigos	feudos	
em	estados	soberanos.	As	guerras	de	religião,	que	ocorreram	de	
1618	a	1648,	muito	contribuíram	para	isso,	pois	cada	país	seguia	
a	religião	do	seu	rei	depois	da	paz	augustana,	ocorrida	no	ano	de	
1555.	Comby	(1994,	p.	39)	assim	escreve	sobre	a	Guerra	dos	30	
anos:	
O	 imperador	não	perdeu	as	esperanças	de	 restabelecer	 integral-
mente	o	catolicismo	em	seus	Estados.	A	recusa	de	concessões	aos	
protestantes	da	Boêmia	desencadeia	as	hostilidades	da	Guerra	dos	
Trinta	Anos.	Inicialmente	vitorioso,	Ferdinando	II	obriga,	pelo	Édi-
to	de	restituição	(1629),	que	se	devolvam	aos	católicos	do	Império	
os	bens	eclesiásticos	confiscados	desde	1552.	Os	protestantes	se	
aliam	à	Suécia	e	à	França.	O	conflito,	que	se	estende	por	 toda	a	
Europa,	é	encerrado	pelos	Tratados	de	Westfália	(1648).	Os	protes-
tantes	recuperam	a	situação	de	1618.	O	calvinismo	é	reconhecido	
no	Império.	O	para	Inocêncio	X	protesta	contra	as	cláusulas	religio-
sas	dos	tratados,	mas	o	papado	é,	a	partir	de	então,	excluído	das	
decisões	políticas	internacionais.
Vale	dizer	que	as	correntes	filosóficas	tiveram	pouca	influên-
cia	na	formação	do	Absolutismo;	as	doutrinas	políticas	que	deram	
uma	base	teórica	ao	Absolutismo	são	contemporâneas	ou	poste-
riores	à	afirmação	do	regime,	ou	seja,	não	favoreceram	a	sua	gê-
nese.	
Politicamente
Com	relação	à	política	no	Absolutismo,	o	soberano	era,	como	
o	nome	já	diz,	absoluto,	 isto	é,	tinha	toda	a	autoridade	em	suas	
mãos,	concentrando	todo	o	poder.	Internamente,	não	se	reconhe-
© História da Igreja Moderna e Contemporânea58
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
cia	mais	a	autoridade	 imperial,	nem	era	dado	ao	papa	o	direito	
de	sanção.	Assim,	o	Absolutismo	foi	caracterizado,	sobretudo,	pela	
centralização	 dos	 poderes	 e	 por	 um	progresso	 na	 uniformidade	
administrativa.	Nas	mãos	do	rei,	estavam,	então,	todos	os	poderes	
políticos,	de	modo	exclusivo,	total,	indivisível	e	irreversível.
O	sistema	fiscal	também	estava	nas	mãos	do	rei,	de	forma	
que	se	podiam	estabelecer	outros	impostos	sem	pedir	o	consenti-
mento	de	ninguém.	Os	súditos	não	tinham	garantia	de	que	seus	di-
reitos	seriam	respeitados,	pois	o	soberano	tinha	o	direito	de	inter-
ferir	na	administração	quando	melhor	lhe	aprouvesse.	Além	disso,	
o	exército	estava	a	serviço	imediato	do	rei,	o	qual,	ao	morrer	sem	
deixar	descendentes,	podia,	ao	menos	em	teoria,	deixar	o	poder	a	
quem	ele	desejasse.
Socialmente
No	Absolutismo,	existia	uma	grande	desigualdade	entre	as	
classes	sociais,	ou,	em	outras	palavras,	havia,	de	um	lado,	um	pe-
queno	grupo	de	privilegiados	e	eleitos	aos	quais	eram	reservados	
honras,	riquezas	e	poder,	e,	de	outro,	uma	grande	massa	de	pesso-
as	sem	privilégios,	que	viviam	em	situação	duríssima,	incapazes	de	
reverter	essa	situação.	
Logo,	 a	 sociedade	 do	 Antigo Regime	 era	 composta	 pelos	
nobres,	 os	 quais	 estavam	divididos	 em	duas	 categorias	 diversas	
(os	descendentes	dos	antigos	feudatários	e	os	que	tinham	um	tra-
balho	especial,	tais	como	os	magistrados	e	os	altos	funcionários)	
e	 gozavam	de	 privilégios	 sociais,	 jurídicos	 e	 econômicos;	 e	 uma	
grande	massa	de	pessoas,	sem	privilégios.
Economicamente
A	base	econômica	do	Absolutismo	foi	o	Mercantilismo,	que,	
subordinado	à	economia	política,	se	propôs	a	fornecer	à	monar-
quia	os	meios	necessários	não	para	o	verdadeiro	bem-estar	da	po-
pulação,	mas	para	uma	ambiciosa	e	danosa	política	 imperialista.	
59© Século 17: O Século do Absolutismo
Contudo,	apesar	da	intensa	atividade	comercial	e	do	aumento	de	
riqueza	financeira	interna	do	país,	as	condições	dos	cidadãos	e	dos	
assalariados	sempre	foram	ruins.	Com	essa	economia,	aumentou	
o	número	de	pobres,	em	contraste	com	a	opulência	da	corte	e	dos	
palácios.
Características de uma sociedade oficialmente cristã
Um	princípio	fundamental	inspirou	o	Absolutismo	com	rela-
ção	à	influência	que	a	religião	podia	ter	na	sociedade:	devia	reinar	
um	perfeito	paralelismo	entre	a	ordem	político/civil/temporal	e	a	
espiritual/religiosa/sobrenatural.	Em	relação	ao	século	17,	perce-
be-se	que	os	imperadores	ou	soberanos,	católicos	ou	protestantes,	
se	sentem	donos	de	tudo	e	de	todos	em	seus	reinos	ou	impérios	e	
encaram	a	religião	como	um	elemento	a	mais	na	sua	administra-
ção,	e	a	religião	deve	estar	a	seu	serviço,	alguns	casos,	com	muitas	
contradições	e	ambiguidades.	
A	sociedade	civil	tendia	a	assumir	alguns	traços	próprios	da	
sociedade	religiosa,	e	esta,	por	sua	vez,	adotava	os	meios	 legais	
próprios	dos	regimes	temporais.	Essa	tendência	poderia	exprimir-
-se	de	outra	forma:	tudo	aquilo	que	era	permitido	ou	proibido	na	
ordem	 religiosa	devia	 ser	proibido	ou	permitido	 também	na	or-
dem	civil,	exceto	raras	exceções.	Pode-se	compreender	melhor	a	
aplicação	desse	princípio	nas	características	do	absolutismo	apre-
sentadas	a	seguir:
Direito divino do rei
O	Absolutismo,	surgido	por	motivos	históricos	e	contingen-
tes,	 procurou	 depressa	 uma	 fundamentação	 teórica.	 Assim,	 sob	
a	 influência	 do	 protestantismo,	 sempre	 favorável	 à	 participação	
do	povo	na	vida	política,	vários	escritores	procuraram	circundar	o	
poder	régio	de	uma	auréola	sacra,	transferindoà	soberania	civil	a	
consagração	religiosa.	
© História da Igreja Moderna e Contemporânea60
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Nesse	sentido,	só	a	monarquia	era	a	forma	legítima	de	go-
verno,	e	o	direito	dos	soberanos	era	bastante	grande,	inalienável,	
tendo	em	vista	que	sua	autoridade	era	conferida	por	meio	imedia-
to	de	Deus,	com	um	ato	positivo,	análogo	àquele	que	se	verifica	na	
eleição	do	papa:	tinha,	portanto,	uma	investidura	transcendente	
que	comportava	um	direito	atingível,	dando	ao	monarca	um	cará-
ter	sacro.	Ele	era,	pois,	a	imagem	de	Deus	e	sentava-se	no	trono	de	
Deus.	A	cerimônia	de	consagração	tinha	este	sentido:	ele	adquiria	
um	caráter	superior	ao	do	homem	e	recebia,	até	mesmo,	o	poder	
de	curar	doenças;	por	essa	razão,	eram	numerosos	os	doentes	que	
acorriam	ao	rei	no	dia	de	sua	posse.	
Aos	súditos	restava,	obviamente,	uma	obediência	cega:	
O	respeito,	a	fidelidade	e	a	obediência	que	se	deve	ao	rei	não	po-
diam	ser	alterados	por	nenhum	pretexto.	À	violência	do	soberano	
deve-se	rezar	para	sua	conversão,	escreveu	um	padre	servita	italia-
no,	Fulgêncio	Micanzio,	na	primeira	metade	do	século	17	(MARTI-
NA,	1996,	p.	30).	
O	bispo	de	Pistoia,	Scipione	de	Ricco,	fazia	a	seguinte	adver-
tência	em	uma	instrução	pastoral:	
[...]	somente	o	soberano	recebeu	de	Deus	o	ofício	de	vigiar	na	con-
servação	 da	 república;	 pode	 ver	 as	 verdadeiras	 necessidades	 do	
Estado;	somente	a	Deus	prestar	contas,	não	aos	cidadãos,	os	quais	
devem	a	ele	somente	o	respeito	e	a	obediência	(MARTINA,	1996,	
p.	31).	
Como	se	pode	perceber,	a	unidade	política	fundamentava-
-se	na	unidade	religiosa.	Nesse	contexto,	a	unidade	religiosa	pró-
pria	 da	 Europa	 medieval,	 que	 tinha	 feito	 desta	 uma	 República 
Cristã,	desabou	após	a	Reforma	Protestante,	e	a	divisão	religiosa	
tornou-se	definitiva	com	as	pazes	de	Augusta	(1555)	e	de	Westfália	
(1648).	Não	se	concebia	a	possibilidade	de	um	Estado	politicamen-
te	 unido	 e,	 ao	mesmo	 tempo,	 religiosamente	 dividido,	 uma	 vez	
que	se	acreditava	que	o	único	vínculo	que	podia	eficazmente	unir	
populações	seria	a	religião;	daí	o	ditado:	"um rei, uma lei, uma fé".	
Até	mesmo	São	Francisco	de	Sales	escreveu	ao	duque	de	Savoia	
suplicando	para	expulsar	do	ducado	os	hereges	obstinados:	quem	
61© Século 17: O Século do Absolutismo
não	quisesse	entrar	no	Reino	de	Deus	não	tinha	o	direito	de	fazer	
parte	do	reino	terrestre.
É,	pois,	óbvia	a	consequência	desse	princípio:	quem	não	se-
guia	a	religião	dominante	era	privado	não	só	dos	direitos	políticos	
(exclusão	de	todo	cargo	público),	como	também	dos	direitos	civis	
(liberdade	de	domicílio,	de	trânsito,	de	profissão,	de	propriedade).	
Esse	princípio	 era	 válido	 tanto	para	os	 estados	 católicos	 quanto	
para	os	protestantes.	
A religião católica como religião de estado
O	Estado	absoluto	reconhecia	oficialmente	a	religião	católica	
como	a	única	verdadeira,	e	a	Igreja,	como	uma	sociedade	sobera-
na,	ao	menos	entre	alguns	limites.	O	reconhecimento	oficial	e	a	es-
treita	relação	existente	entre	unidade	política	e	religiosa	levavam	
a	considerar	a	religião	católica	e	os	seus	 interesses	estritamente	
relacionados	com	aqueles	do	Estado:	trono	e	altar	estavam	ligados	
intimamente.
Consequentemente,	 o	 rei	 considerava	 um	 dever,	 estrita-
mente	 seu,	defender	 e	promover	 a	 religião.	O	Estado	e	 a	 Igreja	
tendiam,	então,	a	um	só	fim:	o	bem	último	do	homem.	Assim,	o	
soberano	 procurava	 criar	 e	manter	 as	 estruturas	 que	 tornavam	
mais	fácil	aos	súditos	a	observância	dos	deveres	religiosos	deles;	
antes,	estimulava-os	de	várias	maneiras	para	que	cumprissem	as	
suas	obrigações.	
Além	disso,	ele	defendia	a	religião	impedindo	o	proselitismo	
herético	e	proibindo	a	difusão	de	livros	contrários	à	religião,	bem	
como	postulava	que	os	delitos	contra	a	religião	não	eram	conside-
rados	somente	como	lesivos	ao	sentimento	religioso,	mas	também	
ao	do	Estado,	havendo	leis	que	puniam	tais	delitos,	os	quais	eram	
julgados	como	ofensa	ao	patrimônio	espiritual	da	nação,	como	um	
delito	de	lesa-majestade	e,	ainda,	como	uma	injúria	a	Deus,	cuja	
honra	o	Estado	devia	defender.	
© História da Igreja Moderna e Contemporânea62
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
As leis civis em harmonia com as canônicas
O	Estado	inspirava-se	na	legislação	da	doutrina	católica	para	
fazer	 suas	 leis,	 bem	 como	 reconhecia	 as	 leis	 da	 Igreja,	 dando	 a	
estas	sanções	e	apoio	com	relação	à	sua	execução.	Não	raro,	o	Es-
tado	tomava	para	si	uma	norma	canônica	ou	promulgava	uma	lei	
civil	análoga	à	eclesiástica.
Como	exemplo	disso,	podemos	mencionar	o	fato	de	a	Igreja	
fixar	as	condições	do	vínculo	matrimonial,	estabelecendo	os	 im-
pedimentos	e	regulando	a	forma	de	celebração.	Assim,	o	regime	
matrimonial	permaneceu	como	fora	fixado	no	Concílio	de	Trento,	
em	novembro	de	1563.
A	competência	jurídica	restringia-se	aos	efeitos	civis:	suces-
são,	extensão	da	autoridade	dos	genitores,	obrigações	recíprocas	
dos	 esposos	 e	 convenções	 patrimoniais.	 Nos	 primeiros	 tempos,	
em	muitos	 lugares,	não	havia	nenhuma	 legislação	 senão	a	ecle-
siástica,	exercida	pelo	bispo	e,	mais	 tarde,	pela	 inquisição.	Num	
segundo	momento,	o	Estado	interveio	pessoalmente	na	censura,	e	
a	competência	da	Igreja	passou	a	ser	restrita	às	matérias	eclesiásti-
cas	e	religiosas.	Dessa	forma,	qualquer	escritor	que,	por	exemplo,	
recebesse	o	"sim"	do	Estado	para	publicar	uma	obra	de	caráter	re-
ligioso	deveria	ter,	também,	o	"sim"	de	uma	autoridade	da	Igreja.
Uso da coação por parte da autoridade eclesiástica
A	tendência	anteriormente	citada,	qual	seja,	a	de	aplicar	à	
sociedade	religiosa	os	meios	típicos	da	sociedade	civil,	mostrou-se	
evidente	na	possibilidade	dada	aos	inquisidores,	aos	bispos	e	aos	
superiores	religiosos	de	recorrer	à	força	para	punir	os	culpados.	
A	hierarquia,	antes	de	tudo,	tinha,	em	muitos	casos,	a	possi-
bilidade	de	recorrer	ao	braço	secular,	na	medida	em	que	o	Estado,	
em	muitas	concordatas,	era	obrigado,	explicitamente,	a	prestar	a	
sua	ajuda	na	aplicação	das	penas	eclesiásticas.	Tal	procedimento	
era	herança	da	Idade	Média.
63© Século 17: O Século do Absolutismo
A	Inquisição	foi	criada	pelo	Papa	Lúcio	III	(1181-1185)	e	pelo	
imperador	do	Sacro	Império	Romano	Germânico	Frederico	I,	o	Bar-
ba-Roxa	(1152-1190),	com	a	finalidade	principal	de	excomungar	e	
proscrever	os	hereges.	Contudo,	transformou-se,	na	verdade,	em	
um	instrumento	de	repressão	contra	aqueles	que	se	opunham	à	
autoridade	eclesial	e	imperial.	
Em	1232,	a	Inquisição	tornou-se	uma	instituição	dirigida	di-
retamente	pelo	papa.	O	Concílio	de	Trento,	no	entanto,	pedia	aos	
bispos	que	agissem	como	verdadeiros	pastores,	e	não	como	per-
seguidores,	embora	os	autorizasse,	também,	a	recorrer	às	práticas	
judiciárias	para	estabelecer	as	normas	para	os	processos	ocorridos	
nas	cúrias.	
Naturalmente,	 isso	supõe	um	corpo	de	polícia	dependente	
diretamente	da	autoridade	eclesiástica	e	distinto	daquela	estatal,	
ainda	que	pequeno	e	pouco	eficiente,	e	um	cárcere.	Nesse	período	
da	inquisição,	as	cúrias	episcopais,	os	conventos	masculinos	e	fe-
mininos	têm	um	lugar	de	reclusão,	que	vinha	regularmente	usado.
A organização cristã do trabalho
Nessa	época,	 todo	 trabalhador,	mestre,	 sócio	ou	aprendiz,	
para	exercer	sua	profissão,	devia	fazer	parte	de	sua	corresponden-
te	corporação	ou	universidade	e	observar	os	regulamentos.	Vale	
dizer	que	a	corporação	tinha	dupla	 finalidade:	econômica	e	reli-
giosa,	de	forma	que,	economicamente,	ela	se	propunha	a	obser-
var	e	a	eliminar	a	concorrência,	fixando	os	preços	e	as	condições	
de	trabalho,	garantindo	a	genuinidade	do	produto	e	defendendo	
os	direitos	e	privilégios	dos	inscritos.	Tipicamente	medievais,	es-
sas	corporações	se	tornaram	uma	casta	fechada;	era	praticamen-
te	proibida	a	entrada	de	novos	membros	e	normalmente	faziam	
parte	delas	os	membros	das	famílias	que	há	anos	já	executavam	
determinados	trabalhos.
As	corporações	tinham,	ainda,	outros	aspectos,	como:	reli-
giosos,	culturais	e	caritativos.	Exigia-se	dos	membros	inscritos	uma© História da Igreja Moderna e Contemporânea64
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
explícita	profissão	de	fé	católica	e	a	participação	nas	celebrações	
religiosas	comunitárias.	Além	disso,	cada	corporação	tinha	o	seu	
capelão,	regularmente	pago,	que	vigiava	a	conduta	moral	dos	só-
cios.	
É	importante	mencionar,	nesse	contexto,	que	o	caráter	reli-
gioso	das	profissões	era	acentuado	pela	existência	de	uma	confra-
ternidade	 distinta,	 embora	 paralela	 à	 universidade.	 Essa	 confra-
ternidade	(ou	confraria)	tinha	fins	exclusivamente	religiosos,	tais	
como	o	sufrágio	aos	sócios	defuntos,	a	celebração	das	 festas	do	
patrono	e	a	assistência	aos	membros	doentes.
Ao	 lado	 dessas	 confrarias,	 paralelamente	 às	 corporações,	
havia	outras	nas	quais	nobres	e	artistas,	médicos	ou	pessoas	que	
tinham	outra	profissão	se	uniam	se	com	finalidades	cultuais	(ado-
ração	ao	Santíssimo	Sacramento),	caritativas	(assistência	aos	con-
denados	à	morte,	prisioneiros	etc.)	ou	catequéticas	(confraria	da	
doutrina	cristã).	A	vida	cristã	desses	séculos	permaneceu	incom-
preensível,	por	muitos	aspectos,	a	quem	não	tivesse	presentes	os	
estatutos,	a	atividade	e	a	influência	dessas	confrarias.
Monopólio da assistência e instrução
Na	prática,	o	monopólio	da	assistência	e	da	instrução,	bem	
como	 a	 direção	 de	 tudo	 aquilo	 que	 se	 refere	 ao	 sagrado,	 eram	
tomados	pela	 Igreja.	 Em	virtude	disso,	 até	o	 século	 17,	 como	o	
Estado	não	se	 interessava	pela	educação,	ela	esteve	sempre	nas	
mãos	dos	religiosos	(jesuítas,	beneditinos	etc.).	Vale	dizer	que,	na	
época,	os	institutos	educacionais	femininos	eram	muito	escassos;	
lá,	 apenas	 filhas	 dos	 nobres	 se	 formavam.	 Em	 contrapartida,	 as	
crianças	 pobres	 praticamente	 não	 tinham	 assistência	 nenhuma,	
não	existindo	nenhuma	instrução	de	caráter	popular	(o	percentual	
dos	analfabetos	superava	90%	da	população).
65© Século 17: O Século do Absolutismo
6. VIDA NA IGREJA DENTRO DO ABSOLUTISMO
Além	das	características	de	uma	sociedade	oficialmente	cris-
tã,	como	teria	sido	o	caminhar	da	Igreja	no	período	do	Absolutis-
mo?	Os	aspectos	positivos	da	vida	cristã	podem	ser	resumidos	nos	
seguintes	pontos:
Sacramentos 
A	participação	maciça	nos	 sacramentos,	de	modo	especial	
nos	 séculos	 16	 e	 17,	 foi	 um	 aspecto	 relevante	 na	 vida	 eclesial.	
Quase	todos	os	fiéis	participavam	dos	sacramentos,	ao	menos	na	
Páscoa.	Os	diretores	espirituais,	como	São	Francisco	de	Sales,	re-
comendavam	a	comunhão	semanal	e,	outros,	até	mesmo	diária.	
Na	Itália,	de	modo	especial,	difundiu-se	a	adoração	ao	Santíssimo	
Sacramento,	exposto	solenemente	em	várias	igrejas	com	adoração	
perpétua.	A	prática	de	consagrar	os	meses	de	maio	e	outubro	à	
Nossa	Senhora	é	dessa	época.
Santidade
Houve,	nesse	período,	um	florescimento	excepcional	de	san-
tos	que	deixaram	marcas	profundas	e	duradouras	na	mística;	por	
exemplo:	Teresa	e	João	da	Cruz,	os	quais	criaram	uma	escola	de	
espiritualidade.	Na	Espanha,	
•	 Teresa	 d´Ávila	 (1515-1582),	 após	 ter	 escalado	 lentamente	 os	
degraus	da	vida	mística,	 funda,	em	1562,	o	primeiro	conven-
to	reformado	de	carmelitas	em	Ávila;	depois,	até	a	sua	morte,	
percorre	a	Espanha	para	fundar	carmelitas	reformados	com	a	
ajuda	de	João	da	Cruz	(1542-1591).	Este	último,	em	meio	a	ver-
dadeiras	perseguições,	exprime	sua	experiência	espiritual	em	
poemas	que	são	obras-primas	da	literatura	universal.	(COMBY,	
1994,	p.	36).
Nesse	sentido,	 recordam-se,	ainda,	os	santos	missionários,	
como	São	Paulo	da	Cruz,	São	Francisco	de	Sales	e	São	Vicente	de	
Paulo.	São	Vicente	escrevia	dizendo	que	o	verdadeiro	amor	se	tra-
duz	em	atos:	
© História da Igreja Moderna e Contemporânea66
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Amemos	a	Deus,	irmãos	meus,	amemos	a	Deus,	mas	que	o	faça-
mos	às	custas	do	suor	de	nossos	próprios	rostos...Há	quem	se	de-
leite	com	sua	imaginação	inflamada,	que	se	contente	com	os	doces	
encontros	que	tem	com	Deus	na	oração	–e	estes	até	mesmo	falam	
como	anjos-	mas	que,	ao	saírem	do	local	de	oração	(pobrezinhos)	
quando	é	hora	de	trabalhar	para	Deus,	de	sofrer,	de	se	mortificar,	
de	 instruir	os	pobres,	de	procurar	ovelhas	desgarradas,	de	amar	
o	fato	de	padecer	de	alguma	privação,	de	aceitar	as	moléstias	ou	
quaisquer	 outras	 desgraças,	 desaparecem;	 a	 coragem	 lhes	 falta.	
Não!	Não!,	não	nos	enganemos	mais:	´toda	a	nossa	obra	reside	na	
ação	(COMBY,	1994,	p.	42).
Cultura barroca
O	Absolutismo	pode	ser	também	chamado	de	Idade	do	Bar-
roco.	É	importante	mencionar,	nesse	contexto,	que	a	cultura	bar-
roca	se	 inspirou,	em	grande	parte,	no	catolicismo.	Até	a	metade	
do	século	16,	prevaleceu	a	influência	da	Espanha,	que,	naqueles	
anos,	alcançou	o	máximo	esplendor	de	sua	arte	e	literatura:	Lope	
de	Vega,	Calderón	de	la	Barca,	Miguel	de	Cervantes	e	Juan	de	Her-
rera,	o	arquiteto	do	Escorial.	Brilharam,	ainda,	os	seguintes	pinto-
res	espanhóis	e	flamengos:	El	Greco,	Velásquez,	Murilo,	Rubens	e	
Van	Dyck.	
Na	segunda	metade	do	século	16,	a	arte	barroca	dominou	
a	 França:	 foi	 o	 século	 de	ouro	da	 literatura	 profana,	 em	que	 se	
desenvolveu	a	oratória	sacra,	com	Bossuet,	e	toda	uma	escola	de	
espiritualidade,	com	Bérulle.	Além	disso,	Roma	teve,	em	Bernini	e	
Borromino,	a	expressão	dos	melhores	aspectos	do	barroco	e,	em	
Palestrina,	uma	nova	forma	musical.	Devoção	ao	Sagrado	Coração:	
já	cultivada	na	Idade	Média	por	vários	santos,	essa	devoção	rece-
beu	um	novo	estímulo	graças	à	obra	de	três	santos:	João	Eudes,	
Margarida	Maria	 Alacoque	 e	 o	 beato	 Cláudio	 de	 la Colombière.	
Maior	 importância	 teve	 a	 narração	 de	 diversas	 visões	 de	 Santa	
Margarida	entre	1673-1675.	Inicialmente	reservado	à	posição	da	
Santa	Sé,	o	culto	ao	Sagrado	Coração	de	Jesus	foi	posteriormente	
aprovado	para	toda	a	Igreja	em	1856,	com	Pio	IX.
67© Século 17: O Século do Absolutismo
A Igreja coordenadora da vida cristã
Esse	foi	um	aspecto	mesclado	com	características	positivas	e	
negativas.	Ao	lado	das	festas	extraordinárias	(consagração	de	Igre-
jas	e	canonizações	que	duravam	dias	inteiros),	assistiam-se	às	pro-
cissões	(Corpus	Christi	e	as	representações	sacras,	como	a	Semana	
Santa).	Nos	países	que	 tinham	 fronteira	 com	países	protestantes,	
essas	festas	constituíam	uma	catequese	essencial,	uma	profissão	de	
fé,	uma	vez	que	as	pregações	se	transformavam	em	acontecimentos	
solenes	nas	cidades,	fazendo	os	habitantes	escutarem,	sem	dificul-
dades,	discursos	de,	aproximadamente,	uma	hora	e	meia.	
Nesse	sentido,	vale	ressaltar,	ainda,	que	a	insuficiência	da	ca-
tequese	era	suprida,	em	certos	limites,	com	as	missões	populares,	
desenvolvidas	por	jesuítas,	capuchinhos,	vicentinos	e,	mais	tarde,	
pelos	passionistas	e	redentoristas.	Nelas,	os	pregadores	insistiam	
sobre	os	elementos	fundamentais	da	catequese.	Muitos	fiéis	es-
peravam	pacientemente	os	missionários	para	não	perder	a	Palavra	
de	Deus.	Reunidos	nas	 confrarias	ou	 congregações	marianas,	os	
leigos	exerciam,	ainda,	um	verdadeiro	apostolado,	mesmo	que	li-
mitados	essencialmente	à	catequese	e	à	caridade	(assistência	aos	
condenados	à	morte,	aos	presos,	aos	doentes	etc.).	Assim,	a	Igreja,	
por	meio	dos	párocos,	do	 clero	em	geral	 e	do	bispo,	 constituía,	
para	as	populações,	um	constante	ponto	de	referência,	um	refú-
gio	civil	e	psicológico.	Socialmente,	constituía	a	única	possibilidade	
concreta	de	uma	certa	promoção	humana.	
Devocionismo
Esse	foi	outro	aspecto	que	caracterizou	a	vida	da	Igreja	no	
período,	possuindo	um	duplo	ponto	de	vista.	Como	ponto	negati-
vo,	podemos	citar	a	ausência	de	um	fundamento	bíblico	e	litúrgico	
da	piedade,	visto	que,	como	a	maior	parte	da	população	não	sabia	
ler,	a	Bíblia	(escrita	em	latim)	era	acessível	só	à	camada	culta	da	
sociedade;	vale	dizer	que,	até	mesmo	para	essa	camada,	era	proi-
bida	a	sua	leitura.	
© História da Igreja Moderna e Contemporânea68
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Positivamente,	 por	 devocionismo	 entende-se	 o	 esforço	 de	
procurar	outro	nutrimento	da	piedade,	dada	a	impossibilidade	de	
acesso	à	Escritura	e	a	incompreensão	da	liturgia	em	latim.O	povo	
do	Antigo	Regime	teve,	em	sua	grande	maioria,	as	verdades	fun-
damentais	do	catolicismo	e	as	aceitava	sem	discutir.	Tratava-se	de	
uma	fé	sincera,	ao	menos	em	sua	substância,	que	era	expressa	nas	
grandes	obras	ascéticas	e	na	religiosidade	das	populações	subde-
senvolvidas,	prevalentemente,	agrícolas.	Todas	as	camadas	sociais	
tiveram	condições	de	colher	a	essência	do	sagrado	e	de	descobrir	
a	espiritualidade	divina.	
7. TENDÊNCIAS RELIGIOSAS E POLÍTICAS NO ABSO-
LUTISMO 
No	período	do	Absolutismo,	a	Igreja	e	o	Estado,	embora	fos-
sem	entidades	 separadas,	 caminharam	 juntos.	O	 Estado,	 no	 en-
tanto,	fez	de	tudo	para	controlar	a	Igreja,	e	esta	tentou	lutar	pela	
sua	liberdade	de	ação.	O	reflexo	dessas	tendências	se	traduziu	nas	
formas	de	controle	do	Estado	sobre	a	Igreja,	que	veremos	a	seguir:
O jurisdicionalismo
A	Igreja	e	o	Estado,	que	são	os	dois	elementos	do	sistema	
absolutista,	 ainda	 que	 antitéticos,	 desenvolveram-se	 ao	mesmo	
tempo	e	de	modo	paralelo.	Poderia	se	dizer	que,	em	um	primeiro	
momento,	o	Estado	ajudou	a	Igreja,	e	isso	prevaleceu	por	todo	o	
século	16,	e,	no	século	17,	a	Igreja	foi	subordinada	ao	Estado.	
As	teorias	que	atribuíram	ao	Estado	amplas	prerrogativas	em	
matéria	eclesiástica	se	desenvolveram	gradualmente,	desde	o	fim	
da	Idade	Média	até	encontrar	seu	ponto	culminante	no	século	17.	
A	isso	se	chamou	jurisdicionalismo,	o	qual,	sob	diversas	formas,	se	
manifestou	em	diversos	reinos	europeus.	
Segundo	o	princípio	do	jurisdicionalismo,	o	Estado	absoluto	
suportou	com	extrema	dificuldade	a	existência,	no	próprio	territó-
69© Século 17: O Século do Absolutismo
rio,	de	uma	sociedade	que	se	apresentava	como	soberana,	inde-
pendente,	com	uma	jurisdição	própria,	não	derivada	da	autorida-
de	civil.	Com	relação	a	essa	posição,	os	soberanos	absolutos	foram	
movidos	por	três	fatores:	
•	 a	ciumenta	tutela	do	Estado	e	seus	poderes;	propenso	a	
estender	seu	controle	sobre	toda	a	vida	dos	cidadãos,	até	
mesmo	em	suas	consciências,	o	Estado	sempre	suspeitou	
de	toda	autoridade,	sobretudo	supranacional,	muitas	ve-
zes,	hostil,	ao	catolicismo	e	desejoso	de	fundar	uma	Igreja	
nacional;	
•	 a	preocupação	de	resolver	alguns	problemas	econômicos	
e,	de	modo	especial,	os	eclesiásticos;	
•	 a	persuasão	de	criar	uma	verdadeira	missão	religiosa	des-
tinada	a	eliminar	abusos,	aos	quais	os	bispos	e	pontífices	
se	opunham	sem	muita	convicção.	Muitos	escritores	ecle-
siásticos	davam	o	seu	apoio	a	esses	princípios,	tais	como	
Ludovico	Muratori,	 que	 via	 na	 intervenção	do	 Estado	o	
único	meio	eficaz	para	uma	renovação	religiosa,	podendo	
constatar-se	isso	em	seu	escrito	sobre	a	felicidade	públi-
ca,	objeto	dos	bons	príncipes,	de	1749.	
A	 Igreja	foi,	como	se	pode	perceber,	quase	totalmente	do-
minada	pelo	Estado. Assim, sob	a	 jurisdição soberana	 caiu tudo	
aquilo	que,	na	Igreja,	não	derivava	de	instituição	divina,	cabendo,	
então,	ao	Estado	regular	a	administração	dos	bens	eclesiásticos,	a	
nomeação	dos	bispos	e	párocos,	a	disciplina	do	clero	e	dos	fiéis	e,	
até	mesmo,	do	culto.	Em	outras	palavras,	a	Igreja	foi	reduzida	à	sa-
cristia.	Essa	mentalidade,	ao	menos	nas	nações	latinas,	foi	passado	
como	herança	do	Estado	absoluto	ao	Estado	liberal,	o	qual	sempre	
será	movido	pelo	jurisdicionalismo.	
O Galicanismo
A	tendência	que	tinha	o	Estado	absoluto	de	controlar	a	vida	
eclesiástica,	na	França,	foi	chamada	de	galicanismo.	
© História da Igreja Moderna e Contemporânea70
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Nesse	 contexto,	 é	 importante	mencionar	 que,	 a	 partir	 do	
século	15,	o	 rei	 da	 França	passou	a	 ter	uma	 série	de	privilégios	
sobre	a	Igreja	francesa.	Por	exemplo,	depois	do	Concílio	de	Trento,	
houve	uma	enorme	resistência	à	introdução	dos	decretos	tridenti-
nos,	tendo	em	vista	que	estes	eram	impostos	por	uma	autoridade	
externa	à	da	França.	
Contudo,	na	França,	especialmente	no	período	do	Absolu-
tismo,	difundiu-se	dentro	da	Igreja	Francesa	um	espírito	de	certa	
aversão	para	com	a	autoridade	romana,	a	qual	tinha	grande	zelo	
por	sua	independência.	Vários	escritores	incentivaram	tal	tendên-
cia,	como	Pierre	Pithou,	em	seu	livro	As liberdades da igreja gali-
cana,	de	1594,	no	qual	catalogou,	com	base	nos	direitos	consue-
tudinários,	83	artigos,	recolhendo-os	em	torno	de	dois	princípios	
fundamentais:	
•	 Independência	 absoluta	 do	 soberano	 com	 relação	 ao	
papa	no	poder	temporal.	
•	 Limitação	dos	poderes	do	papa	no	reino	segundo	os	câno-
nes	conciliares	e	os	costumes	de	direitos	franceses.	
Pierre	de	Marca,	 arcebispo	de	Toulouse,	 autor	da	obra	De 
concórdia sacerdotii et imperii (Sobre a concórdia sacerdócio e im-
pério),	de	1641,	sustentou	que	as	leis	pontifícias	não	podiam	ser	
aplicadas,	a	não	ser	depois	da	aceitação	da	Igreja,	isto	é,	do	corpo	
formado	pelos	fiéis	e	representado	pelo	príncipe.	Na	prática,	por-
tanto,	 o	 soberano	 seria	 livre	 para	 aceitar	 ou	 não	 as	 disposições	
romanas.
Assim,	duas	tendências	estavam	presentes	no	clero	da	França:	
•	 a	primeira	procurava	transferir	a	autoridade	da	Igreja	do	
centro	para	a	periferia	(de	Roma	para	a	França),	tendo	al-
gumas	posições	bem	definidas,	como	a	aspiração	de	uma	
maior	 autonomia	 conciliar	 com	 a	mais	 rígida	 ortodoxia	
(galicanismo	eclesiástico);	
•	 a	segunda	era	propensa	a	aceitar	a	intervenção	do	poder	
civil	nas	questões	religiosas	(galicanismo	político).	
71© Século 17: O Século do Absolutismo
Poderiam	essas	duas	 tendências	 conviver	bem?	Em	Roma,	
a	opinião	comum	era	de	reprovar	a	atitude	do	clero	francês,	uma	
vez	que	ele	se	contradizia,	resistia	ao	papa	e	se	tornava	servo	do	
soberano.	
A	 questão	 passou	 de	 pura	 tendência	 a	 uma	 clara	 declara-
ção	do	clero	Francês,	quando,	no	dia	19	de	março	de	1682,	foram	
aprovados	quatro	artigos	pela	Assembleia	Geral	do	Clero,	os	quais	
davam	plena	autonomia	à	Igreja	francesa.	A	declaração	que	defen-
dia	a	independência	da	igreja	francesa	com	relação	a	Roma	foi	re-
digida	por	Jacques	Benigne	Bossuet	(1627-1704),	bispo	e	teólogo	
francês.	Nesses	quatro	artigos,	postulava-se	o	seguinte:	
Independência	 absoluta	 do	 soberano	 nas	 questões	 temporais;	 a	
superioridade	 do	 concílio	 sobre	 o	 papa	 segundo	 os	 decretos	 de	
Constança;	a	 infalibilidade	do	papa	condicionada	pela	aprovação	
do	episcopado	e	 inviolabilidade	dos	antigos	e	venerandos	costu-
mes	da	igreja	galicana	(MARTINA,	1996,	n.	p.).	
Luís	XIV	 impôs	tais	determinações,	 formuladas	de	maneira	
precisa	e	clara,	como	matéria	a	ser	estudada	em	todas	as	escolas	
teológicas.
Inocêncio	 XI,	 mesmo	 antes	 de	 ser	 informado	 do	 teor	 dos	
artigos,	com	o	breve	Paternae Charitati,	de	11	de	abril	de	1682,	
expressou	 severamente	 ao	 clero	 francês	 sua	 amargura	 pela	 fra-
queza	mostrada	pelos	bispos,	que	não	tinham	ousado	defender	os	
direitos	da	Igreja;	assim,	ele	refutou	seus	argumentos	e	declarou	
nulas	as	disposições.	Depois	de	várias	controvérsias,	em	1693,	o	
rei	Luís	XIV	anunciou	ao	papa	que	tinha	revogado	a	ordem	de	en-
sinar	sobre	os	quatro	artigos	galicanos,	encerrando	o	debate	sobre	
o	assunto.	
Josefinismo
Tal	como	ocorreu	na	França,	à	tendência	de	o	Estado	interfe-
rir	na	igreja	aconteceu,	também,	no	reino	austríaco	e	na	Toscana,	
com	os	reis	Pedro	Leopoldo	e	José	II.	
© História da Igreja Moderna e Contemporânea72
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Pedro	Leopoldo	subiu	ao	trono	em	1765,	com	dezoito	anos.	
Pedro	 permaneceu	 um	 ano	 em	 estudos,	 analisando	 a	 situação	
social,	política,	econômica	e	religiosa	da	Toscana,	e,	depois	disso,	
passou	diretamente	à	ação.	Desligou-se	de	Viena,	"toscanizou-se",	
escolheu	uma	mulher	e	seus	ministros.	Enérgico,	dinâmico,	dotado	
de	intuito	rápido,	foi	educado	em	Viena	segundo	os	princípios	ilu-
ministas,	e	não	aspirava	às	glórias	militares,	mas	à	fama	de	príncipe	
filósofo.	Encontrou,	então,	em	Florença	um	ótimo	campo	para	sua	
ação,	em	que	pôde	promover	várias	reformas	políticas,	tais	como:	
1)	 a	abolição	das	empreitadas	e	dos	impostos;
2)	 a	liberdade	de	comércio	de	grãos;	
3)	 a	supressãoda	servidão;	
4)	 a	fundação	de	escolas	públicas	femininas,	novidade	ab-
soluta	naquele	tempo;	
5)	 a	publicação	do	novo	código	penal.
As	reformas	feitas	por	Pedro	Leopoldo	foram	inseridas,	tam-
bém,	no	âmbito	eclesiástico.	Naturalmente,	não	lhe	faltou	a	firme	
vontade,	típica	dos	soberanos	absolutos,	de	controlar	inteiramente	
a	atividade	da	Igreja.	Vale	dizer	que	as	suas	reformas	realizadas	no	
campo	eclesiástico	são	características	do	sistema	geral	do	jurisdicio-
nalismo,	ou	seja,	nenhuma	norma	vinda	de	Roma	poderia	ser	apli-
cada	no	Estado	sem	a	permissão	real.	Assim,	Pedro	Leopoldo	limitou	
a	censura	eclesiástica	e	alargou	a	estatal,	de	forma	que,	a	partir	de	
1773,	começaram	a	ser	apreendidos	os	bens	eclesiásticos.	
Além	das	reformas	de	Pedro	Leopoldo,	devemos	citar,	ainda,	
as	reformas	realizadas	por	José	II,	as	quais	também	foram	inspira-
das	pelo	Iluminismo.	José	II	governou	sozinho	de	1780	a	1790,	sen-
do	caracterizado	por	não	fazer	consultas	a	Roma.	Além	disso,	as	
leis	por	ele	emanadas	eram,	às	vezes,	abstratas,	mostrando	como	
era	pouco	respeitoso	ao	caráter	sobrenatural	da	Igreja,	que	consi-
derava	como	um	simples	instrumento	do	reino.	
Sua	obra	eclesiástica	pode	ser	resumida	em	objetivos	preci-
sos,	a	saber:	
73© Século 17: O Século do Absolutismo
1)	 redução	da	Igreja	a	um	completo	controle	da	autoridade	
estatal,	tornando	difícil	o	relacionamento	com	Roma;	
2)	 reforço	do	placet;	
3)	 limitação	e	supressão	das	imunidades;	
4)	 concessão	aos	bispos	da	autoridade	de	dispensar	em	ca-
sos	matrimoniais;	por	exemplo:	autorizar	um	matrimô-
nio	 caso	uma	das	partes	não	 tivesse	 a	 idade	 canônica	
para	a	sua	realização,	sem	precisar	recorrer	a	Roma;	
5)	 proibição	do	apelo	a	Roma,	tirando	dos	religiosos	a	de-
pendência	dos	superiores	de	Roma;
6)	 determinação	de	pôr	o	matrimônio	sob	a	jurisdição	do	
Estado.	
José	 II	 também	 criou	 as	 seguintes	 leis	 no	 campo	pastoral:	
suprimiu	um	terço	dos	conventos,	reduziu	as	festas	e	reorganizou	
o	culto.	
Placet	é	a	permissão	da	aplicação	de	uma	lei	eclesiástica	pela	
autoridade	real.	Assim,	toda	lei	ou	instrução	que	vinha	de	Roma	
para	que	pudesse	ser	aplicada	na	Igreja	tinha	de	ter	a	autorização	
do	rei.	
Nesse	sentido,	devemos	destacar	que	a	maior	parte	do	clero	
e	do	episcopado	austríaco	não	se	opôs	à	vontade	do	imperador,	o	
que	levou	o	papa	Pio	VI	a	encontrar-se	pessoalmente	com	ele	em	
1782.	Vale	dizer	que	o	imperador	também	visitou	Roma,	onde,	ao	
impor	a	sua	vontade,	obteve	o	consentimento	do	papa.	No	entan-
to,	com	a	morte	de	 José	 II,	a	oposição	 fez-se	 forte,	 fazendo	que	
grande	parte	das	leis	josefinas	fossem	canceladas.
Jansenismo
O	jansenismo	foi	um	debate	doutrinal	a	respeito	da	graça	di-
vina	que	surgiu	dentro	da	Igreja,	uma	vez	que	o	Concílio	de	Trento	
não	podia	resolver	todas	as	questões	de	caráter	teológico;	discu-
tiam-se,	então,	a	questão	da	graça	divina	e	da	liberdade	humana,	
quando	estas	começaram	a	ser	confrontadas	com	o	que	os	refor-
madores	religiosos	ensinavam,	especialmente	Lutero	e	Calvino.	
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O	jansenismo	tem	origem	no	debate	teológico	da	Reforma:	qual	é	
o	lugar	respectivo	da	graça	e	da	liberdade	na	slavação	do	homem?	
Uma	poderosa	tradição	agostiniana	enfatiza	a	graça	e	a	predestina-
ção	em	detrimento	da	liberdade	humana.	As	teses	de	Baïus,	teólo-
go	de	Lovaina,	que	têm	essa	orientação,	são	condenadas	em	1567.	
Em	compensação,	os	jesuítas,	como	o	espanho	Molina,	se	esforçam	
por	salvaguardar	o	lugar	da	liberdade,	propondo	a	noção	de	uma	
graça	suficiente	que	se	torna	eficaz	em	função	da	liberdade	huma-
na	(1588)	(COMBY,	1994,	p.	46-47).	
O	movimento	do	 jansenismo	estava	 ligado	diretamente	ao	
ensinamento	de	Cornélio Jansen,	 que	 contava	 com	o	 auxílio	 de	
outros	colaboradores,	como	Jean	Du	Vergier,	seu	amigo	pessoal,	o	
abade	Antonio	Arnauld	e	a	abadessa	Angélica	Arnauld.
Cornélio Jansen (1585-1638): de índole fria, inteligente e com uma 
memória prodigiosa, estudou em Lovaina e, depois, em Paris. Leu 
dez vezes as obras de Santo Agostinho e 30 vezes os estudos 
sobre a graça. Em 1636, tornou-se bispo de Ypres. Sua obra fun-
damental é Augustinus, em que expôs seu pensamento sobre a 
graça.
Jansen	ensinava	que,	depois	do	pecado	original,	a	natureza	
humana,	 intrinsecamente	corrupta,	perdeu	a	liberdade,	manten-
do	 somente	 a	 imunidade	da	 coação	 externa,	 e	 não	de	uma	de-
terminação	interna.	Portanto,	segundo	Jansen,	a	vontade	humana	
segue	necessariamente	a	graça	se	esta	é	oferecida,	ou	a	concupis-
cência,	quando	na	ausência	da	graça,	é	deixada	sozinha.	Assim,	a	
graça	nem	sempre	é	concedida	aos	homens,	e,	nesse	caso,	estes,	
abandonados	às	suas	forças,	seguem,	necessariamente,	a	concu-
piscência	e,	consequentemente,	pecam.	
E	o	que	ensina	a	Igreja?	
Ele	defende	a	liberdade	e	a	graça	ao	mesmo	tempo.	Como	
se	pode	perceber,	Janssen	exaspera	a	eficácia	da	graça	até	destruir	
praticamente	toda	liberdade.	Em	contrapartida,	a	Igreja	distingue	
graça eficaz,	nem	sempre	concedida,	e	graça suficiente,	 sempre	
concedida	(Janssen	nega	a	graça	suficiente).	Segundo	o	jansenis-
75© Século 17: O Século do Absolutismo
mo,	portanto,	Cristo	não	 teria	morrido	por	 todos,	mas	 somente	
pelos	 eleitos,	 aos	 quais	 é	 dada	 a	 graça.	 Dessa	 forma,	 fica	 bem	
clara,	no	jansenismo,	a	inclinação	de	transformar	a	Igreja	de	uma	
sociedade,	na	qual	há	lugar	para	todos,	em	uma	"rede	jogada	ao	
mar",	que	recolhe	peixes	bons	e	maus,	santos,	pecadores,	publi-
canos,	meretrizes,	ainda	que	façam	penitência,	em	uma	seita	de	
poucos	eleitos.
A	grande	consequência	desse	ensinamento	reside	no	fato	de	
que	a	natureza	humana	é	julgada	de	forma	negativa.	Diante	de	um	
Deus	árbitro,	que	elege	a	seu	bel-prazer	um	pequeno	número	de	
eleitos,	o	posicionamento	mais	espontâneo	é	o	temor,	não	o	amor.	
Tem-se,	dessa	forma,	uma	visão	negativa	dos	infiéis	e	pecadores,	
que	constituiriam	sempre	o	pecado,	porque	a	natureza	humana	é	
corrupta;	a	demora	em	absolver	os	penitentes;	a	recusa	a	quem	
se	poderia	prever	que	recairia	no	pecado;	o	acúmulo	de	condições	
quase	impossíveis	para	alcançar	o	que	se	pedia	para	a	comunhão.	
Desse	modo,	se,	de	um	lado,	o	jansenismo	reavivou	o	senti-
do	do	mistério,	representando	uma	reação	à	tibieza	e	aos	compro-
missos	cristãos,	de	outro	lado,	acabou	impondo	condições	severas	
demais	para	permitir	o	acesso	à	Eucaristia	e	distanciando	os	fiéis	
dos	sacramentos.	
O	jansenismo	firmou-se	como	uma	piedade	tipicamente	de	
devoção,	que	dava	preferência	ao	Senhor	onipotente,	 incompre-
ensível,	inacessível,	que	decidia,	arbitrariamente,	a	sorte	dos	ho-
mens,	contrapondo-se,	pois,	com	a	relação	do	Pai	que	ama,	espera	
e	perdoa.	
8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira,	na	sequência,	as	questões	propostas	para	verificar	
seu	desempenho	no	estudo	desta	unidade:
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1)	 Você	compreendeu	bem	o	contexto	do	surgimento	do	Absolutismo?
2)	 No	teu	entender,	como	foi	à	relação	entre	Reis	absolutistas	e	Cristianismo?
3)	 Como	você	explica	o	surgimento	das	correntes	teológicas	do	período	do	Ab-
solutismo?
4)	 Que	avaliação	você	faz	do	jansenismo?
9. CONSIDERAÇÕES
Nesta	unidade,	conhecemos	o	Absolutismo	e	suas	caracte-
rísticas,	bem	como	sua	influência	dentro	da	Igreja	e	as	tendências	
políticas/religiosas	nesse	período.
Na	próxima	unidade,	estudaremos	conteúdos	relacionados	à	
era	do	Liberalismo.	
Até	lá!
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDERSON,	P.	Linhagens do estado absolutista.	Tradução	de	João	Roberto	Martins	Filho.	
3.	ed.	São	Paulo:	Brasiliense,	1994.	
CECHINATO,	L.	Os 20 séculos de caminhada da Igreja.	Petrópolis:	Vozes,	2000.
COMBY,	J.	Para ler a História da Igreja:	do	século	XV	ao	XX.	Tradução	de	GONÇALVEZ,	M.	
S.;	SOBRAL,	A.	V.	São	Paulo:	Loyola,	1994.
FRÖHLICH,	R.	Curso básico de História da Igreja.	São	Paulo:	Paulinas,	1978.
MACHADO,	L.	G.	Homem e sociedade na teoria política de Jean-Jacques Rousseau.	São	
Paulo:	Martins,	1968.MARTINA,	G.	História da Igreja:	de	 Lutero	a	nossos	dias	–	a	era	do	Absolutismo.	 São	
Paulo:	Loyola,	1996.	
MONTALBAN,	Francisco	J.	Historia de la iglesia católica:	edad	moderna.	Madrid:	Autores	
Cristianos,	1951.
PIERINI,	F.	A Idade Média:	curso	de	história	da	Igreja	II.	São	Paulo:	Paulus,	1997.
SKINNER,	Q.	As fundações do pensamento político moderno.	Tradução	de	Renato	Janine	
Ribeiro.	São	Paulo:	Companhia	das	Letras,	2006.
VV.AA.	Nova história da Igreja.	Petrópolis:	Vozes,	1973.	
ZAGHENI,	G.	A Idade Contemporânea:	curso	de	história	da	Igreja	IV.	São	Paulo:	Paulus,	
1999.
______.	A Idade Moderna:	curso	de	história	da	Igreja	III.	São	Paulo:	Paulus,	1999.

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