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EA D 2 Século 17: O Século do Absolutismo 1. OBJETIVOS • Compreender e analisar a Igreja no período do Absolutis- mo. • Interpretar e conhecer as características do Absolutismo, bem como suas tendências religiosas e políticas. 2. CONTEÚDOS • Absolutismo e suas características. • Vida da Igreja dentro do Absolutismo. • Tendências religiosas e políticas no período absolutista. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: © História da Igreja Moderna e Contemporânea56 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 1) Para o estudo desta unidade, sugerimos que você apro- funde o conhecimento da sociedade dos séculos 17 e 18, considerando com mais ênfase o tema do Absolutismo. Não se esqueça de que este contexto está marcado, ain- da, pela forte relação entre Estado e Igreja e que, nessa época, esta sofria a influência da separação entre Cris- tianismo Protestante e Católico. 2) Veja, também, o contexto em que surgiram as várias cor- rentes teológicas desse período. Para isso, leia: MARTI- NA, G. História da Igreja: de Lutero a nossos dias – a era do Absolutismo. São Paulo: Loyola, 1996. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE No estudo da unidade anterior, estudamos os conteúdos re- lacionados à história das reformas religiosas, tanto as protestantes como a católica. Agora, nesta unidade, você conhecerá como funcionou a so- ciedade e a Igreja no período do Absolutismo, bem como as suas tendências e características. 5. ABSOLUTISMO E SUAS CARACTERÍSTICAS As condições políticas, sociais e econômicas da Europa nos sé- culos 17 e 18 apresentaram um complexo de características comuns que justificam denominar tal período de Absolutismo, também co- nhecido como a idade do barroco ou, ainda, como o Antigo Regime. O Absolutismo foi o ponto de chegada de um longo processo sobre o qual diversos fatores influenciaram, especialmente a luta entre monarquia e nobreza, bem como a ruptura entre o poder civil e religioso. De modo especial, na França, os reis lutaram desde o século 13, usando todos os meios de violência possíveis, além de sua astúcia para abater a potência dos senhores feudais e recu- perar o poder que estava passando de volta, pouco a pouco, para suas mãos. 57© Século 17: O Século do Absolutismo Embora tenha havido resistência, muitos fatores somados deram a vitória à monarquia: a forte personalidade de ministros e soberanos, o cansaço das guerras e o apoio da burguesia, que via no monarca uma garantia de paz e de segurança no comércio, isto é, um possível campo de investimento. Especialmente na Espanha e Inglaterra, a burguesia teve grande influência; na Alemanha, o processo foi um pouco diferen- te, uma vez que os senhores feudais se desvincularam, aos poucos, da autoridade imperial e conseguiram transformar antigos feudos em estados soberanos. As guerras de religião, que ocorreram de 1618 a 1648, muito contribuíram para isso, pois cada país seguia a religião do seu rei depois da paz augustana, ocorrida no ano de 1555. Comby (1994, p. 39) assim escreve sobre a Guerra dos 30 anos: O imperador não perdeu as esperanças de restabelecer integral- mente o catolicismo em seus Estados. A recusa de concessões aos protestantes da Boêmia desencadeia as hostilidades da Guerra dos Trinta Anos. Inicialmente vitorioso, Ferdinando II obriga, pelo Édi- to de restituição (1629), que se devolvam aos católicos do Império os bens eclesiásticos confiscados desde 1552. Os protestantes se aliam à Suécia e à França. O conflito, que se estende por toda a Europa, é encerrado pelos Tratados de Westfália (1648). Os protes- tantes recuperam a situação de 1618. O calvinismo é reconhecido no Império. O para Inocêncio X protesta contra as cláusulas religio- sas dos tratados, mas o papado é, a partir de então, excluído das decisões políticas internacionais. Vale dizer que as correntes filosóficas tiveram pouca influên- cia na formação do Absolutismo; as doutrinas políticas que deram uma base teórica ao Absolutismo são contemporâneas ou poste- riores à afirmação do regime, ou seja, não favoreceram a sua gê- nese. Politicamente Com relação à política no Absolutismo, o soberano era, como o nome já diz, absoluto, isto é, tinha toda a autoridade em suas mãos, concentrando todo o poder. Internamente, não se reconhe- © História da Igreja Moderna e Contemporânea58 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO cia mais a autoridade imperial, nem era dado ao papa o direito de sanção. Assim, o Absolutismo foi caracterizado, sobretudo, pela centralização dos poderes e por um progresso na uniformidade administrativa. Nas mãos do rei, estavam, então, todos os poderes políticos, de modo exclusivo, total, indivisível e irreversível. O sistema fiscal também estava nas mãos do rei, de forma que se podiam estabelecer outros impostos sem pedir o consenti- mento de ninguém. Os súditos não tinham garantia de que seus di- reitos seriam respeitados, pois o soberano tinha o direito de inter- ferir na administração quando melhor lhe aprouvesse. Além disso, o exército estava a serviço imediato do rei, o qual, ao morrer sem deixar descendentes, podia, ao menos em teoria, deixar o poder a quem ele desejasse. Socialmente No Absolutismo, existia uma grande desigualdade entre as classes sociais, ou, em outras palavras, havia, de um lado, um pe- queno grupo de privilegiados e eleitos aos quais eram reservados honras, riquezas e poder, e, de outro, uma grande massa de pesso- as sem privilégios, que viviam em situação duríssima, incapazes de reverter essa situação. Logo, a sociedade do Antigo Regime era composta pelos nobres, os quais estavam divididos em duas categorias diversas (os descendentes dos antigos feudatários e os que tinham um tra- balho especial, tais como os magistrados e os altos funcionários) e gozavam de privilégios sociais, jurídicos e econômicos; e uma grande massa de pessoas, sem privilégios. Economicamente A base econômica do Absolutismo foi o Mercantilismo, que, subordinado à economia política, se propôs a fornecer à monar- quia os meios necessários não para o verdadeiro bem-estar da po- pulação, mas para uma ambiciosa e danosa política imperialista. 59© Século 17: O Século do Absolutismo Contudo, apesar da intensa atividade comercial e do aumento de riqueza financeira interna do país, as condições dos cidadãos e dos assalariados sempre foram ruins. Com essa economia, aumentou o número de pobres, em contraste com a opulência da corte e dos palácios. Características de uma sociedade oficialmente cristã Um princípio fundamental inspirou o Absolutismo com rela- ção à influência que a religião podia ter na sociedade: devia reinar um perfeito paralelismo entre a ordem político/civil/temporal e a espiritual/religiosa/sobrenatural. Em relação ao século 17, perce- be-se que os imperadores ou soberanos, católicos ou protestantes, se sentem donos de tudo e de todos em seus reinos ou impérios e encaram a religião como um elemento a mais na sua administra- ção, e a religião deve estar a seu serviço, alguns casos, com muitas contradições e ambiguidades. A sociedade civil tendia a assumir alguns traços próprios da sociedade religiosa, e esta, por sua vez, adotava os meios legais próprios dos regimes temporais. Essa tendência poderia exprimir- -se de outra forma: tudo aquilo que era permitido ou proibido na ordem religiosa devia ser proibido ou permitido também na or- dem civil, exceto raras exceções. Pode-se compreender melhor a aplicação desse princípio nas características do absolutismo apre- sentadas a seguir: Direito divino do rei O Absolutismo, surgido por motivos históricos e contingen- tes, procurou depressa uma fundamentação teórica. Assim, sob a influência do protestantismo, sempre favorável à participação do povo na vida política, vários escritores procuraram circundar o poder régio de uma auréola sacra, transferindoà soberania civil a consagração religiosa. © História da Igreja Moderna e Contemporânea60 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO Nesse sentido, só a monarquia era a forma legítima de go- verno, e o direito dos soberanos era bastante grande, inalienável, tendo em vista que sua autoridade era conferida por meio imedia- to de Deus, com um ato positivo, análogo àquele que se verifica na eleição do papa: tinha, portanto, uma investidura transcendente que comportava um direito atingível, dando ao monarca um cará- ter sacro. Ele era, pois, a imagem de Deus e sentava-se no trono de Deus. A cerimônia de consagração tinha este sentido: ele adquiria um caráter superior ao do homem e recebia, até mesmo, o poder de curar doenças; por essa razão, eram numerosos os doentes que acorriam ao rei no dia de sua posse. Aos súditos restava, obviamente, uma obediência cega: O respeito, a fidelidade e a obediência que se deve ao rei não po- diam ser alterados por nenhum pretexto. À violência do soberano deve-se rezar para sua conversão, escreveu um padre servita italia- no, Fulgêncio Micanzio, na primeira metade do século 17 (MARTI- NA, 1996, p. 30). O bispo de Pistoia, Scipione de Ricco, fazia a seguinte adver- tência em uma instrução pastoral: [...] somente o soberano recebeu de Deus o ofício de vigiar na con- servação da república; pode ver as verdadeiras necessidades do Estado; somente a Deus prestar contas, não aos cidadãos, os quais devem a ele somente o respeito e a obediência (MARTINA, 1996, p. 31). Como se pode perceber, a unidade política fundamentava- -se na unidade religiosa. Nesse contexto, a unidade religiosa pró- pria da Europa medieval, que tinha feito desta uma República Cristã, desabou após a Reforma Protestante, e a divisão religiosa tornou-se definitiva com as pazes de Augusta (1555) e de Westfália (1648). Não se concebia a possibilidade de um Estado politicamen- te unido e, ao mesmo tempo, religiosamente dividido, uma vez que se acreditava que o único vínculo que podia eficazmente unir populações seria a religião; daí o ditado: "um rei, uma lei, uma fé". Até mesmo São Francisco de Sales escreveu ao duque de Savoia suplicando para expulsar do ducado os hereges obstinados: quem 61© Século 17: O Século do Absolutismo não quisesse entrar no Reino de Deus não tinha o direito de fazer parte do reino terrestre. É, pois, óbvia a consequência desse princípio: quem não se- guia a religião dominante era privado não só dos direitos políticos (exclusão de todo cargo público), como também dos direitos civis (liberdade de domicílio, de trânsito, de profissão, de propriedade). Esse princípio era válido tanto para os estados católicos quanto para os protestantes. A religião católica como religião de estado O Estado absoluto reconhecia oficialmente a religião católica como a única verdadeira, e a Igreja, como uma sociedade sobera- na, ao menos entre alguns limites. O reconhecimento oficial e a es- treita relação existente entre unidade política e religiosa levavam a considerar a religião católica e os seus interesses estritamente relacionados com aqueles do Estado: trono e altar estavam ligados intimamente. Consequentemente, o rei considerava um dever, estrita- mente seu, defender e promover a religião. O Estado e a Igreja tendiam, então, a um só fim: o bem último do homem. Assim, o soberano procurava criar e manter as estruturas que tornavam mais fácil aos súditos a observância dos deveres religiosos deles; antes, estimulava-os de várias maneiras para que cumprissem as suas obrigações. Além disso, ele defendia a religião impedindo o proselitismo herético e proibindo a difusão de livros contrários à religião, bem como postulava que os delitos contra a religião não eram conside- rados somente como lesivos ao sentimento religioso, mas também ao do Estado, havendo leis que puniam tais delitos, os quais eram julgados como ofensa ao patrimônio espiritual da nação, como um delito de lesa-majestade e, ainda, como uma injúria a Deus, cuja honra o Estado devia defender. © História da Igreja Moderna e Contemporânea62 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO As leis civis em harmonia com as canônicas O Estado inspirava-se na legislação da doutrina católica para fazer suas leis, bem como reconhecia as leis da Igreja, dando a estas sanções e apoio com relação à sua execução. Não raro, o Es- tado tomava para si uma norma canônica ou promulgava uma lei civil análoga à eclesiástica. Como exemplo disso, podemos mencionar o fato de a Igreja fixar as condições do vínculo matrimonial, estabelecendo os im- pedimentos e regulando a forma de celebração. Assim, o regime matrimonial permaneceu como fora fixado no Concílio de Trento, em novembro de 1563. A competência jurídica restringia-se aos efeitos civis: suces- são, extensão da autoridade dos genitores, obrigações recíprocas dos esposos e convenções patrimoniais. Nos primeiros tempos, em muitos lugares, não havia nenhuma legislação senão a ecle- siástica, exercida pelo bispo e, mais tarde, pela inquisição. Num segundo momento, o Estado interveio pessoalmente na censura, e a competência da Igreja passou a ser restrita às matérias eclesiásti- cas e religiosas. Dessa forma, qualquer escritor que, por exemplo, recebesse o "sim" do Estado para publicar uma obra de caráter re- ligioso deveria ter, também, o "sim" de uma autoridade da Igreja. Uso da coação por parte da autoridade eclesiástica A tendência anteriormente citada, qual seja, a de aplicar à sociedade religiosa os meios típicos da sociedade civil, mostrou-se evidente na possibilidade dada aos inquisidores, aos bispos e aos superiores religiosos de recorrer à força para punir os culpados. A hierarquia, antes de tudo, tinha, em muitos casos, a possi- bilidade de recorrer ao braço secular, na medida em que o Estado, em muitas concordatas, era obrigado, explicitamente, a prestar a sua ajuda na aplicação das penas eclesiásticas. Tal procedimento era herança da Idade Média. 63© Século 17: O Século do Absolutismo A Inquisição foi criada pelo Papa Lúcio III (1181-1185) e pelo imperador do Sacro Império Romano Germânico Frederico I, o Bar- ba-Roxa (1152-1190), com a finalidade principal de excomungar e proscrever os hereges. Contudo, transformou-se, na verdade, em um instrumento de repressão contra aqueles que se opunham à autoridade eclesial e imperial. Em 1232, a Inquisição tornou-se uma instituição dirigida di- retamente pelo papa. O Concílio de Trento, no entanto, pedia aos bispos que agissem como verdadeiros pastores, e não como per- seguidores, embora os autorizasse, também, a recorrer às práticas judiciárias para estabelecer as normas para os processos ocorridos nas cúrias. Naturalmente, isso supõe um corpo de polícia dependente diretamente da autoridade eclesiástica e distinto daquela estatal, ainda que pequeno e pouco eficiente, e um cárcere. Nesse período da inquisição, as cúrias episcopais, os conventos masculinos e fe- mininos têm um lugar de reclusão, que vinha regularmente usado. A organização cristã do trabalho Nessa época, todo trabalhador, mestre, sócio ou aprendiz, para exercer sua profissão, devia fazer parte de sua corresponden- te corporação ou universidade e observar os regulamentos. Vale dizer que a corporação tinha dupla finalidade: econômica e reli- giosa, de forma que, economicamente, ela se propunha a obser- var e a eliminar a concorrência, fixando os preços e as condições de trabalho, garantindo a genuinidade do produto e defendendo os direitos e privilégios dos inscritos. Tipicamente medievais, es- sas corporações se tornaram uma casta fechada; era praticamen- te proibida a entrada de novos membros e normalmente faziam parte delas os membros das famílias que há anos já executavam determinados trabalhos. As corporações tinham, ainda, outros aspectos, como: reli- giosos, culturais e caritativos. Exigia-se dos membros inscritos uma© História da Igreja Moderna e Contemporânea64 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO explícita profissão de fé católica e a participação nas celebrações religiosas comunitárias. Além disso, cada corporação tinha o seu capelão, regularmente pago, que vigiava a conduta moral dos só- cios. É importante mencionar, nesse contexto, que o caráter reli- gioso das profissões era acentuado pela existência de uma confra- ternidade distinta, embora paralela à universidade. Essa confra- ternidade (ou confraria) tinha fins exclusivamente religiosos, tais como o sufrágio aos sócios defuntos, a celebração das festas do patrono e a assistência aos membros doentes. Ao lado dessas confrarias, paralelamente às corporações, havia outras nas quais nobres e artistas, médicos ou pessoas que tinham outra profissão se uniam se com finalidades cultuais (ado- ração ao Santíssimo Sacramento), caritativas (assistência aos con- denados à morte, prisioneiros etc.) ou catequéticas (confraria da doutrina cristã). A vida cristã desses séculos permaneceu incom- preensível, por muitos aspectos, a quem não tivesse presentes os estatutos, a atividade e a influência dessas confrarias. Monopólio da assistência e instrução Na prática, o monopólio da assistência e da instrução, bem como a direção de tudo aquilo que se refere ao sagrado, eram tomados pela Igreja. Em virtude disso, até o século 17, como o Estado não se interessava pela educação, ela esteve sempre nas mãos dos religiosos (jesuítas, beneditinos etc.). Vale dizer que, na época, os institutos educacionais femininos eram muito escassos; lá, apenas filhas dos nobres se formavam. Em contrapartida, as crianças pobres praticamente não tinham assistência nenhuma, não existindo nenhuma instrução de caráter popular (o percentual dos analfabetos superava 90% da população). 65© Século 17: O Século do Absolutismo 6. VIDA NA IGREJA DENTRO DO ABSOLUTISMO Além das características de uma sociedade oficialmente cris- tã, como teria sido o caminhar da Igreja no período do Absolutis- mo? Os aspectos positivos da vida cristã podem ser resumidos nos seguintes pontos: Sacramentos A participação maciça nos sacramentos, de modo especial nos séculos 16 e 17, foi um aspecto relevante na vida eclesial. Quase todos os fiéis participavam dos sacramentos, ao menos na Páscoa. Os diretores espirituais, como São Francisco de Sales, re- comendavam a comunhão semanal e, outros, até mesmo diária. Na Itália, de modo especial, difundiu-se a adoração ao Santíssimo Sacramento, exposto solenemente em várias igrejas com adoração perpétua. A prática de consagrar os meses de maio e outubro à Nossa Senhora é dessa época. Santidade Houve, nesse período, um florescimento excepcional de san- tos que deixaram marcas profundas e duradouras na mística; por exemplo: Teresa e João da Cruz, os quais criaram uma escola de espiritualidade. Na Espanha, • Teresa d´Ávila (1515-1582), após ter escalado lentamente os degraus da vida mística, funda, em 1562, o primeiro conven- to reformado de carmelitas em Ávila; depois, até a sua morte, percorre a Espanha para fundar carmelitas reformados com a ajuda de João da Cruz (1542-1591). Este último, em meio a ver- dadeiras perseguições, exprime sua experiência espiritual em poemas que são obras-primas da literatura universal. (COMBY, 1994, p. 36). Nesse sentido, recordam-se, ainda, os santos missionários, como São Paulo da Cruz, São Francisco de Sales e São Vicente de Paulo. São Vicente escrevia dizendo que o verdadeiro amor se tra- duz em atos: © História da Igreja Moderna e Contemporânea66 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO Amemos a Deus, irmãos meus, amemos a Deus, mas que o faça- mos às custas do suor de nossos próprios rostos...Há quem se de- leite com sua imaginação inflamada, que se contente com os doces encontros que tem com Deus na oração –e estes até mesmo falam como anjos- mas que, ao saírem do local de oração (pobrezinhos) quando é hora de trabalhar para Deus, de sofrer, de se mortificar, de instruir os pobres, de procurar ovelhas desgarradas, de amar o fato de padecer de alguma privação, de aceitar as moléstias ou quaisquer outras desgraças, desaparecem; a coragem lhes falta. Não! Não!, não nos enganemos mais: ´toda a nossa obra reside na ação (COMBY, 1994, p. 42). Cultura barroca O Absolutismo pode ser também chamado de Idade do Bar- roco. É importante mencionar, nesse contexto, que a cultura bar- roca se inspirou, em grande parte, no catolicismo. Até a metade do século 16, prevaleceu a influência da Espanha, que, naqueles anos, alcançou o máximo esplendor de sua arte e literatura: Lope de Vega, Calderón de la Barca, Miguel de Cervantes e Juan de Her- rera, o arquiteto do Escorial. Brilharam, ainda, os seguintes pinto- res espanhóis e flamengos: El Greco, Velásquez, Murilo, Rubens e Van Dyck. Na segunda metade do século 16, a arte barroca dominou a França: foi o século de ouro da literatura profana, em que se desenvolveu a oratória sacra, com Bossuet, e toda uma escola de espiritualidade, com Bérulle. Além disso, Roma teve, em Bernini e Borromino, a expressão dos melhores aspectos do barroco e, em Palestrina, uma nova forma musical. Devoção ao Sagrado Coração: já cultivada na Idade Média por vários santos, essa devoção rece- beu um novo estímulo graças à obra de três santos: João Eudes, Margarida Maria Alacoque e o beato Cláudio de la Colombière. Maior importância teve a narração de diversas visões de Santa Margarida entre 1673-1675. Inicialmente reservado à posição da Santa Sé, o culto ao Sagrado Coração de Jesus foi posteriormente aprovado para toda a Igreja em 1856, com Pio IX. 67© Século 17: O Século do Absolutismo A Igreja coordenadora da vida cristã Esse foi um aspecto mesclado com características positivas e negativas. Ao lado das festas extraordinárias (consagração de Igre- jas e canonizações que duravam dias inteiros), assistiam-se às pro- cissões (Corpus Christi e as representações sacras, como a Semana Santa). Nos países que tinham fronteira com países protestantes, essas festas constituíam uma catequese essencial, uma profissão de fé, uma vez que as pregações se transformavam em acontecimentos solenes nas cidades, fazendo os habitantes escutarem, sem dificul- dades, discursos de, aproximadamente, uma hora e meia. Nesse sentido, vale ressaltar, ainda, que a insuficiência da ca- tequese era suprida, em certos limites, com as missões populares, desenvolvidas por jesuítas, capuchinhos, vicentinos e, mais tarde, pelos passionistas e redentoristas. Nelas, os pregadores insistiam sobre os elementos fundamentais da catequese. Muitos fiéis es- peravam pacientemente os missionários para não perder a Palavra de Deus. Reunidos nas confrarias ou congregações marianas, os leigos exerciam, ainda, um verdadeiro apostolado, mesmo que li- mitados essencialmente à catequese e à caridade (assistência aos condenados à morte, aos presos, aos doentes etc.). Assim, a Igreja, por meio dos párocos, do clero em geral e do bispo, constituía, para as populações, um constante ponto de referência, um refú- gio civil e psicológico. Socialmente, constituía a única possibilidade concreta de uma certa promoção humana. Devocionismo Esse foi outro aspecto que caracterizou a vida da Igreja no período, possuindo um duplo ponto de vista. Como ponto negati- vo, podemos citar a ausência de um fundamento bíblico e litúrgico da piedade, visto que, como a maior parte da população não sabia ler, a Bíblia (escrita em latim) era acessível só à camada culta da sociedade; vale dizer que, até mesmo para essa camada, era proi- bida a sua leitura. © História da Igreja Moderna e Contemporânea68 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO Positivamente, por devocionismo entende-se o esforço de procurar outro nutrimento da piedade, dada a impossibilidade de acesso à Escritura e a incompreensão da liturgia em latim.O povo do Antigo Regime teve, em sua grande maioria, as verdades fun- damentais do catolicismo e as aceitava sem discutir. Tratava-se de uma fé sincera, ao menos em sua substância, que era expressa nas grandes obras ascéticas e na religiosidade das populações subde- senvolvidas, prevalentemente, agrícolas. Todas as camadas sociais tiveram condições de colher a essência do sagrado e de descobrir a espiritualidade divina. 7. TENDÊNCIAS RELIGIOSAS E POLÍTICAS NO ABSO- LUTISMO No período do Absolutismo, a Igreja e o Estado, embora fos- sem entidades separadas, caminharam juntos. O Estado, no en- tanto, fez de tudo para controlar a Igreja, e esta tentou lutar pela sua liberdade de ação. O reflexo dessas tendências se traduziu nas formas de controle do Estado sobre a Igreja, que veremos a seguir: O jurisdicionalismo A Igreja e o Estado, que são os dois elementos do sistema absolutista, ainda que antitéticos, desenvolveram-se ao mesmo tempo e de modo paralelo. Poderia se dizer que, em um primeiro momento, o Estado ajudou a Igreja, e isso prevaleceu por todo o século 16, e, no século 17, a Igreja foi subordinada ao Estado. As teorias que atribuíram ao Estado amplas prerrogativas em matéria eclesiástica se desenvolveram gradualmente, desde o fim da Idade Média até encontrar seu ponto culminante no século 17. A isso se chamou jurisdicionalismo, o qual, sob diversas formas, se manifestou em diversos reinos europeus. Segundo o princípio do jurisdicionalismo, o Estado absoluto suportou com extrema dificuldade a existência, no próprio territó- 69© Século 17: O Século do Absolutismo rio, de uma sociedade que se apresentava como soberana, inde- pendente, com uma jurisdição própria, não derivada da autorida- de civil. Com relação a essa posição, os soberanos absolutos foram movidos por três fatores: • a ciumenta tutela do Estado e seus poderes; propenso a estender seu controle sobre toda a vida dos cidadãos, até mesmo em suas consciências, o Estado sempre suspeitou de toda autoridade, sobretudo supranacional, muitas ve- zes, hostil, ao catolicismo e desejoso de fundar uma Igreja nacional; • a preocupação de resolver alguns problemas econômicos e, de modo especial, os eclesiásticos; • a persuasão de criar uma verdadeira missão religiosa des- tinada a eliminar abusos, aos quais os bispos e pontífices se opunham sem muita convicção. Muitos escritores ecle- siásticos davam o seu apoio a esses princípios, tais como Ludovico Muratori, que via na intervenção do Estado o único meio eficaz para uma renovação religiosa, podendo constatar-se isso em seu escrito sobre a felicidade públi- ca, objeto dos bons príncipes, de 1749. A Igreja foi, como se pode perceber, quase totalmente do- minada pelo Estado. Assim, sob a jurisdição soberana caiu tudo aquilo que, na Igreja, não derivava de instituição divina, cabendo, então, ao Estado regular a administração dos bens eclesiásticos, a nomeação dos bispos e párocos, a disciplina do clero e dos fiéis e, até mesmo, do culto. Em outras palavras, a Igreja foi reduzida à sa- cristia. Essa mentalidade, ao menos nas nações latinas, foi passado como herança do Estado absoluto ao Estado liberal, o qual sempre será movido pelo jurisdicionalismo. O Galicanismo A tendência que tinha o Estado absoluto de controlar a vida eclesiástica, na França, foi chamada de galicanismo. © História da Igreja Moderna e Contemporânea70 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO Nesse contexto, é importante mencionar que, a partir do século 15, o rei da França passou a ter uma série de privilégios sobre a Igreja francesa. Por exemplo, depois do Concílio de Trento, houve uma enorme resistência à introdução dos decretos tridenti- nos, tendo em vista que estes eram impostos por uma autoridade externa à da França. Contudo, na França, especialmente no período do Absolu- tismo, difundiu-se dentro da Igreja Francesa um espírito de certa aversão para com a autoridade romana, a qual tinha grande zelo por sua independência. Vários escritores incentivaram tal tendên- cia, como Pierre Pithou, em seu livro As liberdades da igreja gali- cana, de 1594, no qual catalogou, com base nos direitos consue- tudinários, 83 artigos, recolhendo-os em torno de dois princípios fundamentais: • Independência absoluta do soberano com relação ao papa no poder temporal. • Limitação dos poderes do papa no reino segundo os câno- nes conciliares e os costumes de direitos franceses. Pierre de Marca, arcebispo de Toulouse, autor da obra De concórdia sacerdotii et imperii (Sobre a concórdia sacerdócio e im- pério), de 1641, sustentou que as leis pontifícias não podiam ser aplicadas, a não ser depois da aceitação da Igreja, isto é, do corpo formado pelos fiéis e representado pelo príncipe. Na prática, por- tanto, o soberano seria livre para aceitar ou não as disposições romanas. Assim, duas tendências estavam presentes no clero da França: • a primeira procurava transferir a autoridade da Igreja do centro para a periferia (de Roma para a França), tendo al- gumas posições bem definidas, como a aspiração de uma maior autonomia conciliar com a mais rígida ortodoxia (galicanismo eclesiástico); • a segunda era propensa a aceitar a intervenção do poder civil nas questões religiosas (galicanismo político). 71© Século 17: O Século do Absolutismo Poderiam essas duas tendências conviver bem? Em Roma, a opinião comum era de reprovar a atitude do clero francês, uma vez que ele se contradizia, resistia ao papa e se tornava servo do soberano. A questão passou de pura tendência a uma clara declara- ção do clero Francês, quando, no dia 19 de março de 1682, foram aprovados quatro artigos pela Assembleia Geral do Clero, os quais davam plena autonomia à Igreja francesa. A declaração que defen- dia a independência da igreja francesa com relação a Roma foi re- digida por Jacques Benigne Bossuet (1627-1704), bispo e teólogo francês. Nesses quatro artigos, postulava-se o seguinte: Independência absoluta do soberano nas questões temporais; a superioridade do concílio sobre o papa segundo os decretos de Constança; a infalibilidade do papa condicionada pela aprovação do episcopado e inviolabilidade dos antigos e venerandos costu- mes da igreja galicana (MARTINA, 1996, n. p.). Luís XIV impôs tais determinações, formuladas de maneira precisa e clara, como matéria a ser estudada em todas as escolas teológicas. Inocêncio XI, mesmo antes de ser informado do teor dos artigos, com o breve Paternae Charitati, de 11 de abril de 1682, expressou severamente ao clero francês sua amargura pela fra- queza mostrada pelos bispos, que não tinham ousado defender os direitos da Igreja; assim, ele refutou seus argumentos e declarou nulas as disposições. Depois de várias controvérsias, em 1693, o rei Luís XIV anunciou ao papa que tinha revogado a ordem de en- sinar sobre os quatro artigos galicanos, encerrando o debate sobre o assunto. Josefinismo Tal como ocorreu na França, à tendência de o Estado interfe- rir na igreja aconteceu, também, no reino austríaco e na Toscana, com os reis Pedro Leopoldo e José II. © História da Igreja Moderna e Contemporânea72 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO Pedro Leopoldo subiu ao trono em 1765, com dezoito anos. Pedro permaneceu um ano em estudos, analisando a situação social, política, econômica e religiosa da Toscana, e, depois disso, passou diretamente à ação. Desligou-se de Viena, "toscanizou-se", escolheu uma mulher e seus ministros. Enérgico, dinâmico, dotado de intuito rápido, foi educado em Viena segundo os princípios ilu- ministas, e não aspirava às glórias militares, mas à fama de príncipe filósofo. Encontrou, então, em Florença um ótimo campo para sua ação, em que pôde promover várias reformas políticas, tais como: 1) a abolição das empreitadas e dos impostos; 2) a liberdade de comércio de grãos; 3) a supressãoda servidão; 4) a fundação de escolas públicas femininas, novidade ab- soluta naquele tempo; 5) a publicação do novo código penal. As reformas feitas por Pedro Leopoldo foram inseridas, tam- bém, no âmbito eclesiástico. Naturalmente, não lhe faltou a firme vontade, típica dos soberanos absolutos, de controlar inteiramente a atividade da Igreja. Vale dizer que as suas reformas realizadas no campo eclesiástico são características do sistema geral do jurisdicio- nalismo, ou seja, nenhuma norma vinda de Roma poderia ser apli- cada no Estado sem a permissão real. Assim, Pedro Leopoldo limitou a censura eclesiástica e alargou a estatal, de forma que, a partir de 1773, começaram a ser apreendidos os bens eclesiásticos. Além das reformas de Pedro Leopoldo, devemos citar, ainda, as reformas realizadas por José II, as quais também foram inspira- das pelo Iluminismo. José II governou sozinho de 1780 a 1790, sen- do caracterizado por não fazer consultas a Roma. Além disso, as leis por ele emanadas eram, às vezes, abstratas, mostrando como era pouco respeitoso ao caráter sobrenatural da Igreja, que consi- derava como um simples instrumento do reino. Sua obra eclesiástica pode ser resumida em objetivos preci- sos, a saber: 73© Século 17: O Século do Absolutismo 1) redução da Igreja a um completo controle da autoridade estatal, tornando difícil o relacionamento com Roma; 2) reforço do placet; 3) limitação e supressão das imunidades; 4) concessão aos bispos da autoridade de dispensar em ca- sos matrimoniais; por exemplo: autorizar um matrimô- nio caso uma das partes não tivesse a idade canônica para a sua realização, sem precisar recorrer a Roma; 5) proibição do apelo a Roma, tirando dos religiosos a de- pendência dos superiores de Roma; 6) determinação de pôr o matrimônio sob a jurisdição do Estado. José II também criou as seguintes leis no campo pastoral: suprimiu um terço dos conventos, reduziu as festas e reorganizou o culto. Placet é a permissão da aplicação de uma lei eclesiástica pela autoridade real. Assim, toda lei ou instrução que vinha de Roma para que pudesse ser aplicada na Igreja tinha de ter a autorização do rei. Nesse sentido, devemos destacar que a maior parte do clero e do episcopado austríaco não se opôs à vontade do imperador, o que levou o papa Pio VI a encontrar-se pessoalmente com ele em 1782. Vale dizer que o imperador também visitou Roma, onde, ao impor a sua vontade, obteve o consentimento do papa. No entan- to, com a morte de José II, a oposição fez-se forte, fazendo que grande parte das leis josefinas fossem canceladas. Jansenismo O jansenismo foi um debate doutrinal a respeito da graça di- vina que surgiu dentro da Igreja, uma vez que o Concílio de Trento não podia resolver todas as questões de caráter teológico; discu- tiam-se, então, a questão da graça divina e da liberdade humana, quando estas começaram a ser confrontadas com o que os refor- madores religiosos ensinavam, especialmente Lutero e Calvino. © História da Igreja Moderna e Contemporânea74 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO O jansenismo tem origem no debate teológico da Reforma: qual é o lugar respectivo da graça e da liberdade na slavação do homem? Uma poderosa tradição agostiniana enfatiza a graça e a predestina- ção em detrimento da liberdade humana. As teses de Baïus, teólo- go de Lovaina, que têm essa orientação, são condenadas em 1567. Em compensação, os jesuítas, como o espanho Molina, se esforçam por salvaguardar o lugar da liberdade, propondo a noção de uma graça suficiente que se torna eficaz em função da liberdade huma- na (1588) (COMBY, 1994, p. 46-47). O movimento do jansenismo estava ligado diretamente ao ensinamento de Cornélio Jansen, que contava com o auxílio de outros colaboradores, como Jean Du Vergier, seu amigo pessoal, o abade Antonio Arnauld e a abadessa Angélica Arnauld. Cornélio Jansen (1585-1638): de índole fria, inteligente e com uma memória prodigiosa, estudou em Lovaina e, depois, em Paris. Leu dez vezes as obras de Santo Agostinho e 30 vezes os estudos sobre a graça. Em 1636, tornou-se bispo de Ypres. Sua obra fun- damental é Augustinus, em que expôs seu pensamento sobre a graça. Jansen ensinava que, depois do pecado original, a natureza humana, intrinsecamente corrupta, perdeu a liberdade, manten- do somente a imunidade da coação externa, e não de uma de- terminação interna. Portanto, segundo Jansen, a vontade humana segue necessariamente a graça se esta é oferecida, ou a concupis- cência, quando na ausência da graça, é deixada sozinha. Assim, a graça nem sempre é concedida aos homens, e, nesse caso, estes, abandonados às suas forças, seguem, necessariamente, a concu- piscência e, consequentemente, pecam. E o que ensina a Igreja? Ele defende a liberdade e a graça ao mesmo tempo. Como se pode perceber, Janssen exaspera a eficácia da graça até destruir praticamente toda liberdade. Em contrapartida, a Igreja distingue graça eficaz, nem sempre concedida, e graça suficiente, sempre concedida (Janssen nega a graça suficiente). Segundo o jansenis- 75© Século 17: O Século do Absolutismo mo, portanto, Cristo não teria morrido por todos, mas somente pelos eleitos, aos quais é dada a graça. Dessa forma, fica bem clara, no jansenismo, a inclinação de transformar a Igreja de uma sociedade, na qual há lugar para todos, em uma "rede jogada ao mar", que recolhe peixes bons e maus, santos, pecadores, publi- canos, meretrizes, ainda que façam penitência, em uma seita de poucos eleitos. A grande consequência desse ensinamento reside no fato de que a natureza humana é julgada de forma negativa. Diante de um Deus árbitro, que elege a seu bel-prazer um pequeno número de eleitos, o posicionamento mais espontâneo é o temor, não o amor. Tem-se, dessa forma, uma visão negativa dos infiéis e pecadores, que constituiriam sempre o pecado, porque a natureza humana é corrupta; a demora em absolver os penitentes; a recusa a quem se poderia prever que recairia no pecado; o acúmulo de condições quase impossíveis para alcançar o que se pedia para a comunhão. Desse modo, se, de um lado, o jansenismo reavivou o senti- do do mistério, representando uma reação à tibieza e aos compro- missos cristãos, de outro lado, acabou impondo condições severas demais para permitir o acesso à Eucaristia e distanciando os fiéis dos sacramentos. O jansenismo firmou-se como uma piedade tipicamente de devoção, que dava preferência ao Senhor onipotente, incompre- ensível, inacessível, que decidia, arbitrariamente, a sorte dos ho- mens, contrapondo-se, pois, com a relação do Pai que ama, espera e perdoa. 8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira, na sequência, as questões propostas para verificar seu desempenho no estudo desta unidade: © História da Igreja Moderna e Contemporânea76 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 1) Você compreendeu bem o contexto do surgimento do Absolutismo? 2) No teu entender, como foi à relação entre Reis absolutistas e Cristianismo? 3) Como você explica o surgimento das correntes teológicas do período do Ab- solutismo? 4) Que avaliação você faz do jansenismo? 9. CONSIDERAÇÕES Nesta unidade, conhecemos o Absolutismo e suas caracte- rísticas, bem como sua influência dentro da Igreja e as tendências políticas/religiosas nesse período. Na próxima unidade, estudaremos conteúdos relacionados à era do Liberalismo. Até lá! 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDERSON, P. Linhagens do estado absolutista. Tradução de João Roberto Martins Filho. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. CECHINATO, L. Os 20 séculos de caminhada da Igreja. Petrópolis: Vozes, 2000. COMBY, J. Para ler a História da Igreja: do século XV ao XX. Tradução de GONÇALVEZ, M. S.; SOBRAL, A. V. São Paulo: Loyola, 1994. FRÖHLICH, R. Curso básico de História da Igreja. São Paulo: Paulinas, 1978. MACHADO, L. G. Homem e sociedade na teoria política de Jean-Jacques Rousseau. São Paulo: Martins, 1968.MARTINA, G. História da Igreja: de Lutero a nossos dias – a era do Absolutismo. São Paulo: Loyola, 1996. MONTALBAN, Francisco J. Historia de la iglesia católica: edad moderna. Madrid: Autores Cristianos, 1951. PIERINI, F. A Idade Média: curso de história da Igreja II. São Paulo: Paulus, 1997. SKINNER, Q. As fundações do pensamento político moderno. Tradução de Renato Janine Ribeiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. VV.AA. Nova história da Igreja. Petrópolis: Vozes, 1973. ZAGHENI, G. A Idade Contemporânea: curso de história da Igreja IV. São Paulo: Paulus, 1999. ______. A Idade Moderna: curso de história da Igreja III. São Paulo: Paulus, 1999.
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