Buscar

Direito Canonico II 4

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EA
D
A Penitência e a Unção dos 
Enfermos
4
1. OBJETIVOS
•	 Compreender	e	refletir	sobre	a	penitência.
•	 Interpretar	e	analisar	a	unção	dos	enfermos.
2. CONTEÚDOS
•	 Aspectos	teológicos	e	jurídicos	dos	sacramentos	da	peni-
tência	e	da	unção	dos	enfermos.
•	 A	celebração	da	penitência	e	da	unção	dos	enfermos.
•	 O	ministro	dos	sacramentos	de	cura.
•	 Os	sujeitos	da	penitência	e	da	unção	dos	enfermos.
3. ORIENTAÇÃO PARA O ESTUDO DA UNIDADE
Antes	de	 iniciar	o	estudo	desta	unidade,	é	 importante	que	
você	leia	as	orientações	a	seguir:
© Direito Canônico II
Centro Universitário Claretiano
142
1)	 Nesta	unidade	você	terá	contato	com	a	normativa	que	
disciplina	os	"sacramentos	de	cura":	a	penitência	e	a	un-
ção	dos	enfermos.	
2)	 A	Igreja	coloca	à	disposição	dos	próprios	fiéis	que	se	en-
contram	em	uma	condição	de	pecado	ou	de	grave	en-
fermidade	o	sacramento	da	penitência	e	da	unção	dos	
enfermos.	Estes	dois	sacramentos	se	destinam	a	propor-
cionar	aos	fiéis	a	saúde	e	o	conforto	espiritual	que	ne-
cessitam	e,	em	relação	à	unção	dos	enfermos,	também	a	
cura	do	corpo,	ser	for	o	caso.
3)	 A	condição	antropológica	do	destinatário	destes	sacra-
mentos	e	o	fato	de	a	unção	dos	enfermos	ter,	também,	
o	efeito	(secundário)	de	remitir	os	pecados,	particular-
mente	se	não	for	possível	administrar	o	sacramento	da	
penitência,	induziu	o	legislador	a	colocar	estes	dois	sa-
cramentos	um	ao	lado	do	outro,	considerando-os	como	
sacramentos	de	cura,	e	separando-os	da	iniciação	cristã	
e	daqueles	relativos	ao	estado	de	vida	(ordem	e	matri-
mônio).
4)	 O	esquema	que	seguiremos	na	explicitação	da	normati-
va	será	o	mesmo	das	unidades	anteriores:	aspectos	teo-
lógicos	e	jurídicos	fundamentais,	a	celebração,	o	minis-
tro	e	o	sujeito	do	sacramento.
5)	 Tendo	presente	a	extensão	da	normativa	e	a	complexi-
dade	do	tema,	não	deixe	de	ter	em	mãos	a	literatura	de	
apoio	indicada	nesta	unidade.	
6)	 Bom	estudo!
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE 
Nesta	unidade	você	terá	contato	com	a	normativa	que	discipli-
na	os	"sacramentos	de	cura":	a	penitência	e	a	unção	dos	enfermos.	
No	final	desta	unidade	você	terá	uma	suficiente	compreen-
são	da	disciplina	da	Igreja	sobre	estes	dois	sacramentos	e	colherá	
os	 elementos	 jurídicos	 necessários	 para	 avaliar	 a	 práxis	 eclesial	
que	os	envolve.
143© A Penitência e a Unção dos Enfermos
5. PENITÊNCIA
O	CIC	dedica	a	este	sacramento	38	cânones	(959-997)	distri-
buídos	em	um	esquema	idêntico	aos	demais	sacramentos:	prece-
de	um	cânon	introdutório	(cân.	959),	que	descreve	sinteticamente	
os	elementos	essenciais	do	sacramento	e	que	posteriormente	são	
retomados	nos	diversos	capítulos;	seguem	os	capítulos	sobre	a	ce-
lebração	do	sacramento	(960-964),	sobre	o	ministro	 (965-986)	e	
sobre	o	penitente	(987-991).	Por	fim,	temos	um	capítulo	dedica-
do	às	 indulgências	 (992-997).	Na	verdade	esta	última	normativa	
não	diz	propriamente	respeito	ao	sacramento	da	penitência,	que	
é	o	sacramento	do	perdão	dos	pecados,	mas,	de	certa	forma,	se	
encontra	conexa	com	este	sacramento.	Dela	não	nos	ocuparemos	
neste	texto.
O	CIC,	atendo-se	à	tradição,	chama	este	sacramento	"peni-
tência".	Não	 ignora,	porém,	o	 termo	"reconciliação"	 (cânn.	959,	
960)	presente	na	prenotanda do Ordo paenitentiae	 (1973)	e	em	
outros	 documentos	 do	Magistério.	 O	 termo	 "reconciliação",	 de	
origem	bíblica,	tem,	segundo	alguns	autores,	um	alcance	parcial,	
na	medida	 em	 que	 acentua	 somente	 alguns	 aspectos	 do	 sacra-
mento	(especialmente	o	efeito:	a	reconciliação	com	Deus	e	com	
a	Igreja).	A	penitência	é	uma	atuação	existencial	do	batismo	sob	
a	forma	de	aceitação	renovada	e	reconhecida	do	perdão	de	Deus	
e	de	reconciliação	com	o	próximo.	Essa	requer,	além	da	confissão	
e	satisfação,	a	intervenção	autorizada	e	eficaz	da	Igreja	mediante	
a	absolvição	e,	antes	ainda,	a	contrição.	O	nome	penitência	pare-
ce	colher	mais	diretamente	os	aspectos	essenciais	do	sacramento.	
Existem,	ainda,	outros	nomes,	como	"confissão",	"sacramento	do	
perdão"	e	"quarto	sacramento"	que,	na	verdade,	exprimem	algum	
aspecto	do	sacramento.	
A	normativa	que	 iremos	abordar	traz	consigo	um	conjunto	
de	questões	complexas	de	ordem	bíblica,	dogmática,	litúrgica,	his-
tórica,	moral	e	pastoral.	Obviamente	não	será	possível	aprofundar	
tais	questões	e,	por	 isso,	nos	 limitaremos	a	estudar	os	aspectos	
© Direito Canônico II
Centro Universitário Claretiano
144
jurídicos	do	sacramento,	sem,	contudo,	deixar	de,	ao	menos,	men-
cionar,	algumas	questões	de	maior	relevância.
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Nos últimos anos tem-se observado uma crise deste sacramento. Diversas são 
as razões que tentam explicar tal fenômeno e, talvez por isso, o Magistério apre-
sentou recentemente alguns documentos que tratam do tema: a) a exortação 
apostólica pós-sinodal Reconciliatio et Paenitentia (1984); o motu proprio Mi-
sericordia Dei (2002), sobre alguns aspectos da celebração do sacramento da 
penitência; o "Vademecum" para os confessores sobre alguns temas de moral 
atinentes à vida conjugal (1997), do Pontifício Conselho para a Família; algumas 
alocuções do Papa João Paulo II sobre o sacramento da Penitência à Penitencia-
ria Apostólica (2000). Não nos deteremos em tais documentos devido ao pouco 
tempo disponível para maiores aprofundamentos, o que não impede que cada 
aluno o faça por si. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Aspectos teológicos e canônicos fundamentais (cân. 959) 
 Aspectos teológicos
Os	 Evangelhos	 testemunham	 que	 Jesus	 remiu	 os	 pecados	
(Mc	2,5;		Mt	9,	2),	convidando,	ao	mesmo	tempo,	à	penitência,	ou	
seja,	à	conversão,	à	mudança	radical	da	própria	vida	(Mc	1,	15).
A	Igreja	pós-pascal	manifesta	a	consciência	de	que	o	poder	
de	Jesus	de	remir	os	pecados	passou	para	a	comunidade	cristã	e	
aos	seus	representantes	(Mt	16,	19;	18,	15-18;	Jo	20,	23).	As	co-
munidades	paulinas	conhecem	um	processo	penitencial	de	cará-
ter	medicinal	destinado	à	salvação	e	à	reconciliação	do	pecador.	
Igualmente	importante	é	salvaguardar	a	santidade	da	comunida-
de,	ofendida	pelo	pecado	(1	Cor	5,	3-5;	2	Cor	2,	5-11).
São	 estas	 as	 raízes	 neo-testamentárias	 do	 sacramento	 da	
penitência,	aprofundadas	nas	premissas	do	Rito	da	Penitência,	no	
qual	 vem	à	 luz	 o	 caráter	 eclesial	 tanto	 do	 pecado	 como	de	 sua	
remissão.	
O	sacramento	da	penitência	em	relação	à	sua	celebração	e	à	
sua	forma	conheceu	um	longo	processo	de	desenvolvimento.	
145© A Penitência e a Unção dos Enfermos
Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––
É útil brevemente recordar as etapas deste longo processo de desenvolvimento 
do sacramento da penitência em relação à sua celebração e à sua forma, a fim 
de colher as constantes e as variáveis de sua evolução histórica: 
a) Período da penitência antiga (até os séculos 6º-7º). As principais caracte-
rísticas deste período são: a excepcionalidade, a publicidade e a unicidade. 
Mais precisamente: não é habitual para o bom cristão recorrer à penitência 
canônica; o bom cristão, muito pelo contrário, não deveria dela necessitar. 
Sendo assim, a penitência era reservada a apenas alguns comportamentos 
considerados gravemente incompatíveis com a vida nova iniciada pelo batis-
mo, como era o caso da apostasia, do homicídio e do adultério. A aceitação 
do caminho penitencial por parte do fiel e a inscrição no ordo paenitentium 
por parte do Bispo, tornava pública a situação do penitente. Mas a principal 
característica é a não repetição do sacramento, pois uma recaída no pecado 
era vista como sinônimo de não sinceridade. Por este motivo, muitos prefe-
riam deixar a reconciliação para o momento da morte; 
b) Período da penitência tarifada (a partir do século 6º-7º). O cristianismo de 
então se tornou um fenômeno de massa; a crise da práxis penitencial favore-
ce o nascimento de um novo modelo de penitência, atuado e difundido pelos 
monges irlandeses. Passa-se de um itinerário penitencial único na vida, para 
a confissão frequente até o ponto de ser vivida como expressãode devoção. 
O sacramento se personaliza e se privatiza. Para facilitar o trabalho dos 
confessores são elaborados prontuários e surgem os livros penitenciais que 
continham verdadeiros e próprios catálogos das culpas e das respectivas 
penitências: para cada pecado é indicada uma "tarifa", uma espécie de taxa-
ção precisa expressa em mortificações e penitências; 
c) Período da práxis pós-tridentina (a partir do século 16). A reflexão escolás-
tica, com o seu método sistemático, deu a sua contribuição para esclarecer 
os diversos momentos e aspectos do sacramento da penitência. Contudo, a 
reforma protestante com as suas negações trouxe muitos questionamentos. 
O Concílio de Trento, particularmente nos decretos sobre a justificação e 
sobre a penitência, fixou os pontos irrenunciáveis sobre o sacramento da 
penitência na sessão XIV de 1551. Eis, de modo sintético, um resumo dos 
principais pontos:1) a penitência é um sacramento verdadeiro e próprio, ins-
tituído por Cristo para reconciliar com Deus os batizados caídos no pecado, 
sendo distinto do sacramento do batismo (DS 1668-1672 e 1701-1703); 2) 
o fundamento bíblico desta verdade se encontra em Jo 20, 22-23(DS 1668-
1672 e 1701-1703); 3) para a inteira e perfeita remissão dos pecados são 
necessários três atos do penitente: a contrição, a confissão e a satisfação, 
as quais são orientadas em direção à absolvição sacerdotal (DS 1673-1693 
e 1704-1715); 4) é necessário, por direito divino, confessar distintamente 
no sacramento da penitência todos os pecados mortais (DS 1707); 5) a ab-
solvição do sacerdote é um ato judicial e a sua função não se limita apenas 
a declarar que os pecados estão perdoados (DS 1684-1685 e 1709); 6) os 
ministros do sacramento da penitência são os bispos e os presbíteros (DS 
1684 e 1710); 7) o sacerdote que dá a absolvição necessita da jurisdição 
(DS 1686); 8) os bispos têm o direito de reservar a si o poder de perdoar cer-
tos pecados (DS 1687 e 1711); 9) a imposição da satisfação para que seja 
remida a pena é exigida pelo próprio sacramento (DS 1689-1693 e 1712-
1715); 10) uma vez ao ano todos os cristãos são obrigados a confessar os 
© Direito Canônico II
Centro Universitário Claretiano
146
seus pecados (mortais) – (DS 17708). Estes pontos essenciais fixados pelo 
Concílio de Trento formaram a espinha dorsal da catequese e da práxis pas-
toral sobre este sacramento até o Concílio Vaticano II, pois, a partir daí, os 
mesmos elementos foram enunciados com notáveis ampliações e um novo 
contexto bíblico-eclesiológico muito bem recordado pelas premissas do Rito 
da Penitência. 
O essencial do sacramento da penitência é que a reconciliação do pecador com 
Deus se realiza na reconciliação com a Igreja. Além disso, se pode afirmar que 
na evolução histórica da penitência o caráter pessoal deste sacramento sempre 
foi claramente reconhecido e colocado em evidência, sacrificando em boa medi-
da a dimensão eclesial e comunitária, redescoberta pelo Concílio Vaticano II. Até 
o presente momento, porém, não chegamos a uma práxis pastoral que equilibre 
estes dois aspectos.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O	cân.	959	retoma	alguns	elementos	essenciais	da	doutrina	
tradicional	 sobre	o	 sacramento	da	penitência	 formada	 ao	 longo	
deste	processo,	enriquecendo-os	com	o	ensinamento	do	Concílio	
Vaticano	II	(LG	11;	PO	5).
	É	um	dado	de	fé	que	Jesus	Cristo	instituiu	o	sacramento	da	
penitência	para	que	os	fiéis,	que	após	o	batismo	pecaram,	ao	se	
aproximarem	do	sacramento,	arrependidos	e	com	o	propósito	de	
se	 emendarem,	obtenham	a	misericórdia	 de	Deus,	 o	 perdão	da	
ofensa	feito	a	Ele	e,	ao	mesmo	tempo,	se	reconciliem	com	a	Igreja,	
à	qual	feriram	pelo	pecado.	
	 	O	pecado	grave	incide	na	relação	de	comunhão	do	fiel	com	
Cristo	e	com	a	Igreja.	O	pecador,	uma	vez	que	conserva	ainda	a	fé	e	
a	esperança,	continua	a	pertencer	à	Igreja,	mantendo	o	seu	direito	
de	receber	os	seus	bens	espirituais	(cân.	213).	Contudo,	a	sua	po-
sição	é	anômala,	pois	ele	quando	peca	gravemente	não	persevera	
na	caridade,	estando	unido	à	Igreja	com	o	corpo,	mas	não	com	o	
coração.	Por	isso,	a	ele	não	é	permitido	se	aproximar	da	Eucaristia	
(cân.	916).	Todavia,	com	o	sacramento	da	penitência	o	pecador	é	
salvo	e	reconciliado.	O	cân.	959	coloca	em	destaque	alguns	aspec-
tos	do	 sacramento	da	penitência:	nomeia	dois	dos	 três	 atos	es-
senciais	exigidos	do	penitente:	a	contrição	e	a	confissão;	recorda,	
ainda,	a	função	ministerial	da	absolvição;	indica,	enfim,	os	efeitos	
que	derivam	do	sacramento.	
147© A Penitência e a Unção dos Enfermos
Como	os	demais	 sacramentos,	 a	penitência	 também	é	um	
sinal	eficaz	de	graça.	É	o	sinal	eficaz	do	perdão	e	da	reconciliação.	
O	 sinal	 sacramental – São	quatro	 as	partes	 essenciais	 que	
compõem	o	sinal	sacramental	do	perdão	e	da	reconciliação.	Duas	
delas	são	atos	do	penitente	(a	contrição	e	a	confissão).	A	absolvi-
ção	é	o	ato	do	ministro	ou	confessor.	A	satisfação	ou	penitência	
corresponde	ao	ministro	indicá-la	e	ao	penitente	aceitar	cumpri-la	
(cânn.	959	e	981).	Retomemos	estes	elementos.	
a)	 A	contrição – implica	tanto	a	dor	ou	rechaço	do	pecado	
cometido,	quanto	o	propósito	de	não	voltar	a	cometê-lo.	
É certo que para se aproximar do sacramento da penitência é sufi-
ciente a atrição, ou seja, um arrependimento "imperfeito", causado 
mais pelo temor do que pelo amor, embora o desejável seja sem-
pre o amor e não o temor. 
b)	 A	confissão	– chamada	de	acusação	dos	pecados.	É	um	
ato	do	penitente	exigido	pela	necessidade	de	que	o	pe-
cador	 se	manifeste	ao	 sacerdote.	A	 confissão	é	um	si-
nal	do	encontro	do	pecador	com	a	mediação	eclesial	na	
pessoa	do	ministro,	um	sinal	do	reconhecer-se	pecador	
diante	de	Deus	e	da	Igreja.	
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A acusação dos pecados é um gesto litúrgico, solene em sua dramaticidade, 
humilde e sóbrio na grandeza de seu significado, não sendo uma mera "autoli-
bertação psicológica" do pecado. Cf. JOÃO PAULO II. Exortação Apostólica Re-
conciliatio et Paenitentia nº 31, São Paulo: Paulinas, 1984.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
c)	 A	absolvição – é	o	sinal	eficaz	da	intervenção	de	Deus.	
Mediante	a	fórmula	sacramental	e	os	gestos	que	a	acom-
panham	 se	manifesta	 neste	momento,	 pelo	ministério	
da	Igreja,	o	pecador	contrito	e	convertido	que	entra	em	
contato	com	o	poder	e	a	misericórdia	de	Deus.	
Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––
A absolvição que o sacerdote concede ao penitente "é o momento em que, em 
resposta ao penitente, a Santíssima Trindade se faz presente para apagar seu 
pecado e lhe devolver a inocência (...); é o sinal eficaz da intervenção do Pai em 
© Direito Canônico II
Centro Universitário Claretiano
148
cada absolvição e da ressurreição ante a morte espiritual que se renova cada 
vez que se celebra o sacramento da Penitência" (Cf. JOÃO PAULO II. Exortação 
Apostólica Reconciliatio et Paenitentia nº 31, São Paulo: Paulinas, 1984).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
d)	 A	 satisfação – chamada	 de	 penitência.	 Enquanto	 aco-
lhida	pelo	penitente	é	parte	 importante	do	 sacramen-
to.	Não	se	trata	de	pagar	pelo	perdão	recebido,	fruto	da	
graça	divina,	mas,	sim,	de	um	gesto	de	empenho	pesso-
al	que	o	penitente	assume	diante	de	Deus	em	busca	de	
uma	vida	nova.	
Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––
Em relação às obras de satisfação assim se manifesta o Papa João Paulo II: "são 
o sinal do compromisso pessoal que o cristão assumiu diante de Deus, no sacra-
mento, de começar uma existência nova (...); incluem a idéia de que o pecador 
perdoado é capaz de unir sua própria mortificação física e espiritual, buscada 
ou ao menos aceita, à Paixão de Jesus que lhe obteve o perdão; recordam que 
também depois da absolvição permanece no cristão uma zona de sombra (...) 
que sempre é necessário combater com a mortificação e a penitência" (Cf. JOÃO 
PAULO II. Exortação Apostólica Reconciliatio et Paenitentia nº31, São Paulo: 
Paulinas,1984).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Dimensão	 individual	e	eclesial	do	sacramento – O	pecado	é	
um	fato	profundamente	pessoal;	é	uma	ofensa	a	Deus	que	se	ori-
gina	no	coração	de	cada	homem,	em	sua	individualidade,	cujas	pri-
meiras	e	mais	importantes	consequências	afetam	ao	próprio	peca-
dor.	Contudo,	todo	pecado	tem	uma	dimensão	social,	no	sentido	de	
que	seus	efeitos	negativos	repercutem	misteriosamente	nos	demais	
membros	da	família	humana	e	da	comunidade	eclesial.	É	por	isso	
que	se	afirma	que,	além	de	uma	dimensão	individual	do	pecado	e	
da	penitência,	existe,	 também,	um	aspecto	comunitário	e	eclesial	
inerente	 à	 estrutura	 sacramental	 da	 penitência.	 Tal	 aspecto	 deve	
sempre	ser	evidenciado	na	práxis	penitencial	da	Igreja.	Portanto,	a	
eclesialidade	do	processo	penitencial	é	algo	inerente	ao	sacramento	
mesmo,	independentemente	da	forma	da	celebração.
 Aspectos jurídicos 
Os	aspectos	jurídicos	fundamentais	do	sacramento	da	peni-
tência	estão	contidos	na	LG	11	e	praticamente	são	repetidos	no	
149© A Penitência e a Unção dos Enfermos
cân.	959,	que	resume	a	doutrina	tradicional	da	Igreja	sobre	o	sa-
cramento.	
Mediante	o	sacerdote,	a	Igreja	emite	um	juízo	visível	sobre	
o	cristão	penitente,	que	se	converte	em	sinal	do	juízo	invisível	de	
Deus.	
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
É inegável que o sacramento possui uma estrutura análoga a um tribunal: trans-
gressão da lei (o pecado), acusação (o próprio penitente), o juiz (o sacerdote) e o 
seu pronunciamento (absolvição sacramental e penitência). A este respeito afir-
ma o Papa João Paulo II: "O sacramento da Penitência é, segundo a concepção 
tradicional mais antiga, uma espécie de ato judicial; porém, tal ato se desenvolve 
perante um tribunal de misericórdia, e não de estreita e rigorosa justiça, de modo 
que não é comparável, senão por analogia, aos tribunais humanos..." (Cf. JOÃO 
PAULO II. Exortação Apostólica Reconciliatio et Paenitentia nº 31, São Paulo, 
Paulinas, 1984).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Harmoniza-se	com	o	caráter	judicial	do	sacramento	a	sua	di-
mensão	terapêutica	ou	medicinal,	pois	não	se	trata	de	um	tribunal	
de	condenação,	mas	de	misericórdia,	de	cura	espiritual	e	de	saúde	
para	a	alma.	
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Aliás, a imagem do "confessor-médico" e do sacramento como cura espiritual 
é, sem dúvida, muito mais eficaz pastoralmente e menos problemática do que 
aquela do "confessor-juiz". O cân. 978 §1 acentua muito bem a dimensão tera-
pêutica, sem, contudo, se esquecer da dimensão judicial. Ambas se fundem e 
harmonizam.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A celebração do sacramento (cânn. 960-968) 
A	constituição	litúrgica	Sacrosanctum Concilium	tinha	esta-
belecido	no	número	72	que	o	rito	e	as	fórmulas	da	penitência	de-
veriam	ser	revistos	de	modo	a	exprimir	mais	claramente	a	natureza	
e	o	efeito	do	sacramento.	O	ponto	de	partida	para	esta	revisão	era	
o	Ritual	tridentino	de	Paulo	V	(1614),	que	havia	chegado	ao	Vati-
cano	II	praticamente	sem	mudança	alguma.	Como	fruto	da	revisão	
solicitada	pelo	Concílio	surgiu	o	Rito	da	Penitência	(1974)	o	qual	se	
de	um	lado	rearticulou	a	práxis	penitencial	da	Igreja,	de	outro	não	
© Direito Canônico II
Centro Universitário Claretiano
150
criou	uma	terceira	forma	de	penitência	em	relação	àquela	antiga	
e	à	penitência	privada,	mantendo,	portanto,	a	confissão	específica	
dos	pecados	e	a	absolvição	individual.	
O	novo	Ritual	romano	da	penitência	(RP)	autoriza	três	ritos	
distintos	para	a	celebração	do	sacramento	da	penitência:	
•	 O	rito	individual,	para	reconciliar	a	um	penitente	(rito	A);
•	 O	 rito	 comunitário,	para	 reconciliar	 a	 vários	penitentes,	
mantendo-se,	porém,	a	confissão	e	absolvição	individual	
(rito	B);	
•	 O	rito	comunitário,	utilizado	para	reconciliar	a	vários	peni-
tentes,	porém,	com	a	confissão	e	absolvição	geral	(rito	C).	
Os	dois	primeiros	são	os	modos	ordinários	de	celebrar	o	sa-
cramento	da	penitência,	pois	em	ambos	se	exige	a	confissão	e	a	
absolvição	individual.	Portanto,	do	ponto	de	vista	 jurídico,	a	ver-
dadeira	distinção	está	entre	a	confissão	e	absolvição	individual	e	
confissão	e	absolvição	geral.
Com este novo rito se pretende colocar em destaque o aspecto 
comunitário do sacramento, sem que isso signifique que a cele-
bração individual (rito A) não contenha em si mesma a dimensão 
comunitária e eclesial. 
Convém	observar	que	as	três	possibilidades	contidas	no	novo	
Ritual	romano	da	penitência	não	são	oferecidas	à	livre	escolha	de	
cada	um	e	muito	menos	se	complementam	entre	si.	Tanto	o	ritual	
quanto	o	CIC	reafirmam	que	a	confissão	individual	e	íntegra	e	a	ab-
solvição	individual	constituem	o	único	modo	ordinário	com	o	qual	
o	fiel	é	reconciliado	com	Deus	e	com	a	Igreja	(RP	31	e	cân.	960),	
como	ocorre	nos	ritos	A	e	B.	Já	a	utilização	do	rito	C	é	autorizada	
apenas	no	quadro	fixado	pela	normativa	(RP	31	e	cânn.	961-963).
O	CIC	nos	cânones	960-963	se	ocupa	apenas	dos	aspectos	
disciplinares	do	 rito	 individual	e	do	 rito	comunitário	com	a	con-
fissão	e	a	absolvição	geral.	O	rito	comunitário	com	a	confissão	e	
a	absolvição	individual	é	regulado	pelo	Rito	da	Penitência	(RP).	Já	
151© A Penitência e a Unção dos Enfermos
o	cân.	964	trata,	 também,	do	 lugar	e	sede	para	a	celebração	do	
sacramento.	
Inicialmente,	vamos	nos	ocupar	das	formas	previstas	para	a	
celebração	deste	sacramento	para,	em	seguida,	tratarmos	do	lugar	
e	sede	da	celebração	do	sacramento.
A forma ordinária (cân. 960) 
O	cân.	960	afirma	que	a	 confissão	 individual	 e	 íntegra	e	a	
absolvição	constituem	o	único	modo	ordinário	com	o	qual	o	fiel,	
consciente	de	pecado	grave,	obtém	a	reconciliação.	
Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––
Confissão individual significa que se atua na relação pessoal entre confessor e 
penitente. Na tradição se utiliza, também, o termo "confissão auricular", isto é, 
feita no ouvido do padre, particularidade que indica o caráter reservado do ato 
(segredo). Deve ser individual porque, como todos os sacramentos, também a 
penitência estabelece uma relação pessoal de cada fiel com Deus. Segundo a 
doutrina da Igreja o pecado é um ato do indivíduo, embora possua, também, 
reflexos coletivos, seja na causa e nos condicionamentos do ambiente, seja nos 
efeitos psicológicos e teológicos. É um ato responsável e, portanto, necessita ser 
confessado e absolvido individualmente.
O Papa João Paulo II, ao insistir sobre a importância da confissão individual, 
sempre destacou que se trata de um direito do fiel ter um encontro mais pessoal 
com o Cristo que perdoa e, ao mesmo tempo, um direito de Cristo de encontrar-
-se individualmente com cada um no momento chave da vida humana que é a 
conversão e o perdão. Todavia, o caráter pessoal e individual da confissão não 
deve nos levar a perder a dimensão comunitária ou eclesial. Individualidade e 
eclesialidade são dois aspectos não alternativos, mas complementares que a 
reforma do rito da penitência procurou ressaltar e tornar mais significativos (Cf. 
JOÃO PAULO II. Exortação Apostólica Reconciliatio et Paenitentia nº 31, São 
Paulo, 1984).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Em	relação	ao	cân.	960	convém	esclarecer	três	coisas	aqui:	
•	 O	sacramento	da	penitência	é	o	caminho	ordinário	para	
se	obter	o	perdão	e	a	remissão	dos	pecados	graves	come-
tidos	após	o	batismo.	
•	 Dentro	do	 âmbito	 sacramental,	 a	 confissão	 individual	 e	
íntegra	dos	pecados	graves,	como,	também,	a	absolvição,	
constituem	o	único	modo	ordinário	de	reconciliação,	ex-
ceto	no	caso	de	impossibilidade	física	ou	moral.
© Direito Canônico II
Centro Universitário Claretiano
152
•	 Este	princípio	geral	 condiciona	 toda	a	normativa	 subse-
quente	em	relação	às	outras	formas	de	celebração	do	sa-
cramento.
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O cân. 988 §1 esclarece o significado desta integridade. Todavia, o cânon960 
tem presente que o fiel poderá ter dificuldades objetivas e subjetivas para uma 
confissão íntegra. Poderia se tratar, por exemplo, de uma impossibilidade física, 
ou, ainda, de uma impossibilidade moral. Para solucionar esta dificuldade o le-
gislador usa o termo "por outros modos", sem, contudo, esclarecer em que con-
sistem. Outro modo é a "contrição perfeita" que produziria o seu efeito somente 
se houvesse um sincero desejo de receber o sacramento da penitência. É o caso 
regulado pelo cân. 916, mas não mencionado no texto.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A absolvição é individual como previsto pelo Ritual da Penitência. 
É importante distinguir entre a fórmula sacramental (inteira) e as 
palavras essenciais da fórmula sacramental, ou seja, a última fra-
se em uso a partir do século 13. Ordinariamente se utiliza a fórmu-
la inteira. Em casos extraordinários, perigo de morte, por exemplo, 
basta a última parte (RP 21): "Eu te absolvo dos teus pecados em 
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo".
A forma extraordinária: confissão e absolvição coletiva ou geral 
(cânn. 961-963) 
Trata-se	de	dar	a	absolvição	sacramental	coletiva	ou	geral	a	
um	grupo	de	penitentes,	sem	que	tenha	sido	realizada	a	confissão	
individual.	Nesta	forma	temos	tanto	a	absolvição	quanto	a	expia-
ção,	mas	falta	um	elemento	importante:	a	confissão individual.	Por	
este	motivo	esta	forma	é	chamada	de	extraordinária.	Revestindo-
-se,	portanto,	de	um	caráter extraordinário ela	não	é	deixada	à	
livre	escolha	do	ministro	ou	penitente,	pois	a	normativa	é	bastante	
clara.	Só	é	lícito	recorrer	a	ela	nos	seguintes	casos	(cân.	961	§1):	
•	 Quando	houver	iminente	perigo	de	morte	e	não	haja	tem-
po	para	que	o	sacerdote	ou	sacerdotes	ouçam	a	confissão	
de	cada	um	dos	penitentes.
•	 Quando,	tendo-se	em	conta	o	número	de	penitentes,	não	
houver	abundância	de	confessores	para	ouvirem	as	con-
153© A Penitência e a Unção dos Enfermos
fissões	de	cada	um,	dentro	de	um	tempo	conveniente,	de	
modo	que	os	penitentes,	sem	culpa	própria,	seriam	força-
dos	a	ficar	muito	tempo	sem	a	graça	sacramental	ou	sem	
a	sagrada	comunhão.		
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Seria o caso, por exemplo, de uma terra de missão, onde o sacerdote passa ra-
ramente e por um breve tempo, ou, então, a Igreja em uma situação de persegui-
ção. Não se considera, porém, necessidade suficiente, quando não pode haver 
confessores à disposição, só por motivo de grande afluência de penitentes, como 
pode acontecer, em alguma grande festa ou peregrinação (cân. 961 §1). Não é 
lícito reunir uma multidão, criando-se um fato consumado, para forçar o recurso à 
forma extraordinária, pois os fiéis convocados poderiam ter se confessado antes 
ou, então, poderiam se confessar depois sem maiores problemas. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Caberá	ao	Bispo	diocesano	(e	não	ao	confessor)	julgar,	levan-
do	em	consideração	os	critérios	indicados	pela	Conferência	Epis-
copal,	em	quais	situações	se	verifica	a	condição	estabelecida	pelo	
legislador	para	a	utilização	da	forma	extraordinária	(cân.	961	§2).	
ATENÇÃO
Para se evitar o recurso a tal forma é necessário que os fiéis te-
nham à sua disposição horários fixos, favoráveis e frequentes para 
se confessarem individualmente.
O	penitente	para	usufruir	validamente	da	absolvição	sacra-
mental	coletiva	deve	ter	as	devidas	disposições	interiores	(contri-
ção)	e	se	propor	a	buscar	a	confissão	individual	dos	pecados	graves	
que	na	ocasião	não	pôde	confessar	dentro	do	tempo	devido	(cân.	
962	§1).	Os	penitentes	no	momento	de	receber	a	absolvição	sa-
cramental	coletiva	devem	ser	instruídos	sobre	os	requisitos	para	a	
validade	da	mesma	e,	em	caso	de	perigo	de	morte,	se	houver	tem-
po,	devem	ser	exortados	a	fazer	o	ato	de	contrição	(cân.	962	§2).
O	cân.	963	estabelece	que	entre	uma	absolvição	geral	e	ou-
tra	é	preciso	recorrer	à	confissão	individual	dos	pecados	graves,	a	
não	ser	que	se	interponha	uma	justa	causa.	Nem	sempre	na	práti-
ca	isto	se	dá.	
© Direito Canônico II
Centro Universitário Claretiano
154
Lugar e sede da celebração do sacramento da penitência 
O	caráter	sagrado	e	eclesial	da	penitência	postula	para	sua	
mais	digna	celebração	um	lugar	sagrado.	Por	isso,	o	cân.	964	§1	es-
tabelece	que	a	igreja	ou	o	oratório	é	o	lugar	próprio	para	esta	cele-
bração.	Trata-se	de	um	lugar	genérico.	Em	todo	caso,	nada	impede	
que	este	sacramento	seja	celebrado	em	outros	lugares,	havendo	
uma	causa	razoável.
Quanto	à	sede	a	ser	utilizada	(lugar	específico),	cabe	às	Con-
ferências	Episcopais	a	atribuição	de	estabelecê-la.	
Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––
A esse respeito, assim dispôs a CNBB: 
1. O local apropriado para ouvir confissões seja normalmente o con-
fessionário tradicional, ou outro recinto conveniente expressamente 
preparado para essa finalidade. 2. Haja, também, local apropriado, 
discreto, claramente indicado e de fácil acesso, de modo que os fiéis 
se sintam convidados à prática do sacramento da penitência (ver 
apêndice do CIC).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Todavia,	o	cân.	964	§2	estabelece	que	deve	haver	em	lugar	
visível	confessionários	com	grades	fixas	entre	o	penitente	e	o	con-
fessor,	dos	quais	possam	usar	livremente	os	fiéis	que	o	desejarem.	
O	cân.	964	§3	reconhece,	porém,	que	nem	sempre	é	possível	usar	
o	confessionário,	permitindo,	então,	que,	por	justa	causa,	as	con-
fissões	sejam	ouvidas	fora	do	mesmo.
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A existência de confessionários com grades fixas entre o penitente e o confessor 
cumpre importantes funções:
a) se salvaguarda a necessária discrição e reserva;
b) se garante o direito de todos os fiéis a confessar os seus pecados sem a 
necessidade de revelar sua identidade pessoal;
c) se facilita a compreensão do caráter sacramental do ato; 
d) se protege o direito de cada fiel (confessor e penitente) a defender sua inte-
gridade e sua honra de qualquer perigo ou suspeita.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
155© A Penitência e a Unção dos Enfermos
O ministro do sacramento (cânn. 965-986) 
Somente	o	sacerdote	é	o	ministro	do	sacramento	da	peni-
tência;	apenas	a	ele	foi	conferido	o	poder	de	perdoar	os	pecados	
em	nome	e	na	pessoa	de	Cristo.	 Contudo,	 o	 caráter	 sacerdotal,	
embora	necessário,	não	é	suficiente	para	a	administração	válida	
do	sacramento.	Além	do	poder	de	ordem	o	ministro	necessita	de	
uma	faculdade	específica	para	ouvir	as	confissões	dos	fiéis	e	ab-
solvê-los.	
Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––
Os autores explicam esta exigência segundo uma tríplice perspectiva: como ins-
trumento para verificar a competência do confessor que, enquanto juiz, a deve 
possuir; como garantia de preparação que o confessor, enquanto médico da 
alma, deve ter; como expressão da comunhão hierárquica dos presbíteros com a 
ordem episcopal (PO 7). Aliás, esta última perspectiva é indubitavelmente aquela 
que melhor justifica a exigência de tal faculdade para a validade do sacramento, 
uma vez que o sacramento reconcilia o penitente mediante o ministério da Igreja 
e não apenas com a Igreja. O confessor age tanto na pessoa de Cristo quanto 
em nome da Igreja. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Vamos	compreender	melhor?
A aquisição da faculdade para ouvir confissões
Adquire-se	esta	faculdade	de	dois	modos	diversos,	conforme	
estabelece	o	cân.	966	§2:	em	virtude	do	próprio	direito	(ipso iure) 
ou	por	especial	concessão	da	autoridade	competente,	de	acordo	
com	o	cân.	969.
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A faculdade é exigida para a validade da absolvição (cân. 966 §1), pois cabe à 
Igreja, através de sua autoridade competente, definir tudo aquilo que se exige 
para a válida e lícita celebração dos sacramentos (cân. 841). O sacerdote que 
não podendo dar validamente a absolvição sacramental tenta dá-la ou escuta 
a confissão incorre na pena de suspensão latae sententiae(cân. 1378 §2, 2º).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A	 faculdade	 concedida	 ipso iure poderá	 se	 realizar	de	 três	
modos:	mediante	a	lei;	mediante	um	ofício;	mediante	a	suplência.	
© Direito Canônico II
Centro Universitário Claretiano
156
Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––
1. Mediante a lei: possuem a faculdade de confessar concedida pelo próprio 
direito: o Papa, os Cardeais e os Bispos, a não ser que em relação a estes 
últimos o Bispo diocesano, num caso particular, tenha se oposto (cân. 967 
§1).
2. Mediante um ofício: o cân 968 §§1-2 indica quem, por ofício, possui tal facul-
dade: o Ordinário local, entendido à norma do cân. 134 §2; o Cônego peniten-
ciário, entendido à norma do cân. 508 §§ 1-2; o Pároco e os outros que estão 
no lugar do pároco (cânn. 515 §1, 516 §1, 517 §1, 539, 541); os Superiores 
de instituto religioso ou de sociedade de vida apostólica se forem clericais de 
direito pontifício, que tiverem, de acordo com as constituições, poder execu-
tivo de regime, mas limitadamente aos próprios súditos e àqueles que vivem 
dia e noite na casa. Trata-se aqui não apenas dos Superiores Maiores, mas, 
também, de seus vigários e dos Superiores locais, se as constituições tam-
bém atribuem a eles o poder executivo (cân. 596 §2 e 620). Todas as pessoas 
indicadas, uma vez conferido o ofício, adquirem automaticamente a faculda-
de de receber confissões.
3. Mediante a suplência: basta se ater a quanto estabelece o cân. 144 §1.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Já	a	faculdade	obtida	por	concessão	da	autoridade	compe-
tente	é	regulada	pelos	cânn.	969-973.	Neles	o	legislador	indica	a	
quem	compete	conceder	esta	faculdade	e	fixa	os	requisitos	e	as	
modalidades	para	esta	concessão.	Vamos	ver	isso	melhor?
a)	 A	autoridade	competente	para	a	concessão	da	faculda-
de	(cân.	969) - Somente	o	Ordinário	local	é	competente	
para	dar	a	quaisquer	presbíteros	a	faculdade	de	ouvirem	
confissões	 de	 todos	 os	 fiéis.	 Além	dele,	 o	 Superior	 de	
instituto	 religioso	 ou	 de	 sociedade	 de	 vida	 apostólica,	
mencionado	no	cân.	968	§2,	tem	competência	para	con-
ceder	a	quaisquer	presbíteros	a	faculdade	de	ouvir	con-
fissões	de	seus	súditos	e	de	outros	que	vivem	dia	e	noite	
na	casa.	
b)	 Requisitos	e	modalidade	para	a	concessão	da	faculdade	
(cânn.	970-973)	–	A	autoridade	competente	para	conce-
der	a	faculdade	deve	acertar	a	idoneidade	do	presbíte-
ro	(cân.	970)	e	ouvir	o	seu	Ordinário	próprio	(cân.	971).	
Pode	conceder	a	faculdade	por	um	tempo	determinado	
ou	indeterminado	(cân.	972).	Quando	a	faculdade	é	con-
cedida	habitualmente,	isto	é,	de	modo	duradouro	e	não	
para	um	ato	 somente,	deve	 ser	dada	por	escrito	 (cân.	
973;	cân.	37).
157© A Penitência e a Unção dos Enfermos
Extensão da faculdade 
Aqueles	 que	 têm	 faculdade	 de	 ouvir	 confissões	 habitual-
mente,	em	virtude	de	 seu	ofício	ou	por	 concessão	do	Ordinário	
do	lugar	de	incardinação	ou	do	lugar	onde	têm	domicílio,	podem	
exercer	essa	faculdade	em	toda	a	parte,	a	não	ser	que	o	Ordinário	
local	se	oponha	em	algum	caso	particular,	salvas	as	prescrições	do	
cân.	974	§§	2	e	3.	
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Se o sacerdote não tem a incardinação ou o domicílio no lugar da autoridade que 
concedeu a faculdade, esta fica limitada ao âmbito de jurisdição do Ordinário que 
a concedeu. O conceito de domicílio encontra-se no cân. 102 §1. Por incardina-
ção se entende um vínculo jurídico mediante o qual um clérigo é definitivamente 
incorporado a uma Igreja particular, a uma prelazia pessoal, a um instituto de 
vida consagrada ou a uma sociedade com essa faculdade. A normativa sobre a 
incardinação e a excardinação se encontra nos cânn. 265-272.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Cada	 sacerdote,	mesmo	 se	 privado	 da	 faculdade	 de	 ouvir	
confissões,	absolve	validamente	e	licitamente	a	todos	os	peniten-
tes	que	se	encontram	em	perigo	de	morte	de	qualquer	censura	e	
pecado,	mesmo	se	estiver	presente	um	sacerdote	aprovado	(cânn.	
976;	292).
Perda da faculdade
A	faculdade	de	ouvir	confissões	cessa	quando	revogada	pela	
autoridade	competente	(cân.	974),	quando	se	perde	o	ofício,	a	in-
cardinação	ou	o	domicílio	(cân.	975).	A	normativa	se	desenvolve	
de	modo	paralelo	àquele	sobre	o	modo	de	receber	a	faculdade.	
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Em razão do cân. 977 a faculdade de ouvir confissões cessa em relação ao cúm-
plice em pecado contra o sexto mandamento, sendo a absolvição inválida, exceto 
em perigo de morte. Caso o confessor atentasse contra o sacramento incorreria 
no delito de absolvição do cúmplice (cân. 1378 §1). A faculdade não cessa se o 
cúmplice, após ter confessado junto a outro confessor o pecado cometido contra 
o sexto mandamento, confessa outros pecados. A faculdade de ouvir confissões 
cessa, também, quando há uma pena canônica imposta ou declarada por causa 
de delitos cometidos pelo sacerdote (cânn. 1331-1334; 1336). 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
© Direito Canônico II
Centro Universitário Claretiano
158
 As funções do confessor (cânn. 978-982) 
Uma	antiga	tradição	chama	o	ministro	deste	sacramento	de	
confessor.	O	 legislador,	nos	cânn.	978-982,	recorda	ao	sacerdote	
que	este	deve	dispor	de	uma	série	de	dotes	humanos,	de	virtudes	
cristãs	e	de	capacidades	pessoais	para	atuar	como	confessor.	É	um	
dever	do	sacerdote	se	manter	atualizado	por	meio	de	uma	forma-
ção	permanente	para	que	não	se	torne	pouco	preparado	para	o	
exercício	deste	ministério.
a)	 O confessor como juiz e médico – O	confessor	deve	ser	
antes	de	tudo	consciente	do	seu	papel.	Ele	é	"juiz	e	mé-
dico",	diz	o	cân.	978,	utilizando-se	de	imagens	da	tradi-
ção	bíblica	e	eclesial,	mas	sempre	ministro	da	justiça	e	
da	misericórdia	divina.
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O Pe. Hortal nos recorda que como juiz o ministro deverá formar-se um juízo 
prudente da causa, ou seja, deverá conhecer os pecados e as disposições do 
penitente, assim como pronunciar sua sentença. Como médico deverá procurar a 
cura ou a emenda do pecador. Como pai, representa a misericórdia divina e deve 
acolher o penitente com misericórdia. Como mestre deve, não em nome próprio e 
sim da Igreja, instruir ao penitente, atendo-se à doutrina do Magistério. Cf. HOR-
TAL, Jesus. Os sacramentos da Igreja na sua dimensão canônico-pastoral. São 
Paulo: Loyola, 1987, p. 140-144.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
b)	 Prudência e discrição – O	legislador	exorta	o	sacerdote	
a	proceder	com	prudência	e	discrição	ao	colocar	as	per-
guntas.	 Inicialmente,	o	confessor	deve	presumir	que	o	
penitente	 esteja	 preparado	 e	 tenha	 feito	 um	diligente	
exame,	tendo	a	intenção	de	realizar	uma	confissão	ínte-
gra.	Caso	isto	ocorra,	o	sacerdote	não	necessita	e	nem	
deve	fazer	perguntas.	Mas	o	penitente	pode	se	apresen-
tar	pouco	preparado	e	pedir	para	ser	ajudado	no	exame	
de	consciência.	Neste	caso	o	legislador	exorta	o	confes-
sor	 a	 colocar	 as	 perguntas	 com	prudência	 e	 discrição,	
tendo	presente	 a	 condição	 e	 idade	do	penitente	 (cân.	
979),	 sempre	 respeitando	 o	 quanto	 estabelece	 o	 cân.	
220.	
c)	 Dever	de	dar	a	absolvição	-	Quando	o	sacerdote	obser-
var	 que	 o	 penitente	 possui	 as	 disposições	 necessárias	
159© A Penitência e a Unção dos Enfermos
para	ser	reconciliado	com	Deus	e	com	a	 Igreja	ele	não	
poderá	negar	e	nem	diferir	a	absolvição	(cân.	980).	Tra-
ta-se	de	uma	aplicação	do	princípio	fixado	pelo	cân.	843.	
Portanto,	a	absolvição	somente	poderá	ser	negada	por	
um	motivo	muito	sério.	
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Um motivo sério seria o confessor que se depara com uma censura e não possui 
a faculdade para remiti-la. Neste caso precisa de um tempo para se dirigir ao 
superior. O cân. 982 estabelece que quem confessa ter denunciado falsamente à 
autoridade eclesiástica um confessor inocente a respeito de crime de solicitação 
para pecado contrao sexto mandamento do Decálogo não seja absolvido sem 
antes ter retratado formalmente a falsa denúncia e sem que se disponha a repa-
rar os danos, se houver.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
d)	 A	penitência	-	As	obras	de	satisfação	são	o	coroamento	
ou	ato	final	do	sinal	sacramental.	Ela	é,	na	verdade,	um	
sinal	do	empenho	pessoal	que	o	 cristão	no	 sacramen-
to	assumiu	diante	de	Deus,	na	busca	de	uma	existência	
nova.	Tais	penitências	devem	ser	salutares	e	convenien-
tes,	 sendo	necessário	 considerar	os	pecados	 confessa-
dos,	o	grau	de	piedade,	a	cultura	espiritual,	a	capacidade	
de	compreensão	e	eventuais	tendências	a	escrúpulo	do	
penitente	(cân.	981).
O sigilo sacramental e o segredo (cânn. 983-985) 
O	legislador	no	cân.	983	distingue	claramente	entre	sigilo sa-
cramental,	termo	utilizado	no	§1	em	referência	à	pessoa	do	sacer-
dote,	e	segredo,	termo	aplicado	a	outras	pessoas	distintas	do	con-
fessor	(§2).	Em	ambos	os	casos	se	quer	destacar	que	tudo	aquilo	
que	é	dito	no	sacramento	é	dito	a	Deus	e	não	pode	ser	divulgado.
O	sigilo sacramental	é	a	forma	mais	alta	e	absoluta	de	segre-
do	e	afeta	unicamente	ao	confessor.	É	matéria	de	sigilo	todos	os	
pecados	confessados	e	tudo	aquilo	que	foi	conhecido	na	confissão.	
A	obrigação	do	sigilo	permanece	mesmo	no	caso	em	que	a	absolvi-
ção	foi	diferida	ou	negada.	O	confessor	não	pode	de	forma	alguma	
trair	o	penitente,	por	palavras	ou	por	qualquer	outro	modo	e	por	
qualquer	que	seja	a	causa	(cân.	983	§1).
© Direito Canônico II
Centro Universitário Claretiano
160
Sobre	o	confessor	grava,	também,	a	obrigação	de	não	se	uti-
lizar	de	conhecimento	obtido	por	meio	de	confissão,	com	gravame	
do	penitente,	mesmo	se	for	excluído	qualquer	perigo	de	revelação	
(cân.	984	§1).	Esta	obrigação	geral	é	especificada	no	confronto	dos	
sacerdotes	que	são	constituídos	em	autoridade,	pois	estão	proibi-
dos	de	se	valer	de	informações	obtidas	em	confissão	para	agir	no	
foro	externo	(cân.	984	§2).
As	duas	obrigações	(sigilo	sacramental	e	a	não	utilização	da	
ciência	obtida	em	confissão)	são	gravíssimas	e	não	admitem	qual-
quer	exceção.	A	violação	é	considerada	um	delito	que	comporta	
graves	penas	(cânn.	1388	§1).
Quanto	ao	segredo,	tal	obrigação	recai	sobre	todos	os	que	
tomaram	 conhecimento	 por	 qualquer	 motivo	 e	 por	 qualquer	
modo	 dos	 pecados	 da	 confissão	 (intérprete,	 quem	 escuta	 uma	
confissão	feita	em	alta	voz	etc.).	A	violação	do	segredo	é	um	delito	
punido	com	uma	pena	indeterminada,	mas	obrigatória	(cân.	1388	
§2).	Também	o	penitente	deve	observar	o	segredo.	
Disponibilidade para as confissões (cân. 986) 
Todos	aqueles	que	possuem	o	encargo	de	cura	de	almas	de-
vem	providenciar	que	sejam	ouvidas	as	confissões	dos	fiéis	a	eles	
confiados	e	que	o	peçam	razoavelmente.	Para	 isso	é	 importante	
que	sejam	estabelecidos	dias	e	horário	para	as	confissões	individu-
ais	(cân.	986).	Nem	sempre	isso	ocorre,	por	motivos	vários...
Por	fim,	em caso de urgente necessidade,	qualquer	confes-
sor	 é	obrigado	a	 receber	 as	 confissões	dos	 fiéis	 e	em perigo de 
morte	qualquer	sacerdote	deve	fazê-lo	(cân.	986	§2	e	976).	É	um	
dever	de	todo	sacerdote	revelar	aos	homens	o	coração	do	Pai	e	ser	
uma	imagem	do	Cristo.
O Penitente (cânn. 987-991)
Após	ter	regulamentado	uma	série	de	questões	relativas	ao	
ministro	do	sacramento	da	penitência,	o	 legislador	em	cinco	câ-
161© A Penitência e a Unção dos Enfermos
nones	 estabelece	 algumas	poucas	 disposições	 relativas	 ao	 peni-
tente.	Por	penitente	se	entende	aquele	fiel	que,	de	fato,	procura	o	
sacramento	da	penitência	para	receber	a	absolvição	sacramental,	
fazendo	parte,	portanto,	do	sinal	sacramental.	Ao	penitente	assim	
entendido	se	referem	as	disposições	que	iremos	estudar.	Nelas	en-
contramos	elementos	da	doutrina	tradicional	sobre	o	sacramento	
da	penitência.	
Inicialmente	 convém	 destacar	 que	 o	 penitente	 retamente	
disposto	tem	o	direito	de	ser	ouvido	em	confissão	e	absolvido	de	
seus	pecados,	embora	o	juízo	sobre	tais	disposições	caiba	ao	mi-
nistro	do	sacramento.	Evidentemente	que	o	dom	da	salvação	e	o	
dom	do	perdão	oferecidos	no	sacramento	são	uma	ação	graciosa	
da	misericórdia	divina.	Consequentemente	o	direito	do	fiel	não	se	
situa	neste	nível,	pois	o	que	é	graça	não	pode	ser	visto	como	uma	
exigência	de	justiça.	Todavia,	Cristo	entregou	este	dom	salvífico	à	
Igreja,	convertendo-a	em	dispensadora	de	tal	dom	por	intermédio	
de	seus	ministros.	Sendo	assim,	havendo	a	devida	disposição	cabe	
a	estes	o	dever	de	absolver	 (cumprindo	a	vontade	do	Senhor)	e	
ao	fiel	o	direito	de	ser	absolvido.	Como,	portanto,	os	atos	do	peni-
tente	são	fundamentais	para	a	celebração	do	sacramento.	Vamos	
aprofundá-los.	
Entre	as	partes	ou	 realidades	que	compõem	o	 sinal	 sacra-
mental	 do	perdão	 temos	os	 atos	 do	penitente.	 São	 eles:	 a	 con-
trição	(precedida	por	um	exame	de	consciência),	a	acusação	dos	
pecados	e	a	satisfação.
a)	 A	acusação	íntegra	dos	pecados – A	Igreja	incluiu	no	si-
nal	sacramental	da	penitência	a	acusação	dos	pecados	
(confissão).	Ela	consente	ao	confessor	de	exercitar	o	pa-
pel	 de	 juiz	 e	 de	médico,	mas	 é,	 também,	 um	 sinal	 do	
encontro	do	pecador	com	a	mediação	eclesial	na	pessoa	
do	ministro.	O	fiel	tem	a	obrigação	de	confessar,	quan-
to	à	espécie	e	ao	número,	todos	os	pecados graves	de	
que	tiver	consciência,	após	diligente	exame,	cometidos	
depois	do	batismo	e	ainda	não	diretamente	perdoados	
pela	Igreja,	nem	acusados	em	confissão	individual	(cân.	
988	§1).
© Direito Canônico II
Centro Universitário Claretiano
162
b)	 Distingue-se	entre	integridade	formal	ou	subjetiva	da	in-
tegridade	material	ou	objetiva.	Ao	penitente	é	exigida	a	
integridade	 formal,	ou	seja,	aquela	possível	nas	condi-
ções	e	na	situação	de	cada	sujeito.	Trata-se,	portanto,	de	
uma	 integridade	possível	e	 significa	que	o	penitente	é	
obrigado	a	confessar	todos	os	pecados	graves	que	recor-
dar	caso	não	haja	uma	 impossibilidade	 física	ou	moral	
que	o	dispense.	Cessadas	as	circunstâncias	(normalmen-
te	extrínsecas	e	objetivas)	que	impedem	o	penitente	de	
confessar	 integralmente	 seus	 pecados	 graves,	 volta	 a	
obrigação	de	confessar	o	que	foi	omitido.
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Entre as causas de impossibilidade física indicamos: a ignorância da língua do 
confessor, o mutismo, a perda da memória, a situação de uma grave doença que 
não permite o penitente de falar etc. Entre as causas de impossibilidade moral 
temos: a ignorância não consciente, o perigo de violação do sigilo sacramental, 
o perigo de infâmia (quando a confissão é ouvida por outros), o perigo de escân-
dalo ou de pecado para o confessor ou para o penitente, uma particular relação 
que liga o penitente e o confessor, não sendo, por essa razão, oportuno ou ex-
cessivamente gravoso manifestar os próprios pecados; o perigo de grave dano 
espiritual para si ou para outros, etc.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
c)	 A	obrigação	da	confissão - O	fiel	tem	a	obrigação	de	con-
fessar	 os	 pecados graves	 cometidos	 pelo	 menos	 uma	
vez	 ao	ano.	 Portanto,	 a	obrigação	da	 confissão	 subsis-
te	somente	se	o	fiel	cometeu	um	pecado	grave	e	deve	
ser	cumprida	em	qualquer	tempo	do	ano	litúrgico	(cân.	
989).	
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Quanto aos pecados ditos veniais a Igreja também aconselha, embora não obri-
gue, que sejam confessados (cân. 988 §2). Todavia, como existe o dever da 
comunhão pascal (cân. 920 §2), o fiel, se não o fez antes, deve se confessar por 
ocasião da páscoa.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
d)	 Liberdade	de	escolher	o	confessor - O	fiel	pode	se	con-
fessar	com	qualquer	confessor	legitimamente	aprovado,	
mesmo	de	outro	rito	(cân.	991).	
e)	 Satisfação	– Quanto	à	penitência	ou	satisfação,	basta	se	
ater	ao	quanto	dito	anteriormente	ao	nos	referirmos	ao	
ministro.
163© A Penitência e a Unção dos Enfermos
6. UNÇÃO DOS ENFERMOS (CÂNN. 998-1007)
Segundo	o	Concílio	 de	Trento	 (DS	1716),	 o	 sacramentoda	
unção	dos	enfermos	foi	instituído	por	Cristo	(Mc	6,13)	e	recomen-
dado	e	promulgado	pelo	Apóstolo	Tiago	(Tg	5,13-14).
Na	 Igreja	 antiga	 encontramos	 pouquíssima	 documentação	
sobre	este	sacramento.	Existe	certa	alusão	ao	uso	do	óleo,	como,	
por	exemplo,	na Didaché	e	nas	Constituições	Apostólicas.
As	razões	deste	silêncio	das	fontes	podem	ser	explicadas	por	
três	motivos:
a)	 nos	primeiros	séculos	a	atenção	da	Igreja	se	voltou	para	
os	sacramentos	da	Eucaristia,	batismo	e	penitência;	
b)	 a	unção	era	um	rito	pacificamente	aceito	e	não	foi	obje-
to	de	polêmica	alguma;			
c)	 a	carta	de	São	Tiago	era	pouco	conhecida	até	então.	
No	século	5º	o	Papa	Inocêncio	I	se	pronuncia	sobre	a	unção,	
respondendo	a	uma	consulta	que	lhe	foi	feita.	Nela	se	perguntava	
qual	sentido	deveria	ser	dado	à	palavra	"presbítero",	que	aparece	
na	carta	de	Tiago,	pois	se	queria	saber	se	o	ministro	da	unção	seria	
o	presbítero	ou,	então,	o	bispo.	O	Papa	responde	que,	logicamen-
te,	o	ministro	da	unção	é	também	o	Bispo,	mas	se	este	está	envol-
vido	com	outras	ocupações	nada	impede	que	o	presbítero	o	faça.	
Esta	 resposta	 do	 Papa	 historicamente	 adquiriu	 grande	 im-
portância,	pois	se	transformou	na	principal	fonte	jurídica	para	os	
séculos	seguintes,	seja	como	interpretação	autêntica	do	texto	bí-
blico	de	São	Tiago,	seja	pela	autoridade	da	qual	estava	revestida.	A	
ela	se	faz	referência	na	Constituição	Apostólica	Sacra infirmorum 
unctio	de	Paulo	VI.
Antes	do	século	8º	encontramos	vários	ritos	e	modos	de	se	
conferir	a	unção.	Ao	 lado	da	unção	sacramental	existia,	ainda,	a	
prática	da	unção	privada	que	poderia	ser	feita	aos	enfermos	por	
qualquer	pessoa.	Todavia,	vai	se	tornando	cada	vez	mais	constante	
nos	documentos	da	Igreja	a	referência	ao	texto	de	São	Tiago	toda	
vez	que	se	fala	da	unção	como	sacramento.
© Direito Canônico II
Centro Universitário Claretiano
164
Do	 século	 8º	 ao	 século	 13	 não	 encontramos	 documentos	
em	nível	 de	 Igreja	universal	 relativos	 a	 este	 sacramento.	Alguns	
sínodos	ou	 concílios	 regionais	 e	 locais	 insistiram	em	uma	maior	
valorização	deste	sacramento	e	em	sua	administração	segundo	a	
"tradição	apostólica".	
Eugênio	 IV,	 no	 Concílio	 de	 Florença	 (1439-1445),	 expõe	 a	
doutrina	da	unção	tal	como	foi	elaborada	e	aperfeiçoada	ao	longo	
dos	séculos	precedentes,	indicando	a	matéria,	a	forma,	o	sujeito,	o	
número	de	unções,	o	ministro	e	o	efeito	do	sacramento	(DS	1324-
1325).
O	Concílio	de	Trento	 (1545-1563)	reafirmou	a	natureza	sa-
cramental	da	unção	em	um	contexto	histórico	no	qual	esta	foi	ne-
gada	e	expôs	os	principais	aspectos	doutrinais	deste	sacramento	
(DS	1694-1700).
Várias	intervenções	dos	Papas	e	da	Cúria	Romana	ocorridas	
nos	 séculos	 seguintes	 procuraram	 resolver	 dúvidas	 e	 problemas	
concretos,	esclarecendo,	sobretudo,	a	quem	compete	administrar	
o	sacramento	e	quais	seriam	as	faculdades	dos	párocos.
O	CIC	de	1917	praticamente	reafirma	o	quanto	ficou	estabe-
lecido	no	Concílio	de	Trento.
O	Vaticano	II	se	ocupou	da	unção	nos	seguintes	documentos:	
Sacrosanctum Concilium (SC), Lumen Gentium (LG), Presbyterorum 
Ordinis (PO) e Orientalium Ecclesiarum (OE).	
Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––
A SC exprime uma preferência pela utilização do nome "Unção dos Enfermos", 
substituindo a antiga expressão "Extrema-Unção", pois não se trata de um sa-
cramento dado apenas aos que estão no final da vida, mas, também, para todos 
os que começam a correr perigo de morte, por motivo de doença ou de idade 
avançada (cf. nº 73). Além disso, prescreve a revisão do Ritual e ordena que seja 
revisto o número de unções (cf. nºs 74-75).
 A LG, no contexto do exercício do sacerdócio comum dos fiéis, nos diz que: 
Pela Sagrada Unção dos enfermos e pela oração dos presbíteros, a 
Igreja toda entrega os doentes aos cuidados do Senhor sofredor e 
glorificado, para que os alivie e salve (Tg 5,14-16) (cf. nº 11).
165© A Penitência e a Unção dos Enfermos
O decreto PO se ocupa do ministro próprio do sacramento da Unção: os pres-
bíteros que "pela unção dos enfermos aliviam os doentes" (cf. nº 5). Por fim, o 
decreto OE admite uma exceção em relação ao sujeito da unção, por força da 
qual, o fiel oriental que, em boa fé, se encontra fora da Igreja Católica, sob de-
terminadas condições, pode receber a unção de um sacerdote católico, como, 
também, um fiel católico, em determinadas circunstâncias e em determinadas 
condições, pode receber a unção de um ministro oriental não católico (cf. nº 27). 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Por	fim,	Paulo	VI,	em	novembro	de	1972,	promulgou	a	Cons-
tituição	Apostólica	Sacra infirmorum unctio,	mediante	a	qual	pro-
curou	modificar	a	fórmula	do	sacramento,	estendeu	a	matéria	aos	
olhos	vegetais	e	esclareceu	a	questão	da	repetição	do	sacramento.
De	todas	essas	fontes	que	mencionamos	dependem	os	cânn.	
998-1007	do	CIC	atual	dedicados	à	unção.	A	matéria	encontra-se	
distribuída	da	seguinte	forma:	um	cânon	introdutório	que	contém	
os	principais	aspectos	teológicos	do	sacramento	(cân.	998);	quatro	
cânones	dedicados	à	celebração	do	sacramento	(cânn.	999-1002);	
um	cânon	dedicado	ao	ministro	(cân.	1003)	e	quatro	cânones	que	
tratam	do	sujeito	apto	a	receber	o	sacramento	(cânn.	1004-1007).
Passemos,	então,	para	o	estudo	dos	principais	aspectos	da	
normativa.	
Vamos	lá?
Aspectos teológicos e canônicos fundamentais (cân. 998) 
O	cân.	998,	utilizando-se	das	palavras	da	LG	11,	esclarece-
-nos	que	a	finalidade	deste	sacramento	é	a	de	recomendar	ao	Se-
nhor	sofredor	e	glorificado	os	fiéis	gravemente	doentes,	para	que	
os	alivie	e	salve.	Ao	mesmo	tempo	estabelece	a	matéria	e	forma	
deste	sacramento	ao	afirmar:	"confere-se	ungindo-os	com	óleo	e	
proferindo	as	palavras	prescritas	nos	livros	litúrgicos"	(cân.	998).
Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––
Como todo sacramento do NT a unção dos enfermos é um sinal visível através 
do qual se expressa e se realiza a graça específica do sacramento. Esta signifi-
cação eficaz se realiza mediante um rito sagrado que consiste em ungir com óleo 
o corpo do enfermo (matéria) ao mesmo tempo em que se pronunciam as se-
guintes palavras (forma): "Por esta santa unção e por sua piíssima misericórdia, 
© Direito Canônico II
Centro Universitário Claretiano
166
o Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo para que, liberto 
dos teus pecados, ele te salve e, na sua bondade, alivie os teus sofrimentos". 
 A matéria remota, isto é, a substância utilizada para realizar a unção, sempre 
foi o óleo de oliva bento e consagrado pelo bispo. Todavia, o Concílio de Trento 
deixou indeterminado o tipo de óleo a ser utilizado, limitando-se a afirmar que a 
Igreja, segundo a carta de São Tiago, sempre usou o óleo benzido pelo bispo. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O	CIC	atual	 inova	em	relação	ao	CIC	de	1917	(cân.	937)	na	
terminologia	utilizada	(não	mais	"extrema	unção",	mas,	sim,	"un-
ção	dos	enfermos")	 e	na	 individuação	dos	elementos	 teológicos	
que	definem	o	sacramento	(LG	11)	e	na	determinação	da	matéria	
exigida	na	realização	do	rito	(não	mais	óleo	de	oliva,	mas	simples-
mente	"óleo",	inclusive	vegetal).	
Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––
A história deste sacramento é marcada, ao menos no Ocidente, por duas con-
cepções diferentes entre si. A primeira, consolidada a partir do século 11 e pre-
dominante até o Concílio Vaticano II, considera a unção como "extrema unção", 
ou seja, o sacramento dos moribundos, dispondo-os para a morte e para a gloria 
celeste. A segunda, prevalente nos primeiros nove séculos, constante no Orien-
te, retomada pela teologia contemporânea e assumida pelo Concílio Vaticano 
II, interpreta a unção como sacramento dos doentes que oferece aos fiéis que 
passam pela prova da doença, o conforto de Cristo e da Igreja. O Ritual Romano 
reformado e promulgado por Paulo VI já no título indica a orientação que se deve 
seguir: "Sacramento da unção e cura pastoral dos enfermos".––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O	sacramento	da	unção	dos	enfermos	constitui	um	dos	sete	
grandes	sinais	da	salvação.	Na	vida	da	Igreja	o	zelo	de	Cristo	pelos	
doentes	tornou-se	um	sinal	sacramental	através	da	unção	dos	en-
fermos	efetuada	com	o	óleo	benzido.	Esboçado	pelo	evangelista	
Marcos	(Mc	6,12-13),	o	sacramento	aparece	com	clareza	na	carta	
de	São	Tiago	quando	nos	diz:	
Está	alguém	enfermo?	Chame	os	presbíteros	da	Igreja,	e	estes	fa-
çam	oração	sobre	ele,	ungindo-o	com	óleo	em	nome	do	Senhor.	A	
oração	da	fé	salvará	o	enfermo	e	o	Senhor	o	restabelecerá.	Se	ele	
cometeu	pecados,	ser-lhe-ão	perdoados	(Tg	5,14-15).		
O	sacramento	da	unção	dos	enfermos	está	inserido	em	uma	
das	experiências	mais	angustiosas	para	a	consciência	humana:	a	
dor	 e	 a	doença.	 Seguindo	o	exemplo	do	 Senhor,	 a	 Igreja	procu-
ra	cuidar	dos	enfermos,	mostrando-se	solícita	para	com	eles,	pois	
167© A Penitência e a Unção dos Enfermos
sabe	que	 tal	 serviço	 é	 prestado	 ao	 próprio	 Cristo	 nos	membros	
sofredores	de	seu	Corpo.
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A comunidade cristã mostra a sua solicitude pelos enfermos de vários modos: 
com a visita aos doentes, com a ajuda no sofrimento, com o conforto da fé, com 
a oração da esperança em favor deles. O sinal principal desta solicitude é o sa-
cramento da unção dos enfermos através do qual se pede a cura e, sobretudo, 
a graça de se viver de modo cristão a doença. No ato litúrgico da unção dos 
enfermos instaura-se entre os doentes e a comunidade uma relação especial: 
"A Igreja os recomenda ao Senhor sofredor e glorificado para que alivie as suas 
penas e os salve e os exorta a unir-se espontaneamente à paixão e morte de 
Cristo, contribuindo, assim, para o bem do Povo de Deus" (LG11). Dos enfermos 
a Igreja espera um testemunho e uma missão particular: "lembrar aos que gozam 
de saúde de que existem bens essenciais e duradouros e que apenas o mistério 
da morte e ressurreição de Cristo poderá redimir e salvar esta nossa vida mortal" 
(Ritual da Unção dos Enfermos 3). 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A celebração do sacramento da unção dos enfermos (cânn. 999-
1002)
O	CIC	contém	algumas	novidades	em	relação	ao	novo	ritual.	
Ficou	determinado	que	a	matéria	do	sacramento	é	o	óleo	de	oliva	
ou,	conforme	a	oportunidade,	outro	óleo	vegetal.	O	contexto	mais	
apropriado	para	a	benção	do	óleo	é	a	missa	do	crisma	presidida	
pelo	Bispo.	Mas	todos	os	equiparados	ao	Bispo	diocesano	e	qual-
quer	presbítero,	em	caso	de	necessidade,	pode	benzer	o	óleo	a	ser	
utilizado	no	sacramento	da	unção	dos	enfermos	(cân.	999).	
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O rito da unção dos enfermos e sua assistência pastoral, aprovado por Paulo VI 
em 1972, introduziu algumas adaptações, levando em consideração determina-
das circunstâncias modernas. Particularmente destacamos:
a) foi modificada a fórmula sacramental de modo que fossem mais bem expres-
sos os efeitos do sacramento;
b) ficou estabelecido que pode ser utilizado, de acordo com as circunstâncias, 
qualquer óleo vegetal e não apenas de oliva, como no passado;
c) simplificou-se o rito e o número das unções.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Em	relação	às	unções,	na	Idade	Média,	na	Igreja	de	Roma,	
tinha-se	o	hábito	de	ungir	os	enfermos	nos	cinco	sentidos,	pedin-
© Direito Canônico II
Centro Universitário Claretiano
168
do	para	cada	um	deles	o	perdão	pelos	pecados	cometidos.	Agora	
são	previstas	duas	unções:	uma	sobre	a	testa,	recitando	a	primeira	
parte	da	fórmula,	e	a	outra	sobre	as	mãos,	completando	o	restante	
da	fórmula.	Se	necessário	é	possível,	também,	uma	só	unção,	ou	
sobre	a	testa,	ou	em	qualquer	outra	parte	do	corpo	(cân.	1000	§1).	
O	legislador	acrescenta	que	o	ministro	deve	fazer	a	unção	com	a	
própria	mão,	a	não	ser	que	uma	razão	grave	aconselhe	o	uso	de	
instrumento	(cân.	1000	§2).
Quatro	são	os	esquemas	de	celebração	do	sacramento	pre-
vistos	para	circunstâncias	diversas:
a)	 o	rito	ordinário;
b)	 a	celebração	durante	a	missa;
c)	 a	celebração	em	uma	grande	assembléia	de	fiéis;
d)	 a	 celebração	 para	 conferir	 a	 penitência,	 o	 viático,	 e	 a	
confirmação	a	um	enfermo	em	perigo	de	morte.
A	situação	de	doença,	particularmente	quando	esta	é	grave	
ou	crônica,	por	motivo	de	idade	avançada,	pode	tornar	difícil	para	
o	doente	viver	a	celebração	do	sacramento	com	consciência	e	luci-
dez.	Por	este	motivo,	a	Igreja	recomenda	que	os	pastores	de	almas	
e	os	parentes	cuidem	para	que	os	doentes	sejam	confortados	pelo	
sacramento	em	tempo	oportuno	(cân.	1001).	
Por	fim,	em	relação	à	celebração	comunitária	do	sacramento	
para	um	grande	número	de	doentes	o	CIC	se	limita	a	lembrar	que	
os	fiéis	devem	estar	adequadamente	preparados	e	bem	dispostos	
e	que	cabe	ao	Bispo	diocesano	estabelecer	normas	a	esse	respeito	
(cân.	1002).	
O ministro da unção dos enfermos (cân. 1003)
Todo	sacerdote,	e	somente	ele,	pode	administrar	validamen-
te	a	unção	dos	enfermos	(cân.	1003).
169© A Penitência e a Unção dos Enfermos
Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––
A fonte do cân. 1103 é o Concílio de Trento que afirma que isso está indicado 
claramente nas palavras de São Tiago (Tg 5, 14-15). O Concílio esclarece que por 
presbítero se deve entender no texto bíblico os Bispos ou os sacerdotes por eles 
regularmente ordenados (DS 1697 e 1719). 
Durante a fase de revisão do CIC, um consultor propôs que o diácono fosse ad-
mitido como ministro extraordinário da unção dos enfermos. A questão foi remeti-
da para o Papa João Paulo II que reafirmou a exclusiva reserva do ministério da 
unção dos enfermos ao sacerdote, acolhendo, assim, a doutrina teologicamente 
certa e a prática multissecular da Igreja, segundo a qual, o único ministro válido 
é o sacerdote (bispo e presbítero). A exclusiva reserva do ministério da unção 
ao sacerdote está em relação de dependência com o sacramento do perdão 
dos pecados e a digna recepção da Eucaristia. Portanto, nenhum outro pode 
ser considerado ministro ordinário ou extraordinário do sacramento. De fato, não 
encontramos no Magistério qualquer documento que acene para a possibilidade 
de transferir a competência da unção dos enfermos aos diáconos, nem mesmo 
como ministros extraordinários.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Têm	o	dever	e	o	direito	de	administrar	a	unção	dos	enfermos	
todos	os	sacerdotes	encarregados	da	cura	de	almas,	em	favor	dos	
fiéis	confiados	a	seus	cuidados	pastorais,	a	saber:	o	pároco	(cân.	
530,	3º),	o	capelão	(cân.	566	§1),	o	reitor	do	seminário	(cân.	262),	
os	cooperadores	do	pároco	(cân.	548	§2),	os	superiores	das	comu-
nidades	religiosas	clericais.	
Por	 uma	 causa	 razoável,	 qualquer	 outro	 sacerdote	 pode	
administrar	 esse	 sacramento,	 com	 o	 consentimento,	 ao	 menos	
presumido,	 do	 sacerdote	 que	 possui	 tal	 direito	 (cân.	 1003	 §2).	
Qualquer	sacerdote	poderá	levar	consigo	o	óleo	bento	para	poder	
administrar,	em	caso	de	necessidade,	o	sacramento	da	unção	dos	
enfermos	(cân.	1003	§3).
A quem se deve administrar a unção dos enfermos (cânn. 1004-
1007) 
Nos	 primeiros	 séculos	 sujeito	 da	 unção	 dos	 enfermos	 era	
considerado	o	fiel	doente.	O	Concílio	de	Florença	(1439)	confirma	
a	teoria	e	a	práxis	dominante	na	idade	média	segundo	a	qual	o	su-
jeito	de	tal	sacramento	seria	apenas	o	doente	que	corria	risco	de	
morrer	(DS	1324).	O	Concílio	de	Trento,	mesmo	confirmando	subs-
tancialmente	a	doutrina	do	Concílio	de	Florença,	considera	o	sujei-
© Direito Canônico II
Centro Universitário Claretiano
170
to	deste	sacramento	o	doente	grave	(DS	1698).	O	Concílio	Vaticano	
II,	na	constituição	SC	73,	estabeleceu	que	a	unção	dos	enfermos	
deve	ser	administrada	toda	vez	que	por	enfraquecimento	físico	ou	
velhice	o	enfermo	começa	a	entrar	em	perigo	de	morte.	Sendo	as-
sim,	o	cân.	1004	§	1	estabelece	o	seguinte:	"A	unção	dos	enfermos	
pode	ser	administrada	ao	fiel	que,	tendo	atingido	o	uso	da	razão,	
começa	a	estar	em	perigo	pormotivo	de	doença	ou	velhice".	
À	 norma	 do	 cân.	 1004	 §1	 podemos	 afirmar	 que	 são	
necessários	três	requisitos	para	que	se	possa	administrar	este	sa-
cramento:
•	 Ser	fiel	–	sendo	a	unção	sacramento	da	fé,	não	pode	ser	
conferida	a	quem	ainda	não	foi	batizado,	pois	o	batismo	é	
a	porta	dos	sacramentos.	
•	 Ter	 chegado	 ao	 uso	 da	 razão	 -	 O	 sacramento	 deve	 ser	
dado	aos	doentes	que	ao	menos	implicitamente	o	pedi-
ram	quando	estavam	no	uso	de	razão	(cân.	1006).	Portan-
to,	não	é	necessário	ter	o	uso	de	razão	no	momento	da	
administração	do	sacramento.	
•	 Estar,	mesmo	no	começo,	em	perigo	por	motivo	de	do-
ença	ou	velhice	–	Não	se	exige	mais	que	o	doente	esteja,	
de	fato,	à	beira	da	morte.	É	suficiente	que	comece	a	se	
encontrar	em	perigo	devido	a	uma	situação	que	poderá	
levá-lo	à	morte.	
Vamos	aplicar	tais	requisitos	a	alguns	casos	concretos	para	
facilitar	sua	compreensão:	
a)	 Quem	irá	se	submeter	a	uma	intervenção	cirúrgica	por	
causa	de	uma	doença	grave,	por	exemplo,	pode	receber	
a	unção,	tanto	por	causa	da	doença	em	si,	quanto	por	
causa	dos	riscos	embutidos	em	qualquer	cirurgia	(anes-
tesia,	infecção	etc.).	
b)	 Quem	se	encontra	em	idade	avançada	e	com	as	forças	
debilitadas	também	pode	receber	a	unção,	mesmo	que	
não	tenha	uma	doença	grave	específica.	
171© A Penitência e a Unção dos Enfermos
c)	 É	possível,	ainda,	dar	a	unção	às	crianças.	Além	de	uma	
doença	grave,	é	bom	lembrar	que	se	exige,	também,	o	
uso	de	razão,	como	visto	anteriormente.	A	idade	de	07	
anos,	geralmente	usada,	é	apenas	um	 indicativo	geral,	
pois	o	que	importa,	na	verdade,	é	verificar	em	cada	caso	
específico	se	a	criança,	em	sua	vida	humana	e	religiosa,	
consegue	compreender	que	obterá	conforto	ao	receber	
o	sacramento,	aceitando-o,	portanto,	de	bom	grado.	
d)	 Os	que	perderam	o	uso	da	razão	ou	se	encontram	em	es-
tado	de	inconsciência	também	podem	receber	o	sacra-
mento	desde	que	haja	suficiente	motivos	para	sustentar	
que	estes,	se	estivessem	conscientes,	teriam	pedido	ou	
aceitado	livremente	o	sacramento	(cân.	1006).	
e)	 Por	fim,	na	dúvida	se	o	doente	já	atingiu	ou	não	o	uso	de	
razão,	se	está	gravemente	doente	ou	não,	se	está	mor-
to	ou	não,	o	sacramento	deve	sempre	ser	administrado	
(cân.	1005).
O	sacramento	poderá	ser	repetido	se	o	doente,	depois	de	ter	
convalescido,	recair	em	doença	grave,	ou	durante	a	mesma	enfer-
midade,	se	o	perigo	se	agravar	(cân.	1004	§2).
A	unção	não	deve	ser	administrada	aos	que	perseverarem	
obstinadamente	em	pecado	grave	manifesto	(cân.	1007).	
Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––
Esta norma se encontra em paralelo com o cân. 915, mas, as duas situações são 
diferentes. O estar em perigo de morte não é um momento qualquer da vida e 
relativamente a este momento a Igreja, cuja lei suprema é a salvação das almas, 
em sua ação se limita ao essencial, pedindo, apenas, o essencial. Além disso, é 
necessário que nesta circunstância (perigo de morte) tanto o fiel quanto a Igreja 
desejem o que é necessário para a salvação. Portanto, o estar em situação de 
pecado grave manifesto não deveria constituir um impedimento ao sacramento, 
por exemplo, se tal sacramento fosse simplesmente pedido. Ao contrário, a von-
tade de perseverar obstinadamente no pecado deveria ser provada e não pode 
ser presumida, pois, o bem maior aqui é a salvação, lei suprema da Igreja. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
© Direito Canônico II
Centro Universitário Claretiano
172
7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira,	na	sequência,	as	questões	propostas	para	verificar	
seu	desempenho	no	estudo	desta	unidade:
1)	 A	normativa	canônica	sobre	o	sacramento	da	Penitência	prevê	quantas	for-
mas	de	celebração	deste	sacramento?	É	possível	utilizar	qualquer	uma	de-
las,	indistintamente?	Justifique.
2)	 A	confissão	individual	seguida	da	absolvição	sacramental	é	a	única	forma	de	
se	obter	o	perdão	dos	pecados	graves?	Justifique.
3)	 O	que	se	exige	do	ministro	para	que	possa	atender	aos	fiéis	em	confissão?	
Basta	ter	sido	ordenado?
4)	 No	sacramento	da	Penitência	existe	alguma	diferença	entre	sigilo	sacramen-
tal	e	segredo?	Explique.
5)	 Quem	pode	receber	o	sacramento	da	unção	dos	enfermos?
8. CONSIDERAÇÕES
Nesta	unidade,	você	foi	convidado	a	compreender	e	refletir	
sobre	a	penitência,	bem	como	Interpretar	a	unção	dos	enfermos.
Na	próxima	unidade,	você	será	convidado	a	compreender	os	
principais	aspectos	normativos	relativos	ao	sacramento	da	ordem.
Até	lá!
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GHIRLANDA,	G.	O direito na Igreja, mistério de comunhão.	Compêndio	de	Direito	Eclesial.	
Aparecida:	Santuário,	2003.	
GRINGS,	D.	A ortopráxis da Igreja.	O	Direito	Canônico	a	serviço	da	pastoral.	Aparecida:	
Santuário,	1996.
HORTAL,	J.	E haverá um só rebanho:	história,	doutrina	e	prática	católica	do	Ecumenismo.	
São	Paulo:	Loyola,	1989.
______.	O código de direito canônico e o ecumenismo.	Implicações	ecumênicas	da	atual	
legislação	canônica.	São	Paulo:	Loyola,	1990.	
______.	Os sacramentos da Igreja na sua dimensão canônico-pastoral.	São	Paulo:	Loyola,	
1987.	
173© A Penitência e a Unção dos Enfermos
JOÃO	PAULO	 II.	Exortação Apostólica Reconciliatio et Paenitentia,	São	Paulo:	Paulinas,	
1984.
MÜLLER,	I.	Direitos e deveres do Povo de Deus.	Petrópolis:	Vozes,	2004.	
Centro Universitário Claretiano – Anotações

Outros materiais