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Contratos - Formação dos contratos

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FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
Fernanda Oliveira Santos
A MANIFESTAÇÃO DA VONTADE
É o primeiro e mais importante requisito de existência do negócio jurídico. O contrato é um acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir direitos. Constitui o mais expressivo modelo de negócio jurídico bilateral.
Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona nos trazem o seguinte exemplo: Caio (parte 1), manifestando o seu sério propósito de contratar, apresenta uma proposta ou oferta a Tício (parte 2), que, após analisá-la, aquiesce ou não com ela. Caso haja aceitação, as manifestações de vontade fazem surgir o consentimento, consistente no núcleo volitivo contratual.
Do ponto de vista do direito, somente vontade que se exterioriza é considerada suficiente para compor suporte fático de negócio jurídico; aquela que permanece interna, como acontece como a reserva mental, não serve a esse desiderato, pois que de difícil, senão impossível, apuração. 
Princípio da Autonomia da Vontade x Princípio da Supremacia da Ordem Pública.
A vontade, uma vez manifestada, obriga o contratante, segundo o princípio da obrigatoriedade dos contratos (pacta sunt servanda), e significa que o contrato faz lei entre as partes, não podendo ser modificado pelo Judiciário. 
Opõe-se a ele o princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva (CC, art. 478), baseado na cláusula rebus sic stantibus e na teoria da imprevisão e que autoriza o recurso ao Judiciário para se pleitear a revisão dos contratos, ante a ocorrência de fatos extraordinários e imprevisíveis.
FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA VONTADE
a) Expressa — é a que se realiza por meio da palavra, falada ou escrita, e de gestos, sinais ou mímicas, de modo explícito, possibilitando o conhecimento imediato da intenção do agente. É a que se verifica, por exemplo, na celebração de contratos verbais ou escritos e na emissão de títulos de crédito, cartas e mensagens. 
b) Tácita — é a declaração da vontade que se revela pelo comportamento do agente. Pode -se, com efeito, comumente, deduzir da conduta da pessoa a sua intenção. É o que se verifica, por exemplo, nos casos de aceitação da herança, que se infere da prática de atos próprios da qualidade de herdeiro(CC, art. 1.805), e da aquisição de propriedade móvel pela ocupação (art. 1.263).
c) Presumida — é a declaração não realizada expressamente, mas que a lei deduz de certos comportamentos do agente. Assim acontece, por exemplo, com as presunções de pagamento previstas nos arts. 322, 323 e 324 do Código Civil, de aceitação da herança quando o doador fixar prazo ao donatário para declarar se aceita ou não a liberalidade e este se omitir (art. 539) e de aceitação da herança quando o herdeiro for notificado a se pronunciar sobre ela em prazo não maior de trinta dias e não o fizer (art. 1.807). 
Difere a manifestação presumida da vontade da tácita, porque aquela é estabelecida pela lei, enquanto esta é deduzida do comportamento do agente pelo destinatário.
CIVIL. LOCAÇÃO. CLÁUSULA PENAL FIXADA PARA A HIPÓTESE DE O INQUILINO DESOCUPAR O IMÓVEL SEM PROVIDENCIAR A PINTURA DO IMÓVEL. VALIDADE. LIVRE MANIFESTAÇÃO DA VONTADE DAS PARTES. ORÇAMENTO APRESENTADO QUE, ADEMAIS, EXCEDE O VALOR DA CLÁUSULA PENAL. IMPOSSIBILIDADE, DIANTE DE TAL PECULIARIDADE, DE REDUÇÃO EQUITATIVA. JULGAMETNO ANTECIPADO DA LIDE. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE QUALQUER ORÇAMENTO CONTRAPOSTO INDICANDO EXCESSO. 1. Justamente pela presunção que a lei confere à previa estipulação das perdas e danos, em especial porque, fixada substancialmente abaixo do orçamento apresentado pelo credor, não se cogita de redução equitativa de que cuida o art. 413, do Código Civil. 2. Some-se a tais aspectos a ausência de um orçamento contraposto discriminando com minúcia as obras a serem realizadas para se justificar o julgamento antecipado da lide sem que isso represente cerceamento de defesa. 3. Recurso improvido. (Processo APL 10124040420168260100 SP 1012404-04.2016.8.26.0100 - Orgão Julgador 35ª Câmara de Direito Privado – Julgamento 13 de Março de 2017- Relator Artur Marques)
ESPÉCIES DE DECLARAÇÕES DE VONTADE
a) Declaração receptícia da vontade é a que se dirige a pessoa determinada, com o escopo de levar ao seu conhecimento a intenção do declarante, sob pena de ineficácia. Ocorre com maior frequência no campo das obrigações, especialmente na revogação do mandato (CC, arts. 682, I, e 686) e na proposta de contrato, que deve chegar ao conhecimento do oblato para que surja o acordo de vontades e se concretize o negócio jurídico (arts. 427 e 428). 
b) Declaração não receptícia é a que se efetiva com a manifestação do agente, não se dirigindo a destinatário especial. Produz efeitos independentemente da recepção e de qualquer declaração de outra pessoa. Assim ocorre, por exemplo, com a promessa de recompensa, a aceitação de letra de câmbio e a revogação de testamento.
CONTRATO DE ARRENDAMENTO DE ESPAÇOS PARA EXPLORAÇÃO DE MENSAGENS PUBLICITÁRIAS. PREVISÃO DE CLÁUSULA RESOLUTÓRIA EXPRESSA DIANTE DO DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES ASSUMIDAS PELO ARRENDATÁRIO. RECONHECIMENTO DA FALTA DESTE, E NOTIFICAÇÃO PREMONITÓRIA DO MESMO, PARA EVITAR O ROMPIMENTO DO VÍNCULO POR INADIMPLEMENTO, NÃO ATENDIDA. LEGÍTIMA A EXIGÊNCIA DA ARRENDADORA, CONSISTENTE EM COMPELIR A ARRENDATÁRIA A DESOCUPAR ALUDIDOS ESPAÇOS, E DA PRETENSÃO A RECEBER OS VALORES QUE NÃO LHE FORAM PAGOS EM RAZÃO DE ALUDIDA OCUPAÇÃO. A RESILIÇÃO UNILATERAL DO CONTRATO EM CURSO, POR PRAZO INDETERMINADO, É FACULDADE DE CADA CONTRATANTE, MAS DEVE SER OBJETO DE DECLARAÇÃO RECEPTÍCIA DE VONTADE, REGULARMENTE TRANSMITIDA AO OUTRO. (Processo APL 01465508820028190001 RIO DE JANEIRO CAPITAL 6 VARA CIVEL - Orgão Julgador DECIMA OITAVA CAMARA CIVEL – Julgamento 8 de Junho de 2004 – Relator NASCIMENTO ANTONIO POVOAS VAZ)
c) Declaração direta é a feita sem a intermediação de qualquer pessoa.
d) Declaração indireta é aquela em que o declarante se utiliza de outras pessoas (como o representante) ou meios (como cartas e telegramas) para que a declaração chegue ao destinatário.
O SILÊNCIO COMO MANIFESTAÇÃO DE VONTADE
Art. 111. do Código Civil - O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.”
O silêncio pode ser interpretado como manifestação tácita da vontade:
a) Quando a lei conferir a ele tal efeito. É o que sucede, por exemplo, na doação pura, quando o doador fixa prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou (CC, art. 539).
b) Quando tal efeito ficar convencionado em um pré-contrato ou ainda resultar dos usos e costumes, como se infere do art. 432 do Código Civil. 
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar -se –á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa.
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATO C/C DESPEJO. FALTA DE PAGAMENTO. COBRANÇA DE ALUGUÉIS. AUSÊNCIA DE ASSINATURA. CONFIRMAÇÃO TÁCITA. PURGAÇÃO DA MORA. PRAZO DA CONTESTAÇÃO. INADIMPLÊNCIA. CARACTERIZAÇÃO. PAGAMENTO DE ALUGUEL. PROVA. RECIBO DE QUITAÇÃO. PAGAMENTO DE DESPESAS EXTRAORDINÁRIAS. SILÊNCIO. ACEITAÇÃO TÁCITA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 6. À luz do art. 111 do código civil, o silêncio importa anuência quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. (Processo APC 20120710080139 - Orgão Julgador 3ª Turma Cível – Julgamento 19 de Fevereiro de 2014 – Relator OTÁVIO AUGUSTO)
RESERVA MENTAL
CONCEITO
Para Carlos Roberto Gonçalves, “ocorre reserva mental quando um dos declarantes oculta a sua verdadeira intenção, isto é, quando não quer um efeito jurídico que declara querer. Tem por objetivo enganar o outro contratante ou declaratário”. 
Nelson Nery Junior a define como sendo “a emissão de uma declaração não querida em seu conteúdo, tampouco em seu resultado, tendo por único objetivo enganar o declaratário”.
A reserva, istoé, o que se passa na mente do declarante, é indiferente ao mundo jurídico e irrelevante no que se refere à validade e eficácia do negócio jurídico.
CONDUTAS DE BOA E DE MÁ -FÉ
Exemplificando: Boa-fé - é aquele em que o declarante manifesta a sua vontade no sentido de emprestar dinheiro a um seu amigo (contrato de mútuo), porque este tinha a intenção de suicidar-se por estar em dificuldades financeiras. A intenção do declarante não é a de realizar o contrato de mútuo, mas, tão somente, salvar o amigo do suicídio. Ainda assim, o propósito de engano encontra-se presente, sendo hipótese típica de reserva mental. E, má-fé, a declaração do testador que, com a preocupação de prejudicar herdeiro, dispõe em benefício de quem se diz falsamente devedor.
EFEITOS
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
A reserva mental desconhecida da outra parte é irrelevante para o direito.
A reserva mental conhecida da outra parte não torna nula a declaração de vontade; esta inexiste, e, em consequência, não se forma o negócio jurídico. 
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PRELIMINARES. ARGUIÇÃO DE FALSIDADE EM OUTRO PROCESSO. IMPOSSIBILIDADE. INDEFERIMENTO DE PROVAS. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. NULIDADE. AFASTADA. RESERVA MENTAL. INEXISTÊNCIA. MERO INADIMPLEMENTO. RESCISÃO DO CONTRATO. AUSÊNCIA DE REQUERIMENTO. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
3. Não há que se falar em reserva mental do recorrido, pois o contrato trazia expressamente que ele não era o proprietário do bem objeto da avença, e que a venda dependia de anuência dos proprietários. (Processo APC 20110710011153 - Orgão Julgador 4ª Turma Cível –Julgamento 14 de Maio de 2015 – Relator ROMULO DE ARAUJO MENDES)
Identificam-se três fases na formação do contrato:
fase das negociações preliminares ou da puntuação;
fase da proposta, também denominada oferta, policitação ou oblação; e
fase da aceitação ou da conclusão do negócio, que pode ser celebrado mediante contrato preliminar ou definitivo.
NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES OU FASE DE PUNTAÇÃO
É a fase em que ocorrem debates prévios, entendimentos, tratativas ou conversações sobre o contrato preliminar ou definitivo.
Essa fase não está prevista no Código Civil de 2002, sendo anterior à formalização da proposta. Desse modo, Maria Helena Diniz defende que não haveria responsabilidade civil contratual nessa fase do negócio.
No mesmo sentido, Carlos Roberto Gonçalves coloca que, “como as partes ainda não manifestaram a sua vontade, não há nenhuma vinculação ao negócio. Qualquer uma delas pode afastar-se simplesmente alegando desinteresse, sem responder por perdas e danos”.
Flávio Tartuce também entende que a fase de debates ou negociações preliminares não vincula os participantes quanto à celebração do contrato definitivo. Entretanto, está filiado ao entendimento segundo o qual é possível a responsabilização contratual nessa fase do negócio jurídico pela aplicação do princípio da boa-fé objetiva, que é inerente à eticidade, um dos baluartes da atual codificação privada. 
Nesse sentido, Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona estão filiados, aduzindo que “ao se dar início a um procedimento negocitório, é preciso observar sempre se, a depender das circunstâncias do caso concreto, já não se formou uma legítima expectativa de contratar. Dizer, portanto, que não há direito subjetivo de não contratar não significa dizer que os danos daí decorrentes não devam ser indenizados, haja vista que, como vimos, independentemente da imperfeição da norma positivada, o princípio da boa-fé objetiva também é aplicável a esta fase pré-contratual, notadamente os deveres acessórios de lealdade e confiança recíprocas”
Por sua vez, Carlos Roberto Gonçalves defende que “se ficar demonstrada a deliberada intenção, com a falsa manifestação de interesse, de causar dano ao outro contraente, levando -o, por exemplo, a perder outro negócio ou realizando despesas. O fundamento para o pedido de perdas e danos da parte lesada não é, nesse caso, o inadimplemento contratual, mas a prática de um ilícito civil (CC, art. 186)”.
Jornada de Direito Civil do STJ -CJF, Conclusão n. 25, dispõe que: “O art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação, pelo julgador, do princípio da boa-fé nas fases pré e pós-contratual”. 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATO, RESTITUIÇÃO DE VALORES, PERDAS E DANOS E PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS – CONTRATO DE LOCAÇÃO DE ESPAÇO PARA USO COMERCIAL EM SHOPPING CENTER – RESPONSABILIDADE CIVIL PRÉ-CONTRATUAL – ADMISSIBILIDADE NO ORDENAMENTO JURÍDICO – ARTIGO 422 DO CÓDIGO CIVIL – VENDA DE ESPAÇO EM SHOPPING CENTER – PROMESSA DE INSTALAÇÃO DE LOJAS ÂNCORAS NO LOCAL, ATRAINDO O COMÉRCIO – FATO NÃO PRATICADO PELO EMPREENDEDOR – FRUSTRAÇÃO DO NEGÓCIO MONTADO PELO ADQUIRENTE – DIREITO À RESCISÃO DO CONTRATO, RESTITUIÇÃO DOS VALORES E INDENIZAÇÃO PELOS DANOS MATERIAIS E MORAIS – RECURSO PROVIDO.(...)
(...)Se o empreendedor não atua com o cuidado necessário para que o empreendimento se viabilize, deixando de atrair esses grandes magazines ou lojas de departamento, e o comércio no local vem a se frustrar pela falta de público e de clientela, obrigando o lojista a encerrar suas atividades comerciais, deve responder pelos danos causados, por descumprimento de uma responsabilidade pré-contratual e ofensa ao princípio da boa-fé objetiva, que lhe impõe o dever de devolver as importâncias recebidas pela cessão do espaço, pena de enriquecimento indevido e, outrossim, de indenizar os danos materiais e morais experimentados pelo comerciante, que teve seu negócio frustrado. Recurso conhecido e provido. (Processo APL 08279594620138120001 - Orgão Julgador 4ª Câmara Cível – Julgamento 28 de Outubro de 2015 – Relator Des. Dorival Renato Pavan)
A PROPOSTA (FASE DE POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO)
Para Carlos Roberto Gonçalves “é uma declaração receptícia de vontade, dirigida por uma pessoa a outra (com quem pretende celebrar um contrato), por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada, se a outra parte aceitar”.
Para Flávio Tartuce “constitui a manifestação da vontade de contratar, por uma das partes, que solicita a concordância da outra. Trata-se de uma declaração unilateral de vontade receptícia, ou seja, que só produz efeitos ao ser recebida pela outra parte”.
São partes da proposta:
Conforme o art. 427 do CC, a proposta vincula o proponente, gerando o dever de celebrar o contrato definitivo sob pena de responsabilização pelas perdas e danos que o caso concreto demonstrar.
A obrigatoriedade da proposta consiste no ônus, imposto ao proponente, de mantê-la por certo tempo a partir de sua efetivação e de responder por suas consequências, visto que acarreta no oblato uma fundada expectativa de realização do negócio, levando-o, muitas vezes, a elaborar projetos, a efetuar gastos e despesas, a promover liquidação de negócios e cessação de atividade etc.
A proposta deve conter:
todos os elementos essenciais do negócio proposto, como preço, quantidade, tempo de entrega, forma de pagamento etc.;
deve também ser séria e consciente, pois vincula o proponente;
deve ser, ainda, clara, completa e inequívoca, ou seja, há de ser formulada em linguagem simples, compreensível ao oblato, mencionando todos os elementos e dados do negócio necessários ao esclarecimento do destinatário e representando a vontade inquestionável do proponente.
A oferta é um negócio jurídico receptício, pois a sua eficácia depende da declaração do oblato.
PROPOSTA NÃO OBRIGATÓRIA
a) Se contiver cláusula expressa a respeito: a oferta não obriga o proponente se contiver cláusula expressa a respeito. É quando o próprio proponente declara que não é definitiva e se reserva o direito de retirá-la.Muitas vezes, a aludida cláusula contém os dizeres: “proposta sujeita a confirmação” ou “não vale como proposta”.
b) Em razão da natureza do negócio: a proposta não obriga o proponente em razão da natureza do negócio. É o caso, por exemplo, das chamadas propostas abertas ao público, que se consideram limitadas ao estoque existente e encontram-se reguladas no art. 429 do CC.
DIREITO CIVIL. CONTRATO DE LOCAÇÃO NÃO RESIDENCIAL. RENOVAÇÃO. CONTRAPROPOSTA DA LOCATÁRIA. SILÊNCIO DA LOCADORA. NÃO COMPROVAÇÃO DO ACEITE. TÉRMINO DO CONTRATO. AÇÃO DE DESPEJO. PROCEDÊNCIA. - Cuida-se de ação de despejo movida contra a CAIXA. A locadora alega que a CAIXA respondeu a sua proposta de renovação do contrato com termo aditivo diferente do que propusera. Embora esse termo aditivo não tenha sido acostado aos autos, a sentença entendeu que a locatária, ao não recusar explicitamente o termo aditivo enviado pela CAIXA, anuiu ao mesmo. - A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta (art. 431, do CC/02, já em vigor na época em que as propostas e contrapropostas foram feitas). O silêncio da locadora, ao receber o termo aditivo do contrato de aluguel com condições diversas das previstas em sua proposta, implica não-aceitação da nova proposta (art. 428, I, do CC/02). Precedentes: STJ, AGA 54180, Sexta Turma, rel. Des. Federal Luiz Vicente Cernicchiaro, DJ 28/11/1994; TRF4, AC 9004024611, Terceira Turma, rel. Des. Federal Fábio Bittencourt Da Rosa, pub. DJ 11.12.91. Rejeitados, assim, os fundamentos da sentença. - Encontra-se nos autos a proposta da locadora, mas não se verifica comprovação do aceite imediato (inc. I, do art. 428) da locatária. Em face ao ônus da prova (art. 333, II), caberia à CAIXA provar que aceitou a proposta da locadora, tornando-a, assim, obrigatória entre as partes. Como o contrato de locação já foi denunciado nos termos do art. 57, da Lei 8245, tem a autora direito ao despejo que pleiteia. Apelação provida. Inversão do ônus sucumbencial.(TRF-5 - AC: 200984000099642, Relator: Desembargador Federal Paulo Gadelha, Data de Julgamento: 12/07/2011, Segunda Turma, Data de Publicação: 21/07/2011)
Caso: locação da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL 
Caso 2: software
DECISÃO: ACORDAM os Excelentíssimos Senhores integrantes da Décima Oitava Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Paraná, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO INDENIZATÓRIA C.C.ABSTENÇÃO DE PRÁTICA DE ATO. TUTELA ANTECIPADA DEFERIDA NO SENTIDO DE DETERMINAR A ABSTENÇÃO DO USO DO SOFTWARE FIRSTCLASS, ATÉ O EFETIVO PAGAMENTO DA LICENÇA, AVALIADA EM R$200.000,00.IMPUGNAÇÃO AO VALOR DO SOFTWARE DESPROPOSITADA. ARGUIDA VINCULAÇÃO À PROPOSTA ORIGINAL FORMULADA EM 2013, NA FORMA DO ART. 427, CC. DESCABIMENTO. NEGÓCIO NÃO CONCRETIZADO À ÉPOCA, POR FALTA DE PAGAMENTO. RECURSO DESPROVIDO. (TJPR - 18ª C.Cível - AI - 1403559-9 - Curitiba - Rel.: Luis Espíndola - Unânime - - J. 09.12.2015)
(TJ-PR - AI: 14035599 PR 1403559-9 (Acórdão), Relator: Luis Espíndola, Data de Julgamento: 09/12/2015, 18ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 1727 26/01/2016)
fernanda oliveira santos (fos) - 100 MIL OU 200 MIL
Caso 3: empresa de telefonia
Apela o autor buscando a reversão do julgado, insistindo na procedência da ação, afirmando demonstrado que as cobranças foram desarrazoadas, sendo que a apelada não comprovou quais os valores corretos a serem cobrados, tampouco se manifestou acerca do e-mail juntado aos autos (fls. 14), no qual consta proposta de plano no valor de R$ 101,43, vinculando o contrato de prestação de telefonia móvel. Assevera a existência do desconto de R$ 861,00 por 24 meses, além do que, o consultor que enviou o citado e-mail foi o mesmo que assinou os documentos de fls. 177, 178, 186 e 190. Afirma não ter havido esclarecimento acerca do valor do plano por R$ 235,00, com desconto de R$ 123,00 (fls. 180), descumprindo o artigo 341, do CPC. Pede o provimento do recurso com a procedência da demanda para declarar a rescisão contratual por culpa da ré, com a condenação ao pagamento de multa contratual e a inexigibilidade das cobranças realizadas a maior (fls. 224/229)
c) Em razão das circunstâncias do caso: por fim, a oferta não vincula o proponente em razão das circunstâncias do caso, mencionadas no art. 428 do mesmo diploma. Não são, portanto, quaisquer circunstâncias, mas aquelas a que a lei confere esse efeito.
As circunstâncias para que a proposta deixe de ser obrigatória a que se refere o citado dispositivo são as seguintes:
“I — Se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita...”
Quando o solicitado responde que irá estudar a proposta feita por seu interlocutor, poderá este retirá-la. É “pegar ou largar, e se o oblato não responde logo, dando pronta aceitação, caduca a proposta, liberando -se o proponente”. Considera-se também presente — aduz o dispositivo em tela — “a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante”. Presente, portanto, é aquele que conversa diretamente com o policitante, mesmo que por algum outro meio mais moderno de comunicação à distância, e não só por telefone, ainda que os interlocutores estejam em cidades, Estados ou países diferentes. 
“II — Se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente.”
Cuida -se de oferta enviada, por corretor ou correspondência, a pessoa ausente. Para os fins legais, são considerados ausentes os que negociam mediante troca de correspondência ou intercâmbio de documentos. O prazo suficiente para a resposta varia conforme as circunstâncias.
“III — Se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado.”
Se foi fixado prazo para a resposta, o proponente terá de esperar pelo seu término. Esgotado, sem resposta, estará este liberado, não prevalecendo a proposta feita.
“IV — Se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.”
Apesar da força obrigatória da proposta, a lei permite ao proponente a faculdade de retratar-se, ainda que não haja feito ressalva nesse sentido. Todavia, para que se desobrigue e não se sujeite às perdas e danos, é necessário que a retratação chegue ao conhecimento do aceitante antes da proposta ou simultaneamente com ela, “casos em que as duas declarações de vontade (proposta e retratação), por serem contraditórias, nulificam-se e destroem -se reciprocamente.
A OFERTA NO CDC
O Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90) regulamenta, nos arts. 30 a 35, a proposta nos contratos que envolvem relações de consumo. Preceituam eles que esta deve ser séria, clara e precisa, além de definitiva, como também o exige o Código Civil. 
A distinção básica é a destinação do Código de Defesa do Consumidor à contratação em massa como regra geral.
No tocante aos efeitos, a recusa indevida de dar cumprimento à proposta dá ensejo à execução específica (arts. 35, I, e 84), consistindo opção exclusiva do consumidor a resolução em perdas e danos. Além de poder preferir a execução específica (CDC, art. 35, I), o consumidor pode optar por, em seu lugar, “aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente” (II) ou, ainda, por “rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos” (III).
O art. 34 do referido diploma, por sua vez, estabelece solidariedade entre o fornecedor e seus prepostos ou representantes autônomos.
Em conformidade com o art. 30 do diploma consumerista, toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos ou serviços oferecidos ou apresentados obriga o fornecedor, integrando o contrato. 
A proposta aberta ao público, por meio de exibição de mercadorias em vitrinas, catálogos, anúncios nos diversos meios de divulgação etc., vincula o ofertante.
A ACEITAÇÃO
Para Carlos RobertoGonçalves a “aceitação é a concordância com os termos da proposta. É manifestação de vontade imprescindível para que se repute concluído o contrato, pois, somente quando o oblato se converte em aceitante e faz aderir a sua vontade à do proponente, a oferta se transforma em contrato”. 
Para produzir o efeito de aperfeiçoar o contrato, a aceitação deve ser pura e simples. Se apresentada “fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta” (CC, art. 431), comumente denominada contraproposta. 
A aceitação pode ser:
a) expressa: decorre de declaração do aceitante, manifestando a sua anuência; e
b) tácita: decorre de sua conduta, reveladora do consentimento.
COBRANÇA. CONTRATO DE EMPREITADA. TERMOS ADITIVOS. NOVOS PAGAMENTO ESPONTÂNEO DE VALORES. ACEITAÇÃO TÁCITA. PRINCÍPIOS DA PROBIDADE E DA BOA-FÉ. 1. Ainda que não conste o aceite do representante legal da parte contratante em planilhas e propostas dos aditivos, se houve o pagamento das parcelas ali previstas, sem qualquer ressalva, presume-se aceitos os seus termos. 2. Não há como acolher a tese de excesso nos valores cobrados pelos aditivos contratuais quando a parte não aponta erros nos cálculos, tendo apenas alegado que outra empresa faria o mesmo serviço por menor valor. 3. "Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios da probidade e boa-fé" (artigo 422 do Código Civil). 4. Recurso conhecido e desprovido. (Processo APC 20120111489530 - Orgão Julgador 5ª Turma Cível – Julgamento 29 de Julho de 2015 – Relator SANDOVAL OLIVEIRA)
HIPÓTESES DE INEXISTÊNCIA DE FORÇA VINCULANTE DA ACEITAÇÃO
a) Se a aceitação, embora expedida a tempo, por motivos imprevistos, chegar tarde ao conhecimento do proponente.
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos.
b) Se antes da aceitação ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante.
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante.
Verifica -se que a lei permite também a retratação da aceitação.
MOMENTO DA CONCLUSÃO DO CONTRATO
CONTRATOS ENTRE PRESENTES
Para que se possa estabelecer a obrigatoriedade da avença, será mister verificar em que instante o contrato se aperfeiçoou, unindo os contraentes, impossibilitando a retratação e compelindo-os a executar o negócio, sob pena de responderem pelas perdas e danos.
Se o contrato for realizado entre presentes nenhum problema haverá, visto que as partes estarão vinculadas na mesma ocasião em que o oblato aceitar a proposta. Nesse momento, caracteriza -se o acordo recíproco de vontades e, a partir dele, o contrato começará a produzir efeitos jurídicos.
CONTRATOS ENTRE AUSENTES
Quando o contrato é celebrado entre ausentes, por correspondência (carta, telegrama, fax, radiograma, e -mail etc.) ou intermediários, a resposta leva algum tempo para chegar ao conhecimento do proponente e passa por diversas fases.
Teoria da informação ou da cognição — para a referida teoria, é o da chegada da resposta ao conhecimento do policitante, que se inteira de seu teor. Não basta a correspondência ser entregue ao destinatário; o aperfeiçoamento do contrato se dará somente no instante em que o policitante abri-la e tomar conhecimento do teor da resposta.
Teoria da declaração ou da agnição — subdivide -se em três:
a) teoria da declaração propriamente dita: o instante da conclusão coincide com o da redação da correspondência epistolar.
b) teoria da expedição: não basta a redação da resposta, sendo necessário que tenha sido expedida, isto é, saído do alcance e controle do oblato. 
c) teoria da recepção: exige que, além de escrita e expedida, a resposta tenha sido entregue ao destinatário. Distingue-se da teoria da informação porque esta exige não só a entrega da correspondência ao proponente como também que este a tenha aberto e tomado conhecimento de seu teor.
O art. 434 do Código Civil acolheu expressamente a teoria da expedição, ao afirmar que os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida. 
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam -se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto:
I — no caso do artigo antecedente;
II — se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;
III — se ela não chegar no prazo convencionado.

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