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A fluidoterapia é indicada para todos os sistemas e na maioria dos casos clínicos, o fluido a ser aplicado depende dos tipos de perdas que o animal sofreu. Para aplicação do fluido deve utilizar cateter (20, 22 e 24) pela sua flexibilidade que ajuda o acesso. Os ganhos de fluídos diárias ocorrem através da comida, água e produção através do metabolismo corpóreo e as perdas causam uma acidose ou alcalose e podem ocorrem por vias fecais, respiratórias e urinárias podendo existir perdas patológicas como vômitos (perde sódio e cloreto), diarreia (perda de bicarbonato), anorexia, poliúria, queimaduras, efusão ou hemorragias internas, peritonite e outras. A anamnese é essencial para identificar quando começou o quadro de perdas (quantidade, frequência), o consumo de água e alimentos, o tipo de perda e no exame físico identifica o grau de desidratação. Parâmetro Cão Gato Frequência Respiratória 10-30 mov/min 20-30 mov/min Frequência Cardíaca Gde: 60-100 bat/min Med: 140-250 bat/min 80-120 bat/min Peq: 90- 140 bat/min Preenchimento capilar <2 min <2 min Pressão sanguínea 90/160 mmHg 100/180 mmHg Os achados laboratoriais auxiliam no diagnóstico com avaliação dos hematócrito e concentração na urina. A desidratação deve é avaliada puxando a pele (tugor cutânea) do cachorro/gato e julgada pelos seus graus: ᐅ Grau 4 – 55%: pele retorna normalmente. Quase imperceptível. ᐅ Grau 6 - 8%: pele retorna mais lentamente, mucosas róseas ressecadas, refluxo capilar >1. ᐅ Grau 8 – 10%: pele sem elasticidade, refluxo capilar >2, retração do globo ocular, mucosas congestas e secas, urina concentrada e escassa. ᐅ Grau 10 – 12%: início choque, pele sem elasticidade, retração total ocular e mucosas pálidas. ᐅ Grau 12 – 15%: sinais mais evidentes, choque/morte, hipotermia, bradicardia, bradipneia e inconsciência. @vettstudy.g Desidratação Achados no Exame Físico Discreta – 5% Mínima perda do tugor de pele, olhos na posição adequada nas órbitas e mucosas discretamente ressecadas Moderada – 8% Perda moderada do tugor pele, mucosas secas ou sem brilho, enoftalmia, pulso rápido e fraco. Intensa/grave - >10% Considerável perda de tugor de pele, taquicardia, enoftalmia acentuada, mucosas extremamente secas, hipotensão, alteração no nível de consciência, pulso filiforme e fraco. A desidratação além de tudo é avaliada de acordo com o tipo de perda: ᐅ Hipotônica: perda de eletrólitos (sódio) do que água. ᐅ Isotônica: perda de água e eletrólitos na mesma proporção. ᐅ Hipertônica: perda maior de água do que de eletrólitos. Tipos de Fluídos São divididos em dois grupos, os cristaloides que se distribuem pelo espaço intravascular e intracelular e os coloides que são expansores plasmáticos/polissacarídeos sintéticos. O uso intravascular faz com que se matem no espaço e atraia líquidos. ᐅ Solução isotônica de Ringer com Lactato de Sódio: tem composição similar ao do LEC, pH 6,5 com características alcalinizantes, uma vez que o lactato sofre biotransformação hepática em bicarbonato, sendo, portanto, indicada para as acidoses metabólicas. Usos: ᐅ Reposição: quase sempre, exceto quando existe problemas com potássio (K), pois em sua composição é presente o K e a sua administração deve ser lenta. ᐅ Não usar: choque e em animais com problemas de lactato, pois irá saturar a capacidade do fígado. ᐅ Solução isotônica de Ringer/Ringer Simples: possui características similares ao ringer lactato, porém não contém lactato. Possui mais cloreto e cálcio que outras soluções, tornando mais acidificantes (pH 5,5). Usos: ᐅ Alcaloses metabólicas. ᐅ Solução isotônica de NaCl a 0,9%: não é uma solução balanceada, pois contém apenas sódio, cloro e água, assim é acidificadora. Usos: ᐅ Alcaloses, hipoadrenocorticismo, @vettstudy.g insuficiência renal oligúrica/anúrica (evita retenção de potássio) e hipercalcemia. ᐅ Solução de glicose a 0,5% - Dextrose 5% - Solução glicofisiológica: sua composição é semelhante à solução de NaCl a 0,9%, apresenta maior osmolaridade e pH 4,0. Usos: ᐅ Hepatopatas pois mantém a glicemia pouco elevada quando o fígado realiza gliconeogênese. ᐅ Pacientes com hiporexia irá somente saciar o centro da saciedade sem suprir necessidades calóricas, nesses casos é necessário o uso de sonda nasogástrica ou alimentação por via parenteral. ᐅ Para pacientes com hipernatremia (aumento de sódio) e nos pacientes com hiponatremia é interessante realizar a associação com NaCl a 0,9% e para ambos uma boa fonte de água. Aditivos Para os Fluídos ᐅ Potássio (K): indica-se suplementar quando estiver abaixo de 3,5 mEq/litro, devendo manter 15-30 mEq/L. ᐅ Bicarbonato: indicado para acidose metabólica, deve ser utilizado em dose única ou no fluído (menos naqueles que apresentam cálcio). Acidose suave 3 mEq/Kg em fluídos 24hrs. Acidose moderada 6 mEq/Kg em 24hrs Acidose severa 9 mEq/Kg em 24 hrs ᐅ Fósforo (P): hipofosfatemia, alguns quadros de diabetes mellitus (a insulina descarta a glicose o fósforo da célula). ᐅ Dextrose: hipoglicemia (superdosagem de insulina) e hepatopatias, em concentração menor que 10% não é efetiva como fonte de calorias. Vias de Administração Para os Fluídos ᐅ Oral: via de escolha para animais que não vomitam, prático, barato, qualquer fluido pode ser utilizado, sonda nasogástrica. ᐅ Intravenosa: emergências, doses precisas, substâncias hipertônicas e hipercalóricas (causam necrose por via subcutânea). ᐅ Subcutânea: praticada em gatos e cães pequenos, não pode ser usada em pacientes com vasoconstrição periférica (hipotérmicos e muito desidratados), todo fluído é absorvido em torno de 6 horas e a aplicação de K gera dor. ᐅ Intraóssea: somente para animais pequenos, pode aplicar todos fluídos utilizados em IV, porém não existe colaboração para desidratação. Locais: tuberosidade da tíbia, fossa trocantérica do fêmur, asa do íleo e tubérculo maior do úmero. Quanto deve ser aplicado A reposição de perdas em 24 horas: ᐅ Estimativa de desidratação: cálculo para as primeiras 4 à 8 horas: % desidratação x peso x 10 ᐅ Perdas futuras: permanência de @vettstudy.g vômito + diarreia – após 4 à 8 horas: Vômitos: 40 mL/Kg/dia Diarreia: 50 mL/Kg/dia Ambos: 60 mL/Kg/dia ᐅ Solução manutenção: 40 mL/Kg/dia ᐅ Velocidade de aplicação: Animal normal: 10 – 16 mL/Kg/hora Animais jovens: máximo 90 mL/hora Animais cardio ou nefropatas: máximo 4mL/Kg/hora Glicose 5%: máximo de 10 mL/Kg/hora para não ultrapassar o limiar de reabsorção de glicose renal. No equipo adulto 10 gotas equivalem a 1mL e no equipo pediátrico 60 gotas equivalem a 1mL. ᐅ Velocidade de administração: depende da marca, tamanho das gotas, modo de calibração, o número de gotas por minuto é calculado: Gotas/min = volume total de infusão x gotas/mL ---------------------------------------------- tempo total da infusão A fluidoterapia deve ser ajustada de acordo com a melhora clínica, ganho de peso, hiper-hidratação (risco de edema pulmonar). Em caso de choque deve utilizar: Gatos: 65 mL/Kg/hora Cães: 90 mL/Kg/hora E em caso de hemorragia utilizar 50% desses valores. O ajuste do volume é realizado de acordo com os exames realizados (12 em 12 horas), peso, urina, densidade urinária, pressão venosa central. Sinais clínicos de super hidratação: P hidrostática intravascular favorece o extravasamento de líquido para o espaço intersticial. - Corrimento nasal - Efusão pleural - Tosse - Sons pulmonares anormais - Taquipneia - Ascite @vettstudy.g
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