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Patologia do Sistema Respiratório Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Nelson Vega Fisiopatologia: A pneumonia resulta da proliferação dos patógenos microbianos nos espaços alveolares e da resposta do hospedeiro a esses agentes patogênicos. Os microrganismos chegam às vias aéreas inferiores por aspiração das secreções orofaríngeas principalmente. Raramente disseminação hematogênica, extensão contígua do espaço pleural ou mediastinal. A pneumonia evidencia-se apenas quando a capacidade dos macrófagos alveolares de ingerirem ou destruírem os microrganismos é superada. Nessa condição, os macrófagos alveolares ativam a resposta inflamatória para reforçar as defesas das vias aéreas inferiores. A resposta inflamatória, mais do que a proliferação dos microrganismos, desencadeia a síndrome clínica da pneumonia. liberação de mediadores inflamatórios como a interleucina IL1 e o fator de necrose tumoral provoca febre. As quimiocinas como a IL-8 e o fator estimulador das colônias de granulócitos estimulam a liberação dos neutrófilos e sua atração ao pulmão, e isso causa leucocitose periférica e secreções purulentas aumentadas. Os mediadores inflamatórios liberados pelos macrófagos e pelos neutrófilos recém recrutados acarretam extravasamento alveolocapilar. Até mesmo as hemácias conseguem atravessar a membrana alveolocapilar, e isso causa hemoptise. O extravasamento capilar é responsável pelos infiltrados radiográficos e pelos estertores detectáveis à ausculta, enquanto a hipoxemia é atribuída ao preenchimento dos espaços alveolares. Além disso, alguns patógenos bacterianos parecem interferir na vasoconstrição hipoxêmica. Aumento do “drive” respiratório: alcalose. Dispneia é causada por: redução da complacência pulmonar secundária ao extravasamento capilar, a hipoxemia, a hiperestimulação do centro respiratório, as secreções profusas e, ocasionalmente, o broncospasmo desencadeado pela infecção. A fase inicial é de edema com presença de exsudato proteináceo – e geralmente de bactérias – nos alvéolos. Essa fase raramente é evidenciada nos espécimes clínicos ou na necrópsia, pois é rapidamente seguida da fase de hepatização vermelha. A presença de hemácias no exsudato intra-alveolar celular é responsável pelo termo descritivo utilizado para essa segunda fase, mas o afluxo dos neutrófilos é mais importante com relação à defesa do hospedeiro. Ocasionalmente, as bactérias são isoladas em culturas dos materiais patológicos obtidos durante essa fase. Na terceira fase, ou hepatização cinzenta, não há hemácias recém-chegadas no material extravasado, e as que já estavam presentes estão desintegradas e degradadas. Os neutrófilos são as células predominantes, a deposição de fibrina é abundante e as bactérias já desapareceram. Essa fase corresponde à delimitação bem-sucedida da infecção e à melhora da troca gasosa. Na fase final ou de resolução, os macrófagos reaparecem como células predominantes no espaço alveolar e os restos de neutrófilos, bactérias e fibrina já foram eliminados e a resposta inflamatória regrediu. Patologia do Sistema Respiratório Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Nelson Vega ▪ PAC: Pneumonia Adquirida na comunidade’’ ▪ PAAS: Pneumonia Associada a Assistência à Saúde ▪ PAH: Pneumonia adquirida hospital: pneumonia nosocomial ▪ PAV: Pneumonia associada a ventilação mecânica Definição: → Pneumonia Adquirida na Comunidade – PAC: Processo inflamatório posterior à ação de agentes infecciosos (vírus, bactérias e, mais raramente fungos e parasitas) que acomete os bronquíolos e alvéolos. Paciente fora do ambiente hospitalar ou de UBS ou após 48h da internação hospitalar. Epidemiologia: Mais de 5 milhões de casos de PAC ocorrem anualmente nos Estados Unidos (EUA); 80% dos pacientes afetados são tratados ambulatorialmente e 20% são hospitalizados. Taxa de mortalidade nos pacientes ambulatoriais costuma ser ≤1% Taxa de mortalidade pacientes hospitalizados: 12-40%, (incluindo enfermaria + unidade de tratamento intensivo (UTI). Fatores de risco: Alcoolismo, asma, imunossupressão, institucionalização, idade ≥ 70 anos, demência, distúrbios convulsivos, IC, AVE, DPOC, tabagismo. * Idosos: redução dos reflexos da tosse; vômito e redução de respostas de anticorpos e receptores tipo Toll aumentam a probabilidade de pneumonia. Etiologia: inclui bactérias, fungos, vírus e protozoários. Streptococcus pneumoniae é o mais comum. Patógenos bacterianos “típicos” → S. pneumoniae, Haemophilus influenzae e (em determinados casos) S. aureus e bacilos Gram- negativos, como Klebsiella pneumoniae e Pseudomonas aeruginosa. Patógenos bacterianos “atípicos” → Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae e as espécies de Legionella; respiratórios, como influenza, adenovírus, metapneumovírus humano e vírus sinciciais respiratórios. As pneumonias causadas por anaeróbios geralmente são complicadas por formação de abscessos e por empiemas significativos ou derrames parapneumônicos. A pneumonia causada por S. aureus é uma complicação bem conhecida da infecção pelo vírus influenza Aproximadamente 50% dos casos de pneumonia → não é possível determinar agente etiológico Maioria pneumonias → tratamento empírico com antibióticos Dados epidemiológicos + fatores de risco: podem sugerir o envolvimento de determinados patógenos: Os atípicos têm implicações terapêuticas significativas. Esses microrganismos são intrinsecamente resistentes a todos os antibióticos β-lactâmicos e devem ser tratados com um macrolídeo, uma fluoroquinolona ou uma tetraciclina. Patologia do Sistema Respiratório Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Nelson Vega ▪ Pneumonia aspirativa: Microrganismo Anaeróbios: quando houve um episódio de aspiração dias ou semanas antes da apresentação clínica da pneumonia. Ocorre devido a vias respiratórias desprotegidas (p. ex., pacientes com intoxicações por álcool ou drogas, ou distúrbios convulsivos) + má higiene dentária (gengivite, infecções dentárias). → Manifestações clínicas: O paciente frequentemente tem febre e taquicardia, ou pode apresentar calafrios e/ou sudorese. A tosse pode ser seca ou produtiva com escarro mucoide, purulento ou sanguinolento (hemoptise franca é sugestiva de MRSA-AC). Dependendo da gravidade, o paciente pode ser capaz de pronunciar frases inteiras ou apresentar dispneia grave. Se houver acometimento da pleura, o paciente pode referir dor torácica pleurítica. Até 20% dos pacientes podem apresentar queixas gastrintestinais, como náuseas, vômitos e/ou diarreia. Outros sintomas podem incluir fadiga, cefaleia, mialgias e artralgias. Exame físico: pode variar com a gravidade da condensação pulmonar e a existência ou ausência de derrame pleural significativo. É comum observar aumento da frequência respiratória e utilização dos músculos acessórios da respiração. A palpação pode detectar acentuação ou atenuação do frêmito toracovocal, e a percussão pode evidenciar submacicez e macicez, que refletem a condensação pulmonar ou o líquido pleural subjacente, respectivamente. A ausculta pode detectar estertores, sopros brônquicos e, possivelmente atrito pleural. A apresentação clínica pode não ser tão evidente nos pacientes idosos (devido a confusão mental de início súbito ou agravada e poucos sinais clínicos adicionais). Pacientes mais graves podem apresentar choque séptico e indícios de falência de órgãos. Patologia do Sistema Respiratório Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Nelson Vega → Diagnóstico: Clínico (sintomas e sinais do exame físico) + Exame complementar (RX tórax). Tosse e um ou mais dos seguintes sintomas – expectoração, dispneia, dor torácica (derrame pleural) Achados focais no exame físico do tórax (acentuação FTV, macicez/submacicez a percussão; estertores creptantes finos ou grossos, sopros brôquicos, possivelmente atrito pleural)Um achado sistêmico: confusão mental, cefaleia, sudorese, calafrios, mialgia, febre ≥ 37,8°C) O diagnóstico diferencial inclui distúrbios infecciosos e não infecciosos, como bronquite aguda, exacerbações agudas da bronquite crônica, insuficiência cardíaca, embolia pulmonar, pneumonite de hipersensibilidade e pneumonite pós-radiação. RX de tórax: Opacidade pulmonar não aparente antes: Consolidação (broncograma aéreo), opacidade intersticial, atelectasia, derrame pleural. Diagnóstico laboratorial: Hemograma completo (sinais de infecção). Diagnóstico etiológico: Hemocultura (2 amostras) Escarro: Gram e cultura do escarro (>25 leucócitos e < 10 células escamosas por campo) Teste de antígenos urinários (pneumocococcos e Legionella) Reação de cadeia de polimerase (PCR de swabs da nasofaringe) Tratamento: ▪ Scores de gravidade: Pneumonia Severity Index (Índice de Gravidade da Pneumonia, ou IGP), um modelo prognóstico utilizado para identificar os pacientes com risco baixo de mortalidade; ▪ CURB-65, que avaliam a gravidade da doença. ▪ Individualizar tratamento ▪ Determinar tipo de pneumonia: PAC, PASS ou PAH/PAV. ▪ Terapia antimicrobiana adequada ▪ Hidratação adequada, oxigenoterapia para a hipoxemia e ventilação assistida quando necessária Complicações: empiema pleural, sepse, abscesso pulmonar, insuficiência respiratória, síndrome do desconforto respiratório, falência de múltiplos órgãos.
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