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PRODUÇÃO DE QUEIJOS UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE ESTÁGIO DOCÊNCIA III SHARLENE SILVA COSTA 2 Bioprocessos Micro-organismo Recuperação e purificação Condução do processo Substrato Quatro pontos fundamentais para o sucesso dos processos fermentativos!! CONTEXTO HISTÓRICO Qual a origem do queijo? ➢ O queijo é um dos alimentos mais antigos do mundo; ➢Acredita-se que tenha surgido por volta de 11.000 a .C; ➢ Há registros de que, nos banquetes greco-romanos, os queijos eram muito consumidos; ➢ No Brasil, os primeiros queijos surgiram em Minas Gerais por volta de 1920, produzidos por imigrantes dinamarqueses. 3 DEFINIÇÃO DE QUEIJO ➢Segundo a Portaria nº 146, de 1996, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o queijo apresenta a seguinte definição: Entende-se por queijo o produto fresco ou maturado que se obtém por separação parcial do soro do leite ou leite reconstituído (integral, parcial ou totalmente desnatado), ou de soros lácteos coagulados pela ação física do coalho, de enzimas específicas, de bactérias específicas, de ácidos orgânicos, isolados ou combinados, todos de qualidade apta para uso alimentar, com ou sem agregação de substâncias alimentícias e/ou especiarias e/ou condimentos, aditivos especificamente indicados, substâncias aromatizantes e matérias corantes (MAPA, 1996) 4 No Brasil, o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) criou uma classificação por categoria de queijos. ➢ Queijos Frescos: estão prontos para o consumo, logo após sua fabricação; são queijos de massa crua (ou seja, não passam por processo de cozimento), exigem refrigeração a temperaturas baixas (a temperatura ideal de conservação vai de 7º a 10º C) e apresentam textura macia. CLASSIFICAÇÃO 5 Os queijos frescos são divididos em: ▪ Branco: minas frescal, ricota e cottage; ▪ Filados ou cortados: mussarela; ▪ Cremosos: requeijão, cream cheese, quark e petit suisse Queijo minas frescal Queijo mussarelaQueijo Petit SuisseQueijo Quark CLASSIFICAÇÃO 6 No Brasil, o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) criou uma classificação por categoria de queijos. ➢Queijos Maturados: são os que passam pelo processo de maturação (amadurecimento). Têm sabor mais forte, texturas variáveis e suportam temperaturas mais elevadas, inclusive podendo ser mantidos em temperatura ambiente (até 25º C), dependendo do tipo. CLASSIFICAÇÃO 7 Os queijos maturados são classificados devido a sua consistência: ➢ Duro: Parmesão, Reino (até 25º C); ➢ Semi-duro: Emmental (até 25º C), Prato (até 10º C), Provolone (até 25º C), Gouda (10º a 16º C), Minas Padrão (até 10º C); ➢ Mole: Gorgonzola (5º a 12º C), Camembert e Brie (ambos 5 a 10º C). Queijo Gorgonzola Queijo ProvoloneQueijo do Reino CLASSIFICAÇÃO 8 CLASSIFICAÇÃO Queijos Processados: são queijos obtidos por trituração (redução a pequenos fragmentos/ moagem), mistura, fusão (derretimento) e emulsão (resultado da dispersão tão fina quanto possível de um elemento em um meio onde ele é insolúvel, a fim de se obter uma massa homogênea), por meio de calor e agentes emulsionantes (compostos que favorecem a formação de uma emulsão e/ou sua conservação), de uma ou mais variedades de queijo, com ou sem adição de outros produtos lácteos e/ou sólidos de origem láctea (creme de leite, iogurte) e/ou temperos (sal, pimenta, orégano, erva-doce etc.) ou outras substâncias alimentícias na qual o queijo constitui o ingrediente lácteo utilizado como matéria-prima preponderante. 9 CLASSIFICAÇÃO Os queijos processados são considerados processados os pasteurizados (esterilizados pelo calor), os fundidos e os molhos lácteos. Polenguinho e Cheddar. Cheddar Polenguinho 10 EXEMPLOS DE QUEIJOS DO MERCADO quark boursin roquefort limburgo stilton cottage 11 VÍDEOS INFORMATIVOS Aspectos gerais da produção: https://www.youtube.com/watch?v=m5blxi1H0B0 Questões de legalização do queijo artesanal https://www.youtube.com/watch?v=5N1SBJCuLpw 12 https://www.youtube.com/watch?v=m5blxi1H0B0 https://www.youtube.com/watch?v=m5blxi1H0B0 https://www.youtube.com/watch?v=5N1SBJCuLpw 13 ▪ A produção de queijo no mundo em 2017 foi 19,5 milhões de toneladas, sendo dominada pela União Europeia e EUA; ▪ O Brasil é o 4° maior fabricante de queijos. MERCADO DE QUEIJOS DO BRASIL Produção Mundial em 2017 (mil toneladas) 14 QUEIJOS ARTESANAIS Queijo artesanal: é aquele queijo elaborado segundos métodos tradicionais, elaborada por meios rudimentares. Assim, serão denominados de artesanais os produtos com as seguintes características: • Os queijos cuja produção mantém métodos ou processos tradicionais seguem a legislação vigente e são assim denominados pelos fabricantes; • Os queijos cuja produção segue os métodos tradicionais, porém de forma rudimentar, à margem da legislação vigente, sem controles de qualidade, sendo comercializados, na maioria das vezes, de maneira informal. 15 VÍDEOS INFORMATIVOS Queijo artesanal (Queijo do Reino): Parte1: https://www.youtube.com/watch?v=oUWcLVf_gRo&list=RDCMUC17ZaTQADIRXGLjDnkuYNFQ &start_radio=1&t=33 Parte 2: https://www.youtube.com/watch?v=IdscUkm6pq0 16 https://www.youtube.com/watch?v=m5blxi1H0B0 https://www.youtube.com/watch?v=m5blxi1H0B0 https://www.youtube.com/watch?v=oUWcLVf_gRo&list=RDCMUC17ZaTQADIRXGLjDnkuYNFQ&start_radio=1&t=33 https://www.youtube.com/watch?v=m5blxi1H0B0 https://www.youtube.com/watch?v=IdscUkm6pq0 PROCESSO DE PRODUÇÃO DE QUEIJOS 17 Leite: • leite puro, fresco e filtrado; • animais sadios • amostragem e análises para qualificar segundo: seu estado de conservação (acidez), integridade (fraudes – adição de água, etc.) e estado higiênico; • variação composição: espécie, raça, indivíduo • padronização da gordura • proteínas do leite: caseína – 80%, proteínas do soro – 20% (lactoglobulina, lactoalbumina) MATÉRIA-PRIMA E INGREDIENTES 18 Leite: Composição centesimal do leite de várias espécies de animais. Fonte: Schmidell et al., (2001). Espécies Proteínas (%) Gorduras (%) Lactose (%) Cinzas (%) Água (%) Humana 1,5 3,5 7,0 0,2 87,8 Bovina 3,5 3,8 5,0 0,7 87,0 Caprina 4,0 3,0 4,8 0,8 87,4 Ovina 5,4 8,2 4,8 0,9 80,7 Equina 2,6 1,6 6,1 0,4 89,3 Búfala 4,1 7,7 4,8 0,7 82,7 MATÉRIA-PRIMA E INGREDIENTES 19 Coalho: adicionado nas proporções exatas em função da sua atividade e do tempo de coagulação; - pó, líquido ou pasta; - coalho é diluído, visando facilitar a sua distribuição e evitar formações de flocos de coágulos; - adição lenta com agitação; - 10 -20 mL/100 L; 2,5 g/100 L - coagulação enzimática: renina, pepsina ou mistura; - coagulação sem agitação. MATÉRIA-PRIMA E INGREDIENTES 20 Cloreto de cálcio: é essencial para que a coagulação ocorra. A adição do cloreto de cálcio provoca os seguintes efeito no leite: • reduz o tempo de coagulação; • aumenta a firmeza da coalhada; • Ca reage com os fosfatos do leite, provocando liberação de H+, e diminuição do pH; • promove a capacidade de “expulsão” de soro MATÉRIA-PRIMA E INGREDIENTES 21 Corantes: adicionado ao leite antes da coagulação. • Adicionado na proporção de 5 a 10 mL de corante para cada 100 L de leite; • Coloração amarela: corante a base de urucum. • https://globoplay.globo.com/v/6073608/ MATÉRIA-PRIMA E INGREDIENTES 22 https://globoplay.globo.com/v/6073608/ Fermento lático: • Lactococcus, Leuconostoc, Lactobacillus, Streptococcus, Propionibacteria (olhaduras), Brevibacteria (queijo Brick) , Penicillium • tipo de cultura relacionada ao tipo de queijo e tipo de processamento • 2 x 107 UFC/g→ 2 x 109 UFC/g • bactérias láticas “morte” na maturação MATÉRIA-PRIMA E INGREDIENTES 23 MATÉRIA-PRIMA E INGREDIENTES Fermentos láticos utilizados em alguns queijos. Tipo de queijo Microorganismos adicionados Cheddar, Colby, Prato Lactococcus lactis subsp. lactis, L. lactis subsp. cremoris, Leuconostoc mesenteroides subsp. cremoris, L. lactis subsp.lactis biovar. diacetylactis.Suíço Streptococcus salivarius subsp. thermophilus, Lactobacillus delbrueckii subs. Bulgaricus ou L. helveticus Parmesão, Romano Streptococcus salivarius subsp. thermophilus, L. helveticus Mussarela, Provolone Streptococcus salivarius subsp. thermophilus, L. helveticus Bleu, Roquefot, stilton, Gongorzola L. lactis subsp. lactis biovar, Streptococcus salivarius subsp. thermophilus Camembert Cultura de Lactococcus. Penicillium camemberti. Brick, Limburgo Mistura de cultura de Lactococcus com S. salivarius subs. thermophilus. Brevibacterrium linens na superfície. 24Fonte: Schmidell et al. (2001) MATÉRIA-PRIMA E INGREDIENTES Sal • sabor, textura, aparência • inibe MO indesejáveis, auxilia na expulsão do soro • 1 a 5% 25 PROCESSO DE PRODUÇÃO Padronização do leite: • A composição do leite exerce importância fundamental nas características do queijo; • Os teores máximos de umidade e mínimo de gordura no extrato seco (GES) são as principais características controladas por lei. • teor de gordura • filtração • homogeneizado 26 PROCESSO DE PRODUÇÃO Tratamento térmico do leite: • 62,8ºC/30 min ou 71,7ºC/15 s (HTST) • eliminação MO patogênicos, indesejáveis, bactérias láticas 27 PROCESSO DE PRODUÇÃO Etapa de coagulação: visa concentrar a proteína do leite retendo também a gordura. • O processo de coagulação ocorre devido à caseína, a qual perde sua estabilidade em função de vários agentes físicos e /ou químicos, dos quais a acidificação e a ação de enzimas proteolítica são as mais importantes do ponto de vista tecnológico. • Coágulo ácido: frágil, precipitado ressecado e firme quebradiço, 5 a 16 h • Coágulo enzimático: firme, elástico, precipitado consistente e elástico, 30-40 min 28 PROCESSO DE PRODUÇÃO Etapa de coagulação: • Ácida: menor pH, ponto isoelétrico, queijos Quarg, requeijão e Cottage, soro ácido; • Enzimática: maior rendimento, tempo de coagulação. ✓ tempo de coagulação: quantidade de poder coagulante do coalho; ✓ temperatura, acidez, conc. caseína, fosfato de Ca coloidal ✓ adição fermento lático no enchimento do tanque de coagulação ✓ tempo de maturação do leite: entre a adição do fermento e a adição do coágulo ✓ Temperatura: 28- 35ºC 29 PROCESSO DE PRODUÇÃO • Deve ser efetuado no momento adequado (ponto de corte); • Natureza frágil do coágulo, pode reduzir o rendimento do queijo, devido as perdas de proteínas e gordura. Corte 30 PROCESSO DE PRODUÇÃO • Ponto de corte ✓ Testes: desprendimento do coágulo da parede do tanque e introdução da espátula; ✓ Aumentar a área superficial das partículas da massa, expulsão do soro; ✓ Tamanho das partículas; ✓ Liras verticais e horizontais; ✓ Característica do soro; Corte 31 PROCESSO DE PRODUÇÃO Agitação ✓ agitação dos “grãos” ✓ dependerá do tipo de queijo a ser produzido Cozimento ✓ queijos duros e semiduros ✓ altera textura, dá maior elasticidade, controle o crescimento de MO indesejáveis, controla o desenvolvimento de fermento lático ✓ queijo massa cozida semiduros: 37-41ºC ✓ queijo massa cozida duros: 55ºC 32 PROCESSO DE PRODUÇÃO Dessora ✓ deve ser rápida: evitar aumenta excessivo da acidez e que a massa esfrie e não possa ser moldada Moldagem ✓ diretamente ✓ pré-prensagem: alguns duros ou semiduros ✓ fermentação da massa: muçarela, provolone, Cheddar ✓ função: unir os grãos e eliminar o restante do soro ✓ formas sem ou com pano ou papel especial 33 PROCESSO DE PRODUÇÃO Moldagem manual Moldagem prensador 34 PROCESSO DE PRODUÇÃO Prensagem ✓ exceção queijos massa crua e alta umidade ✓ pistões hidráulicos ✓ 4 a 40 vezes peso do queijo ✓ 2 a 24 h ✓ viragens Salga ✓ papel importante nos fenômenos físico-químicos, bioquímicos e microbiológicos que ocorrem na maturação ✓ salga seca, salmoura ou na massa ✓ salmoura: 20 a 24% sal, 10-15ºC ✓ queijo lanche: 1 kg, 24 h, 15ºC, salmoura 20% 35 PROCESSO DE PRODUÇÃO Salga 36 PROCESSO DE PRODUÇÃO Cura ou maturação ✓ sabor, aroma e textura ✓ decomposição: lactose, gordura e proteínas ✓ enzimas do leite, provenientes do coalho e dos MO ✓ queijos maturados: coagulação enzimática ✓ 1 a 48 meses, 2 a 16ºC ✓ glicólise, proteólise e lipólise ✓ manto branco (fungo): Camembert e Brie ✓ bactérias: Limburger, Port Salut e Münster 37 PROCESSO DE PRODUÇÃO Cura ou maturação 38 Fluxograma dos processos de alguns tipos de queijos. 39 40 FÁBRICA POMERANO 41 FÁBRICA POMERANO 42 FÁBRICA POMERANO 43 FÁBRICA POMERANO Cura ou maturação - sabor, aroma e textura - decomposição: lactose, gordura e proteínas - enzimas do leite, provenientes do coalho e dos MO - queijos maturados: coagulação enzimática - 1 a 48 meses, 2 a 16ºC - glicólise, proteólise e lipólise - manto branco (fungo): Camembert e Brie - bactérias: Limburger, Port Salut e Münster 44 FÁBRICA POMERANO 45 FÁBRICA POMERANO 46 FÁBRICA POMERANO Pomerano - tempo produção muçarela = 18 h - salga 4ºC - salga na massa e salmoura. 16 h sem salga na massa e 4 h com as duas salgas - 1 L leite para 3 L água - máquinas com CIP - caldeira a lenha - pasteurização 73ºC 47 48
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