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Curso Técnico em Eletromecânica Componentes Mecânicos Armando de Queiroz Monteiro Neto Presidente da Confederação Nacional da Indústria José Manuel de Aguiar Martins Diretor do Departamento Nacional do SENAI Regina Maria de Fátima Torres Diretora de Operações do Departamento Nacional do SENAI Alcantaro Corrêa Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina Sérgio Roberto Arruda Diretor Regional do SENAI/SC Antônio José Carradore Diretor de Educação e Tecnologia do SENAI/SC Marco Antônio Dociatti Diretor de Desenvolvimento Organizacional do SENAI/SC Confederação Nacional das Indústrias Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Curso Técnico em Eletromecânica Componentes Mecânicos Fernando Carlos Dorte Geovane Bitencourt Jackson Fabiano Alexandre Wittaczik Robson Albano Ferreira Florianópolis/SC 2010 É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio consentimento do editor. Material em conformidade com a nova ortografia da língua portuguesa. Equipe técnica que participou da elaboração desta obra Coordenação de Educação a Distância Beth Schirmer Revisão Ortográfica e Normatização FabriCO Coordenação Projetos EaD Maristela de Lourdes Alves Design educacional, Ilustração, Projeto Gráfico Editorial, Diagramação Equipe de Recursos Didáticos SENAI/SC em Florianópolis Autores Fernando Carlos Dorte Geovane Bitencourt Jackson Fabiano Alexandre Wittaczik Robson Albano Ferreira 100 p. : il. color ; 28 cm. Ficha catalográfica elaborada por Kátia Regina Bento dos Santos - CRB 14/693 - Biblioteca do SENAI/SC Florianópolis. C737 Componentes mecânicos / Fernando Carlos Dorte ... [et al.], – Florianópolis : SENAI/SC, 2010. Inclui bibliografias. 1. Elementos de máquinas. 2. Resistência dos materiais. I. Dorte, Fernando Carlos. II. Bitencourt, Geovane. III. Wittaczik, Jackson Fabiano Alexandre. IV. Ferreira, Robson Albano. V. SENAI. Departamento Regional de Santa Catarina. CDU 621.7 SENAI/SC — Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Rodovia Admar Gonzaga, 2.765 – Itacorubi – Florianópolis/SC CEP: 88034-001 Fone: (48) 0800 48 12 12 www.sc.senai.br Prefácio Você faz parte da maior instituição de educação profissional do estado. Uma rede de Educação e Tecnologia, formada por 35 unidades conecta- das e estrategicamente instaladas em todas as regiões de Santa Catarina. No SENAI, o conhecimento a mais é realidade. A proximidade com as necessidades da indústria, a infraestrutura de primeira linha e as aulas teóricas, e realmente práticas, são a essência de um modelo de Educação por Competências que possibilita ao aluno adquirir conhecimentos, de- senvolver habilidade e garantir seu espaço no mercado de trabalho. Com acesso livre a uma eficiente estrutura laboratorial, com o que existe de mais moderno no mundo da tecnologia, você está construindo o seu futuro profissional em uma instituição que, desde 1954, se preocupa em oferecer um modelo de educação atual e de qualidade. Estruturado com o objetivo de atualizar constantemente os métodos de ensino-aprendizagem da instituição, o Programa Educação em Movi- mento promove a discussão, a revisão e o aprimoramento dos processos de educação do SENAI. Buscando manter o alinhamento com as neces- sidades do mercado, ampliar as possibilidades do processo educacional, oferecer recursos didáticos de excelência e consolidar o modelo de Edu- cação por Competências, em todos os seus cursos. É nesse contexto que este livro foi produzido e chega às suas mãos. Todos os materiais didáticos do SENAI Santa Catarina são produções colaborativas dos professores mais qualificados e experientes, e contam com ambiente virtual, mini-aulas e apresentações, muitas com anima- ções, tornando a aula mais interativa e atraente. Mais de 1,6 milhões de alunos já escolheram o SENAI. Você faz parte deste universo. Seja bem-vindo e aproveite por completo a Indústria do Conhecimento. Sumário Conteúdo Formativo 9 Apresentação 11 12 Unidade de estudo 1 Elementos de Fixação Seção 1 - Uniões e rebites Seção 2 - Parafusos, porcas e arruelas Seção 3 - Pinos e contrapinos Seção 4 - Anéis elásticos Seção 5 - Chavetas Seção 6 - Cabos de aço Seção 7 - Molas 42 Unidade de estudo 2 Elementos de Transmissão e Vedação Seção 1 - Eixos e árvores Seção 2 - Mancais Seção 3 - Polias e correias Seção 4 - Engrenagens Seção 5 - Correntes Seção 6 - Acoplamentos Seção 7 - Vedação 13 17 26 30 31 34 37 72 Unidade de estudo 3 Dimensionamento de Elementos de Máquinas Seção 1 - Grandezas físicas e unidades de medida Seção 2 - Resistência dos materiais em elementos de máquinas Seção 3 - Dimensionamento de parafusos Seção 4 - Dimensionamento de elementos de transmis- são Finalizando 89 Referências 91 Anexos 93 43 44 52 56 61 63 67 73 74 80 83 8 CURSOS TÉCNICOS SENAI Conteúdo Formativo 9COMPONENTES MECâNICOS Carga horária 60 horas Competências Dimensionar e selecionar componentes mecânicos para a fabricação, montagem e manutenção de máquinas e equipamentos eletromecânicos. Conhecimentos ▪ Normas técnicas aplicáveis a componentes mecânicos; ▪ Dimensionamento e seleção de elementos de fixação, de transmissão, de vedação e de apoio; ▪ Grandezas físicas, unidades de medida e solicitações mecânicas (tração, compressão, cisalhamento, flexão, torção, flambagem e compostas); ▪ Catálogos técnicos. Habilidades ▪ Interpretar e aplicar normas técnicas, regulamentadoras e preservação ambiental; ▪ Interpretar desenhos técnicos; ▪ Interpretar catálogos, manuais e tabelas técnicas; ▪ Identificar os elementos de máquinas; ▪ Utilizar técnicas da matemática aplicada; ▪ Aplicar técnicas de custo x benefício; ▪ Identificar, selecionar e aplicar critérios de controle de qualidade. Atitudes ▪ Zelo no manuseio dos equipamentos e instrumentos de medição; ▪ Cuidados no manuseio de componentes e equipamentos eletromecânicos; ▪ Proatividade; ▪ Trabalho em equipe; ▪ Organização e conservação do laboratório e equipamentos. Apresentação COMPONENTES MECâNICOS No mundo em que vivemos atual- mente, sabemos que é fundamen- tal o desenvolvimento pessoal e profissional. A sociedade e os organismos de trabalho almejam não somente indivíduos capacita- dos, mas profissionais, acima de tudo, éticos e com atitudes proati- vas, em busca de desenvolvimen- to e crescimentos contínuos. Você está convidado a iniciar uma nova etapa no desenvolvimento de sua formação, por meio do maior aprofundamento de seus conhecimentos, utilizando-se de uma abordagem integrada entre assuntos tratados nessa disciplina e suas aplicações práticas. Nesse livro, iremos conhecer e estudar os diversos componen- tes que, em conjunto, formam os equipamentos aplicados às indús- trias modernas, desde os elemen- tos mais simples, bem como, os elementos mais complexos. Ve- remos que cada componente têm suas funções fundamentais que, aliado e conjugado a outro irá compor e formar todos os equi- pamentos e acessórios utilizados nos processos produtivos. Vamos aprofundar os conheci- mentos técnicos desses elemen- tos, desde suas funções básicas e características, até as aplicações mais complexas, onde poderemos verificar suas medidas padroni- zadas, até dimensioná-los para aplicações específicas através de cálculos de resistência. Fernando Carlos Dorte, Geovane Bitencourt, Jackson Fabiano Alexan- dre Wittaczik e Robson AlbanoFerreira. Fernando Carlos Dorte Nascido em 29 de julho de 1965, Graduação em Tecnologia Mecânica; CEFET/UNERJ – Jaraguá do Sul (1997) e Graduação Pedagógica para atu- ar em Cursos Técnicos; UNISUL – Palhoça/SC e Pós Graduado em Gestão Industrial, UNERJ (2007). Desenvolvimento profissional nas Áreas de Engenharia Industrial de di- versas empresas atuando como analista de processos e desenvolvendo atividades que objetivam a redução dos custos industriais, a melhoria da qualidade do produto, os processos e também as condições de tra- balho (ergonomia). Atualmente atua como Especialista de Ensino na instituição SENAI – Unidade de Jaraguá do Sul/SC, no núcleo Metal Mecânico, onde mi- nistra, além de disciplinas nas áreas exatas, disciplinas relacionadas às áreas de gestão e humanas. Geovane Bitencourt Nascido em 10 de junho de 1973, Graduado em Engenharia Mecânica; UDESC – Joinville/SC (2001). Cursando Pós-Graduação: Especialização em Engenharia de Manutenção Industrial – SENAI – Jaraguá do Sul/SC (Conclusão: 2010). Desenvolvimento de ferramentas para o SolidWorks, para realização de tarefas específicas aos clientes, tais como: integração em sistemas de gerenciamento e novas ferramentas para o software. Aulas de So- lidWorks abrangendo todo o software, curso básico, avançado e PDM (gerenciamento de projetos). Atua nas disciplinas de SolidWorks, Infor- mática Básica, Desenho Técnico, Tecnologia Mecânica; no SENAI/Jara- guá do Sul/SC. Jackson Fabiano Alexandre Wittaczik Nascido em 26 de novembro de 1971, Graduado em Engenharia Me- cânica pela UDESC – Joinville em 1995 e Mestrado em Engenharia de Produção pela UFSC-UNERJ em 2004. Experiência Profissional na área Metal Mecânica, em Desenvolvimento de Produtos e Engenharia de processos, Projetos mecânicos, Controle de Qualidade e Sistema de Gestão. Atualmente atua como Especialista de Ensino na instituição SENAI – Unidade de Jaraguá do Sul/SC, no núcleo Metal Mecânico, onde minis- tra disciplinas nas áreas exatas. Robson Albano Ferreira Nascido em 25 de junho de 1971, Graduado em Bacharelado em Enge- nharia mecânica pela UDESC – Joinville em 2000 e Pós Graduando em Engenharia de Segurança do Trabalho, também pela UDESC em Joinville em 2007. Experiência Profissional na área Metal Mecânica, em Enge- nharia de Processos, Desenvolvimento de Produtos, Projetos Mecâni- cos, Metrologia, Melhoria Contínua, Controle da Qualidade, Controle Estatístico de Processo ( CEP ), Sistemas de Gestão e Ferramentas Es- tatísticas. 11 Unidade de estudo 1 Seções de estudo Seção 1 – Uniões e rebites Seção 2 – Parafusos, porcas e arruelas Seção 3 – Pinos e contrapinos Seção 4 – Anéis elásticos Seção 5 – Chavetas Seção 6 – Cabos de aço Seção 7 – Molas 13COMPONENTES MECâNICOS Elementos de Fixação Na primeira unidade deste livro, você estudará os elementos de fixação que possuem a função de unir peças para a formação de uma máquina. Visando melhorar sua compreensão, esta unidade encontra-se dividida nas seguintes seções de estudos: SEção 1 Uniões e rebites Os elementos de fixação são des- tinados a unir peças que, em con- junto com os elementos de trans- missão, formarão as máquinas e equipamentos aplicados aos mais variados campos de nossa socie- dade atual. Em nosso caso mais específico, aos envolvidos no ramo industrial. Tipos de União Móvel: Os elementos permitem a montagem e desmontagem da peça, sem danos. É o caso do parafuso e porca, pi- nos, contrapinos, anéis elásticos etc. Figura 1 - União por parafuso, porca e arruela. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 11). Permanente: é um tipo de união feita para que, uma vez montada a peça, não seja mais possível a sua desmontagem, sem causar danos às partes unidas. Incluem nessa união: rebites e partes unidas pelo processo de soldagem. Figura 2: União por rebite e solda. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 11). Rebites: são peças fabricadas em aço, alumínio, cobre ou latão. Unem rigidamente peças ou cha- pas, principalmente, em estrutu- ras metálicas. Ex.: Reservatórios, caldeiras, máqui- nas, navios, aviões, veículos e treliças. Figura 3: União rebitada. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 16). A fabricação de rebites é padro- nizada, ou seja, segue normas téc- nicas que indicam medidas da ca- beça, do corpo e do comprimento útil dos mesmos. No quadro a seguir, apresentamos as proporções padronizadas para os rebites. Os valores que apare- cem nas ilustrações são constan- tes, ou seja, nunca mudam. Cabeça redonda larga Cabeça redonda estreita Cabeça escareada chata longa Cabeça escareada chata estreita 14 CURSOS TÉCNICOS SENAI Cabeça escareada com calota Cabeça tipo panela Cabeça cilíndrica Quadro 1: Tipos de rebite. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 18). Exemplo: O que significa 2 x d para um re- bite de cabeça redonda larga? Significa que o diâmetro da cabe- ça desse rebite é duas vezes o di- âmetro do seu corpo. Se o rebite tiver um corpo com diâmetro de 5 mm, o diâmetro de sua cabeça será igual a 10 mm, pois 2 x 5 mm = 10 mm. Rebites Especiais Existem também rebites com no- mes especiais: explosivo, pop, de tubo, de alojamento etc. Rebite Explosivo Contém uma pequena cavidade cheia de carga explosiva. Ao se aplicar um dispositivo elétrico na cavidade, ela explode, formando sua cabeça e fixando, assim, as partes a serem unidas. Rebite de repuxo Conhecido por “rebite pop”. É um elemento especial de união, empregado para fixar peças com rapidez, economia e simplicidade. Muito utilizado em esquadrias de alumínio. O rebite de repuxo consis- te em um rebite de forma tubular com cabeça, onde é inserido um arame com cabeça metálica. O proces- so de rebitagem é realizado puxando-se o arame me- tálico com uma ferramen- ta tipo alicate especial. O rebite então é amassado, formando a cabeça do lado oposto, até que o arame se rompe separando-se. Na “Figura 04” mostramos a nomenclatura de um rebite de re- puxo. D = Aba abaulada K = Aba escareada Ø = Diâmetro do rebite H = Diâmetro da aba H = Altura da aba f = Altura da aba escareada L = Comprimento do rebite Figura 4: Rebite de repuxo. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 20). Os rebites de repuxo podem ser fabricados com os seguintes ma- teriais metálicos: alumínio, aço- carbono; aço inoxidável, cobre e monel (liga de níquel e cobre). Rebites de alojamento Também chamados de porca rebi- te ou rebite especial. 15COMPONENTES MECâNICOS Figura 5: Rebite de alojamento. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 20). Figura 6: Rebites especiais. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 20). Especificação de rebites Para determinar e adquirir os re- bites adequados ao seu trabalho é necessário que você conheça suas especificações, ou seja: ▪ De que material é feito; ▪ O tipo de sua cabeça; ▪ O diâmetro do seu corpo (d); ▪ O seu comprimento útil(L). Especificação do rebite O pedido é feito conforme o exemplo: ▪ Rebite de alumínio com cabeça chata, 3/32” x 1/2”. A “Figura 7” mostra o acréscimo de material (z) necessário para se formar a segunda cabeça do rebite em função dos formatos da cabe- ça, do comprimento útil (L) e do diâmetro do rebite (d). Exemplo: ▪ Material do rebite: aço ABNT 1006 - 1010; ▪ Tipo de cabeça: redonda; ▪ Diâmetro do corpo:6,35 mm(¼”); ▪ Comprimento útil: 19,05mm(¾”). Obs.: Muitos rebites são especifi- cados em polegada fracionária. Figura 7: Dimensão de um rebite (z). Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 21). 16 CURSOS TÉCNICOS SENAI Cálculos para o proces- so de rebitagem Para rebitar, é preciso escolher o rebite adequado em função da espessura das chapas a serem fi- xadas, do diâmetro do furo, e do comprimentoexcedente do rebi- te, que vai formar a segunda ca- beça. Veja, a seguir, como fazer esses cálculos. Cálculo do diâmetro do rebite (d): A escolha do rebite é feita de acordo com a espessura das cha- pas que se quer rebitar. A práti- ca recomenda que se considere a chapa de menor espessura e mul- tiplique esse valor por 1,5; segun- do a fórmula: d = 1,5 x Sm Onde: d = diâmetro do rebite; Sm = chapa com menor espes- sura da união; 1,5 = constante da fórmula ou valor predeterminado. Cálculo do diâmetro do furo (df): O diâmetro do furo pode ser cal- culado multiplicando-se o diâme- tro do rebite pela constante 1,06 (6% do diâmetro do rebite). Matematicamente, pode-se escre- ver: df = d x 1,06 Onde: df = diâmetro do furo; d = diâmetro do rebite; 1,06 = constante ou valor prede- terminado. Cálculo do comprimento útil do rebite (L): O comprimento útil do rebite de- pende do formato de sua cabeça e pode ser calculado pelas fórmulas a seguir. Rebites de cabeça redonda e cilíndrica: L = 1,5 x d + St Onde: L = comprimento útil do rebite; d = diâmetro do rebite; St = soma das espessuras das chapas a serem unidas. A “Figura 8” ilustra cada uma dessas características. Figura 8: Cabeça redonda e cilíndrica. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 32). Rebites de cabeça escareada: L = d + St Onde: L = comprimento útil do rebite; d = diâmetro do rebite; St = soma das espessuras das chapas a serem unidas. Figura 9: Cabeça escareada. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 32). As juntas rebitadas podem ser feitas com sobreposição das duas chapas, ou através da uti- lização de uma ou duas chapas de recobrimento, chamados de recobrimento simples e duplo, respectivamente. As distâncias mínimas entre rebi- tes podem ser feitas utilizando as recomendações de projeto de jun- tas, que também podem ser para- fusadas. São elas: Figura 10: Distanciamento entre rebites (dimensões). 17COMPONENTES MECâNICOS Exemplo: Projetar uma junta rebitada tipo sobreposta para duas chapas de aço; uma com espessura de 5mm e outra com espessura de 4mm, com 4 rebites de aço tipo cabeça redonda larga. Figura 11: Junta rebitada (exemplo “1”). Para o diâmetro do rebite “d”, te- mos: d = 1,5 · Sm d = 1,5 · 4 ∴ d = 6,0 mm Para o diâmetro do furo “df”, te- mos: df = d · 1,06 df = 6 · 1,06 ∴ df = 6,36 mm Para o comprimento do rebite L, temos: L= 1,5 . d + St L= 1,5 . 6 + ( 5+4) L = 18 mm Especificação: 4 rebites de aço ABNT 1008, cabeça redonda lar- ga, 6 x 18mm. Na próxima seção, você conhece- rá o formato, aplicações e diver- sos tipos de parafusos, porcas e arruelas. SEção 2 Parafusos, porcas e arruelas Parafusos, porcas e arruelas são peças metálicas de elevada aplicação na união e fixação dos mais diversos elementos de máquina. Sua elevada importância exige uma especificação adequada e engloba os mesmos itens cobertos pelo projeto de um elemento de máquina, ou seja, especificação do material, tratamento térmico, dimensionamento, tolerâncias, afastamentos e acabamento. Parafusos Parafusos são elementos de fixação, empregados na união não perma- nente de peças, isto é, as peças podem ser montadas e desmontadas facilmente, bastando apertar e desapertar os parafusos que as mantêm unidas. Os parafusos se diferenciam pela forma da rosca, da cabeça, da haste e do tipo de acionamento. O parafuso é formado por um corpo cilíndrico roscado e por uma cabe- ça que pode ser hexagonal, sextavada, quadrada ou redonda. Figura 12: Partes de um parafuso. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 51). 18 CURSOS TÉCNICOS SENAI Roscas Rosca é um conjunto de filetes que se desenvolvem em torno de uma superfície cilíndrica interna ou externa. Figura 13: Filete de rosca. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 43). As roscas permitem: ▪ A união e desmontagem de peças. ▪ O movimento de peças, transformando movimento rotativo em line- ar e/ou associado com fixação. Ex.: O parafuso que movimenta a mandíbula móvel da morsa. Figura 14: Conjunto parafusado. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 44). Figura 15: Morsa (movimento por rosca). Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 44). 19COMPONENTES MECâNICOS Os filetes das roscas apresentam vários perfis. Estes, sempre uniformes, dão nome às roscas e condicionam sua aplicação. Abaixo temos uma tabela citando os distintos tipos de roscas e suas aplicações. Tipos de Roscas (Perfis) Tipos de Filete Aplicação Parafusos e porcas de fixação na união de peças. Ex: Fixação da roda do carro . Parafusos que transmitem movi- mento suave e uniforme. Ex: Fusos de máquinas. Parafusos de grandes diâmetros sujeitos a grandes esforços. Ex: Equipamentos ferroviários. Parafusos que sofrem grandes esforços e choques. Ex: Prensas e morsas. Parafusos que exercem grande esforço num só sentido. Ex: Macacos de catraca. Quadro 2 – Tipos de rosca. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 44). Sentido de direção da rosca Dependendo da inclinação dos filetes em relação ao eixo do para- fuso, as roscas ainda podem ser à direita ou à esquerda. Na rosca direita, o filete sobe da direita para a esquerda, enquanto que, na rosca esquerda, o filete sobe da esquerda para a direita - “Figura 16”. Figura 16: Rosca direita. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 45). Nomenclatura da rosca Independente da sua aplicação, as roscas têm os mesmos elementos, variando apenas os formatos e di- mensões. P = passo (mm) i = ângulo da hélice d = diâmetro externo c = crista d1 = diâmetro interno D = diâmetro do fundo da porca d2 = diâmetro do flanco D1 = diâmetro do furo da porca a = ângulo do filete h1 = altura do filete da porca f = fundo do filete h = altura do filete do parafuso Figura 17: Nomenclatura para rosca. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 45). 20 CURSOS TÉCNICOS SENAI Classificação das roscas As roscas triangulares classificam-se, segundo o seu perfil, em três tipos: ▪ Rosca Métrica ▪ Rosca Polegada Whitworth ▪ Rosca Polegada Unificada Rosca métrica (tabela técnica 13 e 14, anexo) A rosca métrica ISO normal e fina são normatizadas pela norma NBR 9527 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). As roscas normais, também chamadas de série grossa, são as mais utili- zadas. A rosca métrica fina possui um passo da rosca menor e propor- ciona uma melhor fixação, evitando que o parafuso se afrouxe com fa- cilidade. Por isso, é muito utilizada em veículos (especialmente em casos onde há a incidência de vibração excessiva). Figura 18: Rosca métrica. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 46). As principais medidas da rosca do parafuso e da porca podem ser calcu- ladas pelo seguinte formulário: ▪ Ângulo do perfil da rosca: α = 60º; ▪ Diâmetro menor do parafuso (núcleo): d1 = d - 1,2268 . P; ▪ Diâmetro efetivo do parafuso (médio): d2 = D2 = d - 0,6495 . P; ▪ Folga entre raiz do filete da porca e crista do filete do parafuso: f = 0,045 . P; ▪ Diâmetro maior da porca: D = d + 2 . f ; ▪ Diâmetro menor da porca (furo): D1 = d - 1,0825 . P; ▪ Diâmetro efetivo da porca (médio): D2 = d2; ▪ Altura do filete do parafuso: he = 0,61343 . P; ▪ Raio de arredondamento da raiz do filete do parafuso: rre = 0,14434 . P; ▪ Raio de arredondamento da raiz do filete da porca: rri = 0,063 .P; Rosca Polegada Whitworth No sistema whitworth, as medi- das são dadas em polegadas. Nes- se sistema, o filete tem a forma triangular, ângulo de 55º, crista e raiz arredondadas. O passo é determinado pelo nú- mero de filetes contidos em uma polegada. Ex: Passo =12 fios/ polegada No sistema whitworth, a rosca normal é caracterizada pela sigla BSW (British Standard Whitwor- th - padrãobritânico para roscas normais). Para a rosca fina, carac- teriza-se pela sigla BSF (British Standard Fine – padrão britânico para roscas finas). Figura 19: Rosca Whitworth. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 67). 21COMPONENTES MECâNICOS Rosca Polegada Padrão UNS (Unified National Standard): Este sistema padronizou e unifi- cou as roscas na Inglaterra, Esta- dos Unidos e Canadá. As medidas são expressas em polegadas. O filete tem a forma Triangular, ân- gulo de 60°, crista plana e raiz ar- redondada. Nesse sistema, como no whitworth, o passo também é determinado pelo número de file- tes por polegada. A rosca normal é caracterizada pela sigla UNC, e a rosca fina pela sigla UNF. Figura 20: Rosca UNS. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 45). DICA Ex: Rosca UNC 4 1 x 20 UNC (rosca normal, com diâme- tro " 4 1 , e 20 fios por pole- gada). Classificação dos para- fusos quanto à função Os parafusos podem ser classi- ficados quanto a sua função em quatro grandes grupos: Parafusos passantes Estes parafusos atravessam a peça de lado a lado e utilizam arruela e porca. Figura 21: Parafusos passantes. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 52). Parafusos não passantes São parafusos que não utilizam porcas. O papel de porca é de- sempenhado pelo furo roscado, feito numa das peças a ser unida. Figura 22: Parafusos não passantes. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 53). As dimensões dos furos broqueados e da rosca para parafusos não pas- santes podem ser realizadas conforme a tabela a seguir: Figura 23: Furação para parafusos não passantes. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 56). 22 CURSOS TÉCNICOS SENAI Para uma rosca de diâmetro igual a d: Material Profundidade do furo A Profundidade da rosca B Comprimento do parafusado Diâmetro do furo passante sem rosca Aço 2 x d 1,5 x d 1 x d 1,06 x d Ferro Fundido 2,5 x d 2 x d 1,5 x d Alumínio 3 x d 2,5 x d 2 x d Bronze, Latão 3 x d 2 x d 1,5 x d Tabela 1: Formulário – furos roscados. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 56). Parafusos de pressão: Esses parafusos são fixados por meio de pressão exercida pelas pontas dos parafusos contra a peça a ser fixada. Os parafusos de pressão podem apresentar cabeça ou não. Figura 24: Parafusos de pressão. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 53). Parafusos prisioneiros São parafusos sem cabeça com rosca em ambas as extremida- des, sendo recomendados nas situações que exigem montagens e desmontagens frequentes. Em tais situações, o uso de outros ti- pos de parafusos acaba danifican- do a rosca dos furos. As roscas dos parafusos prisioneiros podem ter passos diferentes ou sentidos opostos, isto é, um horário e o ou- tro anti-horário. Figura 25: Parafuso prisioneiro – adaptado. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 55). Figura 26: Desenho da fixação. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 53). Tipos de Parafusos Os tipos de parafusos variam conforme as características da cabeça, do corpo e do tipo de atarraxamento. Segue tabela com os principais tipos de parafusos. 23COMPONENTES MECâNICOS TIPOS DE PARAFUSOS Cabeça cilíndrica com fenda. Cabeça redonda com fenda. Cabeça cilíndrica abaulada com fenda. Cabeça escareda com fenda. Cabeça escareada abaulada com fenda. Parafuso sem cabeça com fenda. Parafuso para madeira de cabeça escareada com fenda. Parafuso sem cabeça com rosca total e fenda. Parafuso sextavado. Parafuso sextavado com rosca total. Parafuso sextavado com porca Parafuso autoatarraxante de cabeça sex- tavada. Parafuso tipo prego de cabeça escareada. Parafuso de cabeça quadrada. Parafuso de borboleta. Prisioneiro Parafuso de cabeça cilíndrica com sextavado interno. Parafuso de cabeça recartilhada Tabela 2: Tipos de parafusos. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 55). 24 CURSOS TÉCNICOS SENAI Porca Porca é uma peça de forma prismática ou cilíndrica, geralmente metáli- ca, com um furo roscado, no qual se encaixa um parafuso, ou uma barra roscada. Em conjunto com um parafuso, a porca é um acessório ampla- mente utilizado na união de peças. A parte externa tem vários formatos para atender a diversos tipos de aplicação. Assim existem porcas que servem tanto como elementos de fixação como de transmissão. Figura 27: Porca. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 75). Material de fabricação As porcas são fabricadas em diversos materiais: aço, bronze, latão, alu- mínio e plástico. Há casos especiais em que as porcas recebem banhos de galvanização, zincagem e bicromatização para protegê-las contra oxidação (ferrugem). Tipos de rosca O perfil da rosca varia de acordo com o tipo de aplicação que se deseja. Porcas usadas para fixação geralmente têm roscas com perfil triangular. Porcas para transmissão de movimentos têm roscas com perfis quadra- dos, trapezoidais, redondos e dente de serra, cujas aplicações listamos a seguir: Rosca com perfil quadrado: Atualmente em desuso, porém é recomendada para transmitir grandes esforços e também onde há possibilidade de choques. Exemplo: morsas. Rosca com perfil trapezoidal: Usada nos órgãos de comandos de máquinas operatrizes para transmissão de movimento suave e uniforme, nos fusos e nas pren- sas de estampar. Rosca com perfil redondo: Usada quando o diâmetro do pa- rafuso é extenso e deve suportar grandes esforços. Rosca com perfil dente de ser- ra: Usada para transmitir esforço em um único sentido, como no caso dos macacos. Tipos de porca Para aperto manual, são mais usa- dos os tipos de porca borboleta, recartilhada alta e recartilhada bai- xa. Arruelas A maioria dos conjuntos mecâni- cos apresenta elementos de fixa- ção. Onde quer que se usem esses elementos, seja em máquinas ou em veículos automotivos, existe o perigo de se produzir, em virtude das vibrações, um afrouxamento imprevisto no aperto do parafu- so. Para evitar esse inconveniente, utilizamos um elemento de má- quina chamado arruela. As arruelas também são aplicadas como elemento de proteção para as partes a serem unidas. Figura 28: Fixação com arruela. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 81). 25COMPONENTES MECâNICOS As arruelas têm a função de distri- buir igualmente a força de aperto entre a porca, o parafuso e as par- tes montadas; também funcionam como elementos de trava. Os materiais mais utilizados na fabricação das arruelas são: aço- carbono, cobre e latão. Tipos de arruela Existem vários tipos: lisa, de pres- são, dentada, serrilhada, ondula- da, de travamento com orelha e arruela para perfilados. Uma para cada tipo de trabalho. Arruela lisa: Além de distribuir igualmente o aperto, a arruela lisa também tem a função de melhorar os aspectos do conjunto. A arruela lisa, por não ter elemento de trava, é utili- zada em órgãos de máquinas que sofrem pequenas vibrações. Figura 29: Arruela lisa. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 82). Arruela de pressão: A arruela de pressão é utilizada na montagem de conjuntos mecânicos, submetidos há grandes esforços e grandes vibrações. Ela também fun- ciona como elemento de trava, evitando o afrouxamento do parafuso e da porca. É, ainda, muito empregada em equipamentos que sofrem variação de temperatura (automóveis, prensasetc.). Figura 30: Arruela de pressão. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 82). Existem outros tipos de arruelas, menos utilizados: Figura 31: Tipos de arruela. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 84). 26 CURSOS TÉCNICOS SENAI SEção 3 Pinos e contrapinos Nesta seção, você verá o elemento de fixação que permite uma união mecânica: o pino e as vantagens de sua aplicação. Também estu- dará os contrapinos, cuja função principal é travar outros elemen- tos de máquinas, como porcas.Os pinos e cavilhas têm a finali- dade de alinhar ou fixar os ele- mentos de máquinas, permitin- do uniões mecânicas, ou seja, uniões em que se juntam duas ou mais peças, estabelecendo, assim, conexão entre elas. Figura 32 - Pino e Contrapino Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 82). A cavilha também é chamada: pino estriado, pino entalhado, pino ranhu- rado ou rebite entalhado. A diferenciação entre pinos e cavilhas leva em conta o formato dos ele- mentos e suas aplicações. Por exemplo, pinos são usados para junções de peças que se articulam entre si e cavilhas são utilizadas em conjuntos sem articulações, indican- do pinos com entalhes externos na sua superfície. Esses entalhes é que fazem com que o conjunto não se movimente. A forma e o comprimento dos entalhes determinam os tipos de cavilha. Pinos e cavilhas se diferenciam pelos seguintes fatores: ▪ Utilização; ▪ Forma; ▪ Tolerâncias de medidas; ▪ Acabamento superficial; ▪ Material; ▪ Tratamento térmico. Pinos Os pinos são aplicados em junções resistentes a vibrações. Há vários tipos de pino, segundo sua função. 27COMPONENTES MECâNICOS Figura 33: Tipos de Pino. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 39). O “Quadro 3” relaciona os tipos de pinos com suas respectivas funções: Tipo Função Pino cônico Serve para centragem. Pino cônico com haste roscada A ação de retirada do pino de furos cegos é facilitada por um simples aperto da porca. Pino cilíndrico Requer um furo com tolerâncias rigorosas e é usado quando se aplica esforço cortante. Pino elástico ou pino tubular partido Apresenta alta resistência ao corte e pode ser assentado em furos cuja variação de diâmetros é considerável. Pino de guia Serve para alinhar elementos de máquinas. A distância entre pinos re- quer cálculo preciso para evitar ruptura. Quadro 3: Classificação de pinos e funções. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 40). Exemplo de aplicação de pino: Figura 34: Exemplo de aplicação de pino. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 40). 28 CURSOS TÉCNICOS SENAI Para especificar pinos e cavilhas deve-se levar em conta o diâmetro no- minal, o comprimento e função (indicada pela respectiva norma): DICA Exemplo: Pino cônico 10 x 60 DIN 1. Cavilha (pino ranhurado) A cavilha é uma peça cilíndrica, fabricada em aço, cuja superfície externa recebe três entalhes que formam ressaltos. A forma e o comprimento dos entalhes determinam os tipos de cavilha. Vantagem da cavilha: permite fixação diretamente no furo aberto por broca, dispensando-se o acabamento e a precisão do furo alargado. Figura 35: Exemplo de aplicação da cavilha. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 40). Classificação das cavilhas: Figura 36: Classificação das cavilhas. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 41). 29COMPONENTES MECâNICOS Classificação segundo tipos, normas e utilização: TIPO NORMA UTILIZAÇÃO KS 1 DIN 1471 Fixação de junção. KS 2 DIN 1472 Ajustagem e articulação. KS 3 DIN 1473 Fixação e junção em casos de aplicação de forças variáveis e simétricas. Bordas de peças de ferro fundido. KS 4 DIN 1474 Encosto de ajustagem. KS 6 e 7 - Ajustagem e fixação de molas e correntes. KS 9 - Utilizado nos casos em que se tem necessidade de puxar a cavilha do furo. KS 10 - Fixação bilateral de molas de tração ou de eixos de roletes. KS 8 DIN 1475 Articulação de peças. KS 11 e 12 - Fixação de eixos de roletes e manivelas. KN 4 DIN 1476 Fixação de blindagens, chapas e dobradiças sobre metal. KN 5 DIN 1477 KN 7 - Eixo de articulação de barras de estruturas, tramelas, ganchos, roletes e polias. Tabela 3: Classificação de cavilhas e funções. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 41). Contrapino ou cupilha Contrapino é um arame de secção semicircular, dobrado de modo a for- mar um corpo cilíndrico e uma cabeça. Figura 37: Contrapino ou cupilha. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 41). Sua função principal é travar outros elementos de máquinas, como porcas. Figura 38: Exemplo de aplicação do contrapino. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 41). Nesta seção, como continuação de seus estudos, você irá conhecer algumas características dos anéis elásticos. 30 CURSOS TÉCNICOS SENAI SEção 4 Anéis elásticos O anel elástico, também conheci- do como anel de retenção, é um elemento utilizado em eixos e fu- ros, tendo como principais fun- ções: ▪ Evitar o deslocamento axial de peças ou componentes; ▪ Posicionar ou limitar o curso de uma peça ou conjunto desli- zante sobre o eixo; ▪ Fixar engrenagens, rodas, po- lias e rolamentos, evitando o des- locamento axial sob o eixo. Deslocamento axial é o desloca- mento no sentido longitudinal (do comprimento) do eixo. Os anéis são fabricados em aço- mola e tem a forma de um anel incompleto, que se aloja em um canal circular construído confor- me normalização. As grandes vantagens no uso dos anéis são a simplicidade, o custo reduzido, e a facilidade de monta- gem e desmontagem. Na “Figura 39”, apresentamos alguns tipos de anéis e respectivas aplicações. Figura 39: Exemplo de aplicação de anel elástico. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 86). Alguns tipos de anéis Anel elástico para eixos tipo “Dae” (tabela técnica 15, anexo): São aplicados em eixos com diâmetro de 4mm a 1000mm e são padroniza- dos pela norma DIN 471. Figura 40: Dimensionamento “n” (anel elástico tipo Dae). Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 87). Anel elástico para furos tipo “Daí” (tabela técnica 16): São aplica- dos para furos com diâmetro entre 9,5 e 1000 mm, e são padronizados pela norma DIN 472. Figura 41: Dimensionamento “n” (anel elástico tipo Dai). Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 82). Anel elástico Tipo RS: Trabalham em eixos de diâmetro entre 8 a 24 mm, conforme norma DIN 6799. O canal de alojamento do eixo e do furo deverá ser feito conforme me- didas tabeladas (tabela técnica 13/14). 31COMPONENTES MECâNICOS Figura 42: Anel elástico tipo RS. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 87.) O tipo de anel utilizado é definido pelo diâmetro do eixo, ou do furo. Exemplos: 1. Especificar um anel para ser utilizado em um eixo de diâ- metro 30 mm. Resp.: O anel utilizado será o tipo DAe 30 (conforme tabe- la técnica 13). 2. Especificar um anel para um furo de diâmetro 60 mm. Resp.: O anel será o tipo DAi 60 (tabela técnica 14). Na utilização dos anéis, alguns pontos importantes devem ser observados: ▪ Cuidar do dimensionamento correto do anel e do alojamento. ▪ As condições de operação são caracterizadas por meio de vibra- ções, impacto, flexão, alta tempe- ratura ou atrito excessivo. ▪ Um projeto pode estar errado quando prevê, por exemplo, es- forços estáticos, mas as condições de trabalho geraram esforços di- nâmicos, fazendo com que o anel apresente problemas que dificul- tam seu alojamento. ▪ Utilizar ferramentas adequadas para evitar que o anel fique torto ou receba esforços exagerados. ▪ Nunca substituir um anel nor- malizado por um “equivalente”, feito de chapa ou arame sem cri- térios. ▪ Para que esses anéis não sejam montados de forma incorreta, é necessário o uso de ferramentas adequadas, no caso, alicates. SEção 5 Chavetas Ainda estudando os elementos de fixação, você verá, nessa 5ª seção, as chavetas, que têm por finalida- de ligar dois elementos mecâni- cos. A chaveta é um elemento de fixa- ção mecânico fabricado em aço. Sua forma, em geral, é retangular ou semicircular. Ela se interpõe numa cavidade de um eixo e de uma peça e tem por finalidade li- gar dois elementos mecânicos. ▪ A igualdade de pressão em vol- ta da canaleta assegura aderência e resistência. ▪ O anel nunca deve estar solto, mas alojado no fundo da canaleta, com certa pressão. ▪ A superfíciedo anel deve estar livre de rebarbas, fissuras e oxida- ções. ▪ Em aplicações sujeitas à corro- são, os anéis devem receber trata- mento anticorrosivo adequado. ▪ Em casos de anéis de secção circular, utilizá-los apenas uma vez. Figura 43: Aplicação de chavetas. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 93). 32 CURSOS TÉCNICOS SENAI Classificação As chavetas se classificam em: chavetas de cunha, chavetas para- lelas e chavetas de disco. Chavetas de cunha: Têm esse nome porque são parecidas com uma cunha. Uma de suas faces é inclinada para facilitar a união de peças. Essas chavetas classificam- se em dois grupos: chavetas lon- gitudinais e chavetas transversais. Figura 44: Chaveta de cunha sem cabeça. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 94). Chavetas longitudinais: São co- locadas na extensão do eixo para unir roldanas, rodas, volantes etc. Podem ser com ou sem cabeça e têm montagem e desmontagem fácil. Figura 45: Chavetas de cunha longitudinal. Fonte: Elementos... (2000, p. 94). As chavetas longitudinais também podem ser do tipo tangencial, forma- das por um par de cunhas posicionadas a 120°. Elas são utilizadas para transmitir altas cargas nos dois sentidos. Figura 46: Aplicação de chavetas (tipo tangencial). Fonte: Elementos. (2000, p. 95). Chavetas transversais: São aplicadas em união de peças que transmi- tem movimentos rotativos e retilíneos alternativos. Figura 47: Chaveta transversal. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 95). 33COMPONENTES MECâNICOS Quando a chaveta transversal é empregada em uniões permanentes, sua inclinação varia entre 1:25 e 1:50. Se a união se submeter a montagens e desmontagens frequentes, a inclinação pode ser de 1:6 a 1:15. Figura 48: Tipos de chaveta transversal. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 95). Chavetas paralelas ou planas: É o tipo mais comum de chaveta, in- dicado para cargas pequenas e médias. Essas chavetas têm as faces pa- ralelas, portanto, sem inclinação. A transmissão do movimento é feita pelo ajuste de suas faces laterais às laterais do rasgo da chaveta. Fica uma pequena folga entre o ponto mais alto da chaveta e o fundo do rasgo do elemento conduzido. As chavetas paralelas não possuem cabeça. Suas extremidades podem ser retas ou arredondadas, também podem ter pa- rafusos para fixarem-na ao eixo. Figura 49: Chaveta paralela ou plana. Fonte: adaptado de ABNT (2009). Chaveta de disco ou meia-lua (tipo woodruff): Variante da chave- ta paralela, recebe esse nome porque sua forma corresponde a um seg- mento circular. É comumente empregada em ei- xos cônicos, por facilitar a mon- tagem e se adaptar à conicidade do fundo do rasgo do elemento externo. Figura 50: Chaveta Woodruff. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 96). Dimensionamento do canal (alojamento) da chaveta O ajuste da chaveta no eixo e no cubo deve ser feito de acordo com as características do trabalho. Os tipos de ajustes são: ▪ Ajuste forçado, com interfe- rência no eixo e no cubo, com to- lerância tipo P9. Utilizado onde há cargas elevadas e inversão no sentido de rotação. É um ajuste de difícil montagem e desmontagem. ▪ Ajuste normal, tipo deslizan- te justo. Utilizado na maioria das aplicações, com tolerância N9 no eixo e no cubo, J9. ▪ Ajuste com folga, tipo livre. Utilizado onde há baixas cargas e peças deslizantes. A “Figura 51” mostra os tipos de ajustes: 34 CURSOS TÉCNICOS SENAI Figura 51: Tipos de ajustes para chavetas. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 97). Tolerância para Largura da Chaveta – h9 Acima 1 3 6 10 18 30 50 90 Até 3 6 10 18 30 50 90 120 h9 0 0 0 0 0 0 0 0 - 25 - 30 -36 - 43 - 52 - 62 - 74 - 87 Tabela 4: Tolerância para chaveta. Fonte: Adaptado de Acionac. (2010). Para dimensionar o canal de alojamento do eixo e do cubo, deve-se utili- zar a “Tabela técnica 13” deste livro e seguir os seguintes passos: ▪ Primeiro definir qual o tipo de ajuste a ser utilizado; ▪ Da tabela de chaveta, para o diâmetro do eixo especificado, verificar qual a seção (base x altura) da chaveta; ▪ Especificar, pela tabela, as medidas e a tolerância da profundidade do canal do eixo e do cubo. Na próxima seção, são mostradas as funções, os componentes e os ti- pos de cabos de aço. Também será apresentado como calcular a força máxima do cabo. SEção 6 Cabos de aço Cabos são elementos de transmissão que suportam cargas (força de tra- ção), deslocando-as nas posições horizontal, vertical ou inclinada. Os cabos são muito empregados em equipamentos de transporte e na elevação de cargas, como em elevadores, escavadeiras, guindastes e pon- tes rolantes. Componentes O cabo de aço se constitui de alma e perna. A perna se compõe de vários ara- mes em torno de um arame cen- tral, conforme a figura. Figura 52: Cabo de aço. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 43). Construção de cabos Um cabo pode ser construído em uma ou mais operações, depen- dendo da quantidade de fios e, especificamente, do número de fios da perna. Exemplo: Um cabo de aço 6x19 (Lê-se 6 por 19) significa que contém 6 pernas com 19 fios cada. Figura 53: Constituição de um cabo de aço. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 44). 35COMPONENTES MECâNICOS Tipos de distribuição dos fios nas pernas Existem vários tipos de distribui- ção de fios nas camadas de cada perna do cabo. Os principais tipos são: ▪ Distribuição normal: os fios dos arames e das pernas são de um só diâmetro. ▪ Distribuição seale: as camadas são alternadas em fios grossos e finos. ▪ Distribuição filler: as pernas contêm fios de diâmetro pequeno que são utilizados como enchi- mento dos vãos dos fios grossos. ▪ Distribuição warrington: os fios das pernas têm diâmetros di- ferentes numa mesma camada. Tipos de alma de cabos de aço As almas de cabos de aço podem ser feitas de vários materiais, de acordo com a aplicação desejada. Existem, portanto, diversos tipos de alma. Veremos os mais co- muns: alma de fibra e alma de aço. Figura 54: Cabo de aço (alma). Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 44). Alma de fibra É o tipo mais utilizado para car- gas não muito pesadas. As fibras podem ser naturais (AF) ou artificiais (AFA). As fibras naturais utilizadas nor- malmente são o sisal ou o rami, já a fibra artificial mais usada é o polipropileno (plástico). Figura 55: Alma de fibra. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 45). Alma de aço A alma de aço pode ser formada por uma perna de cabo (AA) ou por um cabo de aço independen- te (AACI), sendo que este último oferece maior flexibilidade soma- da à alta resistência à tração. Tipos de torção Os cabos de aço, quando tracio- nados, apresentam torção das per- nas ao redor da alma. Nas pernas também há torção dos fios ao re- dor do fio central. O sentido des- sas torções pode variar, obtendo- se uma das situações a seguir: Torção regular ou em cruz Os fios de cada perna são torci- dos no sentido oposto ao das per- nas ao redor da alma. As torções podem ser à esquerda ou à direita. Esse tipo de torção confere mais estabilidade ao cabo. Figura 56: Cabo de aço (torção regular). Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 46). Torção lang ou em paralelo Os fios de cada perna são torci- dos no mesmo sentido das pernas que ficam ao redor da alma. As torções podem ser à esquerda ou à direita. Esse tipo de torção au- menta a resistência ao atrito (abra- são) e dá mais flexibilidade. Figura 57: Cabo de aço (torção lang). Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 47). 36 CURSOS TÉCNICOS SENAI Pré-formação dos ca- bos de aço Os cabos de aço são fabricados por um processo especial, de modo que os arames e as pernas possam ser curvados de forma helicoidal, sem formar tensõesinternas. As principais vantagens dos cabos pré-formados são: ▪ Manuseio mais fácil e mais se- guro; ▪ No caso da quebra de um ara- me, ele continuará curvado; ▪ Não há necessidade de amarrar as pontas. Cargas de Trabalho do cabo Como regra geral, a carga de tra- balho não deverá ser maior do que 1/5 da carga de ruptura tabelada do cabo (Tabela técnica 16). Po- rém, o cálculo mais preciso é feito através do fator de segurança. Figura 58: Cabo de aço (deterioração). Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 47). O fator de segurança utilizado no cabo de aço depende do tipo de apli- cação e do regime de trabalho. Os fatores normalmente utilizados são: Aplicações Fator de Segurança FS Cabos e cordoalhas estáticas 3 a 4 Cabo para tração horizontal 4 a 5 Guinchos 5 Pás, guindastes, escavadeiras 5 Pontes rolantes 6 a 8 Talhas elétricas 7 Elevadores de obras 8 a 10 Tabela 5: Fator de segurança - cabo de aço. Fonte: adaptado de Maxicabos (2010). A carga de trabalho é definida pela força máxima no cabo Fcabo, e calcu- lada pela fórmula: Fcabo = Carga de ruptura F.S Fcabo = Força Máxima a ser aplicada no cabo com segurança [ N ]. Carga de ruptura = Carga mínima de ruptura do cabo, tabelada, confor- me modelo e diâmetro do cabo [N]. F.S. = Fator de segurança. Escolha do tipo de cabo Recomenda-se utilizar um cabo com arames externos finos quando es- tiver submetido a muito esforço de fadiga de dobramento, e arames ex- ternos grossos quando submetido a desgaste por abrasão. Por exemplo, temos que o cabo tipo 6x 41 possui flexibilidade máxima e resistência a abrasão mínima, ao passo que o cabo tipo 6x7 possui flexi- bilidade mínima e resistência à abrasão máxima. Aplicações Cabo ideal Pontes rolantes 6x41 Warrington Seale AF (cargas frias) ou AACI (cargas quentes), torção regular, pré-formado, IPS, polido. Guincho de obra 6x25 Filler + AACI, torção regular, EIPS, polido. Elevador de passageiros 8x19 Seale, AF, torção regular traction steel, polido. Guindastes e gruas 6x25 Filler, AACI ou 19x7, torção regular, EIPS, polido. Laços para uso geral 6x25 Filler, AF ou AACI, ou 6x41 Warrington Seale AF ou AACi, polido. Bate estaca 6x25 Filler, AACI, torção regular, EIPS, polido. Tabela 6: Aplicação - cabo de aço. Fonte: Adaptado de Liftec (2009). 37COMPONENTES MECâNICOS Diâmetros Indicados para polias e tambores Cada tipo de cabo possui uma flexibilidade própria e, consequentemen- te, um diâmetro mínimo que permite ser dobrado. Por esse motivo, exis- te um diâmetro da polia e do tambor ideal para cada tipo de cabo (valo- res mínimos que devem ser respeitados). A “Tabela 7” mostra os diâmetros para alguns tipos de cabo: Tipos de Cabo Diâmetro da polia e tambor recomendado Diâmetro da polia e tambor mínimo 6x7 72 x diam. cabo 42 x diam. cabo 6x19 Seale 51 x diam. cabo 34 x diam. cabo 6x21 Filler 45 x diam. cabo 30 x diam. cabo 6x25 Filler 39 x diam. cabo 26 x diam. cabo 6x36 Filler 34 x diam. cabo 23 x diam. cabo 6x41 Filler ou Warrington 21 x diam. cabo 21 x diam. cabo Tabela 7: Diâmetros - cabo de aço. Fonte: adaptado de Liftec (2009). SEção 7 Molas Molas helicoidais A mola helicoidal é a mais usada em mecânica. Em geral, é feita de barra de aço enrolada, em forma de hélice cilíndrica ou cônica. A barra de aço pode ter seção re- tangular, circular, quadradaetc. Normalmente a mola helicoidal é enrolada à direita. Quando a mola helicoidal for enrolada à esquerda, o sentido da hélice deve ser indi- cado no desenho. Figura 59: Mola helicoidal. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 145). A mola helicoidal de compressão é formada por espiras. Quando essa mola é comprimida por al- guma força, o espaço entre as es- piras diminui, tornando menor o comprimento da mola. Exemplo: Calcular a força máxima que pode ser utilizado em um cabo tipo 6x19 AF, com diâmetro de 1/2”. O cabo será utilizado como cor- doalha para içamento de carga. De acordo com a tabela do fa- bricante (Tabela técnica 14), a carga de ruptura para o cabo com material tipo Improved Plow Stell é de: Carga de ruptura = 97100 N O fator de segurança de acordo com a aplicação: F.S. = 4 Calculando a força no cabo: Fcabo = Carga de ruptura F.S Fcabo = 97100 = 24275N 4 Assim: F cabo = 24275 N (força máxima de trabalho no cabo) Na seção 7, você estudará os diversos tipos de molas e suas aplicações em objetos. Também aprenderá a calcular a constante da mola, a força aplicada na mola e a deflexão causada na mola. Figura 60: Mola helicoidal (exemplo de aplicação). Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 145). 38 CURSOS TÉCNICOS SENAI A mola helicoidal de tração pos- sui ganchos nas extremidades, além das espiras. Os ganchos são também chamados de olhais. Para essa mola desempenhar sua função, deve ser esticada, au- mentando seu comprimento. Em estado de repouso, ela volta ao seu comprimento normal. Figura 61: Mola helicoidal de tração. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 146). A mola helicoidal de torção tem dois braços de alavancas, além das espiras. A “Figura 62” mostra um exemplo de mola de torção e a sua aplicação em um pregador de roupas. Figura 62: Mola helicoidal de torção. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 147). As molas helicoidais também po- dem ser do tipo cônica. Veja suas aplicações em utensílios diversos. Figura 63: Mola helicoidal cônica. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 147). Algumas molas padronizadas são produzidas por fabricantes espe- cíficos e encontram-se nos almo- xarifados; outras são executadas de acordo com as especificações do projeto, segundo medidas pro- porcionais padronizadas. A se- leção de uma mola depende das respectivas formas e solicitações mecânicas. Características das mo- las helicoidais As principais dimensões da mola helicoidal de compressão cilíndri- ca são: De: diâmetro externo; Di: diâmetro interno; H: comprimento da mola; d: diâmetro da seção do arame; p: passo da mola; n: número de espiras da mola. Figura 64: Características dimensionais (mola helicoidal). Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 149). Molas planas As molas planas são feitas de ma- terial plano ou em fita, podem ser do tipo simples, prato, feixe de molas e espiral. Mola plana simples Esse tipo de mola é empregado somente para algumas cargas. Em geral, essa mola é fixa numa extre- midade e livre na outra. Quando sofre a ação de uma força, a mola é flexionada em direção oposta. Figura 65: Mola plana simples. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 155). Mola prato Essa mola tema forma de um tronco de cone com paredes de seção retangular. Em geral, as mo- las prato funcionam associadas entre si, empilhadas, formando colunas. 39COMPONENTES MECâNICOS Figura 66: Mola prato. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 156). As características das molas prato são: De: diâmetro externo da mola; Di: diâmetro interno da mola; H: comprimento da mola; h: comprimento do tronco inter- no da mola; e: espessura da mola. Figura 67: Características (mola prato). Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 156). Feixe de molas O feixe de molas é feito de diver- sas peças planas de comprimento variável, moldadas de maneira que fiquem retas sob a ação de uma força. Esse tipo de mola é muito utili- zado em suspensão de veículos, principalmente veículos de carga. Características da mola espiral: De: diâmetro externo da mola; L: largura da seção da lâmina; e: espessura da seção da lâmina; n: número de espiras. Figura 69: Mola espiral. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 157). Molas de borracha e plastiprene As molas de borracha são utili-zadas em amortecedores de vi- brações, ruídos e suspensão de veículos. A mola de plastiprene é utilizada principalmente em ferra- mentas de estampo. Figura 68: Feixe de molas. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 157). Mola espiral A mola espiral tem a forma de es- piral ou caracol. Em geral é feita de barra ou de lâmina, com seção retangular. A mola espiral é enrolada de tal forma que todas as espiras ficam concêntricas e coplanares. Esse tipo de mola é muito usado em relógios e brinquedos. Para interpretar a cotagem da mola espiral, você precisa conhe- cer suas características. 40 CURSOS TÉCNICOS SENAI Figura 70: mola de borracha. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 145). Material para Molas Material Especificação Descrição Aço ABNT 1065 Temperado em óleo Material muito comum e muito utilizado em aplicações gerais, com bom custo. Não deve ser utilizado em aplicações severas (choque). Não pode ser utilizado em temperaturas superiores a 180° C. Aço ABNT 1085 Corda de piano Melhor e mais comum material para pequenos diâmetros. Normalmente encontrado em diâmetros de 0,3 mm a 3 mm. Aço ABNT 6150 Aço liga Cromo Vanádio Utilizado onde requer condições de trabalho mais severas. Possui boa resistência à fadiga e é recomendado para apli- cações com choques. Utilizado em válvulas de motores e suporta até 220°C. Quadro 3: Molas – material aplicado. Dimensionamento de molas helicoidais Constante k da mola A constante k da mola é definida como a força necessária para produzir uma deflexão (deformação) de 1mm na mola. Figura 71: Deflexão. 41COMPONENTES MECâNICOS Então temos as seguintes equa- ções: xKF ×= Portanto x F K = Onde: k = Constante da mola [ Kgf/ mm] ou [N/mm]; F = Força aplicada na mola [Kgf] ou [N]; x = Deflexão causada na mola [mm]; Exemplo: Uma mola deverá deformar 25 mm quando for aplicada uma força de 500 N. a. Calcular a constante k da mola. K = F ... K = 500 ... K = 20N/mm x 25 b. Para a mola calculada, qual deverá ser a força aplicada para a mola deformar 15 mm? F = K x X ... F = 20 x 15 ... F = 300N Dados o diâmetro médio da mola, o diâmetro do arame, o número de espiras e o material da mola, é possível calcular a constante k pela se- guinte fórmula: K = da 4 x G 8 x dm 3 x na G = módulo de elasticidade = 80000[N/mm2]; da= diâmetro do arame [mm]; d m = diâmetro médio da mola [mm]; na = número de espiras ativas. Na unidade que se finda, você pôde estudar os elementos de fixação usados para unir peças como: parafusos, porcas, arruelas, pinos, contra- pinos, anéis elásticos, chavetas, cabo de aço e molas. Você aprendeu o formato e a aplicação desses elementos. Unidade de estudo 2 Seções de estudo Seção 1 – Eixos e árvores Seção 2 – Mancais Seção 3 – Polias e correias Seção 4 – Engrenagens Seção 5 – Correntes Seção 6 – Acoplamentos Seção 7 – Vedação 43COMPONENTES MECâNICOS Elementos de Transmissão e Vedação vSEção 1 Eixos e árvores Os São conjuntos de elementos conhecidos como sistemas de transmissão, têm, por objetivo, transferir e transformar potência e movimento em outro sistema, isto é, os sistemas de transmissão podem variar as potências e rota- ções entre dois eixos. Nesse caso, o sistema é chamado variador. As maneiras de variar a rotação de um eixo podem ser: por engre- nagens, por correntes, por cor- reias e por atrito. Seja qual for o tipo de variador, sua função está ligada aos eixos. Na “Figura 73” podemos verificar um sistema de transmissão aplicado em um tor- no convencional. Figura 72: Sistema de transmissão (exemplo) Modos de transmissão A transmissão de potência e mo- vimento pode ser realizada de di- versas maneiras. Por Forma: A transmissão pela forma é as- sim chamada porque a forma dos elementos transmissores é ade- quada para encaixamento desses elementos entre si. Nesse sistema, podemos transmitir grandes po- tências e rotação, principalmente sem perda de rotação e velocida- de. Ex.: Conjunto de engrenagens. Por Atrito: Esse sistema a transmissão se dá através do contato entre super- fícies, que ocorre por pressão, permitindo transmitir potências e rotações a níveis consideráveis. Porém, em alguns casos, poderá existir a redução de rendimentos, devido ao desgaste dessas super- fícies ou mesmo pressão e ajustes inadequados. Exemplo: polias e correias, em- breagens etc. Os eixos são componentes impor- tantes em um equipamento já que permitem a fixação dos elementos de máquinas. Normalmente tem o objetivo de transmitir movimento giratório a outros elementos fixa- dos a ele, ou, podendo girar livre- mente. Tipos de Eixos Os eixos e as árvores podem ser fixos ou giratórios. No caso dos eixos fixos, os elementos (engre- nagens com buchas, polias so- bre rolamentos e volantes) é que giram. Eixos fixos atuam como suporte para o elemento girató- rio girar. Como exemplo, temos o eixo de bicicleta, que é fixo e a roda gira. Na figura abaixo temos alguns exemplos de eixos fixos. 44 CURSOS TÉCNICOS SENAI Figura 73: Tipos de eixo – fixo. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 18). Quando se trata de eixo-árvore giratório, o eixo se movimenta junta- mente com seus elementos ou independentemente deles como, por exemplo, eixos de afiadores (esmeris), rodas de trole (trilhos), eixos de máquinas-ferramenta, eixos sobre mancais etc. Figura 74: Tipos de eixos (giratório). Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 18). Quanto ao tipo, os eixos podem ser roscados, ranhurados, estriados, ma- ciços, vazados, flexíveis e cônicos, cujas características estão descritas a seguir. Eixos maciços A maioria dos eixos maciços tem seção transversal circular maciça, com degraus ou apoios para ajuste das peças montadas sobre eles. A extre- midade do eixo é chanfrada para evitar rebarbas. As arestas são arre- dondadas para aliviar a concentração de tensão. Também podem ser ranhurados, utlizados para fixar elementos de transmissão onde devem ser empregadas grandes forças. Figura 75: Eixo (exemplo). Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 20). Eixos vazados Normalmente, as máquinas-fer- ramentas possuem o eixo-árvore vazado para facilitar a fixação de peças mais longas para a usina- gem. Temos ainda os eixos vazados em- pregados nos motores de avião, por serem mais leves. Figura 76: Eixo vazado (exemplo). Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 20). Eixos Cônicos Os eixos cônicos são utilizados para fixar elementos que pos- suam furação cônica. Geral- mente são presos por parafuso e possuem uma chaveta para evitar a rotação do elemento mecânico. Figura 77: Eixo cônico (exemplo). Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 20). SEção 2 Mancais Na seção 2, você estudará a finalidade dos mancais, os ma- teriais que são utilizados e os tipos de mancais em relação à aplicação e esforços. O mancal pode ser definido como suporte ou guia em que se apóia o eixo, permitindo que ele gire transmitindo torque. 45COMPONENTES MECâNICOS Dependendo da aplicação e os esforços, os mancais podem ser de deslizamento ou de ro- lamento. Figura 78: Mancal bipartido (exemplo). Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 119). Mancais de desliza- mento Geralmente, os mancais de desli- zamento são constituídos de uma bucha fixada num suporte. Esses mancais são usados em máquinas pesadas ou em equipamentos de baixa rotação, porque a baixa ve- locidade evita superaquecimento dos componentes expostos ao atrito, normalmente as buchas são fabricadas de material com baixo coeficiente de atrito (bronzes, li- gas de metais leves etc) com apli- cação de lubrificantes, permitindo reduzir o atrito e a temperatura,além de melhorar a rotação do eixo. O uso de mancais de deslizamen- to tem algumas vantagens: ▪ É fácil montar e desmontar o mancal e o eixo; ▪ Permite trabalhar com altas cargas; ▪ É fácil adaptar ao projeto da máquina, ocupando pouco espa- ço radial; ▪ Possui um custo acessível na maioria das aplicações. Figura 79: Montagem (mancal de deslizamento). Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 119). Materiais Utilizados Diversos materiais podem ser utilizados na bucha do mancal de deslizamento. Muitos destes são ligas contendo chumbo e estanho. Dentre os principais materiais utilizados, temos: ▪ Bronze ao chumbo: liga metálica contendo cobre, chumbo, níquel, e zinco. ▪ Bronze ao estanho: liga contendo cobre e estanho. ▪ Bronze vermelho: liga de cobre e estanho com altos teores de esta- nho. ▪ Metal sinterizado: são metais fabricados através da metalurgia do pó, onde pó de metal é prensado em alta pressão, e recebe um aqueci- mento para aumentar sua resistência. Através desta técnica é possível adicionar pó de grafite ao bronze e produzir o bronze grafitado. ▪ Ligas de alumínio: utilizadas em mancais de motores a explosão, alguns compressores e equipamentos aeronáuticos. ▪ Ferro Fundido: material de baixa capacidade que deve ser utilizado para poucas cargas e baixas velocidades (rotações). ▪ Polímeros (plásticos): alguns polímeros, como o nylon, podem ser utilizados quando não se tem lubrificação e as cargas são baixas; são muito utilizados na indústria têxtil e alimentícia. Dimensionamento de Mancais de Deslizamento O dimensionamento de mancais de deslizamento depende do tipo de lubrificação utilizado, que pode ser do tipo filme completo, ou lubrifi- cação limite. 46 CURSOS TÉCNICOS SENAI Lubrificação completa ou forçada Neste caso temos duas situações: Mancal hidrodinâmico Nesse tipo de lubrificação, o eixo flutua acima do óleo sob pressão, mesmo sendo alimentado sim- plesmente pelo efeito da gravida- de, não entrando em contato com a bucha durante o funcionamento. Exemplo: Eixo virabrequim e de comando de válvulas de motores à combus- tão. Mancal hidrostático O óleo é bombeado sob pressão para dentro do mancal, flutua e não ocorre contato de metal com metal. O dimensionamento desses tipos de mancais é complexo e utiliza cálculos de mecânica dos fluidos, hidrostática e hidrodinâmica. Lubrificação limite Neste caso, devido à lubrificação insuficiente, ou a altas cargas, existe o contato do eixo com a bucha, portanto gerando atrito de metal com metal. Esses mancais são encontrados em aplicações simples, buchas de nylon, locais com lubrificação por graxa com pouca ou nenhuma ve- dação. O dimensionamento desses man- cais depende das propriedades de desgaste dos metais utilizados, da pressão e da velocidade de traba- lho. Para dimensioná-los, utiliza-se o valor da pressão média admissí- vel, da seguinte forma: P m : Pressão Média no mancal [N/mm2]; F: Força no Mancal[N]; A: Área de Apoio [mm2]; Pm = F d x b Assim: A = d x b d: Diâmetro do Mancal [mm]; b: Largura do Mancal [mm]. Outro parâmetro utilizado no dimensionamento é a velocidade periférica do eixo. V = π x d x n 1000 x 60 V: Velocidade do eixo [m/s]; d: diâmetro do eixo [mm]; n: rotação do eixo [RPMRPM]. Deve-se verificar: ▪ Se a pressão calculada no man- cal “Pm” está abaixo do valor ta- belado “Pmax” do material. ▪ O produto Pm . V (pressão x velocidade) calculado também deve estar abaixo do valor PV ta- belado do material. ▪ Os valores “Pm”, “V” e “PV” do material devem ser fornecidos pelo fabricante. A seguir, apresentamos uma ta- bela para orientação de alguns valores admissíveis normalmente encontrados. Mate- rial Pmax [N/ mm²] V [m/s] PV [N/ mm²] [m/s] Bronze 31 7,65 1,75 Ferro Fundido - - - 4 1,75 Nylon 6,8 5 0,1 Tabela 8: Parâmetros de referência. Fonte: Adaptado de Melconian (2001, p. 309). Mancais de rolamento Como já sabemos, os mancais são elementos de máquinas que têm sua aplicação em qua- se todas as máquinas e meca- nismos com partes giratórias. Um mancal de rolamento é aquele em que a carga princi- pal é transferida por meio de elementos de contato rolantes (normalmente esferas e rolos), em vez de deslizamento. Quando se necessita de mancal com maior velocidade e menor atrito, o mancal de rolamento é o mais adequado. Os rolamentos oferecem algu- mas vantagens. Uma delas é a padronização, ou seja, o rola- mento possui um padrão inter- nacional. É possível adquirir e substituir o mesmo rolamento independente do país em que ele foi produzido. Esta permu- tabilidade facilita muito as ati- vidades de manutenção. Os mancais de rolamento, tam- bém conhecidos simplesmente por “rolamentos” são classi- ficação em função dos seus elementos rolantes. Podem ser do tipo esfera, rolo, ou agulha. Veja a “Figura 80”. 47COMPONENTES MECâNICOS Figura 80: Rolamentos (tipos). Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 120). Classificação de acordo com a força Os rolamentos podem ser classificados de acordo com as forças que eles suportam. Podem ser radiais, axiais e mistas ou combinadas. Radiais: suportam somente forças radiais, que são aquelas apontadas para o centro (raio) do rolamento. Axiais: suportam somente forças axiais, que são aquelas apontadas no sentido do eixo, não suportando cargas radiais. Impedem o deslocamen- to no sentido axial, isto é, longitudinal ao eixo. Exemplos de utilização: ganchos de talhas e guinchos. Mistas ou combinadas: suportam tanto força radial como axial, im- pedindo o deslocamento tanto no sentido transversal quanto no axial. Exemplos de utilização: rodas de caminhões e automóveis, árvores de tornos. Figura 81: Classificação de cargas (mancal). Fonte: adaptação de SKF (1982). Principais tipos de ro- lamentos: a. Rolamento fixo de uma carrei- ra de esferas. É o mais comum dos rola- mentos. Suporta cargas ra- diais, pequenas cargas axiais e é apropriado para rotações mais elevadas. Sua capacidade de ajuste angular é limitada. É necessário o perfeito alinha- mento entre o eixo e os furos da caixa, tornando-os ideais para serem montados em uma peça única (caixa) usinada com precisão. Figura 82: Rolamento fixo de esferas. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 122). 48 CURSOS TÉCNICOS SENAI b. Rolamento autocompensador de esferas. É um rolamento de duas carreiras de esferas com pista esférica no anel externo, que lhe confere a propriedade de ajustagem angular, ou seja, de compensar possíveis desalinhamentos ou flexões do eixo. Ideal para montagens em caixas separadas, onde o alinhamento é difícil. Figura 83: Rolamento autocompensador de esferas. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 126). c. Rolamento de esferas de contato angular. Admite cargas axiais somente em um sentido e deve sempre ser montado contra outro rolamento que possa receber a carga axial no sentido contrário. O formato da pista de rolamento inclinado possibilita que receba cargas mistas, radial e axial. É muito utilizado em máquinas-ferramentas e rodas de automó- veis. Na figura a seguir, temos um exemplo de montagem do rolamento de esferas de contato angular. Observe que a montagem inverten- do um em relação ao outro permite que o eixo receba cargas axiais nos dois sentidos. Figura 84: Rolamento de esferas/contato angular. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 126). d. Rolamento axial de esfera. Ambos os tipos de rolamento axial de esfera (escora simples e escora dupla) admitem eleva- das cargas axiais, porém, não podem ser submetidos a cargas radiais. Para que as esferas sejam guia- das firmementeem suas pistas, é necessária a atuação perma- nente de uma carga axial. Figura 85: Rolamento axial de esferas. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 128). Observe, na figura, que a mon- tagem do rolamento axial junto com rolamentos radiais per- mite que o eixo receba cargas mistas radiais e axiais. escora dupla escora simples 49COMPONENTES MECâNICOS e. Rolamento de rolo cilíndrico. Apropriado para cargas radiais elevadas, pois seus componentes podem ser separáveis, facilitan- do a montagem e desmontagem. Normalmente este tipo de rola- mento não suporta cargas axiais. Em função da existência de rebor- dos nos anéis, existem os tipos: NU, NJ, NUP, N e NF, influen- ciando na forma como eles são montados e desmontados. Maio- res detalhes deverão ser observa- dos em catálogos de fabricantes. Figura 86: Rolamento de rolo/tipos. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 120). f. Rolamento autocompensador de duas carreiras de rolos. Adequado a serviços pesados, onde há cargas com impactos. Possui alta capacidade de carga ra- dial e suporta cargas axiais médias nos dois sentidos. Devido à oscilação entre rolos e pistas, permite um ajuste angular, ajustando os problemas de desali- nhamento. Pode ter o furo cônico ou cilín- drico, permitindo ser instalado em eixo cônico ou eixo cilíndrico, com utilização de buchas de fixa- ção e desmontagem. Figura 87: Rolamento autocompensador de duas carreiras de rolos. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 127). g. Rolamento de rolos cônicos. Além de cargas radiais, os rolamentos de rolos cônicos também supor- tam cargas axiais em um sentido, sendo necessário montar os anéis aos pares, um contra o outro. São indicados onde se tem uma combinação com grandes cargas ra- diais e axiais, como eixo da roda de caminhões e eixos de árvores de máquinas-ferramentas. Os anéis são separáveis. O anel interno e o externo podem ser colocados separadamente no eixo e no furo, facilitando a montagem. Figura 88: Rolamento de rolos cônicos. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 127). h. Rolamento de agulha. Possui uma seção transversal muito fina em comparação com os rolamentos de rolos comuns. É utilizado especialmente quando o espaço radial é limitado. Pode ser fornecido com anel interno ou sem. Figura 89: Rolamento de agulha. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 129). 50 CURSOS TÉCNICOS SENAI Figura 90: Contra ponta. Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 129). Projeto de eixo e aloja- mento O projeto do eixo e do alojamen- to deve ter o ajuste e a tolerância correta para o perfeito funciona- mento do rolamento. O tipo de ajuste ideal depende do tipo de esforço no rolamento, da tem- peratura de trabalho e da forma como o rolamento vai ser monta- do e desmontado. Normalmente o eixo é montado com pequena interferência e o alo- jamento (anel externo) pode ser montado com pequena folga (ajuste incerto) ou com pequena interferência, dependendo do tipo de carga. Um ajuste muito usado é o obtido com tolerância H7 para o furo e j6 ou m6 para o eixo. Maiores detalhes quanto a tolerâncias e ajustes para rolamentos devem ser verificados em catálogos de fabricantes. Caso o rolamento seja montado com interferência maior que o usual, devem-se utilizar rolamentos com folga radial, para evitar o travamento. Os rolamentos utilizados nesse caso são com folga do tipo C3 e C4. Dimensões do eixo e do furo do alojamento As dimensões do eixo e do furo, encosto e raio devem obedecer os padrões especificados pelos fabricantes e as alturas do encosto do rola- mento no eixo e no furo devem ser suficientes para ter um correto apoio lateral do rolamento. Em tabelas de catálogos, temos as dimensões do rolamento e do aloja- mento do cubo e do eixo para cada rolamento, incluindo os encostos do eixo (da), da bucha (Da) e do raio de arredondamento do encosto (ra). A seguir, temos um exemplo das principais medidas que deverão ser observadas no catálogo de rolamentos para o correto dimensionamento. Observe, na figura 118, as dimensões para rolamentos rígido de esferas com diâmetro do eixo de 25mm. Dimensões (mm) Dimensões de Encosto (mm) d D B r m in . da Da ra Dx Cy m in . m áx . m áx . m áx . m in . m áx . 25 37 7 0,3 27 27 35 0,3 40,5 1,8 42 9 0,3 27 28,5 40 0,3 45,5 2,3 47 8 0,3 27 - 45 0,3 - - Tabela 9: Dimensão padrão (exemplo). Fonte: Adaptado de NSK (2006, p. B10 e B11). Vida Nominal do Rolamento A vida do rolamento “L10h” é calculada de acordo com a carga de trabalho, a rotação e a capacidade de carga do rolamento Cr, tabe- lada da seguinte forma: 51COMPONENTES MECâNICOS Para Rolamentos de Esfera: L10h = 1000000 x Cr 3 60 x n P Para Rolamentos de Rolo: L10h = 1000000 x Cr 3,33 60 x n P Onde: L10h: Vida nominal do rolamento [h]; n: Rotação [RPMRPM]; Cr: Capacidade de Cargo do rola- mento (tabelada) [N]; P: Carga equivalente sobre o rola- mento [N]. Para calcular a carga equivalente “P” sobre o rolamento, faz-se: Para carga radial: P = Fr Para carga radial mais axial, faz-se: P = X.Fr + Y. Fa Onde: Fr = Força radial no rolamento [N]; Fa = Força axial no rolamento [N]; X = Coeficiente de carga radial (tabela de dimensões); Y = Coeficiente de carga axial (ta- bela de dimensões). Na “Tabela 6”, temos os valores para os coeficientes “X” , “Y” de ro- lamentos fixos de esferas. Cor Fa e Fa ≤ e . Fr . Fa > e . Fr . X Y X Y 5 0.35 1 0 0.56 1.26 10 0.29 1 0 0.56 1.49 15 0.27 1 0 0.56 1.64 20 0.25 1 0 0.56 1.76 25 0.24 1 0 0.56 1.85 30 0.23 1 0 0.56 1.92 50 0.20 1 0 0.56 2.13 70 0.19 1 0 0.56 2.28 Tabela 10: Coeficientes (rolamento). Fonte: NSK (2006, p. B11). Seguem orientações para a utilização da tabela: ▪ Calcular o valor Cor e definir a linha na tabela; Fa ▪ Fa Calcular e verificar se é menor ou maior que o valor tabelado de “e”. Fr ▪ Definir qual a coluna e o valor de “X”, “Y”. Exemplo 1 Dado o rolamento 6005, com uma força radial aplicada de 800N e uma rotação de 1750 RPM. Determine a vida nominal do rolamento em ho- ras de trabalho. P = Fr = 800 N Da tabela de rolamentos (Catálogo Fabricante de Rolamentos): Cr = 10100N L10h = 19165 h L10h = 1000000 x Cr 3 60 x n P L10h = 1000000 x 10100 3 60 x 1750 800 52 CURSOS TÉCNICOS SENAI Exemplo 2 Dado o rolamento 6209, com uma força radial aplicada de 3000 N e força axial de 1400N. Calcu- lar a vida nominal do rolamento em horas de trabalho. A rotação é 1100 RPM. Tabela de Rolamentos: Cr = 31500 N Cor = 20400 = 14,75 X = 0,56 1400 Y = 1,64 P = X.Fr + Y. Fa P = 0,56 . 3000 + 1,64 . 1400 P = 3976 N L10h = 7534,4 h L10h = 1000000 x Cr 3 60 x n P L10h = 1000000 x 31500 3 60 x 1100 3976 Capacidade de carga estática Muitas vezes, os rolamentos de- vem trabalhar parados, com pou- ca rotação, ou apenas com giro de 180°. Por exemplo, em rodízios, roletes, articulações. Nesse caso, os rolamentos de- vem ser dimensionados pela sua capacidade de carga es- tática C 0 , da seguinte forma: P = C0 FS C0: Capacidade de carga estáti- ca tabelada [N]; FS: Fator de segurança.
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