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1 PREFÁCIO Olá queridos colegas profissionais da saúde e nutricionistas! É com grande satisfação que escrevo este e- book sobre o universo dos exames laboratoriais, com linguagem simples, acessível e de grande aplicabilidade clínica. Em uma das minhas aulas sobre bioquímica, nasceu a ideia de explorar um pouco mais sobre esta temática, pois ainda existe muita insegurança na solicitação e interpretações de exames laboratoriais de rotina. No entanto, lhes digo que é algo muito comum e normal, uma vez que a complexidade biomolecular que envolve os dados bioquímicos do seu paciente se aprende com alguns anos de prática clínica, desde que você tenha fontes bibliográficas confiáveis, pois o perigo da extrapolação dos resultados é iminente. Bom, este e-book é resultado de alguns anos de estudos associados à minha prática clínica, pois no início sempre que surgia uma alteração nos dados bioquímicos de um paciente meu, eu corria para os livros para compreender melhor o diagnóstico dele e, assim, direcionar melhor o seu tratamento nutricional. O e-book “Descomplicando a interpretação de exames laboratoriais”, vai do simples ao mais complexo. Espero que gostem! Aqui, esclareço questões importantes sobre a atuação do nutricionista na solicitação de exames, a fase pré analítica e analítica dos exames laboratoriais como, por exemplo, a influência de alguns fatores como tempo de jejum (da fase pré analítica) sobre os resultados obtidos, melhores marcadores de diagnóstico e controle de doenças, e finalizo com um estudo de caso clínico que vai te ajudar a fixar o conteúdo que foi explanado. Este é o meu perfil no instagram: @nutri_vanessaL Dra Vanessa Lima - Nutricionista Mestre em Alimentos e Nutrição - UFPI Dra em Ciências dos Alimentos – USP Espec. em Nutrição Esportiva – USP SUMÁRIO 1. Definição: o que são exames laboratoriais?................................................ pág 04 2. Exames laboratoriais na prática clínica do nutricionista ................... pág 04 3. Quando solicitar exames laboratoriais? ...................................................... pág 06 4. Quais são as amostras biológicas utilizados nas análises clínicas?... pág 06 5. Exames laboratoriais sanguíneos ................................................................... pág 07 6. Quais exames de sangue que precisamos solicitar/avaliar?................. pág 10 6.1 Parâmetros hematológicos: ................................................................................. - Contagem total de hemácias ................................................................................ - Dosagem de hemoglobina ..................................................................................... - Hematócrito ............................................................................................................ - Índices hematimétricos .......................................................................................... pág 10 pág 10 pág 10 pág 10 pág 10 6.1.1 Interpretações em indivíduos adultos .......................................................... pág 11 6.1.2 Contagem global e diferencial de leucócitos (Leucócitos totais (/mm3)...... pág 13 6.2 Alguns parâmetros bioquímicos ................................................................. pág 15 6.2.1 Parâmetros bioquímicos de diagnóstico do diabetes mellitus..................... pág 15 6.2.2 Parâmetros de avaliação de monitoração do controle glicêmico............... pág 17 6.2.3 Parâmetros de avaliação do risco cardiovascular........................................ pág 19 Estudo de caso clínico ............................................................................................... pág 22 Referências .................................................................................................................... pág 24 4 | P á g i n a 1. DEFINIÇÃO: O QUE SÃO EXAMES LABORATORIAIS? Os exames laboratoriais são um conjunto de marcadores ou parâmetros metabólicos que fazem parte da rotina clínica de profissionais da saúde. Estes marcadores são avaliados em amostras tais como sangue, urina e saliva e servem para complementar as informações obtidas na anamnese, nos exames físicos, na avaliação antropométrica e análise do consumo alimentar para a obtenção do diagnóstico nutricional, que auxilia na prescrição dietética e acompanhamento dietoterápico (OLIVEIRA, 2019). 2. EXAMES LABORATORIAIS NA PRÁTICA CLÍNICA DO NUTRICIONISTA 2.1 O nutricionista pode solicitar exames laboratoriais? Sim. O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), por meio da Resolução CFN nº306/2003, recomenda ao Nutricionista: 1. Elaborar o diagnóstico nutricional com base nos dados clínicos, bioquímicos, antropométricos e dietéticos, atividade indispensável na assistência dietética a indivíduos sadios ou enfermos; 2. Solicitar os exames laboratoriais exclusivamente necessários à avaliação, à prescrição e à evolução nutricional e dietoterápica do cliente-paciente. 3. Considerar diagnósticos, laudos e pareceres dos demais membros da equipe multiprofissional, definindo com estes, sempre que pertinente, outros exames laboratoriais; 4. Considerar o cliente-paciente globalmente, respeitando suas condições clínicas, individuais, socioeconômicas e religiosas, desenvolvendo a assistência de forma autônoma ou integrada junto à equipe multiprofissional; 5 | P á g i n a 5. Solicitar exames laboratoriais cujos métodos e técnicas tenham sido aprovados cientificamente. É de responsabilidade do nutricionista fundamentar tais solicitações em seus aspectos técnico e legal, quando necessários, não cabendo ao CFN e CRN o estabelecimento de um rol de exames laboratoriais; 6. Respeitar os princípios da bioética e os preceitos contidos no Código de Ética do Nutricionista. Em 2016, o CFN destaca ainda a recomendação nº005 de denunciar o descumprimento na aceitação de solicitações de exames laboratoriais ao Conselho Regional de Nutricionistas de sua jurisdição, às Secretarias Estaduais e Municipais no caso do SUS e à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), quando operadoras de planos de saúde e seguradoras de saúde (CFN, 2016; OLIVEIRA, 2019). Importante! 1. O nutricionista só deve solicitar os exames pertinentes ao estado nutricional do paciente, com a finalidade de estabelecer a sua conduta clínica e dietoterápica, avaliar o prognóstico da doença e a conduta nutricional estabelecida, bem como acompanhar a adesão do paciente à terapia nutricional. 2. No pedido de solicitação de exames, o nutricionista deve carimbar (constando o número de registro no CRN), assinar e colocar a data. Compete ao nutricionista a inteira responsabilidade sobre as justificativas técnicas para tais solicitações, bem como sobre a leitura e interpretação dos resultados desses exames. Desse modo, os nutricionistas só devem solicitar os exames realmente necessários para o acompanhamento do paciente. 6 | P á g i n a 3. QUANDO SOLICITAR EXAMES LABORATORIAIS? Primeiro precisamos responder algumas perguntas: em que uma solicitação padrão (às vezes, é uma lista imensa de marcadores sem fins objetivos) feita antes da 1ª consulta ajudaria o seu paciente? E o que você profissional faz quando tem todos aqueles resultados em mãos? Faz cruzamentos de dados? Será que apenas buscar a “normalidade” dos resultados baseados em valores de referência é suficiente? Bom, estas questões nos fazem entender brevemente a complexidade que é ter resultados de exames em mãos. Portanto, não simplifique algo tão complexo. Não solicite uma pilha de exames visando apenas enxergar se o parâmetro está normal ou não... solicite apenas aqueles exames que pontualmente respondam suas questões sobre ossinais e sintomas que seu paciente apresentou na anamnese e que merecem melhor investigação. Assim, você consegue direcionar melhor o seu diagnóstico e, consequentemente, o tratamento do seu paciente e reduz as chances de haver equívocos na interpretação dos exames. Portanto, a solicitação de exames deve ser feita apenas após a primeira consulta, depois de uma profunda anamnese clínica e alimentar. Avalie todos os sinais e sintomas que merecem ser investigados e com base nisto, solicite os exames. 4. QUAIS SÃO AS AMOSTRAS BIOLÓGICAS UTILIZADAS NAS ANÁLISES CLÍNICAS? As análises clínicas são um conjunto de exames com a finalidade de verificar o estado de saúde de um paciente ou investigar doenças. Os principais materiais biológicos utilizados na prática clínica são sangue, urina, saliva e fezes; mas podem ser utilizados esperma, fragmentos de tecido, líquido sinovial, pleural, líquido cefalorraquidiano, pus, entre outros. Entretanto, neste e-book iremos nos ater às análises sanguíneas. 7 | P á g i n a Importante! 1. Amostras de urina e saliva para a dosagem de cortisol podem ser mantidos por até 20 horas refrigerados (2° a 8°C). O tempo de jejum varia de acordo com o exame. Alguns dos testes podem ser feitos sem jejum; e devem ser evitadas coletas de sangue após período muito prolongado de jejum, acima de 14 horas. Algumas considerações: Na saliva, a concentração de hormônios está sempre livre e ativo, portanto, é mais fidedigno que o exame sanguíneo pois apresenta hormônios na sua forma inativa. Apesar disso, o custo ainda é alto! No sangue, existe uma variação muito grande nos valores de referência (VR). Portanto, a dica é usar o quartil, ou seja, reparta o VR em quatro partes e utiliza o quartil mais próximo como referência para o que você está tratando. Por exemplo: O valor de referência da testosterona total em homens jovens é de 241 - 827ng/dL e a livre é de 3 - 25ng/dL (17 a 40 anos) e de 2,7 - 18ng/dL (41 a 60 anos). Contudo, os sintomas da disfunção erétil e redução da libido já ocorrem quando a testosterona total está abaixo de 320ng/dL e a livre estiver abaixo de 6,4ng/dL (VAN DEN BELD et al, 2018), ou seja, no primeiro quartil do VR. 5. EXAMES LABORATORIAIS SANGUÍNEOS 5.1Componentes do sangue: As análises sanguíneas podem fornecer diferentes informações sobre o estado geral de saúde, perfil nutricional, patologias e infecções. O sangue periférico é constituído por três diferentes linhagens celulares: glóbulos vermelhos, eritrócitos ou hemácias; glóbulos brancos ou leucócitos; e plaquetas ou trombócitos (FIGURA 1) (CALIXTO-LIMA; REIS, 2012). 8 | P á g i n a Figura 1. Componentes sanguíneos. Alguns fatores como a realização de exercício físico e fatores intrínsecos como a idade, etnia, sexo, dieta e medicamentos podem influenciar o resultado e a interpretação de algumas análises bioquímicas e hematológicas. Vamos exemplificar algumas destas variações? - Idade: Os valores de testosterona sérica no homem diminuem com a progressão da idade do indivíduo (BELCHER et al., 2011). As mulheres na menopausa apresentam elevação de vários constituintes plasmáticos: alanina aminotransferase, fosfatase alcalina, aspartato aminotransferase, ácido úrico e colesterol (BURTIS; BRUNS, 2014); além disso, o estrógeno da mulher pós menopausa diminui cerca de 70%, o que pode estar relacionada com o aumento do colesterol sérico (SMOLDERS; VAN DER MOOREN, 2000). 9 | P á g i n a - Dieta: Dietas ricas em proteínas tendem a aumentar os valores de ureia, amônia e ácido úrico plasmático e consequentemente sua excreção urinária (BURTIS; ASWOOD; BRUNS, 2008). Uma dieta rica em carboidratos irá aumentar os triglicerídeos séricos e consequentemente as lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL) (GUDER et al., 2003). Indivíduos desnutridos irão apresentar diminuição das proteínas plasmáticas, principalmente pré-albumina e proteína ligadora de retinol (GUDER et al., 2003). - Tempo de Jejum: Para alguns exames, não é necessário o jejum como hemograma e o perfil lipídico completo, mantendo-se assim o estado metabólico estável à dieta habitual. O laboratório deve informar no laudo as duas diferentes situações: sem jejum e jejum de 12 horas, de acordo com o profissional solicitante. Obs: Se a concentração de triglicérides estiver elevada (> 440 mg/dL) sem jejum, o paciente fará uma nova avaliação de triglicérides com jejum de 12 horas para confirmar o resultado (FALUDI et al., 2017). O jejum excessivo (acima de 14 horas) pode ser prejudicial a algumas análises. A concentração plasmática de glicose diminui enquanto a de ácidos graxos livres, glicerol, piruvato e lactato e corpos cetônicos aumentam consideravelmente. O jejum prolongado também está associado com redução do gasto energético e, consequentemente, a concentração plasmática dos hormônios tireoidianos (T3 e T4) reduz (GUDER et al., 2003). - Variação circadiana: Alguns hormônios como o cortisol e a testosterona possuem uma variação típica circadiana, com concentrações mais elevadas no período da manhã entre 7 e 9 horas e diminuídas ao longo do dia com os menores valores ao deitar-se (ROHLEDER; NATER, 2009). Por esta razão, não se aconselha realizar teste de tolerância à glicose no período da tarde. Além disso, os valores plasmáticos de cortisol sofrem influência de alimentação, medicações, ingestão de álcool, obesidade e treinamento físico (PATEL et al., 2004). 10 | P á g i n a A dosagem de creatinina sérica no período da tarde pode estar 100% maior em relação ao período da manhã. Enzimas muito utilizadas na avaliação de atletas como a creatina quinase (CK), lactato desidrogenase (LDH), aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT) e gama glutamiltransferase (GGT) podem apresentar valores mais elevados à tarde em comparação ao período da manhã (RIVERA-COLL et al., 1993). 6. QUAIS EXAMES DE SANGUE QUE PRECISAMOS SOLICITAR/AVALIAR? Descreverei abaixo os principais exames laboratoriais e os momentos mais indicados para sua realização. Saliento, que é apenas uma sugestão inicial de avaliação baseada na literatura e na minha experiência profissional, você poderá complementar estas análises de acordo com a sua rotina ou anamnese de seu paciente. 6.1. Parâmetros Hematológicos Segundo Calixto-Lima e Reis (2012), o Hemograma avalia a clínica geral e diagnostica anemias, policitemias, aplasias medulares, processos infecciosos, leucemias/leucoses, trombocitose ou trombocitopenia. O hemograma é considerado a principal ferramenta diagnóstica em hematologia, sendo constituído pelos seguintes exames: _ Contagem total de hemácias (milhões/mm3): células vermelhas do sangue (também chamadas de eritrócitos). _ Dosagem de hemoglobina (g/dL): proteína que pigmenta as células vermelhas do sangue e transporta oxigênio para as células. _Hematócrito (mL eritrócito/dL ou %): quantidade de eritrócitos existentes na amostra de sangue. Ele complementa o diagnóstico de anemia. _ Índices hematimétricos: são parâmetros qualitativos que devem ser utilizados em conjunto com os exames de hemoglobina e hematócrito para o diagnóstico conclusivo da anemia: • Volume corpuscular médio (VCM) - corresponde ao tamanho das hemácias e classifica em micro ou macrocitoses. 11 | P á g i n a • Hemoglobina corpuscular média (HCM) – corresponde ao peso da hemoglobina por hemácia. • Concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) – mede a quantidade de hemoglobina por hemácia. • Amplitude de distribuição das hemácias (RDW) – avalia a distribuição das hemácias em relação aos seus diâmetros. Deve ser analisado juntamente com o VCM. Constata micro e macrocitose numa mesma amostra, comum na maioria das anemias. _ Contagem global de leucócitos. _ Contagem diferencial de leucócitos. _ Exame microscópico do esfregaço corado. _Contagem de plaquetas (opcional). Vou deixar um artigo abaixo para vocês terem acesso aos valores de referência destes parâmetros do hemograma: Rosenfeld et al. (2019). Valores de referência para exames laboratoriais de hemograma da população adulta brasileira: Pesquisa Nacional de Saúde. Rev. Bras Epidemiol; v.22 (SUPPL 2): E190003. SUPL.2. DOI: 10.1590/1980- 549720190003.supl.2 6.1.1 INTERPRETAÇÕES em indivíduos ADULTOS A tabela abaixo define os critérios de diagnóstico de anemia pela análise das concentrações de hemoglobina e/ou hematócrito (OLIVEIRA, 2019). TABELA 1. Critérios de diagnóstico para anemia em adultos. Anemia Hemoglobina Hematócrito Homens < 13,5 g/dL e/ou < 39% Mulheres < 12,0 g/dL e/ou < 35% Fonte: Oliveira, 2019. 12 | P á g i n a Identificou anemia no seu paciente? Agora é a hora de determinar o tipo de anemia. Veja abaixo. ✓ Valores de VCM: Valores de VCM baixos: microcitose em anemia ferropriva; talassemias; anemia sideroblásticas; anemia de doença crônica (tardia) ou deficiência de cobre. VCM normais: normocitose em anemia ferropriva precoce; anemia de doença crônica; perda aguda de sangue; doença renal crônica; anemia aplásica e supressão medular; hipotireoidismo ou hipopituitarismo. VCM entre 100 e 115 fL (altos): macrocitose devido ao abuso de álcool; deficiência de ácido fólico; deficiência de vitamina B12; reticulocitose (recuperação de anemias hemolíticas, carenciais e sangramentos); síndromes mielodisplásicas; leucemia mielóide aguda; hepatopatia crônica; medicamentos (ex.: zidovudina, hidroxiureia) ou hipotireoidismo. VCM acima115 fL (altos): macrocitose em anemia causada exclusivamente por deficiência de vitamina B12 e/ou ácido fólico (anemia megaloblástica). Nesse caso, o CHCM está normal. ✓ Valores de HCM e CHCM: HCM e CHCM altos: anemia hipercrômica. HCM e CHCM baixos: anemia ferropriva hipocrômica. HCM e CHCM normais: anemia ferropriva normocrômica. Obs: Problemas na tireoide e consumo excessivo de bebidas alcoólicas podem aumentar o CHCM. Importante!!! 1. Os resultados de hemoglobina, HCM e/ou CHCM, quando reduzidos, podem influenciar a interpretação de hemoglobina glicada (falso positivo) em pacientes diabéticos ou pré diabéticos. No entanto, voltaremos a falar sobre isso quando falarmos de marcadores da avaliação de glicose no sangue (SHEPARD et al, 2015). 13 | P á g i n a 2. Homens apresentam um nível mais elevado de hemácias, hemoglobina e hematócrito do que as mulheres. Esta diferença pode ser influência dos hormônios androgênicos na eritropoiese e perdas de sangue durante o período menstrual nas mulheres. Gestação e insuficiência cardíaca crônica ou qualquer outra condição que pode causar retenção de líquidos e hemodiluição levaria a um diagnóstico de falsa anemia. O oposto também é verdadeiro, condições que reduzem o volume sanguíneo como uso abusivo de diuréticos e desidratação podem tornar a hemoglobina sérica “mais concentrada” e “elevada”. 3. Alguns parâmetros hematológicos (ex., hematócrito, hemoglobina e contagem de hemácias) podem variar de acordo com o período de treinamento e competições em indivíduos fisicamente ativos. Hematócrito e hemoglobina mostram-se diminuídos durante os períodos de treinamento mais intensos e de alto volume para a maioria dos esportes, com exceção do futebol. Vale ressaltar que ao se avaliar um indivíduo praticante de atividade física ou atleta é primordial que se utilize um valor de referência específico para esta população. Ainda no hemograma, é possível avaliar a condição do sistema imune do paciente por meio da contagem global e diferencial de leucócitos (células brancas) determinada no leucograma. Segundo Calixto-lima; Reis (2012) e Rossi et al. (2015), o leucograma é constituído por: 6.1.2 Contagem global e diferencial de leucócitos (Leucócitos totais (/mm3)): avalia a presença de inflamação sistêmica e infecção. - Neutrófilos: representam mais de 50% dos leucócitos circulantes. Junto com os macrófagos, são as principais células fagocíticas em infecções bacterianas ou viral. - Monócitos: chamados assim quando estão no sangue; mas, em tecidos, são macrófagos. Revelam uma inflamação crônica, quando estão elevados (>800/mm3). - Linfócitos: pertencem à imunidade adquirida a partir do contato com vírus. Portanto, o aumento (>5.000/mm3) está relacionado com infecções virais e a queda (<1.500/mm3) revela uma imunodeficiência, estresse ou uso de corticosteroides. - Eosinófilos: quando >450/ mm3 revela processos alérgicos, parasitoses ou distúrbios dermatológicos como urticária ou enfisema. 14 | P á g i n a - Basófilos: estão elevados em alergias, colite ulcerativa, artrite reumatoide juvenil, deficiência de ferro, insuficiência renal crônica, e liberam heparina e histamina nestas condições. Importante!!! 1. Quando há um aumento na contagem de leucócitos totais, conhecido como leucocitose, é sinal de inflamação crônica sistêmica, gravidez ou de uma resposta aguda ao exercício físico. A inflamação crônica cursa com recrutamento de leucócitos para o ambiente vascular em resposta ao estresse oxidativo e à produção de citocinas pró-inflamatórias. Quando há uma queda, conhecido como leucopenia, é sinal de infecção viral ou uso de drogas imunossupressoras. 2. A Neutrofilia (aumento do número de neutrófilos: >70% ou >10.000/mm3) ocorre, geralmente, por estresse e uso de drogas corticosteroides. Como resposta aguda ao exercício intenso, a leucocitose ocorre devido ao aumento de neutrófilos na circulação, sendo uma resposta transitória ao estresse muscular que gera uma inflamação localizada. Neutropenia (neutrófilos <1.500/mm3) frequentemente associada a infecções virais, antibióticos (cloranfenicol), antiinflamatórios não hormonais, quimioterapia e antitérmicos. 3. A razão neutrófilo-linfócito (RNL) tem sido introduzida como potencial marcador inflamatório em doenças cardíacas, neoplasias e complicações associadas com o diabetes, principalmente em casos de neutrofilia e linfocitopenia. A RNL é definida pelo número absoluto de neutrófilos dividido pelo número absoluto de linfócitos. Todavia, ainda não há ponto de corte definido (MENDES et al., 2019). 15 | P á g i n a 6.2. Alguns Parâmetros Bioquímicos Neste tópico, iremos discutir alguns dos exames bioquímicos fundamentais para o diagnóstico de condições ou doenças metabólicas e para o acompanhamento de rotina do seu paciente. Contudo, é importante deixar claro que o norteador da sua solicitação específica será o conjunto de sinais e sintomas apresentados pelo seu paciente durante a anamnese. Discutiremos a seguir, alguns dos exames bioquímicos de rotina: 6.2.1 Parâmetros bioquímicos de diagnóstico do diabetes mellitus A glicemia equivale à concentração de glicose no sangue. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SDB, 2019), o diagnóstico laboratorial do diabetes mellitus (DM) pode ser realizado por meio dos seguintes exames de tolerância à glicose abaixo. Não existem outros testes laboratoriais validados e recomendados para essa finalidade. a) Glicemia em jejum: coletada em sangue periférico após jejum calórico de, no mínimo, 8 horas; b) Teste oral de tolerância à glicose (TOTG): a tolerância à glicose reflete a eficiência com a qual o organismo metaboliza a glicose após uma carga oral de glicose (PACINI; MARI, 2017). As coletas de sangue são realizadas antes e durante 2 horas após a ingestão de 75 g de glicose dissolvida em água (sobrecarga de glicose) para determinação da glicemia. A dieta do avaliado deve ser a habitual e sem restrição de carboidratos pelo menos nos 3 dias anteriores à realização do teste. É um exame fundamental na fase pré-diabética do DM pois o aumento da glicemia após sobrecargapode ser a única alteração detectável, refletindo a perda de primeira fase da secreção de insulina. 16 | P á g i n a c) Hemoglobina glicada (HbA1c): resulta da glicação irreversível não enzimática da hemoglobina. Quando os níveis de glicose se elevam muito no sangue, o processo de glicação se intensifica, fazendo com que a HbA1c também aumente. A HbA1c reflete níveis glicêmicos dos últimos 3 a 4 meses, sofre menor variabilidade dia a dia e independe do estado de jejum para sua análise. Os valores adotados pela SBD (2019) para cada um destes parâmetros são os mesmos recomendados pela Associação Americana de Diabetes (American Diabetes Association, ADA). Vale lembrar que o uso isolado da glicemia não pode ser utilizado como critério diagnóstico do DM pois é um parâmetro influenciado no dia a dia por condições como alimentação, estresse, exercício físico, horário de coleta, entre outros. Neste sentido, é importante associá-la com TOTG ou HbA1c para o diagnóstico do seu paciente, bem como avaliação do controle glicêmico do paciente em tratamento (SBD, 2019). TABELA 2. Critérios diagnósticos para DM recomendados pela ADA e pela SBD. Exame Normal Intolerância à glicose (Pré-diabetes) Diabetes Glicemia em jejum (mg/dL) <100 100 a 125 >126 Glicemia 2 horas após TOTG com 75 g de glicose (mg/dL) <140 140 a 199 >200 Hemoglobina glicada (%) <5,7% 5,7 a 6,4 >6,5 Fonte: Diretrizes da SDB (2019-2020). 17 | P á g i n a Exames como glicemia pós prandial podem ser utilizados como estimativas da glicemia média por determinado tempo. A frutosamina (ou proteínas glicadas) e a albumina glicada estimam a glicemia média e/ou mensuram a variabilidade glicêmica ao longo de 2 ou 3 semanas, o que auxilia na análise do controle metabólico da doença. A frutosamina vem sendo tradicionalmente utilizada como alternativa à HbA1c quando esta apresenta problemas metodológicos relacionados a hemoglobinopatias. Este conceito tem ganhado força no que diz respeito à modulação do risco cardiovascular no DM, mas, por enquanto, não tem aplicabilidade no diagnóstico da doença. Nenhum destes exames, portanto, é validado para o diagnóstico de DM (CERIELLO et al., 2008; SBD, 2019). CUIDADO NA INTERPRETAÇÃO DA HbA1c: algumas condições que diminuem a vida da hemácia como anemias hemolíticas, doença renal crônica, hemodiálise e gravidez ou que aumentam a formação de hemácias como o uso de eritropoetina e perda de sangue causam falsa redução nos níveis de HbA1c (ou melhora no controle do DM). Por outro lado, existem condições que elevam falsamente a HbA1c sugerindo piora do controle glicêmico sem que isto tenha de fato ocorrido. Doenças que aumentam a vida das hemácias como: anemia por deficiência de ferro, ácido fólico ou B12, a retirada cirúrgica do baço, modificações químicas da hemoglobina causadas por doses elevadas de AAS (hemoglobina acetilada) ou níveis elevados de ureia (hemoglobina carbamilada) podem ser causas de falsa elevação da HbA1c. Portanto, nestas condições, é preferível diagnosticar o estado de tolerância à glicose com base na dosagem glicêmica direta (SHEPARD et al, 2015; SBD, 2019). 6.2.2 Parâmetros de avaliação de monitoração do controle glicêmico O controle glicêmico ou homeostase glicêmica no indivíduo não diabético é alcançado quando a concentração de glicose sanguínea em jejum se encontra entre 70 a 99mg/dL. 18 | P á g i n a Sabe-se que fatores como o padrão alimentar e a presença da inflamação subclínica inerente à algumas doenças metabólicas como obesidade (principalmente a visceral), síndrome dos ovários policísticos, infecção, doenças autoimunes etc. prejudicam o controle glicêmico, ocasionando quadros de resistência à insulina (RI) e intolerância à glicose. Outras condições fisiológicas como gestação, adolescência e envelhecimento podem também induzir uma RI (SDB, 2019). A insulina é um hormônio que facilita a captação periférica de glicose, principalmente pelo tecido adiposo e muscular esquelético, bem como inibe a produção hepática de glicose. A regulação destes processos metabólicos faz com que a insulina seja responsável pela manutenção da homeostase da glicose dentro de uma estreita faixa de variação (70 a 99mg/dL) ao longo do estado alimentado. Na RI, este controle glicêmico é prejudicado. Portanto, é importante avaliar a sensibilidade à insulina (SI) ou detectar a presença da RI (BUCHANAN et al., 2010; SBD, 2019). Na prática clínica, a sensibilidade à insulina é uma medida para avaliar a resposta glicêmica do seu paciente aos carboidratos da dieta. Como avaliar a SI ou detectar a RI no paciente por meio de exames laboratoriais? O índice HOMA-IR se baseia na relação de retroalimentação que existe entre produção hepática de glicose (90% da glicose no estado de jejum) e a produção de insulina pelas células beta para a manutenção da homeostase glicêmica no estado de jejum (insulina basal). O índice HOMA-IR expressa a resistência à insulina hepática e pressupõe que a resistência à insulina hepática e a periférica sejam equivalentes. 19 | P á g i n a Níveis elevados de glicose ou insulina de jejum sugerem RI. O seu cálculo requer a medida da glicemia e da insulinemia após 8 a 12 horas de jejum, a partir das fórmulas abaixo: 𝐻𝑜𝑚𝑎 − 𝐼𝑅 = [(𝑔𝑙𝑖𝑐𝑒𝑚𝑖𝑎 𝑒𝑚 𝑚𝑚𝑜𝑙𝐿 ) × (𝑖𝑛𝑠𝑢𝑙𝑖𝑛𝑒𝑚𝑖𝑎 𝑒𝑚 𝜇𝑈𝑚𝐿)] ÷ 22,5 ou 𝐻𝑜𝑚𝑎 − 𝐼𝑅 = [(𝑔𝑙𝑖𝑐𝑒𝑚𝑖𝑎 𝑒𝑚 𝑚𝑔𝑑𝐿 ) × (𝑖𝑛𝑠𝑢𝑙𝑖𝑛𝑒𝑚𝑖𝑎 𝑒𝑚 𝜇𝑈𝑚𝐿)] ÷ 405 Para indivíduos adultos e idosos, valores de HOMA-IR acima de 2,71 é interpretado como resistência periférica à insulina; quando abaixo de 2,71, o indivíduo possui uma boa sensibilidade à insulina e tolerância à glicose. Algumas diretrizes já consideram uma RI quando o HOMA-IR estiver acima de 2,15. Outro marcador importante que avalia a sensibilidade hepática à insulina é a insulina de jejum cujos valores entre 2 e 13mU/L é considerada normal para indivíduos sem excesso de peso corporal (GELONEZE et al., 2006; GELONEZE et al., 2009). 6.2.3 Parâmetros de avaliação do risco cardiovascular Segundo a Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (2017), o jejum não é mais necessário para análise de colesterol total (CT), HDL colesterol (HDL-c) e apolipoproteínas (Apo-A1 e ApoB) pois o estado pós prandial não interfere na concentração destas partículas. E com isto, uma elevação dos triglicerídeos pós prandial representa um maior risco de eventos cardiovasculares, por exemplo. Ainda hoje é muito comum analisar isoladamente o LDL colesterol (LDL-c) para determinar o risco cardiovascular (DCV) do paciente. No entanto, nem sempre ter um LDL-c >130mg/dL determina risco de DCV ou ter um HDL-c >40mg/dL é sempre saudável. Desta forma, a análise isolada destes marcadores pode inferir equívocos de interpretação dos exames laboratoriais. Por exemplo: se o seu objetivo é avaliar o risco cardiovascular do seu paciente, a recomendação atual é que você análise parâmetros como não HDL-c ou ApoB. 20 | P á g i n a Grandes estudos comprovam a superioridade do não HDL-c e da ApoB em relação à LDL-c na predição de risco cardiovascular. Na escala de superioridade, a ApoB é o mais potente preditor de risco cardiovascular, seguido do não HDL-c e o de menor potência, o LDL-c. Inclusive, o não HDL-c é o principal preditor de risco cardiovascular especialmente em pacientes com hipertrigliceridemia (triglicerídeos acima de 440mg/dL) e hipotireoidismo subclínico (RAMJEE et al., 2011; GRUNDY et al., 2014; FALUDI et al, 2017). A apo B é uma Apoproteína que se encontra nas lipoproteínas aterogênicas VLDL, LDL e Lp(a). Assim, a ApoB constitui uma medida indireta de todas as partículas aterogênicas presentes no sangue, correspondendo à fração do não HDL-c. Como são equivalentes na predição do risco de DCV, o não HDL-cpassa a ter superioridade na relevância clínica pois já é gratuitamente incluído no perfil lipídico de rotina. Sobre o tamanho da partícula de LDL que, quando pequenas e densas representariam maior aterogenicidade, alguns estudos têm mostrado que o tamanho da partícula de LDL por si só pode não se associar com o risco futuro de eventos cardiovasculares, quando se leva em conta o aumento da concentração de LDL-c. Além disso, não existem evidências atuais para a prática clínica custo-efetiva que justifiquem a determinação laboratorial do tamanho ou do número das partículas de LDL pequenas e densas no sangue (KULLER et al., 2002; MORA et al., 2007; FALUDI et al., 2017). 21 | P á g i n a TABELA 3: Valores considerados desejáveis para adultos (>20 anos). Marcador *Valores de referência (mg/dL) Marcador *Valores de referência (mg/dL) Categoria de risco DCV em pct *LDL-c <130 **Não HDL-c <160 Baixo risco <100 <130 Risco intermediário <70 <100 Alto risco <50 <80 Risco muito alto ApoB <120 Baixo risco <80 Alto risco Fonte: FALUDI et al., 2017 *Os valores de referência são iguais para coletas realizadas com e sem jejum. Legenda: Pct - paciente Valores de CT ≥ 310mg/dL (para adultos) ou ≥ 230mg/dL (crianças e adolescentes) podem ser indicativos de hipercolesterolemia familiar, se excluídas as dislipidemias secundárias (NORDESTGAARD et al., 2013). Lembrando: Estes são os principais exames laboratoriais que avaliam o risco cardiovascular. Você pode solicitar outros que complementem o diagnóstico. Bom, até aqui pontuei os aspectos mais importantes para lhes dar melhor direcionamento e segurança na solicitação de exames bioquímicos básicos a qualquer prática do profissional de saúde. Ficou com gosto de quero mais? Logo menos, lançarei a parte II do e-book sobre exames bioquímicos: Vamos continuar falando de parâmetros metabólicos, tais como inflamação, perfil hormonal e sexual de homens e mulheres, funções tiroidianas, hepáticas e renais. Bom, vai vir muita coisa bacana. Entretanto, antes de me despedir, abaixo colocaremos em prática tudo o que aprendemos aqui, com o ESTUDO DE UM CASO CLÍNICO. Não deixe de conferir. 22 | P á g i n a ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS Caso clínico I: Paciente do sexo masculino, 46 anos, 97,8Kg, 1,68m de altura, 115 cm de circunferência abdominal e com baixo risco de eventos cardiovasculares. Obs: o hemograma deste paciente estava normal. Diagnóstico: paciente com obesidade visceral com indícios de prejuízo na ação da insulina que requer cuidados, com perfil lipídico normal e sem risco de DCV. FIGURA 2: Panorama dos principais marcadores do controle glicêmico do paciente estudado 23 | P á g i n a FIGURA 3: Panorama dos principais marcadores do perfil lipídico do paciente estudado. 24 | P á g i n a REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELCHER, Justin M.; EDELSTEIN, Charles L.; PARIKH, Chirag R. Clinical applications of biomarkers for acute kidney injury. American journal of kidney diseases, v. 57, n. 6, p. 930-940, 2011. BRASIL. CONSELHO FEDERAL DE NUTRIÇÃO. Resolução nº 306, de 24 de março de 2003. Dispõe sobre solicitação de exames laboratoriais na área de nutrição clínica. Diário Oficial da União, Brasília. Disponível em: http://www.cfn.org.br/novosite/pdf/res/2000_2004/res306.pdf. Acesso em: 06 junho. 2020 BUCHANAN, T.A.; WATANABE, R.M.; XIANG, A.H. 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