Buscar

Exames Laboratoriais - Ebook

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1
 
 
 
 
 
PREFÁCIO 
Olá queridos colegas profissionais da saúde e 
nutricionistas! 
É com grande satisfação que escrevo este e-
book sobre o universo dos exames 
laboratoriais, com linguagem simples, acessível 
e de grande aplicabilidade clínica. Em uma das 
minhas aulas sobre bioquímica, nasceu a ideia 
de explorar um pouco mais sobre esta 
temática, pois ainda existe muita insegurança na 
solicitação e interpretações de exames 
laboratoriais de rotina. No entanto, lhes digo 
que é algo muito comum e normal, uma vez que 
a complexidade biomolecular que envolve os 
dados bioquímicos do seu paciente se aprende 
com alguns anos de prática clínica, desde que 
você tenha fontes bibliográficas confiáveis, pois 
o perigo da extrapolação dos resultados é 
iminente. Bom, este e-book é resultado de 
alguns anos de estudos associados à minha 
prática clínica, pois no início sempre que surgia 
uma alteração nos dados bioquímicos de um 
paciente meu, eu corria para os livros para 
compreender melhor o diagnóstico dele e, 
assim, direcionar melhor o seu tratamento 
nutricional. O e-book “Descomplicando a 
interpretação de exames laboratoriais”, vai do 
simples ao mais complexo. Espero que gostem! 
Aqui, esclareço questões importantes sobre a 
atuação do nutricionista na solicitação de 
exames, a fase pré analítica e analítica dos 
exames laboratoriais como, por exemplo, a 
influência de alguns fatores como tempo de 
jejum (da fase pré analítica) sobre os resultados 
obtidos, melhores marcadores de diagnóstico e 
controle de doenças, e finalizo com um estudo 
de caso clínico que vai te ajudar a fixar o 
conteúdo que foi explanado. 
 
 
 
 Este é o meu perfil no instagram: 
@nutri_vanessaL 
 
Dra Vanessa Lima - Nutricionista 
Mestre em Alimentos e Nutrição - UFPI 
Dra em Ciências dos Alimentos – USP 
Espec. em Nutrição Esportiva – USP 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. Definição: o que são exames laboratoriais?................................................ pág 04 
2. Exames laboratoriais na prática clínica do nutricionista ................... pág 04 
3. Quando solicitar exames laboratoriais? ...................................................... pág 06 
4. Quais são as amostras biológicas utilizados nas análises clínicas?... pág 06 
5. Exames laboratoriais sanguíneos ................................................................... pág 07 
6. Quais exames de sangue que precisamos solicitar/avaliar?................. pág 10 
 6.1 Parâmetros hematológicos: ................................................................................. 
 - Contagem total de hemácias ................................................................................ 
 - Dosagem de hemoglobina ..................................................................................... 
 - Hematócrito ............................................................................................................ 
 - Índices hematimétricos .......................................................................................... 
pág 10 
pág 10 
pág 10 
pág 10 
pág 10 
 6.1.1 Interpretações em indivíduos adultos .......................................................... pág 11 
 6.1.2 Contagem global e diferencial de leucócitos (Leucócitos totais (/mm3)...... pág 13 
 6.2 Alguns parâmetros bioquímicos ................................................................. pág 15 
 6.2.1 Parâmetros bioquímicos de diagnóstico do diabetes mellitus..................... pág 15 
 6.2.2 Parâmetros de avaliação de monitoração do controle glicêmico............... pág 17 
 6.2.3 Parâmetros de avaliação do risco cardiovascular........................................ pág 19 
Estudo de caso clínico ............................................................................................... pág 22 
Referências .................................................................................................................... pág 24 
4 | P á g i n a 
 
 
 
1. DEFINIÇÃO: O QUE SÃO 
EXAMES LABORATORIAIS? 
 
Os exames laboratoriais são um 
conjunto de marcadores ou 
parâmetros metabólicos que fazem 
parte da rotina clínica de profissionais da saúde. Estes marcadores são 
avaliados em amostras tais como sangue, urina e saliva e servem para 
complementar as informações obtidas na anamnese, nos exames físicos, na 
avaliação antropométrica e análise do consumo alimentar para a obtenção 
do diagnóstico nutricional, que auxilia na prescrição dietética e 
acompanhamento dietoterápico (OLIVEIRA, 2019). 
 
2. EXAMES LABORATORIAIS NA PRÁTICA CLÍNICA DO 
NUTRICIONISTA 
 
2.1 O nutricionista pode solicitar exames laboratoriais? 
 
 Sim. O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), por meio da 
Resolução CFN nº306/2003, recomenda ao Nutricionista: 
1. Elaborar o diagnóstico nutricional com base nos dados clínicos, 
bioquímicos, antropométricos e dietéticos, atividade indispensável na 
assistência dietética a indivíduos sadios ou enfermos; 
2. Solicitar os exames laboratoriais exclusivamente necessários à avaliação, 
à prescrição e à evolução nutricional e dietoterápica do cliente-paciente. 
3. Considerar diagnósticos, laudos e pareceres dos demais membros da 
equipe multiprofissional, definindo com estes, sempre que pertinente, 
outros exames laboratoriais; 
4. Considerar o cliente-paciente globalmente, respeitando suas condições 
clínicas, individuais, socioeconômicas e religiosas, desenvolvendo a 
assistência de forma autônoma ou integrada junto à equipe 
multiprofissional; 
 
5 | P á g i n a 
 
 
 
5. Solicitar exames laboratoriais cujos métodos e técnicas tenham sido 
aprovados cientificamente. É de responsabilidade do nutricionista 
fundamentar tais solicitações em seus aspectos técnico e legal, quando 
necessários, não cabendo ao CFN e CRN o estabelecimento de um rol de 
exames laboratoriais; 
6. Respeitar os princípios da bioética e os preceitos contidos no Código de 
Ética do Nutricionista. 
 
 Em 2016, o CFN destaca ainda a recomendação nº005 de denunciar o 
descumprimento na aceitação de solicitações de exames laboratoriais ao 
Conselho Regional de Nutricionistas de sua jurisdição, às Secretarias Estaduais 
e Municipais no caso do SUS e à Agência Nacional de Saúde Suplementar 
(ANS), quando operadoras de planos de saúde e seguradoras de saúde 
(CFN, 2016; OLIVEIRA, 2019). 
 
Importante! 
 
 1. O nutricionista só deve solicitar os exames pertinentes ao estado 
nutricional do paciente, com a finalidade de estabelecer a sua conduta 
clínica e dietoterápica, avaliar o prognóstico da doença e a conduta 
nutricional estabelecida, bem como acompanhar a adesão do paciente à 
terapia nutricional. 
 2. No pedido de solicitação de exames, o nutricionista deve carimbar 
(constando o número de registro no CRN), assinar e colocar a data. 
Compete ao nutricionista a inteira responsabilidade sobre as justificativas 
técnicas para tais solicitações, bem como sobre a leitura e interpretação 
dos resultados desses exames. Desse modo, os nutricionistas só devem 
solicitar os exames realmente necessários para o acompanhamento do 
paciente. 
 
 
6 | P á g i n a 
 
 
 
3. QUANDO SOLICITAR EXAMES LABORATORIAIS? 
 
 Primeiro precisamos responder algumas perguntas: em que uma 
solicitação padrão (às vezes, é uma lista imensa de marcadores sem fins 
objetivos) feita antes da 1ª consulta ajudaria o seu paciente? E o que você 
profissional faz quando tem todos aqueles resultados em mãos? Faz 
cruzamentos de dados? Será que apenas buscar a “normalidade” dos 
resultados baseados em valores de referência é suficiente? 
 Bom, estas questões nos fazem entender brevemente a complexidade 
que é ter resultados de exames em mãos. Portanto, não simplifique algo 
tão complexo. Não solicite uma pilha de exames visando apenas enxergar 
se o parâmetro está normal ou não... solicite apenas aqueles exames que 
pontualmente respondam suas questões sobre ossinais e sintomas que seu 
paciente apresentou na anamnese e que merecem melhor investigação. 
Assim, você consegue direcionar melhor o seu diagnóstico e, 
consequentemente, o tratamento do seu paciente e reduz as chances de 
haver equívocos na interpretação dos exames. 
 Portanto, a solicitação de exames deve ser feita apenas após a 
primeira consulta, depois de uma profunda anamnese clínica e alimentar. 
Avalie todos os sinais e sintomas que merecem ser investigados e com base 
nisto, solicite os exames. 
 
4. QUAIS SÃO AS AMOSTRAS BIOLÓGICAS UTILIZADAS 
NAS ANÁLISES CLÍNICAS? 
 
 As análises clínicas são um conjunto de exames com a finalidade de 
verificar o estado de saúde de um paciente ou investigar doenças. Os 
principais materiais biológicos utilizados na prática clínica são sangue, urina, 
saliva e fezes; mas podem ser utilizados esperma, fragmentos de tecido, 
líquido sinovial, pleural, líquido cefalorraquidiano, pus, entre outros. 
Entretanto, neste e-book iremos nos ater às análises sanguíneas. 
 
 
7 | P á g i n a 
 
 
 
Importante! 
 
 1. Amostras de urina e saliva para a dosagem de cortisol podem ser 
mantidos por até 20 horas refrigerados (2° a 8°C). O tempo de jejum varia 
de acordo com o exame. Alguns dos testes podem ser feitos sem jejum; e 
devem ser evitadas coletas de sangue após período muito prolongado de 
jejum, acima de 14 horas. 
 Algumas considerações: Na saliva, a concentração de hormônios 
está sempre livre e ativo, portanto, é mais fidedigno que o exame sanguíneo pois 
apresenta hormônios na sua forma inativa. Apesar disso, o custo ainda é alto! No 
sangue, existe uma variação muito grande nos valores de referência (VR). 
Portanto, a dica é usar o quartil, ou seja, reparta o VR em quatro partes e utiliza 
o quartil mais próximo como referência para o que você está tratando. Por 
exemplo: O valor de referência da testosterona total em homens jovens é de 
241 - 827ng/dL e a livre é de 3 - 25ng/dL (17 a 40 anos) e de 2,7 - 18ng/dL 
(41 a 60 anos). Contudo, os sintomas da disfunção erétil e redução da libido já 
ocorrem quando a testosterona total está abaixo de 320ng/dL e a livre estiver 
abaixo de 6,4ng/dL (VAN DEN BELD et al, 2018), ou seja, no primeiro quartil 
do VR. 
 
5. EXAMES LABORATORIAIS SANGUÍNEOS 
 
 5.1Componentes do sangue: 
 
 As análises sanguíneas podem fornecer diferentes informações sobre 
o estado geral de saúde, perfil nutricional, patologias e infecções. O sangue 
periférico é constituído por três diferentes linhagens celulares: glóbulos 
vermelhos, eritrócitos ou hemácias; glóbulos brancos ou leucócitos; e 
plaquetas ou trombócitos (FIGURA 1) (CALIXTO-LIMA; REIS, 2012). 
8 | P á g i n a 
 
 
 
Figura 1. Componentes sanguíneos. 
 
 Alguns fatores como a realização de exercício físico e fatores 
intrínsecos como a idade, etnia, sexo, dieta e medicamentos podem 
influenciar o resultado e a interpretação de algumas análises bioquímicas e 
hematológicas. 
 
Vamos exemplificar algumas destas variações? 
 
- Idade: Os valores de testosterona sérica no homem diminuem com a 
progressão da idade do indivíduo (BELCHER et al., 2011). As mulheres na 
menopausa apresentam elevação de vários constituintes plasmáticos: 
alanina aminotransferase, fosfatase alcalina, aspartato aminotransferase, 
ácido úrico e colesterol (BURTIS; BRUNS, 2014); além disso, o estrógeno 
da mulher pós menopausa diminui cerca de 70%, o que pode estar 
relacionada com o aumento do colesterol sérico (SMOLDERS; VAN DER 
MOOREN, 2000). 
 
9 | P á g i n a 
 
 
 
- Dieta: Dietas ricas em proteínas tendem a aumentar os valores de ureia, 
amônia e ácido úrico plasmático e consequentemente sua excreção urinária 
(BURTIS; ASWOOD; BRUNS, 2008). Uma dieta rica em carboidratos irá 
aumentar os triglicerídeos séricos e consequentemente as lipoproteínas de 
muito baixa densidade (VLDL) (GUDER et al., 2003). Indivíduos 
desnutridos irão apresentar diminuição das proteínas plasmáticas, 
principalmente pré-albumina e proteína ligadora de retinol (GUDER et al., 
2003). 
- Tempo de Jejum: Para alguns exames, não é necessário o jejum como 
hemograma e o perfil lipídico completo, mantendo-se assim o estado 
metabólico estável à dieta habitual. O laboratório deve informar no laudo 
as duas diferentes situações: sem jejum e jejum de 12 horas, de acordo com 
o profissional solicitante. Obs: Se a concentração de triglicérides estiver 
elevada (> 440 mg/dL) sem jejum, o paciente fará uma nova avaliação de 
triglicérides com jejum de 12 horas para confirmar o resultado (FALUDI et 
al., 2017). 
 O jejum excessivo (acima de 14 horas) pode ser prejudicial a algumas 
análises. A concentração plasmática de glicose diminui enquanto a de ácidos 
graxos livres, glicerol, piruvato e lactato e corpos cetônicos aumentam 
consideravelmente. O jejum prolongado também está associado com 
redução do gasto energético e, consequentemente, a concentração 
plasmática dos hormônios tireoidianos (T3 e T4) reduz (GUDER et al., 
2003). 
 
- Variação circadiana: Alguns hormônios como o cortisol e a 
testosterona possuem uma variação típica circadiana, com concentrações 
mais elevadas no período da manhã entre 7 e 9 horas e diminuídas ao longo 
do dia com os menores valores ao deitar-se (ROHLEDER; NATER, 2009). 
Por esta razão, não se aconselha realizar teste de tolerância à glicose no 
período da tarde. Além disso, os valores plasmáticos de cortisol sofrem 
influência de alimentação, medicações, ingestão de álcool, obesidade e 
treinamento físico (PATEL et al., 2004). 
 
10 | P á g i n a 
 
 
 
 A dosagem de creatinina sérica no período da tarde pode estar 100% 
maior em relação ao período da manhã. Enzimas muito utilizadas na 
avaliação de atletas como a creatina quinase (CK), lactato desidrogenase 
(LDH), aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT) 
e gama glutamiltransferase (GGT) podem apresentar valores mais elevados 
à tarde em comparação ao período da manhã (RIVERA-COLL et al., 1993). 
 
6. QUAIS EXAMES DE SANGUE QUE PRECISAMOS 
SOLICITAR/AVALIAR? 
 
 Descreverei abaixo os principais exames laboratoriais e os 
momentos mais indicados para sua realização. Saliento, que é apenas uma 
sugestão inicial de avaliação baseada na literatura e na minha experiência 
profissional, você poderá complementar estas análises de acordo com a sua 
rotina ou anamnese de seu paciente. 
 
6.1. Parâmetros Hematológicos 
 
 Segundo Calixto-Lima e Reis (2012), o Hemograma avalia a clínica 
geral e diagnostica anemias, policitemias, aplasias medulares, processos 
infecciosos, leucemias/leucoses, trombocitose ou trombocitopenia. O 
hemograma é considerado a principal ferramenta diagnóstica em 
hematologia, sendo constituído pelos seguintes exames: 
_ Contagem total de hemácias (milhões/mm3): células vermelhas do sangue 
(também chamadas de eritrócitos). 
_ Dosagem de hemoglobina (g/dL): proteína que pigmenta as células 
vermelhas do sangue e transporta oxigênio para as células. 
_Hematócrito (mL eritrócito/dL ou %): quantidade de eritrócitos existentes 
na amostra de sangue. Ele complementa o diagnóstico de anemia. 
_ Índices hematimétricos: são parâmetros qualitativos que devem ser 
utilizados em conjunto com os exames de hemoglobina e hematócrito para 
o diagnóstico conclusivo da anemia: 
• Volume corpuscular médio (VCM) - corresponde ao tamanho das hemácias 
e classifica em micro ou macrocitoses. 
11 | P á g i n a 
 
 
 
 
• Hemoglobina corpuscular média (HCM) – corresponde ao peso da 
hemoglobina por hemácia. 
• Concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) – mede a 
quantidade de hemoglobina por hemácia. 
• Amplitude de distribuição das hemácias (RDW) – avalia a distribuição das 
hemácias em relação aos seus diâmetros. Deve ser analisado juntamente 
com o VCM. Constata micro e macrocitose numa mesma amostra, comum 
na maioria das anemias. 
_ Contagem global de leucócitos. 
_ Contagem diferencial de leucócitos. 
_ Exame microscópico do esfregaço corado. 
_Contagem de plaquetas (opcional). 
 
 Vou deixar um artigo abaixo para vocês terem acesso aos valores de 
referência destes parâmetros do hemograma: 
 Rosenfeld et al. (2019). Valores de referência para exames laboratoriais de 
hemograma da população adulta brasileira: Pesquisa Nacional de Saúde. Rev. 
Bras Epidemiol; v.22 (SUPPL 2): E190003. SUPL.2. DOI: 10.1590/1980-
549720190003.supl.2 
 
 6.1.1 INTERPRETAÇÕES em indivíduos ADULTOS 
 
 A tabela abaixo define os critérios de diagnóstico de anemia pela 
análise das concentrações de hemoglobina e/ou hematócrito (OLIVEIRA, 
2019). 
 
TABELA 1. Critérios de diagnóstico para anemia em adultos. 
 
Anemia 
 
Hemoglobina 
 
Hematócrito 
Homens < 13,5 g/dL e/ou < 39% 
Mulheres < 12,0 g/dL e/ou < 35% 
Fonte: Oliveira, 2019. 
 
12 | P á g i n a 
 
 
 
 Identificou anemia no seu paciente? Agora é a hora de determinar o 
tipo de anemia. Veja abaixo. 
 
✓ Valores de VCM: 
 Valores de VCM baixos: microcitose em anemia ferropriva; 
talassemias; anemia sideroblásticas; anemia de doença crônica (tardia) ou 
deficiência de cobre. 
 VCM normais: normocitose em anemia ferropriva precoce; 
anemia de doença crônica; perda aguda de sangue; doença renal crônica; 
anemia aplásica e supressão medular; hipotireoidismo ou hipopituitarismo. 
 VCM entre 100 e 115 fL (altos): macrocitose devido ao abuso 
de álcool; deficiência de ácido fólico; deficiência de vitamina B12; 
reticulocitose (recuperação de anemias hemolíticas, carenciais e 
sangramentos); síndromes mielodisplásicas; leucemia mielóide aguda; 
hepatopatia crônica; medicamentos (ex.: zidovudina, hidroxiureia) ou 
hipotireoidismo. 
 VCM acima115 fL (altos): macrocitose em anemia causada 
exclusivamente por deficiência de vitamina B12 e/ou ácido fólico (anemia 
megaloblástica). Nesse caso, o CHCM está normal. 
 
✓ Valores de HCM e CHCM: 
 HCM e CHCM altos: anemia hipercrômica. 
 HCM e CHCM baixos: anemia ferropriva hipocrômica. 
 HCM e CHCM normais: anemia ferropriva normocrômica. 
 Obs: Problemas na tireoide e consumo excessivo de bebidas 
alcoólicas podem aumentar o CHCM. 
 
Importante!!! 
 
 1. Os resultados de hemoglobina, HCM e/ou CHCM, quando 
reduzidos, podem influenciar a interpretação de hemoglobina glicada (falso 
positivo) em pacientes diabéticos ou pré diabéticos. No entanto, 
voltaremos a falar sobre isso quando falarmos de marcadores da avaliação 
de glicose no sangue (SHEPARD et al, 2015). 
 
13 | P á g i n a 
 
 
 
 2. Homens apresentam um nível mais elevado de hemácias, 
hemoglobina e hematócrito do que as mulheres. Esta diferença pode ser 
influência dos hormônios androgênicos na eritropoiese e perdas de sangue 
durante o período menstrual nas mulheres. Gestação e insuficiência 
cardíaca crônica ou qualquer outra condição que pode causar retenção de 
líquidos e hemodiluição levaria a um diagnóstico de falsa anemia. O oposto 
também é verdadeiro, condições que reduzem o volume sanguíneo como 
uso abusivo de diuréticos e desidratação podem tornar a hemoglobina 
sérica “mais concentrada” e “elevada”. 
 3. Alguns parâmetros hematológicos (ex., hematócrito, hemoglobina 
e contagem de hemácias) podem variar de acordo com o período de 
treinamento e competições em indivíduos fisicamente ativos. Hematócrito 
e hemoglobina mostram-se diminuídos durante os períodos de 
treinamento mais intensos e de alto volume para a maioria dos esportes, 
com exceção do futebol. Vale ressaltar que ao se avaliar um indivíduo 
praticante de atividade física ou atleta é primordial que se utilize um valor 
de referência específico para esta população. 
 Ainda no hemograma, é possível avaliar a condição do sistema imune 
do paciente por meio da contagem global e diferencial de leucócitos (células 
brancas) determinada no leucograma. Segundo Calixto-lima; Reis (2012) 
e Rossi et al. (2015), o leucograma é constituído por: 
 
 6.1.2 Contagem global e diferencial de leucócitos (Leucócitos totais (/mm3)): 
avalia a presença de inflamação sistêmica e infecção. 
 
 - Neutrófilos: representam mais de 50% dos leucócitos circulantes. Junto com 
os macrófagos, são as principais células fagocíticas em infecções bacterianas ou viral. 
 - Monócitos: chamados assim quando estão no sangue; mas, em tecidos, são 
macrófagos. Revelam uma inflamação crônica, quando estão elevados (>800/mm3). 
 - Linfócitos: pertencem à imunidade adquirida a partir do contato com vírus. 
Portanto, o aumento (>5.000/mm3) está relacionado com infecções virais e a queda 
(<1.500/mm3) revela uma imunodeficiência, estresse ou uso de corticosteroides. 
 - Eosinófilos: quando >450/ mm3 revela processos alérgicos, parasitoses ou 
distúrbios dermatológicos como urticária ou enfisema. 
14 | P á g i n a 
 
 
 
 
 - Basófilos: estão elevados em alergias, colite ulcerativa, artrite reumatoide 
juvenil, deficiência de ferro, insuficiência renal crônica, e liberam heparina e histamina 
nestas condições. 
 
Importante!!! 
 
 1. Quando há um aumento 
na contagem de leucócitos 
totais, conhecido como 
leucocitose, é sinal de 
inflamação crônica sistêmica, 
gravidez ou de uma resposta 
aguda ao exercício físico. A inflamação crônica cursa com recrutamento 
de leucócitos para o ambiente vascular em resposta ao estresse oxidativo 
e à produção de citocinas pró-inflamatórias. Quando há uma queda, 
conhecido como leucopenia, é sinal de infecção viral ou uso de drogas 
imunossupressoras. 
 2. A Neutrofilia (aumento do número de neutrófilos: >70% ou 
>10.000/mm3) ocorre, geralmente, por estresse e uso de drogas 
corticosteroides. Como resposta aguda ao exercício intenso, a leucocitose 
ocorre devido ao aumento de neutrófilos na circulação, sendo uma 
resposta transitória ao estresse muscular que gera uma inflamação 
localizada. Neutropenia (neutrófilos <1.500/mm3) frequentemente 
associada a infecções virais, antibióticos (cloranfenicol), antiinflamatórios 
não hormonais, quimioterapia e antitérmicos. 
 3. A razão neutrófilo-linfócito (RNL) tem sido introduzida como 
potencial marcador inflamatório em doenças cardíacas, neoplasias e 
complicações associadas com o diabetes, principalmente em casos de 
neutrofilia e linfocitopenia. A RNL é definida pelo número absoluto de 
neutrófilos dividido pelo número absoluto de linfócitos. Todavia, ainda não 
há ponto de corte definido (MENDES et al., 2019). 
 
 
15 | P á g i n a 
 
 
 
6.2. Alguns Parâmetros Bioquímicos 
 
 Neste tópico, iremos discutir alguns dos exames bioquímicos 
fundamentais para o diagnóstico de condições ou doenças metabólicas e 
para o acompanhamento de rotina do seu paciente. Contudo, é importante 
deixar claro que o norteador da sua solicitação específica será o conjunto 
de sinais e sintomas apresentados pelo seu paciente durante a anamnese. 
Discutiremos a seguir, alguns dos exames bioquímicos de rotina: 
 
 6.2.1 Parâmetros bioquímicos de diagnóstico do diabetes mellitus 
 
 A glicemia equivale à concentração de glicose no sangue. Segundo a 
Sociedade Brasileira de Diabetes (SDB, 2019), o diagnóstico laboratorial do 
diabetes mellitus (DM) pode ser realizado por meio dos seguintes exames 
de tolerância à glicose abaixo. Não existem outros testes laboratoriais 
validados e recomendados para essa finalidade. 
 
 a) Glicemia em jejum: coletada em sangue periférico após jejum 
calórico de, no mínimo, 8 horas; 
 
 b) Teste oral de tolerância à glicose (TOTG): a tolerância à 
glicose reflete a eficiência com a qual o organismo metaboliza a glicose após 
uma carga oral de glicose (PACINI; MARI, 2017). As coletas de sangue são 
realizadas antes e durante 2 horas após a ingestão de 75 g de glicose 
dissolvida em água (sobrecarga de glicose) para determinação da glicemia. 
A dieta do avaliado deve ser a habitual e sem restrição de carboidratos 
pelo menos nos 3 dias anteriores à realização do teste. É um exame 
fundamental na fase pré-diabética do DM pois o aumento da glicemia após 
sobrecargapode ser a única alteração detectável, refletindo a perda de 
primeira fase da secreção de insulina. 
 
 
16 | P á g i n a 
 
 
 
 c) Hemoglobina glicada 
(HbA1c): resulta da glicação 
irreversível não enzimática da 
hemoglobina. Quando os níveis de 
glicose se elevam muito no sangue, o 
processo de glicação se intensifica, 
fazendo com que a HbA1c também aumente. A HbA1c reflete níveis 
glicêmicos dos últimos 3 a 4 meses, sofre menor variabilidade dia a dia e 
independe do estado de jejum para sua análise. 
 
 Os valores adotados pela SBD (2019) para cada um destes 
parâmetros são os mesmos recomendados pela Associação Americana de 
Diabetes (American Diabetes Association, ADA). Vale lembrar que o uso 
isolado da glicemia não pode ser utilizado como critério diagnóstico do DM 
pois é um parâmetro influenciado no dia a dia por condições como 
alimentação, estresse, exercício físico, horário de coleta, entre outros. 
Neste sentido, é importante associá-la com TOTG ou HbA1c para o 
diagnóstico do seu paciente, bem como avaliação do controle glicêmico do 
paciente em tratamento (SBD, 2019). 
 
TABELA 2. Critérios diagnósticos para DM recomendados pela ADA e 
pela SBD. 
Exame Normal Intolerância à 
glicose 
(Pré-diabetes) 
Diabetes 
Glicemia em jejum (mg/dL) <100 100 a 125 >126 
Glicemia 2 horas após 
TOTG com 75 g de glicose 
(mg/dL) 
<140 140 a 199 >200 
Hemoglobina glicada (%) <5,7% 5,7 a 6,4 >6,5 
Fonte: Diretrizes da SDB (2019-2020). 
 
 
17 | P á g i n a 
 
 
 
 Exames como glicemia pós prandial podem ser utilizados como 
estimativas da glicemia média por determinado tempo. A frutosamina (ou 
proteínas glicadas) e a albumina glicada estimam a glicemia média e/ou 
mensuram a variabilidade glicêmica ao longo de 2 ou 3 semanas, o que 
auxilia na análise do controle metabólico da doença. A frutosamina vem 
sendo tradicionalmente utilizada como alternativa à HbA1c quando esta 
apresenta problemas metodológicos relacionados a hemoglobinopatias. 
Este conceito tem ganhado força no que diz respeito à modulação do risco 
cardiovascular no DM, mas, por enquanto, não tem aplicabilidade no 
diagnóstico da doença. Nenhum destes exames, portanto, é validado para 
o diagnóstico de DM (CERIELLO et al., 2008; SBD, 2019). 
 
 CUIDADO NA INTERPRETAÇÃO DA HbA1c: algumas 
condições que diminuem a vida da hemácia como anemias hemolíticas, 
doença renal crônica, hemodiálise e gravidez ou que aumentam a formação 
de hemácias como o uso de eritropoetina e perda de sangue causam falsa 
redução nos níveis de HbA1c (ou melhora no controle do DM). Por 
outro lado, existem condições que elevam falsamente a HbA1c 
sugerindo piora do controle glicêmico sem que isto tenha de fato ocorrido. 
Doenças que aumentam a vida das hemácias como: anemia por deficiência 
de ferro, ácido fólico ou B12, a retirada cirúrgica do baço, modificações 
químicas da hemoglobina causadas por doses elevadas de AAS 
(hemoglobina acetilada) ou níveis elevados de ureia (hemoglobina 
carbamilada) podem ser causas de falsa elevação da HbA1c. Portanto, 
nestas condições, é preferível diagnosticar o estado de tolerância à glicose 
com base na dosagem glicêmica direta (SHEPARD et al, 2015; SBD, 2019). 
 
 6.2.2 Parâmetros de avaliação de monitoração do controle glicêmico 
 
 O controle glicêmico ou homeostase glicêmica no indivíduo não 
diabético é alcançado quando a concentração de glicose sanguínea em jejum 
se encontra entre 70 a 99mg/dL. 
 
18 | P á g i n a 
 
 
 
 Sabe-se que fatores como o padrão alimentar e a presença da 
inflamação subclínica inerente à algumas doenças metabólicas como 
obesidade (principalmente a visceral), síndrome dos ovários policísticos, 
infecção, doenças autoimunes etc. prejudicam o controle glicêmico, 
ocasionando quadros de resistência à insulina (RI) e intolerância à glicose. 
Outras condições fisiológicas como gestação, adolescência e 
envelhecimento podem também induzir uma RI (SDB, 2019). 
 A insulina é um hormônio 
que facilita a captação periférica de 
glicose, principalmente pelo tecido 
adiposo e muscular esquelético, 
bem como inibe a produção 
hepática de glicose. A regulação 
destes processos metabólicos faz 
com que a insulina seja responsável 
pela manutenção da homeostase 
da glicose dentro de uma estreita 
faixa de variação (70 a 99mg/dL) ao 
longo do estado alimentado. Na 
RI, este controle glicêmico é prejudicado. Portanto, é importante avaliar a 
sensibilidade à insulina (SI) ou detectar a presença da RI (BUCHANAN et 
al., 2010; SBD, 2019). Na prática clínica, a sensibilidade à insulina é uma 
medida para avaliar a resposta glicêmica do seu paciente aos carboidratos 
da dieta. 
 
 Como avaliar a SI ou detectar a RI no paciente por meio de 
exames laboratoriais? 
 
 O índice HOMA-IR se baseia na relação de retroalimentação que 
existe entre produção hepática de glicose (90% da glicose no estado de 
jejum) e a produção de insulina pelas células beta para a manutenção da 
homeostase glicêmica no estado de jejum (insulina basal). O índice 
HOMA-IR expressa a resistência à insulina hepática e pressupõe que a 
resistência à insulina hepática e a periférica sejam equivalentes. 
 
 
 
19 | P á g i n a 
 
 
 
Níveis elevados de glicose ou insulina de jejum sugerem RI. O seu cálculo 
requer a medida da glicemia e da insulinemia após 8 a 12 horas de jejum, a 
partir das fórmulas abaixo: 𝐻𝑜𝑚𝑎 − 𝐼𝑅 = [(𝑔𝑙𝑖𝑐𝑒𝑚𝑖𝑎 𝑒𝑚 𝑚𝑚𝑜𝑙𝐿 ) × (𝑖𝑛𝑠𝑢𝑙𝑖𝑛𝑒𝑚𝑖𝑎 𝑒𝑚 𝜇𝑈𝑚𝐿)] ÷ 22,5 
ou 𝐻𝑜𝑚𝑎 − 𝐼𝑅 = [(𝑔𝑙𝑖𝑐𝑒𝑚𝑖𝑎 𝑒𝑚 𝑚𝑔𝑑𝐿 ) × (𝑖𝑛𝑠𝑢𝑙𝑖𝑛𝑒𝑚𝑖𝑎 𝑒𝑚 𝜇𝑈𝑚𝐿)] ÷ 405 
 
 Para indivíduos adultos e idosos, valores de HOMA-IR acima de 2,71 
é interpretado como resistência periférica à insulina; quando abaixo de 
2,71, o indivíduo possui uma boa sensibilidade à insulina e tolerância à 
glicose. Algumas diretrizes já consideram uma RI quando o HOMA-IR 
estiver acima de 2,15. Outro marcador importante que avalia a 
sensibilidade hepática à insulina é a insulina de jejum cujos valores 
entre 2 e 13mU/L é considerada normal para indivíduos sem excesso de 
peso corporal (GELONEZE et al., 2006; GELONEZE et al., 2009). 
 
6.2.3 Parâmetros de avaliação do risco cardiovascular 
 
 Segundo a Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da 
Aterosclerose (2017), o jejum não é mais necessário para análise de 
colesterol total (CT), HDL colesterol (HDL-c) e apolipoproteínas (Apo-A1 
e ApoB) pois o estado pós prandial não interfere na concentração destas 
partículas. E com isto, uma elevação dos triglicerídeos pós prandial 
representa um maior risco de eventos cardiovasculares, por exemplo. 
 Ainda hoje é muito comum analisar isoladamente o LDL colesterol 
(LDL-c) para determinar o risco cardiovascular (DCV) do paciente. No 
entanto, nem sempre ter um LDL-c >130mg/dL determina risco de DCV 
ou ter um HDL-c >40mg/dL é sempre saudável. Desta forma, a análise 
isolada destes marcadores pode inferir equívocos de interpretação dos 
exames laboratoriais. Por exemplo: se o seu objetivo é avaliar o risco 
cardiovascular do seu paciente, a recomendação atual é que você análise 
parâmetros como não HDL-c ou ApoB. 
 
 
 
 
20 | P á g i n a 
 
 
 
Grandes estudos comprovam a superioridade do não HDL-c e da 
ApoB em relação à LDL-c na predição de risco cardiovascular. Na escala 
de superioridade, a ApoB é o mais potente preditor de risco 
cardiovascular, seguido do não HDL-c e o de menor potência, o LDL-c. 
Inclusive, o não HDL-c é o principal preditor de risco cardiovascular 
especialmente em pacientes com hipertrigliceridemia (triglicerídeos acima 
de 440mg/dL) e hipotireoidismo subclínico (RAMJEE et al., 2011; GRUNDY 
et al., 2014; FALUDI et al, 2017). 
 A apo B é uma Apoproteína que se encontra nas lipoproteínas 
aterogênicas VLDL, LDL e Lp(a). Assim, a ApoB constitui uma medida 
indireta de todas as partículas aterogênicas presentes no sangue, 
correspondendo à fração do não HDL-c. Como são equivalentes na 
predição do risco de DCV, o não HDL-cpassa a ter superioridade na 
relevância clínica pois já é gratuitamente incluído no perfil lipídico de rotina. 
Sobre o tamanho da partícula de LDL que, quando pequenas e densas 
representariam maior aterogenicidade, alguns estudos têm mostrado que 
o tamanho da partícula de LDL por si só pode não se associar com o risco 
futuro de eventos cardiovasculares, quando se leva em conta o aumento 
da concentração de LDL-c. Além disso, não existem evidências atuais para 
a prática clínica custo-efetiva que justifiquem a determinação laboratorial 
do tamanho ou do número das partículas de LDL pequenas e densas no 
sangue (KULLER et al., 2002; MORA et al., 2007; FALUDI et al., 2017). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 | P á g i n a 
 
 
 
TABELA 3: Valores considerados desejáveis para adultos (>20 
anos). 
Marcador *Valores de 
referência 
(mg/dL) 
Marcador *Valores de 
referência 
(mg/dL) 
Categoria de 
risco DCV 
em pct 
 
 
*LDL-c 
<130 
 
**Não HDL-c 
<160 Baixo risco 
<100 <130 Risco 
intermediário 
<70 <100 Alto risco 
<50 <80 Risco muito 
alto 
 
ApoB 
<120 Baixo risco 
<80 Alto risco 
Fonte: FALUDI et al., 2017 
*Os valores de referência são iguais para coletas realizadas com e sem jejum. Legenda: Pct - paciente 
 Valores de CT ≥ 310mg/dL (para adultos) ou ≥ 230mg/dL (crianças e 
adolescentes) podem ser indicativos de hipercolesterolemia familiar, se 
excluídas as dislipidemias secundárias (NORDESTGAARD et al., 2013). 
Lembrando: Estes são os principais exames laboratoriais que avaliam o 
risco cardiovascular. Você pode solicitar outros que complementem o 
diagnóstico. 
 Bom, até aqui pontuei os aspectos mais importantes para lhes dar 
melhor direcionamento e segurança na solicitação de exames bioquímicos 
básicos a qualquer prática do profissional de saúde. Ficou com gosto de 
quero mais? Logo menos, lançarei a parte II do e-book sobre exames 
bioquímicos: Vamos continuar falando de parâmetros metabólicos, tais 
como inflamação, perfil hormonal e sexual de homens e mulheres, funções 
tiroidianas, hepáticas e renais. Bom, vai vir muita coisa bacana. Entretanto, 
antes de me despedir, abaixo colocaremos em prática tudo o que 
aprendemos aqui, com o ESTUDO DE UM CASO CLÍNICO. Não 
deixe de conferir. 
 
22 | P á g i n a 
 
 
 
ESTUDO DE CASOS CLÍNICOS 
 
Caso clínico I: Paciente do sexo masculino, 46 anos, 97,8Kg, 1,68m de 
altura, 115 cm de circunferência abdominal e com baixo risco de eventos 
cardiovasculares. Obs: o hemograma deste paciente estava normal. 
Diagnóstico: paciente com obesidade visceral com indícios de prejuízo na 
ação da insulina que requer cuidados, com perfil lipídico normal e sem risco 
de DCV. 
 
 FIGURA 2: Panorama dos principais marcadores do controle 
glicêmico do paciente estudado 
23 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 FIGURA 3: Panorama dos principais marcadores do perfil 
lipídico do paciente estudado. 
 
 
 
 
24 | P á g i n a 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BELCHER, Justin M.; EDELSTEIN, Charles L.; PARIKH, Chirag R. Clinical applications of 
biomarkers for acute kidney injury. American journal of kidney diseases, v. 57, n. 6, p. 930-940, 2011. 
 
BRASIL. CONSELHO FEDERAL DE NUTRIÇÃO. Resolução nº 306, de 24 de março de 2003. 
Dispõe sobre solicitação de exames laboratoriais na área de nutrição clínica. Diário Oficial da União, 
Brasília. Disponível em: http://www.cfn.org.br/novosite/pdf/res/2000_2004/res306.pdf. Acesso em: 
06 junho. 2020 
 
BUCHANAN, T.A.; WATANABE, R.M.; XIANG, A.H. Limitations in surrogate measures of insulin 
resistance. J Clin Endocrinol Metab. v.95, n. 11, p.4874-4876, 2010. 
 
BURTIS, C.A.; BRUNS, D.E. Tietz: Fundamentals of Clinical Chemistry and Molecular Diagnostics. 
Seventh. Sawyer BG, editor. St Louis: Elsevier Saunders; 2014. 1102 p. 
 
BURTIS, C.A.; ASWOOD, E.R.; BRUNS, DE. Tietz: Fundamentos de Química Clínica. 6ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier Saunders; 2008. 961 p. 
 
CALIXTO-LIMA, L.; REIS NT. Interpretação de exames laboratoriais aplicados à nutrição clínica. Rio de 
Janeiro: Rubio; 2012. 
 
CERIELLO, Antonio et al. Oscillating glucose is more deleterious to endothelial function and 
oxidative stress than mean glucose in normal and type 2 diabetic patients. Diabetes, v. 57, n. 5, p. 
1349-1354, 2008. 
 
Conselho Federal de Nutricionistas (CFN). Solicitação de exames laboratoriais. Disponível em: 
www.cfn.org.br/index.php/cfn-divulga-recomedacao-sobre-exames-laboratoriais. 2016 
 
Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2019-2020. Organização por: Costa e Forti, A et al. 
São Paulo : Editora Clannad, 2019. 
 
FALUDI et al. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arq 
Bras Cardiol; v.109(2Supl.1), p.1-76, 2017. 
 
GRUNDY, SM et al. Expert Dyslipidemia Panel of the International Atherosclerosis Society Panel 
members. An International Atherosclerosis Society Position Paper: global recommendations for the 
management of dyslipidemia: full report. J Clin Lipidol, v. 8, p. 29–60, 2014. 
 
GELONEZE, B. et al. The threshold value for insulin resistance (HOMA-IR) in an admixtured 
population. Diabetes research and clinical practice, v. 2, n. 72, p. 219-220, 2006. 
 
GELONEZE, B. et al. HOMA1-IR and HOMA2-IR indexes in identifying insulin resistance and 
metabolic syndrome: Brazilian Metabolic Syndrome Study (BRAMS). Arquivos Brasileiros de 
Endocrinologia & Metabologia, v. 53, n. 2, p. 281-287, 2009. 
 
 
 
 
 
 
http://www.cfn.org.br/novosite/pdf/res/2000_2004/res306.pdf
http://www.cfn.org.br/index.php/cfn-divulga-recomedacao-sobre-exames-laboratoriais.%202016
25 | P á g i n a 
 
 
 
GUDER, W.G.; NARAYANAN, S; WISSER, H; ZAWTA, B. Samples: From the Patient to the 
Laboratory: The impact of preanalytical variables on the quality of laboratory results. 3. ed. ver.: 
Wiley-VCH, 2003. 105 p. 
 
KULLER, Lewis et al. Nuclear magnetic resonance spectroscopy of lipoproteins and risk of coronary 
heart disease in the cardiovascular health study. Arteriosclerosis, thrombosis, and vascular biology, v. 22, 
n. 7, p. 1175-1180, 2002. doi: 10.1161/01.atv.0000022015.97341.3a. 
 
MENDES, B.B.; OLIVEIRA, A.C.R.; ALCÂNTARA, K.C. Comparação das razões neutrófilo-linfócito 
e plaqueta-linfócito de indivíduos normoglicêmicos e hiperglicêmicos. Einstein (São 
Paulo);17(1):eAO4403, 2019. 
 
MORA, Samia et al. LDL particle subclasses, LDL particle size, and carotid atherosclerosis in the 
Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis (MESA). Atherosclerosis, v. 192, n. 1, p. 211-217, 2007.doi: 
10.1016/j.atherosclerosis.2006.05.007. 
 
NORDESTGAARD, Børge G. et al. Familial hypercholesterolaemia is underdiagnosed and 
undertreated in the general population: guidance for clinicians to prevent coronary heart disease: 
consensus statement of the European Atherosclerosis Society. European heart journal, v. 34, n. 45, p. 
3478-3490, 2013. doi: 10.1093/eurheartj/eht273. 
 
OLIVEIRA, TATIANE V. Exames laboratoriais: prescrição e interpretação. In: Tratado de Nutrição e 
Dietoterapia. Rio d Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. 112p. 
 
PACINI, G.; MARI, A. Assessment of insulin sensitivity from steady-state and dynamic tests. 
In: Clinical diabetes research: methods and techniques. John Wiley & Sons, 2017. p. 27-41. 
 
PATEL, Rajan S. et al. Production of gender-specific morning salivary cortisol reference intervals 
using internationally accepted procedures. Clinical Chemistry and Laboratory Medicine (CCLM), v. 42, n. 
12, p. 1424-1429, 2004. 
 
RAMJEE, V.; SPERLING, L.S.; JACOBSON, T.A. Non–high-density lipoprotein cholesterol versus 
apolipoprotein B in cardiovascular risk stratification: do the math. Journal of the American College of 
Cardiology, v. 58, n. 5, p. 457-463, 2011. 
 
RIVERA-COLL, A.; FUENTES-ARDERIU, X.; DÍEZ-NOGUERA, A. Circadian rhythms of serum 
concentrations of 12 enzymes of clinical interest. Chronobiology international, v. 10, n. 3, p. 190-200, 
1993. 
 
ROHLEDER, N.; NATER, U.M. Determinants of salivary α-amylase in humans and methodologicalconsiderations. Psychoneuroendocrinology, v. 34, n. 4, p. 469-485, 2009. 
 
ROSSI, L.; CARUSO, L.; GALANTE, AP. Avaliação Nutricional: novas perspectivas. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan; 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
26 | P á g i n a 
 
 
 
SHEPARD, J.G.; AIREE, A.; DAKE, A.W.; McFARLAND, M.S.; VORA, A. Limitations of A1c 
Interpretation. Southern medical journal, v. 108, n. 12, p. 724-729, 2015. 
 
SMOLDERS, R.G.; VAN DER MOOREN, M.J. New emerging risk factors for cardiovascular disease: 
their relation with menopause and hormone therapy. British Menopause Society Journal, v. 6, n. 1, p. 
27-33, 2000. 
 
VAN DEN BELD, A.W.; KAUFMAN, J.M.; ZILLIKENS, M.C.; LAMBERTS, S.W.J.; EGAN, J.M.; VAN 
DER LELY, A.J. The physiology of endocrine systems with ageing. The Lancet Diabetes & Endocrinology, 
v. 6, n. 8, p. 647-658, 2018. doi: 10.1016/S2213-8587(18)30026-3. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Edição gráfica: 
Érica Letícia Carvalho de Oliveira 
Acadêmica de Nutrição - UFPI

Continue navegando