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INTEGRAÇÃO DAS TECNOLOGIAS COM O ENSINO DA MATEMÁTICA: TRANSFORMAÇÕES E PERSPECTIVAS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM Esmênia Furtado Parreira Ferreira 1 Liliane Guedes Baio Camponez² Liamara Scortegagna ³ 1 Universidade Federal de Juiz de Fora/Mestrado Profissional em Educação Matemática-PPGEM, efparreira@gmail.com 2 Universidade Federal de Juiz de Fora/Mestrado Profissional em Educação Matemática-PPGEM, lilianebaio@yahoo.com.br ³Universidade Federal de Juiz de Fora/Mestrado Profissional em Educação Matemática-PPGEM, liamara@ice.ufjf.br Resumo O artigo apresenta o resultado parcial de uma pesquisa que faz parte de um Projeto de Pesquisa constituído por três fases, onde objetivamos pesquisar, analisar e propor tecnologias para o processo de ensino e aprendizagem de matemática no Ensino Fundamental II e Educação de Jovens e Adultos da Escola Municipal Fernão Dias Paes da Rede Municipal de Educação da cidade de Juiz de Fora – MG. Nesta primeira fase, tivemos como finalidade conhecer e analisar a realidade do uso das tecnologias no ensino da Matemática pelos professores e alunos da referida escola, para posterior, devidamente embasados teoricamente e com dados da realidade, podermos fazer propostas de tecnologias para o ensino da Matemática. Os resultados obtidos até o momento mostram que a maioria dos professores dessa escola concluiu a graduação em meados de 1990 e não receberam capacitação específica para a utilização de tecnologias digitais na educação. Porém, quase na totalidade buscaram se capacitar com cursos de aperfeiçoamentos e especialização. Quanto aos alunos, estes afirmam que os professores utilizam esporadicamente tecnologias como recursos nas aulas de matemática e, demonstraram interesse em usufruir de tais recursos no processo de aprendizagem. Observamos inicialmente com isso, a necessidade de investir na formação continuada, promover a alteração dos currículos dos cursos de licenciaturas em Matemática, bem como, incentivar a utilização destes recursos nas aulas de Matemática. Palavras-chave: Novas Tecnologias de Informação e Comunicação; Educação Matemática, Processo de ensino e aprendizagem. INTRODUÇÃO A matemática está presente na vida cotidiana das pessoas, em todos os níveis da educação escolar, e tem grande importância em outras áreas do conhecimento. Já foi observado que interagir, contextualizar e interligar esses conhecimentos – interdisciplinaridade – é uma estratégia de estímulo ao desenvolvimento individual e coletivo na construção do conhecimento. Portanto, há a necessidade de ampliar e consolidar um espaço para discussão de suas potencialidades e desafios, o que tem sido promovido atualmente por muitos pesquisadores e educadores dentro de várias tendências em Educação Matemática. A educação em geral enfrenta muitas dificuldades, em particular a Educação Matemática, que tem apresentado em índices estatísticos, grandes fracassos. Esse insucesso se deve a vários fatores. É grave a maneira deficiente de como se forma o professor, essas lacunas são observadas nos currículos dos cursos de licenciatura, nos conteúdos das disciplinas, na definição dos pressupostos pedagógicos, etc., e ainda observa-se a falta de incentivo para a formação continuada. As práticas utilizadas nos cursos de formação são transferidas para a escola, de certa forma reproduzida na prática profissional, acarretando a falta de estimulo por parte dos discentes, por serem instrumentos intelectuais obsoletos. Autores como D‟Ambrosio, afirmam de não haver dúvida quanto à importância do professor no processo educativo e ressalta que a modalidade de educação a distância e outras utilizações de tecnologias não objetivam substituir o professor. “Todos esses meios serão auxiliares para o professor. Mas este, incapaz de utilizar desses meios, não terá espaço na educação (2012, p. 73). Estudos evidenciam que uma das alternativas é superar dentro de determinados limites os desafios e inserir os recursos digitais na escola, como mais uma ferramenta para o desenvolvimento do ensino e aprendizagem da matemática, pois de outra maneira estaremos nos distanciando ainda mais da realidade vivida pelos alunos. Para tanto,vale lembrar que é urgente a necessidade de investir na formação continuada do docente incrementando a discussão teórica. O uso de recursos tecnológicos nas aulas de Matemática pode promover alterações na estrutura da sala de aula e também na maneira de ensinar e de aprender os conteúdos. Portanto, os professores precisam conhecer as possibilidades e também os limites das tecnologias, estando preparados para utilizá-las como apoio ao processo de ensino e aprendizagem. Objetivamos com este artigo apresentar um panorama histórico e reflexões a respeito das Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) usadas atualmente na educação, como se encontram integradas e qual a perspectiva dessas tecnologias na educação matemática. Ainda, pesquisar, analisar e propor o uso das NTIC para o processo de ensino e aprendizagem de matemática na Educação Básica, em específico no Ensino Fundamental II e Educação de Adultos (EJA), em uma escola do município de Juiz de Fora - MG. Articulamos alguns dos muitos pensamentos de investigadores que tratam do avanço da utilização dessas tecnologias, entretanto a pesquisa evidencia o desafio que tem sido fazer educação matemática mediada por elas. O estudo apresentado neste artigo faz parte de um Projeto de Pesquisa composto por três fases e objetiva pesquisar, analisar e propor tecnologias para o processo de ensino e aprendizagem de Matemática. As fases da pesquisa são, Fase 1: Diagnóstico e análise da realidade da escola quanto ao perfil dos professores, tecnologias utilizadas e opinião dos alunos; Fase 2: Proposta de tecnologias e recursos educacionais digitais para o ensino da Matemática (planejamento, desenvolvimento e uso) e a Fase 3: Análise dos resultados do uso das tecnologias e recursos educacionais digitais (professores e alunos). Neste artigo, apresentaremos a Fase 1 do projeto de pesquisa e para isso, utilizamos a metodologia de pesquisa bibliográfica para dar embasamento teórico e, a pesquisa de campo para verificar e analisar a realidade da escola para posterior dar continuidade à pesquisa. E, estruturamos o artigo da seguinte forma: iniciamos fazendo uma introdução ao tema central da pesquisa, apresentação dos objetivos e metodologia. Na sequência, buscamos em autores o embasamento teórico e na sequência apresentamos a pesquisa de campo com os dados, análise e finalizamos com algumas considerações finais. TRANSFORMAÇÕES E PERSPECTIVAS DAS NTIC QUE PERMEIAM A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA Com o intuito de viabilizar a comunicação, o homem durante sua história e evolução produziu um tipo especial de tecnologia, chamada por alguns autores, como Kenski (2007) de “tecnologia de inteligência”. Baseada na existência, não como máquina, mas como linguagem e considerada imaterial. Para disseminar essa inteligência em diferentes tempos e espaços, foram sendo desenvolvidos aleatoriamente inúmeros processos e produtos. O processo de produção industrial da informação trouxe uma nova realidade para o uso das tecnologias da inteligência. Surgiram profissões que têm como foco de ação a comunicação de informações e oferecimento de entretenimento. Novos meios de comunicação (mídias, derivado do inglês, „mass media‟ ou, em português, meios de comunicação de massa) ampliam o acesso a notícias e informações para todas as pessoas. Jornais, revistas, rádio, cinema, vídeo etc. são suportes midiáticos populares, com enorme penetração social. Baseados no uso da linguagem, da escrita e da síntese entre som, imagem e movimento, o processo de produção e o uso desses meios compreendem tecnologias específicas de informação e comunicação, as TICs (KENSKI,2007, p.27- 28). Na verdade, por meio da interação entre tecnologias e ser humano acontece a evolução e, [...] as tecnologias invadem nossas vidas, ampliam a nossa memória, garantem novas possibilidades de bem-estar e fragilizam as capacidades naturais do ser humano. Somos muito diferentes dos nossos antepassados e nos acostumamos com alguns confortos tecnológicos- água encanada, luz elétrica, fogão, sapatos, telefone – que nem podemos imaginar como seria viver sem eles (KENSKI, 2007, p.19). As novas tecnologias surgem da necessidade de sobrevivência do homem, para aproveitar os recursos da natureza de cada época. Foi assim, por exemplo, nas idades da pedra, do ferro e do ouro. Conforme a humanidade avança cientificamente, amplia seu conhecimento e busca tecnologias cada vez mais sofisticadas no suprimento de suas necessidades e, assim, cria permanentemente “novas tecnologias”. Essas criações e avanços acarretam mudanças comportamentais nos grupos sociais. [...] Tentamos ver a tecnologia como uma marca do nosso tempo, que constrói e é construída pelo ser humano. A noção de seres-humanos-com- mídia tenta enfatizar que vivemos sempre em conjunto de humanos e que somos frutos de um momento histórico, que tem as tecnologias historicamente definidas como copartícipes dessa busca pela educação. As tecnologias digitais são parte do processo de educação do ser humano, e também partes constituintes da incompletude e da superação dessa incompletude ontológica do ser humano (BORBA; SCUCUGLIA; GADANIDIS, 2014, p. 133). Na educação, a evolução tecnológica passa por diferentes transformações e inicialmente é dividida em duas gerações: a geração textual e a geração analógica. Na geração textual, surgem os livros, apostilas, revistas, artigos em anais e a carta – correio tradicional – e na geração analógica aparecem, as imagens, os jogos, a televisão, o vídeo, o rádio, o telefone, o fax, o áudio etc. Com o passar do tempo, surgem as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC), consideradas como geração digital, onde estão inseridos a multimídia (imagem, texto e som), softwares, realidade virtual, armazenamento em nuvens etc. Ubiratan D‟Ambrósio diz que, o grande desafio da educação é por em prática hoje o que servirá para o amanhã e ressalta: Estamos entrando na era do que se costuma chamar a “sociedade do conhecimento”. A escola não se justifica pela apresentação de conhecimento obsoleto e ultrapassado e muitas vezes morto. Sobretudo ao se falar em ciência e tecnologia. Será essencial para a escola estimar a aquisição, a organização, a geração e a difusão do conhecimento vivo, integrado nos valores e nas expectativas da sociedade. Isso será impossível de atingir sem ampla utilização de tecnologia na educação. Informática e comunicações dominarão a tecnologia educativa do futuro (D‟AMBRÓSIO, 2012, p. 74). Na educação matemática o uso das NTIC inicia-se em 1999 com o advento da internet e apresenta uma evolução, começando pelo computador que aparece como uma ferramenta marcante para o ensino e aprendizagem intensificando o uso de softwares matemáticos educacionais, jogos, planilhas e imagens; na sequência pela internet que traz a realidade virtual, a realidade aumentada, os blogs, os simuladores, os vídeos educacionais e continua com o smartphone que veio para facilitar o uso da calculadora, do gravador de áudio e vídeo e da internet. Hoje, segundo Scortegana (2015) as principais NTIC utilizadas no processo de ensino e aprendizagem da matemática são os softwares educacionais como o GeoGebra, planilhas eletrônicas, vídeos, jogos online, simuladores, etc. Quanto às perspectivas do uso das NTIC na matemática, ela aponta tendências que possam surgir a curto, médio e longo prazo. De acordo com a mesma, em curto prazo, previsto para um ou dois anos, teremos a educação híbrida, ou seja, a mistura de métodos de ensino presenciais e online, as redes, os Massive Open Online Couder (MOOC) e a utilização de dispositivos móveis. Em médio prazo, mais ou menos daqui a dois ou três anos, estão os games, simuladores, realidade aumentada e Big Data – coleta de dados e analise a fim de criar técnicas de Ensino Adaptativo. Finalmente, em longo prazo, mais ou menos de quatro a cinco anos, podemos esperar por impressoras 3D, salas de aulas invertidas - uso de dados das atividades online para planejar aulas. Devido ao ritmo acelerado dos avanços tecnológicos podemos ainda esperar, a prazo longo, mas não definido, por tecnologias trajáveis na educação. NOVAS POSTURAS DOS PROFESSORES E ALUNOS COM A UTILIZAÇÃO DAS NTIC NA MATEMÁTICA Falar dos avanços e transformações oriundas das novas tecnologias requer também enfatizar o importante papel da escola nesse contexto e como acontece essa evolução na educação, em particular na educação matemática. Para ser assumida e utilizada, a nova descoberta tecnológica precisa ser ensinada. A utilização das tecnologias digitais nas aulas de matemática promove mudanças na sala de aula, onde professor e aluno tornam-se atores cooperativos e colaborativos, desenvolvendo-se e construindo-se novos conhecimentos. Nesse novo cenário o professor passa por situações imprevisíveis que envolvem familiaridade com o software, e outras que podem estar relacionadas com o conteúdo matemático. Além de situações dessa natureza, o professor necessita de atualização constante, pois as novidades nesta área surgem num ritmo muito veloz. Mediante a essa grande variedade de recursos tecnológicos, o professor precisa ter uma visão crítica, analisando e refletindo sobre a tecnologia que deseja usar em determinado momento e sua importância no ensino e aprendizagem do conteúdo a ser trabalhado. As tecnologias digitais, principalmente as redes sociais, podem contribuir ou não para o processo de ensino e aprendizagem, pois se os alunos se distraírem passeando pelas telas poderão perder o foco essencial facilmente, não atingindo os objetivos propostos. A formação de professores, então deve ser pautada em aspectos que são característicos do uso das NTIC, como a imprevisibilidade, a insegurança e a iniciativa de formação contínua, que deve acontecer durante toda a carreira profissional, como explica Beline e Costa: Se os professores são fundamentais para a mudança, a formação de professores deve ser concebida como um processo de desenvolvimento para a vida toda, com a licenciatura sendo apenas a fase inicial dessa formação, que deve continuar ao longo de toda a carreira profissional. O processo de formação não pode ser somente entendido como orientado para a preparação técnica, mas voltado para a mudança, de modo que se possa lidar com as incertezas, as instabilidades e as transformações que caracterizam os tempos atuais (BELINE; COSTA, 2010, p.88). A razão central da presença das NTIC na escola deve ser a expansão de possibilidades de desenvolvimento da cidadania. Para Borba e Penteado (2012), “na escola, a alfabetização informática precisa ser considerada como algo tão importante quanto à alfabetização na língua materna e em matemática”. É importante destacar que nas escolas públicas brasileiras, é comum encontrarmos alunos que nunca tiveram contato com a informática. Portanto, é fundamental que sejam implantados programas que facilitem o acesso à informática, mas não é o suficiente. Não basta também usar uma determinada tecnologia ou levar o aluno ao laboratório de informática sem um objetivo educativo relacionado ao conteúdo. Isso parece ser uma maneira de depauperar o seu uso. Tal prática subestima a capacidade do aluno. Há a necessidade de uma proposta pedagógica, que através das tecnologias, oportunize ao aluno experimentar, visualizar, simular, comunicar eletronicamente e resolver problemas. Como já foi dito anteriormente é urgente a necessidade de investir tanto na formaçãoinicial quanto na formação continuada do docente. Para que o educador possa atender esse novo aluno, que nasceu na era tecnológica e vivencia em seu cotidiano os avanços tecnológicos tão velozes e mutáveis, ele precisa de aprimoramento profissional de forma satisfatória. Ao contrário, esses mesmos alunos que não estão se adaptando ao retardo da evolução tecnológica na escola e estão desmotivados, podem contribuir ainda mais, para o insucesso do processo de ensino e aprendizagem da matemática. Cabe ao professor, nesse momento, estar preparado para lidar com tanta diversidade e, muitas vezes, com a escassez de recursos, como ressaltam os Parâmetros Curriculares Nacionais. [...] Entendemos que a ênfase que se tem dado em documentos como PCNs, em interdisciplinaridade e problemas abertos, está em harmonia com a mídia informática, em particular se o acesso à internet for incrementado rapidamente (BORBA; PENTEADO, 2012, p.88). Quanto aos alunos, estes precisam ser preparados e encorajados a usar todos esses recursos tecnológicos a favor da inteligência educacional e não somente para entretenimento e necessitam serem conscientizados dos perigos do mau uso destas, carecem ainda de uma visão crítica do papel dos recursos tecnológicos em suas vidas. Segundo Moran (2006), os alunos estão acostumados a receber tudo pronto do professor, e esperam que ele continue “dando aula”, como sempre fez, utilizando a tradicional prática, na qual o professor fala e os alunos escutam, e alguns alunos não aceitam facilmente essa mudança na forma de ensinar e aprender. O que corrobora a necessidade de serem levados a compreender que, ao contrário da informação, o conhecimento não se passa, cria-se, constrói-se e que aprender a aprender com o uso das NTIC é um compromisso urgente. Nesse sentido, constitui-se numa importante ferramenta em suas mãos, podendo contribuir muito para sua formação intelectual e emocional, favorecendo a busca de uma sociedade mais justa e igualitária. FASE 1: DIAGNÓSTICO E ANÁLISE DA REALIDADE DA ESCOLA QUANTO AO PERFIL DOS PROFESSORES, TECNOLOGIAS UTILIZADAS E OPINIÃO DOS ALUNOS Para esta pesquisa, escolhemos a Escola Municipal Fernão Dias Paes da Rede Municipal de Educação da cidade de Juiz de Fora – MG. Todos os professores de matemática da escola aceitaram participar da pesquisa, ou seja, seis professores. Para a análise dos alunos, foram utilizadas três turmas da EJA – Educação de Jovens e Adultos e onze turmas do Ensino Fundamental II, que estes professores atuam, totalizando 237 alunos participantes. A pesquisa foi realizada no mês de maio de 2015. Para coletar os dados utilizamos a metodologia de questionários, tanto para os professores como para os alunos. Para conhecermos os perfis dos professores, questionamos o nível de escolaridade (1ª questão); ano de conclusão da graduação (2ª questão); se estes receberam capacitação para a utilização de tecnologias na educação durante a graduação (3ª questão); se fizeram cursos de aperfeiçoamento/capacitação e/ou especialização após a graduação para utilizar recursos tecnológicos (4ª questão); se estes cursos foram financiados pela rede municipal de educação, rede estadual de educação ou com recursos próprios (5ª questão); se fizeram, qual foi o curso de formação feito (6ª questão); se a escola oferece em sua estrutura física, facilidade para o uso das TICs (7ª questão); se a escola está respaldada em seu Projeto Político Pedagógico - PPP - quanto ao uso das TICs (8ª questão). A seguir com a finalidade de sabermos a realidade da atuação destes em sala de aula, questionamos sobre a utilização das TICs como recurso didático (9ª questão) e se estes conhecem algum software e/ou recurso digital matemático (10ª questão). O gráfico da figura1 mostra o resultado dos questionamentos quanto à formação profissional dos professores. Percebemos nas (questões 1 e 2), que todos os professores entrevistados são graduados em matemática, sendo quatro (66,66%) destes graduados antes de 2000, e os demais em 2004 e 2011. Cinco (83,33%) dos professores fizeram especialização Latu Sensu e um (16,67%) tem apenas graduação. Quanto a formação continuada (questões 4, 5 e 6), dois (33,33%) professores afirmaram ter feito curso de aperfeiçoamento para a utilização de tecnologias na educação promovido pelo município. Um (16,67%) professor está fazendo Especialização Strito Sensu/mestrado – PPGEM – UFJF, na linha de pesquisa Tecnologia de Comunicação e Informação. Figura 1: Formação Acadêmica dos Professores Destacamos ainda na 3ª questão, que apenas um (16,67%) dos professores afirmou ter recebido algum tipo de formação quanto à utilização de tecnologias durante a graduação informações/capacitação para uso das tecnologias em sala de aula e afirma ter conhecido superficialmente o software GeoGebra na graduação. Foi observado que os currículos dos cursos de graduação de Licenciatura em Matemática têm evoluído aos poucos, em 2011, já é possível notar a inclusão do tema “Tecnologias” nas suas grades, o que antes era inexistente. Os resultados acima relatados, explicam a razão pela qual os Educadores Matemáticos se preocupam tanto com a formação docente quanto ao uso das tecnologias, pois é muito nova e superficial a inclusão do tema na grade curricular de licenciatura em matemática. E poucos são contemplados com cursos de formação continuada. Na sequência, os resultados relacionados aos recursos tecnológicos oferecidos pela escola (questões 7 e 8) , apontam que a escola possui alguns recursos como: laboratório de informática, mas com internet deficiente; projetor de imagem; TV; DVD e ainda possui um quadro interativo que não é utilizado por falta de espaço físico adequado. A escola está respaldada em seu PPP para o uso destes, porém os alunos são proibidos pela lei municipal nº 064/09 no Art. 1º, a usar o celular nas dependências da escola. Essa proibição nos leva a alguns questionamentos: (a) por que não usar o celular, que é um bem de consumo democrático, a favor do ensino e aprendizagem? (b) Será que a proibição do celular aguça ainda mais o interesse dos alunos desviando a sua atenção durante as aulas? (c) Qual é o nosso papel enquanto educadores, na conscientização do uso do celular em prol da melhoria da aprendizagem? Sobre o uso das tecnologias digitais para auxiliar seu trabalho, os resultados nos mostra que a maioria (66,67%) dos professores ao serem questionados disseram que usam 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120% Graduação Especialização Latu Sensu Capacitação p/ o uso de TD Mestranda algum recurso tecnológico e 33,33% disseram não fazer uso de recursos tecnológicos em suas aulas. Em relação ao conhecimento de softwares matemáticos específicos para essa área (questão 10) destacamos que, cinco (83,33%) dos professores afirmam conhecer e um (16,67%) diz não conhecer softwares matemáticos. Porém ao especificar quais softwares conhecem, foi observado que as informações se contrariam, cabendo um estudo futuro mais detalhado, a fim de verificar as contradições dos resultados coletados. Na análise relacionada à especificação de software, percebemos que apenas três (50%) apontaram um software característico – GeoGebra -, dois (33,33%), disseram conhecer outros recursos tecnológicos relacionados à matemática e quatro (66,67%) afirmam não conhecer softwares matemáticos específicos. Apesar de 50% dos professores citar o software GeoGebra, estes afirmaram não conhecê-lo o suficiente para utilizá-lo com segurança e os outros 50% dizem saber apenas da existência deste software. Para nos conscientizarmos da visão e opinião dos alunos, elaboramos para esta fase, quatro questões. Iniciamos pedindo que identificassem a série/ano que está cursando (1ª questão); se o professor utiliza algum tipo de tecnologia e/ou software matemático durante as aulas (2ªquestão); em caso afirmativo na questão 2, com que frequência as TD são utilizadas (3ª questão); e, em caso negativo na questão 2, se estes gostariam que fossem utilizadas tecnologias durante as aulas de matemática, se gostariam de sugerir alguma TD – software, simulador, etc.) para uso nas aulas de matemática (4ª questão). Na primeira pergunta feita aos alunos, identificamos que a maioria, ou seja, 210 (88,61%) dos 237 alunos entrevistados é do Ensino Fundamental II e 27 (11,39%) são alunos da EJA. E, na sequência dos questionamentos, 21,10% dos alunos disseram que seus professores utilizam recursos tecnológicos e, em contrapartida 78,90% afirmaram a não utilização dos mesmos nas aulas de matemática, como mostra o gráfico da figura 2. Figura 2: Parecer dos alunos quanto ao uso de TD pelos professores Mas ao serem perguntados sobre a frequência do uso de tais recursos pelo professor, podemos concluir que as informações coletadas se alteram, contradizendo a primeira informação mostrada na figura acima. Podemos observar no gráfico da figura 3 que, ao somarmos as porcentagens referentes às alternativas raramente e frequentemente, na visão do aluno, 46,41% dos professores usam ou já usaram esses recursos. Esta inconsistência será pesquisada com mais profundidade na próxima fase da pesquisa. 21,10% 78,90% Sim Não Figura 3: Parecer dos alunos em relação à frequência do uso de TD pelos professores Ao serem questionados se gostariam que fosse utilizada alguma tecnologia digital durante as aulas de matemática, disseram sim 75,10%; disseram não 16,03% e não opinaram 8,87%. Quanto às sugestões de tecnologias a serem usadas, as mais sugeridas pelos alunos foram jogos, internet, tablete, celular, computador, incluindo ainda a calculadora. Figura 4: Interesse dos alunos por TD nas aulas de matemática A quarta questão permitia ao aluno, além de mostrar seu interesse com relação ao uso das tecnologias pelos professores, que fizesse sugestões referentes às mesmas. As sugestões foram muito variadas, mas evidenciam o não conhecimento de softwares matemáticos específicos, o que indica que os mesmos não são usados pelos professores. Percebe-se com estas respostas que, para o aluno é importante a utilização de tecnologia durante as aulas, visto que, para a maioria deles a tecnologia faz parte da vida cotidiana na sociedade onde vive. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados da primeira fase do Projeto de Pesquisa apresentados neste artigo, nos apontam a realidade de uma mostra pequena, porém, significativa e harmônica com a realidade das escolas brasileiras. Assim, as primeiras considerações que apresentamos é a existência de deficiências no processo de formação dos professores na licenciatura e a falta de investimento na formação continuada. Sendo que essa formação continuada deve atender as expectativas dos professores quanto ao uso pedagógico de recursos tecnológicos. 53,59% 42,19% 4,22% 0 Nunca Raramente frequentemente 75,10% 16,03% 8,87% Sim Não Não opinaram Com base nas informações apresentadas, constata-se que, ainda é muito tímida e limitada a integração dos recursos tecnológicos digitais na educação, em especial na educação matemática, estando sua utilização condicionada a fatores de diferentes ordens. Destaca-se a escassez de recursos, a falta de incentivo para os professores utilizarem as tecnologias, a falta de equipamentos ou rede de internet, a proibição do uso de certas tecnologias em sala de aula e, principalmente a falta de investimento na formação continuada dos professores. Para atingir seu objetivo, segundo Lins e Gimenez (1997), como perspectiva para o século XXI, a educação matemática deve encontrar o equilíbrio entre três frentes: i)o desenvolvimento da capacidade de pôr em jogo nossas habilidades de resolver problemas e de investigar; ii) o desenvolvimento de diferentes modos de produzir significado (pensar), o que poderíamos chamar de atividades de inserção e tematização; e iii)o aprimoramento das habilidades técnicas, isto é, da capacidade de usar as ferramentas desenvolvidas com maior facilidade (LINS; GIMENEZ, 1997). Não se trata de substituir os antigos modos de pensar e fazer matemática, mas sim, de modificá-los, de desenvolver novas maneiras que possibilitam ao discente uma prática escolar condizente com a sua realidade tecnológica, comparando-as e avaliando os pontos fortes e fracos de cada um, buscando adequação a esse mundo tecnológico. Nesse contexto, é visível a necessidade de promover a inclusão de disciplinas que tratam da questão de Tecnologias na Educação no ensino da matemática na grade curricular dos cursos de graduação. Também, é pertinente o incentivo por parte dos órgãos públicos na formação continuada e especialização dos professores de matemática, visando o amplo conhecimento não só das tecnologias, mas das metodologias e formas de uso e inserção destas nas aulas de matemática, bem como cursos de capacitação no que tange o uso dos softwares matemáticos específicos, incentivando e intensificando a utilização dos mesmos. Foi observado também nessa fase da pesquisa, através das respostas dos alunos, que a ausência do uso de recursos tecnológicos no espaço educacional, ocasionado pela falta de incentivo para que estes sejam utilizadas pelos professores, é um movimento contrário ao que é vivenciado pela maioria dos alunos fora da escola. E esse novo aluno que nasceu na era tecnológica e vivencia em seu cotidiano esses avanços tão velozes e mutáveis, afirma querer utilizar destas na sala de aula. Ao contrário estaremos reforçando um processo de ensino e aprendizagem da matemática desinteressante, repetitivo e monótono o que pode levar os discentes ao fracasso escolar. Cabe nas próximas fases do projeto propor para os professores de matemática o uso de tecnologias digitais em suas aulas e oferecer cursos de capacitação relacionados especificamente ao uso de softwares matemáticos, como mais uma alternativa, visando despertar maior interesse dos alunos em aprender essa disciplina temida por muitos, tornando-a mais prazerosa, o que pode acarretar melhoria na qualidade do ensino e aprendizagem da mesma, bem como, avaliar o uso dessas tecnologias. Apesar de todas as dificuldades e desafios que mencionamos nesta primeira fase da pesquisa, podemos concluir que a adequação de recursos tecnológicos digitais educacionais no processo de ensino e aprendizagem da matemática, é considerada importante e urgente, não como solução, mas sim, como mais um recurso para um processo educacional mais atrativo e harmônico com a atualidade. REFERÊNCIAS BELINE, Willian; COSTA, Nielce M. L. Educação Matemática, Tecnologia e Formação de Professores. Campo Mourão: Fecilcam, 2010. BORBA, M. de C.; PENTEADO, M. G. Informática e Educação Matemática. 5º edição. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012. BORBA, M. de C; SCUCUGLIA, R. S.; GADANIDIS, G.. Fases das tecnologias digitais em Educação Matemática: Sala de aula e internet em movimento. 1º edição. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2014 (Coleção Tendências em Educação Matemática). CARNEIRO, R. F.; PASSOS. C. L. B. A utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação nas aulas de Matemática: Limites e possibilidades. Revista Eletrônica de Educação, v. 8, n. 2, p. 101-119, 2014. Disponível em: http://www.reveduc.ufscar.br. Acesso em 10 jun. 2015. D‟AMBRÓSIO, U. Educação Matemática: Da teoria à prática. 23ª edição. Campinas – SP: Papirus, 2012. KENSKI, V. M. Educação e Tecnologias: O novo ritmo da informação. 2ª edição. Campinas – SP: Papirus, 2007. LINS, R. C.; GIMENEZ, J. Perspectivas em aritmética e álgebra para o século XXI. 1ª edição. SCORTEGAGNA. L. Informática na Educação. Juiz de Fora: Universidade Federal de Juiz de Fora, 2015. Anotações de aula. MORAN, J. M;MASETTO, M. T; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 21ª edição. Campinas – SP: Papirus, 2013 (Coleção Papirus Educação).
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