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Substrato, superistrato e adstrato

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Resumo da s definições 
Como vi mos, a definição dos termos substrato, superstrato e 
adstrato varia bastante, assim como o que cada autor abrange co m 
cada termo. Assi m se ndo, o árabe , que Mattoso classi fica c omo ads-
trato, é c aracterizado como su perstrato por W. Cardoso e C. Cunha, 
os quais também classificam o grego como exemplo d e substrato, a-
lém das línguas pré-ro manas a pontadas po r Mattoso. 
Se fizéssemos um resumo das três definições, partindo -se 
sempre do mais geral, tería mos: 
1) Substrato – língua nativa desaparecida de um povo domi-
nado, que ad otou a lingua do d ominador; 
2) Superstrato – língua nativa de um p ovo do minador desapa-
recida, em virtude de este povo ter adotado a língua do povo domi-
nado; 
3) Adstrato – q ualquer língua que convive u o u c onvive e m pé 
de igualdade (b ilingüismo) com outra língua. 
Essa conceituação ab rangeria quase tod as as influência s q ue a 
língua portu guesa sofreu e m sua formação, quer c omo po rtuguês d e 
Portugal, quer co mo por tuguês do B rasil, ficando de fora a penas: as 
palavras de empréstimo às língu as mod ernas: galicismos, anglici s-
mos, palavras de o rigem alemã, italia na, espanhola, russa, húngara , 
turca, polonesa e asiática; e as p alavras de emp réstimo às lí ngua s de 
cultura: latinismos, helenismos, palavras de origem he braica ou 
sânscrita.
Departamento de Letras 
SOLETRAS, Ano II, nº 04. São Gonçalo : UERJ, jul./dez. 2002 
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mais i mportantes são: acha, arauto, arreio, ag asalho, a lbergue, an-
ca, aspa, barão, banco, banho, branco, brasa, brandir, d ardo, es-
grimir, espia r, e lmo, espeto, estaca, estribo, espo ra, estampa r, es-
carnecer, feudo, fato, feltro, fralda, fresco, ganso , ga rbo, guarda, 
grupo, galardão, guia, lata, lasca, liso, marco, morno, rico, roupa , 
roubar, sag a, sopa, tirar, trepa r, trégua e o s pontos cardeais: norte, 
sul, leste, oeste. Além das pa lavras d e orig em germâ nica devidas ao 
superstrato, existe m ai nda as q ue já haviam sido introduzid as no la-
tim à época da conqu ista romana da Península Ibérica, como guisa 
e roca (pré-góticos), harpa, carpa, sabão, burgo, coifa, bando e a-
renga, assim como outras, cuja origem se prende não ao germânico , 
mas ao alemão: nomes de elemen tos químico s, talco, obus e valsa. 
O adstrato compreenderia, de acordo com a definição fin al 
resumida exposta an terior mente, as seguintes línguas: 
1) Árabe – embora tenha oco rrido u ma grande influência á-
rabe, ela se l imitou q uase que exclusivamente ao vocabu lário. As pa-
lavras de origem ára be são fáceis de reco nhecer pela presença do ar -
tigo invariável al, quer inalterad o ou red uzido a a, q uando a ntes de x, 
z, c e d: arroz, a zeite, açougue e aduana.
Faculdade de Formação de Professores 
SOLETRAS, Ano II, nº 04. São Gonçalo : UERJ, jul./dez. 2002 
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2) Plantas – aba caxi, capim, carnaúba, cipó, imbuia, ipê, ja-
buticaba, j acarandá, jeq uitibá, mandioca, p eroba, pitanga, sapé, ta -
quara e tiririca. 
3) Utensílios – arapuca e jacá . 
4) Alimento s – moqueca e pipo ca. 
5) Fenômen os naturais – p iracema e poror oca. 
6) Crendices – saci, caipor a e curupira. 
i) Doença s – catapora 
Além disso, ci ta-se co mo influência d a língua geral o uso de 
ele (e suas variantes) como acusativo , ao invés do pronome oblíq uo 
o (e suas variante s), mas o uso de ele como ob jeto d ireto já se mani-
festava co mo uma te ndência provável de evolução do por tuguês an-
tes mesmo do d escobrimento do Br asil. 
 
Influência do semicrioulo p ortuguês sobre o português do B rasil 
A influência do semicrioulo portugu ês manifesta-se so bre tr ês 
níveis de estruturação da língua, que são: 
1) Fonológico – apresentando os seg uintes casos: 
a) redução de ditongo a vogal: d otô por doutor; isquêro por 
isqueiro; 
b) transformação do lh em iode: mu ié por mu lher; oiá por o-
lhar; 
c) assimilação do s grupos co nsonantais em nasal: toman o por 
tomando ; quano por quando; tamém por também; 
d) queda do r final: amô por a mor; muié p or mulher; fazê p or 
fazer; 
e) queda d o l final: generá p or general; p apé por papel. 
 
2) Morfofon ológico – apr esentando os seguintes casos: 
a) queda d a primeira sílaba do verbo e star, como em eu tô: 
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SOLETRAS, Ano II, nº 04. São Gonçalo : UERJ, jul./dez. 2002 
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b) a glutinação fonética , como e m zóio por olhos; zunha por 
unhas; e zoreia por orelha s. 
 
3) Morfológ ico – manifesto por : 
a) simplificação da flexã o verbal, re duzida a so mente duas 
pessoas, como e m: 
“eu compro ” 
“tu/você comp ra” 
“ele/ela compra ” 
“nós compra ” 
“vocês compra ” 
“eles/elas compra” 
b) queda d a flexão de número do determinado , como ocorre 
em: “as muié” po r “as mulher es”; “esses ho me” por “esses homens”. 
Houve, também, uma influência desse semicrioulo português 
sobre o léxico, mas red uzida quase que exclusiva mente a coisas típi -
cas africanas, tais co mo: 
a) Religião: macumba, mand inga, candomblé, babalaô e orixá; 
b) Comida : tutu, angu, abará, cachaça e vatapá; 
c) Instrumen tos: agogô, samba, maracatu e ganzá; 
d) Doen ças: caxumba, calo mbo, calundu e banzo; 
e) Objetos d e uso: cachi mbo, carimbo, miçanga e tanga; 
f) Animais e planta s: camundongo, marimbondo, inhame, 
chuchu, jiló, maxixe e quiabo; 
g) Locais: moca mbo, quilomb o e senzala; 
h) Pe ssoas e rela ções pessoais: moleque, muca ma, milonga, 
molambo, muxoxo, quizília e d engo. 
É importante r essaltar que muitas das inf1uências desse semi-
crioulo português, nos campos mo rfológico e fonológico , senão to-
das, já existia m co mo ten dências atuantes ou possibilidades latentes 
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na língua po rtuguesa p adrão, havendo mesmo cer tas modi ficações, 
imputadas ao semicriou lo português, q ue remontam ao lati m vulgar. 
Além d isso, mesmo no léxico, a influência foi po uca, j á que muitas 
das p alavras de ori gem a fricana e xistentes no português já existia m à 
época do d escobrimento do B rasil, como é o caso de inhame. 
 
CONCLUSÃO 
Pelo que vimos até o momento, podemos c hegar às se guinte s 
conclusões: 
1) A influência do substrato no português é de po uca impor-
tância, resumindo-se ao léxico, mesmo assim num nú mero pequ eno 
de pala vras. 
2) A in fluência do superstrato, apesar de bem maior, é resu-
mida também ao léx ico e muito especializada, sendo que muitas de 
suas formas, co mo garbo, saga, elmo, arau to, etc., tornaram-se obso-
letas ou excessivamente restrit as. 
3) A infl uência do a dstrato é a mais importante de tod as. C om 
exceção do provençal, todas as línguas que conviveram co m o p or-
tuguês, q uer em Por tugal: o árabe, quer no Brasil: a língua geral e o 
semicrioulo portu guês, p enetraram basta nte no nosso léxic o , sendo 
que o semicrio ulo p ortuguês serviu, ai nda, p ara detonar certas p oten-
cialidades la tentes do português e intensificar o processo de evolu-
ção já existente, de uma maneira muito mais i ntensa, é claro, nas po -
pulaçõe s de baixo nível d e escolaridade e instrução.

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