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Adoção O caminho e as vicissitudes do processo e o papel da equipe técnica Psicologia Jurídica – 2º. Semestre /2019 A adoção ontem e hoje Por muito tempo, a adoção constituiu um direito para famílias ameaçadas de extinção e não direito da criança de ter uma família. Antes do Século XX, quando as adoções não eram regulamentadas por lei, os casais sem filhos buscavam as Rodas de Expostos para obterem uma criança para criar (“filhos de criação”). 1ª. legislação tratando da adoção no Brasil: 1828 A adoção sob a perspectiva de gerar uma solução para as famílias sem filhos; Estabelecia o limite mínimo de 50 anos para os adotantes (quando não há mais expectativa de prole) que não tivessem filhos. O adotando poderia ter qualquer idade, desde que houvesse a diferença de 18 anos com relação aos adotantes. A adoção era revogável e não anulava os vínculos do adotado com a família biológica. 1957: Lei 3.133 Idade mínima de 30 anos, desde que a diferença de idade entre ele e o adotado fosse maior que 16 anos; O adotado não teria direitos sobre os bens patrimoniais da família e nada herdeira. Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) Toda criança deve ter a oportunidade de um convívio familiar e comunitário. As principais inovações do ECA em relação à adoção de crianças e adolescentes • A redução da idade mínima do adotante para 18 anos (Lei 12.010/2009) • A desvinculação da adoção do estado civil do adotante • A impossibilidade de avós e irmãos adotarem • A introdução e regulamentação das adoções unilaterais (um dos cônjuges podendo adotar o filho do outro) • A adoção póstuma (que se concretiza mesmo se o adotante falacer durante o processo de adoção) • O rompimento dos vínculos de parentesco entre o adotado e a família biológica • A pessoa adotada agora tem o direito de conhecer sua origem biológica e acesso irrestrito ao processo que resultou em sua adoção, caso tenha interesse Adoção Inserção irrevogável de uma criança ou adolescente em uma nova família. O papel da equipe técnica (psicólogos e assistentes sociais) no processo de adoção ✓Efetuar a inscrição do pretendente (que deve procurar a Vara da Infância e da Juventude da Comarca onde reside); ✓Oferecer curso preparatório; ✓Realizar a avaliação psicossocial do(s) pretendente(s); ✓Elaborar o laudo que irá subsidiar o processo de habilitação para adoção; A avaliação dos pretendentes à adoção • Como emerge a ideia da adoção e em que momento? • Quais são as referências de adoção e em que representações se sustentam? • Que expectativas existem em torno da criança a ser adotada? • Há disposição para assumir a história de origem do filho adotivo? • Há consenso entre os solicitantes e aceitação da família? O papel da equipe técnica (psicólogos e assistentes sociais) no processo de adoção (Cont.) ✓Determinada, pelo juiz, a colocação de uma criança em adoção, busca-se no Sistema Nacional de Adoção, o primeiro pretendente de acordo com o perfil da criança/adolescente a ser colocado em família substituta e marca a entrevista para contar sobre a criança/adolescente em via de ser colocado em adoção; ✓Participar do trabalho com a criança em via de ser colocada em adoção; ✓Promover a aproximação entre adotante e adotando; ✓Assessorar a recém-formada família no estágio de convivência. Assessoria à recém-formada família no “estágio de convivência” Ao entregar aos adotantes qualquer criança ou adolescente, o juiz concede a eles primeiramente um termo de guarda e responsabilidades com fins de adoção. O acompanhamento realizado pela equipe técnica durante o estágio de convivência busca saber: ✓como está se dando a adaptação entre a criança e seus novos pais, ✓que dificuldades ou dúvidas emergem, como a situação vivida ✓como os adotantes conseguem integrar aquela criança à condição de filho O trabalho com a criança em via de ser colocada em adoção: Nos contatos com as crianças e adolescentes em vias de serem colocados em adoção, busca-se observar: • a compreensão que possuem sobre os fatos, • a qualidade dos vínculos que mantêm e a disponibilidade para consolidar outros novos, • como os genitores biológicos estão representados em seus psiquismos, entre outros aspectos da vida afetiva. O caminho do processo de adoção • Procurar a Vara da Infância e da Juventude da Comarca onde reside, para inscrição ao curso preparatório • Participar de palestra preparatória • Apresentar documentos para processo de habilitação para adoção • Passar por avaliação psicossocial (da psicologia e do serviço social) e estabelecer o perfil da criança desejada Outros caminhos da adoção • Conhecer uma gestante vulnerável e combinar com ela a entrega do bebê: adoção “pronta ou direta” (intuitu personae) desrespeito ao artigo 30 do ECA. • Fingir ser pai biológico e registrar uma criança em cartório como filho: “adoção à brasileira”: crime previsto no artigo 242 do Código Penal. O caminho do processo de adoção (Cont.) • Após a avaliação psicossocial, o MP emite parecer levando em conta o processo com documentos e avaliação psicossocial. • O juiz da Vara de Infância decidir se concede ou não o Certificado de Habilitação • O nome do pretendente (ou casal) é incluído no SNA por até 3 anos. Referências SIQUEIRA, A. C.; JAEGER, F. P. & KRUEL, C. S. Família e Violência – Conceitos, Práticas e Reflexões Críticas. Curitiba: Juruá Editora, 2013, pg. 67 – 75. CARVALHO, M. C. N. (ORG.). Psicologia e Justiça: Infância, Adolescência e Família. Curitiba: JURUÀ, 2012. pg. 105-136 BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente. Subseção IV – Da adoção – Artigo 39 ao Artigo 52C. 1990. PAIVA, Leila D. O psicólogo judiciário e as avaliações nos casos de adoção. In: SHINE, Sidney. Avaliação Psicológica e Lei: adoção, vitimização, separação conjugal, dano psíquico e outros. Casa do Psicólogo: São Paulo, 2014, p.73 a 112.
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