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TECNOLOGIAS DESENVOLVIDAS PARA O APROVEITAMENTO DO AMENDOIM CENTRO INTERDISCIPLINAR DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO E DIREITO LARYSSA MAYARA ALVES DE ALMEIDA Diretor Presidente da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito VINÍCIUS LEÃO DE CASTRO Diretor - Adjunto da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Editor-chefe da Associação da Revista Eletrônica a Barriguda - AREPB ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA – AREPB CNPJ 12.955.187/0001-66 Acesse: www.abarriguda.org.br CONSELHO EDITORIAL Adilson Rodrigues Pires André Karam Trindade Alessandra Correia Lima Macedo Franca Alexandre Coutinho Pagliarini Arali da Silva Oliveira Bartira Macedo de Miranda Santos Belinda Pereira da Cunha Carina Barbosa Gouvêa Carlos Aranguéz Sanchéz Dyego da Costa Santos Elionora Nazaré Cardoso Fabiana Faxina Gisela Bester Glauber Salomão Leite Gustavo Rabay Guerra Ignacio Berdugo Gómes de la Torre Jaime José da Silveira Barros Neto Javier Valls Prieto, Universidad de Granada José Ernesto Pimentel Filho Juliana Gomes de Brito Ludmila Albuquerque Douettes Araújo Lusia Pereira Ribeiro Marcelo Alves Pereira Eufrasio Marcelo Weick Pogliese Marcílio Toscano Franca Filho Olard Hasani Paulo Jorge Fonseca Ferreira da Cunha Raymundo Juliano Rego Feitosa Ricardo Maurício Freire Soares Talden Queiroz Farias Valfredo de Andrade Aguiar Vincenzo Carbone FRANCISCO DE ASSIS CARDOSO ALMEIDA JAIME JOSÉ DA SILVEIRA BARROS NETO ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE BRUNO ADELINO DE MELO ORGANIZADORES TECNOLOGIAS DESENVOLVIDAS PARA O APROVEITAMENTO DO AMENDOIM 1ª EDIÇÃO ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA - AREPB 2016 ©Copyright 2016 by Organização do Livro FRANCISCO DE ASSIS CARDOSO ALMEIDA, JAIME JOSÉ DA SILVEIRA BARROS, ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE E BRUNO ADELINO DE MELO Capa PHILLIPE GIOVANNI ROCHA MARTINS DA SILVA Editoração ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Diagramação ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE O conteúdo dos artigos é de inteira responsabilidade dos autores. Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP) Ficha Catalográfica Elaborada pela Direção Geral da Revista Eletrônica A Barriguda - AREPB Todos os direitos desta edição reservados à Associação da Revista Eletrônica A Barriguda – AREPB. Foi feito o depósito legal. Data de fechamento da edição: 24-07-2016 A447t Almeida, Francisco de Assis Cardoso. Tecnologias desenvolvidas para o aproveitamento do amendoim / Organizadores, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Jaime José da Silveira Barros Neto, Esther Maria Barros de Albuquerque, Bruno Adelino de Melo. – Campina Grande: AREPB, 2016. 150 f. : il. color. ISBN 978-85-67494-15-9 1. Leite de amendoim. 2. Extrato pó de amendoim. 3. Bolos de amendoim. 4. Máquina protótipo. 5. Estudos clínicos. I. Almeida, Francisco de Assis Cardoso. II. Barros Neto, Jaime José da Silveira. III. Albuquerque, Esther Maria Barros de. IV. Melo, Bruno Adelino de. V. Título CDU 634.5 O Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito – CIPED, responsável pela Revista Jurídica e Cultural “A Barriguda”, foi criado na cidade de Campina Grande- PB, com o objetivo de ser um locus de propagação de uma nova maneira de se enxergar a Pesquisa, o Ensino e a Extensão na área do Direito. A ideia de criar uma revista eletrônica surgiu a partir de intensos debates em torno da Ciência Jurídica, com o objetivo de resgatar o estudo do Direito enquanto Ciência, de maneira inter e transdisciplinar unido sempre à cultura. Resgatando, dessa maneira, posturas metodológicas que se voltem a postura ética dos futuros profissionais. Os idealizadores deste projeto, revestidos de ousadia, espírito acadêmico e nutridos do objetivo de criar um novo paradigma de estudo do Direito se motivaram para construir um projeto que ultrapassou as fronteiras de um informativo e se estabeleceu como uma revista eletrônica, para incentivar o resgate do ensino jurídico como interdisciplinar e transversal, sem esquecer a nossa riqueza cultural. Nosso sincero reconhecimento e agradecimento a todos que contribuíram para a consolidação da Revista A Barriguda no meio acadêmico de forma tão significativa. Acesse a Biblioteca do site www.abarriguda.org.br ORGANIZADORES Francisco de Assis Cardoso Almeida Possui Graduação e Mestrado (Produção Vegetal) em Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba, Doutorado em Agronomia pela Universidad Politecnica de Córdoba na Espanha e Pós- Doutorado em Agronomia pela Universidad Politecnica de Madrid na Espanha. Atualmente é Professor Titular da Universidade Federal de Campina Grande, Campus I. Tem experiência na Área de Agronomia, com ênfase em Produção e Beneficiamento de Sementes, atuando principalmente nos seguintes temas: sementes, armazenamento, pós-colheita, secagem, atividade de água e qualidade fisiológica. Jaime José da Silveira Barros Neto Doutor em Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande, Mestre em Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande, Especialista em Ecoturismo: Interpretação e planejamento de atividades em áreas naturais, Universidade de Larvas, Bacharel em Turismo com Habilitação em Planejamento e Organização do Turismo, Universidade Federal da Paraíba. Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico de Turismo, Hospitalidade e Lazer no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe. Linhas atual de pesquisa: ciências e tecnologia de alimentos, agroecologia, turismo rural, ecoturismo. Esther Maria Barros de Albuquerque Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual da Paraíba, mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Campina Grande e doutorado em Engenharia de Processos pela Universidade Federal de Campina Grande. Tem experiência na área de Ciência e Tecnologia de Alimentos, com ênfase em Ciência de Alimentos, atuando principalmente nos seguintes temas: processamento de alimentos de origem vegetal, análises físicas e químicas de alimentos, processamento e armazenamento de produtos agrícolas. Bruno Adelino de Melo Possui graduação em Agronomia (2010) e Mestrado em Engenharia Agrícola (2013) pela Universidade Federal de Campina Grande - UFCG. Foi bolsista de Iniciação Científica no período de 2009 a 2010, trabalhando com plantas regionais com ação inseticida contra o Caruncho-do-Feijão (Callosobruchus maculatus). Foi homenageado pelo CREA-PB com o 1º Lugar na turma de concluintes do período 2010.2 da UFCG. Atualmente é aluno de Doutorado em Engenharia Agrícola pela UFCG na linha de pesquisa de Processamento e Armazenamento de Produtos Agrícola. AGRADECIMENTOS Agradecemos a Associação da Revista Eletrônica A Barriguda – AREPB pelo empenho e dedicação à pesquisa, contribuição para o desenvolvimento da ciência e pela oportunidade de publicação deste livro; De modo similar, agradecimento à Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), em especial a Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola – por ser referência no desenvolvimento dos produtos elaborados com o amendoim; Nosso reconhecimento ao CNPq pela motivação aos organizadores desta obra e a seus autores com a presença de bolsas de pesquisa.APRESENTAÇÃO Diante da necessidade de se diversificar a dieta em busca de uma alimentação saudável, as bebidas vegetais têm se apresentado como uma alternativa viável, por serem fontes de fibras, vitaminas e minerais podendo ser ingeridas com facilidade na prática clínica e culinária. O livro Tecnologias desenvolvidas para o aproveitamento do amendoim traz resultados de pesquisas, desenvolvidas pelos seus autores e organizadores, que ressaltam maneiras prática de incluir o amendoim na alimentação a partir do consumo de bebidas e bolos elaborados com o mesmo. A formulação de bebidas mistas prontas para beber a base de vegetais, pode ser utilizada com o intuito de melhorar as características nutricionais de determinados produtos pela complementação de nutrientes fornecidos por vegetais diferentes. O amendoim, por apresentar valor nutricional elevado e baixo custo de produção, foi utilizado no desenvolvimento de extratos aquoso como alternativa complementar as opções disponíveis no mercado, onde os autores observaram que o mesmo pode ser inserido como ingrediente na indústria de processamento de alimentos, inclusive como substituto ao leite na fabricação de bolos prebióticos e ao leite de animais pelas pessoas intolerantes a lactose e os vegetarianos. O livro é apresentado em seis capítulos, onde no primeiro se aborda a produção do extrato aquoso de amendoim “leite de amendoim” elaborado com sementes integras e sem sua pele, tendo como base o extrato de soja utilizado nos programas de distribuição a famílias de baixa renda, onde o mesmo pode ser obtido por meio de máquina própria, desenvolvida para sua obtenção, ou por meio de liquidificador caseiro ou industrial; podendo ser para muitas pessoas a melhor opção ao leite de vaca, como é o caso dos intolerantes a lactose e os vegetarianos e, também, a ser utilizado por grupos escolares em merenda escolar, em programas de distribuição a famílias de baixa renda, associações de produtores rurais, institutos de idosos, entre outros. No segundo capitulo os autores abordam a produção de duas bebidas feitas a partir do “leite de amendoim”, as quais foram elaboradas saborizando uma das bebidas com polpa de umbu e outra com polpa de goiaba; frutas produzidas na região. O terceiro capítulo trata da produção de “leite em pó” de amendoim pelo método da liofilização, o qual foi obtido como o amendoim inteiro e sem a sua pele, gerando assim, dois produtos: leite em pó de amendoim com e sem pele, os quais depois de terem sido avaliados quando aos parâmetros físicos, químicos, microbiológicos e sensoriais foram eleitos para serem utilizados pelas pessoas, especialmente, pelos intolerantes a lactose e os vegetarianos. No quarto capitulo é apresentado o desenvolvimento e a produção de bolos elaborados com o “leite de amendoim”, os quais proporcionaram depois de avaliados boa aceitabilidade, com índice de aceitação elevado, 70-81%. Estudos pré-clinicos com o emprego de Extrato Aquoso de Amendoim (EAA) são abordados no quinto capítulo. As pesquisas foram realizadas com animais de laboratório e foram divididas em três fases, onde foram observadas a toxicidade do Extrato frente à Artemia Salina e a toxicidade aguda em ratos Wistar. Foi também, analisado o potencial redutor de gordura que o EAA tem, quando ratos são alimentados com dieta hiperlipídica e, ainda, o potencial gastroprotetor em úlceras induzidas com álcool em ratos Wistar. Finalmente, no sexto capitulo os autores descreve o desenvolvimento de uma máquina protótipo para a elaboração do extrato aquoso de amendoim, denominado de Leite de Amendoim, por não existir máquinas para a produção doméstica ou industrial deste produto. A máquina (protótipo) é compacta, funcional e de fácil operação para a produção de “Leite de Amendoim”. O trabalho é fruto do espírito entusiástico de seus autores que atuam no ensino e na pesquisa e que souberam, neste texto, condensar as pesquisas sobre os temas abordados, ofertando assim, os principais produtos desenvolvidos com as Tecnologias desenvolvidas para o aproveitamento do amendoim. Francisco de Assis Cardoso Almeida SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 10 CAPÍTULO 1. Obtenção de extrato aquoso de amendoim- Niédja Marizze Cezar Alves, Francisco de Assis Cardoso Almeida .................................................................................. 12 CAPÍTULO 2. Elaboração de duas bebidas a base de extrato de amendoim e polpa de frutas - Niédja Marizze Cezar Alves, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Esther Maria Barros de Albuquerque ......................................................................................................... 27 CAPÍTULO 3. Extratos em pó de amendoim liofilizado - Luzia Marcia de Melo Silva, Francisco de Assis Cardoso Almeida .................................................................................. 59 CAPÍTULO 4. Elaboração de bolos funcionais a base de extrato aquoso de amendoim - Esther Maria Barros de Albuquerque, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Josivanda Palmeira Gomes, Dyego da Costa Santos ........................................................................... 93 CAPÍTULO 5. Estudos pré-clínicos com uso do extrato aquoso de amendoim - Tharcia Kiara de Oliveira Cruz, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Katharina Rodrigues de Lima Porto Ramos ...................................................................................................................... 114 CAPÍTULO 6. Máquina protótipo para produção de leite de amendoim (DiaMilk) - Jaime José da Silveira Barros Neto, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Bruno Adelino de Melo .............................................................................................................................. 131 10 INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO Os dramas da fome e da desnutrição, de ampla recorrência histórica, constituem problemas crônicos de insegurança alimentar enfrentados pela população, fortemente associados à pobreza e à desigualdade distributiva estrutural de nossa sociedade. Ademais, o desenvolvimento científico e tecnológico, permanentemente incorporado à estrutura de produção e consumo de alimentos, adiciona a cada dia novos riscos e incertezas a estes ‘velhos’ problemas, tais como as preocupações com a qualidade sanitária e nutricional dos alimentos (PESSANHA, 2002). Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura através do relatório denominado “El estado de la inseguridad alimentaria en el mundo 2012”, existem aproximadamente 870 milhões de pessoas que sofrem de subnutrição, cerca de 12,5% da população mundial, percentuais que aumentam para 23,2% nos países em desenvolvimento e caem para 14,9% nas nações desenvolvidas, sendo a Ásia o continente que lidera em número a quantidade de pessoas subnutridas. O desenvolvimento de produtos alimentícios, ricos em valor energético e proteico, capazes de suprir as carências nutricionais da população em proteínas e vitaminas é de fundamental importância ao combate à desnutrição. Como alternativa a este impasse, tem- se sugerido a diversificação da alimentação a partir da inclusão de leguminosas como o amendoim (Arachis hypogaea L.), tanto in natura quanto em forma de derivados, que pode ajudar a minimizar esta carência, além de enriquecer a dieta dessa população. E, como ultimamente tem aumentado a preocupação por alimentos saudáveis nutritivos e funcionais e ainda de valor calórico reduzido, que apresentem nutrientes com potencial protetor de saúde. Esses alimentos além de satisfazer requerimentos nutricionais e sensoriais básicos desempenham efeitos fisiológicos benéficos que diminuiriam o risco de doençascrônicas cardiovasculares, cancerígenas ou outras. O Leite de Amendoim, produto desenvolvido por pesquisadores da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande, PB, tem por alvo levar à população uma bebida rica em proteína vegetal para suprir a alimentação da merenda escolar em grupos escolares, programas de distribuição a famílias de baixa renda, associações de produtores rurais, institutos de idosos e de moradores de comunidades carentes, além de servir como alternativa para quem tem intolerância à lactose. Neste contexto, os autores do livro Tecnologias desenvolvidas para o aproveitamento do amendoim reuniram as principais pesquisas, por eles desenvolvidas no 11 INTRODUÇÃO amplo da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola da UFCG com a cultura do amendoim que impactaram, com os resultados, consumidores que testaram os produtos desenvolvidos com as tecnologias, classificando-os como de bom nível de aceitabilidade e, potencial de vir a ser uma alternativa para o mercado. Esperamos, assim, que o livro seja de real utilidade para os que buscas utilizar o “leite de amendoim” de forma direta ou indireta através de seus produtos e, também, para os que se interessarem em produzir novos produtos com o amendoim. Os organizadores 12 Capítulo 1 - Obtenção de extrato aquoso de amendoim “leite de amendoim” OBTENÇÃO DE EXTRATO AQUOSO DE AMENDOIM “LEITE DE AMENDOIM” Niédja Marizze Cezar Alves Francisco de Assis Cardoso Almeida RESUMO: O amendoim se destaca por ser uma oleaginosa mundialmente conhecida e apreciada para consumo, pois apresenta agradável sabor e qualidades nutritivas prestando- se tanto para o consumo in natura como processado. Realizou-se este trabalho com o objetivo de agregar valor a cultura do amendoim estudando a possibilidade de obtenção do extrato de amendoim a ser utilizado, principalmente, nas comunidades rurais que trabalham com a agricultura familiar e nos programas de merenda escolar. Para obtenção do extrato, foram avaliadas 4 formulações (p/v) de grão:água (1:6; 1:8; 1:10 e 1:12 p/v) para determinar as melhores condições com vista á obtenção do extrato, que em seguida foi avaliado através de análises físico-químicas, onde concluiu-se que a formulação 1:8 (grão:água) demonstrou um bom valor energético, fato reconhecido como primícias na decisão da eleição desta formulação como a melhor a ser utilizada, e que o extrato aquoso (leite) de amendoim se apresenta para muitas pessoas como a melhor opção ao leite bovino, como é o caso dos intolerantes a lactose e, aos vegetarianos, podendo vir a representar um bom potencial para o mercado. 1.1 INTRODUÇÃO Um dos principais problemas encontrados nos países em desenvolvimento é a deficiência do consumo de proteínas por parte da população carente, quadro que exige uma política de incentivo ao consumo de proteína vegetal, de baixo custo e de boa qualidade. Como alternativa a este impasse, tem-se utilizado a soja, em virtude da sua adequada fonte de proteína, ampla oferta e baixo custo. No entanto, a diversificação da alimentação a partir da inclusão de outras leguminosas como o amendoim, pode ajudar a minimizar esta carência, além de enriquecer a dieta. Alguns alimentos como fonte alternativa na elaboração de produtos para a alimentação humana, na forma de extrato aquoso já foram bastante estudados. A soja, por exemplo, foi pioneira com tal propósito, porém os processos tecnológicos estão sendo adaptados para outros vegetais. 13 Capítulo 1 - Obtenção de extrato aquoso de amendoim “leite de amendoim” O amendoim é considerado um alimento altamente energético, que possui cerca de 48,7% de óleo, constituído por 80% de ácidos graxos insaturados, entre eles o oleico e o linoleico. O óleo e suas proteínas têm alta qualidade nutricional, o que determina o expressivo valor econômico nos países desenvolvidos e naqueles que apresentam limitações de suplementação proteica na dieta alimentar. Destaca-se por apresentar também importantes quantidades de vitamina E, vitamina B1 e ácido fólico (MACEDO, 2004). Assim, a formulação de bebidas mistas prontas para beber à base de vegetais, pode ser utilizada com o intuito de melhorar as características nutricionais de determinados produtos (JAIN e KHURDIYA, 2004) pela complementação de nutrientes fornecidos por vegetais diferentes. Outros produtos derivados do amendoim, como pasta de amendoim, estão sendo priorizados pela ONU para serem distribuídos no Haiti, sobretudo entre as crianças, as mais afetadas pela falta de abastecimento no País “É um alimento bastante energético e com rápida ação no organismo, pois concentra três fontes de calorias: amendoim, açúcar e óleo” (PRO- AMENDOIM, 2010). No Nordeste Brasileiro o amendoim se destaca na agricultura familiar como alternativa viável para os agricultores, por contribuir para a diversificação e autossustentação das pequenas propriedades agrícolas. É de fácil manejo, ciclo curto e de preço bastante atraente, além de se constituir uma fonte adicional agregadora de renda em razão das várias formas de produtos que podem ser processados e incentivam a agroindústria regional. 1.2. CULTURA DO AMENDOIM (Arachis hypogaea L.) O amendoim é uma planta dicotiledônea que se classifica dentro da família Leguminosae, subfamília Faboideae e gênero Arachis. As espécies mais importantes do gênero são A. hypogaea Lineu (Figura 1.1), A. prostata Benth e A. nhanbiquarae Hochoe, totalizando cerca de 69 espécies (BANKS, 1976). 14 Capítulo 1 - Obtenção de extrato aquoso de amendoim “leite de amendoim” Figura 1.1. Arachis hypogaea L. É originária da América do Sul, sendo atualmente a segunda mais importante leguminosa cultivada no mundo, e a quarta maior cultura de oleaginosas comestíveis no mundo (FAO, 2011; BISH et al., 2011). Assim, além de continuar a ser uma oleaginosa, o amendoim já se estabeleceu como uma importante cultura alimentar complementar (BISHI et al., 2013). 1.2.1 Botânica do amendoim Conforme Nogueira e Távora (2005) a planta do amendoim é herbácea, ereta ou prostrada, anual, com ciclo curto de 90 a 160 dias, atingindo altura da haste principal entre 50 e 60 cm. Na base do ovário se desenvolve uma região meristemática, parecida com uma haste, denominada ginóforo. Tal estrutura é dotada de geotropismo positivo, forçando o ovário para o interior do solo onde a vagem é desenvolvida. As sementes do amendoim se apresentam com formas elípticas, arredondadas ou ovaladas, cuja coloração vai do vermelho ao roxo, creme ou marrom avermelhado (ARAÚJO, 1986). 1.2.2 Produtividade no Brasil e no mundo O amendoim é uma das oleaginosas mais cultivadas no mundo. Os principais produtores são China e Índia que, por sua vez, também são grandes consumidores do produto na forma de óleo, alimento humano e alimento animal (IBGE, 2011). A produção no Brasil na safra 2015 foi de aproximadamente 330 toneladas, já em 2016 espera-se uma produção de aproximadamente 395 toneladas (IBGE, 2016). O amendoim é comercializado imediatamente após a colheita; entretanto, quando há interesse na conservação o armazenamento pode ser feito em casca ou em sementes, utilizando-se 15 Capítulo 1 - Obtenção de extrato aquoso de amendoim “leite de amendoim” sacos de nylon, papel multifoliado ou polietileno trançado. O armazenamento em casca é mais recomendado quando se deseja guardar a semente para o próximo plantio (EMBRAPA, 2004). 1.2.3 Caracterização nutricional O amendoim é um alimento considerado de alto valor calórico com cerca de 585 cal/100g de sementes (AHMED e YOUNG, 1982); seus grãos possuem valores satisfatórios em minerais, como pode ser observado na Tabela 1.1. Tabela 1.1. Composição mineral de grãos crus de amendoim Elemento mg/100g Cálcio 48 Potássio 687 Magnésio 157 Sódio 8,4 Fósforo 137 Cobalto <0,022 Crômio 0,16 Cobre 0,74 Ferro 1,99 Manganês 1,70 Molibdênio <0,133 Zinco 3,29 Cádmio 0,06 Mercúrio <1,56 Chumbo 0,10 Fonte: Freitas et al. (2005) Seu conteúdo médio de água é 5,4%, de carboidratos 11,7% e de fibras 2,5% (PEIXOTO, 1992). No amendoim, além da rica composição do óleo e de proteínas (22 a 33%) que pode variar de acordo com a cultivar, a localidade, a estação do ano e a maturidade, suas sementes possuem 43 a 54% de materiais graxos, 10 a 16% de carboidratos, 3 a 4% de fibras, e 1 a 3 de minerais, além de ácido fólico e vitaminas B1, B2, E e niacina. O óleo de amendoim também possui grande quantidade de proteínas, variando de 45 a 50% (MORETTO et al., 2002). Na Tabela 1.2 constam os valores nutricionais do amendoim torrado. 16 Capítulo 1 - Obtenção de extrato aquoso de amendoim “leite de amendoim” Tabela 1.2. Valores nutricionais do amendoim torrado (porção de 100 g) Componentes Função no organismo Quantidade Calorias Energia 582 kcal Carboidratos Fonte de energia 20,6 g Proteínas Essenciais ao crescimento 26,2 g Gorduras totais 48,7 g Gorduras insaturadas Ajudam a reduzir o LDL colesterol, diminuindo o risco de ataque cardíaco 39 g Gorduras saturadas 9,3 g Fibra alimentar Ajuda na digestão e na formação do bolo fecal. Reduz o risco de certos tipos de câncer 2,7 g Cálcio Ajuda na formação óssea e dental 72 mg Zinco Colabora com a formação e liberação de hormônios 3,29mg Ferro Fundamental no transporte e distribuição de oxigênio nas células do corpo, ajudando a combater a anemia 2,2 mg Sódio Garante o balanço hídrico do corpo 5 mg Potássio Auxilia na transmissão dos impulsos nervosos 700 mg Fósforo Fundamental no crescimento, na manutenção e na reparação de ossos e dentes 407 mg Vitamina E Protege as células e tecidos do corpo, contra o envelhecimento 8,8 mg Niacina Necessária a mais de 50 processos do corpo humano 12 mg Folato Previne doenças neurológicas na fase fetal 70 mg Vitamina B1 Assegura o funcionamento normal do sistema nervoso, do apetite e da digestão 0,14 mg Fonte: Pró-Amendoim (2010) 17 Capítulo 1 - Obtenção de extrato aquoso de amendoim “leite de amendoim” 1.3. AMENDOIM COMO FONTE DE SAÚDE O amendoim é um importante alimento, considerado altamente nutritivo e se torna único na medida em que pode ser consumido diretamente como produto alimentar. Além de apresentar qualidades únicas que relacionadas à prevenção de doenças cardiovasculares, diminuição do colesterol e equilíbrio do metabolismo devido ao teor de gordura insaturada (PRETTI, 2010), o amendoim revela-se um alimento de extrema importância no combate à desnutrição. Segundo reportagem do Diário de São Paulo (PRO-AMENDOIM, 2010) uma mistura, conhecida como pasta de amendoim, está entre os alimentos prontos priorizados pela ONU para serem distribuídos no Haiti, principalmente entre as crianças, as mais afetadas pela falta de abastecimento no país. É um produto bastante energético e com rápida ação no organismo, pois concentra três fontes de caloria: o amendoim, açúcar e óleo. 1.4. O AMENDOIM NA ALIMENTAÇÃO HUMANA O desenvolvimento de produtos alimentícios, ricos em valor energético e proteico, capazes de suprir as carências nutricionais da população em proteínas e vitaminas é de fundamental importância ao combate à desnutrição. Como alternativa a este impasse, tem- se sugerido a diversificação da alimentação a partir da inclusão de leguminosas como o amendoim (Arachis hypogaea L.), tanto in natura quanto em forma de derivados, que pode ajudar a minimizar esta carência, além de enriquecer a dieta dessa população. Na atualidade é crescente o interesse dos consumidores por alimentos específicos ou componentes alimentares fisiologicamente ativos, também denominados alimentos funcionais. Nos últimos anos, os consumidores presenciaram o surgimento, no mercado, de novos alimentos, que prometem contribuir na busca por uma vida mais saudável. Iogurtes, margarinas, leites fermentados, cereais, águas minerais etc. prometem ajudar na cura ou na prevenção de doenças como as cardiovasculares, certos tipos de câncer, alergias, e problemas intestinais, entre outras (HEASMAN e MELLENTIN, 2001). Alimentos funcionais não podem ser desenvolvidos simplesmente pela adição ou mistura de ingredientes apropriados. Efeitos decorrentes do processamento, bem como os atributos sensoriais que afetam a qualidade final do produto devem ser considerados. A aparência, odor, textura e sabor, têm papel relevante na escolha e na ingestão dos alimentos. 18 Capítulo 1 - Obtenção de extrato aquoso de amendoim “leite de amendoim” Embora o corpo humano necessite de vários componentes para preservar sua integridade estrutural e funcional, a grande maioria das pessoas come e bebe aquilo que é de sua preferência conferindo, assim, ao sabor, papel fundamental na escolha e consumo dos alimentos. Devido ao alto atributo nutricional, o amendoim pode ser largamente aproveitado na alimentação, principalmente como suplemento proteico. Esse produto integra a dieta alimentar diária de regiões pobres da África e da Ásia, onde a situação nutricional da população é precária, com altas taxas de mortalidade infantil, e o preço da proteína animal é alto (LOURENZANI et al.,2006). Ao contrário do que se imagina os estudos envolvendo o preparo de extrato aquoso de amendoim, como alimento são relatados há mais de 50 anos, com destaque para a pesquisa chinesa. A ênfase dada foi para a obtenção de uma bebida barata e muito nutritiva. O desafio da tecnologia foi melhorar a estabilidade das propriedades sensoriais e tempo de conservação do extrato, usando tratamentos físicos e químicos e, ainda, a suplementação e adição de sabores aos produtos, para melhorar sua aceitação pelos consumidores. A quantidade de nutrientes no extrato de amendoim varia em função da matéria prima utilizada e do processamento adotado (KOUANE et al., 2005; PRETTI, 2010). 1.5. OBTENÇÃO DO EXTRATO AQUOSO DE AMENDOIM Para obtenção do extrato de amendoim, utilizaram-se grãos de amendoim despeliculados manualmente. Para isto os mesmos foram aquecidos em forno convencional à temperatura de 2000C por um tempo de dois minutos e posterior atrito destes com as mãos, posteriormente estes foram embebidos em água a temperatura ambiente pelo tempo de 8-12 horas (período de maceração), seguido de drenagem e lavagem em água corrente. Depois, os grãos foram desintegrados com água mineral aquecida a 60 ºC, em uma máquina desenvolvida para esta finalidade, denominada DiaMilk. Na desintegração dos grãos foram avaliadas 4 formulações de grão:água (1:6; 1:8; 1:10 e 1:12 p/v) para determinar as melhores condições com vista á obtenção do extrato aquoso. O extrato aquoso passou por um processo de branqueamento a temperatura de ± 98º C por 5 minutos. Todo o processo descrito anteriormente pode ser visto no Fluxograma abaixo. A composição centesimal dos principais componentes (umidade, extrato seco, pH, acidez, proteínas e cinzas) do extrato foi determinada seguindo as recomendações da 19 Capítulo 1 - Obtenção de extrato aquoso de amendoim “leite de amendoim” Association of Official Analitycal Chemist (AOAC, 1995) e do Instituto Adolfo Lutz (2008). Figura 1.2. Fluxograma da obtenção do extrato aquoso de amendoim 1.5.1 Delineamento estatístico Os resultados foram analisados através do Programa Computacional Assistat (SILVA e AZEVEDO, 2006), versão 7.4. beta, utilizando-se o delineamento inteiramente casualizado (DIC). Composição físico-química do extrato aquoso de amendoim nas proporções 1:6; 1:8; 1:10 e 1:12 (grão:água) emtriplicatas. Rendimento do leite de amendoim extraído de grãos nas proporções de 1:6; 1:8; 1:10 e 1:12 (grão:água) com quatro repetições. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 1 e 5% de probabilidade. 20 Capítulo 1 - Obtenção de extrato aquoso de amendoim “leite de amendoim” 1.6. CARACTERIZAÇÃO DO EXTRATO AQUOSO DE AMENDOIM As médias da composição físico-química do extrato de amendoim em quatro diferentes formulações (1:6; 1:8; 1:10; e 1:12 p/v de grão:água) estão apresentadas na Tabela 1.3. Tem-se que os componentes analisados tiveram seus valores alterados com o aumento da formulação sólido:líquido para a elaboração dos extratos; entretanto, para as formulações 1:8 e 1:10 (p/v de grão:água) observa-se igualdade estatística para cinzas, proteínas e acidez e comportamento similar nas proporções 1:10 e 1:12 para os lipídeos e pH. Constata-se que o conteúdo de cinzas é afetado diretamente pela quantidade de água adicionada nas formulações, diminuindo seu teor à medida que se aumenta o solvente. Fato decorrente do aumento da formulação de água que promove a diluição dos minerais contidos nas amostras. Apesar disso, verifica-se que a concentração de minerais se apresentou na faixa de 0,05 a 0,19%, o que é interessante do ponto de vista tecnológico, já que os produtos apresentam quantidades consideráveis de cinzas que podem ser biodisponibilizados pelo consumo direto ou no enriquecimento de produtos deficientes de minerais. Os resultados de cinzas das formulações 1:6, 1:8 e 1:10 (p/v de grão:água), são similares aos encontrados por Kouane et al. (2005) que obtiveram o valor de 0,2% para o extrato de amendoim. Tabela 1.3. Composição físico-química do extrato aquoso de amendoim em diferentes formulações (grão:água) Formulação Componentes (%) Cinza Prot. Lip. pH Acid. Umid. Ex. seco Carb. 1:6 0,19 a 3,69 a 4,54 a 6,67b 0,43 a 89,03d 10,97a 2,52 b 1:8 0,12 b 2,46 b 3,68 b 6,70ab 0,30 b 90,30c 9,03 b 3,46 a 1:10 0,11 b 2,42 b 2,98 c 6,71 a 0,30 b 93,67b 6,33 c 0,86 c 1:12 0,05 c 2,15 b 2,54 c 6,72 a 0,30 b 95,13a 4,87 d 0,14 d DMS 0,014 0,46 0,52 0,03 0,07 1,10 0,88 0,13 Médias seguida da mesma letra minúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; Prot.: Proteínas; Lip.: Lipídeos; Acid.: Acidez; Umid.: Umidade; Ex: Extrato; Carb.: Carboidratos Para as proteínas, observa-se igualdade estatística a partir da formulação 1:8, ou seja, mesmo com o aumento da quantidade de água não ocorreu diluição das proteínas que, para esta mesma formulação tem-se a maior quantidade de carboidrato (3,46%), seguida das 21 Capítulo 1 - Obtenção de extrato aquoso de amendoim “leite de amendoim” formulações 1:6 (2,52%), 1:10 (0,86%) e 1:12 (0,14%). Deve-se considerar que do ponto de vista econômico é interessante, pois haverá redução de custo de produção da amostra pelo aumento do rendimento. Rubico et al. (1987) encontraram variações no percentual de proteínas (2,14%) e lipídeos (4,36%) na formulação de 1:8 no extrato de amendoim, em função das formulações grão:água, utilizadas na elaboração do mesmo. Enquanto na formulação de 1:15 (água:soja), Felberg et al. (2004) encontraram 2,78% de proteínas no extrato integral de soja. Resultado semelhante se deu para o percentual de acidez com igualdade estatística nas formulações de 1:8; 1:10 e 1:12. Com relação aos lipídeos, o maior percentual foi encontrado na formulação de 1:6 (4,54%) seguida da formulação 1:8 (3,68%) ocorrendo uma diluição de 18,94%. Deve-se salientar que em qualquer formulação de extrato aquoso a gordura a ser ingerida apresenta uma composição rica em ácidos graxos, o que é importante do ponto de vista nutricional, haja vista que segundo Brandão et al. (2005), os ácidos graxos poliinsaturados demonstram efeitos benéficos sobre os níveis de colesterol do fígado e do sangue, além de proteger contra doenças coronárias e doenças inflamatórias como psoríase e artrites reumáticas. O extrato seco diminuiu de 10,97% para 9,03 e 6,33% quando se utilizou a relação 1:6, 1:8 e 1:10, respectivamente. Essa redução resulta em perda de valor nutricional, uma vez que proteínas, lipídios, minerais e componentes bioativos são dispersos nas formulações a medida que a formulação de água é aumentada. Para a umidade, observa-se um aumento gradual desse teor à medida que se adiciona uma maior quantidade de água, uma vez que a adição de solvente promove diluição dos sólidos provenientes do amendoim. Os valores obtidos para o extrato de amendoim (1:8) se apresentam próximos aos encontrados por Kouane et al. (2005), cuja composição indicou 2,8% de proteínas, 0,2% de cinzas, 4,4 de lipídeos e 2,0% de carboidratos. De acordo com a literatura citada, várias são as formas de produzir extrato vegetal e que as formas, tanto de extração como a quantidade de água utilizada, influenciam diretamente no resultado final do produto. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA, 2010) recomenda que se inclua, no processo de produção de extrato vegetal, o choque térmico em água fervente alcalinizada, com a finalidade de hidratação dos cotilédones e, com isto, um aproveitamento melhor, inativação de enzimas, além de ajudar na limpeza dos grãos e na redução dos oligossacarídeos, que causam flatulências. 22 Capítulo 1 - Obtenção de extrato aquoso de amendoim “leite de amendoim” 1.6.1. Rendimento do processo e de extração dos componentes dos extratos aquosos de amendoim O aumento de água na elaboração do extrato que originou as composições (grão:água) resultou em maior rendimento (Tabela 1.4), o qual aumentou proporcionalmente à quantidade de água utilizada. De forma semelhante, observou-se (Tabela 1.3) que a composição físico-química do extrato de amendoim foi alterada em algumas proporções. Apesar do menor rendimento do extrato na formulação de 1:8 em relação às proporções de 1:10 e 1:12, tem-se, para esta formulação, o melhor valor energético do extrato, fato reconhecido como primícias na decisão da eleição desta formulação como a melhor a ser utilizada nas demais fases do trabalho. É importante ressaltar que além das análises físico-químicas e do rendimento do extrato de amendoim nas quatro diferentes concentrações foi também realizado uma análise sensorial dos extratos para escolha da melhor concentração. Tabela 1.4. Rendimento (mL) médio do extrato aquoso de amendoim nas diferentes composições Formulações (grão:água) Rendimento (100 g de amendoim) 1:6 649,33 d 1:8 855,33 c 1:10 1075,67 b 1:12 1251,67 a DMS 12,63 Médias seguida da mesma letra minúscula não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade Devido à escassez de pesquisas nesta área com amendoim a comparação dos resultados para rendimento do extrato foi feita, em sua grande maioria, levando-se em consideração trabalhos realizados com soja. Pettri (2010) observou que a quantidade de extrato produzida por quilo de amendoim, foi significativamente afetado pelos processos (temperatura e volume de água) utilizados na desintegração dos grãos. Para o autor, os valores médios obtidos para os rendimentos de extração de sólidos e proteína no extrato aquoso do amendoim, foram maiores nos processos que utilizaram maior formulação de água. De acordo com os resultados apresentados, neste trabalho, nota-se que a formulação dada pelo peso dos grãos (g) e a quantidade de água (mL) utilizada para obtenção do extrato de amendoim, influencia diretamente na composição dos extratos e no seu rendimento final. 23 Capítulo 1 - Obtenção de extrato aquoso de amendoim “leite de amendoim” Resultados semelhantes foram encontrados por Morales (1985) ao mostrar que, dentre as proporções estudadas (1:6 a 1:16) para extração do leite de soja, a formulação 1:10 foi a que obteve os melhoresresultados visto que as relações acima tendem a obter um produto mais diluído, com o aumento no rendimento relativamente baixo. Wang et al. (1987) concluíram, verificando o efeito da formulação de soja:água e do tratamento térmico sobre rendimento e qualidade proteica do leite de soja, que a quantidade de água usada para extração do leite de soja afetou os conteúdos de proteína e de matéria graxa, de maneira inversa, isto é, quanto maior a quantidade de água usada, menores foram os teores de proteína e matéria graxa. Wu e Bates (1972) constataram que os leites de soja extraídos com proporções (p/v) de soja:água de 1:8, 1:10 e 1:15 mostraram conteúdos de proteína de 3,6; 3,2 e 2,4%, respectivamente. O extrato de amendoim apresenta-se como alternativa viável para ser incluída na alimentação diária de seres humanos, por apresentar bom rendimento, boa composição e contar com um rico resíduo que pode servir para elaboração de outros produtos alimentícios. 1.7. CONSIDERAÇÕES FINAIS I - Dos resultados: Os componentes do extrato (leite) de amendoim são influenciados diretamente pela quantidade de água utilizada com perda à medida que se aumenta a quantidade de água na formulação. A formulação 1:8 (grão:água) do extrato aquoso (leite) de amendoim foi a que apresentou melhor resultado entre quantidade de componentes e rendimento do extrato, com valores energéticos de: 3,48% de açúcares totais, 2,45% de proteínas, 3,40% de lipídios, 0,63% de carboidratos, 6,69 pH, 6,6% de extrato seco, 0,10% de cinzas e umidade de 93,4%. O extrato aquoso de amendoim (Leite) mostrou ser uma valiosa alternativa para os intolerantes a lactose do leite animal, sendo: (a) rico em proteína vegetal; (b) alto valor nutricional; (c) baixo custo de produção; (d) previne doenças cardiovasculares 24 Capítulo 1 - Obtenção de extrato aquoso de amendoim “leite de amendoim” e ajuda na redução do colesterol; (e) alternativa para a alimentação de moradores de comunidades carentes e distribuição em merenda escolar. II – Passos para obtenção de 1L de leite de amendoim: PRIMEIRO PASSO Numa taça, lave bem 125 g de semente de amendoim despeliculadas e passe por água. Repita até a água ficar limpa; Após esta operação, drene a água e leve as sementes à máquina diaMilk e\ou a um liquidificador, adicionando 1L de água aquecida a 600C; SEGUNDO PASSO Quando utilizar o liquidificador use um filtro (coador) para separar o “leite” do resíduo; TERCEIRO PASSO Caso o produto não seja consumido de imediato, aqueça por 10 minutos a 98ºC e mantenha em geladeira para assegurar sua frescura. Ao tirar da geladeira, agite antes de beber. NOTA: • Pode-se usar o leite de amendoim como bebida simples, adicionar a cereais ou misturar com sabores (café, chocolate, baunilha), fruta ou adoçantes. • * Na ausência da máquina diaMilk o leite do amendoim pode ser obtido utilizando- se um liquidificador de preferência semi-industrial. • * Os amendoins devem ser certificados quanto à ausência de aflatoxina 1.8. REFERÊNCIAS AHMED, E. M.; YOUNG, C. T. COMPOSITION, QUALITY, AND FLAVOR OF PEANUTS. IN: PATEE, H. E.; YOUNG, C. T. Peanut science and technology. 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Assim, objetivou-se elaborar duas bebidas a base de extrato aquoso de amendoim e avaliar suas características de qualidade e, também, agregar valores à cultura do amendoim; estudando o enriquecimento do extrato hidrossolúvel de amendoim (leite de amendoim) com polpas de umbu e polpa de goiaba em três formulações (p/v) P40:EA60, P50:EA50 e P60:EA40 (polpa da fruta: extrato de amendoim). Estas bebidas foram submetidas mensalmente a análises físico-químicas. O acondicionamento deu-se em embalagem PET e as armazenadas em freezer (-18 ºC) por um tempo de 150 dias. A caracterização microbiológica foi fundamentada na quantificação de bolores e leveduras, coliformes totais e termotolerantes.das bebidas elaboradas a base de extrato hidrossolúvel de amendoim, bem como sua aceitabilidade sensorial. Os testes físico-químicos basearam-se na determinação de acidez, pH, umidade, extrato seco, proteínas e cinzas. Sensorialmente, a aceitação das bebidas associou-se ao sabor agradável, correspondendo aos maiores índices de aceitação global para a formulação 50% de extrato hidrossolúvel de amendoim mais 50% de polpa de fruta e, 60% de extrato hidrossolúvel de amendoim e 40% de polpa de frutas, indistintamente para o umbu e a goiaba. 2.1. INTRODUÇÃO A busca por alimentos ricos em nutrientes e mais saudáveis tem sido um desafio para a população carente que tem um crescimento em ritmo acelerado. É, também, uma tendência de mercado para o desenvolvimento de produtos inovadores para a indústria de alimentos, onde se destacam os alimentos e bebidas “funcionais” (SALVIA-TRUJILLO et al., 2011). As novas bebidas funcionais com base de frutas tropicais estão se tornando cada vez mais populares devido a seus efeitos benéficos à saúde, com grande aceitação pelos consumidores. Neste contexto, o amendoim e seus derivados surgem como uma alternativa para essa parcela 28 Capítulo 2 - Elaboração de duas bebidas a base de extrato de amendoim e polpa de frutas da população, por ser rico em proteínas e vitaminas e por ser considerado um aliado a saúde, apresentando grandes propriedades nutricionais. O amendoim apresenta-se com teor elevado de calorias, com cerca de 596 kcal.100 g-1, constituindo-se de 5,4% de água, 47,7% de gordura, 30,4% de proteína, 11,7% de carboidratos, 2,5% de fibra e 2,3% de cinzas. Destaca-se, nutricionalmente pelo elevado teor lipídico (80% dos ácidos graxos representados pelos ácidos oleico e linoleico) e pela presença dos aminoácidos arginina, fenilalanina e histidina (DALBELLO, 1995; RUTZ et al., 2011). Os estudos demonstram que alimentos elaborados a base de amendoim estão cada vez mais presentes de forma direta da alimentação humana e de forma indireta no enriquecimento nutricional e na qualidade funcional de outros produtos. Dentre o grande número de produtos derivados do amendoim, o extrato de amendoim “leite de amendoim” vem se destacando por ser um alimento pronto para o consumo, com alto valor nutritivo, de fácil obtenção e de custo baixo. A obtenção do extrato líquido de amendoim é feita de forma simples, utilizando-se apenas a extração aquosa dos grãos. O extrato de amendoim possui um sabor e aroma bastante característico, o que torna o produto com boa aceitação para aquelas pessoas que apreciam o amendoim e até mesmo para aquelas que não consomem com frequência o amendoim, isto é, baixa rejeição dessas pessoas. Alguns métodos estão sendo desenvolvidos para melhorar a aceitabilidade do produto por parte dos consumidores, tornando-o mais adequado ao paladar. Uma das formas é a adição de polpas de frutas tropicais, como a goiaba e o umbu. O umbu (Spondias tuberosa) e a goiaba (Psidium guajava) são frutos bastante comercializados no Nordeste do Brasil e o desenvolvimento de produtos à base destes frutos mostra ser uma opção interessante, pelo sabor, características de funcionalidade e, sobretudo pela riqueza nutricional. 2.2. O AMENDOIM (Arachis hypogaea L.) O amendoim (Arachis hypogaea L.) é uma planta dicotiledônea, da família Leguminosae, subfamília Faboideae, gênero Arachis L., A. próstata Benth e A. nhanbiquarae Hochoe (BANKS, 1976). As espécies mais importantes do gênero são A. hypogaea. Dentro das regiões tropicais e subtropicais, em uma larga faixa climática, o amendoim (Arachis hypogaea L.) adapta-se perfeitamente bem, com exceção das 29 Capítulo 2 - Elaboração de duas bebidas a base de extrato de amendoim e polpa de frutas excessivamente úmidas. Apresenta porte baixo, alcançando de 20 a 60 cm de altura. É uma oleaginosa originária da América do Sul, sendo atualmente a segunda mais importante leguminosa cultivada no mundo, e a quarta maior cultura de oleaginosas comestíveis no mundo (FAO, 2011; BISH et al., 2013). É uma cultura de expressão econômica no mundo, devido aos valores nutricionais que apresenta. Seus grãos são utilizados para fins industriais e fabricação de diversos produtos. Sendo consumidos in natura ou cozidos, fritos e tostados, tem grande importância na elaboração de doces, balas, pastas e bebidas. No Brasil, grande parte da produção de amendoim é utilizada como matéria-prima na fabricação de óleo e farelo (SANTOS et al. 2005). Mas, as características do grão de amendoim é que o podem levar a ter um papel mais central na alimentação mundial, pois seus grãos apresentam grandes concentrações de vitamina E — um antioxidante que previne câncer, diabetes e doenças autoimunes — e de proteína, podendo substituir a carne em países onde há escassez desse alimento (SPE, 2016). Os países que mais produzem amendoim no mundo são China e Índia que juntamente com Estados Unidos, são os maiores consumidores em forma de óleo, alimentação humana e animal. No Brasil, o estado de São Paulo, destaca-se como o maior produtor, responsável por quase 85% da produção nacional (IBGE, 2016). 2.2.1 Importância econômica O amendoim (Arachis hypogaea L.) é uma fonte importante de proteína para dieta do povo brasileiro (wetzel et al., 2005). De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), nos dias de hoje apenas 15 espécies de plantas são responsáveis por cerca de 90% de toda a dieta humana, e dentre elas está o amendoim. A importância econômica do amendoim está relacionada ao fato das sementes possuírem sabor agradável e serem ricas em óleo (aproximadamente 50%) e proteína (22 a 30%). O sabor agradável torna o amendoim um produto destinado também ao consumo in natura. Além desse, os grãos também podem ser utilizados para extração do óleo, empregado diretamente na alimentação humana, na indústria de conservas (enlatado) e em produtos medicinais (BATISTA et. al., 2010). Os maiores produtores mundiais dessa oleaginosa encontram-sena Ásia, onde concentra mais da metade da produção mundial (FAO, 2013). Segundo estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB (2014), o Brasil deteve uma produção de 326,3 mil toneladas de amendoim na safra 2013/2014. São Paulo é o maior produtor de 30 Capítulo 2 - Elaboração de duas bebidas a base de extrato de amendoim e polpa de frutas amendoim, responsável por quase 89% da produção nacional nesta safra. A região Nordeste detém o segundo lugar, com uma produção de 5,2 mil toneladas; se encontrando o plantio de amendoim distribuído no recôncavo baiano, nos tabuleiros costeiros de Sergipe, na Zona da Mata, Agreste e Sertão pernambucano, no Agreste e Brejo da Paraíba e no Cariri cearense. 2.2.2. Polpas de frutas 2.2.2.1 Goiaba (Psidium guajava) A goiaba é fruto da goiabeira (Figura 2.1) que teve origem na América Tropical e se difundiu nas regiões subtropicais e tropicais devido à facilidade que ela tem de se desenvolver por sementes e em solos arenosos; foi disseminada para as diferentes regiões do mundo constituindo-se em uma das mais importantes matérias-primas para as indústrias de suco, polpas e néctares devido à sua aceitação no mercado (SIQUEIRA, 2009). Figura 2.1. Fruto da goiaba. Pertence à família Mytaceae e possui mais de 70 gêneros e 2800 espécies; são plantas arbustivas ou arbóreas, consideradas muito importantes dentro do contexto da fruticultura brasileira (MARANGA, 1977). Nutricionalmente, o fruto é composto de proteínas (1,1 g/100 g), carboidratos totais (13 g/100 g), fibras alimentares (6,2 g/100 g), minerais fixos (0,5 g/100 g) além de quantidades inexpressivas de lipídeos totais (0,4 g/100 g) (Taco, 2011). Por outro lado, estudos químicos de diversas variedades de goiaba vermelha, têm mostrado potencial como alimento funcional, por conter compostos químicos com comprovadas bioatividades, como vitaminas B5, B2, B1 e A, além de ser considerada uma das melhores fontes de vitamina C, 31 Capítulo 2 - Elaboração de duas bebidas a base de extrato de amendoim e polpa de frutas apresentando um conteúdo que varia de 55 a 1.044 mg por 100g de polpa fresca (MENZEL, 1985). Os frutos da goiabeira podem ter formato ovoide, arredondado ou piriforme. Em frutos maduros o peso varia de 30 a 500 g, o comprimento de 4 a 10 cm e o diâmetro de 4 a 8 cm (CHITARRA e CHITARRA, 2006). 2.2.2.2 Umbu (Spondias tuberosa) O umbuzeiro é uma fruteira do gênero Spondias, nativa de regiões semiáridas do Nordeste brasileiro. É uma planta xerófila, caducifólia, adaptada ao calor, aos solos pobres. É uma árvore de pequeno porte, copa em forma de guarda-chuva, esparramada, tronco curto, galhos retorcidos e muito ramificados (MENDES, 1990). O fruto (Figura 2.2) é arredondado, com 2 a 4 cm de diâmetro e massa de 10 a 20g e apresenta superfície lisa ou exibe quatro a cinco protuberâncias na porção distal. É constituído, em média, por 22% de casca (epicarpo) de cor amarela-esverdeado, 68% de polpa (mesocarpo) de sabor agridoce e 10% de caroço (endocarpo) rico em gordura e proteína (MENDES, 1990). Figura 2.2. Fruto do umbu. O umbu é um produto nutricionalmente importante e se constitui, também, em uma fonte de renda para as famílias dos agricultores da região semiárida do Nordeste (GALDINO et al., 2003). Esses frutos podem ser consumidos in natura, servidos quando maduros ou comidos quando de vez ou sob a forma de refresco, sucos, sorvete, misturado a bebida (em batidas) ou misturados à leite (umbuzada). Industrializado, o umbu se apresenta sob forma de suco engarrafado, de doces, de geleias, de vinho, de vinagre, de concentrado para sorvetes, e polpa para sucos (SOUSA, 2009). 32 Capítulo 2 - Elaboração de duas bebidas a base de extrato de amendoim e polpa de frutas 2.3.ELABORAÇÃO DO EXTRATO AQUOSO DE AMENDOIM ENRIQUECIDO COM POLPAS DE FRUTAS 2.3.1 Obtenção do extrato de amendoim ”Leite de amendoim” O extrato de amendoim integral foi elaborado utilizando-se amostras dos grãos de amendoim despeliculados manualmente, em seguida embebidos em água a temperatura ambiente pelo tempo de 8-12 horas (período de maceração) e depois submetidos a aquecimento em água até fervura, durante 5 minutos, seguidos de drenagem e lavagem dos grãos com água corrente. Os grãos cozidos foram desintegrados com água aquecida a 60º C. Para a desintegração dos grãos foi utilizado a proporção de 1:8 p/v (grão:água). Em seguida, o extrato aquoso passou por um processo de branqueamento a temperatura de ± 98º C por 5 minutos. 2.3.2 Elaboração das bebidas Para elaboração das bebidas à base de amendoim, foram utilizadas, para enriquecimento do produto, polpas de goiaba e umbu. Para uma melhor aceitação do produto, estudou-se o efeito da adição de diferentes teores de polpa de goiaba e umbu ao extrato de amendoim. Foram testadas três formulações (Tabela 2.1) visando à seleção através de análises físico-químicas e avaliação sensorial. As quantidades de polpa e extrato de amendoim foram obtidas considerando-se bebidas a base de soja e polpas de frutas. Tabela 2.1. Proporções de extrato de amendoim (%) e polpas de goiaba e umbu utilizadas na seleção das formulações Formulações Quantidade de extrato de amendoim (EA) Quantidade de polpas (QP) 1 40% 60% 2 50% 50% 3 60% 40% As bebidas obtidas foram analisadas quanto: umidade, extrato seco, proteína, lipídeos, cinzas, acidez e pH, sensorial e microbiológica. As análises foram determinadas em triplicata. 33 Capítulo 2 - Elaboração de duas bebidas a base de extrato de amendoim e polpa de frutas 2.4 ARMAZENAMENTO DA BEBIDA (EXTRATO DE AMENDOIM + POLPA DE UMBU E GOIABA) Depois de formuladas, as bebidas foram acondicionadas em embalagem de polietileno e armazenadas em freezer (-18 ±3 ºC) por 5 meses. A cada mês, foram avaliadas quanto a suas características físico-químicas. As análises microbiológicas e sensoriais foram realizadas nas bebidas recém formuladas. 2.5 DELINEAMENTO ESTATÍSTICO Os resultados foram analisados através do Programa Computacional Assistat (SILVA e AZEVEDO, 2006), versão 7.4 beta, utilizando-se o delineamento inteiramente casualizado (DIC). 2.6 ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICAS DAS BEBIDAS A BASE DE EXTRATO DE AMENDOIM 2.6.1 Caracterizações física e química das polpas de goiaba e umbu utilizadas nas bebidas à base de extrato hidrossolúvel de amendoim Mediante os resultados contidos na Tabela 2.2, pode-se afirmar que o valor de pH (4,17) obtido para a polpa de goiaba está acima dos encontrados por Lima et al. (2011), caracterizando goiabas na região do Submédio São Francisco, onde obtiveram pH na faixa de 3,72 e por Brunini et al. (2003) que encontraram, na caracterização da polpa de goiaba, pH de 3,86, porém se encontram dentro da faixa (3,50 a 4,20) estabelecida pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento para bebida com goiaba. Tabela 2.2. Caracterização físico-química da polpa de goiaba utilizada na bebida extrato de amendoim em diferentes concentrações, ambiente e tempo de armazenamento. Polpa de goiaba Composição Umidade (%) 86,54% Extrato seco (%) 13,46% pH 4,17 Acidez (%) 0,59% Cinzas (%) 0,41% Lipídeos (%) 0,60% 34 Capítulo 2 - Elaboração de duas bebidas a base de extrato de amendoim e polpa de frutas Os valores de cinzas (0,41%), umidade (86, 54%) e extrato seco (13,46%) se encontram muito próximos dos valores da Tabela Brasileira de Composição Alimentar (Taco, 2011) que determina, para a polpa de goiaba, 0,5% de cinzas, 85% de umidade e 15% de extrato seco; já o valor de lipídeos, deste trabalho, 0,60%, se encontram acima do determinado por esta Tabela, que é de 0,40%. Esta diferença se deve, provavelmente, à variedade e ao grau de maturação da goiaba. O valor da acidez de 0,59% é superior ao obtido por Bruniniet al. (2003) os quais obtiveram, no início do armazenamento, para a polpa de goiaba, uma acidez de 0,40%. Essas diferenças de dados podem estar relacionadas a diversas causas como, por exemplo, à localização do pomar, à pluviosidade, à luminosidade, entre outros fatores, os quais influenciam, direta ou indiretamente, o desenvolvimento de cada variedade e consequentemente, seus constituintes. Na Tabela 2.3 se encontram os resultados referentes à caracterização físico-química da polpa de umbu. Os valores encontrados neste trabalho para as análises de pH (2,74) estão de acordo com Mattietto (2005), que obteve, para à polpa de umbu, valores de 2,75 e Souza (2008) que obteve 2,3. Tabela 2.3. Caracterização físico-química da polpa de umbu utilizada na bebida extrato de amendoim em diferentes concentrações, ambiente e tempo de armazenamento Polpa de umbu Composição Umidade (%) 92,10 Extrato seco (%) 7,80 pH 2,74 Acidez (%) 1,73 Cinzas (%) 0,30 Lipídeos (%) 0,29 Ao comparar o teor de cinzas da polpa de umbu deste trabalho (0,30%), observa-se que o mesmo se encontra próximo (0,35%) ao obtido por Bispo (1989) e abaixo (0,5%) do encontrado por Ferreira et al. (2000). Os valores médios da umidade (92,1%) foram superiores aos encontrados por Souza (2008) que obteve, em seu trabalho, valores de 89,70% de umidade e próximos (91,0%) ao encontrado por Almeida (1999); para os lipídeos o comportamento foi contrário ao da umidade, ou seja, o valor encontrado neste trabalho (0,29%) foi inferior ao de 0,37% encontrado por Souza (2008) e aos de 0,35% e 0,30% por 35 Capítulo 2 - Elaboração de duas bebidas a base de extrato de amendoim e polpa de frutas Bispo (1989) e Mattietto (2005) respectivamente. Segundo Souza (2008) os baixos teores em lipídeos fazem da polpa de umbu uma fruta de baixo valor energético. As diferenças encontradas se deve, provavelmente, à variabilidade genética do material que segundo Guries e Ledig (1982) e Ferreira et al. (2000) pouco se tem feito para a obtenção de um padrão genético dessa espécie. Analisando o resultado do valor médio de acidez total titulável do umbu (1,73%) tem-se que este se mostrou próximo ao indicado por Ferreira at al. (2000) ao trabalharem com polpa de umbu congelada (1,30%) durante 180 dias de armazenamento. 2.6.2 Composição centesimal da formulação 1:8 armazenada em freezer 2.6.2.1 Cinzas Na Tabela 2.4 são apresentados os valores médios das cinzas (%) das formulações do extrato de amendoim com as bebidas elaboradas com o extrato de amendoim e as polpas de umbu e goiaba, em que se observa, dentro de cada formulação, superioridade estatística da bebida extrato de amendoim mais polpa de goiaba, frente à bebida extrato de amendoim mais polpa de umbu em 57,14%, na formulação 40P:60EA, 73,91% na formulação 50P:50EA e 78,26% para a formulação 60P:40EA. Este resultado se deve, provavelmente, a uma concentração maior dos minerais presentes na polpa de goiaba (0,5%) em relação à polpa de umbu (0,4%). Sousa et al. (2011) caracterizaram nutricionalmente os resíduos de polpas de frutas tropicais e observaram que o resíduo da polpa de goiaba foi o que obteve maior percentual de cinzas (0,72%) frente às demais. Em estudos com a polpa de umbu, Bispo (1989) obteve, para este produto, um percentual de cinzas de 0,35%, valor próximo ao encontrado por Mattietto (2005) que foi de 0,40%. 36 Capítulo 2 - Elaboração de duas bebidas a base de extrato de amendoim e polpa de frutas Tabela 2.4. Valores médios da acidez (%) do extrato de amendoim enriquecido com polpas de umbu e goiaba para a interação bebida x formulação armazenada em freezer durante 150 dias Bebida (extrato de amendoim - EA) Formulação % (polpa (P):extrato de amendoim(EA)) P40:EA60 P50:EA50 P60:EA40 EA/Umbu 0,16 bC 0,17 bB 0,18 bA EA/Goiaba 0,28 aA 0,23 aB 0,23 aB DMS Coluna 0,007 DMS Linha 0,009 Médias seguida da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; EA: Extrato de Amendoim; P: polpa Com relação ao percentual de cinzas da bebida enriquecida com polpa de umbu e goiaba, em cada formulação, verifica-se maior percentual de cinzas para extrato de amendoim enriquecido com umbu a 60P:40EA (0,18%) seguido das formulações 50P:50EA (0,17 %) e 40P:60EA (0,16 %) respectivamente; já para a bebida acrescida da polpa de goiaba, o resultado se deu diferente, em que a maior quantidade de cinzas foi encontrada na formulação 40P:60EA (0,28%) seguida das formulações 50P:50EA (0,23%) e 60P:40EA (0,23%) as quais se apresentaram estatisticamente iguais. Em estudos realizados por Jaekel et al. (2010), visando determinar as características físico-químicas e avaliar sensorialmente bebidas elaboradas com diferentes proporções de extratos de soja (S) e de arroz (A), observaram que a bebida com 70% de extrato de soja e 30% de extrato de arroz (70S:30A) se apresenta melhor em termos nutricionais, com maior teor proteico, lipídico, mineral (estimado pelo percentual de cinzas) e de fibras, que as bebidas com 50% de extrato de soja e 50% de extrato de arroz (50S:50A) e com 30% de extrato de soja e 70% de extrato de arroz (30S:70A). Com relação aos valores médios das cinzas da bebida elaborada e armazenada em freezer durante 150 dias (bebida com tempo) observa-se, mais uma vez, superioridade estatística dos valores da bebida elaborada com o extrato de amendoim e a polpa de goiaba frente à bebida elaborada com a polpa de umbu, em 54,54; 17,64; 19,05 e 18,52%, respectivamente (Tabela 2.5). 37 Capítulo 2 - Elaboração de duas bebidas a base de extrato de amendoim e polpa de frutas Tabela 2.5. Valores médios de cinzas (%) do extrato de amendoim enriquecido com polpas de umbu e goiaba para a interação bebida x tempo armazenada em freezer durante 150 dias Bebida Tempo (dias) 0 30 90 150 EA/Umbu 0,15 bC 0,14 bD 0,17 bB 0,22 bA EA/Goiaba 0,33 aA 0,17 aD 0,21 aC 0,27 aB DMS Coluna 0,008 DMS Linha 0,01 Médias seguida da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; EA: Extrato de Amendoim Com relação ao percentual de cinzas dentro de cada bebida elaborada ao longo do tempo, observa-se que a quantidade foi maior no último tempo analisado (150 dias) para a bebida extrato de amendoim e polpa de umbu (0,22%) resultados que, em parte, encontram apoio nos de Benedet et al. (2002) que, estudando o desenvolvimento e a caracterização de um análogo do queijo minas frescal pela mistura de leite e extrato hidrossolúvel de soja, comprovou que o armazenamento em freezer é uma boa alternativa para conservação do produto, por um período de 150 dias; já para a bebida enriquecida com a polpa de goiaba, o maior percentual foi registrado no primeiro e no último tempo de armazenamento (0 e aos 150 dias) sendo de 0,33 e 0,27 respectivamente. Estudos de qualidade nutricional da proteína do “leite de soja” e do leite integral em pó revelou teores de cinzas de 0,37% para o “leite de soja” (SILVA JÚNIOR e DEMONTE, 1997). Rodrigues e Moretti (2008) obtiveram, analisando as características físico-químicas de uma bebida elaborada com extrato de soja e polpa de pêssego, para a formulação, um percentual de cinzas de 1,31% da bebida e 0,23% do extrato de soja, essa diferença no percentual de cinza da caracterização das duas bebidas elaboradas ocorre provavelmente, pelo valor do teor de cinzas das espécies vegetais em estudos serem diferentes. 2.6.2.2 Proteínas Na Tabela 2.6, se encontram os valores médios do percentual de proteínas da bebida elaborada com o extrato de amendoim e as polpas de umbu e goiaba, em que o maior percentual de proteínas para a bebida enriquecida com umbu foi igual, estatisticamente,nas formulações 40P:60EA e 50P:50EA (polpa:extrato de amendoim) e o menor percentual na formulação 60P:40EA, ou seja, à medida em que se adicionou uma quantidade maior de polpa de umbu obteve-se um percentual menor de proteínas. Este fato pode ser explicado 38 Capítulo 2 - Elaboração de duas bebidas a base de extrato de amendoim e polpa de frutas pelos estudos de Souza (2008) que classifica a fruta do umbu como aquosa ou sumarenta, ou seja, fruta que apresenta elevado teor de umidade; logo, à medida que se aumenta a quantidade de polpa aumenta-se também a quantidade de água e, consequentemente, ocorre diluição das proteínas. Para Sousa et al. (2011) as frutas de uma forma geral não são fontes potenciais de proteínas; entretanto, parece que esse macronutriente se encontra predominantemente nas cascas e sementes das frutas. Para a bebida elaborada com o extrato de amendoim e a polpa de goiaba, o comportamento foi diferenciado, sendo o maior percentual encontrado na formulação 50P:50EA, seguido da formulação 60P:40EA e 40P:60EA, respectivamente. Tabela 2.6. Valores médios de proteínas (%) do extrato de amendoim enriquecido com polpas de umbu e goiaba para a interação bebida x formulação armazenada em freezer durante 150 dias Bebida Formulação % (polpa (P):extrato de amendoim(EA)) 40P:60EA P50:50EA 60P:40EA EA/Umbu 1,86 aA 1,96 aA 1,64 bB EA/Goiaba 1,66 bC 2,08 aA 1,85 aB DMS Coluna 0,13 DMS Linha 0,16 Médias seguida da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; EA: Extrato de Amendoim Em observação aos valores do percentual de proteínas (Tabela 2.6.) dentro de cada formulação, tem-se igualdade estatística na formulação de 50P:50EA para ambas as bebidas e comportamento inverso para as demais formulações, ou seja, para a 40P:60EA o maior percentual se deu quando a bebida foi acrescida da polpa de umbu e, para a formulação de 60P:40EA,, o maior percentual ocorreu para a bebida elaborada com o extrato de amendoim mais polpa de goiaba. Na Figura 2.3, se encontram os valores médios da proteína para as duas bebidas elaboradas e armazenadas em freezer, por 150 dias. Verifica-se um decréscimo do tempo 0 dias (caracterização) para o tempo de 150 dias de 1,07% sendo que, do tempo de 90 para o tempo de 150 dias, ocorreu igualdade estatística, comportamento este igual para ambas as bebidas elaboradas. É importante observar que o estudo das equações revelou R2 acima de 96% para a equação de segundo grau, indicando que esta pode ser utilizada para estimar o percentual de proteínas não estudado entre os tempos 0 e 150 dias. 39 Capítulo 2 - Elaboração de duas bebidas a base de extrato de amendoim e polpa de frutas Mello (1992) trabalhando com o efeito do descascamento e do pré-aquecimento do grão de soja no sabor e nos rendimentos de sólidos totais, proteína e processo do extrato hidrossolúvel de soja, afirma que as variações nos teores de proteína são decorrentes das perdas de sólidos durante a maceração dos grãos decorticados e ao choque térmico. Nota-se que a formulação 50P:50EA é uma boa opção para a elaboração de bebidas à base de extrato de amendoim e polpa de umbu e goiaba, por ser uma formulação balanceada apresentando-se com o maior percentual de proteínas entre as demais formulações. Figura 2.3. Valores médios de proteínas (%) do extrato de amendoim enriquecido com polpas de umbu (a) e goiaba (b) em três diferentes formulações durante 150 dias e armazenada em freezer 2.6.2.3 pH Mediante dados da Tabela 2.7, observa-se que o pH da bebida elaborada com o extrato de amendoim e a polpa de goiaba se apresentaram com os maiores valores de pH em relação à bebida elaborada com o extrato de amendoim e a polpa de umbu para as três formulações. Esses resultados se devem ao fato do valor do pH das espécies que foram escolhidas para enriquecer as bebidas ser diferente, ou seja, a polpa de goiaba apresenta valores de pH mais elevados que a polpa de umbu. Esses resultados encontram apoio, em parte, nos trabalhos de Brasil et al. (1995) que encontraram pH na polpa de goiaba em torno de 3,98 e Gouveia et al. (2004) de 3,91; já para a polpa de umbu os valores do pH foram de 2,21 para Ferreira et al. (2000) e de 2,49 para Almeida (1999) valores esses menores, o que indica que o umbu é mais ácido, justificando o pH da bebida enriquecida com umbu ser menor. Abreu et al. (2007) obtiveram, avaliando as características químicas e físico-químicas de bebidas à base de soja de diferentes marcas com suco de abacaxi, goiaba, manga, maracujá 40 Capítulo 2 - Elaboração de duas bebidas a base de extrato de amendoim e polpa de frutas e misturas com leite de coco, comercializadas nos mercados brasileiros, valores do pH para a bebida enriquecida com goiaba de 3,98 (SG1 – bebida à base de soja e goiaba (marca A) e 3,88 (SG2 – bebida à base de soja e goiaba (marca B), essas diferenças nos resultados pode ser justificada pelo uso das variedades da goiaba, que não foi citada no referido trabalho. Tabela 2.7. Valores médios do pH do extrato de amendoim enriquecido com polpas de umbu e goiaba para a interação bebida com formulação armazenada em freezer durante 150 dias Bebida Formulação % (polpa:extrato de amendoim) 40P:60EA 50P:50EA 60P:40EA EA/Umbu 3,60 bA 3,35 bB 3,25 bC EA/Goiaba 4,12 aA 4,03 aB 4,02 aB DMS Coluna 0,03 DMS Linha 0,04 Médias seguida da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; EA: Extrato de Amendoim Em observação aos dados relativos ao pH de cada bebida elaborada dentro de cada formulação, tem-se que o pH diminuiu à medida em que se aumentou a quantidade de polpa de umbu. Sendo o umbu uma fruta considerada ácida (pH baixo), sempre que aumenta a quantidade de polpa de umbu diminui o pH da bebida. Para os dados do pH relativo à bebida do extrato de amendoim mais a polpa de goiaba, verifica-se superioridade estatística da formulação 40P:60EA sobre as demais, que se igualaram estatisticamente (50P:50EA e 60P:40EA). Mercaldi (2006) desenvolveu no início dos trabalhos, estudando uma bebida à base de soja acrescida de graviola, o preparo do padrão das bebidas, detectando diminuição dos valores de pH sempre que se aumentou a quantidade de suco de graviola de 6,05 (2,5 mL) para 4,90 (10 mL). Em termos de valores absolutos observa-se que a variação de pH, para ambas as bebidas, considerando-se todas as formulações, foi muito pequena, sendo de 0,35% da formulação de 40P:60EA para a formulação 60P:40EA com a bebida enriquecida com umbu e de 0,10% para a bebida enriquecida com a polpa de goiaba. Na Tabela 2.8 são apresentadas as médias do pH para a interação bebida com tempo do extrato de amendoim enriquecido com as polpas de umbu e goiaba, em três diferentes concentrações e armazenados durante 150 dias, em freezer. De acordo com os dados contidos nesta Tabela, observa-se maior valor do pH para a bebida que esteve armazenada nos tempos 0, 90 e 150 dias enriquecida com a polpa de goiaba em relação á bebida enriquecida com a 41 Capítulo 2 - Elaboração de duas bebidas a base de extrato de amendoim e polpa de frutas polpa do umbu e que, para o tempo de 30 e 90 dias, o pH não foi alterado estatisticamente para a bebida elaborada com goiaba. Tabela 2.8. Valores médios do pH do extrato de amendoim enriquecido com polpas de umbu e goiaba para a interação bebida x tempo armazenada em freezer durante 150 dias Bebida Tempo (dias) 0 30 90 150 EA/Umbu 2,88 bD 4,11 aA 3,19 bC 3,41 bB EA/Goiaba 3,97 aB 4,15 aA 4,10 aA 4,00 aB DMS Coluna 0,04 DMS Linha 0,05 Médias seguida da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade;
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