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Brenda Maryanna R de Castro Nascimento

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ - 
IFCE - Campus UBAJARA 
TECNOLOGIA EM GASTRONOMIA 
 
 
 
 
 
BRENDA MARYANNA R. DE CASTRO NASCIMENTO 
 
 
 
 
ESPAÇOS TRADICIONAIS: A FEIRA LIVRE DE UBAJARA COMO UM 
AMBIENTE DE SABERES E SABORES 
 
 
 
 
 
UBAJARA-CE 
2018 
 
 
 
 
 
 
BRENDA MARYANNA R. DE CASTRO NASCIMENTO 
 
 
 
ESPAÇOS TRADICIONAIS: A FEIRA LIVRE DE UBAJARA COMO UM AMBIENTE 
DE SABERES E SABORES 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Curso Tecnologia em Gastronomia do 
Instituto Federal de Educação, Ciência e 
Tecnologia (IFCE) ─ Campus Ubajara, como 
requisito parcial para a obtenção do Título de 
Tecnólogo em Gastronomia. 
 
Orientadora: Profa. Dra. Beatriz Helena 
Peixoto Brandão 
 
 
 
 
 
 
 
 
UBAJARA-CE 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
Instituto Federal do Ceeará - IFCE 
Sistema de Bibliotecas - SIBI 
Ficha catalográfica elaborada pelo SIBI/IFCE, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a) 
 
 
 
N244e Nascimento, Brenda Maryanna Rolim de Castro. 
Espaços Tradicionais : a feira livre de Ubajara como um ambiente de saberes e sabores / Brenda 
Maryanna Rolim de Castro Nascimento. - 2018. 
29 f. : il. color. 
 
Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Instituto Federal do Ceará, Tecnologia em 
Gastronomia, Campus Ubajara, 2018. 
Orientação: Profa. Dra. Beatriz Helena Peixoto Brandão. 
 
1. Feira Livre de Ubajara. 2. Espaços Tradicionais. 3. Urbanização. I. Titulo. 
CDD 641.013 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRENDA MARYANNA R. DE CASTRO NASCIMENTO 
 
ESPAÇOS TRADICIONAIS: A FEIRA LIVRE DE UBAJARA COMO UM AMBIENTE 
DE SABERES E SABORES 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Curso Tecnologia em Gastronomia do 
Instituto Federal de Educação, Ciência e 
Tecnologia (IFCE) ─ Campus Ubajara, como 
requisito parcial para a obtenção do Título de 
Tecnólogo em Gastronomia. 
 
Orientadora: Profa. Dra. Beatriz Helena 
Peixoto Brandão 
 
 
Aprovado em: _____/_____/_____ 
 
 
 
Banca Examinadora: 
 
__________________________________________________________________ 
Prof.ª Doutora Beatriz Helena Peixoto Brandão 
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará- IFCE 
 
__________________________________________________________________ 
Prof.ª Especialista Jéssen Violene de Macedo Santos 
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará- IFCE 
 
__________________________________________________________________ 
Pref.º Especialista Marco Henrique de Brito Mudo 
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará- IFCE 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente à Deus, acima de tudo, e a todos os santos que guiaram a 
minha trajetória até o dado momento. 
Aos meus pais, Gilca Maria Rolim de Castro e José Wilson do Nascimento, que 
mesmo distantes me abençoaram e acreditaram no meu potencial. 
A minha namorada, Bruna Lima, que acompanhou toda a minha luta nesses três, 
quase quatro anos, na busca por conhecimentos e incitação a paixão pela gastronomia, que ao 
fim foi inspirada a seguir os mesmos passos desta iniciante na arte da cozinha. 
Aos meus amigos do peito, que hoje se transformaram em uma grande família, a segunda 
turma de gastronomia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, da 
cidade de Ubajara. Amigos que sempre apoiaram uns aos outros, seja em trabalhos individuais 
ou grupais, que vivenciaram comigo momentos únicos, sem deixar que nada nos abalasse. 
Agradeço pela paciência, pelos conselhos, pelo acolhimento e pelo carinho, sentirei saudades 
até mesmo das nossas brigas, que no fim sempre acabavam em boas risadas. 
Aos meus professores que, desde o início da minha jornada acadêmica, 
acompanharam cada passo dessa caminhada, nos mostrando o quanto é gratificante fazer parte 
desse mundo espetacular chamado Gastronomia. Agradeço pelos ensinamentos, as orientações, 
as lições de vida e as boas risadas, vocês são verdadeiros mestres. 
Para finalizar, quero agradecer em especial a minha orientadora, Beatriz Helena 
Peixoto Brandão, uma excelente professora, cozinheira, conselheira e mulher, que me 
incentivou a desenvolver esta pesquisa. Além disso me motivou a abrir as portas da mente para 
uma nova perspectiva da realidade. 
Muito obrigada à todas(os) que fizeram parte desse ciclo maravilhoso da minha 
vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Esta análise é destinada a retratar os espaços tradicionais do comércio de hortifrútis que são 
reconhecidos como um dos mais populares da Serra da Ibiapaba. Responsável por grande parcela 
da atividade comercial local, a feira livre de Ubajara é bastante conhecida por abranger 
comerciantes de diversas regiões, além disso garante a sobrevivência da maioria das famílias 
ubajarenses e das populações vizinhas. Com um olhar crítico foram analisados documentos, 
artigos científicos e livros acadêmicos, contendo assuntos que relatam as causas do 
desenvolvimento urbano que acarretaram na descentralização das feiras. Tem a finalidade de 
compreender um sistema econômico que vai muito além de um local onde ocorre a venda de 
mercadorias, chegando a ser um ponto caracterizado pela relação de transferências de 
experiências e diversas atividades paralelas de âmbito político, religioso, cultural, dentre outras 
(SANTOS, 2012). Com a intenção de averiguar o dia-a-dia dos feirantes locais, foram 
empregados métodos de conversação direta com os trabalhadores, através de entrevista não 
estruturada, caracterizando-se como uma análise qualitativa. Percebe-se, assim, através da 
experiência de Ubajara/CE, que as feiras são ambientes tradicionais e excepcionais, em meio a 
tanta modernidade. São espaços que oferecem uma gama diversa de conhecimentos populares, 
trazendo histórias de pessoas que possuem o mínimo para sobreviver, narrativas que se misturam 
com o cenário da cidade, tornando-a cada vez mais bela e indispensável. São ambientes, 
portanto, que necessitam de uma atenção especial, e com isso gerar uma maior valorização do 
trabalho como feirante e dos espaços abordados por essas pessoas. 
 
 
Palavras- chave: Feira Livre de Ubajara. Espaços Tradicionais. Urbanização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This analysis is intended to portray the traditional spaces of the hortifrútis trade that are 
recognized as one of the most popular of the Serra da Ibiapaba. Responsible for a large part of 
the local commercial activity, Ubajara's free trade fair is well-known for covering merchants 
from different regions, besides guaranteeing the survival of the majority of the families of 
Ubajarenses and of the neighboring populations. With a critical eye were analyzed documents, 
scientific articles and academic books, containing subjects that report the causes of urban 
development that led to the decentralization of fairs. Its purpose is to understand an economic 
system that goes far beyond a place where the sale of goods occurs, reaching a point 
characterized by the relation of transferences of experiences and several parallel activities of 
political, religious and cultural scope, among others (SANTOS , 2012). With the intention of 
ascertaining the day-to-day of the local fair, methods of direct conversation with the workers 
were employed through an unstructured interview, characterizing itself as a qualitative analysis. 
Thus, through the experience of Ubajara / CE, the fairs are traditional and exceptional 
environments, amidst so much modernity. They are spaces that offer a diverse range of popular 
knowledge, bringing stories of people who have the minimum to survive, narratives that blend 
with the scenery of the city, making it increasingly beautiful and indispensable. They are 
environments, therefore, that need a special attention,and with that to generate a greater 
appreciation of the work like fair and of the spaces approached by these people. 
 
Keywords: Free Fair of Ubajara. Traditional Spaces. Urbanization. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 — Feira livre de Ubajara: José Maria Vieira Cunha por trás da sua banca 
........................................................................................................................... 19 
Figura 2 — Feira livre de Ubajara: hortifrútis nas bancas do Mercado das 
Verduras............................................................................................................ 21 
Figura 3 — Feira livre de Ubajara: produtos disponíveis..................................................... 22 
Figura 4 — Feira livre de Ubajara: mercadorias artesanais.................................................. 22 
Figura 5 — Feira livre de Ubajara: vista lateral das barracas durante a semana................... 23 
Figura 6 — Feira livre de Ubajara: balança utilizada para as pesagens das hortifrútis........ 23 
Figura 7 — Feira livre de Ubajara: registro da entrevista com feirantes.............................. 24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 8 
2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 11 
2.1 Objetivo geral .................................................................................................................. 11 
2.2 Objetivos específicos ........................................................................................................ 11 
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 12 
3.1 Os Efeitos do desenvolvimento econômico ................................................................... 12 
3.2. A Qualidade da vida urbana ....................................................................................... 134 
3.3 Adquirindo saberes e sabores ....................................................................................... 156 
4 METODOLOGIA ........................................................................................................... 18 
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................ 199 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 25 
 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O debate sobre questões que envolvam o progresso da humanidade e a relação que 
existe com o meio ambiente e o ser humano, em termos práticos, ainda é um assunto 
considerado de pouca importância em escala mundial, uma vez que o enfoque aparenta ser 
direcionado apenas para o crescimento de pequenas parcelas da população, afastando o homem 
da realidade do todo. 
Em um mundo onde muitos almejam uma vida dentro dos padrões impostos pela 
sociedade em geral, do lado oposto encontram-se a outra fração da população que consegue 
autonomia para pensar fora da caixa. A todo instante crescem o número de carros, edifícios, e 
indústrias gigantescas ao redor do planeta, tornando tudo muito caótico. Em meio a uma 
sociedade urbanizada, sobra pouco espaço para pensar em como se alimentar de forma 
adequada, ou até mesmo para analisar os efeitos causados por esta modernidade confusa. 
Assumindo essa narrativa, esse trabalho busca relatar com destreza os espaços 
habituais vivenciados pelos moradores da cidade de Ubajara, localizada na Serra da Ibiapaba. 
Tendo como ponto principal retratar as histórias vivenciadas pelos personagens rebuscados das 
feiras livres, além de trazer à tona quais as razões que levam uma grande parcela da população 
a mudar os seus costumes. Ao trazer à tona esse tema, vale ressaltar a importância dos fatos que 
levaram a construção deste trabalho, caracterizado pela busca incessante pelo saber popular 
sobre tais questões relacionadas com o tradicional e o contemporâneo. 
Segundo Santos (2012), as feiras são espaços abertos e públicos, sendo um sistema 
econômico que vai muito além de um local onde ocorre a venda de mercadorias, chegando a 
ser um ponto caracterizado pela relação de transferências de experiências e diversas atividades 
paralelas de âmbito político, religioso, cultural, dentre outras. No mesmo texto o autor descreve 
os mercados como espaços cobertos e públicos exprimindo ambientes mais seguros no 
momento da troca das mercadorias. Para Corrêa (2001) as feiras são: 
 
[...] aqueles núcleos de povoamento, pequenos, via de regra, que 
periodicamente se transformam em localidades centrais [...]. Fora dos 
períodos de intenso movimento comercial, esses núcleos voltam a ser pacatos 
núcleos rurais, com a maior parte da população engajada em atividades 
primárias (CORRÊA, 2001, p. 103). 
 
As feiras livres tiveram bastante relevância em períodos da história significativos, 
como por exemplo na época das rotas marítimas, no auge do século XVI, que focavam na 
procura frenética por temperos e especiarias de difícil acesso dentro dos continentes, mas que 
9 
 
 
 
não poderiam faltar na mesa de nenhum nobre, dando maior impulso aos populares pontos de 
trocas, onde aconteciam as transações de especiarias, sejam elas temperos, hortaliças, frutos e 
até mesmo mercadorias nunca vistas, que surgiram com a intenção de favorecer uma permuta 
mais simples e sem burocracia para os navegantes (BOECHAT, 2009). Assim, as feiras livres 
são espaços que compõem a construção da história da economia mercantil do Brasil e do 
mundo. Segundo Mott (1975) as primeiras referências de feiras no Brasil datam do ano de 1548, 
onde os colonizadores portugueses que possuíam experiências com feiras buscavam realizar 
trocas de produtos com a população local, na perspectiva de favorecer a sua própria mercadoria, 
afim de explorar os produtos oferecidos pelos nativos. 
Azevedo e Queiroz (2012) relatam em seu trabalho que os primeiros registros 
oficiais de feiras livres no Brasil datam de 1732, onde a feira localizava-se no Recôncavo 
Baiano. No Nordeste brasileiro as feiras livres surgiram ligadas à estrutura econômica da região 
dos séculos XVII e XIX, onde a região na época era composta de plantações de cana de açúcar 
na Zona da Mata, além da atividade pecuária no Sertão. Os gados eram vendidos e trocados nas 
feiras semanais, onde os pontos de trocas eram designados nas rotas traçadas entre o Sertão e a 
Zona da Mata. 
As feiras, em sua ampla contextualização, são compreendidas como instituições 
designadas a troca de mercadorias, tendo sido pontuada a sua origem no momento de transição 
da Idade Média para a Idade Moderna. Dois elementos caracterizam a expansão e transformação 
das feiras livres: a construção das cidades e o surgimento de atividades ditas civilizadoras 
(DANTAS, 2008. p. 88). Para Mumford (2004) o elemento essencial para a popularização das 
feiras foi a formação de um excedente de produtos agrícolas e o crescimento da população, dois 
fatores que impulsionam o comércio, extremamente necessários para a sua expansão. 
O município de Ubajara está situado em uma região com excelentes potenciais 
agrícolas e apresenta três zonas ecológicas distintas: (i) O sertão, que é caracterizado por uma 
agricultura de subsistência e pecuária razoável de bovinos, caprinos e ovinos; (ii) A zona úmida 
que possui solo fértil, que contribui para uma agricultura variada sobressaindo-se o café, o 
maracujá, a cana-de-açúcar e diversas hortaliças; (iii) A zona do carrasco que é marcada porsolos pobres, arenosos, resistindo a vegetação xerófila e agricultura baseada no milho, no feijão 
e na mandioca. (ASPECTOS..., [1999?]) 
A agricultura ubajarense é praticada em três estágios: Agricultura de subsistência, 
Agricultura de Economia Familiar e Agricultura Semi-Mecanizada. Durante todo o ano 
pratica-se a agricultura em duas regiões ecológicas, a zona úmida e a zona do cerrado. Já na 
10 
 
 
 
região do sertão, que possui um clima semiárido, a agricultura é desenvolvida em apenas quatro 
meses ao ano. (ASPECTOS..., [1999?]) 
Então é delineada na história a amostra de grandes cidades que se desenvolveram a 
partir do comércio gerado em torno da agricultura, não somente como uma fonte de renda, mas 
também para garantir a sobrevivência das sociedades. Todos os dias, esse ambiente está 
projetado para receber qualquer que seja o consumidor, criando relações e interagindo com o 
mundo. Com clareza vê-se, acima de tudo, que as feiras são pontos onde ocorrem transações de 
saberes e sabores populares, que somente podem ser acessados ao adentrar no ambiente da feira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 Objetivo geral 
 
Retratar os espaços tradicionais do comércio de hortifrútis, de maneira a retratar as 
histórias de vida dos personagens cotidianos da feira livre de Ubajara. 
 
2.2 Objetivos específicos 
 
 Desenvolver um olhar crítico sob os efeitos do desenvolvimento urbano; 
 Conhecer a importância histórica dos Mercados Públicos e das Feiras Livres; 
 Apresentar os cenários das Feiras de Ubajara, locais onde ocorre o comércio de 
hortifrútis; 
 Descrever o cotidiano dos personagens da feira, na perspectiva de permanência e 
sustentabilidade da feira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
3.1 Os efeitos do desenvolvimento econômico 
 
Segundo Tavares (2009), o modelo de desenvolvimento econômico baseado nas 
grandes potências, em geral, foi o que deu origem ao capitalismo industrial. Ao analisar o que 
se almejava nas propostas de desenvolvimento econômico o que se encontra é a justificativa de 
que tudo foi esquematizado em prol da melhoria da qualidade de vida da população, elaborado 
de forma apenas para satisfazer as necessidades básicas de cada indivíduo. Visto que esse 
modelo se adequava aos países desenvolvidos, a ideia seria implementar esse padrão de vida 
em países subdesenvolvidos, acreditando que tudo se encaixaria perfeitamente. 
 O homem, desde a sua criação, e a premissa de uma sociedade moderna e próspera, 
se baseava em muitos mitos, um desses presumia que a natureza possuía recursos ilimitados e 
que o progresso era parte fundamental da evolução da espécie. Acreditava também em uma 
sociedade igualitária, além, é claro, do mito da superioridade e neutralidade da ciência e da 
tecnologia (TAVARES, 2009). 
Esse modo de pensar e agir sobre a lei natural da vida contesta que o ser humano se 
desenvolveu de maneira imprudente, agindo de forma egoísta, e que somente deleita da sua 
evolução solitária. Santos (2012) discorre sobre os espaços urbanos como ambientes que 
possuem profundas relações com o passado e com o presente, mediante o desenvolvimento da 
sociedade, sendo um cenário que acarreta processos de inclusão e, simultaneamente, exclusão 
econômica e social. 
Segundo Azevedo (2012), entre os séculos XVIII e XIX, a vida de qualidade era 
equivalente a uma vida urbana, uma vez que a indústria moderna estava começando a ganhar 
espaço e o “ideal de contemporaneidade” era a nova meta de vida, o que gerava uma busca 
maior pelos grandes centros urbanos. 
Os centros urbanos são traçados a partir de modelos pré-elaborados, assim como 
grandes maquetes, que uma vez idealizados, atraem uma multidão de adoradores, onde é fácil 
observar que para iniciar uma civilização, que pode um dia chegar a ser organizada, primeiro 
instalam-se, exatamente nos centros das cidades as igrejas, com o único objetivo de coordenar 
e sistematizar um certo aglomerado de fiéis. Em seguida, é necessário gerar economia para que 
o capitalismo possa se instalar, então entram as grandes indústrias alimentícias, de vestimentas 
e todo o restante que resulte em movimento de dinheiro. E, finalmente, mas não menos 
importante, líderes que possam comandar os grandiosos centros urbanos. 
13 
 
 
 
Os espaços urbanos são pontos de estudo significativos para a elaboração do 
presente trabalho, pois retratam exatamente como funcionam os sistemas econômicos em que 
se enquadram as feiras livres. Na cidade de Ubajara, inscrita na Serra da Ibiapaba, a economia 
gerada em torno da agricultura é o que garante a sobrevivência da maioria dos ubajarenses, 
além das populações vizinhas, as feiras livres e o comércio varejista são responsáveis por 
grande porção da atividade comercial local. 
A agricultura ubajarense possui diversos elementos que representam o seu 
progresso, aspectos estes que contribuíram para o desenvolvimento da cidade, gerando lucro 
para pequenas famílias produtoras, além de contribuir com o trânsito de pessoas na cidade, já 
que as feiras ocorrem semanalmente. Ubajara é considerada um dos pontos turísticos mais 
bonitos do Nordeste brasileiro em decorrência de sua natureza/ clima e, além desse contexto, a 
feira livre é um verdadeiro atrativo para os olhos, cheio de cores, sabores e pessoas simpáticas 
que lhe convencem quase sempre a comprarem os seus produtos. 
Afinal, por mais que o alimento que encontramos no supermercado seja algo 
atrativo e tecnicamente de fácil acesso, ele é enriquecido de substâncias tóxicas, que enganam 
facilmente qualquer paladar. As sociedades contemporâneas nunca foram realmente educadas 
para consumir alimentos de qualidade e cada vez mais os espaços urbanos estão limitando o 
acesso ao que está disponível na natureza, gerando a cada dia leigos quando o assunto se trata 
da origem dos seus alimentos. 
Se o objetivo da construção dos centros urbanos é facilitar a vida do cidadão 
comum, então porque os discursos sobre alimentação adequada estão distantes da realidade de 
terceiros? Ora, a questão aqui a ser discutida na realidade, é o porquê do auto sabotagem 
praticado pelo ser humano com relação a conscientização com sua alimentação diária, já que 
alimentos naturais e de qualidade estão disponíveis a todo instante diante da vista de todos. 
 
3.2. A qualidade da vida urbana 
 
Analisando o processo de urbanização no Brasil, constata-se que, se por um lado, 
este fator provocou algumas transformações que podem ser consideradas como avanços, porque 
são típicas deste processo em várias partes do mundo; por outro lado, destaca-se que, em grande 
parte, que viver mais significa “sofrer as agruras de uma sociedade injusta e uma vida sem 
qualidade, submetidas a pressões e violências de todo tipo” (PÁDUA, 2003, p. 47-69). 
14 
 
 
 
Do ponto de vista apenas de observadora, ao analisar a sociedade atual em que todos 
estão inseridos, pode-se notar que os indivíduos ao longo de seus dias, meses e anos caóticos 
em meio aos centros urbanos, trabalham apenas para adquirir o “pão nosso de cada dia”, 
buscando por melhores condições de vida. Essa alegação de melhorar a qualidade de vida das 
pessoas, imposta por países desenvolvidos e industrializados, vem disfarçada de uma pretensão 
de perpetuar a sobrevivência da raça humana. 
Averiguando-se os fatos e situações que mudaram por completo a vida do ser 
humano, onde diversas circunstâncias alteraram a prática de caçador/coletor adentrando no 
costume onde tudo, inclusive o alimento, já encontra-se pronto para uso, cessou iludido de que 
este é o estilo de vida que mais condiz com a vida humana. Na prática a conjuntura dos fatos 
dessa realidade inserida nas sociedades é outra, em que o desenvolvimento acaba sendo o 
caminho mais rápido para a destruição totaldos homens e do planeta. 
 
Uma das razões para que esse modelo não desse certo é que desenvolvimento 
não é o mesmo que crescimento e que o segundo não leva necessariamente ao 
primeiro. Na verdade, muitas vezes, o crescimento de algumas nações se deu 
à custa do empobrecimento e, consequentemente, subdesenvolvimento de 
outra. (TAVARES, 2009, p. 29). 
 
 
A coletividade acaba por ser guiada por princípios básicos que regem o todo, a 
maior parte dessa massa segue algum tipo de doutrina religiosa, que acompanha os conceitos 
políticos e filosóficos regidos por qualquer que seja a família, desse modo formando cidadãos 
civilizados. 
Em situações extremas quando o assunto é alimentação a procura pelo o que é mais 
funcional está cada vez mais em ascensão, afinal, muitos pensam que pode ser mais satisfatório 
avistar algo que esteja consumado e apenas praticar a ação de engolir, seguindo em direção 
oposta ao hábito de sair a procura de um alimento fresco, levá-lo para casa e, possivelmente, 
preparar uma belíssima refeição rica em construção de sabores. 
A sensação de ir à feira selecionar o alimento, limpar, cortar e cozinhar para que, 
em seguida, se possa oferecer para alguém que está em seu meio social, com a certeza de que 
isso irá garantir uma melhor absorção dos sabores e dos nutrientes dos alimentos é considerado 
altamente prazeroso. Isso não possui comparação com o ato de apresentar um alimento que 
aparece em uma embalagem muito bem idealizada e sem nenhum tipo de bom senso com 
relação ao consumidor (PETRINI, 2009). 
15 
 
 
 
Muitas vezes, os clientes preferem o comodismo dos supermercados, onde os 
clientes destinam-se as prateleiras, dispõem os produtos dentro da cesta e seguem em direção 
ao caixa, ao invés de fazer as compras na feira. Sem perceber que nas feiras livres existem 
incomparáveis facilidades na hora da compra, como por exemplo preços mais baixos, hortifrútis 
frescas e o pagamento descomplicado. Na feira, existe uma relação de amizade e fidelidade com 
o cliente, o que já não é visto em supermercados, desde o momento em que você entra até o 
instante do pagamento. 
É válido ressaltar a importância dos princípios da alimentação básica e de 
qualidade, onde todos possuem o direito a uma alimentação digna, mas que seja levado em 
conta também as linhas de produção e as formas de distribuição, além da proteção ao meio 
ambiente. Todas as vias para se obter qualquer tipo de alimento precisam manter uma espécie 
de equilíbrio com o meio ambiente, cuidando e respeitando do todo. 
 
3.3. Adquirindo saberes e sabores 
 
Harvey (1996) interpreta a questão de tempo e espaço com relação a interação 
social, onde cada sociedade é composta por características distintas, formada por costumes que 
estão interligados com o meio em que vivem, produzindo e se relacionando de diferentes 
formas, criando espaços individualizados. 
Ao adentrar nos espaços tradicionais vivenciados pelos moradores ubajarenses, é 
fácil perceber a relação íntima que todos possuem. Na cidade, muitos se conhecem, mesmo que 
seja somente “por vista” e, além disso, são pessoas bastante humildes e acolhedoras. Ubajara é 
uma cidade pequena, mas que possui muita beleza e riquezas naturais, apesar de ter pouco zelo 
com os patrimônios públicos, de fato. A cidade atualmente está sentindo um leve toque de 
evolução aos arredores, graças a implementação de uma instituição de ensino superior e 
tecnológico, o Instituto Federal de Educação e Tecnologia – IFCE, além de grandes 
supermercados e uma fábrica de agroindústria na região. 
Apesar deste crescimento repentino, Ubajara continua sendo uma cidade 
conservadora e naturalmente bela, onde os personagens que nela habitam aproveitam ao 
máximo o que a cidade tem a oferecer. Afortunados por uma terra extremamente fértil e clima 
agradável, sobrevivem, em sua maioria, da agricultura familiar que se faz presente todos os dias 
da semana no cenário reconhecido como feira livre. 
16 
 
 
 
Para respostas mais satisfatórias sobre como o cenário da feira livre de Ubajara se 
apresenta, foi realizada uma pesquisa de cunho apenas qualitativo, buscando entendimento a 
respeito do assunto por meio de conversas com alguns feirantes. Ao analisar este grupo observa-
se primeiramente que uma grande parcela das barracas é composta por mulheres de diferentes 
localidades, integrantes desse espaço há tantos anos que chegam a possuir clientes aos quais 
fielmente visitam suas bancas toda semana. 
Ao adentrar o cenário da feira foram percebidos alguns olhares meio distorcidos, 
procurando entender o que uma estudante de gastronomia buscava com um celular em uma mão 
e o gravador na outra. As primeiras conversas, de fato foram as mais assustadoras, afinal, em 
meio a uma sociedade modernizada onde tudo é resolvido através das telas dos computadores 
e dos celulares, trocar ideias com pessoas desconhecidas chega a ser um pouco intimidador. 
Mas ao se notar a simpatia e a simplicidade dos feirantes, em instantes todo esse temor vai 
desaparecendo. 
A relação coexistente entre uma sociedade e o meio em que ela está inserida pode 
nos mostrar, com um pouco de clareza, como o homem se comporta diante do que está 
disponível para ele. Segundo Contreras e Garcia (2011), a alimentação humana constitui uma 
necessidade básica para todas as sociedades, e a complexidade do caráter cotidiano a ela 
inerente nos permite abordar esse tema analisando uma ação fisiológica que é definida através 
da sua projeção sociocultural. 
De acordo com Santos (2012) a sociedade nordestina ainda sobrevive através de 
atividades que rementem ao passado, como as tradicionais feiras livres, que atualmente são 
designados como espaços rudimentares, em meio a super e hipermercados, lojas e indústrias. 
São espaços que vão de encontro com a evolução, uma vez que a população se tornou mais 
exigente com relação a qualidade dos alimentos, buscando por lugares que concentram uma 
maior variedade e disponibilidade desses produtos. Em um espaço como a feira, a 
disponibilidade dos produtos depende muito da estação, do tipo de solo da região e do clima. 
 Em contrapartida, os supermercados possuem safras selecionadas de hortaliças e 
frutas o ano inteiro, mas com preços que oscilam dependendo da época. Mas nas feiras pode-se 
encontrar uma variedade ainda maior de alimentos frescos que decorrem das temporadas, 
respeitando o tempo de cada produto. Além disso as compras vêm acompanhadas de 
recomendações sobre diversas formas de consumo para cada tipo de alimento. 
Para Boechat (2009), os centros urbanos foram constituídos não somente por 
dimensões geográficas, mas sim pelas relações de interação e de poder. Isso mostra que as feiras 
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livres foram sendo constituídas com o tempo, adquirindo características da região, criando um 
espaço próprio, nessa perspectiva as feiras foram modificando os espaços urbanos tornando 
tudo mais vivo e mudando a rotina da cidade, desse modo ela faz parte do contexto histórico da 
região. Esta é a visão de Santos (2012) sobre o papel das feiras nos espaços urbanizados: 
 
A relevância das feiras para a dinâmica de organização da sociedade e do 
espaço está ainda a merecer uma investigação mais acurada que busque a 
identificação das formas e dos processos pelos quais se dá a sua participação 
no contexto geral da comercialização econômica urbana e regional da 
reprodução da sociedade (SANTOS, 2012). 
 
 
 
 
 
 
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4 METODOLOGIA 
 
O referente trabalho buscou como principal objetivo analisar e compreender o 
contexto histórico e cultural das feiras livres, além de averiguar como funciona o dia-a-dia de 
feirantes. A pesquisa foi realizada nas feiras que ocorrem de domingo a domingo na cidade de 
Ubajara, localizada na Serra da Ibiapaba, no Estado do Ceará. 
Para examinar os dados históricos referentes às feiras livres espalhadas pelo Brasile no Estado do Ceará, foram utilizados como fontes de pesquisa artigos científicos, documentos 
e livros do acervo do IFCE campus Ubajara e da Biblioteca da Secretária de Cultura de Ubajara, 
aos quais contribuíram na construção deste texto. 
Com a intenção de averiguar o dia-a-dia de feirantes locais, foram empregados 
métodos de conversação direta com as(os) trabalhadoras(es). Classifica-se, assim, como uma 
pesquisa qualitativa. De acordo com Minayo (2001): 
 
A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se 
preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser 
quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, 
aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais 
profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser 
reduzidos à operacionalização de variáveis (MINAYO, 2001, p. 21-22). 
 
 
O instrumento utilizado na elaboração da pesquisa foi a entrevista não-estruturada, 
com o objetivo de abordar livremente o tema proposto (MINAYO, 2001), juntamente com o 
auxílio de um gravador portátil e uma câmera de celular. A conversa foi direcionada para cerca 
de oito vendedores, entre esses feirantes cinco eram do gênero feminino e três do gênero 
masculino. Além disso, surgiram conversas com demais feirantes em outros momentos de 
convívio. Foram tratadas questões como: (i) tempo de permanência na feira; (ii) origem dos 
produtos vendidos na banca; (iii) qual a visão dos feirantes com respeito a credibilidade dada a 
feira livre; dentre outros assuntos que surgiram no momento da entrevista. 
 
 
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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
A feira é constituída por três ambientes distintos, onde o primeiro cenário é 
assentado aos fundos do Mercado da Carne, localizada na rua Padre Moacir Melo, que por sua 
vez constitui uma estrutura esquematizada para fazer parte da arquitetura do mercado. Já o 
segundo cenário, foi delineado nas laterais do mercado, denominado de Mercado das Verduras, 
composto por barracas mais simples, elaboradas com estruturas de ferro e madeira além de 
utilizarem lonas de plástico encerado. Estes materiais facilitam o transporte e a montagem das 
barracas que mudam o aspecto do ambiente ao final de cada dia. 
A pesquisa no Mercado das Verduras foi efetivada no decorrer da semana, por se 
tratar de um período com pouco fluxo de consumidores e apresentar um ambiente mais calmo 
para dialogar com os feirantes. José Maria, 61 anos, retrata a economia da feira como “[...] o 
bicho mais complicado que tem! Tem hora que tá lá embaixo e tem hora que tá lá em cima! É 
assim ... a gente depende muitas vezes do inverno, aqui tudo é assim [...] é razoável” (JOSÉ 
MARIA, 2018). 
 
FIGURA 1 – José Maria Vieira Cunha por trás da 
sua banca, na feira livre de Ubajara, 2018. 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora. 
 
O senhor José iniciou a sua vida como feirante na infância, na época ele e sua mãe 
se deslocavam do sitio para o centro da cidade destinados a vender hortaliças de porta em porta, 
anteriormente ao período da construção do Mercado Público. Descreve que neste período 
poucos trabalhavam como feirantes, mas com o passar dos anos a feira ubajarense foi ganhando 
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proporção e gradualmente foram crescendo o número de vendedores e barracas, que já 
ultrapassam mais de cem barracas. 
Em um segundo momento, a entrevista foi efetivada com um casal de feirantes que 
iniciaram a sua jornada no mercado há cerca de oito anos. A senhora Alice Sousa, 49 anos, e o 
senhor Raimundo Afonso, 67 anos, trabalham diariamente com produtos comprados na Ceasa 
de Tianguá, local que promove a comercialização de produtos da hortifruticultura a nível de 
atacado da região da Ibiapaba. Já outra parcela das hortifrútis do senhor Raimundo, deriva da 
cidade de Ipu e uma terceira parte é comprada de fornecedores locais. 
O terceiro cenário da feira, e não menos importante, é localizado na rua José Rufino 
Pereira, próximo a igreja Matriz, onde ainda funciona o Mercado Central da cidade, datado de 
1944. Neste ambiente as barracas também são modestas, de fácil transporte e de rápida 
montagem, uma vez que essa feira ocorre somente aos domingos e é composta em sua maioria 
por vendedores que moram em localidades vizinhas. 
No decorrer da semana, os três Mercados funcionam normalmente com poucos 
feirantes durante a manhã, já que o dia para os vendedores começa antes mesmo do galo cantar, 
e segue emendando um pouco com a tarde. No Mercado Central, localizado na rua José Rufino 
Pereira, estão situados diversos vendedores de feijão, arroz, farinha de mandioca e goma. No 
espaço, também funcionam pequenos estabelecimentos que servem comidas caseiras e vendem 
bebidas alcoólicas, caracterizando o mercado como um ambiente intenso e dinâmico. 
As feiras que ocorrem aos arredores do Mercado Central, que acontecem somente 
aos domingos pela parte da manhã, trazem feirantes de diversas localidades, como Tianguá, 
Quatiguaba, Viçosa do Ceará e sítios próximos a Ubajara. Por possuir um maior fluxo de 
vendedores, os produtos oferecidos vão desde as tradicionais hortifrútis, os folhosos, as 
especiarias e os jarros de plantas. Passando por vendedoras de gomas para tapiocas, petas, 
rapaduras e doces típicos, até chegar nos comerciantes de calçados, roupas e bijuterias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA 2 – Hortifrútis das bancas do Mercado das 
Verduras, na feira livre de Ubajara, 2018. 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora. 
 
 A senhora Raimunda Rodrigues, 54 anos, trabalha como feirante há cerca de dez 
anos. No decorrer da semana ocupa-se em seu comércio na cidade de Tianguá destinada na 
venda de temperos secos, assim derivado por ela, como alhos de diversos tamanhos, cebolas, 
orégano, pimenta do reino, urucum, dentre outros. 
Em um estágio da entrevista, dona Raimunda expressa um pouco da sua 
religiosidade, motivação diária para iniciar os trabalhos: 
 
[...] eu sempre costumo falar para Nossa Senhora! Quando vou sair cedo, 
sempre rezo de manhã “esse é o meu sustento, por isso abençoa a minha 
viagem, a minha ida e volta, me envia freguês e abençoa cada freguês que for 
na minha banca, porque é lá de onde eu tiro o meu sustento e a minha 
sobrevivência”. (DONA RAIMUNDA, 2018) 
 
Em um dado momento de correria na feira, a senhora Analice Maria, 40 anos, 
reservou um pouco do seu tempo para falar sobre as mercadorias da sua banca. A vendedora 
conta que fornece para a população preparações caseiras feitas a partir da goma fresca extraída 
da mandioca, tubérculo bastante apreciado na região. 
 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA 3 – Produtos como o mel e o urucum também estão 
disponíveis em algumas barracas da feira livre de Ubajara, 
2018. 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora. 
 
Os produtos dispostos na sua barraca são artesanalmente produzidos à base de óleo 
de coco. A banca é composta por petas tradicionais e coloridas, palmas, sequilhos, biscoitos de 
polvilho, dentre outros, todos feitos pelas mãos da dona Analice. 
A feirante é moradora da cidade de Tianguá e se encontra no ramo das feiras há 
cerca de 20 anos, mulher solteira e mãe de duas filhas menores de idade, relata que “[...] eu 
mesmo sustento minhas filhas e a gente vive uma vida em estágio normal, acredito que dá para 
suprir as necessidades”. (ANALICE MARIA, 2018) 
 
FIGURA 4 – Mercadorias artesanais dispostas na barraca da dona Analice 
Maria, feira livre de Ubajara, 2018. 
 
Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora. 
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Para alguns feirantes, o desenvolvimento da cidade não afetou muito os negócios, 
afinal os períodos do comércio de hortifrútis sempre têm seus altos e baixos, e afirmam possuir 
clientes fixos. Já para outros vendedores o que afeta o comércio, na verdade, é a concorrência 
entre as barracas, uma vez que cresceo número de bancas dispostas nas feiras principalmente 
aos domingos. Vale ressaltar que para estes feirantes o comércio de hortifrútis é a única fonte 
de renda, dentre esses muitos desconhecem outras formas de sobreviver dentro da sociedade. 
 
FIGURA 5 – Vista lateral da feira livre de Ubajara durante a semana, 
2018. 
 
Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora. 
 
 
FIGURA 6 – Balança utilizada para pesar as hortifrútis, feira livre de 
Ubajara, 2018. 
 
Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora. 
 
 
 
 
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FIGURA 7 – Registros da entrevista realizada com a feirante Maria de 
Fátima, feira livre de Ubajara, 2018. 
 
Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Ao se aprofundar no ambiente da feira livre de Ubajara, são notáveis a simplicidade 
e a fraternidade dos feirantes, sempre dispostos a ensinar e aprender um pouco mais com cada 
pessoa que passa pela sua banca. As histórias, por mais modestas que sejam, expõem o quanto 
aquele trabalho é significativo para elas ou eles, e que representam a composição do passado 
da cidade. 
Nesse contexto, pode-se observar que atualmente os ideais de comercialização de 
produtos, sejam de gêneros alimentícios ou não, continuam sendo praticados erroneamente. 
Basicamente são grandes potências controlando e explorando certas parcelas da população, além 
de insistir em abusar dos recursos oferecidos pela natureza. 
As feiras são ambientes tradicionais e excepcionais, em meio a tanta modernidade. 
São espaços que oferecem uma gama diversa de conhecimentos populares, trazendo histórias de 
pessoas que possuem o mínimo para sobreviver, narrativas que se misturam com o cenário da 
cidade tornando-a cada vez mais bela. Ambientes que necessitam de uma atenção especial, e 
com isso gerar uma maior valorização do trabalho como feirante e dos espaços abordados por 
elas ou eles. 
O papel da gastronomia nesse conjunto de narrativas é trazer para dentro da 
realidade da sociedade o conceito da “comida de verdade”, ou seja, expor as raízes da 
alimentação cotidiana. Os ancestrais desfrutavam de utensílios rústicos e insumos de qualidade 
para preparar suas refeições, que com o passar dos séculos, juntamente com a evolução, sofreu 
significativas transformações, modificando quase totalmente o espaço da cozinha. Hoje em dia a 
gastronomia, que também possui papel significativo na história, vem buscando realizar o resgate 
dos costumes alimentares baseado em riqueza de sabores e texturas. A alimentação, se bem 
explorada, é capaz de transformar as estruturas da sociedade, da cultura e da economia. 
As feiras são lugares que proporcionam uma enorme variedade e disponibilidade 
de produtos alimentícios, que enriquecem os olhos e o paladar de qualquer cozinheiro. São locais 
que carregam muita história, que contêm pessoas de verdade dispostas a acordar cedo para sair 
em busca do desconhecido, procurando sempre oferecer aquilo de melhor que a natureza 
disponibiliza. 
Assim, a pesquisa conseguiu atingir todos os pontos descritos nos objetivos, tanto 
no geral, como nos específicos, caracterizando um trabalho que traz à tona os discursos sobre o 
26 
 
 
 
desenvolvimento dos centros urbanos relacionados com a trajetória dos espaços tradicionais 
destes. Desse modo, a pesquisadora pôde adquirir maiores saberes a respeitos das feiras e sabores 
quantos aos alimentos que são oferecidos por lá. 
 
 
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