Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS JOSÉ FERNANDO DURIGAN 11ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA 13 a 16 de setembro de 2004 – Centro de Convenções Fortaleza – Ceará – Brasil Copyright © FRUTAL 2004 Exemplares desta publicação podem ser solicitados à: Instituto de Desenvolvimento da Fruticultura e Agroindústria – Frutal Av. Barão de Studart, 2360 / sl: 1305 – Dionísio Torres Fortaleza – CE CEP: 60120-002 E-mail: geral@frutal.org.br Site: www.frutal.org.br Tiragem: 150 exemplares EDITOR INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO DA FRUTICULTURA E AGROINDÚSTRIA – FRUTAL DIAGRAMAÇÃO E MONTAGEM PEDRO MOTA RUA HENRIQUE CALS, 85 – BOM SUCESSO – FONE: 484.4328/9105.5093 Os conteúdos dos artigos científicos publicados nestes anais são de autorização e responsabilidade dos respectivos autores. Ficha Catalográfica Durigan, José Fernando. Processamento mínimo de frutas e hortaliças / José Fernando Durigan – Fortaleza: Instituto Frutal, 2004. 69 p. 1. Frutas – Processamento Mínimo. 2.Hortaliça – Processamento Mínimo. I. Título. CDD 664 11ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA 13 a 16 de setembro de 2004 – Centro de Convenções Fortaleza – Ceará – Brasil APRESENTAÇÃO O crescimento atual do Agronegócio brasileiro se deve ao fato do alto grau de desenvolvimento tecnológico que o Brasil atravessa no campo e que o tem destacado, em nível mundial, com as maiores áreas plantadas e maiores produtividades para vários produtos agrícolas, além do significativo aumento das exportações o que tem contribuído para o saldo positivo da nossa balança comercial. Considerando estes fatos, o INSTITUTO FRUTAL tem procurado caminhar em paralelo na sua função de Entidade de fomento tecnológico aos produtores e realizado, a cada ano no EVENTO FRUTAL, cursos técnicos com temas de interesse da classe rural destacando as mais recentes informações de cada tema escolhido. Esta APOSTILA é fruto desta preocupação. Ela traz as informações mais recentes deste tema e corresponde ao conteúdo abordado no curso promovido por ocasião da FRUTAL 2004. Esperamos que as informações aqui contidas possam contribuir com o desenvolvimento de cada pessoa que tenha participado do curso ou que tenha adquirido estas informações para uso na melhoria de sua atividade rural. A seleção dos temas é fruto de avaliações que realizamos durante cada evento e que serve de parâmetro para a construção da programação da Frutal seguinte. Com isto estamos procurando atender os interesses da maioria dos participantes do evento o que nos deixa convicto do acerto tendo em vista, o aumento anual de visitantes ao Frutal. Toda a Programação Técnica da Frutal é referendada por uma Comissão Técnica Cientifica, formada por membros das diversas Instituições/Órgãos/Entidades federais e Estaduais ligadas ao setor, que tem sido decisivo na qualidade deste produto oferecido aos produtores rurais de todo o país. Vale destacar que a FRUTAL 2004 trouxe para reforçar seu aspecto tecnológico e sedimentá-lo como evento internacional e maior evento da fruticultura brasileira, dois eventos importantes internacionais: a AGRIFLOR BRASIL, que acontece pela primeira vez no Brasil e que vem acontecendo há 16 anos em 8 países e que é maior evento de Flores do mundo, promovido pela empresa holandesa HPP Worldwide que é o maior promotor de feiras de flores do mundo e o III Simpósio Internacional de Frutas Tropicais e Subtropicais com inscrição de mais de 240 trabalhos de pesquisas de pesquisadores de mais de 20 países e palestras de especialistas de 10 países. Desejamos então, que com a publicação desta APOSTILA estejamos contribuindo com a disseminação dos mais recentes avanços tecnológicos do Agronegócio brasileiro e que sirva de instrumento para a melhoria da qualidade de vida do homem do campo. Antonio Erildo Lemos Pontes Coordenador Técnico do Evento Frutal Diretor Técnico do Instituto Frutal 11ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA 13 a 16 de setembro de 2004 – Centro de Convenções Fortaleza – Ceará – Brasil COMISSÃO EXECUTIVA DA FRUTAL 2004 Euvaldo Bringel Olinda PRESIDENTE DA FRUTAL 2004 Idealizador da Frutal, e do SINDIFRUTA, produtor, Engenheiro Pós-Graduado em Administração e Negócios. Presidente do Instituto Frutal, Ex-diretor da PROFRUTAS – Associação dos Produtores e Exportadores de Frutas do Nordeste e do IBRAF – Instituto Brasileiro de Fruticultura e das Federações FAEC e FACIC. Afonso Batista de Aquino COORDENADOR GERAL DA FRUTAL 2004 Engenheiro Agrônomo, Pós-graduado em Nutrição de Plantas pela Universidade Complutense de Madrid-Espanha, com especialização em Fertilidade do Solo, Extensão Rural e Marketing em Israel e Espanha. Diretor Geral do Instituto Frutal em duas gestões Coordenador Geral da Frutal desde 1998. Antonio Erildo Lemos Pontes COORDENADOR TÉCNICO DA FRUTAL 2004 Engenheiro Agrônomo com vasta experiência de trabalho voltado para Fruticultura Irrigada, com especialização em Agricultura Irrigada por Sistema Pressurizado em Israel e Especialização em Gestão Ambiental pela Universidade de Fortaleza - UNIFOR, Membro Efetivo do IBGE/GCEA do Ceará, Consultor do SEBRAE-CE na Área de Agronegócio da Fruticultura, Coordenador Titular do Nordeste no Fórum Nacional de Conselhos de Consumidores de Energia Elétrica e Coordenador Técnico da Frutal desde sua primeira edição em 1994. 11ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA 13 a 16 de setembro de 2004 – Centro de Convenções Fortaleza – Ceará – Brasil COMISSÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA DA FRUTAL 2004 Afonso Batista de Aquino INSTITUTO FRUTAL Almiro Tavares Medeiros UFC/CCA Anísio de Carvalho Júnior SENAR Antonio Erildo Lemos Pontes INSTITUTO FRUTAL Antonio Vieira de Moura SEBRAE/CE Aristides Braga Mendes INCRA César Augusto Monteiro Sobral AEAC César Bezerra de Sena AGRIPEC Cézar Wilson Martins da Rocha MAPA Daniele Souza Veras AGRIPEC Egberto Targino Bonfim EMATERCE Eleonora Silva Guazzelli DNOCS Enid Câmara PRÁTICA EVENTOS Euvaldo Bringel Olinda INSTITUTO FRUTAL Francisco Antônio Souza de Aragão EMBRAPA Francisco de Assis Bezerra Leite CREA-CE Francisco Eduardo Costa Magalhães BANCO DO BRASIL Francisco Ferrer Bezerra FIEC/INDI Francisco José Menezes Batista SRH Francisco Marcus Lima Bezerra UFC/CCA Francisco Zuza de Oliveira SEAGRI/CE Gerardo Newton de Oliveira INSTITUTO CENTEC Gilson Antônio de Souza Lima CONAB-CE Glória Ribeiro PRÁTICA EVENTOS Guido Colares Filho INSTITUTO AGROPÓLOS DO CEARÁ Jane Alves de Moraes SETUR João Nicédio Alves Nogueira OCEC/SESCOOP José de Souza Paz SEAGRI/CE José dos Santos Sobrinho FAEC/SENAR José Ferreira da Silva – Murilo CREA-CE José Ismar Girão Parente SECITECE José Luciano Sales COOPANEI José Maria Freire CHAVES S/A MINERAÇÃO E INDÚSTRIA José Maria Marques de Carvalho BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S.A Josimar Landim INCRA-CE Joviniano Silva DFA/CE Marcelo Neiva Pereira DFA-CE Marcílio Freitas CEASA Raimundo Reginaldo Braga Lobo SEBRAE-CE Ronaldo Lima Moreira Borges AEAC Viviane de Avelar Cordeiro INSTITUTO CENTEC 11ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA 13 a 16 de setembro de 2004 – Centro de Convenções Fortaleza – Ceará – Brasil SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................................7 2. HORTALIÇAS ................................................................................................................83. FRUTAS.......................................................................................................................18 4. MONTANDO A AGROINDÚSTRIA ..............................................................................48 5. PADRÃO DE QUALIDADE ..........................................................................................51 6. LITERATURA CONSULTADA......................................................................................57 7. INSTALAÇÃO DA UNIDADE PRODUTORA................................................................64 8. CURRÍCULO DO INSTRUTOR....................................................................................69 11ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA 13 a 16 de setembro de 2004 – Centro de Convenções Fortaleza – Ceará – Brasil 1. INTRODUÇÃO Produtos hortícolas minimamente processados são frutas e hortaliças, colhidos e submetidos a um processo industrial que envolve as atividades de seleção e classificação da matéria prima, pré-lavagem, corte, fatiamento, sanitização, enxágüe, centrifugação e embalagem, visando obter um produto fresco e saudável e que, na maioria das vezes, não necessita de preparo para ser consumido. Embora o consumo brasileiro de produtos minimamente processados seja ainda muito pequeno, tem-se observado um rápido crescimento do setor nos grandes e médios centros urbanos, com tendência de expansão. Muitos vegetais, já cultivados no Brasil apresentam características desejáveis ao processamento mínimo, como couve, alface, cenoura, brócolis, melancia, melão, abacaxi, goiaba, manga, carambola e jaca, e são bem aceitos por consumidores que buscam alimentos naturais, e com a conveniência de estarem prontos, com boa qualidade e higiene. Este mercado, além do atendimento individual, através de empresas distribuidoras como os supermercados, as lojas de conveniência e outras similares, também é integrado por cozinhas industriais, refeitórios, fast food, restaurantes e empresas de catering. Produtores interessados em exportar seus produtos para países em que a aceitação de produtos minimamente processados é alta e pouco explorada pelos investimentos nacionais, terá de tomar muitos cuidados com a qualidade, pois estes mercados e mesmo o brasileiro, exigem que sejam adotados procedimentos de gestão de qualidade, principalmente o de análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC). Este desafio é um negócio promissor. O consumo de produtos minimamente processados tem aumentado em todo o mundo. Nos Estados Unidos os valores movimentados são da ordem de 10 bilhões de dólares e é responsável pelo preparo de cerca de 10% do volume comercializado de frutas e hortaliças frescas. Este valor deverá aumentar para cerca de 20% nos próximos 10 anos. No estado de São Paulo o consumo de produtos minimamente processados já representa 3% do valor dos produtos consumidos na forma fresca. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 7 Não se pode esquecer que em todo o empreendimento e, de modo especial nos de pequeno porte, o sucesso de uma agroindústria de produtos minimamente processados depende do bom funcionamento das várias etapas da cadeia produtiva, desde o fornecimento da matéria prima no início, passando pelo processo de industrialização dos diferentes produtos, até a eficiente comercialização do produto acabado, no estádio final. 2. HORTALIÇAS 2.1 - Matéria Prima Para que se tenha a produção de bons produtos é fundamental que se trabalhe com matéria prima de no mínimo boa qualidade e que estas sejam adequadamente manuseadas. Cultivares A quantidade e variedade de cultivares melhoradas, visando o processamento mínimo, ainda são bastante reduzidas no Brasil, fazendo com que se utilize as que melhor se adaptem ao processamento. É importante que estas cultivares tenham boa aclimatação, bom rendimento e que sejam bem aceitas pelo público consumidor. Os grupos mais utilizados na agroindústria de processamento mínimo são: folhosas, como rúcula, almeirão, alface, couve, repolho, agrião; bulbos, raízes e tubérculos, como cebola, alho, cenoura, beterraba, mandioquinha-salsa, batatinha e batata-doce; frutos, como pepino, abóbora, feijão-vagem, pimentão; e inflorescências, como couve-flor e brócolis. A alface é uma hortaliça muito aceita pelos consumidores e apresenta várias cultivares de diversos grupos, que podem ser cultivadas sob condições de campo, estufas e hidroponia durante o ano todo. As principais cultivares se distinguem pela textura, cor das folhas, compacidade da cabeça e tamanho das plantas. Cultivares com cabeça compacta são as que melhor se adaptam ao processamento mínimo, como a ′Iara′, a ′Tainá′ e a ′Elisa′ do grupo americano. Aquelas que não formam cabeças são mais indicadas para processamento que as conserva inteiras, pois são mais resistentes. A couve produz folhas que são consumidas na forma de saladas ou cozidas, sempre fatiadas ou rasgadas. As cultivares do grupo Manteiga são as mais populares. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 8 A cenoura é de cultivo anual e suas raízes são consumidas raladas, fatiadas, em cubos, palitos e mais recentemente como mini-cenouras. As principais variedades são distinguidas pelo formato da raiz, cilíndrico ou cônico, pela coloração externa da ramagem e pela época em que é cultivada. A cultivares que melhor se adaptam ao processamento mínimo são as com raízes cilíndricas. O pepino apresenta enorme variação entre as cultivares, com os tipos japonês, caipira, comum ou aodai e conserva ou indústria. O japonês é o que melhor se adapta ao processamento mínimo, pois além de poder ser cultivado o ano todo em estufa, suas rodelas não se partem após o corte. As vagens têm grande aceitação popular e os frutos de suas cultivares se distinguem pelo formato, elíptico (grupo Manteiga) ou redondo (grupo Macarrão). Quanto ao processamento, a aceitação está ligada aos hábitos de consumo. A couve-flor e os brócolis são inflorescências e sua adaptação ao processamento mínimo é função da compacidade das “cabeças”, que quanto mais compactas melhores, pois resistem mais ao processamento, e se conservam por mais tempo. 2.2 - Processamento O processo de produção dos minimamente processados passa por diversas etapas, como manejo pós-colheita, seleção, lavagem, corte ou fatiamento, enxágüe, sanitização, centrifugação, seleção, embalagem e armazenamento. O resultado, quando adequadamente conduzido e de maneira a se priorizar a qualidade, é um produto sem microrganismos patogênicos ao ser humano, e com ótimos atributos de consistência, coloração, frescor e ausência de defeitos. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 9 O fluxograma mostrado na Figura, a seguir dá uma idéia geral das etapas a serem realizadas. MANEJO NA ÁREA SUJA Manejo pós-colheita: Depois de colhidas, as hortaliças devem ser transportadas imediatamente para a unidade processadora ou mantidas em condições que evitem murchas ou ressecamento.O ideal seria que durante a colheita já se fizesse uma limpeza das partes não aproveitáveis, com lavagem e pré-resfriamento, ainda no campo. O transporte e outras operações como carga e descarga, assim como a recepção devem ser cuidadosamente realizadas, evitando-se choques bruscos e fortes. Seleção e Classificação: Deve-se fazer a eliminação de materiais impróprios para consumo, como muito sujos, apodrecidos ou atacados por insetos, assim como partes que não serão processadas, como pedúnculos, talos, restos vegetais e partes estragadas ouvelhas. Esta seleção deve ser feita em ambiente adequadamente iluminado, usando-se mesas e, se necessário, facas de aço inoxidável, limpas e sanitizadas com cloro. Esta operação pode ser feita durante o descarregamento das caixas e a lavagem. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 10 Fluxograma para o processamento mínimo de hortaliças Recepção da Matéria Prima Á R E A S U J A Seleção e Classificação Pré-Lavagem Processamento Enxágüe Sanitização Centrifugação Embalagem Á R E A L I M P A Armazenamento Comercialização FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 11 Lavagem: Usando-se água limpa e de boa qualidade, a lavagem deve visar a eliminação de todas as sujidades, insetos e outras impurezas. Pode-se usar tanque plástico ou de aço inoxidável, por imersão ou água corrente, e usando-se detergente próprio para alimentos. Quando feita por imersão em tanques, a água deve ser trocada 3-4 vezes por dia, em ambiente coberto e limpo. Os vegetais limpos são transferidos para a área de processamento, em caixas limpas, higienizadas e reservadas para esta este fim, e quando necessário, mantidos sob condições refrigeradas. Manejo na área limpa Descascamento e Corte: Este processo pode ser feito usando-se descascadores manuais, previamente higienizados com cloro, ou através de máquinas especiais. As máquinas utilizadas dependem da matéria prima, como o descascamento por abrasão para batata, cenoura e cebola, o corte por laminas para folhas e cebolas, a cubetagem para chuchu e abóbora e a trituração para cebola e alho. Alguns produtos podem apresentar escurecimento nesta fase, como as batatas, o que exige tratamentos especiais e principalmente uma seqüência bem ajustada e rápida. A temperatura deste local deve ser de 12-14 ºC, o que pode ser conseguido com a instalação de aparelhos de ar condicionado ou trabalhando-se com aparelhos especialmente dimensionados. A potência a ser instalada e a instalação dos aparelhos vai depender do tamanho e localização da fábrica. Cada produto deverá ter o tipo de preparo adequado. A cebola e o alho podem ser triturados, enquanto que a alface poderá ser fatiada com 3-5 mm ou deixada em folhas inteiras, enquanto que a couve é cortada em fatias com 1-3 mm. Cenoura e beterraba são cortadas em fatias com 3 mm de espessura, cubos com 10 mm de lado ou rodelas com 3 mm, ou ainda raladas. A vagem é picada em pedaços de 20 mm e o pepino é cortado em rodelas finas de 1-3 mm. Os floretes de brócolis e couve-flor são separados manualmente e seus talos cortados. Enxágüe: Os materiais cortados devem ser enxaguados com água a baixa temperatura (4-6 ºC), para remoção do suco celular liberado e resfriamento. Utiliza-se de 5-10 litros de água por quilo de produto processado. Sanitização: Esta operação, também chamada de higienização, consta da imersão do produto em solução contendo cloro, na concentração de 100-150 mg de cloro livre por FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 12 Litro de água limpa e a 5 ºC, por cerca de 10 minutos. A solução de cloro deve ser obtida usando-se sanitizantes próprios para alimentos e permitidos pela legislação (ANVISA), os quais são facilmente encontrados no mercado. Produtos não permitidos podem conter resíduos tóxicos. A solução deve ser preparada observando-se o exemplo de cálculo, para produto comercial com 3% de cloro ativo, ou seja: Para preparar a solução a 150 mg/L, seriam utilizadas 150mg de produto, se este tivesse concentração de 100%, mas como tem só 3%, faz-se a conta 150mg x 100% ÷ 3% = 5000mg ou 5g do produto comercial por litro de água. Recomenda-se que esta solução seja trocada, depois de usada por 2-3 vezes ou quando o nível de cloro for menor que 100 mg/Litro. Esta solução também deve ter seu pH mantido entre 6,5 e 7,5, que é necessário para a atuação adequada do cloro como desinfetante. O monitoramento da concentração de cloro e do pH pode ser feito usando-se kits facilmente encontráveis em lojas que comercializam piscinas. O pH deve ser verificado a cada 2 horas e, se necessário, ajustando-se com solução de NaOH (4g/L), se ele estiver abaixo de 6,5, ou de ácido cítrico (19,2 g/L), se ele estiver acima de 7,5. Centrifugação: Esta etapa é necessária para a retirada do excesso de água presente no alimento, após a lavagem e sanitização. Deve ser realizada em centrífugas industriais construídas em aço inox. A centrifugação é feita por 3-10 minutos, dependendo do produto e da velocidade da centrífuga. Os produtos cortados muito finos (couve, alface) devem ser centrifugados dentro de sacos de nylon, o que facilita muito o manuseio. As centrífugas devem ser higienizadas com solução de cloro a 50 mg/L. Produtos que não resistem a este processo devem ser escorridos por 3-5 minutos. Seleção e Classificação: Os produtos prontos para serem embalados devem ser criteriosamente selecionados, em mesas de inox ou equipamento adequado, higienizados com cloro a 50 mg/L, antes desta operação. Os operadores devem estar adequadamente protegidos com gorros, máscaras, aventais e luvas, assim como os instrumentos manuais utilizados, como facas e pinças. Nesta operação deverão ser retirados todos os pedaços indesejáveis, como pedaços de talo, e todos os com marcas indesejáveis, como pintas escuras. Faz-se também uma classificação dos pedaços visando a uniformização dos mesmos quanto a aparência, tamanho e espessura. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 13 Embalagem: As hortaliças continuam respirando depois de preparadas e portanto, consumindo oxigênio e liberando gás carbônico e etileno,o que alterará a atmosfera das embalagens em que forem acondicionadas. É muito importante o uso de embalagens adequadas para cada produto, as quais podem contribuir para controlar de maneira favorável a atmosfera das embalagens e permitir a injeção de misturas gasosas conservadoras, que reduzirão a respiração, aumentando a vida útil dos produtos. Tem-se recomendado: Folhas de alface inteiras ou picadas, o uso de filmes plásticos com baixa permeabilidade a gases, como o polietileno de baixa densidade (PEBD) ou o polipropileno bi-orientado e com bi-camada (BOPP), com injeção de atmosfera. Folhas de couve picadas, o filme indicado é o PEBD, com transmissão de gases de 17.000 cm3/m2.dia, sem adição de gases ou vácuo. Tubérculos, raízes e vagem, em naylon multicamadas com vácuo. Brócolis e couve-flor em filmes de PEBD com transmissão de 17.000 cm3/m2.dia, com vácuo.Rúcula, em filmes de PEDB com baixa permeabilidade, 7000 cm3/m2.dia. Não se deve esquecer que as indicações são baseadas na experiência dos produtores e pesquisadores brasileiros ou em informações internacionais. No varejo tem-se utilizado embalagens 18x32 cm, com 200-300 g., e para o suprimento institucional, embalagens 40x50 cm., com 2-5 kg. A embalagem deve permitir a rotulagem, que tem efeito importante na comercialização, além de informações obrigatórias, como prazo de validade, tipo de produto, local do processamento, informações nutricionais, condições ideais de utilização e conservação, cuidados na reutilização e improbidade para o consumo, conforme a Portaria no 42 de 13/01/1998 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e a Resolução RDC no 40 de 21/03/2001, além de poder conter informações que chamem a atenção dos consumidores. Não se admite o uso de informações enganosas e todo rótulo ou meio de propaganda deve ser previamente submetido ao Serviço de Vigilância Sanitária. Pode-se conseguir auxílio para a rotulagematravés da ANVISA (www.anvisa.gov.br). FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 14 Etiquetagem: O produto deve ser imediatamente etiquetado após a pesagem, devendo ser rápida, para evitar que o produto saia da cadeia de frio. Deve-se também, fazer a separação por lotes, em função da distribuição. Isto evita que as embalagens sejam manuseadas várias vezes, o que pode danificar o produto e diminuir sua vida de prateleira. A utilização de código de barras facilita a administração dos estoques e das vendas. Armazenamento: Depois de embalado e etiquetado, o produto deve ser armazenado em câmaras providas de isolamento interno e com máquinas produtoras de frio capazes de mantê-los refrigerados à temperatura desejada. Aproveitamento de resíduos: No processamento mínimo, cerca de 50% do peso de hortaliças recebidas é descartado como resíduo e é composto basicamente de cascas, talos, folhas e outros materiais descartados. Este material não pode ser usado para consumo humano, mas presta-se muito bem para a alimentação animal ou compostagem. 2.3 - Mini Cenouras A cenoura é uma das hortaliças mais apreciadas no mundo, assim como no Brasil, e ela pode ser processada na forma de palitos, rodelas, cubos, ou ralada. Uma nova modalidade tem aparecido e é conhecida como minicenouras ou baby, cujo valor agregado é muito alto e, portanto, recebendo preços bastante elevados. A matéria prima para este produto já existe no país com qualidade muito boa, e as cultivares indicadas são a Alvorada e a Nantes Forto, por possuírem a coloração do xilema e do floema alaranjado intenso e bastante uniforme, e com quase total ausência de ombro verde e miolo branco. São utilizadas as raízes 1A ou “primeirinha” que possuem valor comercial inferior e diâmetro de aproximadamente 2,5 cm. Depois da colheita, feita preferencialmente nas horas mais frescas do dia, elas devem ser mantidas na sombra e transportadas rapidamente à unidade processadora. O produto deve ser cuidadosamente transportado e logo após a recepção, ser lavado com água limpa corrente e de boa qualidade, a fim de se eliminar resíduos de solo e de matéria orgânica. Nesta operação pode-se também fazer uma seleção, com eliminação de todas as raízes que não se prestam a este processamento, seja devido ao formato, coloração ou presença de podridões ou lesões mecânicas. Em seguida, as cenouras selecionadas FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 15 devem ser refrigeradas, usando-se água fria (5 ºC), para retirada de parte do calor de campo. As cenouras, com 2,5 cm de diâmetro, depois de lavadas e refrigeradas são cortadas com 6 cm de comprimento para a produção de “cenourete” ou 2,5-3,0 cm para a produção de produto esférico ou “catetinho”. O produto cortado é colocado na primeira torneadora, que é mais abrasiva, e tratada por 1,5 minutos. Após este período, o material é transferido para a segunda torneadora, que possui lixas mais brandas e dá o devido acabamento, aonde é trabalhada por mais 1 minuto. As torneadoras foram desenvolvidas e são patente da Embrapa Hortaliças. A sanitização ou higienização consta da imersão do produto em solução contendo 100-150 mg de cloro ativo por litro de água limpa, a 1-5oC, por aproximadamente 10 minutos. A operação de enxágüe é feita utilizando-se água clorada a 10 g /L e a centrifugação a 800xG por 15-20 segundos. A embalagem é feita a vácuo, em filme com baixa permeabilidade a gases, como os de nylon multicamadas cuja permeabilidade é de 9.000 cm3/m2.dia para o gás carbônico, de 3.000 cm3/m2.dia para o oxigênio e de 0,65 g/m2.dia. Quando as minicenouras são acondicionadas usando-se selagem simples o filme utilizado é o PEBD com 10mm de espessura e fechamento por seladora. Este produto deve ser armazenado e comercializado a 2-5oC. A comercialização, geralmente é feita em pacotes com 250-300 g., em balcões frigoríficos. Sua vida útil média é de 15-20 dias. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 16 Fluxograma para o processamento mínimo de minicenouras: Á R E A S U J A Recepção Seleção e Classificação Lavagem Preparo Diâmetro= 2,5-3,0 cm Comprimento= 6,0 (cenourete) ou 2,5-3,0 (catetinho) Torneadora 1 Lixa grossa (1,5 min.) Torneadora 2 Lixa fina (1 min.) Sanitização, Enxágüe, Centrifugação, Embalagem Comercialização Armazenamento A qualidade, principalmente quanto a segurança microbiana e ausênci deixou de ser uma exigência dos órgãos governamentais, para se tornar fundamental e indispensável para garantir a competitividade. Deve-se mante organoléptica, com controle da microbiota contaminante. Envolve também a matéria prima e as condições do processamento. Isto torna muito importante Qualidade Total, para que se atenda o exigido pela legislação, que é a alimentos em geral, uma vez que não existem regras definidas p minimamente processados. Estes produtos geralmente têm vida útil FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS Á R E A L I M P A a de resíduos, ma estratégia r a qualidade qualidade da a Gestão da utilizada para ara produtos de 4-7 dias, 17 dependendo das condições de processamento, mas deve ser expandida para cerca de 15 dias. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o Ministério da Saúde estabeleceram, em conjunto com a Confederação Nacional das Indústrias e o SEBRAE, em 28/04/2004, o programa nacional de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle - APPCC na indústria de alimentos, hoje denominado Programa de Alimentos Seguros – PAS, visando analisar todos os perigos que podem ocorrer em todas as etapas da cadeia produtiva e estabelece o controle dos mesmos em determinados pontos chave do processo, denominados de Pontos Críticos de Controle – PCC. A adoção destes programas permitirá que os pacotes produzidos por uma unidade processadora sejam seguros ao consumo. 3. FRUTAS 3.1 - Processamento Mínimo do Abacaxi Enga Agra Bianca Sarzi, MS, Doutoranda FCAV - Jaboticabal - UNESP 3.1.1 - Introdução O abacaxi (Ananas comosus), é proveniente de regiões tropicais e subtropicais e é muito consumida em todo o mundo, tanto ao natural quanto na forma de produtos industrializados. Suas excelentes características qualitativas se refletem na sua importância sócio-econômica. As cultivares mais plantadas no Brasil são a ‘Pérola’ e a ‘Smooth Cayenne’, sendo a ‘Pérola’ considerada insuperável para o consumo ao natural, graças a sua polpa suculenta e saborosa. O abacaxi é uma fruta não climatérica, ou seja, deve estar no estádio ótimo de amadurecimento para consumo por ocasião da colheita, pois ao ser destacado da planta ele perde sua capacidade de amadurecimento e passa a apresentar queda na taxa respiratória. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 18 No Brasil, mais de 90% do abacaxi produzido é consumido in natura, com perdas ao redor de 10-15% do produto colhido. Esta perda e a falta de incentivo para sua produção podem ser, em parte, atribuídas à falta de conveniência desta fruta, que exige descasque trabalhoso e com escorrimento de líquido, contenção em vasilhame adequado e equipamento próprio para consumo. Seu consumo poderia ser ampliado, se seu grau de conveniência para os consumidores fosse aumentado, ou seja, se ele pudesse ser comercializado já descascado e/ou na forma de rodelas, em embalagens que permitissem o consumo direto e facilitassem sua utilização em serviçosde bufete, restaurantes ou lojas de fast food. 3.1.2 - Descrição das Etapas do Fluxograma Colheita e transporte - os frutos de abacaxi devem ser colhidos com qualidade e ponto de maturação adequado ("pintado" para o ‘Pérola’ e maduro para o ‘S. cayenne’), pois é neste ponto que apresentam as melhores características para o consumo. Os frutos devem ser transportados para a planta de processamento, com todo cuidado e em, no máximo, 24 horas após a colheita. Recebimento do produto - por ocasião do recebimento, os frutos devem ser novamente selecionados, para tornar o lote mais uniforme quanto ao grau de maturação e eliminar frutos ou partes com danos mecânicos ou podridões. Em seguida, as coroas são cortadas, deixando-se um pedaço com aproximadamente 2cm, para evitar a entrada de patógenos e minimizar o estresse. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 19 Lavagem com detergente - os frutos selecionados são então lavados com detergente neutro comum, que têm como ingrediente ativo o alquil benzeno sulfonato de sódio, e água corrente. Enxágüe com água clorada - após a lavagem, os frutos serão imersos, por 5 minutos, em água fria (5oC) contendo 200 mg de cloro.L-1 (100 mL de água sanitária em 10 L de água), para desinfecção e retirada de parte do calor de campo. Câmara fria - em seguida os frutos serão mantidos no ambiente de processamento a 12oC, previamente lavado e higienizado com solução de cloro a 200 mg.L-1, pelo período de 12 horas, para completar o abaixamento da temperatura. Processamento - deve ser feito a 12oC, com os utensílios (facas, baldes, escorredores, etc...) previamente higienizados, com solução de cloro a 200 mg.L-1. Os operadores devem estar protegidos com luvas, aventais, gorros e máscaras, procurando proteger ao máximo o produto de prováveis contaminações. Os frutos podem ser submetidos a vários tipos de preparo, com destaque para os descascados e cortados em rodelas de 1,5 cm de espessura ou descascados e cortados em metades longitudinais. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 20 Fluxograma para o Processamento do Abacaxi (Sarzi & Durigan, 2002) Lavagem com detergente Enxágüe com água fria clorada Câmara fria a 10ºC por 12h Processamento a 10ºC Rodelas Metades Enxágüe com água clorada Escorrimento por 2-3 min. Embalagem Transporte (3 - 6ºC) Recebimento do produto Rendimento 61,84% Colheita e transporte Armazenamento (3 - 6ºC) FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 21 Enxágüe com água clorada - para eliminar o suco celular extravasado, os pedaços devem ser enxagüados com água clorada (20 mg de cloro.L-1). Escorrimento - os pedaços devem ser escorridos por 2-3 minutos, para se eliminar o excesso de umidade. Embalagem - podem ser utilizadas embalagens plásticas de polietileno tereftalatado (PET), ou bandejas de isopor recobertas com filme esticável de cloreto de polivinila (PVC). Armazenamento - os produtos devem ser armazenados em condições refrigeradas. Esta temperatura deve ser mantida durante o transporte, o armazenamento e a comercialização. As temperaturas entre 3ºC e 6ºC são as que possibilitam a maior vida útil. Transporte - os produtos devem ser transportados rapidamente e sob refrigeração (3-6ºC), evitando-se qualquer falha na cadeia de frio. 3.1.3 - Recomendações O abacaxi também permite outros tipos de preparo, como o corte em cubos, em rodelas sem o cilindro central, em metades longitudinais com casca ou em metades transversais. O processamento mínimo pode também ser feito para o aproveitamento de partes de frutos que não estejam lesionados ou deformados. O processamento desta fruta leva a alterações químicas, físicas e organolépticas, fazendo com que se tenha perda de vitaminas, cujo indicador é a C, havendo também escurecimento provocado por reações enzimáticas e não enzimáticas, além de alterações organolépticas. Por este motivo, a escolha dos equipamentos e dos métodos para processamento é fundamental para a manutenção de suas características de qualidade. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 22 A imersão dos pedaços em solução de ácido ascórbico, o qual é antioxidante, tem como função específica retardar ou impedir a deterioração dos mesmos por oxidação, em especial o escurecimento. Como sugestão de equipamentos tem -se: - Descascador cilíndrico de abacaxi (manual) - de aço inóx e plástico que retira, simultaneamente, a casca e o miolo do abacaxi. - Mult abacaxi - retira o miolo do abacaxi manualmente; plástico (Plastimax). - Descascador de abacaxi - manual ou pneumático de aço inoxidável, p/ descascar e retirar o talo do abacaxi com produção média de 4000 a 5000 frutos/dia (MECAMAU Equipamentos para Indústrias Alimentícias). - Fatiador - com facas de aço inoxidável e produção média de 5000 frutos/dia. (MECAMAU Equipamentos para Indústrias Alimentícias). - Raspadeira de casca – construída em aço inoxidável, permite aproveitar o suco retido na casca retirada dos abacaxis, durante a operação de descasque. Produção de 4000 – 5000 frutos/dia (MECAMAU Equip. Indústrias Alimentícias). 3.2 - Processamento Mínimo de Carambola Eng. Agr. Gustavo H. de A. Teixeira, MS, Doutorando FCAV - Jaboticabal – UNESP 3.2.1 - Introdução A carambola (Averrhoa carambola L.) é um fruto tropical originário do Sudeste asiático, que atualmente está distribuído em todo o mundo. A caramboleira foi levada na pré-história para a Índia, Filipinas e outros países asiáticos. Esta foi introduzida na África e nas Américas, sendo relatada no Rio de Janeiro em 1856, e na Flórida e Trinidad e FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 23 Tobago em 1887, sendo levada ainda para o Hawai, após 1789, para a Austrália, no final do século XIX e para as ilhas Canárias em 1881. Poucos países são citados como produtores comerciais de carambola, sendo, em sua maioria, países asiáticos. Em 1989, o Taiwan era o maior produtor, com 2.875 ha, seguido da Malásia, com 896 ha, que apresentava exportações regulares para a Europa e outros países asiáticos. Nas Américas, a Guiana era o maior produtor, com cerca de 500 mil plantas. Todavia, os Estados Unidos apresentam uma produção regular, na Flórida, onde este fruto foi introduzido há mais de um século e possui uma área estimada em 400 acres, com uma produção de cinco milhões de libras peso de carambolas embaladas. O Brasil, em 1989, possuía uma área plantada com esta fruta de aproximadamente 300 ha, cujas plantas, na maioria eram provenientes de pés-francos. Somente na última década surgiram plantios, no estado de São Paulo, originários de plantas enxertadas, o que aumentou a oferta desta fruta nos mercados e uma pequena exportação. Além de ser consumida como fruta fresca, o grande atrativo para o uso da carambola no mercado de minimamente processados é sem dúvida a forma de estrela que ela apresenta após o corte transversal. Estes podem ser usados em saladas e na decoração de drinks e como elemento decorador na culinária. Todavia, o principal problema para o uso de carambolas na produção de produtos minimamente processados (PMP) é sua suscetibilidade ao escurecimento, induzido pelo oxidação dos compostos fenólicos e catalizado por enzimas oxidativas, principalmente a PPO. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 24 Fluxograma para o Processamento Mínimo de Carambola(Teixeira & Durigan, 2002) Colheita Seleção, padronização e lavagem Sanitização (200 mg Cl.L-1, por 5 min.) Enxágüe (água clorada) Escorrimento por 2 min. Rendimento de ou 7 pedaços por Armazenamento t(uma noite 12oC ) Embalar Transporte e armazenamento Corte a12 oC FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 25 3.2.2 - Descrição das Etapas do Fluxograma Colheita e transporte: Como o citado, a carambola apresenta problema de escurecimento. Deste modo, deve-se tomar todo o cuidado para evitar o seu aparecimento. Isto começa na colheita, que deve ser realizada com todo o cuidado. Do mesmo modo, o transporte deve ser feito o mais rápido possível e em caixas adequadas, para evitar qualquer dano aos frutos. Seleção, padronização e lavagem: Após a colheita, os frutos devem ser selecionados, retirando-se os danificados e fora do padrão, ou seja, frutos pequenos ou grandes demais e/ou em estádio de maturação inadequado, verde ou muito maduro. Em seguida, deve-se realizar uma lavagem em água corrente e detergente neutro para retirar qualquer fonte de contaminação que possa estar aderida a epiderme dos frutos. Imediatamente são imersos em água clorada, ou seja, contendo hipoclorito de sódio a uma concentração de 200 mg Cl.L-1 (100 mL de hipoclorito de sódio, a 2%, em 10 L de água), por 5 minutos, antes de serem mantidos em câmara fria, a 100C, por uma noite. Esta etapa é muito importante para minimizar o efeito do corte sobre o metabolismo do produto. Corte: O corte deve ser realizado em ambiente refrigerado a 10°C, sob condições higiênicas, com todos os balcões, utensílios e contentores plásticos lavados cuidadosamente e desinfetados com hipoclorito de sódio a 200 mg.L-1, estando os operadores devidamente protegidos com luvas, gorros, máscaras e aventais. Os frutos podem ser cortados manual ou mecanicamente e o rendimento médio pode chegar a 76% ou 7 pedaços por fruto. Após o corte, os pedaços devem receber um enxágüe com água clorada (10 mL de hipoclorito de sódio, a 2%, em 10 L de água), a 100C, deixados escorrer por 2 minutos e então embalados. Embalagem: Existe uma infinidade de embalagens disponíveis no mercado. As mais comuns são o polietileno de baixa densidade, o tereftalato de polietileno (PET), as bandejas de poliestireno cobertas com filme de cloreto de polivinila (PVC), etc. Porém em carambola o uso de sacos poliolefínicos selados a vácuo tem apresentado bons resultados, principalmente evitando o escurecimento e a perda de umidade. Transporte: Depois de serem embalados, os PMP devem ser transportados rapidamente sob refrigeração (3ºC e 6ºC) e deve-se evitar a quebra da cadeia de frio que possa promover o aquecimento do produto. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 26 Armazenamento: Deve ser realizado sob condições refrigeradas com a temperatura mantida entre 3ºC e 6ºC. Para o mesmo, pode-se utilizar câmaras frias e expositores refrigerados. 3.2.3 - Recomendações Ao se processar carambolas deve-se tomar cuidados em relação ao estádio de maturação, uma vez que os frutos maduros são menos resistentes ao processamento, devendo ser utilizado frutos no estádio de maturação verde maduro ou “de vez”. Outro cuidado se dá na escolha das cultivares, uma vez que existe diferença na suscetibilidade ao escurecimento entre elas. As cultivares Fwang Tung, Kary e Hart são exemplos que apresentam pouco escurecimento quando processadas. Vários produtos podem ser utilizados para evitar o escurecimento dos pedaços de carambola, como por exemplo, o ácido cítrico em concentrações de 1,5% a 2,5%, o ácido eritróbico a 2%, o ácido ascórbico a 2% ou suas combinações. Outro produto utilizado é o EDTA de cálcio, a uma concentração de 1.000 ppm,, que é tão efetivo quanto o ácido cítrico a 5%. Do mesmo modo, o uso de embalagens seladas a vácuo pode reduzir o escurecimento, além de diminuir a perda de massa fresca. 3.2.4 – Equipamentos O corte das carambolas pode ser realizado através de máquinas destinadas para o processamento de tomates. Estas podem ser manuais, como a Tomato ProTM Slicer da Redco Inc., que tem opção de corte de 3/16”, ¼” e 3/8”. Outras marcas também têm cortadores manuais, como a Nemco Equipament, Abamaster e a Hubert. Estes cortadores variam de US$ 264,00 a US$ 560,00. Para médios e grandes processadores existem cortadores de tomate automáticos. Como o AB Hällde RG-100, que pode cortar cinco quilogramas por minuto, e o RG-400, que corta entre 10 a 40 quilogramas por minuto. Outro processador automático é o Robot Coupe, comercializado pela Engefood. Estes processadores têm grande rendimento, todavia, deve-se ter em mente o custo de tais aparelhos, que variam de US$ 5.000,00 a US$ 10.000,00. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 27 3.3 - PROCESSAMENTO MÍNIMO DE GOIABA Eng. Agr. Ben-Hur Mattiuz, MS, DR, Professor de Tecnologia da FCAV – Jaboticabal - UNESP 3.3.1 – Introdução A goiabeira (Psidium guajava L.) é uma espécie pertencente à família Myrtaceae e originária das regiões tropicais americanas. Segundo pesquisas, o Brasil ocupa o lugar de segundo maior produtor mundial de goiabas com cerca de 275.000 toneladas produzidas por ano. São Paulo é o estado que se destaca no cenário brasileiro, produzindo 65% desse total. É indispensável salientar que nenhuma atividade agrícola, para ser moderna e principalmente competitiva, em nível de mercado, deve estar fundamentada no cultivo de poucas fruteiras como tem ocorrido nos pólos de irrigação do Nordeste brasileiro. Dentre as espécies frutícolas que apresentam condições para exploração em escala comercial, destaca-se a goiabeira, cujos frutos muito apreciados, pelas suas características organolépticas (sabor e aroma) e nutricionais, sendo uma boa fonte de vitamina C, açúcares, fibras e minerais. Nas últimas décadas têm ocorrido mudanças consideráveis nos hábitos alimentares dos brasileiros. A busca de uma alimentação mais saudável, através do consumo de frutas e hortaliças frescas, aliada ao uso de novas tecnologias na indústria de alimentos, permitiu uma demanda crescente de alimentos mais convenientes e frescos, menos processados e prontos para o consumo: os produtos minimamente processados. O consumo desse tipo de produto, segundo pesquisa do Instituto Nielsen, tem crescido, em média, 80% ao ano, desde 1996. Somente no Estado de São Paulo, pesquisas realizadas pelo Ministério de Integração Nacional indicam uma preferência de 32% dos consumidores por produtos minimamente processados e, destes, 71,8% associam esta escolha à higiene. As possibilidades de venda de frutas minimamente processadas em supermercados brasileiros e estruturas afins são muito grandes, dada à possibilidade de virem a integrar as razoáveis cadeias para distribuição já existentes. A goiaba pronta para o consumo, além deste mercado, poderá também atender cadeias de fast-food, lanchonetes e restaurantes, comerciais e industriais, nos quais o espaço para a preparação das suas especialidades é cada vez menor e a procura por produtos naturais, saudáveis e com características nutricionais superiores é cada vez maior. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 28 3.3.2 - Fluxograma para o Processamento Mínimo de Goiabas Mattiuz & Durigan, 2002 COLHEITA dos frutos ARMAZENAMENTO a 22 °C por 2 dias LAVAGEM com detergente HIGIENIZAÇÃO Cloro a 150 ppm CÂMARA FRIA a 12 °C por 1 noite PROCESSAMENTO a 12 °C descasque corte ao meio "RINSE" Cloro a 20 ppm ACONDICIONAMENTO LAVAGEM comdetergente retirada das sementes ARMAZENAMENTO a 3 °C 3.3.3 – Descrição das Etapas do Fluxograma Colheita: as goiabas devem ser escolhidas no estádio de maturação “de vez”, correspondente a coloração verde-mate que é considerado excelente para a comercialização e “ótimo para o consumo”. Depois de cuidadosamente colhidos e acondicionados em caixas, previamente protegidas com papel, folhas ou plástico de FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 29 bolhas, os frutos devem ser transportados, rápida e cuidadosamente, ao packing house, onde deverão ser submetidos a uma nova seleção, visando dar um máximo de uniformidade ao lote. Armazenamento: estes frutos devem ser mantidos em ambiente a ± 22 °C, por dois dias, com a finalidade de proporcionar a evolução da coloração interna dos mesmos e abrandar-lhes a superfície, facilitando assim o descasque. Lavagem e Higienização: a seguir eles deverão ser lavados com água fria e imersos em solução de hipoclorito de sódio a 150 ppm (75 mL de água sanitária em 10 L de água), por 5 minutos, para desinfecção superficial. Câmara Fria: estes os frutos deverão permanecer no local, previamente higienizado, onde serão realizadas as operações de processamento, sob temperatura em torno de 12 °C, por uma noite, a fim de diminuir o metabolismo dos mesmos. Processamento: pessoas treinadas, utilizando proteção adequada (vide item recomendações) e equipamentos desinfetados deverão descascar os frutos, cortá-los longitudinalmente ao meio e eliminar a polpa com as sementes, no ambiente a 12 °C. O rendimento em polpa dura ("casquinha"), geralmente é em torno de 53 %. Rinse ou Enxágüe: as metades ou "casquinhas" devem ser enxaguadas com água clorada (20 ppm) e o escorrimento do excesso de água, em peneiras plásticas, por 2 minutos. Acondicionamento: de imediato, estas metades deverão ser embaladas, acondicionando-as em contentor plástico. Dentre as possibilidades, sugere-se os de tereftalato de polietileno (PET) transparentes, com tampa, e capacidade entre 500 mL e 750 mL (ex.: NEOFORM© N-94). Armazenamento: estas unidades devem ser armazenadas, transportadas e comercializadas a 3 °C em um período máximo de 10 dias, conforme o determinado em trabalhos preliminares (MATTIUZ et al., 2000). FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 30 3.3.4 - Recomendações O cálcio tem recebido atenção, nos últimos anos, principalmente por reduzir a taxa respiratória, atrasar o amadurecimento, estender a vida útil pós-colheita, aumentar a firmeza, e preservar o teor de vitamina C. Aplicações exógenas de cloreto de cálcio a 1% nos produtos minimamente processados de goiaba com o intuito de diminuir a perda de firmeza das metades e estender a vida útil do produto. Para o processamento mínimo de goiaba, recomenda-se a utilização dos seguintes materiais: Luvas; Aventais; Toucas; Máscaras descartáveis; Botas de borracha; Facas e colheres de aço inoxidável; Recipientes plásticos; Descascador manual de laranja, da marca LUCRE, adaptando-o para o descasque das goiabas; Água clorada; Ambiente refrigerado (12 °C) e higienizado; Embalagens; Estrutura de refrigeração. 3.4 - PROCESSAMENTO MÍNIMO DO MAMÃO Enga Agra Bianca Sarzi, MS, Doutoranda FCAV - Jaboticabal – UNESP 3.4.1 – Introdução O mamão pertence à família Caricaceae, que compreende mais de 20 espécies do gênero Carica, em que a mais cultivada é a C. papaya L. Esta fruta possui grande aceitação no mercado internacional e é cultivada, principalmente, nos trópicos. A produção nacional do mamão está baseada em dois grupos: Formosa, que se destina principalmente ao mercado interno, e Havaí, tanto para o mercado interno como para o externo. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 31 O mamão é um fruto climatérico, ou seja, ao ser desligado da planta amadurece, o que leva a um aumento na atividade metabólica. Deve-se destacar que o estádio de maturação é decisivo à vida pós-colheita do mamão, pois se realizada precocemente, o processo de maturação é totalmente prejudicado, mas por outro lado, quando a colheita é efetuada com o produto muito maduro, que apesar de ser mais doce tem vida de prateleira muito pequena e as perdas serão muito elevadas. O mamão é uma fruta bastante consumida, devido a sua excelente aceitabilidade pelos consumidores, além de suas conhecidas características nutricionais, como fonte de vitamina A, cálcio e energia, e auxílio ao processo digestivo. Seu consumo é quase que totalmente na forma in natura, mas é limitado pela inconveniência da necessidade de descasque complicado e uso de serviço adequado para contê-lo e consumi-lo. Seu consumo poderia ser ampliado com pedaços adequadamente embalados, que permitam seu consumo nas mais diferentes ocasiões ou que facilitassem sua utilização nos mais diferentes serviços de alimentação. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 32 3.4.2 - Fluxograma de Processamento do Mamão (Sarzi & Durigan, 2002) Lavagem com detergente Enxágüe com água fria clorada Câmara fria a 12ºC por 12h Processamento a 12ºC Rodelas Metades Enxágüe com água clorada Escorrimento por 2-3 min. Embalagem Transporte (3 - 6ºC) Recebimento do produto Rendimento 88,1% Rendimento 66,2% Colheita e transporte Armazenamento (3 - 6ºC) FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 33 3.4.3 - Descrição das Etapas do Fluxograma Colheita e transporte - os frutos de mamão devem ser colhidos no estádio maduro, com 50% a 75% de casca amarela. Os frutos devem ser transportados para a planta de processamento, com todo cuidado e em no máximo 24 horas após a colheita. Recebimento - os frutos ao serem recebidos, devem ser novamente selecionados, para tornar o lote mais uniforme quanto ao grau de maturação e de danos mecânicos ou podridões. Lavagem com detergente - os frutos depois da seleção são lavados com detergente neutro comum, que tem como ingrediente ativo o alquil benzeno sulfonato de sódio, e água corrente Enxágüe com água clorada - após a lavagem, os frutos serão imersos, por 5 minutos, em água fria (5oC) contendo 200 mg de cloro.L-1, para desinfecção e retirada de parte do calor de campo. Câmara fria - em seguida os frutos serão então mantidos em câmara fria a 12oC, previamente lavada e higienizada com solução de cloro a 200 mg.L-1 (100 mL de água sanitária em 10 L de água) pelo período de 12 horas, para o abaixamento da temperatura. Processamento - deve ser feito a 12oC, com os utensílios (facas, baldes, escorredores, etc...) previamente higienizados, com solução de cloro a 200 mg.L-1. Os operadores devem estar protegidos com luvas, aventais, gorros e máscaras, procurando proteger ao máximo o produto de prováveis contaminações. Os frutos podem ser submetidos a vários tipos de preparo, com destaque para os cortes em metades longitudinais, com as pontas eliminadas, ou em pedaços (5,0 x 2,5 cm ou 2,5 x 2,5 cm) depois de terem as sementes e pontas eliminadas e serem descascados. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 34 Enxágüe com água clorada - para eliminar o suco celular extravasado, os pedaços devem ser enxaguados com água clorada (20 mg de cloro.L-1). Escorrimento - os pedaços devem ser escorridos em superfície do tipo peneira por 2-3 minutos, para se eliminar o excesso de umidade. Embalagem - podem ser utilizadas embalagens de polietileno tereftalatado (PET),plásticas ou bandejas de isopor recobertas com filme de cloreto de polivinila (PVC) esticável. Armazenamento - os produtos devem ser armazenados em condições refrigeradas. Esta temperatura deve ser mantida durante o transporte, o armazenamento e a comercialização. Indicam-se temperaturas entre 3ºC e 6ºC. Transporte - os produtos devem ser transportados rapidamente e sob refrigeração (3ºC e 6ºC), evitando-se qualquer falha na cadeia de frio. 3.4.4 – Recomendações O ponto de colheita do mamão é um fator de grande importância no processamento, pois a polpa do mesmo, deve estar madura, mas ainda firme. Por este motivo, alguns trabalhos foram feitos neste sentido, indicando-se frutos com 50% a 75% da casca amarela. Os pedaços de mamão podem apresentar problema de adesão uns aos outros, o que pode ser resolvido com a aplicação de uma solução protetora de superfície. O mamão “papaya” tem sido utilizado na forma de metades, pois além de aumentar- lhe a conveniência permite que o consumidor visualize o estado de maturação de sua polpa. Os frutos "fêmea" deste tipo, cujo valor comercial é pequeno, também podem ser utilizados e com boa aceitação. O mamão 'Formosa', pelo seu tamanho, é pouco conveniente e é uma boa alternativa ao processamento. Frutos com formato inadequado, também podem ser utilizados. O mercado ainda não oferece equipamentos específicos para o processamento do mamão. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 35 3.5 - PROCESSAMENTO MÍNIMO DE MANGA ENGA AGRA JULIANA R. DONADON – MESTRANDA DA FCAV – JABOTICABAL – UNESP 3.5.1 - INTRODUÇÃO A manga (Mangifera indica L.) é uma espécie originária da Ásia e é produzida nas regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo. Sua comercialização é quase que exclusivamente in natura. As variedades de manga mais cultivadas no Brasil, são as de origem norte americana, que se destacam pela ausência de fibra, rendimento em polpa e resistência da casca ao transporte, como a ‘Tommy Atkins’, a ‘Haden’, a ‘Van Dyke’, a ‘Keitt’, a ‘Palmer’ e a ‘Winter’. O mercado mundial, assim como o nacional, de mangas e seus subprodutos, em especial o de suco, é muito favoráveis, devido à onda da alimentação saudável e ao crescimento da renda da população nos países ricos. Mangas maduras são pouco convenientes e requerem preparos especiais para o consumo, como a retirada da casca, separação da semente e fatiamento da polpa. Uma das maneiras de se aumentar as possibilidades de comercialização desta fruta é aumentar-lhe a conveniência durante o período de permanência no mercado, sem alteração na qualidade, através do processamento mínimo. O mercado consumidor de vegetais minimamente processados requer que eles sejam visualmente atraentes, tenham boa consistência, aparência fresca e serem livres de defeitos. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 36 3.5 2- Descrição das Etapas do Fluxograma Colheita e Transporte - as mangas devem ser colhidas no ponto de maturação “de vez”, apresentando ombros cheios, casca lisa e com brilho e ter cor verde amarelada. Os frutos devem ser uniformes quanto ao ponto de maturação, sem defeitos aparentes e com aroma característico e polpa firme. Imediatamente depois de colhidas, as mangas devem ser cuidadosamente transportadas ao local do processamento. Lavagem com detergente - imediatamente após a recepção, os frutos devem ser imersos em tanque com água e detergente neutro (20mL/10L), durante 3 - 5 minutos, serem limpos com esponja e enxagüados abundantemente, com água limpa. Enxágüe com água clorada - depois de lavados, os frutos devem ser imersos em solução com hipoclorito de sódio a 200 mg/L, por 5 minutos, para reduzir a carga microbiana, e deixados escorrer por 3 minutos, sob condições de ambiente. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 37 Fluxograma para o Processamento Mínimo de Manga (Donadon & Durigan, 2001) Lavagem c/ detergente Enxágüe c/ água fria clorada Câmara fria Processamento manual Enxágüe c/ água sanitizada Escorrimento 2-3 min. Embalagem Colheita e transporte Armazenamento e Comercialização (30C) Rendimento • polpa para PMP - 23-42 % •polpa para néctar - 25-47% FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 38 Câmara fria - as mangas devem ser resfriadas, com manutenção das mesmas, por uma noite, em câmara fria a 12ºC, previamente lavada e higienizada com solução de hipoclorito de sódio a 200 mg/L (100 mL de água sanitária em 10 L de água). Processamento manual - os frutos são descascados e a polpa cortada em cubos, com 25-30mm de aresta, ou fatias com 5-10 mm de espessura e aproximadamente 20 gramas. O descascamento e o corte devem ser realizados a 12ºC e sob condições higiênicas (os utensílios, tais como mesas, facas de aço e contentores, devem ter sido higienizados com solução de hipoclorito de sódio a 200 mg/ L). Os operadores devem estar protegidos com máscaras, luvas, gorros e botas de borracha, apropriados, e o ambiente com pedilúvio, contendo hipoclorito de sódio a 200mg/ L. Enxágüe com água sanitizada - os pedaços de manga, antes de serem embalados, devem ser enxagüados com solução de hipoclorito de sódio a 5 mg/L, para eliminar o suco celular extravasado e escorridos por 2-3 minutos. Embalagem - o material minimamente processado pode ser embalado em copos plásticos de polietileno de baixa densidade (PEBD) com tampa (ex: Dixie, mod. 7, para 250 mL) ou sacos plásticos de PEBD tipo “ziploc”, com filme de 0,030 mm e capacidade para 500 g, ou em bandejas de polietileno teraflatado (PET). Armazenamento, Transporte e Comercialização - os produtos devem ser armazenados, transportados e comercializados em ambiente refrigerado, por até 7 - 9 dias. Sugere-se 3ºC e cuidados adequados, para que não haja problemas com a cadeia de frio. 3.5.3 - Recomendações A observação do ponto de maturação adequado deve ser bastante cuidadosa, pois frutas imaturas não possuem boa qualidade sensorial e as muito maduras possuem uma vida útil bastante curta, pois se deterioram rapidamente. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 39 A colheita, o transporte e a recepção dos frutos devem ser cuidadosas, procurando sempre minimizar as injúrias e as contaminações, que influem na vida útil dos produtos. Os ferimentos aumentam a respiração e a produção de etileno, e as contaminações deterioram os produtos, reduzindo o frescor dos produtos processados. 3.6 - PROCESSAMENTO MÍNIMO DE MELANCIA Enga Agra Suzy Anne A. Pinto, MS. SEAGRI, CE 3.6.1 - Introdução A melancieira (Citrullus lanatus Schrad.) pertence à família Cucurbitaceae, é originária de regiões tropicais da África Equatorial, e atualmente é considerada uma das mais importantes oleráceas produzidas e comercializadas no Brasil. As características comerciais dos frutos produzidos são um dos aspectos mais importantes para o sucesso econômico da cultura, pois o mercado é bastante exigente, tendo aqueles frutos de formato arredondado e polpa vermelha como os mais aceitos. As principais características usadas para definir a qualidade da melancia são o conteúdo de açúcares, a firmeza da polpa, o teor de sólidos solúveis, as aparências externa e interna e a acidez titulável. Um dos grandes desafios no processo de conservação pós-colheita da melancia in natura é o transporte dos frutos para os mercados consumidores, pois são grandese pesados e na maioria das vezes, transportados a granel, percorrendo longas distâncias. A melancia minimamente processada, por sua vez, representa uma forte área para o crescimento da indústria, por ser um produto extremamente conveniente e principalmente por estar entre os mais bem aceitos pelos consumidores, tanto pela preferência como conveniência. As maiores limitações para o prolongamento da vida útil destes produtos são: o estresse causado pelo corte, o surgimento de odores desagradáveis, a perda de textura e aparência, a contaminação e a degradação devidas a microrganismos, que aparecem após a retirada da proteção da casca e o escoamento do suco dentro da embalagem. No entanto, têm-se conseguido qualidade ótima para estes produtos por até cinco dias armazenados a 3ºC ou a 6ºC sob atmosfera modificada; e quando armazenados sob FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 40 atmosfera controlada (5% de O2 e 10% de CO2) a 3ºC, os produtos mantêm uma qualidade regular por mais de quinze dias. Visando a segurança alimentar e a manutenção da qualidade destes produtos tanto o ambiente de processamento, como os operadores, utensílios, equipamentos, embalagens e matéria-prima devem ser sanitizados antes do processamento. Os operadores devem ser munidos de máscaras, luvas, toucas e aventais, de preferência todos descartáveis; devem ter unhas curtas e limpas, barba ou bigode bem aparados e limpos, retirar durante o processamento quaisquer acessórios como brincos, anéis, pulseiras, colares, etc. Todo o ambiente deve ser de material lavável ter sistemas de segurança para explosão de lâmpadas e incêndios. Desta forma segue abaixo o fluxograma de processamento utilizado para melancia. 3.6.2 – Fluxograma para o Processamento de Melancia FLUXOGRAMA DE PROCESSAMENTO Armazenamento 3-6ºC Embalagem Processamento manual a 12ºC Câmara fria a 12ºC por 12 horas Enxágüe com água clorada (200mg. L-1) Lavagem com detergente neutro Enxágüe com água clorada (200mg. L-1) FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 41 3.6.3 - Descrição das Etapas do Fluxograma Lavagem com detergente neutro: os frutos devem recebem uma lavagem completa e cuidadosa, a fim de se eliminar contaminantes físicos ou químicos contidos na casca. Enxágüe com água clorada: seu objetivo é eliminar os possíveis contaminantes microbiológicos. Câmara fria por 12 horas: para que os frutos reduzam a temperatura de campo e atinjam internamente 12ºC, ideal para o processamento. Processamento manual: deve ser feito a 12ºC, para minimizar as alterações fisiológicas que ocorrem durante o processamento. Embalagem: pode ser feita em materiais poliméricos rígidos (ex: PET) e de preferência devem ser transparentes e recicláveis. Armazenamento: deve ser feito em ambiente refrigerado, limpo e específico para este tipo de produto, com a umidade relativa entre 85% e 90%. 3.6.4 - Equipamentos Existe uma grande necessidade de que se elabore e produza equipamentos que possam ser utilizados no processamento mínimo da melancia, atualmente não disponíveis no mercado. Esta fruta, por ter toda sua proteção dada pela casca e por ter a polpa muito sensível, não se adequa aos equipamentos utilizados para melão, tomate, maçã, ou qualquer outro existente no mercado. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 42 3.7 - PROCESSAMENTO MÍNIMO DE MELÃO Enga Agra Suzy Anne A. Pinto, MS. SEAGRI, CE 3.7.1 - Introdução O meloeiro é membro da família Cucurbitaceae e acredita-se que ele é originário da África Tropical. As principais variedades botânicas de melões produzidos comercialmente pertencem a dois grupos: Cucumis melo inodorus Naud. e C. melo cantaloupensis Naud., que correspondem, respectivamente, aos melões inodoros e aromáticos. Os melões da espécie C. melo cantaloupensis se caracterizam por apresentar excelente valor nutritivo, uniformidade dos frutos e uma vida útil relativamente curta, geralmente não ultrapassando quatorze dias, baixa sensibilidade ao frio, e coloração da polpa variando desde o alaranjado escuro até o branco e o verde, enquanto que o comportamento respiratório de cada variedade também é bastante diferente. A qualidade pós-colheita do melão é complexa, pois depende de vários fatores como escolha do local de plantio, preparo do solo, cultivar, condições climáticas, épocas e cuidados no plantio, manejo e tratos culturais, densidade de plantio, adubação, assim como aspectos de colheita e pós-colheita. Em melões, o apodrecimento, a descoloração da superfície, a injúria pelo frio e o super-amadurecimento são as maiores causas de perdas pós-colheita durante a comercialização. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 43 O melão é um fruto promissor no mercado de produtos minimamente processados, devido à sua grande aceitação pelos consumidores, mas ainda são escassos os conhecimentos quanto aos aspectos microbiológicos, fisiológicos e nutricionais a respeito destes produtos minimamente processados. As etapas para o processamento mínimo do melão estimulam a produção de etileno e a atividade respiratória, mas a vida útil desses produtos, quando armazenados a 4ºC, pode variar de 4 a 14 dias para os melões Cantaloupe e Honeydew, respectivamente. 3.7.2 - Fluxograma de processamento Para a realização do processamento tanto o ambiente como os operadores, utensílios, equipamentos, embalagens e matéria-prima devem ser sanitizados antes do processamento. Os operadores devem ser munidos de máscaras, luvas, toucas e aventais, de preferência todos descartáveis; devem ter unhas curtas e limpas, barba ou bigode bem aparados e limpos, retirar durante o processamento quaisquer acessórios como brincos, anéis, pulseiras, colares, etc. Todo o ambiente deve ser de material lavável ter sistemas de segurança para explosão de lâmpadas e incêndios. Desta forma segue o fluxograma de processamento utilizado para melão. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 44 3.7.3 - Descrição das Etapas do Fluxograma Lavagem com detergente neutro: os frutos devem recebem uma lavagem completa e cuidadosa, a fim de se eliminar contaminantes físicos ou químicos contidos na casca. Enxágüe com água clorada: visando eliminar os possíveis contaminantes microbiológicos. Câmara fria por 12 horas: para que os frutos reduzam a temperatura de campo e atinjam internamente 12ºC, ideal para o processamento. Processamento manual: deve ser feito a 12ºC para minimizar as alterações fisiológicas que ocorrem durante o processamento. Imersão em água clorada: objetiva a eliminação de possíveis contaminantes microbiológicos na polpa. Concentrações acima de 20 mg.L-1 podem deixar resíduos e modificar o sabor dos produtos. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 45 FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 46 FLUXOGRAMA DEPROCESSAMENTO 20 seg 3 min Armazenamento 3-6ºC Embalagem Escorrimento Im ) ersão em água clorada (20mg.L-1 Processamento manual a 12ºC Câmara fria a 12ºC por 12 horas Imersão em água clorada (20mg. L-1) Enxágüe com água clorada (200mg. L- ) 1 Lavagem com detergente neutro Enxágüe com água clorada (200mg. L-1) Embalagem: pode ser feita em materiais poliméricos rígidos (ex: PET) e de preferência devem ser transparentes e recicláveis. Armazenamento: deve ser feito em ambiente refrigerado limpo e específico para este tipo de produto, e a umidade relativamantida a 85-90%. 3.7.4 - Equipamentos Os atuais equipamentos existentes no mercado para o processamento mínimo de melão ainda não satisfazem todas as exigências, principalmente no que diz respeito a minimização dos danos mecânicos. Alguns equipamentos inovadores, e já lançados à nível comercial, como descascadoras e despolpadoras podem ser associados à um processamento manual. E outros, ainda experimentais, como tanque de lavagem e processadoras, demonstram baixa eficiência. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 47 4. MONTANDO A AGROINDÚSTRIA Segundo o relatado no livro “Iniciando um pequeno grande negócio industrial: Hortaliças minimamente processadas”, publicado pela Embrapa Hortaliças e o SEBRAE em 2003, a instalação de uma indústria com capacidade para processar uma tonelada de matéria prima por dia, em condições adequadas, necessitará de um galpão de 150 m2, especialmente construído ou reformado para o processamento mínimo de produtos hortícolas. Esta agroindústria se localiza muito bem na zona rural, o que não impede que ela seja instalada em outras áreas, desde que se situe próximo à produção, uma vez que a garantia do suprimento das matérias primas é fundamental à vitalidade do empreendimento. Todo estabelecimento novo deve solicitar aprovação de suas instalações pelo órgão regional do Ministério do Trabalho, o qual emitirá o Certificado de Aprovação de Instalações, após inspeção prévia. Uma unidade com capacidade para produzir 10 toneladas de produto acabado por mês ou processar 20 toneladas de matéria prima, ou seja: 8.000 kg de folhosas (6.000kg de alface, 1.000kg de rúcula, 1.000kg de couve); 7.000kg de raízes (4.500kg de cenouras, 2.500kg de beterrabas); 3.000kg de inflorescências (2.000kg de brócolis, 1.000kg de couve-flor); 2.000kg de frutos (1.000kg de feijão-vagem, 1.000kg de pepino). Esta relação pode ser modificada em função das exigências do mercado consumidor e da disponibilidade de matéria prima. Geralmente, cada operário tem a capacidade de processar 125kg de matéria prima por dia, levando à necessidade de se contratar 8 operários, em regime de trabalho de 8 horas por dia, para processar 20 toneladas por mês, trabalhando-se 20 dias por mês. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 48 4.1 - Máquinas e equipamentos Para se processar as 20 toneladas de matéria prima, se necessitará dos equipamentos, ou seja: 01 lavadora de alimentos – utilizada para enxaguar os produtos, com capacidade para 60 kg de folhosas e 240 kg de raízes por hora, ciclo de 2-3 minutos e volume de 160 L. 02 processadoras – empregadas nas atividades de corte da matéria prima. Estes equipamentos têm capacidade instalada para processar 160-200 kg de hortaliças por hora. 01 câmara fria – necessária para o armazenamento de matéria prima e produto acabado. Recomenda-se a capacidade de 20m3, com possibilidade de construção de uma segunda unidade. 01 seladora com injeção de gases – utilizada para a embalagem dos produtos minimamente processados, com ou sem a injeção de gases para a conservação e que são chamadas de atmosfera modificada ativa ou passiva, respectivamente. 06 facas de aço inoxidável – necessárias às diversas etapas do processamento. 01 centrífuga – utilizada na remoção dos sucos celulares provenientes dos cortes e do excesso de água após a lavagem. 02 caixas de isopor – empregadas no transporte dos produtos até os pontos de distribuição e comercialização, até que se tenha veículo mais apropriado. 04 aparelhos de ar condicionado – utilizados para reduzir e manter a temperatura refrigerada da área de processamento, especialmente a limpa, até que se possa instalar um aparelho central. 02 balanças eletrônicas – para uso geral e principalmente, para a pesagem dos produtos embalados. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 49 04 tanques de aço inoxidável – com construção em aço inox 304, os tanques devem ser móveis, ou seja, do tipo “carro”, com capacidade para 320 L. e dimensões de 0,65 m x 0,65m x 0,75 m. 100 caixas plásticas do tipo “M” – usadas no manuseio da matéria prima e devem ser separadas em função do uso. Caixas que vão ao campo não devem entrar na fábrica. Estas caixas devem ter dimensões de 0,550 m x 0,355 m x 0,380 m. 01 lava-jato – utilizado como auxiliar na limpeza das instalações e de equipamentos. 04 descascadores caseiros – empregados no descasque de alguns vegetais. 02 mesas de aço inox – para uso geral, mas principalmente no manuseio da matéria prima e dos produtos processados. Além dos equipamentos citados, outros materiais devem ser providenciados e mantidos em estoque, tais como: 10 aventais; 06 pacotes de máscaras descartáveis; 03 caixas de luvas plásticas descartáveis, sem pó; 10 pares de botas de borracha; e 02 caixas de sanitizantes. Outros materiais também devem estar disponíveis, como gorros, uniformes, detergentes e sabões. No anexo é apresentada uma sugestão de planta baixa e dos materiais necessários para a construção de uma unidade processadora. FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 50 5. PADRÃO DE QUALIDADE O projeto da indústria deve levar em consideração a segurança e o conforto do pessoal que trabalha em seu espaço físico. Isto indica que se devem ter condições adequadas de iluminação, arejamento, níveis de ruído, facilidade para higienização e manutenção dos equipamentos, além de minimizar os riscos de contaminações e impedir a entrada de pragas e animais de qualquer espécie. Deve-se otimizar os espaços, com previsão para ampliações e local de descarte longe da unidade de processamento. As instalações sanitárias não devem ter comunicação direta com o setor de processamento. As recomendações para a adequação das instalações estão registradas no Manual de Boas Práticas de Fabricação para a Indústria de Alimentos, publicado pela Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos (SBCTA) e complementadas pela Portaria 368 de 04/09/1997 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Portaria 326 de 30/07/1997, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). As instalações e equipamentos devem seguir normas de construção e disposição que visem o bem estar, a segurança e o melhor desempenho dos operários. As formas e superfícies dos equipamentos e das instalações não devem favorecer o acúmulo de umidade e resíduos. O material das superfícies que entram em contato com os alimentos não deve ser sujeito a corrosão, acúmulo de microrganismos e retenção de umidade, mas deve ser atóxico, não interagir com os produtos manuseados e resistir às repetidas aplicações dos produtos de limpeza e higienização. Os equipamentos devem ser instalados de maneira a permitir uma boa circulação e ficarem afastados em cerca de 60 cm das paredes e 30 cm acima do piso, para facilitar a FRUTAL’2004 PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS 51 limpeza e a manutenção. Os ângulos formados na construção das paredes, dos pisos e dos equipamentos devem ser arredondados e com um raio mínimo de 5 cm. Pé-direito: recomenda-se que ele não seja maior que 3 metros, principalmente quando se pretende usar sistema de refrigeração central. Paredes e Pé-dilúvio: as paredes devem ter superfícies lisas, laváveis e impermeáveis, ter coloração clara e resistente à aplicação repetida de produtos de limpeza. Tem-se sugerido o uso de tintas especiais ou epóxi lavável, para o acabamento de paredes. O pé- dilúvio encontrado na entrada das instalações deve ser construído antes da porta de entrada.
Compartilhar