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Objetivos UNIDADE 4. Produção de doces e sucos, desenvolvimento de novos produtos e embalagens Adriana Cerchiari de AndradeMansi OBJETIVOS DA UNIDADE Compreender processos de produção, possibilidades de deterioração e armazenamento adequado de doces e sucos; Conhecer os procedimentos do desenvolvimento de novos produtos; Explorar a legislação aplicada e os tipos de embalagens de produtos alimentícios. TÓPICOS DE ESTUDO Doces: produção, conservação e armazenamento – // Compotas // Geleias // Doce de goiaba Sucos: produção, conservação e armazenamento // Suco de laranja // Suco de uva // Suco de maçã // Suco de maracujá Desenvolvimento de novos produtos // Etapas // Legislação // Análise sensorial de novos produtos Embalagens // Materiais // Legislação // Novas tendências e tecnologias Doces: produção, conservação e armazenamento Para produzir ou manipular alimentos, todo o sistema de boas práticas de fabricação deve ser aplicado, além demonitorado constantemente. Assim, para a produção adequada de doces, geleias e compotas é necessário controlar tanto a qualidade dos produtos oferecidos pelos produtores/fornecedores, através de vistorias e registros, como toda a cadeia produtiva interna, que inclui processamento, produção, armazenamento e distribuição, assim como procedimentos de higiene pessoal, ambiental e de equipamentos e utensílios. Quanto às frutas, utilizadas na preparação de geleias e compotas, o controle começa na colheita, passando pelo transporte e chegando à recepção. A partir daí, estas seguem para lavagem, com higienização completa; seleção e classificação; descascamento, corte e retirada de sementes; e, se necessário, despolpa, processo realizado através de equipamento industrial ou apenas liquidificador e peneira. O objetivo dessa última etapa é a formação de umamassa de fruta homogênea. COMPOTAS Compotas ou doces de frutas em calda são doces produzidos a partir de frutas e calda de açúcar. Esses doces podem conter massa de frutas com ou sem casca e sementes, passam por tratamento térmico e são envasados em recipientes como latas ou vidros. Para a preparação das compotas, é necessário primeiro produzir o xarope, que deve ser obtido através de umamistura de açúcar e água em proporções adequadas. A adição de açúcar pode variar entre 429 e 2334 gramas para cada litro de água. Essa mistura deve ser fervida e coada. Os frutos devem ser imersos no xarope quente por cerca de 15 a 30minutos. A partir daí, são colocados em recipientes adequados, normalmente potes de vidro, e estes mesmos potes são preenchidos com o restante do xarope em altas temperaturas (cerca de 90 ºC). Ademais, é preciso retirar adequadamente o ar dos potes. Para isso, o pote de vidro deve ficar em banhomaria por cerca de 5 a 10 minutos ou até a água alcançar¾ de sua altura. Para evitar quebra, ele deve ser colocado com um pano a seu redor e outro no fundo da panela. Assim que o ar sair completamente, a tampa deve ser colocada e o vidro deve permanecer mais um tempo completamente submerso no banhomaria. O tempo de imersão em banhomaria, após o fechamento, pode variar. São utilizados 15 minutos para potes de 500ml, 30 minutos para potes de 1 litro e 1 hora para potes de 1,5 litro. A compota já pronta e envasada deve seguir para o resfriamento. O objetivo é que o vidro chegue a uma temperatura de cerca de 30 ºC. As partes metálicas devem ser secas adequadamente, a fim de que não haja corrosão. O produto pronto deve ser identificado e rotulado corretamente para que sejam feitos os demais controles e as informações estejam disponíveis para os consumidores finais. Nos rótulos deve haver, no mínimo, tipo de produto, nome do fabricante, peso líquido (peso do fruto, sem o xarope), data de fabricação e validade. Para o armazenamento de compotas de frutas, a refrigeração não é necessária. Esses produtos podem ser armazenados em ambientes secos, livres de umidade, com distância adequada do piso, paredes e forros e em caixas ou não. Além disso, o ambiente deve ser ventilado de maneira apropriada, a fim de evitar a formação e proliferação de fungos. Compotas adequadamente produzidas, envasadas e armazenadas podem ter validade de até 12 meses, e é o fabricante quem deve determinar este tempo. Por se tratar de um produto perecível, após abertas as compotas devem ser armazenadas em ambientes refrigerados conforme tempo e temperatura determinados pelo fabricante, ou segundo critérios da legislação vigente. Todos os produtos abertos devem ser identificados com a data de abertura e data de validade para controle interno. Agora, analise a Figura 1, que apresenta um fluxograma básico de produção com compotas de frutas Figura 1. Fluxograma da produção de compotas de frutas. Fonte: Embrapa, 2018, p. 14. GELEIAS Geleias de frutas são obtidas a partir da cocção das frutas, em diversas formas, e adição de açúcar e água. Aqui, também podem ser acrescentados ácido e pectina. A adição de água deve ser de até 20% e a de pectina de até 4%, a qual deve ser incorporada à mistura aquecida de forma lenta. O ácido utilizado tem fins de conservação e gelificação (formação de gel). O ácido cítrico, proveniente do limão, é o mais utilizado na produção de geleias e é responsável por evitar a oxidação e promover a conservação do produto. Partes das frutas utilizadas que sejam indesejáveis devem ser retiradas, visando garantir umamassa de frutas mais homogênea, sem cascas e excessos de sementes. Ademais, o tempo de cocção deve ser de 10 a 20minutos, de preferência em panelas abertas de aço inox. É possível determinar o ponto final de cocção observando o comportamento da geleia fria em um copo de água. Se ela não afundar ou não desmanchar, estará no ponto ideal. Antes do armazenamento das geleias em suas embalagens, estas devem ser resfriadas a 85 ºC. Os potes de vidro, que receberão as geleias, devem ser lavados em água quente antes de receber o produto, com a finalidade de evitar contaminações, choques de temperatura e quebra. Aqui, deve-se realizar a identificação dos produtos prontos. Deve constar na embalagem ou etiqueta de identificação, no mínimo, tipo de produto, nome do fabricante, peso líquido, data de fabricação e de validade. Geleias prontas para o consumo devem ser envasadas em potes vedados e podem ser armazenadas em temperatura ambiente. Devem ficar em locais ventilados, livres de umidade, sol e pragas e em prateleiras ou paletes com distância adequada do piso, paredes e forros. Após abertos, os potes de geleia devem ser armazenados sob refrigeração, conforme tempo e temperatura determinados pelo fabricante ou segundo os padrões da legislação sanitária vigente. A legislação sanitária determina que, após aberto, o produto seja identificado com a data de abertura e nova data de validade, conforme o tempo determinado pelo fabricante. Geleias são alimentos perecíveis e, assim como os demais alimentos, todo seu processo produtivo deve ser monitorado segundo os critérios das boas práticas de fabricação. Com um processo de controle de qualidade bem efetuado durante a produção, armazenamento, embalagem e distribuição do produto, hámenos chance de deterioração, o que garante mais tempo de conservação. Observe a Figura 2, que apresenta um fluxograma de produção de geleias. Figura 2. Fluxograma da produção de geleias. Fonte: Embrapa, 2018, p. 22. DOCE DE GOIABA Os doces de goiaba são produzidos a partir do processamento da goiaba e ajustes de pH, além de contarem com adição de pectina. Conservantes naturais ou artificiais podem, ainda, ser adicionados aos doces: o ácido cítrico, proveniente do limão, é muito utilizado para promover a sua conservação. Esses doces podem ser produzidos e oferecidos em forma demassa ou em barra. Doces de goiaba emmassa devem conter cerca de 60% de polpa e 40% de açúcar, além de pectina e ácido em pequenas quantidades. Para cada 10 kg de doce, devem ser adicionados 10 gramas de ácido cítrico e 6 gramas de pectina. A polpa deve ser cozida junto à parte do açúcar, enquanto a outraparte deve ser misturada à pectina. A proporção utilizada para a mistura ácido e pectina deve ser de uma parte de pectina para 5 partes de açúcar, e o ácido deve ser adicionado a essa mistura. Após um bom período de cozimento da mistura de polpa e açúcar, o ácido e a pectina com açúcar devem ser adicionados, e o cozimento deve ser mantido até se obter o ponto desejado do doce. Para uma produção de doce de goiaba emmassa adequada, a cocção deve ser finalizada quando o ponto atingir cerca de 65 a 70 Brix. Já para produção do doce em barra, o ponto deve atingir a concentração final de 78 a 80 Brix. EXPLICANDO Brix é uma escala numérica quemede a concentração de sólidos em frutas, muito utilizada para avaliar a concentração de açúcar em frutas. Ademais, o grau Brix pode ser utilizado para avaliar alimentos in natura ou processados. Doces de goiaba emmassa devem ser embalados em potes de vidro ou latas, enquanto os produzidos em barra barra podem ser cortados e armazenados em embalagens plásticas. Antes de realizar o processo de embalagem, precisam ser resfriados. Todos os critérios de higiene e controle de qualidade devem ser aplicados, desde a qualificação de fornecedores de matéria prima até a distribuição final dos produtos. Com isso, há mais chances de evitar contaminação e deterioração precoce dos produtos, o que promovemaior durabilidade. O doce de goiaba pode ser armazenado em temperatura ambiente antes de aberto. Após isso, deve ser mantido sob refrigeração, seguindo critérios de tempo e temperatura determinados pelo fabricante ou pela legislação vigente, e deve ser adequadamente identificado com data de abertura e nova data de validade. Observa Figura 3, que apresenta o fluxograma de produção do doce de goiaba Sucos: produção, conservação e armazenamento A produção de sucos no Brasil é extremamente ampla e envolve uma grande variedade de frutas, uma vez que diversas frutas são plantadas e colhidas em cada região do país, oferecendo numerosas oportunidades no que diz respeito à produção de sucos. Isto posto, é possível afirmar que tanto o consumo interno como a exportação de sucos vêm crescendo e se tornando um ramo promissor. Além disso, muitos investimentos tecnológicos e em pesquisas relacionadas ao desenvolvimento de produtos seguros e com qualidade vêm sendo efetuados. Atualmente, o suco de laranja é o mais exportado e consumido. No entanto, a produção de sucos de outras frutas, como amaçã, a uva e o maracujá, por exemplo, vem crescendo também. SUCO DE LARANJA Devido à alta qualidade da laranja produzida, utilizada principalmente para produzir sucos, o Brasil é o maior exportador mundial de suco de laranja. As atividades econômicas que envolvem a produção de suco de laranja são responsáveis por uma grande geração e manutenção de empregos na área, e o Brasil exporta a maior parte do suco produzido internamente para os Estados Unidos, a União Europeia, a China e o Japão. Além disso, o consumo interno do suco tem crescido a cada ano. Grande parte da produção de suco de laranja está no estado de São Paulo, devido ao clima e condições propícios ao cultivo da fruta e produção de suco. Assim sendo, o suco natural de laranja é o suco proveniente apenas da laranja, produzido na hora. Já o suco integral de laranja também é produzido somente com a laranja, mas é envasado e consumido posteriormente. Há também o suco tipo néctar, constituído de 30% oumais de suco de laranja e adição de açúcar e água. A legislação determina os limites de sólidos, ácidos, óleos e açúcares dos sucos de laranja. Tabela 1. Limites de sólidos, ácidos, açúcares e óleos em sucos de laranja. Fonte: BRASIL, 2018, p. 13. Há diversas variedades de laranjas cultivadas no Brasil, que podem ser classificadas de acordo com a suamaturação, teor de suco e acidez, conforme demonstra a Tabela 2. Tabela 2. Características das laranjas cultivadas no Brasil. Fonte: BASTOS et al., 2014, p. 38. As laranjas mais utilizadas para produção de sucos atualmente são pera, valência, natal e folha. A Figura 4 apresenta ofluxograma de produção de suco de laranja. ASSISTA Assista ao vídeo disponibilizado, que discorre sobre o processo produtivo do suco de laranja. Figura 4. Fluxograma de produção do suco de laranja. Fonte: PEREIRA et. al, 2018, p. 52. Todo o processo produtivo de sucos deve ser realizado considerando as boas práticas de fabricação, assim como a legislação vigente. Procedimentos de controle da matéria prima, recebimento, armazenamento e higienização devem ser adequados para evitar qualquer contaminação e deterioração. Ademais, a pasteurização do suco é uma etapa importante para garantir maior durabilidade do produto, além de evitar possíveis prejuízos à saúde dos consumidores e perdas financeiras. A maioria das bactérias e fungos que contaminam e deterioram sucos de laranja é eliminada durante o processo de pasteurização, devido à sua baixa resistência ao calor. No entanto, há alguns tipos de microrganismos que não são completamente eliminados com as temperaturas de pasteurização, que chegam a 90 ºC. Nesses casos, o controle higiênico-sanitário se faz necessário. A pasteurização também contribui com a redução da atividade enzimática naturalmente presente no suco, e o resultado é um maior tempo de conservação. Assim como os demais processos, o envase deve ser realizado em embalagens esterilizadas e seguindo todos os procedimentos higiênico-sanitários determinados. Após esse processo, os sucos devem ser armazenados em temperatura controlada, seguindo o que a legislação ou cada fabricante determina. Em geral, os sucos de laranja devem ser armazenados em até 4 ºC para garantir a sua qualidade. A rotulagem adequada deve estar presente no produto final, informando os consumidores principalmente quanto aos procedimentos de conservação dos sucos antes e após sua abertura. Com um controle bem efetuado, desde a colheita até a distribuição final dos sucos, a garantia de qualidade do produto final passa a ser ampla, evitando perdas e prejuízos. SUCO DE UVA A produção nacional de suco de uva vem crescendo em regiões distintas do Brasil, e, atualmente, vem se expandindo na região Nordeste, no vale do rio São Francisco. A alta qualidade do suco de uva brasileiro e a inexistência de produtos semelhantes no mercado internacional têm se tornado o que chamamos de diferenciais competitivos. Somente no primeiro semestre de 2018, o produto foi exportado para 13 países: Angola, Argentina, Austrália, Bélgica, Bolívia, Chile, China, Estados Unidos, Japão, Holanda, Paraguai, Portugal e Reino Unido. Já em 2017, chegou a 22 países (EMBRAPA, 2019). Ainda segundo o Embrapa, Grande parte desse crescimento é resultado de pesquisas que o caracterizam como um superalimento, commuitos benefícios para a saúde. Segundo a biomédica e pesquisadora Caroline Dani, que estuda o suco de uva há 13 anos e é uma das principais referências em pesquisas sobre o produto no Brasil, o seu consumo está relacionado à prevenção de doenças cardiovasculares, redução da pressão arterial, diminuição do risco de aparecimento de enfermidades neurológicas, prevenção do envelhecimento precoce e auxílio na redução de peso (2019). O suco de uva é extraído através de processos tecnológicos e possui cor, aroma e sabor característicos das uvas. Além disso, é submetido a tratamentos de conservação específicos. Os sucos de uva podem ser integrais, com concentração e composição naturais, sem a adição de qualquer ingrediente; adoçados, com adição de açúcares ou adoçantes artificiais; concentrados, com desidratação em, nomínimo, 65 °Brix em sólidos solúveis totais; desidratados, com teor de umidade de até 3%; e reprocessados, com diluição do concentrado para se obter a concentração natural. Para a obtenção do suco de uva, as frutas são recebidas, selecionadas, esmagadas e posteriormente aquecidas, com adição de enzimas e extração do suco. O suco é clarificado, pasteurizado, engarrafado e armazenado. Para se obter um suco de qualidade, é importante que as uvas tenhamsido colhidas recentemente e mantidas em condições adequadas de higiene, livres de sol e excesso de umidade. Para a conservação adequada do suco de uva, é necessário reduzir os crescimentos microbianos internos, assim como o contato do suco com o oxigênio durante o processo, evitando assim a sua oxidação. A pasteurização de sucos de uva visa a redução de microrganismos, a estabilidade proteica e a inativação das enzimas presentes naturalmente na uva ou produzidas por fungos. Com esse processo, os sucos de uva mantem estabilidade e segurança por mais tempo. O tempo e temperatura empregados para realizar o processo de pasteurização podem variar de acordo com a carga microbiana inicial e a acidez do suco. Antes do engarrafamento, devem ser realizadas análises sensoriais e físico-químicas, para que se verifique a qualidade em relação aos padrões estabelecidos. O processo de engarrafamento em altas temperaturas é promovido com a finalidade de se obter maior esterilização do produto. Quanto mais rápido for o processo de engarrafamento e menor o contato do suco com o ar, menores são as chances de oxidação. Os sucos de uva devem ser armazenados sob refrigeração e com controle de temperatura. Há alguns tipos de produto com adição de conservantes naturais ou artificiais, pasteurizados e com um engarrafamento específico que podem ser armazenados em temperaturas ambientes antes de abertos. Após abertos, todos os sucos de uva devem ser mantidos em refrigeração conforme tempo e temperatura determinados pelo fabricante ou pela legislação vigente. Quanto mais bem efetuado for o controle em toda a cadeia produtiva do suco de uva, menos riscos e mais qualidade os produtos irão oferecer. Assim, consumidores poderão aproveitar seus benefícios com segurança. SUCO DEMAÇÃ Amaçã é encontrada durante todo o ano no Brasil. Pelos diversos benefícios que proporciona à saúde e seu gosto e teor adocicados, essa fruta é muito procurada, principalmente em forma de suco. Assim sendo, o suco de maçã é cada vez mais consumido, seja de forma isolada oumisturado a outros tipos de sucos, devido a seu poder adoçante. Os sucos produzidos industrialmente são divididos basicamente em turvo e clarificado, e podem ser naturais ou concentrados. Em relação aos concentrados, é possível reconstituí-los com água posteriormente. Dessa maneira, a produção de suco de maçã depende basicamente de maçã, água e conservantes naturais, como ácido cítrico e ácido ascórbico. Dificilmente esse suco é produzido de forma doméstica, sendo a opção industrial a mais consumida, uma vez que os processos de produção exigem recursos tecnológicos específicos. A legislação determina os limites de sólidos, pH, acidez e açúcares do suco de maçã, como pode ser observado na Tabela 3. *Tabela 3. Limites de sólidos, pH, acidez e açúcares do suco de maçã. Fonte: BRASIL, 2018 p. 13. Para a produção do suco de maçã, as frutas seguem para seleção, limpeza e imersão em antioxidantes. A partir disso são trituradas e se formam polpas. Após a prensagem do purê, o suco é extraído e as matérias secas são eliminadas. O suco segue então para os processos de centrifugação, pasteurização e clarificação, se necessário. Deve-se ressaltar que o processo de pasteurização dos sucos é de grande importância para eliminar microrganismos, inativar enzimas e garantir maior tempo de conservação. Os sucos produzidos devem ser envasados em altas temperaturas e resfriados a vácuo, a fim de garantir maior estabilidade e conservação. Após abertos, devem ser armazenados, sempre seguindo o tempo e a temperatura de refrigeração determinados pelo fabricante ou pela legislação vigente. Assim como na produção dos demais sucos, a de suco de maçã deve ser realizada considerando as boas práticas de fabricação e o sistema de análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC). SUCO DEMARACUJÁ O suco de maracujá é extraído da fruta, através de processo adequado, não fermentado e submetido a tratamentos que visam garantir sua conservação até o momento de sua distribuição. No Brasil, o consumo do suco de maracujá vem crescendo, e este pode ser encontrado na forma integral, com faixa de 11 a 16 ºBrix, como refresco ou néctar, com adição de açúcares e água. Além disso, o suco de maracujá concentrado pode ser utilizado na produção industrial de outros produtos, como sobremesas e iogurtes, por exemplo. Observe a Tabela 4, que evidencia os limites de sólidos, acidez e açúcares do suco de maracujá conforme o que a legislação determina. *Tabela 4. Limites de sólidos, pH, acidez e açúcares em sucos de maracujá. Fonte: BRASIL, 2018, p. 14. A contaminação do suco de maracujá pode ocorrer durante o plantio, a colheita oumesmo em outras etapas de seu processo produtivo, e é por isso que os controles devem ser efetuados seguindo todos os padrões sanitários vigentes. Devido à alta acidez domaracujá, seu suco temmenos possibilidade de sofrer contaminações e deteriorações que frutas menos ácidas. No entanto, algumas bactérias láticas, leveduras e fungos filamentosos podem se desenvolver nos sucos, proporcionando sua deterioração. Para evitar esse tipo de contaminação, é necessário que toda a produção, assim como seu envase e distribuição, sejam realizados com controle de tempo e temperatura, assim como com higienização adequada de equipamentos, utensílios, ambiente e profissionais envolvidos. A Figura 5 mostra o fluxograma do processo produtivo básico do suco de maracujá. Figura 5. Fluxograma de produção de suco de maracujá. Fonte: SANDI et al., 2003, p. 3. A pasteurização de sucos de maracujá deve ser realizada respeitando tempo e temperatura ideais, a fim de não causar alterações físicas, como o aparecimento de depósitos gelatinosos na superfície. A temperatura empregada é de cerca de 98 ºC por 30 a 60 segundos. O armazenamento do suco de maracujá deve ser realizado conforme o que determina o fabricante e a legislação vigente. Alguns produtos, antes de abertos, podem ser mantidos sem o controle de temperatura; todavia, após abertos, todos devem ser adequadamente armazenados sob refrigeração. Com controles bem efetuados e a transmissão de informações sobre seu armazenamento correto, há poucas chances de alterações que possam comprometer o produto e a saúde de seus consumidores. Desenvolvimento de novos produtos Para o desenvolvimento de novos produtos alimentícios, é necessária uma ampla integração entre os setores da uma indústria, indo desde o marketing, passando pela produção, incluindo as atividades comerciais e a aquisição novas matérias-primas. O desenvolvimento de novos produtos pode ser considerado uma oportunidade para as empresas, embora não seja utilizada amplamente pela maioria delas. Assim, um olhar que busque circunstâncias convenientes é essencial para os profissionais que atuam nas diversas áreas. Na indústria de alimentos, as principais inovações estão relacionadas com o incremento de produtos já comercializados. Produtos completamente novos, muitas vezes, são rejeitados pelos consumidores em um primeiro momento. Por fim, é importante ressaltar que, em geral, os gastos com o desenvolvimento de novos produtos pela indústria alimentícia são inferiores às demais indústrias, como ocorre com a indústria química e a farmacêutica, por exemplo. ETAPAS O processo de desenvolvimento de novos produtos consiste na aplicação de diversas técnicas sistemáticas, que podem ser utilizadas tanto para produzir um novo produto como para modificar os já existentes. Portanto, o objetivo é garantir o desenvolvimento de produtos que permaneçam nomercado de atuação por longos períodos. Para o desenvolvimento de novos produtos de forma adequada é necessário: preparar uma especificação do produto a ser criado; entender o papel da pesquisa de mercado; compreender os papéis de diferentes disciplinas profissionais no desenvolvimento do produto; e identificar as etapas do processo de desenvolvimento. Já no que diz respeito à cozinha experimental, é preciso: produzir e avaliar as propostas para afabricação em pequena escala de um produto, conforme especificação acordada; planejar e executar trabalhos experimentais adequados; e avaliar as características do produto, empregando os procedimentos analíticos corretos. Por fim, na produção comercial, é necessário avaliar a progressão de um novo produto alimentício, desde o estágio de desenvolvimento até seu comportamento nomercado. A Figura 6 evidencia as etapas básicas no desenvolvimento de novos produtos. Fluxograma 6. Etapas básicas para o desenvolvimento de novos produtos. Fonte: CAMPBELL-PLATT, 2016, p. 472. É importante levar em consideração que, ao desenvolver novos produtos, empresas podem segmentar etapas oumesmo eliminá-las: isto irá depender de suas experiencias anteriores com o desenvolvimento de outros produtos. Elas podem ainda desenvolver produtos de ciclo de vida curto ou longo, e os produtos de ciclo de vida longo devem possuir bom desenvolvimento no que diz respeito à inovação, além de um controle de custo eficiente. Atualmente, propõe-se ummodelo mais interativo, no qual as etapas interagem e dependem umas das outras. Assim, é preciso conectar as funções internas da empresa à comunidade científica/tecnológica e ao mercado de atuação através de uma rede complexa de vias de comunicação. Deve-se também levar em consideração que omomento do lançamento de um novo produto é um ponto essencial, devendo ocorrer quando houver maior oportunidade nomercado. Produtos novos podem ser classificados quanto ao seu conteúdo (nutrientes, aditivos, contaminantes); forma (tamanho, formato, densidade, acondicionamento, estabilidade); palatabilidade (paladar, odor, cor, textura, cultura da identificação, cultura social); e custo (matérias-primas, conversão, despesas gerais). A partir disso, é possível determinar as percepções do consumidor em relação aos itens supracitados, determinando os valores que elas têm nomercado de vendas e estimando o valor de mercado real que o produto possui. Ao realizar essa estimativa de valor, é preciso identificar qual é o grau de estabilidade do produto e qual sua extensão nomercado. As necessidades dos consumidores são observadas pelo setor de marketing, ao passo que as tecnologias em inovações têm como objetivo a produção dos produtos desejados de forma eficiente, com qualidade e custos reduzidos. Com a combinação dessas duas áreas, é possível trazer produtos competitivos ao mercado, seja por atenderem aos consumidores, seja por possuírem uma produção eficiente. LEGISLAÇÃO Alimentos produzidos industrialmente ou comercialmente devem seguir todos os critérios estabelecidos pela legislação sanitária vigente. O sistema de boas práticas de fabricação, assim como o sistema APPCC (análise dos perigos e pontos críticos controle), devem ser aplicados com a finalidade de evitar riscos à saúde dos consumidores finais. Esses sistemas também irão contribuir com a redução de perdas financeiras por deterioração. Após produzidos, os produtos alimentícios devem ser adequadamente embalados e identificados, conforme o que determina a legislação obrigatória para rótulos de alimentos, que pode ser consultada no site de Anvisa. Muitos produtos alimentícios precisarão ainda de registros, os quais devem ser obtidos junto ao órgão sanitário. O número de registro também deve estar contido nos rótulos dos produtos. Registro é o ato legal que reconhece a adequação de um produto à legislação sanitária, e sua concessão é dada pela Anvisa. O registro de alimentos e embalagens consiste no controle sanitário, realizado antes da comercialização, com o objetivo de reduzir os riscos à saúde por meio da análise prévia das características de composição, rotulagem e validação dos processos produtivos aplicados pelos fabricantes. O registro de alimentos e embalagens requer que sejam atendidos os critérios estabelecidos em leis e na regulamentação específica instituída pela Anvisa. Dessa maneira, cabe à empresa fabricante ou importadora a responsabilidade pela qualidade e segurança dos produtos registrados junto à Anvisa. A Anvisa exige registro apenas para as categorias de alimentos cujos riscos são passiveis de serem reduzidos, significativamente, pela análise prévia das características de composição e rotulagem e da validação dos processos produtivos aplicados pelos fabricantes. Algumas categorias de alimentos e embalagens são dispensadas da obrigatoriedade de registro prévio, conforme o que estabelece o artigo 41 da Lei 9.782/1999. Nesses casos, são aplicados outros tipos de controle sanitário para mitigar potenciais riscos à saúde. Esses registros possuem validade de 5 anos para comercialização do produto em todo o território nacional. A partir disso, devem ser renovados (ANVISA, 2018). É possível consultar no anexo I da RDC 27/2010 quais categorias de alimentos estão dispensadas de registro e devem apenas entregar o comunicado de início de fabricação. Há também categorias de alimentos isentas de registro e dispensadas de entregar esse comunicado, como alimentos in natura, matérias-primas destinas à produção de outros produtos e produtos de panificação. Como pode ser visto, o sistema de legislação sanitária que regulamenta o desenvolvimento de novos produtos é amplo e detalhado. Além disso, frequentemente sofre alterações importantes que devem ser consultadas pelas empresas periodicamente, a fim de atender tanto sua produção interna quanto o desenvolvimento de um novo produto. ANÁLISE SENSORIAL DE NOVOS PRODUTOS A análise sensorial tem como objetivo avaliar a resposta de indivíduos aos produtos novos pelo modo como eles são percebidos por seus sentidos. Para uma boa avaliação sensorial, é necessário ter conhecimentos sobre o comportamento e a fisiologia de sentidos de seres humanos. Assim, com o objetivo de mensurar o impacto das propriedades físicas dos alimentos sobre as características sensoriais, identificando como elas afetam a preferência dos consumidores e seu comportamento de compra, são aplicadas as avaliações sensoriais em novos produtos ou produtos modificados. Os procedimentos de análise sensorial devem ser orientados por pesquisadores na área, seja para avaliar novos produtos ou melhorar produtos já existentes. Ométodo analítico consiste em uma análise descritiva, e é muito útil para que o pesquisador identifique similaridades e diferenças entre produtos. Os métodos analíticos descritivos requerem que os avaliadores escolhidos para o teste tenham um certo grau de formação ou orientação, além de um nível razoável de acuidade sensorial. Assim, umametodologia analítica utilizada é o teste de discriminação, que pode ser ainda classificado como direcional e não direcional. Um exemplo do teste de discriminação direcional é o teste pareado. Nesse teste, duas amostras codificadas são apresentadas e o sujeito deve identificar a amostra que tenhamais do ingrediente ou substância que está sendo testada. Esse teste teve mais utilidade antes do desenvolvimento e aprimoramento de técnicas da indústria alimentícia. Outras possibilidades de testes de discriminação podem avaliar preferências e a base para essas preferências, a partir de uma lista de itens já definidos ou não. É importante ressaltar que receptores humanos podem até ser específicos, mas a transmissão dos sinais para outras estruturas no cérebro pode variar, gerando respostas complexas. Isso posto, essas falhas podem fazer com que informações uteis se percam, caso o avaliador não tenha um quadro completo das propriedades sensoriais do produto. Diversas variações podem aparecer e muitos sistemas as identificam como erros, considerando apenas o fator com o qual a maioria do grupo concorda. No entanto, algumas práticas estatísticas permitem, atualmente, que o pesquisador observe essas variações e as considere. Escolhidos os participantes e estabelecido o vocabulário, os sujeitos recebem as amostras e as avaliam individualmente. Os produtos são avaliados uma oumais vezes, com enxagues e intervalos entre eles. Há escalas de pontuação já definidas para que osujeito faça as avaliações, as quais posteriormente são convertidas em números para análises. O Método Spectrum, por exemplo, avalia textura, sabor e outras modalidades, e há um amplo treinamento dos participantes nas escalas de avaliações, vocabulários e processos sensoriais, além de exposição à variedade de produtos e escalas de intensidades. Esse método, apesar de utilizar uma análise estatística detalhada, também não pode reconhecer o motivo de algumas diferenças individuais na percepção de cada pessoa. O Free-Choice Profiling (FCP) é ummétodo diferente, sem treinamento e seleção de avaliadores. Este método não demonstra muitas vantagens, uma vez que os avaliadores precisam demais tempo para compreender os testes. Há também a análise descritiva denominada de Análise do Perfil dos Atributos (APA), que inclui escalas de intensidade de sete pontos para possibilitar o tratamento estatístico dos resultados. Por fim, deve-se ressaltar o Quantitative Flavor Profiling como ummétodo híbrido baseado no perfil de sabor e na adequação (CAMPBELL-PLATT, 2016, p. 353). A metodologia de análise descritiva evoluiu muito e ainda irá se aprimorar, conforme sua aplicação aumenta. Com a evolução das diversas áreas da ciência que estudam o comportamento do consumidor, dados quantitativos, procedimentos estatísticos e informações úteis sobre o desenvolvimento/aprimoramento de produtos alimentícios serão mais facilmente obtidos para atender às expectativas e necessidades dos consumidores. Embalagens As embalagens se tornaram essenciais à humanidade. Sua função de proteger os produtos alimentícios e prover informações ao consumidor através de seu rótulo é indispensável atualmente. Assim, são diversos os materiais utilizados na confecção de embalagens, comometal, vidro, papel e plástico, sendo que cada um deles desempenha um papel específico para proteção dos alimentos. Ao mesmo tempo em que as embalagens são essenciais, também são uma grande preocupação atual, uma vez que precisam ser descartadas e, por isso, poluem omeio ambiente. A procura por embalagens biodegradáveis tem crescido conforme a sociedade tem se tornadomais consciente. Desta maneira, é possível afirmar que um sistema de embalagens eficiente é responsável pelo acondicionamento de produtos e útil no que diz respeito às seguintes funções: contenção, proteção, conveniência e comunicação. MATERIAIS Embalagens primárias são aquelas que entram em contato diretamente com o produto. Em muitos casos, são as únicas que o protegem. As embalagens primárias podem ser de plástico, metal ou vidro, por exemplo. Já as embalagens secundárias visam prover uma proteção maior aos produtos, além de facilitar sua organização e transporte, e costumam ser de plástico ou papelão. Por fim, há ainda as embalagens terciárias, que envolvem as embalagens secundárias e são extremamente importantes para o transporte e armazenamento de grandes cargas de alimentos. A qualidade do processo de fechamento e vedação da embalagem é muito importante para a manutenção da integridade do produto alimentício. Assim, embalagens de vidro são fechadas com tampas metálicas em altas temperaturas, ao passo que embalagens de papel costumam ser vedadas commaterial adesivo. Em embalagens de metal, as bordas são unidas ao corpo cilíndrico da lata por uma operação chamada recravação. Os materiais escolhidos para embalar cada produto têm funções especificas no que diz respeito à sua contenção, proteção, conveniência e comunicação. Clique nos botões para saber mais Metais – As embalagens de metal podem ser compostas por aço, alumínio, estanho e cromo, sendo o alumínio o mais utilizado. Este pode ser utilizado na fabricação de diversos tipos de embalagens, como latas e papel-alumínio, por exemplo, e possui espessura que pode variar de 4 a 150 milímetros, além de folhas metálicas mais finas que contêm microfuros, ideais para a passagem de gases e vapores de água. Agentes de ligação, como silício, ferro, cobre, manganês, magnésio, cromo, zinco e titânio podem ser adicionados para garantir a formação do molde e maior resistência às embalagens de alumínio. Vidros O vidro é um produto de fusão inorgânico e amorfo que foi resfriado até uma condição de rigidez sem cristalização. Apesar de rígido, o vidro é um líquido altamente viscoso, que existe em estado vítreo ou vitrificado. Assim, os vidros são muito utilizados no mercado de alimentos, uma vez que desempenham importante papel em sua conservação e proteção. Atualmente, com os avanços tecnológicos, os recipientes de vidro são mais leves e mais resistentes, e os tipos mais utilizados são garrafas e potes. Os materiais utilizados para a vedação desses recipientes podem variar em tamanho e tipo, não precisando ser necessariamente de vidro. Elementos como tampas metálicas e roscas são bastante utilizados para essa finalidade. Papel As embalagens de papel são constituídas basicamente por celulose e submetidas a tratamentos como aplicação de relevo, revestimento, laminação e moldagem em formatos e tamanhos especiais. Em geral, as embalagens de papel não oferecem grande proteção contra danos mecânicos e umidade. No entanto, algumas embalagens de papel podem ser revestidas por polímeros plásticos para ampliar essa proteção. Quando a gramatura do papel excede 224 (g.m-2), este pode ser denominado papelão, material utilizado principalmente na confecção de caixas organizadoras de embalagens primárias. Plásticos Plásticos são polímeros orgânicos e suas propriedades são determinadas pela natureza química e física dos polímeros usados em sua fabricação. Já as propriedades dos polímeros são determinadas por sua estrutura molecular, peso molecular, grau de cristalinidade e composição química. Esses fatores, por sua vez, afetam a densidade dos polímeros e as temperaturas nas quais eles passam por transições físicas. As poliolefinas são um importante grupo de polímeros utilizado na confecção de embalagens plásticas. Ademais, há também outros tipos de embalagens plásticas para alimentos, como as poliaminas, os poliésteres e a celulose regenerada. CURIOSIDADE O bisfenol A é uma substância presente no policarbonato de embalagens plásticas com alta resistência, e sua migração para alimentos é uma preocupação atual. A ingestão de bisfenol A tem sido relacionada a doenças na tireoide, infertilidade e câncer, e muitos estudos estão sendo efetuados para que haja comprovação dessas relações. LEGISLAÇÃO Os regulamentos relacionados às embalagens incluem as embalagens e materiais que entram em contato direto com alimentos e são destinados a contê-los, desde sua fabricação até a entrega ao consumidor, e protegê-los de agente externos, alterações, contaminações e adulterações. Os regulamentos sobre embalagens são harmonizados no Mercosul e, portanto, qualquer alteração nestes regulamentos requer discussão e consenso neste âmbito. Para fins de regulamentação, o Mercosul utiliza como referência regulamentos de embalagens e materiais para contato com alimentos da Comunidade Europeia, do Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos da América e do Instituto Alemão de Avaliação de Risco (BfR), entre outros (ANVISA, 2020). Assim, a Resolução RDC 91 de 2001 estabelece e aprova critérios gerais para embalagens e equipamentos que entram em contato direto com alimentos durante sua produção, elaboração, fracionamento, armazenamento, distribuição, comercialização e consumo. Ainda segundo a resolução, as embalagens devem seguir todos os critérios de boas práticas de fabricação e utilizar apenas componentes com alto grau de pureza, além de cumprir com os limites de migração totais e específicos estabelecidos. A RDC 91 também determina que as embalagens devem dispor de lacres ou sistemas de fechamento que evitem a abertura involuntária da embalagem em condições razoáveis. Nos casos em que há necessidade de inclusão ou exclusão de componentes, e para a atualização das restrições, devem ser observadas como referência a Commission of the European Communities - DirectorateGeneral III, outras legislações europeias especificas para cada tipo de material e as Listas Positivas do Food and Drug Administration (FDA). Por fim, a RDC 27 de 2010 dispõe sobre os alimentos e embalagens dispensados de obrigatoriedade de registros junto à Anvisa. NOVAS TENDÊNCIAS E TECNOLOGIAS Com o crescimento da indústria alimentícia, a indústria de embalagens tem se desenvolvido de maneira cada vez mais satisfatória. Atualmente, as embalagens têm a função de proteger os alimentos, torná-los mais atrativos, ocupar menos lugar no espaço de venda, proporcionar praticidade desde a compra até o consumo e oferecer informações relevantes ao consumidor. Atualmente, as embalagens reúnem elementos de diversas áreas e acompanham tendências culturais e da sociedade, além de responderem aos requisitos de marketing estabelecidos internamente nas empresas. Ademais, são produzidas com o uso de altas tecnologias, visando satisfazer às necessidades dos consumidores mais exigentes. A tendência domercado em oferecer alimentos cada vez mais naturais, com omínimo de alterações e alta qualidade nutricional, parte dessa exigência dos consumidores. As embalagens tendem a acompanhar esse requerimento, proporcionando, além de um alimento seguro, a imagem daquilo que está sendo buscado. Nesses casos, embalagens mais rústicas e até biodegradáveis podem aumentar a atratividade de produtos e garantir maiores índices de venda e satisfação dos consumidores. Embalagens ativas, que conversam com o consumidor e evidenciam determinadas informações relevantes, também são cada vez mais procuradas. Além de proteger os alimentos, o consumidor procura por produtos com embalagens que atendam às suas necessidades e forneçam informações, praticidade e segurança. Assim, o desenvolvimento de embalagens com o uso de novas tecnologias vem crescendo a cada ano, sempre buscando soluções inteligentes para atender e superar as expectativas dos consumidores. As embalagens a vácuo, por exemplo, contribuem muito para os alimentos que sofrem com contaminação e proliferação de microrganismos que dependem de oxigênio. Com esse sistema, o ar é retirado da embalagem, garantindomenor volume ao produto e proporcionando um aumento de sua vida útil considerável. Alguns alimentos embalados à vácuo podem durar até 4 vezes mais. Atualmente, desenvolve-se o que é compreendido como sistema de embalagens inteligentes, que são embalagens ativas que podemmelhorar tanto as condições de um produto como sua conservação. Um exemplo disso são as embalagens de carnes: chamadas de filmes ativos, essas embalagens são absorvidas pela carne, que passa a apresentar maior maciez e frescor. Essas embalagens são aplicadas e mantidas nas carnes por determinado período para proporcionar os benefícios citados. Há também o uso de revestimentos ativos que possuem agentes antimicrobianos, com a finalidade de aumentar a vida útil do produto. Ovos revestidos com este elemento podem ser armazenados sem refrigeração por um tempo cinquenta por cento maior que os ovos armazenados em refrigeração sem o revestimento. Com isso, custos de armazenamento são reduzidos. Esse tipo de embalagem é feita com um isolado proteico do soro de leite, sendo, portanto, biodegradável. Atualmente, há etiquetas para embalagens plásticas com a função de controlar as concentrações de dióxido de enxofre em determinados alimentos. Quando há uma concentração de dióxido de enxofre acima de 100 ppm (partes por milhão), a etiqueta pode mudar de cor ou até ficar mais transparente, demonstrando que o alimento está improprio para o consumo. Esse tipo de tecnologia em embalagens é geralmente utilizada em frutos domar. As embalagens ativas também proporcionam uma interação mais satisfatória com os consumidores, particularmente através da leitura de informações por câmeras de celular. Muitas embalagens já dispõem desse tipo de interação, trazendo informações que tanto agregam valor aos produtos quanto são necessárias aos consumidores. Já as embalagens biodegradáveis são cada vez mais procuradas, visando evitar impactos ambientais. Com isso, a indústria de embalagens tem desenvolvido novas tecnologias. Atualmente, há o desenvolvimento de embalagens biodegradáveis a partir do amido de mandioca com adição de outras substâncias. Além de ser biodegradável, esse tipo de embalagem pode ainda garantir maior tempo de conservação, quando em contato com aditivos específicos, e informar o consumidor sobre sua condição para o consumo. Esse tipo de embalagem foi recentemente testado com a adição de antocianinas, composto bioativo presente em vegetais. Com esta adição, foi possível evitar a oxidação precoce de carnes, por exemplo. Outro exemplo de embalagem biodegradável são os filmes produzidos a partir do soro de leite, que podem ter alguns aditivos acrescentados para proporcionar elasticidade. A busca por embalagens inteligentes, leves, práticas, resistentes e que causemmenor impacto ambiental são ainda desafios que as indústrias encontram. É preciso unir esforços para a produção dessas embalagens, sempre considerando os custos possíveis para sua comercialização. Conforme o consumidor se torna mais consciente, toda a cadeia produtiva de embalagens deve considerar seus impactos ambientais. Desta maneira, os materiais e processos utilizados precisam estar cada vez mais seguros para evitar o excesso de resíduos e a impossibilidade de sua reutilização. Agora é a hora de sintetizar tudo o que aprendemos nessa unidade. Vamos lá?! SINTETIZANDO Os processos de produção de doces e sucos obedecem a padrões pré-estabelecidos, os quais devem ser seguidos com a finalidade de garantir segurança, manter características básicas dos produtos e promover ummaior tempo de conservação. Para preparação das compotas, são utilizadas frutas processadas, açúcar e água. Geleias de fruta são obtidas a partir da cocção das frutas em diversas formas, com adição de açúcar e água. Aqui, também podem ser adicionados ácido e pectina. Já o doce de goiaba é produzido a partir do processamento da goiaba e de ajustes do pH, além de adição de pectina. Para uma produção adequada de doces, devem ser seguidos todos os critérios de boas práticas de fabricação. A produção de sucos no Brasil é extremamente ampla e envolve uma grande variedade de frutas. O suco de laranja é o mais exportado e consumido. Assim, há critérios estabelecidos pela legislação vigente para os limites de sólidos, acidez e açúcares nos sucos de fruta industrializados, os quais sempre devem ser seguidos. O desenvolvimento de novos produtos é uma grande oportunidade para as indústrias de alimento. Para isso, é necessária uma ampla integração entre os setores de uma indústria: marketing, produção, atividades comerciais e aquisição de novas matérias primas. Um sistema de embalagens eficiente é responsável pelo acondicionamento de produtos enquanto cumpre as seguintes funções: contenção, proteção, conveniência e comunicação. Assim, as embalagens podem ser de diferentes materiais, como plástico, vidro e metal. Nomercado, são utilizadas as embalagens primárias, secundárias e terciárias. As embalagens estão dispensadas de registro junto à Anvisa e devem seguir todos os critérios de boas práticas de fabricação. Além disso, devem utilizar componentes com alto grau de pureza, além de cumprir com os limites de migração totais e específicos estabelecidos. Atualmente, as embalagens estão evoluindo e cumprem função muito maior do que apenas a venda de seus produtos. Desta maneira, a busca por embalagens leves, práticas, resistentes e que causemmenor impacto ambiental são ainda desafios que as indústrias encontram. Com o avanço do conhecimento por parte dos consumidores, a indústria de alimentos e embalagens tem buscado cada vez mais atender às suas expectativas, oferecendo produtos seguros, de qualidade nutricional e commenor impacto nomeio ambiente.
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