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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Patologias do sistema Nervoso CeNtral
Elaboração
Tatiana Góes Freitas
Letícia Paranhos R. D. Coelho
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APrESEntAção ................................................................................................................................. 4
orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 5
introdução.................................................................................................................................... 7
unidAdE i
PARALISIA CEREBRAL E ESCLEROSES ....................................................................................................... 9
CAPítulo 1
PARALISIA CEREBRAL (PC) ....................................................................................................... 10
CAPítulo 2
ESCLEROSE MúLtIPLA (EM) ...................................................................................................... 13
CAPítulo 3
ESCLEROSE LAtERAL AMIOtRófICA (ELA) ................................................................................ 16
unidAdE ii
PAtOLOGIAS fREQUENtES EM AMBULAtóRIO NEUROLóGICO E tRANStORNOS NEUROCOGNItIVOS .... 18
CAPítulo 1
EPILEPSIA ............................................................................................................................... 20
CAPítulo 2
HIdROCEfALIA ....................................................................................................................... 27
CAPítulo 3
ACIdENtE VASCULAR CEREBRAL (AVC) ................................................................................... 29
CAPítulo 4
tRANStORNO NEUROCOGNItIVO dEVIdO à dOENçA dE HUNtINGtON ................................. 31
CAPítulo 5
tRANStORNO NEUROCOGNItIVO dEVIdO A LESãO CEREBRAL tRAUMátICA ........................... 33
CAPítulo 6
tRANStORNO NEUROCOGNItIVO dEVIdO à dOENçA dE PARkINSON .................................... 35
CAPítulo 7
tRANStORNO NEUROCOGNItIVO dEVIdO à dOENçA dE ALzHEIMER ..................................... 37
CAPítulo 8
tRANStORNO NEUROCOGNItIVO VASCULAR .......................................................................... 43
CAPítulo 9
tRANStORNO NEUROCOGNItIVO fRONtOtEMPORAL ............................................................. 46
unidAdE iii
tRANStORNOS dO dESENVOLVIMENtO ................................................................................................ 49
CAPítulo 1
dEfICIêNCIA INtELECtUAL (dI) ................................................................................................ 49
CAPítulo 2
tRANStORNO dE défICIt dE AtENçãO/HIPERAtIVIdAdE (tdAH) ............................................... 53
CAPítulo 3
tRANStORNOS dO ESPECtRO AUtIStA (tEA) ............................................................................ 56
CAPítulo 4
tRANStORNOS ESPECífICOS dA APRENdIzAGEM ................................................................... 61
CAPítulo 5
tANV: tRANStORNO dE APRENdIzAGEM NãO VERBAL ............................................................ 69
unidAdE iV
CONCEItOS E CONSIdERAçÕES GERAIS SOBRE AGNOSIA, APRAXIA, AfASIA E AMNéSIA E PAtOLOGIAS 
fREQUENtES EM AMBULAtóRIO PSIQUIátRICO ..................................................................................... 72
CAPítulo 1
GNOSIAS ............................................................................................................................... 73
CAPítulo 2
PRAXIAS ................................................................................................................................. 76
CAPítulo 3
AfASIAS ................................................................................................................................. 79
CAPítulo 4
AMNéSIA ................................................................................................................................ 81
CAPítulo 5
dEPRESSãO ........................................................................................................................... 82
CAPítulo 6
tRANStORNO BIPOLAR dO HUMOR ........................................................................................ 84
rEfErênCiAS .................................................................................................................................. 87
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
introdução
Nesta apostila o leitor encontrará informações acerca de algumas das patologias oriundas 
de alterações do Sistema Nervoso Central, tais como: Paralisia Cerebral, Esclerose 
Múltipla, Esclerose Lateral Amiotrófica, Epilepsia, Hidrocefalia, entre outros. Estas 
são atendidas em ambulatório neurológico e, eventualmente, em outros ambulatórios 
complementares para o tratamento.
Abordaremos também algumas patologias que podem ser tratadas em ambulatório 
neurológico e no psiquiátrico, podendo os profissionais de ambas as especialidades 
encaminharem pacientes para o atendimento em neuropsicologia. Estas patologias 
são consideradas como patologiasneuropsiquiátricas, como: Doença de Alzheimer, 
Transtorno Neurocognitivo Vascular e o Frontotemporal.
Algumas patologias que interferem no decorrer do desenvolvimento da criança também 
serão abordadas, tais como a Deficiência Intelectual, o Transtorno de Déficit de 
Atenção/Hiperatividade, o Transtornos do Espectro Autista, Transtornos Específicos 
da Aprendizagem e o Transtorno de Aprendizagem Não Verbal.
O leitor encontrará informações sobre alterações da sensopercepção, apraxias, afasia e 
amnésia, bastante importantes de serem conhecidos a fim de evitar confusão durante o 
processo de avaliação e posterior reabilitação neuropsicológica.
Por último, saindo um pouco das patologias primariamente oriundas de alterações 
do Sistema Nervoso Central, abordaremos brevemente sobre alguns transtornos 
psiquiátricos que são comumente mal interpretados ao olhar do senso comum e que 
merecem atenção especialmente no momento das entrevistas (inicial e devolutiva) com 
o paciente e os familiares que possivelmente podem estar mais presentes.
objetivo
 » Transmitir conhecimentos sobre os diversos assuntos para que o aluno 
possa perceber quais são aqueles que mais lhe agradam ou chamam a 
atenção para futuro aprofundamento.
9
unidAdE iPArAliSiA CErEBrAl 
E ESClEroSES
introdução
Neste primeiro momento, serão abordadas as patologias mais comuns decorrentes de 
alterações em alguma região do Sistema Nervoso Central.
O sistema nervoso do organismo humano é dividido em duas partes, o Sistema Nervoso 
Central (SNC) e o Sistema Nervoso Periférico (SNP). O SNC é constituído pelo encéfalo 
e pela medula espinhal, e o SNP é formado por nervos e gânglios, que são responsáveis 
pelo transporte de informações sensoriais entre o SNC e os demais órgãos do organismo.
No SNC encontram-se a substância cinzenta e a substância branca. A substância 
cinzenta é formada pelos corpos de neurônios e a substância branca é constituída pelos 
axônios, que são fibras nervosas. A cor esbranquiçada é devido à mielina que encobre 
os axônios.
Mesmo que mínimas, quaisquer alterações da integridade do SNC, seja anatômica 
ou funcional, podem trazer comprometimentos ao indivíduo em sua capacidade de 
aprendizagem, inclusive no meio acadêmico, o que prejudica significativamente o 
desenvolvimento intelectual caso o comprometimento do SNC ocorra nos primeiros 
anos de vida.
É importante lembrar que “o córtex cerebral é a camada de substância cinzenta que 
reveste os hemisférios cerebrais” (HAASE et al, 2013). Dependendo da localização de 
origem, as patologias vasculares podem ser chamadas de “corticais”, quando originárias 
no córtex; ou “subcorticais”, quando as lesões estão nas estruturas mais internas, 
“abaixo do córtex”. As lesões corticais apresentam sintomas cognitivos e motores 
súbitos, enquanto as subcorticais são mais discretas, inclusive com microinfartos 
imperceptíveis em testes de rastreio, mas visíveis em exames de imagem.
As artérias cerebrais têm a função de irrigar grandes áreas cerebrais, e danos nestas 
artérias de maior calibre são facilmente identificados pelos pacientes e por seus 
cuidadores, pois a sintomatologia é evidente.
10
objetivos
 » Compreender os aspectos gerais sobre Paralisia Cerebral, Esclerose 
Múltipla e Esclerose Lateral Amiotrófica.
 » Identificar os sintomas que podem ser apresentados e ter atributos para 
desmistificar possíveis estereótipos de que o paciente “não faz porque 
tem preguiça” ou que “nunca vai conseguir fazer...”, especialmente junto 
aos familiares e ambientes acadêmico ou laboral.
 » Compreender a complexidade das referidas patologias e ter noção sobre 
o trabalho do neuropsicólogo, especialmente no acolhimento tanto dos 
pacientes quanto dos familiares.
CAPítulo 1
Paralisia Cerebral (PC)
A Paralisia Cerebral é caracterizada por desordens não progressivas que ocorrem no 
desenvolvimento do cérebro, seja no período fetal ou na infância, que interferem nos 
movimentos motores e posturais.
A paralisia cerebral é uma deficiência que não altera a inteligência, mas pode afetar 
membros de diferentes formas:
 » braço e perna de um dos lados do corpo;
 » duas pernas;
 » ambos os braços e pernas.
Existem diversos tipos de paralisia cerebral:
 » Espástico: os músculos ficam tensos e contraídos. Ocorre devido a danos 
no córtex motor e é o mais frequente.
 » Discinético: movimentos involuntários ocorridos devido aos danos nos 
gânglios da base.
11
PARALISIA CEREBRAL E ESCLEROSES │ UNIDADE I
 » Atáxico: movimentos descoordenados, que afetam o equilíbrio e a 
percepção do posicionamento do corpo no espaço. Ocorre devido a danos 
no cerebelo.
 » Tipos mistos: combinação de danos.
Os sintomas podem se apresentar em diferentes níveis de intensidade e acarretam em 
uma limitação das experiências sensoriais. A criança com paralisia cerebral não vai ter 
acesso às mesmas sensações decorrentes de atividades comuns a outras crianças, como 
andar de bicicleta e perceber a relação entre o equilíbrio e a velocidade que impõe ao 
pedalar; correr pela praia, sentindo as diferentes texturas da areia (quente, molhada, 
fina...) no solado do pé; dar uma cambalhota; pular na piscina; entre outras.
figura 1. Crianças brincando.
fonte disponível em: <https://mibufc.files.wordpress.com/2012/08/pinturas-e-imagens-de-crianc3a7as-brincando.jpg>.
Já é sabido pela literatura que a limitação no desenvolvimento motor tem relação direta 
com prejuízos no desenvolvimento cognitivo. Sendo assim, a criança com paralisia 
cerebral muito comumente apresenta quociente intelectual abaixo da faixa média para 
sua idade.
Pode haver dificuldades no desenvolvimento da comunicação, nas habilidades 
visuoespaciais, além de a criança com paralisia cerebral precisar de maior tempo 
para lidar com as informações, seja pela gravidade de seu quadro ou por privação de 
oportunidades para aprender por tentativas e erros e por experimentação. Os cuidadores 
e professores desta criança precisam ser instruídos sobre à necessidade que ela tem 
12
UNIDADE I │ PARALISIA CEREBRAL E ESCLEROSES
de maior tempo para entender os estímulos do meio, para armazenar e expressar as 
informações.
Antes de se formar em neuropsicologia, o profissional é psicólogo e, neste âmbito, deve 
também atentar a questões emocionais do contexto de seu cliente/paciente. No caso 
do atendimento da criança com paralisia cerebral, o profissional da psicologia deve 
observar a maneira com que os pais, em especial a mãe, lidam com as dificuldades 
da criança. Em alguns casos, faz-se necessário uma ou mais sessões específicas com a 
mãe ou os cuidadores para entender quais eram as expectativas sobre a criança desde 
a gestação, como lidaram com o diagnóstico, como esta criança foi recebida neste lar, 
o que esperam dela etc. É importante orientar para que estes adultos evitem limitar 
ainda mais esta criança, por motivos psicodinâmicos próprios deste(s) adulto(s). Um 
contexto facilitador é extremamente importante para que esta criança aprenda a lidar 
com os frequentes fracassos que irão surgir, tanto em meio acadêmico quanto no social.
O diagnóstico de paralisia cerebral é feito por um neurologista infantil, com base na 
história de vida e das características clínicas encontradas em sua avaliação, incluindo 
as alterações motoras, “retardo no desenvolvimento, persistência de reflexos arcaicos, 
anormalidades posturais e outros sinais patológicos” (TABAQUIM; JOAQUIM, 2013).
Quando é solicitada a avaliação neuropsicológica, os testes devem ser pensados a fim 
de propiciar a execução por parte do paciente. Evita-se, então, utilizar testes como 
o subteste “cubos” (WISC) em crianças cuja manifestação motora não lhe permita a 
manipulação adequada. Para avaliação da capacidade de raciocínio geral de crianças 
de 3 a 9 anos, pode-se utilizar a Escala de Maturidade Mental Columbia, que não exige 
uma resposta verbal, tem apresentação lúdica e não é tão complexa quanto o Raven.
A paralisia cerebral é uma síndrome ocorrida geralmentepor falta de oxigênio 
ou hemorragia no cérebro, na hora do nascimento, e pode abranger:
 » diminuição da coordenação motora;
 » rigidez e perda da força muscular;
 » descontrole de membros, cabeça e olhos;
 » tremores.
A reabilitação é feita com fisioterapia e terapia ocupacional para auxiliar no combate da 
rigidez muscular.
13
CAPítulo 2
Esclerose Múltipla (EM)
Esclerose múltipla é uma doença crônica decorrente de comprometimento nos circuitos 
subcorticais do Sistema Nervoso Central, devido à desmielinização, que é a perda 
progressiva da bainha de mielina sobre os nervos. Afeta o cérebro, a medula espinhal e 
o nervo óptico. Algumas características são:
 » origem em uma disfunção do sistema imunológico;
 » deterioração da mielina.
Algumas informações relevantes sobre o funcionamento neuronal:
 » mielina é o tecido que protege as fibras nervosas e garante a transmissão 
de informações entre os neurônios;
 » na esclerose Múltipla, a mielina é danificada ou destruída;
 » as lesões da mielina provocam falhas na condução das informações;
 » as fibras nervosas transmitem os sinais dos nervos para o cérebro e o 
restante do corpo;
 » com o comprometimento ou bloqueio dos sinais nervosos, as fibras vão 
transmitir sinais também modificados;
 » ao receber sinais nervosos comprometidos, surgem sintomas da doença, 
tais como a perda da aptidão física, redução da eficiência intelectual, 
entre outros.
figura 2. desmielinização.
fonte disponível em: <https://images1.minhavida.com.br/imgHandler.ashx?mid=35093>.
14
UNIDADE I │ PARALISIA CEREBRAL E ESCLEROSES
Afeta pacientes jovens, com início entre os 20 e 30 anos. O indivíduo acometido 
pode apresentar uma série de sintomas, tais como: extremo cansaço, diminuição da 
acuidade visual, desequilíbrio, falhas mnésticas, disfasia (linguagem), ataxia (motora). 
Cerca de 30% dos pacientes com Esclerose Múltipla têm dificuldades de memória 
(MALLOY-DINIZ et al., 2015).
Os sintomas aparecem em diferentes regiões do nosso organismo.
REGIÃO ALGUNS SINTOMAS MAIS COMUNS
Central
 » Fadiga.
 » Depressão.
 » Instabilidade de humor.
 » Comprometimento cognitivo.
Visual
 » Nistagmo
(oscilações rítmicas, repetidas e involuntárias de um ou ambos os olhos).
 » Neurite óptica
(inflamação do nervo óptico).
Garganta
 » Disfagia
(dificuldade de engolir).
Fala
 » Disartria
(dificuldade para articular as palavras para falar).
Musculoesquelética
 » Fraqueza.
 » Espasmos
(contração muscular súbita e involuntária).
 » Ataxia
(perda do controle muscular durante a realização de movimentos voluntários).
Em uma ou mais regiões também pode haver sensação de dor, hipoestesia ou parestesia.
Até o momento conta com uma ampla gama de opções terapêuticas bastante eficazes, 
mas ainda é uma doença que não tem cura. O tratamento é feito com um neurologista 
e tem o objetivo de evitar os picos de processo inflamatório. Mesmo com a medicação, 
é possível que sintomas ainda sejam relatados, porém, em uma intensidade mais 
abrandada. O estado emocional do indivíduo interfere significantemente em sua 
percepção da doença e de seus sintomas.
É preciso investigar as queixas a fundo, a fim de entender quais são suas causas. 
Por exemplo: se o paciente informa estar triste, é importante averiguar se ele tem 
vontade de realizar as atividades que fazia antes da doença. Em caso negativo, pode-se 
investigar sobre a probabilidade de uma depressão. Caso o indivíduo tenha interesse, 
mas apresente extremo cansaço, talvez se trate de uma fadiga física.
É importante que o profissional faça orientações, inclusive por meio de um documento 
ou reunião à empresa em que o paciente trabalha, informando sobre a necessidade 
15
PARALISIA CEREBRAL E ESCLEROSES │ UNIDADE I
de intervalos para descanso mais frequentes, para que os patrões saibam como é a 
melhor maneira de extrair o melhor rendimento deste profissional, evitando julgar a 
doença como uma preguiça ou má vontade, o que pode interferir negativamente em 
uma avaliação de desempenho.
Em testes de aprendizado/memória, provavelmente este paciente apresentará alguma 
dificuldade na evocação dos estímulos previamente apresentados. Ao trabalhar no 
programa de reabilitação neuropsicológica, o uso de dicas/pistas é bastante útil para 
auxiliar nesta etapa de evocação, visto que os estímulos foram registrados.
16
CAPítulo 3
Esclerose lateral Amiotrófica (ElA)
Trata-se de uma doença degenerativa com comprometimento progressivo dos neurônios 
motores localizados no cérebro e na medula espinhal. Conforme as células nervosas vão 
perdendo sua capacidade de transmitir impulsos nervosos, é dada origem à doença.
Os sintomas mais comuns incluem a paresia gradual da musculatura dos membros, 
disfagia (dificuldade de deglutição), disartria (dificuldade na articulação) e dispneia 
(dificuldade respiratória). Pode haver paralisia progressiva de todos os músculos sobre 
os quais, em condições saudáveis, temos domínio voluntário sobre sua movimentação 
e articulação.
Sendo assim, é um paciente com dificuldade para engolir alimentos, o que pode acarretar 
em desnutrição, se não for devidamente assistido; não consegue se expressar de forma 
suficiente a ser compreendido com facilidade, o que pode gerar frustrações emocionais. 
Também podem apresentar fraquezas na musculatura respiratória, o que é uma causa 
comum de morte dos pacientes acometidos com ELA.
Outros sintomas são:
 » endurecimento muscular;
 » atrofia muscular;
 » cãibras;
 » tremor muscular;
 » espasmos;
 » diminuição ou perda da sensibilidade.
A morte dos neurônios interfere no funcionamento dos músculos do organismo 
humano, comprometendo, progressivamente, a fala, a deglutição, além dos músculos 
dos membros. A consciência e os órgãos dos sentidos permanecem inalteradas.
O início dos sintomas ocorre próximo aos 54 anos, abruptamente e com sobrevida média 
de 3 a 5 anos. É uma doença que ainda não tem cura. Metade dos pacientes morre em 30 
meses e 20% pode sobreviver de 5 a 10 anos. O tratamento é majoritariamente médico, 
mas com melhor eficácia se houver cuidado multidisciplinar abrangendo os serviços de 
psicoterapia, fonoaudiologia, fisioterapia e acompanhamento nutricional. 
17
PARALISIA CEREBRAL E ESCLEROSES │ UNIDADE I
Com as dificuldades motoras progressivas, é natural que o paciente vá tendo cada vez 
mais dificuldade funcional e torne-se dependente para atividades diárias. A somatória 
das incapacidades e da extrema dependência comumente geram irritabilidade, 
sintomas ansiosos e depressivos no paciente, o que pode acarretar em conflitos com os 
familiares ou cuidadores que lhe auxiliam, caso estes não tenham estrutura emocional 
suficientemente fortalecida para lidar com o doente. Neste sentido, a psicoterapia, 
sendo individual ou familiar, é indicada como suporte para a dinâmica familiar e melhor 
qualidade de vida dos envolvidos.
Há poucos estudos sobre a cognição de pacientes acometidos com Esclerose Lateral 
Amiotrófica. O que se sabe é que há déficits cognitivos abrangendo principalmente as 
funções executivas e aspectos da linguagem e de memória. Alterações do comportamento 
dos indivíduos com ELA são muito semelhantes às encontradas em indivíduos com 
Transtorno Neurocognitivo Frontotemporal.
Uma escala globalmente utilizada por profissionais da saúde, em geral o médico, 
para avaliação da funcionalidade do indivíduo com Esclerose Lateral Amiotrófica é a 
“Amyotrophic Lateral Sclerosis Functional Rating Scale-Revised”.
18
unidAdE ii
PAtologiAS frEquEntES 
EM AMBulAtÓrio 
nEurolÓgiCo 
E trAnStornoS 
nEuroCognitiVoS
introdução
O neuropsicólogo que trabalha com maior proximidade a serviços neurológicos, com 
frequência vai receber encaminhamentos de casos de pacientes acometidos com 
Epilepsia e decorrentes de Acidentes Vasculares.
No caso das epilepsias, é muito comum a necessidade de avaliação pré e pós-operatória 
daquele paciente que ainda apresenta sintomas, mesmo com ingestão correta de 
medicação. Quando amedicação não é suficiente para controle dos sintomas epilépticos, 
a equipe de neurologia pode oferecer ao paciente a possibilidade de fazer neurocirurgia 
para remoção ou abrandamento dos sintomas. A avaliação neuropsicológica vem 
para evidenciar e comparar os déficits e habilidades do paciente antes e depois da 
neurocirurgia.
Ao lidar com casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC), o neuropsicólogo encontrará 
uma gama de queixas, dependendo da localização e da dimensão das alterações. 
Geralmente os encaminhamentos solicitam avaliação global das funções cognitivas. 
A avaliação dos aspectos afetivos e de personalidade também deve ser considerada a 
fim de melhor orientar o paciente e seus familiares.
A hidrocefalia é uma patologia importante de ser conhecida a fim de que o profissional 
possa estar atento aos sintomas e verificar a possibilidade de realização de avaliação 
neurológica e/ou exame de imagem para um diagnóstico preciso, pois os sintomas 
desta doença são reversíveis após a neurocirurgia. Nem sempre o paciente vem 
ao neuropsicólogo com a hipótese diagnóstica de hidrocefalia, ainda mais se vier 
encaminhado de outro profissional que não seja o neurologista.
O termo “demência” utilizado no DSM-IV foi substituído por “transtorno neurocognitivo 
maior” no DSM-V, que engloba outras patologias. Algumas delas são:
 » Transtorno Neurocognitivo devido à doença de Alzheimer.
 » Transtorno Neurocognitivo vascular.
19
PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS │ UNIDADE II
 » Transtorno Neurocognitivo devido à doença de Parkinson.
 » Transtorno Neurocognitivo Frontotemporal.
 » Transtorno Neurocognitivo devido a lesão cerebral traumática.
 » Transtorno Neurocognitivo devido à doença de Huntington; entre outros.
A categoria Transtorno Neurocognitivo abrange o grupo de transtornos em que o déficit 
clínico primário esteja entre as funções cognitivas e que não estavam presentes no 
nascimento.
Tratemos, então, de um estado de dificuldades em determinado grau, em que há 
comprometimento da memória concomitante a comprometimento em alguma função 
da vida diária.
Alguns transtornos são reversíveis, tais como os ocasionados por drogas, questões 
emocionais, metabólicas, endócrinas, nutricionais, cardiovasculares, infecciosas. Ao 
tratar a origem, os sintomas “demenciais” também deixam de se apresentar.
Outros casos não têm reversibilidade, tais como o Transtorno Neurocognitivo devido à 
doença de Alzheimer, o Transtorno Neurocognitivo Vascular, Transtorno Neurocognitivo 
Frontotemporal, entre outros. O melhor tratamento para adiar a progressão da maioria 
destes transtornos é aliar medicação com reabilitação neuropsicológica.
objetivos
 » Elucidar sobre patologias mais comuns de ambulatório neurológico com 
demanda de avaliação neuropsicológica.
 » Transmitir conhecimentos sobre a atuação do neuropsicólogo em cada 
caso.
 » Fornecer ao aluno conhecimentos sobre Transtornos Neurocognitivos 
para que seja capaz de identificá-los.
 » Transmitir conhecimentos sobre a atuação do neuropsicólogo junto às 
referidas patologias.
20
CAPítulo 1
Epilepsia
A epilepsia é um distúrbio cerebral caracterizado por crises epilépticas. É necessário 
que ocorra, pelo menos, duas crises dentro de um intervalo de 24h para que seja 
caracterizada.
Crises epilépticas são o desequilíbrio entre excitação e inibição de impulsos da atividade 
elétrica cerebral. Há descargas súbitas, excessivas e descontroladas de um grupamento 
neuronal, ocorrendo de modo espontâneo ou secundário a eventos exógenos.
As crises epiléticas também são chamadas de manifestações ictais. Ocorrem, 
predominantemente, no córtex cerebral e sua atividade é geralmente intermitente e 
recorrente.
É importante frisar que crise não é sinônimo de convulsão, pois pode haver crise que não 
seja convulsiva. Convulsões são especificamente as crises com manifestação motora, 
em que há episódios de contração muscular excessiva ou anormal.
As crises podem ser decorrentes de uma disfunção neuronal focal ou generalizada.
figura 3. Crises epilépticas.
fonte disponível em: <http://lh3.ggpht.com/-X4m5_0w9ciw/t2-e1MgXfCI/AAAAAAAAGpk/_36y31B_tSE/image_
thumb%25255B26%25255d.png?imgmax=800>.
As crises parciais ou focais são as mais comuns. Têm origem em redes neuronais 
específicas de um dos hemisférios cerebrais e podem se originar em estruturas 
subcorticais.
As crises parciais podem ser simples ou complexas.
 » As crises parciais simples têm início súbito, com duração breve e não há 
perda da consciência. Nem sempre apresenta sintomas e pode ser seguida 
de uma fraqueza transitória.
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PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS │ UNIDADE II
 » As crises parciais complexas vêm acompanhadas de perda da consciência, 
em que não há contato com o ambiente. Durante a crise, alterações 
motoras são comuns, podendo apresentar movimentos mastigatórios; 
movimentos intensos das mãos e dedos; caretas; rasgar roupas; pegar e 
soltar de maneira repetitiva um objeto; entre outras ações sem sentido. 
Após a crise o indivíduo apresenta confusão mental e amnésia.
As crises parciais generalizadas se originam em algum ponto de uma rede neuronal 
e rapidamente se propagam em redes neuronais de ambos os hemisférios cerebrais. 
Podem incluir estruturas corticais e subcorticais e perda da consciência.
Dentre as crises generalizadas, existe a crise de ausência, a crise tônica, a crise clônica, 
a crise tônico-clônica (mais comum) e a crise mioclônica, descritas a seguir:
 » Crise de ausência: perda súbita da consciência (não mais que 30 
segundos). O indivíduo fica estático, com fixação do olhar, sem responder 
aos estímulos. Pode acontecer muitas destas crises ao longo do dia.
 » Crise tônica: contrações musculares repentinas e duradouras, deixando 
os membros tensos, estendidos com duração de poucos segundos ou 
minutos. Há perda de consciência e, comumente, desvio dos olhos e 
cabeça para um lado ou até rotação de todo o corpo.
 » Crise clônica: contrações musculares do corpo ou membros, movimentos 
de flexão e estiramento dos membros de forma repetitiva e rítmica, 
com duração de poucos segundos ou minutos. Pode haver flexão de um 
membro e giro do pescoço.
 » Crise tônico-clônica: perda súbita da consciência, queda ao solo e o 
indivíduo pode emitir um grito ou gemido. Há uma rigidez generalizada, 
em que a cabeça fica retraída, os braços flexionados e as pernas extendidas 
(fase tônica). Posteriormente, ocorre uma fase em que os músculos 
alternadamente relaxam e se contraem, surgindo os abalos clônicos de 
grande amplitude. Durante a fase clônica desta crise, o indivíduo pode 
morder a língua ou evacuar. A duração média é de 3 minutos e, no período 
pós-ictal, o indivíduo vai recuperando a consciência aos poucos, podendo 
sentir cansaço, dor de cabeça, confusão e sonolência.
 » Crise mioclônica: abalos musculares abruptos, rápidos e repetitivos, 
simétricos nas extremidades, em que é comum deixar cair objetos das 
mãos. O indivíduo mantém-se consciente e descreve sensação de “choque 
elétrico”.
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UNIDADE II │ PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS
O chamado Estado de Mal Epiléptico é caracterizado por uma crise de duração 
prolongada ou por duas ou mais crises seguidas, mas sem a retomada completa da 
consciência entre estas crises, podendo provocar uma condição duradoura.
Sabe-se que as crises vão ocasionar sintomas de acordo com a região envolvida.
Quanto à etiologia, a epilepsia é chamada Idiopática é aquela de causa genética. Em 
casos em que a epilepsia foi originada a partir de uma lesão, chama-se de epilepsia 
Sintomática. E quando não se sabe a causa, chama-se de epilepsia Criptogênica.
A variante mais estudada entre as epilepsias de etiologia idiopática é a Epilepsia 
mioclônica juvenil. Esta é uma síndrome generalizada, com início na adolescência, 
geralmente precipitada por privação do sono, fadiga, abusode álcool e estimulação 
luminosa. Estes jovens apresentam maiores dificuldades no desempenho de tarefas 
que envolvem a formação de conceitos, abstração, flexibilidade mental, velocidade de 
processamento e planejamento.
Entre as epilepsias parciais, a mais frequente é a Epilepsia de Lobo Temporal. Os 
pacientes acometidos com este tipo descrevem alterações psíquicas momentâneas, 
como medos, dejà vu (sensação de que já esteve em determinado lugar ou já fez a 
mesma coisa antes) e o jamais vu (esquecimento total de algo cotidiano). Descrevem, 
também, sensações gástricas crescentes, como “uma bola que vai subindo”; alucinações 
olfativas ou gustativas; palpitações (percepção dos batimentos cardíacos), piloereção 
(ereção dos pelos, conhecida por “arrepios”); alterações gastrointestinais.
Na avaliação neuropsicológica, as disfunções comumente encontradas em indivíduos 
com epilepsia de lobo temporal são as alterações de linguagem envolvendo nomeação, 
déficits mnésticos e disfunções executivas. Estudos atribuem este perfil como “reflexo do 
espraiamento de descargas epileptiformes em um circuito temporofrontal” (FUENTES 
et al, 2008).
A Epilepsia de Lobo Frontal vai apresentar sintomatologia diferente, dependendo 
da área específica que for afetada na região frontal. A maior parte dos prejuízos está 
relacionada às funções motoras e de funções executivas. Dentre as alterações motoras 
podem ocorrer movimentação excessiva dos membros, alterações posturais, entre 
outras, geralmente em crises com duração de 10 a 30 segundos. Impulsividade, 
agressividade e labilidade do humor são alterações comportamentais comuns.
Epilepsia do Lobo Parietal e do Occipital são menos frequentes. Quando ocorridas 
no Lobo Parietal, são comuns as parestesias contralaterais. Alucinações visuais e 
movimentos dos olhos e da cabeça são uma característica encontrada em Epilepsia do 
Lobo Occipital.
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PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS │ UNIDADE II
Em crianças, a epilepsia interfere no aprendizado acadêmico e há uma relação entre 
menor idade de início das crises e menor desempenho nas disciplinas escolares. Sendo 
assim, quanto mais velha for a criança em seu primeiro episódio, menor será o impacto 
acadêmico. Em crianças, com a remissão das crises, muito frequentemente há melhora 
no rendimento acadêmico.
Independentemente do tipo de síndrome epiléptica, as crises levam ao dano neuronal, 
e a cada crise, os danos aumentam. Nem todos os casos têm as crises cessadas com 
medicamento. Estima-se que cerca de 30% dos casos permaneçam com as crises 
refratárias ao tratamento medicamentoso. Nestes casos em que não há constatação de 
diminuição ou interrupção das crises, a realização de neurocirurgia é necessária.
O diagnóstico é realizado por meio de entrevista descritiva das crises. O exame de 
eletroencefalograma (EEG) também é necessário para a caracterização da atividade 
elétrica cerebral.
figura 4. tipos de crises epilépticas.
fonte disponível em: <http://i.imgur.com/8MBlzkM.jpg>.
Ao atender um indivíduo com epilepsia, é importante que, tanto paciente quanto seus 
familiares, sejam orientados quanto à necessidade de ingestão medicamentosa correta 
e manutenção das consultas com neurologista, mesmo na ausência das crises.
A avaliação neuropsicológica de pacientes com epilepsia vai auxiliar a compreender 
a dimensão do impacto da síndrome na funcionalidade e auxiliam no prognóstico, 
revelando quais são as potencialidades e as maiores dificuldades do indivíduo; e 
24
UNIDADE II │ PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS
orientando para possíveis atividades que podem ser realizadas em seu cotidiano. A 
avaliação pode, também, fazer acompanhamento da evolução do indivíduo.
Antes da aplicação de qualquer teste é importante entender o caso detalhadamente, por 
meio de entrevistas com o paciente, com os familiares e com profissionais da saúde que 
atendem este paciente. Esta coleta de dados tem o objetivo de entender, basicamente, “o 
tipo e a frequência das crises, as medicações em uso e como estes fatores se manifestam, 
atualmente, sobre a cognição e o comportamento” (PAULA; COSTA, 2016).
A próxima etapa vai incluir a aplicação de testes com o objetivo de responder às 
solicitações de quem requeriu a avaliação. É importante caracterizar as habilidades 
pré-mórbidas, geralmente através de testes que avaliam a inteligência cristalizada e 
por meio de entrevista detalhada com os familiares ou pessoas de convívio acadêmico 
ou profissional do paciente.
A avaliação neuropsicológica pode ser solicitada no momento pré-operatório a fim 
de mensurar o estado cognitivo e emocional do sujeito ainda com a sintomatologia 
epiléptica. Os mesmos testes devem ser utilizados para a avaliação pós-operatória, 
garantindo melhor comparação de desempenho pré e pós cirúrgico. O objetivo é 
averiguar quais déficits estavam presentes com a doença e em quais funções houve 
melhora, assegurando ao paciente e à equipe médica, a realidade cognitiva do paciente 
em questão.
Da mesma forma com que o profissional da neuropsicologia se interessa mais pelo 
resumo dos resultados de exames de imagem, profissionais de outras áreas precisam 
ter acesso prático aos dados obtidos no exame neuropsicológico.
Assim, em um ambiente multidisciplinar, o neuropsicólogo precisa organizar os dados 
de maneira prática para que a discussão em equipe seja fluida e que todos possam 
entender quais são as potencialidades e as dificuldades dos pacientes.
Uma sugestão para esta situação é que os resultados abaixo da média sejam apresentados 
na cor vermelha e aqueles na faixa média, ou acima desta, em verde. A autora enfatiza 
que, para os pacientes, é importante manter a prática de entregar um relatório descritivo 
e fazer as devidas orientações.
É sempre importante lembrar que o neuropsicólogo é livre para escolher suas técnicas 
avaliativas, mas também precisa estar bastante esclarecido sobre o diagnóstico e suas 
variações, inclusive quanto aos fatores que podem interferir na execução de uma tarefa. 
Como os testes e outros instrumentos não são absolutos, devem ser interpretados 
dentro do contexto, pois nada substitui o raciocínio clínico.
25
PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS │ UNIDADE II
Algumas orientações sobre a epilepsia são imprescindíveis ao público em geral, ao 
presenciar uma crise convulsiva, tais como:
 » procurar manter a calma;
 » tentar virar a cabeça do indivíduo para o lado, para que a saliva não 
impeça a respiração;
 » proteger a cabeça com algo suave, pode apoiar na perna de alguém 
(preferencialmente na coxa) ou em uma peça de roupa dobrada;
 » não colocar nada na boca na pessoa, nem objeto nem nada líquido;
 » não tente despertar o indivíduo;
 » permaneça ao lado do indivíduo até terminar a crise e informe-o do 
ocorrido com o máximo de tranquilidade possível, evitando maiores 
constrangimentos.
figura 5. Como agir diante de crise convulsiva.
fonte disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/-cfUJgfzxwso/tbsw7jQztrI/AAAAAAAAAJs/2s1PhLMAIsE/s1600/epilepsia-ajuda.
jpg>.
1. Mantenha-se calmo e acalme quem assiste à crise.
2. Coloque a pessoa de lado, com a cabeça baixa, de modo que a saliva possa 
escorrer para fora da boca.
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UNIDADE II │ PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS
3. Desaperte a roupa em volta do pescoço.
4. Ponha qualquer coisa macia debaixo da cabeça da pessoa. Pode ser sua 
mão ou sua perna, impedindo-a de bater a cabeça no chão ou em objetos 
próximos.
5. Permaneça junto da pessoa até que volte a respirar calmamente e comece 
a acordar.
6. Ofereça-se para ajudar no regresso para casa ou chamar alguém da 
família.
É muito comum a pessoa ficar constrangida, principalmente se tiver muita gente olhando. 
Neste caso, reações hostis, como uma defesa do ego, podem ocorrer. É importante que 
a pessoa seja respeitada, caso não queiraconversar após a crise ou não queira ajuda.
figura 6. O que NãO fazer.
fonte disponível em: <https://crescercomsaude.files.wordpress.com/2009/05/epilepsia2.jpg?w=510&h=379>.
1. Não coloque nada na boca da pessoa, ela pode morder e se machucar. 
Também não tente puxar a língua da pessoa.
2. Não tente acordar nem force a pessoa a se levantar.
3. Não lhe dê NADA para beber (nunca dê líquidos a alguém que está 
inconsciente).
27
CAPítulo 2
Hidrocefalia
O líquido que envolve e circula pelo Sistema Nervoso Central é chamado de líquor. Este 
é produzido no cérebro pelo plexo coroide. O cérebro saudável produz uma gota de 
líquor a cada dez segundos, em média. Ao ser produzido, passa pelo ventrículo lateral, 
depois pelo forame de Monro, pelo 3o ventrículo, pelo aqueduto, pelo 4o ventrículo e, 
por último, é absorvido nas granulações.
figura 7. Circulação liquórica.
fonte disponível em: <http://www.raquelzorzi.com.br/hidrocefaliaemcriancas>.
Caso ocorra algum incidente cerebral, seja uma infecção nas granulações ou 
traumatismo craniano, um AVC... em que haja sangramento que se misture ao 
líquor, esse sangramento vai circular junto ao líquor e, ao chegar nas granulações, vai 
entupi-las. Entupindo, o líquor não pode ser absorvido. Sendo assim, fica excedente, 
pois o cérebro continua produzindo. A Hidrocefalia é o acúmulo de líquor no cérebro.
figura 8. Hidrocefalia.
fonte disponível em: <https://static.tuasaude.com/img/posts/2014/11/50d2469c231355d8dabc861b30847e03-640_427.
jpeg>.
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UNIDADE II │ PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS
figura 9. Hidrocefalia em exame de imagem.
fonte disponível em: <http://www.neurocranioecoluna.com.br/site/images/neurocirurgia/hidrocefalia_01.jpg>.
A hidrocefalia de pressão normal caracteriza-se por alterações cognitivas subcorticais, 
apresentadas como declínio, apraxia da marcha e incontinência urinária. O exame de 
neuroimagem é capaz de revelar um aumento do volume do sistema ventricular e leve 
atrofia cortical.
O paciente com hidrocefalia apresenta marcha comprometida apraxicamente. 
A habilidade motora é preservada, o indivíduo consegue andar, mas a praxia da 
marcha é alterada, o paciente anda sem boa desenvoltura, como se fosse uma criança 
aprendendo a andar.
O tratamento é neurocirúrgico. Na grande maioria dos casos, punções liquóricas 
(líquido que percorre o Sistema Nervoso Central) repetidas trazem melhorias sobre a 
cognição e a marcha. Em outros casos, a implantação de uma válvula para regulagem 
do fluxo já é suficiente. Faz-se importante fazer fisioterapia, reabilitação cognitiva e 
outras intervenções indicadas a cada caso.
29
CAPítulo 3
Acidente Vascular Cerebral (AVC)
O acidente vascular cerebral é causado pela ruptura aguda de vasos sanguíneos dentro 
do cérebro. Há dois tipos de AVC:
 » AVC Isquêmico: de ocorrência frequente em cerca de 80% dos casos, este 
tipo é decorrente de interrupção do fluxo sanguíneo. Os sintomas são 
percebidos como iniciados “de repente”. No AVC isquêmico transitório, 
os sintomas são passageiros.
 » AVC Hemorrágico: menos comum, ocorre por rompimento de algum 
vaso sanguíneo. O paciente sente dores de cabeça muito fortes, podendo 
vir acompanhadas de fraqueza e/ou sonolência.
figura 10. AVC Isquêmico e AVC Hemorrágico.
fonte disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/-6297XOeC4Yo/Vjtflhp5YdI/AAAAAAAAHmg/x3iAxHykoSs/s1600/fhAEhzg.jpg>.
Sabemos que o oxigênio é transportado pelo sangue. Sendo assim, as células nervosas 
da área afetada ficam privadas de oxigênio, o que impede seu funcionamento. Com isto, 
a parte do corpo que é controlada por estas células também sofre impacto, apresentando 
fraquezas ou incapacidade de funcionar. Pode ocorrer, ainda, perda da consciência, do 
funcionamento cerebral como um todo, sendo a causa mais comum de incapacidade 
e morte. A maior incidência é em idosos, hipertensos, diabéticos, fumantes e pessoas 
com colesterol alto.
30
UNIDADE II │ PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS
É importante reconhecer os sintomas o mais breve possível, pois o tratamento de 
desobstrução do coágulo para a minimização de sequelas deve ser feito nas primeiras 
4 horas.
De acordo com o DSM-V, as evidências de doença cerebrovascular encontradas em 
exames de neuroimagem (ressonância magnética ou tomografia computadorizada) 
englobam um ou mais dos seguintes eventos:
 » um ou mais grandes vasos infartados ou hemorrágicos;
 » um único infarto ou hemorragia situada em uma região específica do 
cérebro, como o giro angular, o tálamo, ou porções anteriores e basais do 
cérebro;
 » dois ou mais infartos lacunares fora do tronco cerebral;
 » lesões extensas e confluentes da substância branca;
Nos exames de neuroimagem, as lesões de substância branca aparecem descritas como 
“doença do vaso menor”, ou “mudanças isquêmicas subcorticais”.
31
CAPítulo 4
transtorno neurocognitivo devido à 
doença de Huntington
Esta doença é uma desordem degenerativa, com comprometimento nos circuitos 
subcorticais, com perdas específicas de neurônios do estriado, que é composto pelo 
núcleo caudado e putamen.
figura 11. Corpo Estriado.
fonte disponível em: <https://www.psicoactiva.com/atlas/estriado.jpg>.
De condição genética, a doença conduz à deterioração progressiva do sistema nervoso. 
Manifesta-se a partir dos 40 anos de idade, o tempo de evolução médio da doença é de 
15 anos após o diagnóstico dos sintomas motores. Só há tratamento sintomático, 
o que leva o paciente, inexoravelmente, ao óbito.
Ocorrem mudanças cognitivas, comportamentais e motoras, comumente nesta ordem. 
Prejuízos cognitivos são progressivos e incluem alterações nas funções executivas, 
mais especificamente na velocidade de processamento, organização e planejamento. 
As mudanças comportamentais estão altamente associadas ao declínio funcional, como 
a depressão, irritabilidade, ansiedade, sintomas obsessivo-compulsivos, desinibição e 
mudanças de personalidade. Entre as alterações motoras, os pacientes apresentam um 
quadro, chamado Coréia, caracterizado por distúrbio de movimento, que acomete todas 
as regiões do corpo, tais como: movimentos bruscos, hipercinéticos e involuntários.
Com a progressão da doença, os pacientes apresentam prejuízo intenso da marcha 
e os movimentos involuntários e desordenados mais graves podem interferir 
32
UNIDADE II │ PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS
significativamente no autocuidado, como tomar banho, vestir-se e ir ao banheiro, 
tornando o indivíduo acometido cada vez mais incapacitado, inclusive para andar. 
No estágio terminal, o controle motor para comer e deglutir é intensificado a ponto de 
colaborar de forma significativa para a morte do indivíduo.
O neuropsicólogo que trabalhar atendendo a esta condição deve saber que o prejuízo 
motor acaba produzindo uma disartria (produção da fala), sendo de difícil compreensão. 
Perdas de memória também são frequentes.
As barreiras na comunicação e o aumento progressivo da dependência comumente 
impulsionam a alterações de humor, como o aumento de comportamentos impulsivos 
ou irritáveis. Uma atenção profissional se faz necessária para evitar maiores desgastes 
emocionais do indivíduo e de sua família, já que, em fase mais avançada da doença, os 
cuidados necessários vão além das demandas decorrentes do declínio cognitivo.
A orientação familiar deve ser constante, inclusive procurando acolher as angústias dos 
familiares e cuidadores, que precisam estar em boas condições físicas e de estrutura 
emocional para que possam cuidar deste doente com menos cansaço e evitando a 
sobrecarga, tão comum em cuidadores.
33
CAPítulo 5
transtorno neurocognitivo devido a 
lesão cerebral traumática
É um dano cerebral, causado por fatores externos, como um impacto na cabeça ou 
outras ocorrências de movimento rápido (aceleração/desaceleração) em que houve 
deslocamento do cérebro na caixa craniana.
De acordocom o DSM-V, as características específicas de um trauma cerebral incluem, 
pelo menos, um dos seguintes eventos:
 » perda de consciência;
 » amnésia pós-traumática;
 » desorientação e confusão;
 » sinais neurológicos: um novo surgimento de convulsões, perda de campo 
visual, anosmia (perda total do olfato), hemiparesia (paralisia de um dos 
lados do corpo).
Dentre as causas mais comuns estão:
 » as quedas, especialmente em pessoas idosas;
 » acidentes de trânsito, com maior foco para motociclistas.
Há lesões cerebrais chamadas de “lesões de contragolpe”, que ocorrem quando o 
cérebro se choca com a parte óssea que o protege, mas no lado oposto ao do impacto. 
Por exemplo: se o indivíduo sofreu impacto na parte frontal da cabeça, dentro do crânio, 
o cérebro é jogado rapidamente para a parte de trás, oprimindo o lobo occipital e áreas 
mais próximas a ele. Ao ser lançado para a parte de trás, o cérebro choca-se com o osso 
e este impacto interno pode causar danos. Dependendo da intensidade do golpe, ao 
voltar, o cérebro ainda corre risco de chocar com a parte frontal do crânio, causando 
outro golpe.
A lesão cerebral traumática pode acarretar distúrbios convulsivos e, dependendo da 
gravidade, pode levar o indivíduo ao óbito.
Quanto à cognição, as dificuldades vão variar de acordo com a intensidade e extensão 
da lesão e das áreas afetadas. Dentre os principais déficits, podem abranger domínios 
34
UNIDADE II │ PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS
variados, tais como atenção, funções executivas, memória e cognição social (capacidade 
de julgamento e comportamento social desajustados). Em uma lesão mais grave, com 
hemorragia intracraniana, por exemplo, os prejuízos também são mais acentuados, 
como afasia, dispraxia construtiva, entre outros.
Em bebês ou crianças pequenas, as lesões podem acarretar em prejuízos no 
desenvolvimento neuropsicomotor. Em adolescentes e adultos, os déficits 
neurocognitivos abarcam maior propensão à fadiga, hipersensibilidade a luz e som e 
labilidade do humor (irritabilidade, depressão, ansiedade, hostilidade ou apatia). Em 
idosos, a desorientação e confusão mental são comuns após lesão cerebral traumática.
Em muitos casos o processo de reabilitação traz inúmeros benefícios para que o 
indivíduo retome, ao máximo, seu potencial funcional. O objetivo do tratamento é 
tentar restaurar a autonomia e independência deste indivíduo, para que seja menos 
dependente dos cuidados alheios e, talvez, possa retomar seus afazeres anteriores ao 
evento traumático.
35
CAPítulo 6
transtorno neurocognitivo devido à 
doença de Parkinson
Este transtorno é caracterizado por comprometimento nos circuitos subcorticais. É uma 
doença neurodegenerativa cujos sintomas principais são: tremor, rigidez e lentidão. 
Para entendermos melhor, vamos voltar à bioquímica dos neurotransmissores:
Há uma região do cérebro chamada de corpo estriado, responsável por controlar a 
postura e os movimentos do corpo humano. Por meio da acetilcolina, o corpo estriado 
ativa os movimentos e, através da dopamina, os inibe. A dopamina é produzida na 
substância negra e faz a comunicação entre esta região e o corpo estriado. No Parkinson, 
há perda de neurônios da substância negra. Sendo assim, a diminuição da concentração 
de dopamina é significativa, o que faz com que seja muito mais difícil para o doente 
inibir movimentos (tremores) indesejáveis e controlá-los (rigidez).
figura 12. Receptor de dopamina.
fonte disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/-Afr22AUhIgI/URrmHhYhLkI/AAAAAAAAAJg/Jq_mHy2JR5k/s1600/
neuronio+parkinson.bmp>.
figura 13. Substância Negra.
fonte disponível em: <http://www.neurocranioecoluna.com.br/site/images/neurocirurgia/estimulacao_cerebral/
estimulacao_02.jpg>.
36
UNIDADE II │ PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS
A doença de Parkinson costuma aparecer após os 65 anos.
O paciente acometido com a doença vai apresentar manifestações clínicas variadas, 
com destaque para o quadro motor, composto por rigidez muscular, tremor de repouso, 
bradicinesia (lentificação dos movimentos), rigidez na marcha (geralmente caminha 
arrastando os pés, com passos bem curtos e com necessidade de apoio), diminuição da 
expressão mímica facial e alteração postural (é comum andarem com a cabeça inclinada 
para frente), com alto risco de queda. Há, ainda, manifestações não motoras, tais como 
anomia, depressão, distúrbios do sono, alterações cognitivas e comportamentais, 
disfunção autonômica, entre outras.
figura 14. Sintomas parkinsonianos.
fonte disponível em: <http://www.pdtrials.org/wp-content/uploads/2015/10/Parkinsons-disease-signs.jpg>.
O paciente acometido com Parkinson tem mais chances de desenvolver algum 
outro Transtorno Neurocognitivo. Cerca de 40 a 50% dos pacientes com Parkinson 
vão apresentar sintomas demenciais, caracterizados por diminuição da memória, 
da atenção, das funções executivas e visioespaciais, alterações da personalidade e 
transtornos comportamentais.
Geralmente, o comprometimento motor está presente há, pelo menos, um ano antes do 
início do declínio cognitivo, que tem desenvolvimento gradual. Quanto maior a idade de 
início da doença de Parkinson, maiores são as chances de desenvolvimento de doença 
concomitante.
Em testes neuropsicológicos, a atenção sustentada é mais preservada do que a atenção 
utilizada para realizar testes que avaliam a velocidade de processamento.
37
CAPítulo 7
transtorno neurocognitivo devido à 
doença de Alzheimer
Alzheimer é a doença neurodegenerativa mais comum entre os idosos senis, afetando 
cerca de 15% dos idosos acima dos 65 anos e dobrando a cada 5 anos. A instalação 
do quadro é de início insidioso e a progressão da doença depende muito de fatores 
genéticos e da reserva cognitiva (rede neuronal desenvolvida previamente). Geralmente 
a evolução é lenta, podendo levar mais de 15 anos.
Os principais fatores que definem a doença de Alzheimer são a deterioração progressiva 
das funções cognitivas, especificamente das habilidades visioespaciais e memória, e, 
concomitantemente, a perda da funcionalidade.
Ocorre comprometimento nos circuitos corticais e com grande perda de neurônios 
hipocampais.
figura 15. Hipocampo.
fonte disponível em: <http://www.psiqweb.med.br/site/fBArquivos/NO/00000292/00000292_621.jpg>.
Desenvolve-se progressivamente, decorrente de processo degenerativo, iniciando seu 
curso pelos lobos temporais mesiais, afetando o hipocampo e, consequentemente, a 
memória. Há certa atrofia cortical, em especial nos córtex límbico e associativo, bem 
como aumento no volume dos ventrículos cerebrais.
38
UNIDADE II │ PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS
figura 16. Alzheimer.
fonte disponível em: <http://www.institutoalzheimerbrasil.org.br/Uploads/contents_images/
d3ba00948a403e37dfc9453c2dc56f02.jpeg>.
A acetilcolina é um neurotransmissor usado pelo hipocampo, que é a região mais 
envolvida nos processos de memória (que inclui a aprendizagem). Os níveis de 
acetilcolina caem progressivamente durante o envelhecimento, e, nos pacientes 
com Alzheimer, a queda dos níveis de acetilcolina é drasticamente mais elevada. Há 
também outros processos bioquímicos alterados na doença, mas ainda em estudo pela 
comunidade científica.
São comuns os déficits mnésticos, de linguagem (perda da nomeação, compreensão) e 
habilidades visuoespaciais.
Na fase inicial da doença os pacientes começam a ter dificuldades cognitivas, 
especificamente na aquisição de novas memórias (aprendizado), alguma dificuldade em 
acompanhar o tempo, desorientação espacial e mudanças de humor, podendo aparecer 
sintomas de depressivos, como apatia, perda de iniciativa etc.
Nesta fase, a linguagem e as habilidades motoras continuam como antes. O doente é 
capaz de manter uma conversa, é sociável e compreende a comunicação, como gestos, 
entonação etc. Pode acontecer de o paciente nãoreconhecer facilmente o lugar onde 
está e ter lapsos de memória durante uma conversa. Uma estratégia eficaz é auxiliar, 
informando sobre o assunto que estava sendo discutido e, caso o fornecimento de dicas 
não esteja sendo suficiente ou esteja provocando frustrações no indivíduo, pode-se 
mudar o foco da conversa ou mudar de ambiente.
39
PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS │ UNIDADE II
figura 17. Necessidade de ajuda.
fonte disponível em: <https://md24housecall.com/wp-content/uploads/2016/03/A0177_Closeup-portrait-sad-alone-dark-
gloomy-frustrated-stressed-senior-mature-woman-hands-on-head-looking-down-having-really-bad-nigh.jpg>.
A fase leve é o momento ideal de se introduzir um cuidador na vida diária deste 
idoso, pois ainda é capaz de escolher e entender a necessidade, embora muitas vezes 
apresentem resistência por não terem compreensão global de seu quadro. Também é 
uma fase em que precisa ser pensado sobre a possibilidade de retirada da direção de 
um automóvel, pois na próxima fase os déficits são mais abrangentes e estes idosos em 
trânsito podem pôr em risco a própria vida e a de outros.
figura 18. Retirada da direção.
fonte disponível em: <http://www.chapadensenews.com.br/files/fotos/196519.jpg>.
A fase moderada abrange outras áreas cerebrais e funções cognitivas, ocasionando 
déficits na linguagem, nas habilidades visioespaciais e o comprometimento para 
a realização das atividades diárias avançam um pouco mais. Este idoso passa a 
apresentar-se um pouco mais descuidado com sua higiene pessoal (ou demandando 
ajuda para conseguir se arrumar como de costume).
40
UNIDADE II │ PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS
figura 19. Auxílio na higiene do idoso adoentado.
fonte disponível em: <https://static-blog.getninjas.com.br/guia/wp-content/uploads/2015/02/idosos.jpg>.
Já ocorre perda parcial da capacidade de reconhecimento, mantendo intactas as 
recordações mais solidificadas, como os ambientes familiares e orientações pessoais 
(próprio nome, idade, lugar de nascimento, nome de seu cônjuge e parentes). Passa a ter 
dificuldades na fala e linguagem (afasia) e para realizar funções básicas já aprendidas, 
como se vestir e utilizar talheres.
figura 20. Ajuda para vestir.
fonte disponível em: <http://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/2014/02/09/9fev2014---chen-wenyao-ajuda-sua-mae-a-mei-
a-se-vestir-na-casa-onde-vivem-em-jianyang-provincia-de-fujian-sudeste-da-china-wenyao-de-64-anos-cuida-de-sua-mae-de-
106-anos-ha-decadas-ela-diz-que-1391954678057_956x500.jpg>.
Nesta fase moderada da doença, o idoso já é dependente de um cuidador em tempo 
integral, pois começam as manifestações físicas/motoras, como debilidade muscular, 
alterações de postura, caminhada, maior cansaço, entre outros.
41
PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS │ UNIDADE II
figura 21. Limitações físicas na doença de Alzheimer.
fonte disponível em: <http://www.maisquecuidar.pt/AndarilhoArticulado.htm>.
O idoso nesta fase é mais sonolento, repetitivo com a fala e com atitudes (abre e fecha 
gavetas, dobra e desdobra roupas...), pode apresentar sinais psicóticos (delírios, 
alucinações e ilusões) e perde o interesse por atividades das quais gostava antes. É um 
paciente que pode relatar que alguém em sua residência está roubando seu dinheiro 
(sendo que talvez esqueceu onde o guardou), que os familiares estão combinando sua 
internação para ficar com seus bens, entre outros.
Na fase mais avançada da doença, o comprometimento cerebral já avançou para 
as porções do lobo frontal, ocasionando em alterações das funções executivas, da 
personalidade e do comportamento.
figura 22. Idoso tira a roupa.
fonte disponível em: <https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=imgres&cd=&cad=rja&uact=8&ved=
0ahUkEwjaoo_Eze3tAhWCk5AkHf6bdl8QjRwIBw&url=http%3A%2f%2fblogoge1.blogspot.com%2f2015%2f06%2firritado-idoso-
tira-roupa-apos-ser.html&psig=AfQjCNHMffkxdtkJbk_75k54RNVeRufRhA&ust=1494790114655347>.
42
UNIDADE II │ PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS
A rigidez muscular e a alteração de postura estão mais acentuadas e podem, ainda, surgir 
tremores e crises epiléticas. Muito frequentemente, os idosos nesta fase apresentam 
incontinência urinária e fecal e certa perda de resposta à dor.
Cognitivamente é um idoso desorientado com relação ao tempo e ao espaço, não 
sabendo informar em que data está e, se não estiver em sua casa de infância, não saberá 
informar onde está. A apatia é mais marcante, assim como os sintomas psicóticos e 
a agitação psicomotora. Apresenta maior agressividade, que pode ser atribuída a 
múltiplos fatores, como dores, cansaço, remédios e um ambiente exigente.
O indivíduo nesta etapa já não se tem mais a preservação das capacidades automáticas 
adquiridas, como tomar banho, vestir-se sozinho, andar ou comer (incluindo pegar a 
comida com os talheres, levar a comida à boca, mastigar e deglutir).
figura 23. Auxílio na alimentação na fase avançada.
fonte disponível em:< http://portalamigodoidoso.com.br/wp-content/uploads/2012/07/idosa-com-a-infermeira-portal-amigo-
do-idoso.jpg..
É de extrema importância que o familiar/cuidador seja orientado para conseguir 
controlar as situações de ansiedade e agitação dos doentes com Alzheimer, porque estas 
podem gerar comportamentos cada vez mais desgastantes a todos os envolvidos.
43
CAPítulo 8
transtorno neurocognitivo Vascular
O Transtorno Neurocognitivo Vascular costuma ser decorrente de comprometimento 
nos circuitos subcorticais que agrupam o conjunto de quadros de perdas cognitivas e 
alterações da personalidade associadas a lesões cerebrovasculares.
As lesões cerebrovasculares são de diversas causas, podendo consistir em:
 » pequenas áreas de enfarte ou doença dos pequenos vasos (microvascular);
 » grandes lesões tromboembólicas (múltiplos infartos);
 » lesões desmielinizantes secundárias à interrupção da irrigação sanguínea 
local;
 » infartos lacunares;
 » lesões únicas em locais estratégicos (tálamo, giro angular esquerdo, 
núcleo caudado, gânglios da base);
 » angiopatia amiloide;
 » acidentes vasculares cerebrais hemorrágicos (rompimento dos vasos 
sanguíneos cerebrais) ou obstrução, entre outros.
figura 24. Obstrução do fluxo sanguíneo.
fonte disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/-uOrgO0M0_7M/UcqQ940qdyI/AAAAAAAAA-8/1cuyIkM7psE/s640/demencia-
vascular.jpg>.
44
UNIDADE II │ PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS
A etiologia vascular é heterogênea, pois vai depender do tipo de lesão, da localização e 
da extensão da lesão, que pode ser focal, multifocal ou difusa. A certeza é de que, após 
o acidente vascular cerebral, a circulação de sangue no cérebro é menor.
O surgimento da doença é abrupto, com rápido desenvolvimento de déficits, inclusive 
cognitivos. Pressão alta, diabetes e tabaco são predispositores para desencadear o 
Transtorno. A prevalência é maior em indivíduos do sexo masculino do que nos do sexo 
feminino.
De acordo com critérios do DSM-V, para a doença ser classificada como Transtorno 
Neurocognitivo vascular leve é necessário um só acidente vascular cerebral ou doença 
extensa da substância branca. Para ser caracterizado como Transtorno Neurocognitivo 
vascular maior, é preciso que tenha ocorrido, pelo menos, um dentre estes eventos:
 » dois ou mais acidentes vasculares cerebrais;
 » um acidente vascular cerebral estrategicamente situado;
 » uma combinação de doença da substância branca.
Os sintomas iniciais são variados, pois dependem da localização da lesão. É muito comum 
que o paciente tenha complicações vasculares associadas, como “hipertensão arterial, 
sopro carotídeo, doença cardiovascular, diabete e dislipidemias” (DALGALARRONDO, 
2008). A maior prevenção é a boa saúde cardiovascular.
Nos três meses após um acidente vascular cerebral, 20 a 30% dos indivíduosapresentam 
falhas cognitivas, motoras e na funcionalidade. Posteriormente, o paciente passa a ter 
menor controle do corpo, sendo comum ocorrer distúrbio de marcha, com quedas 
frequentes, dificuldade de movimentação dos membros de um mesmo lado do corpo, 
dificuldade na fala ou na articulação das palavras, déficit visual de uma parte do campo 
visual e incontinência urinária nos estágios mais avançados.
Quando ocorre doença isquêmica em pequenos vasos, costuma haver o desenvolvimento 
de sintomas depressivos concomitante à lentidão psicomotora e à disfunção executiva 
(“depressão vascular”).
É comum escutar os familiares relatarem que o paciente “de um dia para o outro 
começou a...” falar com a boca torta, ter dificuldade para segurar um talher ou se perder 
no trânsito, por exemplo.
Os déficits cognitivos podem ser atribuídos a uma ruptura dos circuitos 
córtico-subcorticais, com possível influência na atenção, em especial na velocidade do 
45
PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS │ UNIDADE II
processamento de informações e na capacidade executiva, mas podem variar de um 
caso para outro.
Na avaliação neuropsicológica, na etapa de averiguação dos resultados quantitativos da 
aplicação dos testes, é comum a ocorrência de falhas de coerência sequencial nos testes 
de memória com histórias. É um paciente capaz de evocar o conteúdo apresentado 
dentro da quantidade de informações esperadas para sua faixa etária, porém, de maneira 
desorganizada. No reconhecimento tardio, o desempenho flui melhor com a utilização 
de pistas/dicas, o que pode ser um bom recurso para o programa de reabilitação 
neuropsicológica, incluindo a orientação para que o cuidador faça uso desta estratégia 
no cotidiano deste paciente.
46
CAPítulo 9
transtorno neurocognitivo 
frontotemporal
O Transtorno Neurocognitivo Frontotemporal compreende uma série de variantes 
sindrômicas, causado por degeneração de um ou ambos os lobos frontais e temporais 
do cérebro. Seu desenvolvimento é progressivo, tem início normalmente entre os 40 e 
os 65 anos e acarreta em mudança comportamental e de personalidade e/ou prejuízo 
na linguagem.
Conforme a doença progride, os pacientes acometidos tendem a apresentar sinais e 
sintomas que podem ser uma combinação dos subtipos existentes.
Como existem diversas funções a serem, reguladas pelos dois lobos mais envolvidos, há 
variâncias na apresentação dos sintomas. O DSM-V subdivide a doença em dois grupos, 
sendo um grupo denominado de Transtorno Neurocognitivo frontotemporal de variante 
(ou subtipo) comportamental, e o outro Transtorno Neurocognitivo frontotemporal de 
variante (ou subtipo) linguística.
transtorno neurocognitivo frontotemporal de 
variante comportamental
Indivíduos com a variante comportamental do Transtorno Neurocognitivo 
Frontotemporal apresentam graus variados de apatia ou desinibição, com prejuízo da 
capacidade de insight. Podem perder interesse na socialização, inclusive com desinteresse 
pelas atividades e pessoas habituais, apresentar perda funcional no autocuidado, nas 
responsabilidades pessoais ou evidenciar comportamentos socialmente inadequados. 
Nos estágios posteriores, pode ocorrer perda de controle dos esfíncteres.
transtorno neurocognitivo frontotemporal de 
variantes linguística
Indivíduos com Transtorno neurocognitivo frontotemporal de variante linguística 
apresentam afasia progressiva primária, mas cada variante tem suas especificidades.
Os indivíduos acometidos com a variante linguística semântica (denominada 
anteriormente por demência semântica) podem apresentar prejuízos importantes na 
compreensão de palavras, na nomeação de objetos, e no reconhecimento do significado 
47
PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS │ UNIDADE II
de estímulos visuais (agnosia associativa). Com a progressão da doença, também é 
comum a redução progressiva da produção verbal. Na avaliação neuropsicológica, é 
percebido como um paciente que economiza esforço ao fornecer respostas, mas mantém 
a preservação dos conhecimentos previamente adquiridos sobre as vertentes da língua, 
como a gramática, a leitura em voz alta e a escrita ortograficamente correta de palavras 
regulares.
O quadro clínico é definido de acordo com a localização e abrangência anatômica da 
lesão. Inicialmente ocorrem alterações da personalidade e de comportamento, seguidas 
de déficits de linguagem.
Dentre as alterações de personalidade, podemos ter um indivíduo apático e insensível 
que, anteriormente, se comovia com as demandas alheias e buscava ajudar.
As alterações de comportamento podem incluir o isolamento social, perda de crítica, 
inflexibilidade mental, descuido da higiene pessoal, comportamentos rituais (incluindo 
a possibilidade de colecionismo), deambulações inadaptadas, entre outras.
figura 25. Idoso acumulador patológico.
fonte disponível em: <https://gcdn.emol.cl/psicologia-y-tendencias/files/2016/09/acumulador-compulsivo.jpg>.
Os déficits de linguagem abrangem redução da fluência verbal, estereotipias, ecolalia e 
sinais de hiperoralidade (repetir as frases inúmeras vezes ou ecoar aquilo que os outros 
dizem).
Em geral, pacientes acometidos com algum subtipo desta demência apresentam 
reflexos primitivos frontalizados (preensão palmar, sucção e projeção tônica dos 
lábios), início insidioso e progressivo de distúrbios de linguagem, alterações precoces 
de personalidade e de comportamento, como: isolamento social, apatia, desinibição, 
impulsividade, irritabilidade, hiperoralidade (repetir as frases inúmeras vezes ou ecoar 
aquilo que os outros dizem) e descuido com a higiene pessoal.
48
UNIDADE II │ PATOLOGIAS FREQUENTES EM AMBULATÓRIO NEUROLÓGICO E TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS
figura 26. Projeção tônica dos lábios.
fonte disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/-PgfdGJktb8o/tvvamX6BgzI/AAAAAAAAAtA/xXs_LPY8V3Y/s400/
BOA+VELHINHA+01.jpg>.
Existem várias técnicas utilizadas para realizar o diagnóstico tais como, imagiologia 
cerebral, eletroencefalograma ou testes neuropsicológicos, que podem auxiliar na 
caracterização da doença.
Em testes padronizados, a variante comportamental do Transtorno Neurocognitivo 
frontotemporal aponta para prejuízos comuns no raciocínio abstrato, na atenção 
concentrada (distratibilidade), na capacidade de planejamento e julgamento e nas 
funções executivas (flexibilidade mental e controle inibitório). Nos estágios iniciais, as 
capacidades perceptomotoras e a memória (incluindo a capacidade de aprendizagem) 
estão relativamente preservadas.
Ainda não existe cura para o Transtorno. O que se pode fazer é cuidar dos sintomas 
secundários, como a depressão, podem ser aliviados pela psicoterapia e/ou medicação. 
Os profissionais da saúde têm o papel de fornecer conhecimentos sobre a doença, 
incluindo os motivos pelos quais a pessoa se comporta de determinada maneira. Assim, 
os familiares podem auxiliar o paciente a lidar com seus sintomas em vez de insistir 
para que se comporte de tal maneira, evitando maiores conflitos.
Como a doença atinge o indivíduo em idade produtiva, em que ainda desfrutam de 
plena independência, é comum o abalo das relações familiares e laborais. O apoio de 
profissionais, amigos e familiares tende a fazer uma diferença positiva na forma de 
gerir a doença. A psicoterapia via auxiliar o doente a lidar com as questões emocionais 
decorrentes destas transformações e com a nova perspectiva de vida, entre outras 
demandas.
49
unidAdE iiitrAnStornoS do 
dESEnVolViMEnto
introdução
Serão descritas brevemente às características de algumas patologias ocorridas ao longo 
do desenvolvimento infantil. Faz-se importante que o neuropsicólogo as conheça 
para que possa identificar em uma avaliação e auxiliar a família orientando quanto às 
possibilidades e limitações desta criança, inclusive acolhendo os variados sentimentos e 
expectativas destes familiares, auxiliando-os a olhar esta criança com uma aproximação 
mais fidedignade suas reais condições.
objetivos
 » Fornecer informações sobre Deficiência intelectual. 
 » Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade.
 » Transtornos do Espectro Autista. 
 » Transtornos Específicos da Aprendizagem.
 » Transtorno de Aprendizagem Não Verbal.
CAPítulo 1
deficiência intelectual (di)
Trata-se de uma deficiência caracterizada por limitações significativas em dois âmbitos, 
consecutivamente:
1. funcionamento intelectual;
2. comportamento e funcionamento adaptativo socialmente.
50
UNIDADE III │ TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO
Para que o diagnóstico seja caracterizado, ambos os déficits precisam ser existentes 
desde o período de desenvolvimento, sendo necessário auxílio constante para que o 
indivíduo possa desempenhar as atividades de vida diária para lidar com as demandas 
externas, seja em casa, na escola, no trabalho ou outro ambiente.
Os déficits intelectuais devem ser averiguados tanto pela avaliação clínica quanto 
por testes de inteligência padronizados, individualizados e adequados culturalmente 
e psicometricamente. A avaliação deve englobar a mensuração do quociente de 
inteligência (QI), a capacidade de “raciocínio, solução de problemas, planejamento, 
pensamento abstrato, juízo” (DSM-V) e a aprendizagem.
Uma pontuação de teste abaixo de 70 indica uma limitação no funcionamento intelectual. 
Para a padronização do Teste de Inteligência Wechsler para Crianças (WISC-IV), foram 
avaliadas 120 crianças diagnosticadas previamente como deficientes mentais. A média 
de desempenho daquelas classificadas como Deficientes Mentais Leves foi de 60 pontos 
de QI Total, com 9 pontos de desvio padrão. Crianças diagnosticadas como Deficientes 
Mentais Moderadas obtiveram média de desempenho de 46 pontos de QI Total, com 8 
pontos de desvio padrão.
O comportamento expresso por um funcionamento adaptativo limitado abarca 
dificuldades quanto ao relacionamento interpessoal, autoestima, resolução de 
problemas sociais, capacidade de seguir regras e leis e evitar ser vítima, assumindo 
suas responsabilidades sociais. Compreendem, também, questões acerca de atividades 
do cotidiano, como os cuidados de higiene pessoal, cuidados com a saúde, utilização de 
dinheiro, transporte, telefone, entre outras competências.
Os graus de deficiência intelectual variam, passando por dificuldades leves para se ajustar 
a situações novas (mas podendo ser educáveis), à falta de percepção sobre situações em 
que pode por sua vida em perigo (como querer soltar a mão dos pais/responsáveis e 
querer atravessar a rua rapidamente e sem olhar), crises de agressividade (inclusive 
autoagressividade, como morder as unhas até produzir ferimentos, por exemplo) e 
persistência de reflexos primitivos devido à imaturidade do SNC.
Após avaliação e constatação do diagnóstico, o neuropsicólogo pode trabalhar visando 
conscientizar este indivíduo sobre seus limites, ensinar estratégias para responder às 
demandas o mais próximo do esperado, valorizar suas capacidades e buscar atividades 
em que seja necessário o uso de seus recursos psíquicos mais preservados.
O ideal é trabalhar a partir de contextos reais, criar situações de aprendizagem positivas, 
com elogios perante aos sucessos (mesmo que pequenos) e significativas na vida desta 
criança, usar situações e formas mais concretas possíveis, dividir as tarefas em partes 
51
TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO │ UNIDADE III
e apresentar materiais de diferentes tipos, tais como: objetos, músicas, expressões 
corporais, expressões faciais, entre outras.
Citamos aqui dois exemplos para ilustrar como este aproveitamento dos recursos 
intelectuais pode ser feito, mesmo com a presença marcante de déficits cognitivos em 
indivíduos adultos, em idade produtiva laboralmente:
1. Limitação das habilidades verbais, mas com preservação da coordenação 
motora e da atenção concentrada, pode trabalhar em estoque de 
supermercado.
figura 27. Estoque.
fonte disponível em: <https://4.bp.blogspot.com/-mQ8ky3g-eb4/VwBrf-a7slI/AAAAAAAA3w0/13Yy1Q55c9Q_qdQfwX9LoIinOGy-
c3eQQ/s1600/IMG_5202.JPG>.
2. Falhas práxicas, mas com preservação (mesmo que mínima) das 
capacidades mnésticas pode atuar no balcão de informações de um 
shopping ou terminal rodoviário.
figura 28. Balcão de informações.
fonte disponível em: <http://www.shoppingviacatarina.com.br/public_html/ecentiva/uploads_fck/vc_P4120007.jpg>.
52
UNIDADE III │ TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO
O objetivo é tentar melhorar, o funcionamento das pessoas dentro de seu próprio 
ambiente, a fim de melhorar sua qualidade de vida ao ter a sensação satisfatória de 
realização. Ao desempenhar atividades que valorizem o que há de melhor no indivíduo 
(mesmo que esteja abaixo do esperado para sua faixa etária), temos melhora em termos 
de autoestima, satisfação pessoal, orgulho e outros princípios de autoidentidade.
Outras síndromes apresentam deficiência intelectual, tais como: 
1. Síndromes e condições genéticas e malformativas;
2. Síndrome de Down;
3. Síndrome do X-Frágil;
4. Microcefalia;
5. Síndrome do alcoolismo fetal;
6. Síndrome do Cri du chat (miado do gato);
7. Síndrome de Angelman.
53
CAPítulo 2
transtorno de déficit de 
Atenção/Hiperatividade (tdAH)
O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento que se caracteriza por um padrão 
persistente de sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Pode ser 
apenas do tipo desatento, apenas hiperativo ou do tipo combinado, com desatenção e 
hiperatividade.
A apresentação do TDAH do tipo desatento inclui a incapacidade de permanecer 
em uma tarefa por tempo prolongado, as crianças parecem não ouvir e perdem seus 
materiais com mais frequência que os outros indivíduos de sua idade.
figura 29. desatenção.
fonte disponível em: <http://www.isaudebahia.com.br/noticias/detalhe/noticia/seu-filho-e-desatento-ou-tem-tdah/>.
As características fundamentais do indivíduo acometido com TDAH do tipo hiperativo 
são: o excesso de atividade (além da manifestação de outros de mesma idade), 
inquietação, grande dificuldade de permanecer sentado, incapacidade de aguardar, 
entre outros.
54
UNIDADE III │ TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO
figura 30. Hiperatividade.
fonte disponível em: <http://espacorafah.com.br/wp-content/uploads/2016/02/hiperativo.jpg>.
A apresentação do tipo combinada envolve critérios de desatenção concomitante ao 
preenchimento dos critérios de hiperatividade-impulsividade, desde que presentes nos 
últimos 6 meses.
O indivíduo com TDAH tem maior busca por novidades. Diante de situações novas, 
estimulantes ou desafiadoras (como os jogos de videogame, por exemplo) a criança é 
capaz de controlar seus sintomas com esforço voluntário por algum tempo.
Pessoas com TDAH tem maior dificuldade em concluir seus objetivos, iniciando vários 
projetos, mas que não chegam ao final, incluindo os âmbitos acadêmico, profissional 
e relacionamento afetivo. Apresentam maior envolvimento em acidentes de trânsito, 
mais multas por excesso de velocidade e perdem seus objetos com mais frequência do 
que indivíduos sem este acometimento.
figura 31. tdAH: perda de objetos, perda de foco atencional.
fonte disponível em: <http://www.institutoinclusaobrasil.com.br/wp-content/uploads/2016/05/hiperativo15B15d.jpg>.
55
TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO │ UNIDADE III
A avaliação neuropsicológica do paciente com suspeita de TDAH precisa ser feita 
cautelosamente, a fim de diferenciar os sintomas de outras patologias, como o transtorno 
opositor e desafiante, o Transtorno Bipolar, manifestações emocionais, entre outras 
possibilidades. O profissional deve estar bastante embasado cientificamente e fazer 
entrevista minuciosa com os pais, com a escola, com outros ambientes em que a criança 
convive e, também, com a própria criança.
dificuldades mais frequentes em estudantes com tdAH.
Lentidão para aprender conteúdos e realizar tarefas escolares.
Dificuldade para ignorar estímulos irrelevantes e para interromper uma resposta já iniciada.
Dificuldade de organizar

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