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CLÍNICA DO ADULTO II – Gabrielly – 7ºP 1ºC PAULO MENDES DENGUE Doença febril aguda, com manifestações sistêmicas, evolução autolimitada, em geral benigna. Arbovirose prevalente, grave e potencialmente fatal. Sazonal, prevalente em tempos chuvosos. De notificação compulsória Agente etiológico • Sorotipos: DENV1 ao DENV4, semelhantes em agressividade e virulência, que alternam entre si nas epidemias, devido a imunidade adquirida (permanente). Flavivirus, de RNA simples. • Incubação: (até o início das manifestações clínicas) – 10 dias • Tropismo para hepatócitos, cels hematopoiéticas (defesa), células endoteliais Vetor • Aedes aegypti, fêmea (hematófoga) – hábito durno, predominante em meio urbano. Reproduz em água limpa e parada, havendo ainda transmissão transovariana • Reprodução: ovos → larvas → mosquitos → pupas, em dias • Mosquito pequeno, voo baixo, asas e corpo escuros, 3 pares de patas, abdome listrado Epidemias Ocorrem pela incapacidade de erradicação do vetor (rápido desenvolvimento, fácil disseminação, manutenção de criadouros Fisiopatologia Picada do vetor → inoculação do vírus → corrrente sanguínea → ↑ replicação e viremia → disseminação hematogênica → órgãos alvo (fígado – hepatite-, células endoteliais, e medula óssea - linfócitos e plaquetas) → pode levar a resposta inflamatória sistêmica + lesão endotelial viral → Vasculite sistêmica → ↑ da permeabilidade capilar e do extravasamento plasmático → ↓ Volemia → Hipovolemia → Hipoperfusão → Choque hipovolêmico • A gravidade das manifestações clínicas se relaciona com a resposta imunológica do indivíduo. Se for uma resposta exarcebada, haverão sintomas exacerbados. Tendo maior chance de evolução para a forma grave. • Pode haver hemorragia na dengue, mas a principal complicação é choque hipovolêmico. 5º dia de sintomas → Resposta imune humoral (tardia, mediada por anticorpos específicos → elevação de IgM de fase aguda (cura clínica) → surgimento de IgG conferindo imunidade permanente ao sorotipo específico. Clínica 1ª Fase: Aguda ou Febril: Ocorre logo após o contágio, primeiros 5 a 7 dias • Fase de alta replicação viral, alta viremia, ausência de anticorpos, • Sintomas clássicos: (inespecíficos) febre súbita e alta de no máx 7 dias, mialgia, cefaléia, dor retro-orbitária, mialgia, artralgia, náuseas, vômitos. Pode ainda haver sangramentos discretos gengivorragia, petéquias, epistaxe • IgM surge e desaparece gradativamente • Laboratorial: Leucopenia, plaquetopenia 2ª Fase: Crítica – Momento de redução da febre e dura até 2 dias • Fase de extravasamento plasmático mais evidente, se muito severo pode evoluir pra forma grave, se discreto ou normal tende a evoluir bem. CLÍNICA DO ADULTO II – Gabrielly – 7ºP 1ºC PAULO MENDES • Aparecimento dos sinais de alarme: indício de extravasamento exarcebado. Se aparecer: internação, reposição volêmica imediata • Laboratorial: Leucopenia e plaquetopenia mais evidentes, podendo ainda ter ↑ Ht (pela hipovolemia) 3ª Fase: Covalecença ou Recuperação: Reabsorção do plasma extravasado • Melhora clínica e laboratorial • Presença de Ac IgG (permanente) • Sintomas: Exântema clássico, com ou sem prurido, rash cutâneo (histamina…) • Tto: Histamin, loratadina. Classificação clínica: A partir do grau de extravasamento • Dengue clássica: Sintomas clássicos, sem gravidade ou sinal de alarme, mais comúm. • Dengue com sinal de alarme: Pct de risco - Dengue clássica + 1 sinal de alarme, sendo estes: ✓ Dor abd. intensa, contínua e refratária ✓ Vômitos refratários ✓ Sangramento espontâneo de muscoa (epistaxe, gengivorragia) ✓ Alt. de sensório (letargia) ✓ Hipotensão postural, lipotímia ✓ Hepatomegalia ✓ Derranes cavitários (ascite, derame pleural) ✓ HMG – Mulher >44%, Homem >50% ✓ Queda brusca de plaquetas • Dengue grave - ↑ letalidade ✓ Choque hipovolêmico, ✓ Sangramento grave: hematêmese, melen, metrorrgia ✓ Disfunção de órgão-alvo [causado pela hipoperfusão, sangramento maciço (melena, hematêmese, sang. do SNC, metrorragia), insuficiência renal ou hepática, choque] ✓ Sinais de choque: Taquicardia, hipotensão, alt. consciência, pulso filiforme, má perfusão periférica, cianose de extremidades, oligúria. DIAGNÓSTICO (clínico-epidemiológico) • Exames Inespecíficos: Não confirmam dx, mas auxiliam na conduta ✓ HMG: leucopenia, linfocitose (+ comum), linfopenia, plaquetopenia, ↑ Ht ✓ Transaminases (TGO e TGP): ↑ devido à lesão hepática, IHA causada pela dç. ▪ Obs: indicadores de fx hepática: albumina, bilirrubina, tempo de protrombina • Exames confirmatórios: ✓ PCR: ✓ Cultura viral ✓ NS1: rápida e barata forma de detecção do antígeno viral circulante. antes do 5º dia de infecção, depois reduz viremia. ✓ Após o 5º dia: ELISA (ac IgM na infecção recente, ac igG se o pct já teve a doença) TRATAMENTO GRUPO A: Dengue clássica, sem gravidade, sinais de alarme, prova do laço -, sem sangramento ou doenças crônicas. Paciente hígido, sem comorbidade. • Tratamento ambulatorial ✓ Hidratação oral de 60ml/kg/dia (1/3 solução salina + 2/3 líquido – água, água de côco, Gatorade, suco natural-) ✓ Repouso ✓ Antieméticos, se náuseas e vômitos CLÍNICA DO ADULTO II – Gabrielly – 7ºP 1ºC PAULO MENDES ✓ Paracetamol ou dipirona 500mg, se dor ou febre ✓ Antihistamínicos, se prurido ✓ Não se deve usar AAS e antiinflamatórios ✓ Não é obrigatório solicitar HMG ✓ Se surgir sinais de alarme, orientar busca de serviço de emergência. GRUPO B: Paciente apático, sem gravidade ou sinais de alarme, prova do laço + ou com comorbidades crônicas, pacientes de alto risco (gestante, DM, < 2 anos de idade, imunossuprimidos, idosos, DPOC, ICC, Insuficiência renal e/ou hepática, HIV – estes, independente da prova do laço +a – ) • Tratamento hospitalar ✓ Obrigatório solicitar HMG e manter o paciente em observação ✓ Hidratação oral (60ml/kg/dia -1/3 solução salina + 2/3 líquido-) ✓ Avalia o HMG → Se não vier alterado trata como GRUPO A, se vier alterado (↑ brusco de Ht, plaquetopenia brusca, o paciente deve ser internado e tratado como grupo C GRUPO C: Paciente com sinal de alarme • Tratamento hospitalar (internação de pelo menos 48h) ✓ Volume imediato, hidratação EV rápida e progressiva (com SF 0,9% ou ringer lactato de 20ml/kg em 2 horas. Se reverter faz manutenção com 25ml/kg em 6 horas (1/3 SF ou RL + 2/3 soro glicosado) se o paciente responde bem, mantém por mais 8 horas ✓ Repetir o tratamento até 3 vezes, se não resolver o paciente é enquadrado no grupo D GRUPO D: Suspeita de dengue com sinais de alarme, choque, disfunção orgânica ou sangramento grave • Tratamento em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ✓ Expansão rápida: SF0,9% ou RL→ 20ml/kg em 20 min (repetir até 3x) ✓ Reavaliação clínica a cada 20 min ▪ Se houver melhora clínica e laboratorial → fase de expansão do grupo C ▪ Ausência de melhora clínica → avaliar Ht Ht elevado: Expansor plasmático (albumina), se melhora conduz como grupo C Ht diminuído: Investigar sangramentos e distúrbios de coagulação → Transfusão de hemoderivados (plasma, vit K, hemácias) INDICAÇÃO DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR • Presença de sinais de alarme e gravidade • Recusa na ingesta de alimentos e líquidos • Comprometimento respiratório • Plaquetas <20.000 • Impossibilidade de seguimento ou retorno à UBS • Comorbidades descompensadas: DM, HAS, IC, DPOC, IR… CRITÉRIOS DE ALTA HOSPITALAR (segue com tto ambularial) • Melhora clínica total • Estabilização hemodinâmica por 48 horas • Ausência de febre por 48 horas • Plaquetas >50.000 • Ausência de sintomasrespiratórios PROFILAXIA • Controle vetorial • Medidas de saúde pública (campanhas) • Conscientização populacional acerca de criadouros e reservatórios do vetor. CLÍNICA DO ADULTO II – Gabrielly – 7ºP 1ºC PAULO MENDES • VACINA: Dengvaxia – Tetravalente (4 sorotipos). É recomendado tomar apenas quem já teve contato com a doença, disponível apenas em rede privada e tem a sua eficácia e segurança questionáveis. • PROVA DO LAÇO: Teste de triagem, que deve ser realizado em todos as suspeitas de dengue. ✓ Sem valor diagnóstico, mas com valor prognóstico, indicando o maior risco de evolução para a gravidade devido à fragilidade capilar. ✓ Desenhe um quadrado de 2,5cmx2,5cm → Afere PA e calcula PAM [(PAS+PAD)/2] → mantém o manguito insuflado na PAM por 5 minutos → É + se aparecerem > de 20 petéquias no espaço demarcado. Em crianças é >10 petéquias. CLÍNICA DO ADULTO II – Gabrielly – 7ºP 1ºC PAULO MENDES HIV/AIDS Apareceu nos EUA, em 1981, aparecendo os primeiros casos no BR em 1983, primeira opção de tratamento disponibilizada, em 1987, foi o AZT (Azidotimidina) que foi a única opção por anos. Primeira epidemia foi na década de 90, estimulando novos medicamentos, hoje temos a TARV (terapia antirretroviral) CONCEITOS • Doença infecciosas crônica, sistêmica, de evolução lenta (insidiosa), que agride o sistema imunológico. • O vírus HIV é um parasita intracelular obrigatório, podendo acometer todas as céls do corpo sendo teciduais ou parenquimatosas. Apresenta tropismo por linfócitos TCD4. EPIDEMIOLOGIA • Número crescente de novos casos, com aumento de incidência, nos últimos anos, nos grupos de jovens entre 15-34 anos, gays e homens que fazem sexo com homens (HSH) • Aumento de 140% de novos casos nos últimos anos QUADRO CLÍNICO • É variável e depende muito da fase clínica do paciente, que varia desde fase aguda (inicial) até a de AIDS. • Pacientes não tratados manifesta AIDS em 10 anos Fases Clínicas • Linha azul (1ª) – contagem de LT CD4, sendo o nl cerca de 1.200 • Linha vermelha (2º) – carga viral, na corrente sanguínea. É inversamente “proporcional” à contagem de CD4. • Fase aguda: 4 a 12 semanas, intensa replicação viral (contagem de CD4 normal e alta viremia), início da queda de CD4 se sucede após a intensa replicação viral iniciar. Sintomas inespecíficos. ✓ Síndrome retroviral aguda: leva aos sintomas inespecíficos – febre, mialgia, mal-estar, LNFmegalia, prostração, náuseas, vômitos ✓ Predomínio da resposta imune celular, ausência de anticorpos anti-HIV (resposta humoral inativada até então) • Fase de latência: Após as 4 a 12 semanas, há início da resposta imune humoral, a qual produz ac. que são responsáveis pela latência da infecção, deixando o paciente assintomático. Pode durar 5 a 15 anos, em média 10. Pode, se não houver tratamento, iniciar um decréscimo de TCD4 pela perda de controle da replicação viral pelo sistema imunológico. CLÍNICA DO ADULTO II – Gabrielly – 7ºP 1ºC PAULO MENDES • Fase progressiva: Sinais de imunossupressão – perda de peso, febre persistente, sudorese noturna, candidíase, herpes, infecções de repetição. AIDS (fase final) - Sistema imune debilitado, com contagem de CD4 < 200, possibilitando doenças oportunistas AGENTE ETIOLÓGICO • HIV subtipos 1 e 2, retrovírus (RNA), possuidor de cápsula (glicoproteínas de superfície espcíficas – gp160, gp120, gp41 – ) que estimula a produção de ac. • Possui as enzimas virais: ✓ Transcriptase reversa (RT): transcreve RNA viral em DNA viral ✓ Integrase: Integra o DNA viral recém-formado ao DNA do LT CD4 ✓ Protease: organiza e monta as células filhas da replicação viral (dentro do linfócito) FISIOPATOLOGIA Infecção pelo HIV (pós travessia da barreira mucosa genital ou retal) → disseminação até tecidos linfoides → invasão de órgãos linfoides (LNF, baço e medula) → pós replicação em tecidos linfoides → disseminação hematogênica →↑ viremia → resposta imune celular e imune humoral → depleção progressiva dos LT CD4 até alcançar o estágio de AIDS • Os vírus continuam se replicando nos tecidos linfoides em todo o ciclo da doença, sendo esses considerados santuários ou reservatórios do HIV, mesmo com uma baixa carga viral. TRANSMISSÃO • Relação sexual desprotegida: principal forma de transmissão, todas têm risco de infecção [oral, vaginal, anal (maior risco)] • Transmissão vertical: Gestação, parto ou amamentação • Compartilhamento de agulhas e drogas injetáveis • Transfusão de sangue • Acidente profissional (materiais contaminados) • OBS: A transmissão depende da carga viral, paciente em tratamento tem <1% de chance de transmitir o vírus, pela CV ser indetectável em exames. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • Teste Sorológico (Padrão-ouro): pesquisa ac anti-HIV ✓ Teste rápido: Acessível, barato e rápido (30min) e de fácil execução. Tem no SUS, pode ser obtido por punção venosa ou digital (mais eficaz), fluído oral. Da mais falsos positivos e negativos* que ELISA * CUIDADO ▪ 1º TR: Negativo – descarta dx. ▪ 1º TR: Positivo, solicita segundo de outro laboratório. 2 TR positivos confirmam o dx. Se o segundo for negativo, descarta dx. ✓ ELISA (98% sensibilidade): Teste de triagem (não confirmatório), altamente sensível, mas com baixa especificidade para o HIV. ▪ Se ELISA+, solicita teste confirmatório (Western blot) ▪ Atualmente é usado o ELISA 4ª geração, que permite a detecção de ac. e ag. precocemente (fase aguda) – 15 dias pós contágio ✓ Western Blot: Teste ↑ específico (confirmatório) Ex: E+ e WB+ (lab pede outra amostra), se 2ª amostra de E+, confirma dx. E- não precisa de outro exame. Atenção para a janela imunológica: Mesmo se -, solicita novo exame 30 dias depois para confirmar dx. Em gestantes, TB e outras DSTs deve investigar HIV. • Testes moleculares ✓ PCR: Pesquisa de RNA viral, teste confirmatório de dx precoce, pouco disponível e caro. Só indicado em sorologia inconclusiva e dx de transmissão vertical a RNs. CLÍNICA DO ADULTO II – Gabrielly – 7ºP 1ºC PAULO MENDES ▪ Diagnóstico em RN: 1º PCR no 1º mês de vida, se -, faz o 2º no 4º mês de vida. Se a 1ª amostra for +, solicita a segunda imediatamente, se for + confirma dx. Se – solicita o próximo no 4º mês de vida. ▪ OBS: sorologia não é fidedigna em <18m pela presença de ac. maternos, podendo haver falso +. Após os 18m é permitido fazer sorologia. TRATAMENTO • É recomendado tratar todas as pessoas com HIV/AIDS, independente da contagem de CD4 e apresentação clínica e gestacional. • A TARV reduz a carga viral para <40 cópias de HIV/ml, reduzindo a 1% as chances de transmissão. Inibidores Transcriptase Reversa Nucleosídeo (ITRN): AZT, Lamivudina (3TC), Tenofovir (TDF) Inibidores Transcriptase Reversa Não Nucleosídeo (ITRNN): Efavirenz (EFV) Inibidores de Protease (não usados) Inibidores da Integrase: Dolutegravir (DTG), Raltegravir (RAL) Novas classes: Inibidores de fusão e Inibidores de receptores do LCD4+ - São usados em casos de resistência viral, falha terapêutica e outras. Impedem a entrada do HIV no CD4+. • TRATAMENTO PADRÃO: ↑ EFICÁCIA - Lamivudina (3TC) + Tenofovir (TDF) + Dolutegravir (DTG) • EM GESTANTES: Raltegravir (RAL) + Lamivudina (3TC) + Tenofovir (TDF). Dolutegravir é contraindicado. ✓ Deve manter a TARV pós-parto, cesárea é a via de parto indicada, podendo ser considerado parto normal dependendo da carga viral.• EM RN: AZT xarope, solução oral, logo após o parto, por 42 dias. Faz o PCR, se -, mantém só por esses 42 dias. Se + inicia o tratamento contínuo • EM COINFECÇÃO HIV + TB: Lamivudina (3TC) + Tenofovir (TDF) + Efavirenz (EFV). Em casos muito graves é o mesmo esquema da gestante, ✓ Paciente com AIDS (CD4 <200) – inicia a TARV 2 semanas após o tto de TB – Necessário realizar profilaxia com Bactrim (salfametoxazol + trimetoprim) ✓ Paciente com CD4>200 – inicia a TARV 8 semanas após o da TB CLÍNICA DO ADULTO II – Gabrielly – 7ºP 1ºC PAULO MENDES PREVENÇÃO – PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO (PrPE) • Para população HIV -, mas com alto risco de infecção: casais sorodiscordantes, gays, HSH, usuários de drogas, profissionais do sexo, transexuais e travestis. Truvada – uso diário de 1cp/dia contínuo ou sob demanda (antes e após a exposição de risco) URGÊNCIA MÉDICA – PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO (PEP) • Primeiras 2 a 72h pós exposição. • Indicações: exposição ocupacional (acidental), violência sexual e exposição sexual de risco consentida desprotegida Lamivudina + Tenofovir + Dolutegravir – por 28 dias DOENÇAS DEFINIDORAS DE AIDS Precisa da presença de 1 delas em pacientes com contagem de CD4+ < 200. • Pneumocitose (mais comum): Pneumonia fúngica oportunista, Pneumocystis jiroveciil, que se dissemina pero parênquima pulmonar. ✓ QC: insidioso, tosse seca, dispneia intensa, febre baixa, hipoxemia grave e refratária (lesão aguda no parênquima), ausculta pulmonar pobre ✓ DX: Clínico, radiológico (acometimento difuso, bilateral, em vidro fosco) ✓ TTO: Sulfametoxazol-trimetoprim (bactrim) por 21 dias • Neurotoxoplasmose (principal neuroinfecção): Lesões focais com efeito de massa, ocorre pela reativação da toxoplasmose no SNC devido a imunossupressão. ✓ QC: Semelhante ao AVC, é insidioso, cursa com déficit motor, paralisias focais, cefaleia, febre, alt. de sensório, convulsões (efeito de massa) ✓ DX: Exames de imagem (TC, RNM de crânio) – lesões focais, única ou múltiplas, hipodensas, com realce periférico ao contraste, circundada por edema, preferencialmente localizadas nos núcleos da base. ✓ TTO: Sulfadiazina + Pirimetamina, por 4 a 6 sem, além da TARV. Se edema entra com corticoide. • Neurocriptococose: Meningite fúngica, causada pelo Criptococcus. ✓ QC: Febre alta, cefaleia, rigidez nucal, sinais meníngeos, alt. do sensório, convulsão ✓ Dx: É Ddx de neurotoxoplasmose. É realizado por punção lombar e análise de líquor. ✓ Complicações: Hipertensão intracraniana e evolução para óbito ✓ TTO: Antifúgico (Anfotericina B) EV • Citomegalovírus (CMV): Vírus oportunista da família do Herpes vírus, é grave e, em geral, acomete TCD4 <50. ✓ Complicações: Corionerite (perda progressiva da visão – dx pela fundoscopia), encefalite, úlceras em mucosas digestivas (colite -pode perfurar alça), esofagite) Silva e CLÍNICA DO ADULTO II – Gabrielly – 7ºP 1ºC PAULO MENDES ✓ TTO: Ganciclovir EV (antiviral) • Sarcoma de Kaposi: Tu maligno de vasos linfáticos, causado pelo Sarcoma de Kaposi Herpes vírus tipo 8, acomete pcts com CD4 muito baixo. ✓ QC: Placas arredondadas violáceas na pele ou mucosa. ✓ TTO: TARV + QT + RT • Candidíase Esofágica: Endoscopia digestiva alta (EDA). Candidíase oral não conta • TB extrapulomonar: pleural, ganglionar, SNC. Pulmonar não conta • Infecções disseminadas por bactérias atípicas: Não TB • Leucoencefalopatia multifocal progressiva (LEMP): Rara, acomete pacientes com CD4<50 ✓ Vírus JC. ✓ QC: Insidioso, perda progressiva da força muscular, demência, perda visual. Fatal e evolui para o estado vegetativo, pela destruição de substância branca e dismielinização difusa ✓ TTO: TARV • Criptosporidiose e Isosporíase intestinal: Causa de diarreia crônica > 1 mês, pela infecção por protozoários intestinais oportunistas. • Histoplasmose disseminada (micose sistêmica): Fungo histoplasma • Linfoma primário em SNC • Reativação da doença de Chagas (meningocefalite ou miocardite) ASSOCIAÇÃO ENTRE DOENÇAS OPORTUNISTAS E A CONTAGEM DE CD4+ CLÍNICA DO ADULTO II – Gabrielly – 7ºP 1ºC PAULO MENDES SEPSE • Decorrente de um processo infeccioso, bacteriano, viral ou fúngico, que cursa com resposta inflamatória exacerbada proveniente de uma resposta imune sistêmica desregulada. • Definida como: Disfunção orgânica decorrente de resposta inflamatória exacerbada frente a uma infecção • Deve ser suspeita em todos os quadros infecciosos, principalmente idosos • Aumento da incidência: aumento da população idosa e do nº de imunossuprimidos (HIV+, transplantados, dç autoimunes), crescimento da resistência bacteriana (uso discriminado de ATB) EPIDEMIOLOGIA • Principal causa de morte em UTIs, e de internação não cardiológicas • Mortalidade no Brasil: 55 – 60% • Principais agentes etiológicos: Gram negativos (principais - enterobactérias), Gram positivos (Staphylococcus aureus) - mais agressiva -, fungos e vírus • Aumenta os custos hospitalares e o tempo de internação SIRS – Síndrome da resposta inflamatória sistêmica: • Resposta imune exacerbada desencadeada por uma série de agressões – infecciosas, térmicas, traumáticas (politrauma) ou processos inflamatórios (pancreatite aguda, IAM, pós-op. de grandes cirurgias, queimaduras extensas). • Presença de no mínimo 2 dos sinais abaixo: ✓ temperatura central > 38,3º C ou < 36ºC (febre ou hipotermia) ✓ frequência cardíaca > 90 bpm; ✓ frequência respiratória > 20 rpm ✓ leucócitos totais > 12.000 ou < 4.000 DEFINIÇÃO DE SEPSE • Disfunção orgânica causada por resposta inflamatória exacerbada • Apenas SIRS não define sepse Principais disfunções orgânicas • Disfunção circulatória - Hipotensão (PAS < 90 mmHg ou PAM < 65 mmHg); • Disfunção renal: Oligúria (≤0,5mL/Kg/h) ou elevação da creatinina; • Disfunção pulmonar/respiratória: Hipoxemia (necessidade de O2 para manter SpO2 > 90%), SARA; • Disfunção hematológica: plaquetopenia (< 100.000/mm³); leucopenia, anemia • Acidose metabólica: hiperlactatemia (na sepse há hipoperfusão tecidual, o metabolismo anaeróbico vai prevalecer, aumentando a produção de ácido lático, pelos tecidos em sofrimento. Ácido lático é convertido em lactato, por isso causa a hiperlactanemia) – Queda do lactato significa restauração da perfusão • Disfunção neurológica: Rebaixamento do nível de consciência, alteração do sensório, agitação, confusão mental, torpor (mais em idosos) • Disfunção hepática: Hiperbilirrubinemia (> 2x), distúrbio de coagulação. Choque Séptico: Sepse com hipotensão arterial refratária a reposição volêmica. É uma complicação grave da sepse, pois nesta, normalmente há resposta a um volume, necessitando usar droga vasoativa. • Falência circulatória aguda com > mortalidade • Hipotensão arterial (PAS < 90 mmHg ou PAM < 65 mmHg) não responsiva à volume com necessidade de vasopressor. É causada pelo extravasamento plasmático. OBS: Alguns pacientes, não apresentam sinais de SIRS, principalmente idosos e imunossuprimidos, que apresentam quadro clínico sutil e discreto. Nestes, se houver alguma disfunção orgânica sem causa aparente, deve se desconfiar de sepse. CLÍNICA DO ADULTO II – Gabrielly – 7ºP 1ºC PAULO MENDES FISIOPATOLOGIA • Para ocorrer sepse deve haver um processo infeccioso ativo. • Processo Infeccioso → resposta inflamatória exacerbada → liberação de citocinas e mediadores inflamatórios na corrente sanguínea → lesão tecidual direta em vasos (endotelial) e tecidos. → vasculite sistêmica(↑ permeabilidade vascular e extravasamento de plasma). • A lesão tecidual e vascular causa as principais complicações da sepse: hipovolemia, hipoperfusão tecidual que acarreta na disfunção orgânica, aumento da lactenemia. • Hipovolemia, ainda pode causar depressão miocárdica principal medida terapêutica pro paciente com sepse: Volume imediato, para a restauração da perfusão tecidual, e ATB Fatores de Risco: • Bacteremia; • Extremos de idade (RN e idoso) • RN com baixo peso; • Imunossupressão (aids, câncer, drogas imunossupressoras); • PAC (principal causa de sepse, principal foco principalmente em idosos) • Comorbidades: DM, insuficiência renal, cirrose e doença cardíaca; • Fatores genéticos;(maior predisposição a resposta inflamatória exacerbada) • Raça negra; • Dispositivos invasivos; sonda, tubo orotraqueal… • Admissão em UTI (estado crítico) • Internação prolongada. Principais focos infecciosos: Sempre deve ser pesquisado qual é o foco de infecção ou o provável foco. • PNM:* 50% dos casos de sepse - principal • ITU* -2º • Infecção intra-abdominal • Infecção associada a cateteres • Abscessos de partes moles • Meningite – mais rara • Endocardite – mais rara CLÍNICA DO ADULTO II – Gabrielly – 7ºP 1ºC PAULO MENDES QUADRO CLÍNICO Variável por características individuais (idade, imunidade…), do foco infeccioso e dos órgãos em disfunção. A maioria apresenta. • Taquicardia • Taquipneia • Febre ou hipotermia • Hipotensão • Edema periférico ( tb pelo extravasamento plasmático) Outras características clínicas: • Alteração do nível de consciência (torpor, confusão), comprometimento neuromuscular (polineuromiopatias são muito comuns) • Sinais de má perfusão periférica: diminuição do enchimento capilar, cianose de extremidades, livedo reticular (marcadores de hipoperfusão periférica) (Livedo Reticular) – rash, eritema cutâneo, indicando intensa vasoconstrição. • Oligúria • Gastrointestinal: (↓ da motilidade intestinal, hipoperfusão intestinal) colestase, íleo paralítico, sangramento digestivo, refluxo DIAGNÓSTICO Especialmente clínico, mas também faz avaliação laboratorial e radiológica. O mais importante aqui é a detecção precoce e o tratamento imediato. Exames a serem solicitados: • HMG: Leucocitose com desvio a esquerda ou leucopenia, plaquetopenia, anemia, hiperlactenemia (2x) • função renal (Ur e Cr): ↑ • Glicemia: hiperglicemia • Função hepática (TGO, TGP, bilirrubina): ↑ • Lactato, • Cultura: sempre! 2 amostras de sítios diferentes. (faz a coleta antes do ATB, mas o ATB de amplo espctro deve ser iniciado logo após), faz de todos os outros sítios pertinentes. • Gasometria atrial e Gasometria venosa central: Obrigatórias! Alterações Laboratoriais: • Leucocitose com desvio à E ou leucopenia, plaquetopenia, anemia • Aumento de lactato sérico: > 2 x valor normal • ↑ 2 bio marcadores: Proteína C Reativa (PCR) e Procalcitonina ↑ (biomarcadores de sepse, valor diagnóstico e prognóstico) ✓ Quanto maior a PCR, pior o prognóstico ✓ Avalia resposta terapêutica • Hiperglicemia • Gasometria arterial: hipoxemia (PaO2 < 60mmHg – lesão pulmonar aguda), acidose metabólica CLÍNICA DO ADULTO II – Gabrielly – 7ºP 1ºC PAULO MENDES • Aumento de uréia e creatinina • Distúrbios de coagulação • Hiperbilirrubinemia Choque séptico é uma EMERGÊNCIA médica, o tratamento deve ser imediato diante do diagnóstico TRATAMENTO • Sepse e choque séptico: emergências médicas (tratamento e ressuscitação volêmica imediatos) Pacote de 3 horas: medidas terapêuticas imediatas e iniciais Coleta de lactato, hemocultura, ATB, fluídos. • Coleta de exames laboratoriais e lactato arterial • Coleta de 2 hemoculturas antes do início do antimicrobiano • Coleta de outras culturas (de acordo com o foco infeccioso) • Reposição volêmica inicial agressiva: 30 mL/kg de cristalóides EV (SF ou Ringer lactato) em 30 a 60 min • Antibiótico de amplo espectro EV na 1ª hora (empírico), depende do sítio de infecção (rim, pulmão, abd.), ajuste após resultado de culturas; mantém por 7 a 10 dias Avaliação da resposta do paciente, PAM deve estar >65mmHg. Mantém ATB e reposição volêmica, se não há resposta, passa pro pacote de 6 horas. Pacote de 6 horas: (para pacientes com hipotensão ou hiperlactatemia persistente): Vasopressores, mensuração de Pressão Venosa Central, mensuração de SvO2 • Hipotensão refratária (PAM < 65 mmHg após reposição volêmica inicial): iniciar com o vasopressor (acesso venoso central). Não precisa esperar 3 horas, se o paciente não estiver respondendo, se o paciente não responde de 30 a 60 min, já é considerado choque séptico. • Noradrenalina: 1ª escolha (alternativas: Adrenalina, Vasopressina, Dopamina) Parâmetros hemodinâmicos que guiam reposição volêmica posterior/seguinte e que devem ser avaliados constantemente: • PVC (Pressão Venosa Central - Pressão do retorno venoso) → reflete a volemia (hipovolemia, hipervolemia) • SVCO2 (Saturação venosa central de oxigênio. É a saturação do retorno venoso, do sangue que sai dos tecidos e retorna ao coração) → reflete a captação de oxigênio pelos tecidos. ✓ Se baixa, indica baixa oferta de O2, devido ao baixo débito cardíaco. ✓ Quando saturação <70% o DC é muito deficiente. • PA média: mantida sempre acima de 65 • Diurese: deve ser aferida constantemente. Sempre acima de 0.5ml urina/kg/h • Lactato (deve ser avaliado após 6 horas) • Tempo de enchimento capilar: reflete perfusão periférica do paciente • Nível de consciência • Todos esses são parâmetros que vão refletir na perfusão tecidual. O objetivo do tratamento é a normalização de todos esses parâmetros. Mantenho reposição volemica até atingir esses valores. Normalização e estabilização dos parâmetros: • PVC: entre 8 e 12 mmHg; • PAM ≥ 65 mmHg; • Diurese > 0,5 mL/Kg/h; • Saturação venosa central de oxigênio (SvcO2) ≥ 70%; • Normalização do lactato: 0,5 – 1,6 mmol/L. Medidas terapêuticas adicionais CLÍNICA DO ADULTO II – Gabrielly – 7ºP 1ºC PAULO MENDES • Manter reposição volêmica de acordo com os parâmetros hemodinâmicos; • Remoção do foco infeccioso: drenagem, debridamento, retirada de dispositivos; • Transfusão de hemácias: Hb < 7 • SvcO2< 70%: Dobutamina (pra ↑ DC) • Reavaliar lactato: na 6ª h (avaliar resposta terapêutica) • Ventilação mecânica precoce: SARA, em geral prognóstico de casos com hipoxemia grave refratária e IR • Choque séptico refratário: corticóide (Hidrocortisona 50 mg EV 6/6 hs), usado quando o paciente não responde à droga vasoativa (hipotensão refratária por mais de 1 hr) • Controle glicêmico: manter glicemia ≤ 180 mg/dl • Profilaxia de tromboembolismo venoso e úlcera de estresse • pH < 7,15 (acidose metabólica grave): repor bicarbonato de sódio O mais importante na sepse é o dx e tto precoces e adequados, sendo o tto deve ser rigorosamente baseado nos pacotes de ressuscitação.
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