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Relatório de Física Experimental Movimento unidimensional no plano inclinado Laboratório de Física, Licenciatura em Física Submetido em 18/06/2018 Resumo O presente trabalho tem como objetivo estimar o modulo da aceleração da gravidade local, para tal estimativa utilizamos um experimento similar ao proposto por Galileu em sua obra “Discursos e demonstrações matemáticas sobre duas novas ciências”, calculando o modulo da aceleração em um plano inclinado onde a aceleração tem um modulo menor e mais fácil de ser encontrado. 1. Introdução Com o surgimento da física moderna foi possível encontrar soluções para os problemas de movimento unidimensional e bidimensional do cálculo de velocidade e aceleração, problemas dos quais os gregos não conseguiram solucionar com a álgebra clássica, um desses problemas é o problema de aceleração em queda livre, ainda no século XV Galileu através do experimento do movimento no plano inclinado nos mostrou que a velocidade do objeto não dependia de sua massa e sim do ângulo (θ) formado entre a superfície de apoio que o objeto percorre e a superfície horizontal, a distância (d) que o objeto percorre e o modulo da aceleração da gravidade (g), essa última força só foi completamente compreendida no século XVI após Newton propor a lei da gravitação universal. Tomando como base as leis da cinemática reveladas por Copérnico, Kepler e Galileu e as 3 leis naturais da física reveladas por Newton, podemos facilmente encontrar uma equação que relacione a força g a distância d percorrida pelo peso no plano inclinado e o ângulo θ formado entre o plano inclinado e o eixo horizontal conforme a figura 1. Figura 1. Forças implicadas no movimento no plano inclinado de acordo com Newton. De acordo com a figura 1, sabendo que a superfície é suficientemente lisa para que a força de atrito (f) seja nula, verifica-se que no eixo x que é paralelo ao plano inclinado, a força resultante (Fr) é demonstrado pela equação 1: Fr = mg sin(θ) (1) Uma vez que parte da força peso (mg) é neutralizada pela força normal (N) que é perpendicular ao plano inclinado, o vetor da força peso neutralizada é representada por mgcos(θ). Tomando a lei do princípio fundamental da dinâmica em que Newton afirma que Fr=ma (onde a é a aceleração do objeto), e igualando a equação (1) com um simples calculo algébrico foi possível obter a equação 2: ax=g sin(θ) (2) Tomando a equação da cinemática que relaciona o deslocamento (d) e o tempo (t) no movimento uniformemente variado e aplicando ao problema do movimento no plano inclinado onde a velocidade inicial é zero, obteve-se a equação 3: d=axt2 (3) 2 Substituindo a equação (2) na equação (3) e com simples algebrismo obtém-se a equação do tempo em função do ângulo θ, do modulo da aceleração da gravidade (g) e da distância percorrida (d) demonstrada na equação 4. t2= 2d (4) g sin(θ) No entanto a equação encontrada não é linear, para torna-la linear utilizamos o método chamado linearização que consiste simplesmente em fazer mudanças de variável de forma que para as novas variáveis a expressão seja linear e expressa no formato da equação 5: y=ax+b (5) Para linearizar a equação (4) podemos substituir𝑦 = 1 t² , obtendo a equação 6: y=g sin(θ) (6) 2d Da mesma forma podemos aproximar sin(θ)≅ θ para pequenos ângulos, obtendo a equação 7: y=α θ (7) Onde α é o coeficiente angular da eq. (7) assim obtendo a equação 8: α= g (8) 2d Agora em posse da equação (7) linearizada, podemos realizar o experimento de Galileu e utilizar o gráfico da equação linearizada para ajustar os dados extraídos do experimento através da regressão linear e obter o coeficiente angular (α) da equação (7). Em posse de α poderemos estimar o valor do modulo da aceleração da gravidade local. 2. Objetivos O objetivo do experimento é replicar o mesmo experimento que praticamente deu origem a física moderna, no entanto utilizando equipamentos de medição eletrônica atuais, e extrair os dados do experimento para gerar o gráfico da equação linearizada (7), para estimar o modulo da aceleração da gravidade local. 3. Material e Métodos Os materiais utilizados no experimento foram: Trilho de ar, unidade geradora de fluxo de ar para o trilho, nível circular, cavaleiro, carro com imã e haste ativadora, dois sensores ópticos, cronometro digital microcontrolado (com conexão para sensores ópticos) com precisão de 0,005 segundos. O experimento foi montado de acordo com a figura 2. O trilho de ar tem uma medição em milímetros na parte superior onde é possível medir a distância dos dois sensores ópticos que capturam o momento em que a haste ativadora que está fixada na parte superior do carro. O carro é solto no trilho de ar em movimento inclinado milímetros antes do primeiro sensor óptico, o carro então percorre o trilho e os sensores ópticos capturam o momento em que a haste ativadora passa pelos sensores, os sensores estão conectados a um cronometro microcontrolado que calcula a diferença de tempo entre os 2 sensores e apresenta a diferença em um display com precisão de 0,005 segundos. Foi registrado a distância entre os 2 sensores ópticos, e também foi registrado a diferença de tempo retornada pelo microcontrolador em diversos ângulos de inclinação. Figura 2. Esquema da montagem experimental do movimento unidimensional no plano inclinado. 4. Resultados e Discussão A tabela 1 apresenta o erro de escala das medidas utilizadas no experimento. Tabela 1. Erros de escala das medidas. δx 1mm δt 0,005 s δθ 0,05º A tabela 2 relaciona o ângulo (θ) formado pela inclinação da superfície de descida do carro e o intervalo de tempo (t) que o carro demorou para percorrer a distância (x) que no presente experimento é de 600 ± 1 mm. Tabela 2. Dados do ângulo de inclinação (θ) em função do intervalo de tempo (t). A tabela 3 apresenta os dados da forma em que foram inseridos no gráfico da figura 3, tendo o ângulo (θ) em radianos em função do inverso do quadrado do tempo (t-2). Tabela 3. Dados do ângulo de inclinação (θ rad) em função do inverso do quadrado do tempo (t- 2). θ (º) t (s) 2,0 2,545 4,0 1,498 6,0 1,154 8,0 1,016 10,0 0,909 12,0 0,824 14,0 0,766 A figura 3 mostra o gráfico da relação entre ângulo de inclinação (θ) em função do inverso do quadrado do tempo (t-2), obtidos a partir dos dados da tabela 3. Figura 3. Gráfico do ângulo de inclinação (θ rad) em função do inverso do quadrado do tempo (t- 2). Após realizar a regressão linear e ajustar os dados do experimento calcula-se que o coeficiente angular (α) da reta de regressão y= αx+ θ conforme demonstrada anteriormente na equação 5. Utilizando o valor de α=7,4 na equação (8) e isolando g estimamos que o valor do modulo da aceleração da gravidade local é: g=(8,88 ± 0,62) m/s2 O que representa um desvio de 9,48% do valor exato da aceleração da gravidade média na terra: 9,80. 5. Conclusão Percebe-se que o movimento tanto em queda livre quanto no plano inclinado não depende da massa do objeto como diziam os gregos, e sim depende exclusivamente do ângulo de inclinação formado entre a superfície de queda e a superfície horizontal, e o modulo da aceleração da gravidade local, assim como Galileu provou com seu experimentoe Newton comprovou mais tarde através da lei da gravitação universal, que se aplicada a um objeto em queda livre ou no plano inclinado tem sua massa desprezada, sendo considerada apenas a massa da terra para o cálculo da aceleração. Dessa forma com a linearização de uma equação que relaciona a aceleração com o tempo de queda do corpo, foi possível estimar o modulo da aceleração da força da gravidade local. 6. Referências [1] NUSSENZVEIG, H. Moysés. Curso de física básica: Fluidos, oscilações e ondas e calor. 4ª edição. São Paulo: Edgar Blücher, 2002. θ (π) t-2 (s-2) 0,035 0,1544 0,070 0,4456 0,11 0,7509 0,14 0,9687 0,175 1,21 0,209 1,47 0,244 1,70
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