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CURSO DE MEDICINA TUTORIA 1a ETAPA SITUAÇÃO PROBLEMA 2: “Voltando das férias...” MINEIROS/GO 2020 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA I SITUAÇÃO PROBLEMA 2: “Voltando das férias...” Maria Clara Trettel de Oliveira Mariana Oliveira Fernandes Matheus de Melo Barros Matheus Fleury Alves (coordenador) Mydian Gabriela dos Santos Fernandes Nathalia Martins Carneiro Natália Hugueney Hidalgo (ralatora) Raffaela Ciconello Dal Molin Sara Leite Lira Santos Vinícius de Moraes Laabs Vinícius de Souza Fernandes Vieira Tamillis Martins Barbosa Willy Johnny Araújo Docente: Dr. Orseni José dos Reis dos Santos MINEIROS/GO 2020 SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO..............................................................................................................4 2.OBJETIVOS...................................................................................................................5 2.1 Objetivo geral...............................................................................................................5 2.2 Objetivos específicos...................................................................................................5 3.DESENVOLVIMENTO.................................................................................................6 3.1 Explicar o mecanismo da digestão, absorção que ocorre no tubo digestivo.............................................................................................................................6 3.2 Compreender as fases de controle das secreções digestiva (fase encefálica, gástrica e intestinal) ..........................................................................................................................9 3.3 Identificar como os diferentes tipos de alimentos interfere no controle hormonal da função de cada segmento do controle digestivo..................................................................9 3.4 Identificar mecanismos de controle do esvaziamento gástrico, na motilidade intestinal, caracterizar o sistema nervoso entérico e seu papel na regulação do peristaltismo.....................................................................................................................11 3.5 Discutir o papel do sistema digestivo no equilíbrio ácido – básico hidroeletrolítico. Reconhecer a importância clínica laboratorial do sódio-potássio na avaliação dos distúrbios hidroeletrolíticos e correlacionar com mecanismos de controle de PA....................................................................................................................................12 3.6 Mecanismo de ação dos inibidores de bomba de prótons............................................13 3.7 Caracterizar a Síndrome do Intestino Irritável e discutir suas principais repercussões clínicas.............................................................................................................................14 3.8 Discutir a finalidade clínica e laboratorial do EPF e da Coprocultura....................................................................................................................15 3.9 Discutir a importância da visita domiciliar para a compreensão do processo saúde doença de uma determinada área e sua população. Abordar o conhecimento de aspectos sociais, ambientais e culturais..........................................................................................15 3.10 Importância do vínculo do trabalho em equipe o envolvimento e a inserção do estudante na UBS.............................................................................................................16 4.CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................20 5.REFÊRENCIAS...........................................................................................................21 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho visa entender sobre questões do Sistema Digestório e discutir formas para promover uma digestão completa e eficaz, conhecer doenças que podem vir acometer as pessoas e os mecanismos do tubo digestivo. Nesse sentido, ao longo deste trabalho discorremos por meio de objetivos, sobre alguns pontos da função digestiva, dando enfoque no que diz respeito a manutenção da homeostase. Dessa forma, abordamos temas como mecanismo da digestão, absorção do tudo digestivo e como caracterizar a Síndrome do Intestino Irritável, identificamos como os diferentes tipos de alimentos interferem no controle hormonal, discutimos sobre a importância do sistema nervoso entérico na regulação da função digestiva, citamos os marcadores laboratoriais para identificar a finalidade clínica e laboratorial do EPF e da Coprocultura. Além disso, comentamos sobre a importância da visita domiciliar para a compreensão do processo saúde doença, também abordamos o conhecimento de aspectos sociais, ambientais e culturais. Ao final deste trabalho nós caracterizamos o vínculo do trabalho em equipe o envolvimento e a inserção do estudante na UBS. 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL • Compreender a importância do sistema nervoso entérico na regulação da função digestiva na manutenção da homeostase. 2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS 1) Explicar o mecanismo da digestão, absorção que ocorre no tubo digestivo. 2) Compreender as fases de controle das secreções digestiva (fase encefálica, gástrica e intestinal). 3) Identificar como os diferentes tipos de alimentos interfere no controle hormonal da função de cada segmento do controle digestivo. 4) Identificar mecanismos de controle do esvaziamento gástrico, na motilidade intestinal, caracterizar o sistema nervoso entérico e seu papel na regulação do peristaltismo. 5) Discutir o papel do sistema digestivo no equilíbrio ácido – básico hidroeletrolítico. Reconhecer a importância clínica laboratorial do sódio-potássio na avaliação dos distúrbios hidroeletrolíticos e correlacionar com mecanismos de controle de PA. 6) Mecanismo de ação dos inibidores de bomba de prótons. 7) Caracterizar a Síndrome do Intestino Irritável e discutir suas principais repercussões clínicas. 8) Discutir a finalidade clínica e laboratorial do EPF e da Coprocultura. 9) Discutir a importância da visita domiciliar para a compreensão do processo saúde doença de uma determinada área e sua população. Abordar o conhecimento de aspectos sociais, ambientais e culturais. 10) Importância do vínculo do trabalho em equipe o envolvimento e a inserção do estudante na UBS. 3. DESENVOLVIMENTO 3.1 Explicar o mecanismo da digestão, absorção que ocorre no tubo digestivo. A digestão inicia-se com a hidrólise de carboidratos, gorduras e proteínas, dessa forma, observa-se que quase todos os carboidratos são polissacarídeos ou dissacarídeos e são convertidos em monossacarídeos quando digeridos, assim, as enzimas específicas nos sucos digestivos do trato gastrointestinal separam os monossacarídeos em um processo denominado de hidrólise. (GUYTON; HALL,2011) A maior parte das gorduras são consideradas triglicerídeos (gorduras neutras), que são formados por três moléculas de ácidos graxos condensadas com apenas uma de glicerol, a digestão delas ocorre quando as enzimas digestivas de gorduras reinserem três moléculas de água, que foram removidas durante a condensação, e com isso, separam as moléculas de ácido graxo e glicerol. (GUYTON; HALL, 2011) As proteínas são formadas por aminoácidos, que se ligam por ligações peptídicas, então, na reação de hidrólise, as enzimas proteolíticas vão inserir novamente os íons hidrogênio e hidroxila que foram removidos em cada ligação dos aminoácidos, das moléculas de água nas moléculas de proteína, para clivá-las em seus aminoácidosconstituintes. (GUYTON; HALL, 2011) Digestão dos carboidratos A digestão dos carboidratos se inicia na boca com ação da enzima digestiva amilase (ptialina), a qual é secretada pelas glândulas parótidas e hidrolisa o amido em maltose e em outros pequenos polímeros de glicose, contendo de três a nove moléculas de glicose, entretanto, aproximadamente 5% dos amidos são hidrolisados na boca pois o alimento permanece lá por pouco tempo, no entanto, a digestão do amido continua até 1 hora no fundo do estômago antes de ser misturado com as secreções gástricas, após isso, a ação da amilase salivar é bloqueada pelo ácido dessas secreções por ser inativa como enzima quando o pH fica abaixo de 4,0, por fim, 30% a 40% dos amidos são hidrolisados para formar maltose antes de se misturarem com as secreções gástricas. (GUYTON; HALL, 2011) No intestino delgado, a secreção pancreática também contêm grande quantidade de amilase, como a saliva, porém é mais potente, dessa forma, após 15 a 30 minutos depois do quimo ser transferido do estomago para o duodeno e se misturar com o suco pancreático, quase todos os carboidratos terão sido digeridos e convertidos em maltose e pequenos polímeros de glicose. Os enterócitos que revestem as vilosidades do intestino delgado contêm as enzimas lactase, sacarose, maltase, que são capazes de clivar os dissacarídeos mais outros polímeros de glicose nos seus monossacarídeos constituintes. Essas enzimas ficam localizadas nos enterócitos, de maneira que os dissacarídeos sejam digeridos ao entrar em contato com eles. (GUYTON; HALL, 2011) A lactose se divide em duas moléculas: uma de galactose e uma de glicose, enquanto a sacarose se divide em uma de frutose e uma de glicose e por fim, a maltose se divide em múltiplas moléculas de glicose, com isso, as substâncias finais são monossacarídeos hidrossolúveis absorvidos imediatamente para o sangue porta. (GUYTON; HALL, 2011) Digestão das proteínas A digestão das proteínas inicia-se no estômago e ocorre primeiramente com a enzima pepsina, a qual é mais ativa em pH 2,0 a 3,0, ou seja, mais ácido, para que isso ocorra, o ácido clorídrico é secretado pelas células parietais oxínticas nas glândulas gástricas a pH em torno de 0,8, até se misturar ao conteúdo gástrico e às secreções das células glandulares não oxínticas do estômago, tornando o pH favorável à atividade da pepsina. Essa enzima é capaz de digerir o colágeno (proteína do tipo albuminoide), o qual é constituinte do tecido conjuntivo celular das carnes e por isso, poucas enzimas conseguem digeri-lo, assim, a pepsina inicia a digestão de apenas 10% a 20% das proteínas, para convertê-las a proteases, peptonas e polipeptídios. (GUYTON; HALL, 2011) Grande parte da digestão das proteínas ocorre no intestino delgado superior, duodeno e jejuno sob ação das enzimas proteolíticas da secreção pancreática, assim, vindas do estômago e entrando no intestino delgado, os produtos da degradação parcial das proteínas são atacados pelas enzimas proteolíticas pancreáticas: tripsina, quimotripsina, carboxipolipeptidase e proleastase. Dessa forma, a tripsina e a quimotripsina quebram as moléculas de proteínas em polipeptídios, enquanto a carboxipolipeptidase libera aminoácidos dos terminais carboxila em polipeptídios, por fim, a proelastase é convertida em elastase. (GUYTON; HALL, 2011) Pequena porcentagem de proteínas são digeridas completamente, a maioria é digerida até dipeptídeos e tripeptídeos. O último estágio da digestão das proteínas acontece no lúmen intestinal, pelos enterócitos que revestem as vilosidades do intestino delgado, no duodeno e no jejuno, assim, nas membranas dessas vilosidades encontram- se as peptidases que se projetam através das membranas para o exterior, entrando em contato com os líquidos intestinais. As peptidases mais importantes são as aminopolipeptidase e dipeptidases, as quais continuam a hidrólise dos polipeptídios remanescentes em tripeptídeos, dipeptídeos e de uns poucos de aminoácidos. Aminoácidos, dipeptídeos e tripeptídeos são transportados através da membrana microvilar para o interior do enterócito, por fim, no citosol do enterócito, há outras peptidases específicas para os tipos de aminoácidos que não foram hidrolisados e em minutos, todos os dipeptídeos e tripeptídeos são digeridos a aminoácidos e então, transferidos para o sangue. (GUYTON; HALL, 2011) Digestão das gorduras Pequena quantidade de triglicerídeos (gordura neutra formada por glicerol esterificado com três moléculas de ácidos graxos) é digerida no estômago pela lipase lingual, a qual é secretada pelas glândulas linguais na boca e deglutida com a saliva, porém, essa digestão não tem importância e é praticamente mínima. (GUYTON; HALL, 2011) A primeira etapa da digestão das gorduras é a quebra física de glóbulos de gordura em partículas pequenas, de maneira que as enzimas digestivas hidrossolúveis possam agir nas superfícies das partículas, processo denominado de emulsificação de gorduras, o qual começa com a agitação no estômago que mistura a gordura com os produtos da secreção gástrica. Dessa forma, a maior parte da emulsificação ocorre pela bile, a qual contém grande quantidade de sais biliares, assim como o fosfolipídio lecitina, que são extremamente importantes para a emulsificação de gordura. (GUYTON; HALL, 2011) Então, observa-se que a principal função dos sais biliares e da lecitina (em especial a da bile) é tornar os glóbulos gordurosos fragmentáveis sob agitação de água no intestino delgado, assim, com a redução do diâmetro dos glóbulos de gordura, a área superficial aumenta, portanto, essa função desses compostos é de extrema importância para a digestão das gorduras. A enzima mais importante para a digestão dos triglicerídeos é a lipase pancreática, presente no suco pancreático, ela consegue digerir todos os triglicerídeos em 1 minuto, além disso, há a lipase entérica, que está localizada nos enterócitos. (GUYTON; HALL, 2011) Os sais biliares formam micelas quando estão em grande concentração de água, essas, são agregados cilíndricos com 3 a 6 nanômetros de diâmetro e se desenvolvem porque cada molécula é composta por núcleo esterol, o qual envolve os produtos da digestão das gorduras e forma um pequeno glóbulo no meio da micela resultante com os grupos polares dos sais biliares, esses grupos, permitem que todo glóbulo se dissolva na água dos líquidos digestivos e permaneça em solução estável até a absorção da gordura, vale ressaltar, que as micelas também são meios de transporte carreando monoglicerídeos e ácidos graxos. (GUYTON; HALL, 2011) Os ésteres de colesterol e os fosfolipídios são hidrolisados pelas lipases hidrolase de éster de colesterol e fosfolipase A2 na secreção pancreática que liberam ácidos graxos. (GUYTON; HALL, 2011) A absorção de nutrientes ocorre em maior parte no intestino delgado, devido a presença de microvilosidades, dessa forma, primeiramente a água é absorvida por osmose quando o quimo está suficientemente diluído, assim, ela é absorvida através da mucosa intestinal pelo sangue das vilosidades. Além disso, a absorção de íons, como o sódio, ocorre pelo transporte ativo do íon das células epiteliais, através das membranas basolaterais, para os espações paracelulares, utiliza-se energia obtida da hidrólise do ATP pela enzima trifosfatase de adenosina na membrana, assim, parte do sódio é absorvido juntamente com íons de cloreto. A aldosterona é de extrema importância pois em casos de desidratação ela é secretada pelos córtices das glândulas adrenais e provoca a ativação dos mecanismos de transporte e de enzimas associadas à absorção de sódio pelo epitélio intestinal, assim, a maior absorção de sódio provoca o aumento da absorção de íons cloreto e água. Há também a absorção indireta de íons bicarbonato, ou seja, devido a absorção de sódio, íons de hidrogêniossão secretados no lúmen intestinal, então, eles se combinam com os íons bicarbonato formando ácido carbônico, que se dissocia formando água e dióxido de carbono, o qual é absorvido para o sangue e expirado pelos pulmões, já a água permanece como parte do quimo nos intestinos, esse mecanismo é chamado de absorção ativa de íons bicarbonato. A absorção de cálcio acontece em grande parte no duodeno e o hormônio paratireóideo ativa a vitamina D, a qual intensifica sua absorção, ademais, os íons potássio, fosfato e magnésio são absorvidos através da mucosa intestinal e os íons ferro são absorvidos no intestino delgado. (GUYTON; HALL, 2011) Por fim, há a absorção de nutrientes como carboidratos, proteínas e gorduras. A absorção de carboidratos ocorre por um processo chamado de transporte ativo e a sua maioria é absorvida pela forma de monossacarídeos, principalmente a glicose, a qual é absorvida pelo cotransporte com o sódio, ou seja, para que o sódio passe pela membrana ele precisa passar por dois estágios: o primeiro é o transporte ativo através das membranas basolaterais das células epiteliais intestinais para o sangue, que reduz sua concentração nas células, já o segundo, promove o fluxo de sódio do lúmen intestinal através da borda em escova para o interior da célula pelo mecanismo de transporte ativo secundário, nesse momento, o íon sódio se combina com a proteína transportadora, a qual não transporta o sódio para o interior da célula sem que a glicose se ligue ao transportador, com essa ligação, o transportador leva os dois para o interior da célula. Existe também, a absorção de outros monossacarídeos como a galactose, a qual é absorvida pelo mesmo mecanismo descrito anteriormente e por fim, a frutose é transportada por difusão facilitada. (GUYTON; HALL, 2011) A absorção de proteínas (dipeptídeos, tripeptídeos, aminoácidos livres) ocorre através das membranas luminais das células do epitélio intestinal. O processo de transporte ocorre muito semelhante ao cotransporte de sódio e da glicose, os micronutrientes se ligam nas membranas das células com proteína transportadora específica que requer uma ligação de sódio para ocorrer o transporte, além disso, também há o transporte de alguns aminoácidos por difusão facilitada. (GUYTON; HALL, 2011) As gorduras são absorvidas em forma de monoglicerídeos e ácidos graxos, os quais se difundem das micelas para as membranas das células epiteliais pois são solúveis lá, assim, as micelas dos sais biliares continuam no quimo, onde são reutilizadas para a incorporação dos produtos da digestão de gorduras, portanto, elas realizam função carreadora, importante para a absorção de gordura, após isso, o retículo endoplasmático liso vai captar os monoglicerídeos e os ácidos graxos para usa-los na produção de novos triglicerídeos. Por fim, tem-se a absorção de pequenas quantidades de ácidos graxos pelo sangue porta. (GUYTON; HALL, 2011) No intestino grosso há grande absorção de água e eletrólitos pelo cólon absortivo, enquanto a parte do cólon distal funciona para o armazenamento das fezes até o momento da excreção. Então, a mucosa do intestino grosso tem capacidade de absorver sódio, que com a diferença de potencial elétrico gerada nessa absorção, promove também a do cloreto, dessa forma, a absorção desses íons cria um gradiente osmótico, que promove a absorção de água. Por fim, na porção distal do intestino grosso ocorre a secreção de íons bicarbonato enquanto há a absorção de cloreto, esse bicarbonato ajuda a neutralizar os produtos ácidos das ações bacterianas. (GUYTON; HALL, 2011) 3.2 Compreender as fases de controle das secreções digestiva (fase encefálica, gástrica e intestinal). As secreções digestivas são divididas em três fases: - Fase cefálica: Corresponde a 30% da secreção digestiva. Esta fase começa antes do alimento entrar no estômago, se dá pelo olfato, visão, odor, paladar e pela recordação do gosto do alimento, quanto maior a vontade e apetite maior é a estimulação desta fase. Começa por sinais neurogênicos que se originam no córtex cerebral, no hipotálamo e na amigdala (centros de apetite) que são transmitidos pelos nervos vago e pelos núcleos motores dorsais dos vagos até chegarem ao estomago (GUYTON & HALL, 2011). - Fase Gástrica: Corresponde a 60% da secreção digestiva. Esta fase começa pela entrada de alimento no estomago, fazendo com que este se excite e que haja “(...) os reflexos longos vaso vagais do estomago para o cérebro e de volta para o estomago, os reflexos entéricos locais e o mecanismo da gastrina” (GUYTON & HALL, 2011, p.822), transportando o suco gástrico durante o período em que o alimento ainda está no estomago, podendo ser de várias horas. Durante essa fase acontece 1500 mililitros de secreção gástrica, caracterizando a fase mais importante e mais longa das secreções (GUYTON & HALL, 2011). - Fase intestinal: Corresponde aos últimos 10% das secreções. O alimento está presente no duodeno (parte superior do intestino delgado), e “(...) continuará a causar secreção gástrica de pequena quantidade de suco gástrico, provavelmente devido a pequenas quantidades de gastrina liberadas pela mucosa duodenal” (GUYTON & HALL, 2011, p.822). Finalizando, as secreções digestivas. 3.3 Identificar como os diferentes tipos de alimentos interfere no controle hormonal da função de cada segmento do controle digestivo. O consumo alimentar balanceado auxilia na melhoria do estado nutricional dos cidadãos e também é muito importante por apresentar um notável impacto na prevenção e controle de doenças. Nesse sentido, diferentes tipos de alimentos interferem na secreção ou não dos hormônios no trato gastrointestinal. Ao ingerir proteínas, estas estimulam a secreção do hormônio gastrina que é secretada pelas células do antro do estômago, e por sua vez estimula a secreção de ácido gástrico. Quando gorduras, ácidos graxos e monoglicerídeos chegam nos conteúdos intestinais, a colecistocinina (CCK) é secretada através das células “I” da mucosa do duodeno e do jejuno. Esse hormônio estimula a secreção de enzimas pancreáticas, contrai a vesícula biliar liberando a bile, ajuda na inibição do apetite e ajuda a controlar o esvaziamento gástrico (GUYTON & HALL, 2011). O ácido e as gorduras estimulam a secreção da secretina, que é liberada pela mucosa do intestino delgado, esse hormônio estimula a secreção de bicarbonato pancreático e biliar para a neutralização do ácido. Quando há ingestão de ácidos graxos, aminoácidos e carboidratos, o peptídeo inibidor gástrico (GIP) é secretado pelo intestino delgado superior. Esse hormônio age estimulando a secreção de insulina e controlando a motilidade gástrica. Quando o indivíduo está em jejum, a motilina é secretada para ajudar a aumentar a motilidade gastrointestinal (GUYTON & HALL, 2011). 3.4 Identificar mecanismos de controle do esvaziamento gástrico, na motilidade intestinal, caracterizar o sistema nervoso entérico e seu papel na regulação do peristaltismo. Esvaziamento do estômago O esvaziamento do estomago é promovido por intensas contrações peristálticas no antro gástrico. Ao mesmo tempo o esvaziamento é reduzido por graus variados de resistência a passagem do quimo pelo piloro. Por cerca de 20% do tempo em que o alimento está no estômago, as contrações ficam mais intensas, começando na porção media do órgão e progredindo no sentido caudal não mais como fracas contrações de mistura, todavia como constrições peristálticas fortes, formando anéis de constrição que causam o esvaziamento do estomago; essas contrações são peristálticas intensas, constrições anelas muito fortes que promovem o esvaziamento do estomago. À medida que o estomago se esvazia, essas contrações começam cada vez mais proximamente no corpo do estomago, levando o alimento do corpo do estomago, misturando-o como o quimo no antro.Quando o tônus pilórico é normal, cada intensa onda peristáltica força vários mililitros de quimo para o duodeno. Assim, as ondas peristálticas além de causarem a mistura no estomago, também promovem a ação de bombeamento, denominada bomba pilórica (GUYTON & HALL, 2017). O Papel do Piloro no controle do esvaziamento gástrico A abertura distal do estomago é o piloro. Aí, a espessura da musculatura circular da parede é de 50% a 100% maior do que nas porções anteriores do antro gástrico, e permanece em leve contração tônica quase o tempo todo. Por isso, o musculo circular pilórico é denominado de esfíncter pilórico. A despeito da contração tônica normal, o esfíncter pilórico se abre o suficiente para a passagem de água e de outros líquidos do estomago para o duodeno. Por outro lado, a constrição usualmente evita a passagem de partículas de alimento até terem sido misturadas no quimo para consistência quase liquida. O grau do piloro aumenta ou diminui sob a influência de sinais nervosos e hormonais. Regulação do esvaziamento gástrico A velocidade/intensidade com que o estomago se esvazia é regulada por sinais tanto no estomago como do duodeno. Entretanto, os sinais do duodeno são bem mais potentes, controlando o esvaziamento do quimo para o duodeno com intensidade superior à que o quimo pode ser digerido e absorvido no intestino delgado. Efeito do volume gástrico de alimento no ritmo de esvaziamento Volume de alimentos maior promove maior esvaziamento gástrico. Porém esse esvaziamento maior não ocorre pelas razoes esperadas. Não é o aumento da pressão de armazenamento dos alimentos no estomago que causa maior esvaziamento, porque na faixa normal de volume o aumento do volume não aumenta muito a pressão. Ocorre que a dilatação da parede gástrica desencadeia reflexos mioentéricos locais que acentuam bastante a atividade da bomba pilórica e ao mesmo tempo inibem o piloro (GUYTON & HALL, 2017). Efeito do hormônio gastrina sobre o esvaziamento gástrico Esse hormônio tem efeitos potentes sobre a secreção do suco gástrico muito ácido pelas glândulas gástricas. A gastrina tem ainda efeitos estimulantes brandos a moderados sobre as funções motoras do corpo do estomago. O mais importante é que a gastrina parece intensificar a atividade da bomba pilórica. Assim é provável o esvaziamento gástrico. Fatores duodenais que inibem o esvaziamento gástrico: • Distensão do duodeno; • Presença de qualquer irritação da mucosa duodenal; • Ácidos do quimo duodenal; • Osmolaridade do quimo; • Presença de determinados produtos de degradação química no quimo, especialmente de degradação química das proteínas e em menor escala de gorduras; Os hormônios liberados pelo trato intestinal superior inibem também o esvaziamento gástrico. O estimulo para a liberação desses hormônios inibidores é basicamente a entrada de gorduras no duodeno, os hormônios são transportados pelo sangue para o estomago, onde inibem a bomba pilórica, ao mesmo tempo em que aumentam a forca da contração do esfíncter pilórico. O mais potente é a colecistocinina (CCK), além da secretina e peptídeo insulinotrópico dependente de glicose. Sistema nervoso entérico Segundo Guyton & Hall (2017) o tubo gastrintestinal possui uma rede de neurônios ao longo de toda a parede intestinal, desde o esôfago até o ânus. Essa rede é conhecida como sistema nervoso entérico, que nada mais é do que um sistema nervoso próprio do trato gastrointestinal, regulado pelo sistema nervoso autônomo. Ao longo deste sistema, estima-se que haja aproximadamente 100 milhões de neurônios, que é quase igual ao número em toda a medula espinhal. O sistema entérico constitui-se por dois plexos, sendo um externo, localizado entre as camadas musculares longitudinal e circular, denominado plexo mioentérico (Auerbach), e outro interno, denominado plexo submucoso (Meissner). A principal função do plexo mioentérico é controlar os movimentos gastrintestinais, enquanto que o plexo submucoso controla a secreção gastrintestinal e o fluxo sanguíneo local (GUYTON & HALL, 2017) Para que se inicie o peristaltismo, a distensão da parede do trato gastrointestinal é o principal estímulo. Em outras palavras, é através do acúmulo de alimento em qualquer ponto do intestino, que resulta na geração de um impulso nervoso, resultando na estimulação do intestino de 2 a 3 cm acima desse ponto de acumulo e, dessa forma, forma- se um anel contrátil que desencadeia o movimento peristáltico (GUYTON & HALL, 2017). 3.5 Discutir o papel do sistema digestivo no equilíbrio ácido – básico hidroeletrolítico. Reconhecer a importância clínica laboratorial do sódio-potássio na avaliação dos distúrbios hidroeletrolíticos e correlacionar com mecanismos de controle de PA. O papel do sistema digestivo nos Equilíbrios Acidobásico e o Hidroeletrolítico se configura na absorção de íons, os quais participam ativamente nestes eventos, enfoque ao sódio, cloreto, bicarbonato, e o potássio. O sódio é ativamente transportado através da membrana intestinal. Enquanto, 20 a 30 gramas são secretadas diariamente (em condições normais), a pessoa ingere apenas, em torno de, 5 a 8 gramas de sódio por dia. Deste modo é essencial a ação do sistema digestório em absorver o sódio ao invés de deixa-lo ser excretado junto às fezes, os intestinos conseguem absorver 25 a 35 gramas de sódio por dia. (GUYTON & HALL, 2017) Durante casos de perdas gastrointestinais (diarreias e vômitos) grandes quantidades de sódio podem ser perdidas, se acompanhada de uma ingestão constante de água talvez configure um cenário de hiponatremia (um tipo de distúrbio do equilíbrio eletrolítico) que possuí repercussões em todo o organismo visto a importância dos íons de sódio que participam da manutenção do equilíbrio hídrico, da transmissão dos impulsos nervosos e da contração muscular. O sódio, de certo modo, rege o Equilíbrio hidroeletrolítico já que em termos simples, a água vai para onde for o sódio. Quando o sódio é retido ou excretado pelos rins, assim com a água também ocorrerá. (EVORA et al.,1999) A Aldosterona é um hormônio que influencia a reabsorção de sódio nos túbulos renais e influencia também o sistema digestório por aumentar a capacidade absortiva deste. (GUYTON & HALL, 2017) Parte do sódio é absorvida em conjunto com íons cloreto; o transporte do sódio o gera um processo elétrico que o cloreto acaba por utilizar e o faz “seguir” o primeiro. O cloreto também é absorvido pela membrana da borda em escova de partes do íleo e do intestino grosso, por meio do trocador de cloreto-bicarbonato de tal membrana. (GUYTON & HALL, 2017) Os íons cloreto tal qual os de sódio também podem ser eliminados durantes diarreias e principalmente vômito, tal fato interfere no equilíbrio acidobásico do organismo devido ao fato do cloro ser um dos principais ânions que atuam nesse processo, e afeta também a digestão, visto que o cloro é utilizado, no estômago, para a formação do ácido clorídrico (HCL), um componente essencial para o suco gástrico. (EVORA et al.,1999) Os íons bicarbonato são de suma importância ao organismo. Eles participam da digestão e absorção nos intestinos e grande quantidade de íons bicarbonato precisa ser reabsorvida do intestino delgado superior, já que tanto a secreção pancreática quanto a biliar possuem grande quantidade de íons bicarbonato. O bicarbonato ajuda a neutralizar os produtos finais ácidos da ação bacteriana no intestino grosso. (GUYTON & HALL, 2017) Outra grande importância do bicarbonato se deve ao fato dele constituir o elo entre o Equilíbrio acidobásico e o Equilíbrio hidroeletrolítico, em consequência de ele fazer parte dos dois. A fim de se manter a eletro neutralidade, quando ocorre uma queda do bicarbonato, ocorre um aumento do cloreto e vice-versa. (EVORA et al.,1999) O íon bicarbonato é absorvidode modo indireto, quando há a absorção de íons sódio em troca de íons hidrogênio secretados pelo lúmen intestinal, esses últimos, por sua vez, se combinam com os íons bicarbonato formando ácido carbônico (H2CO3) que então se dissocia, formando água e dióxido de carbono. A água permanece como parte do quimo nos intestinos, mas o dióxido de carbono é absorvido para o sangue e, subsequentemente, expirado pelos pulmões. Tais eventos também se relacionam com o Equilíbrio acidobásico. (GUYTON & HALL, 2017) Íons potássio pode ser absorvidos ativamente através da mucosa intestinal, contribui para a homeostase do organismo tendo inúmeras funções essenciais, sendo o principal responsável pela regulação da contratilidade muscular, além de participar da bomba de sódio-potássio, ele também atua na regulação do pH do organismo, “A sua importância no EAB é importante, porque os íons K+ competem com os íons H+. Por conseguinte, na acidose, ocorre eliminação de um H+ para cada K+ retido. Na alcalose, dá-se o contrário. A regulagem do potássio está a cargo, principalmente, dos rins. Quando a aldosterona aumenta, a urina elimina maior quantidade de potássio e o nível de potássio no sangue pode diminuir. Outro mecanismo regulador baseia-se na permuta com o Na+ nos túbulos renais. A retenção de sódio é acompanhada pela eliminação de potássio.” EVORA PRB; REIS CL; FEREZ MA; CONTE DA & GARCIA LV (1999, p.456) Alterações dos níveis de potássio podem ocasionar hipo ou hiperpotassemia que entre as consequências há o acarretamento de disfunções cardíacas que envolvem arritmias, alteração no Eletrocardiograma e até mesmo parada cardíaca em diástole. (EVORA et al.,1999) Salienta-se ainda que como o sódio e o potássio gerem a distribuição de água no organismo o que influencia muito nos mecanismos de controle da Pressão Arterial e também por serem abundantes e regularem o Equilíbrio eletrolítico é essencial avaliar laboratorialmente seus níveis para a avaliação dos distúrbios hidroeletrolíticos. 3.6 Mecanismo de ação dos inibidores de bomba de prótons. Os Inibidores de Bomba de Prótons (IBPs) são fármacos que atuam inibindo a enzima H+/K+-ATPase no estômago, diminui consequentemente a secreção gástrica. Lembrando que essa enzima fica armazenada nos canalículos das células parietais, e são ativadas através de três estímulos: histamina, gastrina e acetilcolina. Essa produção ácida consome ATP e ocorre na troca de H+ e K+ (SHIN;SACHS, 2008). Esse processo gera uma alta potência de inibição (o que acaba levando esses fármacos a serem a primeira escolha terapêutica) (BRAGA;SILVA;ADAMS,2011). Ao impedirem a ação da enzima, se fundem com o receptor através de uma ligação com resíduos de cisteína (inibidores irreversíveis). Posteriormente a bomba de prótons não vai se regenerar, e a produção de ácido só ocorrerá após a síntese de nova enzima, e isso garante aproximadamente 30 horas de ação do fármaco (STRAND;KIM;PEURA, 2017). Figura 01: inibidores de bomba de prótons. Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101- 28002018005020101&script=sci_arttext&tlng=pt#B1 Os IBPs estão inativos quando administrados, e em pH ácido vão formar derivados ativos de ácido sulfênico. E para que não ativem antes de chegar ao local de ação e não se degradarem antes, eles são revestidos de uma estrutura gastrorresistente que tem uma meia vida rápida (1 a 2 horas) para serem absorvidos assim que chegam ao local alvo. Então a metabolização desse fármaco vai ocorrer através das enzimas hepáticas do citocromo, que pode influenciar também na biotransformação e absorção de outros fármacos que o paciente possa estar usando (ROCHE, 2006). O fármaco IBP mais conhecido e usado é o Omeprazol®, geralmente indicado para o tratamento de doenças gástricas pontuando principalmente as ulceras duodenais e gástricas, refluxos gastroesofágicos e esofagite (NADRI; ALTHAF, 2014). Porém seu uso pode acarretar efeitos colaterais adversos como tontura, dor de cabeça, náusea, flatulência, constipação, diarreia (ARONSON, 2016). Há também efeitos mais raros como hipomagnesemia, lesão renal aguda (LRA), doença renal crônica (DRC) e nefrite intersticial aguda (NIA) (NOCHAIWONG; RUENGORN;AWIPHAN;CHAISAI, 2018). A causa da hipomagnesemia ainda é pouco explicitada, mas as baixas concentrações desse mineral na urina indicam que ocorre no trato gastrointestinal e que pode estar associado com a DRC (MALAVADE;HIREMATH, 2017). Já a NIA geralmente causa uma inflamação aguda no túbulo intersticial, que pode vir a evoluir para uma fibrose intersticial e sucessivamente uma nefrite intersticial crônica, e em último caso à falência renal (EUSEBI;RABITTI;ARTESIANI;GELLI; et AL, 2017). Figura 02: mecanismos dos inibidores. Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101- 28002018005020101&script=sci_arttext&tlng=pt#B1 3.7 Caracterizar a Síndrome do Intestino Irritável e discutir suas principais repercussões clínicas. A SII (síndrome do intestino irritável) é um transtorno intestinal redicivante, não tem diagnósticos baseados em sintomas certos, apesar de normalmente ser caracterizado por alteração no hábito intestinal, dor ou desconforto abdominal, e alterações na defecação, então para ter um diagnóstico certo e não ser confundida com um mal estar intestinal passageiro, nas consultas seguem-se critérios baseados na frequência de aparição desses sintomas (MIZPUTEN & COLS, 2006). A SII em alguns casos evolui para outros transtornos gastrointestinais como o refluxo gastresofágico, a dispepsia e a constipação funcional (PASSOS & COLS, 2006). Para ajudar nesse diagnostico baseado em descarte de possibilidades foram criados os critérios de Roma, que são critérios padrões onde requer a presença de dor abdominal durante pelo menos 1 dia/semana nos últimos 3 meses e precisa ter (MIZPUTEN & COLS, 2006). • Presença durante pelo menos 3 meses durante um período de 6 meses • Pelo menos uma de cada quatro evacuações cumpre com critérios específicos • Critérios para síndrome do intestino irritável (SII) são insuficientes • Ausência de fezes, ou, rara vez, fezes de consistência diminuída • Critérios específicos: presença de dois ou mais • Esforço para evacuar • Presença durante pelo menos 3 meses durante um período de 6 meses • Pelo menos uma de cada quatro evacuações cumpre com critérios específicos • Critérios para síndrome do intestino irritável (SII) são insuficientes • Ausência de fezes, ou, rara vez, fezes de consistência diminuída Critérios específicos: presença de dois ou mais • Esforço para evacuar Esse caso tem subclassificações clínicas, porém os pacientes não ficam estáticos em somente em uma das subclassificações, elas evoluem de acordo com o estágio da aparição da doença (MIZPUTEN & COLS, 2006). Podem ser com base nos sintomas: • SII onde predomina a disfunção intestinal • SII onde predomina a dor • SII onde predomina o inchaço E também com base nos fatores precipitantes: • Pós-infecciosa (SII-PI) • Induzida por alimentos (induzida pelas refeições) • Relacionada ao estresse A SII não requer na maior parte dos casos nenhum exame adicional para comprovar seu diagnóstico, porem alguns exames realizados habitualmente como os hemogramas completos, os estudos de bioquímica sérica, os testes de função tireóidea e os exames de fezes em busca de sangue oculto, ovos e parasitos são indicados somente se a história clínica o sugere ou onde for pertinente a nível local (WHITEHEAD & BOSMAJIAN, 1982). 3.8 Discutir a finalidade clínica e laboratorial do EPF e da Coprocultura. A coprocultura, é a cultura microbiológica das fezes, é um exame que tem como objetivo identificar o agente infeccioso que pode ser responsável por alterações gastrointestinais, esse exame é solicitado pelo médico quando há suspeita de infecção por Salmonella Campylobacter,Escherichia coli ou Shigella, geralmente também é solicitado a realização de um EPF (exame parasitológico de fezes) Para realizar a coprocultura é recomendado que a pessoa evacue e leve em até 24 horas as fezes devidamente armazenadas ao laboratório para que seja feita a análise e possa ser identificada a bactéria responsável pela alteração gastrointestinal, além de também serem identificadas as bactérias que fazem parte da microbiota normal do intestino. O objetivo da coprocultura é identificar microrganismos que podem estar relacionados com alterações gastrointestinais, como intoxicação alimentar ou infecção intestinal. É recomendado a pacientes que apresentem os seguintes sintomas: Desconforto abdominal; Diarreia; Náuseas e vômitos; Febre; Mal estar geral; Presença de muco ou sangue nas fezes; Diminuição do apetite. (LEMOS, Marcela. O que é coprocultura, para que serve e como é feito. 2020). Juntamente com esse exame, é recomendável o EPF que é a análise laboratorial com objetivo de detectar a presença de indicativos da existência de vermes no intestino e também seu tipo. Para se obter um resultado preciso do exame é necessário que sejam seguidas as recomendações quanto à coleta, armazenamento e transporte das fezes. Exemplos de parasitoses que podem ser identificadas por esse exemplo são: Protozoários: compostos unicelulares, há os que são patogênicos para o homem e os que não causam doenças e, por isso, não precisam ser tratados. Helmintos: compostos por várias células, de tamanhos variáveis, que vão desde alguns centímetros até alguns metros. (FLEURY. Exames laboratoriais e a importância dos cuidados pré-analíticos. 2019). Como os diversos parasitas têm características biológicas diferentes, nem sempre o mesmo tipo de exame é indicado para todos. Para detectar alguns deles, devem ser utilizadas outras técnicas que não o exame parasitológico de fezes. 3.9 Discutir a importância da visita domiciliar para a compreensão do processo saúde doença de uma determinada área e sua população. Abordar o conhecimento de aspectos sociais, ambientais e culturais. Segundo Adriana Bezerra Brasil de Albuquerque e Maria Lúcia Magalhães Bosi (2008) “o programa de estratégia da saúde, favorece a equidade e universalidade da assistência, por meio de ações inovadoras no setor”. Essas ações realizam práticas sanitárias, assistenciais e sociais, promovendo a interação no cuidado a saúde e favorecendo vínculos e compreensão do processo saúde doença de uma área e conhecendo assim suas particularidades e necessidades. É importante, saber de cada aspecto social da área, visto que será a partir do conhecimento prévio que haverá a possibilidade de elaboração de cuidados vinculados ao processo saúde doença, ou seja, ações que atenderão aos anseios de cada família que compõe o lugar. Além disso, é necessário se ter em mente que a partir dos conhecimentos prévios da área o profissional de saúde terá em mente as particularidades culturais do lugar, ou seja, os modos de vida que aquela determinada população detêm. Destacando que, independentemente da cultura, toda a população deve ser respeitada, o que deve acontecer é a elaboração de ações de saúde que possam contribuir na melhoria da qualidade de vida das famílias que compõe a área que foi estudada naquele momento BOSI (2008). Quanto aos aspectos ambientais, é de suma importância conhecer a região e fazer o levantamento quanto as possíveis necessidades sanitárias do local, destacando que, muitos lugares ainda não possuem uma rede de tratamento de esgoto de qualidade, ou seja, que forneça água tratada a todos os moradores da área. Esse aspecto é de grande relevância, visto que uma área sem tratamento de esgoto efetiva poderá vir a trazer possíveis doenças de aspectos parasitárias. Por isso, as ações de saúde são de grande ajuda como determinante daquela situação local que se encontram as famílias de determinada área. Portanto, fica evidente que a compreensão do processo saúde doença, deve ser analisado como um todo, ou seja, em conjunto e não apenas de maneira separada, destacando que as visitas domiciliares com um aspecto minucioso de estudo do lugar poderão trazer as possíveis ações que serão propostas naquela área. Dessa maneira, ainda é necessário lembrar que todas as ações realizadas na área de verificação de saúde doença algo primordial que não deve ser esquecido é a empatia de saber compreender as necessidades de cada lugar, levando em consideração que o trabalho a ser desenvolvido tem que ser humanizado e que possa vir a satisfazer a necessidade da população de cada lugar BOSI (2008). Assim, é notório que sem o programa de estratégia de saúde da família, seriam bem precários os conhecimentos, no que dizem respeito às particularidades locais de cada área em estudo e suas possíveis necessidades, ou seja, seria difícil elaborar ações e determinadas medidas que poderiam sanar os problemas relacionados a saúde doença, esses que perpetuam nas distintas regiões brasileiras. 3.10 Importância do vínculo do trabalho em equipe o envolvimento e a inserção do estudante na UBS. O trabalho em equipe é um de estudantes e profissionais se associarem e colaborarem entre si, de forma que nesse período de tempo há uma troca de informações mútuas, o crescimento na formação profissional do estudante que ali está e agrega no aprimoramento de habilidades de comunicação, didática e humanização para equipe que ali já trabalha. Além disso, há também a prática da colaboração interprofissional, o qual envolve diversos agentes de várias áreas diferentes, esse ponto se torna importante na medida que se desenvolve o respeito por cada função expõe a necessidade de cada serviço, de modo a acrescentar a todos que estão envolvidos no trabalho em questão¹. Ademais, a inserção do estudante na UBS se faz importante para o desenvolvimento das habilidades médicas e de comunicação do estudante ao longo do curso, além de fomentar a compaixão e empatia cada vez mais ao se ter contato com paciente que frequentam a UBS. Desse modo, a cerne da inserção do estudante na unidade básica de saúde também é criar um projeto de saúde a longo prazo com a população local, uma vez que esse trabalho junto a comunidade contempla consultas periódicas e a possível elaboração de planos de tratamento de acordo com cada mazela, sendo ela individual ou coletiva². 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir do que foi discutido em sala, vale mencionar que compreender todos os pontos abordados ao longo deste trabalho, como mecanismo da digestão, fases de controle das secreções digestiva, fisiologia do controle hormonal e como se dá estes processos, é fundamental. Entender mecanismos de controle do esvaziamento gástrico, na motilidade intestinal, caracterizar o sistema nervoso entérico e seu papel na regulação do peristaltismo, saber sobre a Síndrome do Intestino Irritável e discutir suas principais repercussões clínicas, foi crucial para o nosso desenvolvimento acadêmico. Além disso, esse debate foi parte de um processo de enriquecimento para formar, posteriormente, bons profissionais, a partir do vínculo do trabalho em equipe o envolvimento e a inserção do estudante na UBS. 5. REFERÊNCIAS ALMEIDA, F. C. M. et al. Avaliação da inserção do estudante na Unidade Básica de Saúde: visão do usuário. Rev. bras. educ. med., Rio de Janeiro, v. 36, n. 1, supl. 1, p. 33-39, mar. 2012. disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- 55022012000200005&lng=en&nrm=iso>. acesso em 21 de agosto de 2020. https://doi.org/10.1590/S0100-55022012000200005. ¹ AMERICAN Gastroenterological. Association medical position statement: irritable bowel syndrome.Gastroenterology. 2002 p.105-07. ARAI, A. E.; GALLERANI, S. M. C. Uso Crônico de Fármacos Inibidores da Bomba de Prótons: Eficácia Clínica e Efeitos Adversos. 2011. Disponível em: <https://www.sanarsaude.com/blog/farmacia-artigo-inibidores-da-bomba-de-protons>. Acesso em: 20 ago 2020. BOSI, A. B. B. A.; MAGALHÃES, M. L. Visita domiciliar no âmbito da Estratégia Saúde da Família: percepções de usuários no Município de Fortaleza, Ceará, Brasil. Disponível em:< https://www.scielo.br/pdf/csp/v25n5/17.pdf> Acessado em: 14 agos.2020. EVORA PRB; REIS CL; FEREZ MA; CONTE DA & GARCIA LV. Distúrbios do equilíbrio hidroeletrolítico e do equilíbrio acidobásico – Uma revisão prática. Medicina, Ribeirão Preto, 32: 451-469, out. /dez. 1999. Disponível em <http://revista.fmrp.usp.br/1999/vol32n4/disturbios_equilibrio_hidroeletrolitico.pdf> FLEURY. Exames laboratoriais e a importância dos cuidados pré-analíticos. 2019. Disponível em: https://www.fleury.com.br/medico/artigos-cientificos/exames- laboratoriais-e-a-importancia-dos-cuidados-pre-analiticos. Acesso em: 22 ago. 2020. GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. https://www.sanarsaude.com/blog/farmacia-artigo-inibidores-da-bomba-de-protons https://www.scielo.br/pdf/csp/v25n5/17.pdf https://www.fleury.com.br/medico/artigos-cientificos/exames-laboratoriais-e-a-importancia-dos-cuidados-pre-analiticos https://www.fleury.com.br/medico/artigos-cientificos/exames-laboratoriais-e-a-importancia-dos-cuidados-pre-analiticos GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Guyton & Hall. tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Gen Guanabara Koogan, 2017. LEMOS, Marcela. O que é coprocultura, para que serve e como é feito. 2020. Disponível em: https://www.tuasaude.com/coprocultura/. Acesso em: 22 ago. 2020. MIZPUTEN, S. J., MENDES, A. MAGALHÃES, A. F. N., André, E. A., ALVES, J. G., SILVEIRA JÚNIOR, L. S., BRITO, M. V. H. & CORREIA, R. A. História dos critérios diagnósticos da síndrome do intestino irritável. 2006, p. 50. MORSCHEL, C; MAFRA, D; EDUARDO, J. SCIELO, Inibidores da bomba de prótons e sua relação com a doença renal, 2018. Disponível em :< https://www.scielo.br/pdf/jbn/v40n3/pt_2175-8239-jbn-2018-0021.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2020. PASSOS, M. C. F., FILHO, A. L., PONTES, E. L., AMARANTE, H. M. B. S., EISIG, J. N. & ALMEIDA, J. R. Síndrome do intestino irritável: uma visão integrada. 2006, p. 9-22. PEDUZZI, Marina e Agreli, Heloise Fernandes. Trabalho em equipe e prática colaborativa na Atenção Primária à Saúde**A versão inicial deste artigo foi apresentada na mesa redonda “Atenção Primária à Saúde nos Grandes Centros”, em comemoração aos quarenta anos do Centro de Saúde Escola Prof. Samuel B. Pessoa, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paul, em 30 de agosto de 2017. . Interface - Comunicação, Saúde, Educação [online]. 2018, v. 22, n. Suppl 2 [Acessado 21 agosto 2020, pp. 1525-1534. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1807-57622017.0827>. 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