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Legislação Ambiental e a Constituição Federal

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Legislação Ambiental 1
1
Legislação Ambiental 1
Ms. Débora Rodrigues
Legislação Ambiental 1
2
Introdução 3
Capítulo I: 
A Constituição Federal e Meio Ambiente 4
Capítulo II:
Princípios Ambientais 11
Capítulo III:
Competência Constitucional 13
Capítulo IV:
A Política Nacional de Meio Ambiente 16
Capítulo V:
Considerações Finais 48
Capítulo VI:
Bibliografia 49
SUMÁRIO
Legislação Ambiental 1
3
INTRODUÇÃO
Ao longo da história da humanidade, os recursos 
ambientais foram explorados sem a preocupação em 
cuidar do Planeta Terra para as futuras gerações. 
A preocupação com o Meio Ambiente é muito 
recente e intensificou-se principalmente na 
segunda meta do século passado, sobretudo após 
a Conferência da Organização das Nações Unidas, 
em Estocolmo, em 1972. Com a criação do conceito 
de desenvolvimento sustentável, o Brasil precisou 
mobilizar-se para normatizar a proteção ao meio 
ambiente.
É dentro desse contexto que se entende a criação 
da Política Nacional de Meio Ambiente, em 1981 e, 
posteriormente, a grande novidade constitucional. 
Pela primeira vez o Brasil criava, em 1988, uma 
Constituição Federal que dedica todo um capítulo 
sobre o Tema Meio Ambiente.
O capítulo VI tem apenas um artigo, 225, que 
exerce o papel de principal norteador do meio 
ambiente, devido a seu complexo teor de direitos, 
mensurado pela obrigação do Estado e da Sociedade 
na garantia de um meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, já que se trata de um bem de uso comum 
do povo que deve ser preservado e mantido para as 
presentes e futuras gerações.
Essa disciplina trata exatamente da discussão do 
direito de todo cidadão brasileiro a um meio ambiente 
ecologicamente equilibrado. O primeiro capítulo 
discute o tão importante artigo 225 da Constituição 
e há o desmembramento dos seus incisos para o 
melhor entendimento dos direitos constitucionais. 
Em um segundo momento, procurou-se discutir os 
princípios do direito ambiental. Dentro da concepção 
jurídica, “princípios” são normas, e, como tal, 
dotados de positividade, que determinam condutas 
obrigatórias e impedem a adoção de comportamentos 
com eles incompatíveis. Servem, também, para 
orientar a correta interpretação das normas isoladas, 
indicar, dentre as interpretações possíveis diante 
do caso concreto, qual deve ser obrigatoriamente 
adotada pelo aplicador da norma, em face dos 
valores consagrados pelo sistema jurídico. Portanto, é 
importante uma apresentação dos mais importantes 
princípios ambientais que norteiam toda a legislação 
associada ao tema.
Também é fundamental saber como estão 
distribuídas as obrigações de proteção ao Meio 
Ambiente entre os entes federativos, entendidos aqui 
como União, Estado, Distrito Federal e Municípios. 
Através da leitura desse capítulo, você poderá saber 
sobre os diferentes tipos de competências para cuidar 
dos recursos naturais dentro do território brasileiro.
No final, a disciplina buscará uma discussão muito 
especial sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, 
uma vez que é ela que norteou toda as ações de 
intensificação de proteção ao meio ambiente em 
território brasileiro, uma vez que veio primeiro que a 
Constituição de 1988.
Complementando os estudos nos capítulos citados, 
há a indicação de inúmeros vídeos com a discussão 
de conceitos, complementação de textos aqui 
apresentados, exemplos e reportagens interessantes 
sobre a questão ambientais. Não deixe de assistir os 
vídeos acompanhar os áudios.
Bom estudo!
Legislação Ambiental 1
4
CAPÍTULO I:
A Constituição Federal e Meio Ambiente
Na Disciplina de “Ciências Ambientais”, você 
observou que a preocupação com a inserção do 
homem no mesmo ambiente é uma situação bastante 
recente, sobretudo a partir da segunda metade do 
século passado. Como diz MACHADO (1982):
“Não se separa o homem e seu ambiente 
como compartimentos estanques”. (p.6)
Por isso, é bom destacar a Constituição de 1988 
que ratificou esse interesse pela temática ambiental 
ao criar um capítulo inteiro para a discussão do Meio 
Ambiente, o capítulo VI. A constitucionalização da 
proteção do meio ambiente é tendência internacional, 
contemporânea do surgimento e do processo de 
consolidação do direito ambiental.
No presente texto, portanto, estar-se-á fazendo 
uma análise dos fundamentos ético-jurídicos e 
técnicas de constitucionalização do meio ambiente, 
em especial na Constituição Federal de 1988.
Vamos começar com o primeiro artigo do capítulo 
VI, uma vez que é no art. 225 que se encontra o 
núcleo principal da proteção do meio ambiente na 
Constituição de 1988.
Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum 
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade 
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações.
Repare que, logo no início, o Estado brasileiro quer 
deixar claro que todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado. Isso significa dizer que 
não é qualquer meio ambiente que é bom para a 
população. Mas, sim aquele que é ecologicamente 
equilibrado, ou seja, com qualidade.
É fundamental destacar que esse bem, o meio 
ambiente ecologicamente equilibrado, é para 
todos, tanto dessa geração, quanto da futura. 
Devemos preservá-lo. Associando ao conceito 
de Desenvolvimento sustentável, trabalhado na 
disciplina anterior.
De acordo com RODRIGUES (2008), ao ser 
taxado de essencial à sadia qualidade de vida, o 
meio ambiente tornou-se indissociável de uma vida 
saudável, vinculando o ambiente equilibrado a uma 
condição imprescindível para acesso à saúde.
Continuemos com a Constituição: “Para assegurar 
a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público”.
I - preservar e restaurar os processos 
ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico 
das espécies e ecossistemas;
No primeiro inciso já há a obrigatoriedade 
de restaurar processos ecológicos desfeitos, a 
Constituição Federal é taxativa e transferiu este ônus 
ao Poder Público. 
Nesse caso, é bom também diferenciar as ações 
verbais: 
• Preservar: Significa, de maneira mais ampla, a 
manutenção do bem, nesse caso, ambiental;
• Restaurar: é o ato de não apenas conferir-lhe 
estabilidade, mas recuperar, o mais possível, as 
características originais.
De acordo com RODRIGUES (2008), há diferenças 
fundamentais entre “recuperar” e “restaurar” o 
meio ambiente. As políticas de recuperação não 
possuem compromisso com a condição original do 
Legislação Ambiental 1
5
ambiente degradado, mas principalmente com o 
restabelecimento do equilíbrio ambiental. Por sua 
vez, o termo restaurar é usado para definir as políticas 
de restituição de um ecossistema degradado o mais 
próximo possível de sua condição original.
Verifique também que o inciso deixa claro que 
cabe ao Poder Público, o prover o manejo ecológico 
das espécies e ecossistemas, ou seja, precisam-se 
desenvolver práticas de conservação ambiental.
II - preservar a diversidade e a integridade 
do patrimônio genético do País e fiscalizar as 
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação 
de material genético;
Ao Poder Público também ficou a incumbência de 
preservar a diversidade e a integridade do patrimônio 
genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas 
à pesquisa e manipulação desse material. É bom 
sempre lembrar de que o Brasil é um dos países que 
abrigam maior biodiversidade no Planeta.
Atualmente, a Lei nº 11.105/05 fixou normais 
de segurança e mecanismos de fiscalização de 
atividades que envolvam organismos geneticamente 
modificados e seus derivados (figura 01). 
Figura 01: Organismo geneticamente modificado
Fonte: NAIME (2010)
 
III - definir, em todas as unidades da Federação, 
espaçosterritoriais e seus componentes a serem 
especialmente protegidos, sendo a alteração e 
a supressão permitidas somente através de lei, 
vedada qualquer utilização que comprometa a 
integridade dos atributos que justifiquem sua 
proteção;
Foi imposta também ao Estado, a missão de 
definir em todas as unidades da Federação, espaços 
territoriais e seus compostos. Essa norma foi 
regulamentada, posteriormente, pela Lei n 9985, 
publicada em 2000, que instituiu o Sistema Nacional 
de Unidades de Conservação da Natureza (Quadro 
01).
Veja que apenas lei formal poderá estabelecer 
qualquer possibilidade de alteração ou supressão dos 
recursos ambientais existentes nessas unidades de 
conservação.
Quadro 01: Unidades de Conservação Federais e 
seus tipos
Legislação Ambiental 1
6
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra 
ou atividade potencialmente causadora de significativa 
degradação do meio ambiente, estudo prévio de 
impacto ambiental, a que se dará publicidade;
Constitucionalizou-se a exigência de estudo 
prévio de impacto ambiental, para a instalação de 
obra ou atividade potencialmente causadora de 
significativa degradação ambiental. Os estudos 
ambientais tornaram-se, a partir dessa Carta Magna, 
parte integrante e imprescindível de licenciamento 
ambiental. Tanto para empreendimentos públicos 
como privados. É só ver o exemplo do processo de 
licenciamento da menina dos olhos do governo Lula, 
a Hidrelétrica de Belo Monte.
Existem duas resoluções importantes, a serem 
comentadas nesse caso:
a) Resolução CONAMA 001/86: Estabelece as 
definições, as responsabilidades, os critérios básicos 
e as diretrizes gerais para uso e implementação da 
Avaliação de Impacto Ambiental.
b) Resolução CONAMA 237/97: Organiza os 
procedimentos e critérios utilizados no licenciamento 
ambiental, de forma a efetivar a utilização do sistema 
de licenciamento como instrumento de gestão 
ambiental. E lista os empreendimentos que necessitam 
de Estudos de Impactos Ambientais (EIA/RIMA), 
porque desenvolvem atividades potencialmente 
causadoras de significativa degradação ambiental.
V - controlar a produção, a comercialização e o 
emprego de técnicas, métodos e substâncias que 
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o 
meio ambiente;
De acordo com esta lei (N.º 9.985) existem cinco 
tipos de unidades de conservação:
(1) Estação ecológica, as áreas assim determinadas 
são de domínio público, ou seja, se alguma 
propriedade particular estiver incluída no projeto ela 
é desapropriada, sendo aberta somente a visitação 
com objetivo educacional desde que previstas em 
seu Plano de Manejo e, até mesmo as pesquisas 
científicas devem ser autorizadas;
(2) Reserva Biológica, possui as mesmas 
características da Estação Ecológica, porém seu 
uso é mais restrito, a Estação Ecológica tem como 
objetivo a preservação da natureza e a realização 
de pesquisas científicas, já a Reserva Biológica tem 
o objetivo único de proteger integralmente a biota 
sem qualquer interferência humana, a não ser para 
medidas de recuperação;
(3) Parque Nacional, também é de domínio público 
(que também pode ser Estadual ou Municipal), mas 
ao contrário das UC (Unidades de Conservação) 
anteriores, pode ser utilizado para recreação, 
pesquisa científica, turismo ecológico e demais 
atividades educativas desde que previstas no seu 
Plano de Manejo e, as pesquisas, autorizadas;
(4) Monumento Natural, é uma reserva que pode 
ser particular desde que o uso pelos seus proprietários 
corresponda ao objetivo da UC que é “…preservar 
sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza 
cênica.”;
(5) Refúgio da Vida Silvestre, tem como objetivo 
proteger áreas naturais necessárias para a reprodução 
e manutenção de espécies. Da mesma forma que o 
Monumento Natural, o Refúgio da Vida Silvestre pode 
ser particular desde que respeitados os objetivos da 
UC, caso contrário a área pode ser desapropriada.
FONTE: IBGE, Diretoria de Geociências, Departamento de 
Geografia.
Legislação Ambiental 1
7
Determinou-se, também, o controle da produção, 
da comercialização e do emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a 
vida, a qualidade de vida e o meio ambiente. 
Este inciso recorre aos princípios de precaução e 
da prevenção. O primeiro diz respeito ao fato de se 
não se conhece ou não se controla as consequências 
do uso de técnicas, métodos e sinergia de substâncias 
podem causar à vida e ao ambiental, então é melhor 
não empregá-lo. No segundo caso, a situação é um 
pouco diferente. Se há a hipótese conhecida de risco, 
precisam-se desenvolver técnicas para enfrentar o 
limite máximo de consequências negativas.
Cabe ao Poder Público, também estabelecer limites 
de emissões, que possam de alguma forma ameaçar 
o equilíbrio ambienta e pôr em risco a vida humana.
VI - promover a educação ambiental em todos os 
níveis de ensino e a conscientização pública para a 
preservação do meio ambiente;
Como nos diz RODRIGUES (2008), a educação é 
a única ferramenta capaz de alterar a cultura e os 
costumes de um povo. O inciso VI foi regulamentado 
pela Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 
9,795/1999).
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma 
da lei, as práticas que coloquem em risco sua função 
ecológica, provoquem a extinção de espécies ou 
submetam os animais a crueldade;
O número inigualável de espécies de plantas, 
peixes, anfíbios, pássaros, primatas, insetos, faz 
com que o nosso país seja alvo da biopirataria, 
termo usado para caracterizar o desvio ilegal das 
riquezas naturais (flora e fauna) e do conhecimento 
das populações tradicionais sobre a utilização dos 
mesmos (CAVALCANTE, 2010).
De acordo com a ministra do Meio Ambiente, 
em 2010, Izabella Teixeira: “O Brasil é o G1 da 
Biodiversidade” e que é fundamental regulamentar 
os recursos genéticos do país (AGUIAR, 2010).
Também é bom destacar que o Brasil aparece ao 
lado da Austrália, do México, da China e da Indonésia 
como um dos países que reúnem o maior número 
de espécies ameaçadas. Se tais práticas não forem 
contidas, o equilíbrio ambiental estará certamente 
fadado à extinção. 
Figura 03: Papagaio de Peito Roxo. É uma das espécies mais 
ameaçadas de nossa fauna.Em virtude do desmatamento e do 
tráfico, suas populações sofreram tremendo decréscimo desde 
os anos 40.
Fonte: FUNDAÇÃO JARDIM ZOOLÓGICO DE NITERÓI (2010)
De acordo com GOMES (2010), ainda falta no 
Brasil, instrumentos de repressão penal, e uma 
lei que regulamente o setor. A difícil interpretação 
jurídica e as atuais exigências burocráticas 
para autorização de pesquisas de campo sobre 
biodiversidade desestimulam o desenvolvimento 
científico e econômico, impedindo o objetivo maior 
que é repartir benefícios para todas as cadeias que 
participaram da geração daquele conhecimento. 
Atualmente, o tema está regulamentado no 
país por uma Medida Provisória (2.186), editada 
pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. 
Atualmente, ainda está tramitando na instância 
pública o Anteprojeto da “Lei de Acesso a Recursos 
Genéticos, Conhecimentos Tradicionais e Repartição 
de Benefícios”.
Também destacamos, nesse trabalho, parágrafos 
específicos desse artigo:
Legislação Ambiental 1
8
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica 
obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, 
de acordo com solução técnica exigida pelo órgão 
público competente, na forma da lei;
Deixa claro o legislador que o ambiente degradado 
por exploração mineral deve ser recuperado, de 
acordo com solução técnica exigida pelo órgão 
público competente.
Todos ainda lembram dos grandiosos impactos 
ambientais causados pela exploração mineral da 
Província Mineral de Carajás, na Região Norte do país 
e que apresenta até, hoje, fortes passivosambientais 
(figura 04).
Figura 04: Degradação Ambiental da mineração em Carajás
Fonte: SURVIVAL (2010).
O Regulamento do Código de Mineração, previsto 
pelo Código de Mineração como legislação específica 
e complementar deste, foi aprovado pelo Decreto nº 
62934, de 02/04/1968, que dispõe sobre os direitos 
relativos às massas individualizadas de substâncias 
minerais ou fósseis, encontradas na superfície ou no 
interior da terra, formando os recursos minerais do 
país; o regime de sua exploração e aproveitamento; 
a fiscalização, pelo Governo Federal, da pesquisa, da 
lavra e de outros aspectos da indústria mineral. 
Atualmente, o Ministério de Minas e Energia 
elaborou uma nova proposta para a regulamentação 
da atividade de mineração no Brasil, com o objetivo 
fortalecer o processo regulatório, através da 
criação da Agência Nacional de Mineração (ANM), 
atrair investimentos para o setor e acabar com a 
informalidade na área.
§ 3º - As condutas e atividades consideradas 
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, 
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e 
administrativas, independentemente da obrigação de 
reparar os danos causados;
De acordo com RODRIGUES (2008), esse 
dispositivo é iluminado pelo princípio da ubiquidade, 
por meio do qual o agente de uma conduta nociva ao 
meio ambiente é responsabilizado nas três esferas de 
poder: Administrativa, Penal e Civil. Traduz-se que 
uma única atitude contrária ao equilíbrio ambiental 
gera a tríplice responsabilização do agende, com 
punições administrativas, penais e civis.
A diferença entre as responsabilidades:
• Administrativa: Aplica-se às pessoas jurídicas 
e corresponde ao dever de observar procedimentos 
garantidores de lisura, transparência e equidade, 
para manter vínculo com a Administração Pública. 
• Civil: Responsabilidade de reparar danos 
causados a terceiros.
• Penal: É definida na lei de crimes ambientais e 
pode colocar na cadeia, os responsáveis por um dano 
ambiental.
Estudaremos melhor esse assunto, quando for 
trabalhada a disciplina de “Legislação Ambiental”.
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata 
Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense 
e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua 
utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de 
condições que assegurem a preservação do meio 
ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos 
naturais;
Legislação Ambiental 1
9
Nesse caso, quis o legislador que houvesse 
o reconhecimento da importância dos biomas 
brasileiros, por isso, são considerados patrimônio 
nacional. Verifique que, embora deve-se assegurar 
a sua preservação, eles não são intangíveis e podem 
ser utilizados, de maneira sustentável. A Lei autoriza, 
mas limita a sua exploração.
Destaca-se, no entanto, que o bioma cerrado não 
está presente nessa legislação. Quando foi elaborada 
a Carta Magna, o Brasil estava passando por amplo 
processo de implantação do agronegócio na Região 
Centro-Oeste brasileira e havia o interesse de não 
resguardar esse importante bioma.
Figura 05: Biomas do Brasil
Fonte: IBGE (2000)
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou 
arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, 
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais;
Durante o Brasil-Colônia, as terras eram divididas 
pelas Capitanias Hereditárias (sabia-se de quem eram 
as terras). Quando o Brasil se tornou República, a Lei 
das Terras, de 1850, limitou o acesso a elas. Somente 
poderiam adquirir terras por compra e venda ou por 
doação do Estado. Portanto, a maior parte daquelas 
terras das capitanias hereditárias ficou sem dono.
Capitanias hereditárias (1574) com a divisão da América 
portuguesa em capitanias
Fonte: Lisboa, Biblioteca da Ajuda
Terras devolutas são terras que não pertencem ao 
domínio público, nem ao particular. Seriam, portanto, 
terras de ninguém. De acordo com o legislador, 
essas terras já estão e devem conglobar os recursos 
ambientais existentes, portanto determina-se a 
sua indisponibilidade para outras ações como, por 
exemplo, para a reforma agrária (Figura 06).
Legislação Ambiental 1
10
Figura 06: Terras Devolutas no Brasil - 2003
Fonte: http://www.mstfelisburgo.eu/tabelle/mapa1.gif - 
OLIVEIRA (2010).
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear 
deverão ter sua localização definida em lei federal, 
sem o que não poderão ser instaladas;
O país já detém a sétima maior reserva de urânio 
do mundo, de acordo com dados da Associação 
Brasileira de Energia Nuclear (ABEN), e está entre 
os sete países do mundo que têm conhecimento e 
meios para gerar energia elétrica de fonte nuclear.
Tabela 01: As 10 maiores Reservas conhecidas 
recuperáveis - 2007
No interesse nacional, reservou-se ao Congresso 
Nacional, por lei federal, definir a localização de usinas 
que operem com reator nuclear. Até agora, apenas 
as usinas de angra, cujas localizações já estavam 
definidas anteriormente à Constituição, estão em 
funcionamento, no Rio de Janeiro (Figura 07). 
Figura 07: Reservas nacionais de urânio, unidades de extração, 
beneficiamento e produção de elementos combustíveis e usina 
termonuclear de Angra dos Reis
Fonte: ELETROBRAS (2010)
Após a construção da terceira usina em Angra, 
no Rio de Janeiro, governo pretende investir na 
tecnologia nuclear no Nordeste e no Sudeste. Em 
2009, houve o lançamento do “Programa Nuclear 
Brasileiro: Autonomia e Sustentabilidade do País” e 
divulgou-se que o país precisa dobrar sua capacidade 
de geração energética até 2030. Para atingir essas 
metas, o Plano Nacional de Energia – PNE 2030 – 
estabelece cenários de implantação entre 4.000 e 
8.000 MW de usinas termonucleares até o ano de 
2030 (ROTHMAN, 2010).
Legislação Ambiental 1
11
CAPÍTULO II:
Princípios Ambientais
O direito ambiental fundamenta-se em diversos 
princípios tais como: acesso equitativo aos 
recursos naturais, prevenção, reparação, qualidade, 
participação popular e publicidade.
De acordo com NUNES (2006), o Direito 
Ambiental é o conjunto de normas que controlam de 
forma coercitiva as atividades relacionadas ao meio 
ambiente, visando a preservação ambiental, tanto 
para a geração atual, como para as futuras gerações, 
buscando equalizar, conscientizar e fiscalizar as 
atividades da sociedade como um todo, trazendo 
consigo a punibilidade para aqueles que venham a 
desrespeitar tais normas.
Essa subdivisão do direito surgiu como resposta 
às agressões em nível mundial do meio ambiente e 
tem como sua base de estudos, ramos de diferentes 
ciências como Biologia, Geografia, Ciências Sociais, 
Antropologia e o próprio Direito.
Desta forma, surgiu o Direito Ambiental, recurso 
competente para tutelar o meio ambiente, em todas 
suas espécies, da agressão humana, tentando 
fazer nossos descendentes disporem de condições 
análogas às que nos são oferecidas, buscando 
um desenvolvimento sustentável. Como disciplina 
autônoma que é, o Direito Ambiental rege-se por 
princípios próprios, eficazes no combate à interferência 
lesiva humana na natureza, constituindo eles a base 
das demais normas reguladoras deste ramos jurídico, 
sendo estas seus sucedâneos (CAVALCANTE, 2003). 
Como em qualquer ramo do direito, há um 
conjunto de princípios que regem o direito ambiental, 
sendo estes a base fundamental, ou estrutura central 
na qual as normas são construídas. NUNES (2006) 
deixa claro, entretanto que os princípios do direito 
ambiental, sempre caminharão em conformidade 
com os princípios de outros ramos do direito, e nem 
poderia estar apartado, pois, uma vez fazendo parte 
do nosso ordenamento jurídico, deve fortalecer nossa 
estrutura normativa, firmando assim a unicidade e 
coerência do mesmo.
Nesse sentido, elencam-se alguns dos mais 
importantes princípios do direito ambiental: 
Figura 08:Princípios do direito ambiental
Fonte: A autora
Legislação Ambiental 1
12
Fonte: NUNES (2006)
Legislação Ambiental 1
13
CAPÍTULO III:
Competência Constitucional
Competência é uma palavra do senso comum, 
utilizada para designar uma pessoa qualificada 
para realizar alguma coisa. Mas, dentro do âmbito 
constitucional, o conceito tem algumas variações 
importantes.
A competência é uma parcela de responsabilidade 
que um órgão jurisdicional possui para resolver os 
conflitos. Neste mesmo liame preleciona MARINONI 
& ARENHART (2007) define bem:
“A competência, portanto, nada mais é do 
que uma parcela de jurisdição que deve ser 
efetivamente exercida por um órgão ou grupo 
de órgãos do Poder Judiciário” (p.37).
Nesse sentido, a tradução é simples. Na 
Constituição, competência não é quem sabe fazer, e 
sim quem pode fazer. É a Carta Magna que distribui 
a Competência, entre os entes federativos. 
A competência se divide em legislativa e 
administrativa. A competência legislativa se expressa 
no poder de estabelecer a entidade normas gerais, 
leis em sentido estrito. Por sua vez, a competência 
administrativa, ou material, cuida da atuação 
concreta do ente, que tem o poder de editar normas 
individuais, ou seja, atos administrativos. É quem 
pode executar a lei (SANTOS, 1999).
Sendo a Federação o sistema de organização de 
Estado adotado pelo Brasil, surge-se o problema da 
repartição, da distribuição de competências entre 
o governo central (União), Estados-Membros, o 
Distrito Federal e os Municípios. Os chamados entes 
federativos (figura 09).
Figura 09: Entes federativos
Fonte: a autora
Para começar a comentar sobre as competências 
entre os entes federativos, veja o que estabelece o 
art. 22 da Constituição:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar 
sobre:
[...]
IV - águas, energia, informática, telecomunicações 
e radiodifusão;
[...]
Parágrafo único. Lei complementar poderá 
autorizar os Estados a legislar sobre questões 
específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Observe que a Constituição deixa claro que cabe 
privativamente à União legislar sobre inúmeros itens 
e, dentre eles, sobre a água, um dos bens ambientais 
e que está bastante ameaçado pelas atividades 
antrópicas (figura 10).
Figura 10: água – recurso fundamental à vida
Isso significa dizer que quaisquer leis estaduais 
ou municipais sobre o assunto são inválidas ou, 
melhor, inconstitucionais. Mas, há uma ressalva no 
Legislação Ambiental 1
14
único parágrafo desse artigo. Uma Lei complementar 
da União pode transmitir a competência de legislar 
sobre águas para um Estado, mas tem que ser de 
maneira muito específica. Município algum e nem o 
Distrito Federal tem essa competência.
Quando o assunto é competência, vale a pena 
também citar o artigo 23 da Constituição:
Art. 23. É competência comum da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
[...]
III - proteger os documentos, as obras e outros 
bens de valor histórico, artístico e cultural, os 
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os 
sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a 
descaracterização de obras de arte e de outros bens 
de valor histórico, artístico ou cultural;
VI - proteger o meio ambiente e combater a 
poluição em qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
[...]
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as 
concessões de direitos de pesquisa e exploração de 
recursos hídricos e minerais em seus territórios;
[...]
Inicialmente, pode ficar a confusão sobre a 
competência, se é material ou legislativa. Mas, 
observe que se trata de ações e execução é associada 
à competência material. Nesse caso, dos os entes da 
federação têm a obrigação de atender aos incisos do 
artigo 23 da Carta Magna.
Outro artigo importante, no que se referência à 
competência da área ambiental é o 24. Vejamos:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito 
Federal legislar concorrentemente sobre:
 [...]
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação 
da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, 
proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, 
artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, 
ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, 
estético, histórico, turístico e paisagístico;
[...]
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a 
competência da União limitar-se-á a estabelecer 
normas gerais.
§ 2º - A competência da União para legislar sobre 
normas gerais não exclui a competência suplementar 
dos Estados.
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, 
os Estados exercerão a competência legislativa plena, 
para atender a suas peculiaridades.
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas 
gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe 
for contrário.;
[...]
De acordo com PASSOS (2010), a competência 
concorrente é utilizada para o estabelecimento 
de PADRÕES, de NORMAS GERAIS ou específicas 
sobre determinado tema. Prevê a possibilidade de 
disposição sobre o mesmo assunto ou matéria por 
mais de uma entidade federativa (União, Estados e 
Municípios), porém, com primazia da união.
Legislação Ambiental 1
15
Observe que, nesse caso, compete à União, aos 
Estados e ao Distrito Federal legislar sobre os descritos 
nos incisos. Mas, o artigo primeiro deixa bem claro 
que, a competência da União estabelece-se, ou é 
superveniente, sobre os demais entes federativos.
E mais! É necessário que os Estados e precisam 
exercer a sua competência suplementar sobre esses 
itens. Mas, caso a União não tenha se pronunciado 
sobre o assunto legislativamente, o Estado terá 
competência plena.
Os municípios, embora com menos competências 
ambientais, tem o seu valor. Resta-nos, portanto, 
comentar sobre o artigo 30.
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual 
no que couber;
[...]
É complexa a posição do Município dentro da 
nossa Federação. SANTOS (1999) informa que com 
a Constituição Federal de 1988 o Município atingiu 
um grau de importância impensável nos sistemas 
constitucionais anteriores. Não há dúvida de que 
ao Município foi atribuída uma ampla competência 
legislativa. Mas, quando o assunto é meio ambiente, 
esse ente federativo tem muitas restrições.
De acordo com o artigo 30, a Carta Magna 
ofereceu aos municípios a possibilidade de enriquecer, 
suplementar a legislação federal e estadual, desde que 
reste comprovado o interesse predominantemente 
local. Mas, que fique claro que o assunto de interesse 
local não é aquele que interessa exclusivamente ao 
Município, mas aquele que predominantemente afeta 
à população do lugar. 
Legislação Ambiental 1
16
CAPÍTULO IV:
A Política Nacional de Meio Ambiente
Você aprendeu como foi a história da preocupação 
com o Meio Ambiente, no cenário internacional e 
nacional. Nos anos de 1980, a Ministra da Noruega, Gro 
Harlem Brundtland apresentou ao mundo o relatório 
NOSSO FUTURO COMUM, originário da Comissão 
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 
formada pela ONU em 1983 (Figura 11). 
Figura 11: Gro Harlem Brundtland
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/ef/Gro_
Harlem_Brundtland_2009.jpg
Nesse documento, fixava-se o entendimento de 
que a definição de desenvolvimento sustentável 
“prevê a satisfação das necessidades presentes, 
sem prejuízo da capacidade de futuras gerações 
exercerem os mesmos direitos” – figura 12.
Figura 12: a idéia do desenvolvimento sustentável
É a partir desse momento, que a Organização 
das Nações Unidas, através de seus Organismos 
Financiadores, passa a incorporare solicitar novos 
mecanismos de aferição para o financiamento 
de projetos, entre eles, a avaliação dos impactos 
ambientais. 
Em razão dessas exigências internacionais, alguns 
projetos desenvolvidos em fins da década de 70 e 
início dos anos 80 e financiados pelo BIRD e pelo BID 
foram submetidos a estudos ambientais, dentre eles, 
as usinas hidrelétricas de Sobradinho-BA, Tucuruí-PA 
e o terminal porto-ferroviário Ponta da Madeira, no 
Maranhão, ponto de exportação do minério extraído 
pela Companhia Vale do Rio Doce, na Serra do Carajás. 
No entanto, os estudos foram realizados segundo as 
normas das agências internacionais, já que o Brasil 
ainda não dispunha de normas ambientais próprias 
(IBAMA, 1995) – figura 13. 
Figura 13: Vista aérea da UHE Tucuruí com os vertedouros 
abertos
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/dc/
Vistausituc.jpg
É dentro desse contexto que surgiu a Política 
Nacional de Meio Ambiente. A partir da consciência de 
que Brasil não poderia submeter-se indefinidamente 
a normas estritamente internacionais, na avaliação 
dos impactos ambientais gerados no país, face às 
peculiaridades e atributos incomparáveis da nossa 
biodiversidade, que passamos a buscar a nossa 
própria lei de política ambiental. Lembre-se de que a 
Legislação Ambiental 1
17
lei foi publicada em 1981, quando o país ainda estava 
sob as ordens da ditadura militar.
O fato é que em 31 de agosto de 1.981 foi editada 
a Lei no. 6.938, criando a Política Nacional do Meio 
Ambiente, estabelecendo conceitos, princípios, 
objetivos, instrumentos, penalidade, seus fins, 
mecanismos de formulação e aplicação, e instituindo 
o SISNAMA - Sistema Nacional de Meio Ambiente e 
o CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente 
(artigo 1º).
É fundamental destacar que a lei é anterior à 
Constituição promulgada em 1988, por isso, teve 
alguns textos suspensos pela Carta Magna e também 
pela regulamentação do setor, posteriormente.
Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem 
por objetivo a preservação, melhoria e recuperação 
da qualidade ambiental propícia à vida, visando 
assegurar, no País, condições ao desenvolvimento 
sócio-econômico, aos interesses da segurança 
nacional e à proteção da dignidade da vida humana, 
atendidos os seguintes princípios:
É importante dar destaque ao fato de que o artigo 
2º da lei 6.938/81, antes mesmo da Constituição 
Brasileira já oferecia o reconhecimento da necessidade 
de preservação, melhoria e recuperação da qualidade 
ambiental propícia à vida. Posteriormente, o legisla 
evidencia quais os princípios que devem ser seguidos 
para se atingir a esse objetivo.
I - ação governamental na manutenção do 
equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente 
como um patrimônio público a ser necessariamente 
assegurado e protegido, tendo em vista o uso 
coletivo;
Nesse inciso, a lei deixa claro que o meio ambiente 
é um patrimônio público, bem de todos e, por isso, 
deve as ações governais encontrar meios de manter 
o equilíbrio ecológico. Está se atendendo ao princípio 
ambiental da natureza pública da proteção ambiental.
Para RODRIGUES (2008), todo e qualquer 
plano de investimentos, público ou privado, deve 
necessariamente incluir em seus objetivos o respeito 
e a preservação máxima ao equilíbrio ambiental 
diretamente envolvido.
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da 
água e do ar;
Observe que a Carta Magna deixa clara a 
possibilidade de uso dos recursos solo, subsolo, água 
e ar (biosfera), desde que de maneira sustentável. 
Embora sejam bens que devam ser mantidos com 
equilíbrio ecológico, pode-se utilizá-los de maneira 
racional (Quadro 03).
Quadro 03: Biosfera
Figura 14: Representação da biosfera
A biosfera é o espaço da vida que envolve o 
planeta Terra. Seu limite superior é a camada de 
ozônio, situada a 14 km de altura no equador e 
aproximadamente a 7 km dos pólos; camada essa 
que protege os seres vivos da radiação ultravioleta 
do sol. 
Seu limite inferior varia desde os primeiros 
centímetros de profundidade do solo, junto à sua 
superfície, até o fundo do oceano (aproximadamente 
10 km).
Legislação Ambiental 1
18
A Biosfera como espaço de vida do planeta é 
muito pequeno, e pode ser considerado como uma 
lâmina bastante estreita que envolve a Terra, como 
se tratasse de uma folha de papel se compararmos 
sua espessura com o volume total do planeta.
III - planejamento e fiscalização do uso dos 
recursos ambientais;
Para se alcançar o desenvolvimento sustentável, é 
fundamental, o planejamento e a fiscalização do uso 
dos recursos ambientais.
Planejamento é um processo contínuo e dinâmico 
que consiste em um conjunto de ações intencionais, 
integradas, coordenadas e orientadas para tornar 
realidade um objetivo futuro, de forma a possibilitar 
a tomada de decisões antecipadamente. 
Observe que esse inciso está diretamente 
associado ao artigo 23 da Carta Magna que faz 
referência à proteção do meio ambiente e combate 
à poluição em qualquer de suas formas e também a 
preservação das florestas, a fauna e a flora.
Para esse inciso seja aplicado, é fundamental o 
poder de polícia ambiental, na Administração Pública 
das diferentes esferas de poder, para exercerem a 
legítima fiscalização dos atributos ambientais (Quadro 
04).
Quadro 04: As polícias ambientais do Brasil
As Polícias Militares Ambientais atuam na 
preservação e conservação ecológica através de ações 
de fiscalização e controle nas áreas de mineração, 
poluição, queimadas, caça e pesca ilegais. Operam 
também programas na área de educação ambiental.
A maior parte das riquezas naturais brasileiras 
está em áreas privadas, portanto, os esforços de 
fiscalização são mais focados nesses locais onde, 
geralmente, existem poucas unidades de conservação.
Procurando o melhor resultado possível em suas 
ações, as Polícias Militares Ambientais trabalham de 
forma integrada com o IBAMA, Secretarias Estaduais 
de Meio Ambiente, Universidades, ONGs e outras 
instituições. Através dessas parcerias é que se torna 
possível obter uma ação eficaz de fiscalização e 
preservação.
Dos 27 estados brasileiros, 26 dos possuem 
unidades da Polícia Militar Ambiental, somando um 
efetivo de quase 10.000 homens, que garantem a 
segurança da biodiversidade da nação. 
Nos últimos dez anos, a ação eficiente das Polícias 
Militares no diversos ecossistemas do país contribuiu 
para a conservação mostrando os seguintes 
resultados:
• Redução do contrabando e comércio ilegal de 
animais silvestres;
• Maior controle de desmatamento da Mata 
Atlântica;
• Controle total da caça ilegal de jacaré no 
Pantanal;
• Elaboração e implantação de programas para 
capacitação interna;
• Implantação e execução de diversos programas 
de educação ambiental;
• Controle das ações ilegais de extração mineral;
• Apoio a diversos programas de pesquisas 
científicas.
Fonte: POLÍCIA AMBIENTAL DO BRASIL (2010).
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação 
de áreas representativa;
Legislação Ambiental 1
19
Aqui, há uma reafirmação do legislador na 
proteção dos ecossistemas nacionais. Embora 
registra-se que a Carta Magna poderia substituir o 
termo “ecossistema” por “bioma”, uma vez que há 
diferenças importantes entre os termos.
Ecossistema é o sistema integrado e auto-
funcionante que consiste em interações dos 
elementos bióticos e abióticos e cujas dimensões 
podem variar consideravelmente. Por sua vez, Bioma 
é o conjunto de vida (vegetal e animal) definida 
pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos 
e identificáveis em escala regional, com condições 
geoclimáticas similares e história compartilhada de 
mudanças, resultando em uma diversidade biológica 
própria. Portanto, o termo bioma estaria melhor 
aplicado nesse inciso.
Vale destacartambém a necessidade de se criar 
unidades de conservação que pudessem oferecer 
preservação de cada um dos ecossistemas presentes 
em território nacional. 
As Unidades de Conservação podem ser 
classificadas dois tipos: As unidades de conservação 
de proteção integral, ou de uso indireto, são aquelas 
onde haverá a conservação dos atributos naturais, 
efetuando-se a preservação dos ecossistemas em 
estado natural com um mínimo de alterações, 
sendo admitido apenas o uso indireto dos seus 
recursos naturais. As unidades de conservação de 
uso sustentável, ou de uso direto, são aquelas onde 
haverá conservação dos atributos naturais, admitida 
a exploração de parte dos recursos disponíveis em 
regime de manejo sustentável (BRASIL, 2000).
V - controle e zoneamento das atividades potencial 
ou efetivamente poluidoras;
Nesse inciso há uma clara menção ao princípio 
ambiental do limite, onde o Poder Público é o 
responsável por estabelecer limites nas atividades 
produtivas potencial ou efetivamente poluidora, 
como é o caso de refinarias, por exemplo. 
O zoneamento constitui uma medida oriunda do 
poder de polícia, tendo por fundamento a repartição 
do solo municipal em zonas e a designação de seu 
uso.
O dispositivo normativo do zoneamento é um 
avanço considerável na legislação ambiental do 
período da ditadura militar. O estabelecimento 
de zonas, com fronteiras definidas pos estudos 
ambientais, para o desenvolvimento das atividades 
que podem recorrer da ação de poluir, mas sempre 
com limites.
Como nos orienta RODRIGUES (2008), as políticas 
de zoneamento que recaiam sobre algum ente 
federativo, por exemplo, pode identificar a vocação 
e4conômico-ambienta para cada zona, implementar 
e sugerir políticas de desenvolvimento sustentável 
individualizado.
VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de 
tecnologias orientadas para o uso racional e a 
proteção dos recursos ambientais;
Se a preservação, conservação, recuperação e 
restauração ambientais são ações importantes que 
geram benefícios para toda a sociedade, então é 
importante desenvolver ferramentas para o incentivo 
dessas práticas.
A interpretação do inciso IV é simples: As tecnologias 
menos poluidoras podem ser desenvolvidas, mas é 
preciso amplo e aprofundado trabalho de estudo e 
pesquisas.
É importante deixar claro que mesmo os estudos 
que parecem não ter resultados em curto prazo, 
precisam ser incentivados.
VII - acompanhamento do estado da qualidade 
ambiental;
Nesse caso, o legislador quis valorizar a necessidade 
do acompanhamento da qualidade ambiental. 
Legislação Ambiental 1
20
Esse tipo de procedimento é comum, quando se 
realiza um estudo da qualidade da água, por exemplo. 
Há coleta de água de um determinado corpo hídrico, 
mensalmente, para verificar a presença de coliformes 
fecais.
Verificaremos mais na frente, em nosso estudo, que 
esse inciso está sendo aplicado, em um instrumento 
denominado de monitoramento ambiental.
VIII - recuperação de áreas degradadas;
Esse item está apenas reforçando o inciso I, do 
§ 1º do artigo 225 da Carta Magna, já citado. É 
fundamental não somente a preservação dos recursos 
ambientais existentes, mas recuperar aqueles que já 
se encontram degradados.
IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;
Você aprendeu que um dos princípios do direito 
ambiental é a prevenção. Observe que quis o legislador 
que ocorresse a preocupação de dar atenção às áreas 
que já estão ameaçadas de degradação.
Acompanhe essa reportagem!
Floresta fóssil no Piauí está ameaçada a 
degradação
17 de março de 2009
A Floresta Fóssil, que fica a pouco mais de 1 km 
do centro de Batalha (a 154 km de Teresina) próximo 
ao riacho da Bela Vista, representa uma paisagem 
rara no estado do Piauí. O lugar revela uma floresta 
petrificada, mas que está ameaçada de desaparecer 
por falta de preservação. 
O lugar abriga até mesmo marcas históricas, como 
arte rupestre, no entanto esse registro histórico pode 
sumir. Sem nenhum tipo de trabalho que conserve o 
lugar tudo está abandonado. 
Um morador da região lamentando a situação diz 
que até hoje nenhum vereador de Batalha teve a 
preocupação de apresentar um projeto requerendo 
a transformação do local em um parque, ou nem 
mesmo a solicitação de um estudo da Floresta Fóssil.
A população de Batalha quer mais atenção dos 
políticos competentes ao problema de abandono de 
um lugar que poderia ser referência no município 
como atração turística, assim como acontece com 
outros municípios do Piauí, a exemplo o Morro do 
Gritador na cidade de Pedro II, A Serra da Capivara 
no município de São Raimundo Nonato, Cachoeira do 
Urubu em Esperantina, entre tantos outros lugares 
do Piauí que são reservas naturais.
Fonte: http://www.portalaz.com.br/noticia/municipios/132093
De acordo com OLIBEIRA (2010), o Parque da 
Floresta Fóssil é conhecido internacionalmente por sua 
riqueza de troncos fossilizados. Lá será desenvolvida 
a revitalização estrutural para proporcionar condições 
adequadas para visitação e estudos. Considerado 
o único parque de floresta fóssil da América Latina 
e o maior das Américas, os fósseis ali encontrados 
datam de mais de 250 milhões de anos. A principal 
característica do Parque é que os troncos se 
apresentam em posição de vida, ou seja, na vertical.
É fundamental a sua proteção da natureza, por 
isso, após a manifestação dos moradores, a Secretaria 
Municipal de Meio Ambiente de Batalha vai revitalizar 
o Parque Ambiental da Floresta Fóssil para fazer sua 
proteção. 
Lembre-se de que é muito mais fácil prevenir do 
que remediar!
X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, 
inclusive a educação da comunidade, objetivando 
capacitá-la para participação ativa na defesa do meio 
ambiente;
Como já informado na discussão sobre o inciso 
VI do § 1º do artigo 225 da Constituição Federal, a 
Legislação Ambiental 1
21
educação é a única ferramenta capaz de alterar a 
cultura e os costumes de um povo. No que se refere 
à educação, o Ministério de Educação vem fazendo 
a sua parte, embora ainda se tenha muito que fazer. 
Na tentativa de atender à demanda por material 
audiovisuais nas escolas, foi desenvolvido o projeto 
“Circuito Tela Verde” – Quadro 05.
Quadro 05: Circuito Tela Verde
 O Circuito tem como objetivo promover a 
sensibilização e reflexão dos públicos sobre o meio 
em que vivem; levar 
filmes sobre a temática 
a setores excluídos dos 
circuitos dos festivais 
de vídeos ambientais, 
produções premiadas e/
ou de reconhecida importância para conscientização 
socioambiental; e estimular a produção de materiais 
pelas próprias comunidades, sendo eles jovens, 
crianças e adultos, que conseguem olhar seu meio 
e traduzir, em processo educomunicativo, em 
linguagem de áudio e vídeo.
Dessa forma, busca-se conscientizar as pessoas da 
importância de suas ações nos processos de gestão 
ambiental. A comunidade não só pode, como deve 
participar dos processos de gestão ambiental local.
Fonte: IBAMA (1995)
Agora que terminamos de trabalhar com o artigo 
segundo, está na hora de avançar para o terceiro 
artigo que conceitua os termos trabalhados por ela, 
para deixar claro o seu conteúdo. 
Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-
se por:
Verifique que o artigo busca atribuir uma definição 
de caráter eminentemente jurídico.
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, 
influências e interações de ordem física, química e 
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas 
as suas formas;
As diferentes ciências que discutem a degradação 
e preservação dos recursos naturais, como Geografia, 
Física e Biologia, por exemplo, têm conceitos 
diferentes sobre o termo “Meio Ambiente”.
Na Política Nacional de Meio Ambiente, o termo 
“Meio Ambiente” estará atreladosempre à existência 
da vida, ou seja “que abria e rege a vida em todas as 
suas formas”.
II - Degradação da qualidade ambiental, a alteração 
adversa das características do meio ambiente;
É oportuno também destacar RODRIGUES (2008) 
que comenta que legislador buscou uma forma 
racional de se conceituar a degradação ambiental, 
vinculando-a à adversidade, ao prejuízo e à quebra 
do equilíbrio.
É um termo de conotação claramente negativa 
e está geralmente associada à idéia de perda de 
qualidade. O causador é sempre o ser humano.
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental 
resultante de atividades que direta ou indiretamente:
Observe que o legislador deixa claro que a 
poluição é um tipo de degradação ambiental. Você 
pode desmatar uma região e não estará lançando 
nenhum tipo de poluição, mas com certeza estará 
degradando o meio ambiente. 
Vamos acompanhar agora, quais são os tipos de 
elementos que podem causar a poluição, através das 
alíneas que vão de “a” a “e”.
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-
estar da população;
Legislação Ambiental 1
22
b) criem condições adversas às atividades sociais 
e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do 
meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com 
os padrões ambientais estabelecidos;
Atente para o fato da Lei 6.938/81 entrelaçou 
os temas, com o objetivo de dar autonomia aos 
conceitos e permitir que eles possam conviver 
de forma indissociada, para melhor facilitar sua 
aplicação, notadamente nos enquadramentos das 
sanções administrativas e penais.
Enquanto que as primeiras alíneas estão voltadas 
para o bem estar de seres humanos e, posteriormente 
à biota (plantas e animais), as últimas estão 
associadas ao efeito negativo dos poluentes sobre os 
recursos naturais vivos.
A última alínea também deixa bem clara a questão 
dos limites estabelecidos pelos órgãos ambientais. 
Posteriormente, estará sendo trabalhada a questão 
do lançamento de resíduos na natureza. Você pode 
emitir alguma sonoridade, ao oferecer uma festa em 
seu ambiente de trabalho. Mas, é bom ficar atento 
aos limites impostos para a emissão do barulho, que 
poderá ser considerado poluição sonora (Quadro 06).
Quadro 06: Poluição sonora
 A OMS (Organização 
Mundial de Saúde) 
considera que um som 
deve ficar em até 50 db 
(decibéis – unidade de 
medida do som) para 
não causar prejuízos ao ser humano. A partir de 50 
db, os efeitos negativos começam.
A Lei Ambiental (Nº 9.605/98) é federal e em seu 
artigo 54 determina uma pena de reclusão de um 
a quatro anos e multa a quem “Causar poluição de 
qualquer natureza em níveis tais que resultem ou 
possam resultar em danos à saúde humana...”
Fonte: LACERDA (2009)
É aquele que lançar “matérias ou energia em 
desacordo com os padrões ambientais estabelecidos” 
poderá ser considerado poluidor, pela lei, mesmo que 
o ser humano e a biota não tenham sofrido impactos.
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de 
direito público ou privado, responsável, direta 
ou indiretamente, por atividade causadora de 
degradação ambiental;
Não é considerado poluidor apenas um cidadão 
comum, uma empresa ou um conglomerado de 
indústrias pode ser considerado um poluidor. E a 
lei ainda deixa claro que o Estado, e seus diferentes 
entes federativos, podem ser considerados um 
poluidor.
Percebe-se que é perfeitamente cabível a 
responsabilidade civil do Estado, na qualidade de 
poluidor indireto, quando sua omissão ou atuação 
ineficaz possuir nexo causal com o dano ambiental, 
seja por facilitar a ação do poluidor direto, seja por 
não cessar a atividade degradadora do poluidor. Ou 
se o poder público permanece inerte ou atua de 
forma precária em face ao dano ambiental, atual ou 
iminente, deve ser responsabilizado solidariamente 
com aquele que por ação causou o prejuízo (MORAES, 
2010).
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas 
interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, 
o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da 
biosfera, a fauna e a flora;
É bom que fique muito bem entendido que os 
recursos ambientais podem ser considerados divididos 
em duas categorias: vivos e não vivos. No primeiro, 
Legislação Ambiental 1
23
trabalha-se com a idéia de fauna e flora. Por sua 
vez, atmosfera, solo e subsolos são considerados não 
vivos, mas também recursos naturais.
Vamos continuar avançando, para trabalhar com o 
quarto artigo da lei.
Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente 
visará:
Como já foi comentado no artigo 2º dessa lei, o 
objetivo da Lei 6.938/81 é “a preservação, melhoria 
e recuperação da qualidade ambiental propícia 
à vida, visando assegurar, no País, condições ao 
desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses 
da segurança nacional e à proteção da dignidade da 
vida humana”.
Mas, quis o legislador deixar claros os objetivos 
e amplificar, como nos diz RODRIGUES (2008), ao 
máximo as formas de preservar, recuperar e melhorar 
o meio ambiente. Seu objetivo é o estabelecimento 
de padrões que tornem possível o desenvolvimento 
sustentável, através de mecanismos e instrumentos 
capazes de conferir ao meio ambiente uma maior 
proteção.
I - à compatibilização do desenvolvimento 
econômico-social com a preservação da qualidade do 
meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
Observe que mais, uma vez, o legislador deixa 
clara a sua intenção de aplicação do conceito de 
Desenvolvimento Sustentável.
Em seu trabalho, ARAÚJO (1997) destaca que 
atento a tal dispositivo em 1995, o IBAMA iniciou 
estudos visando a criação do Protocolo Verde, que foi 
oficialmente instituído por Decreto em 29 de maio de 
1996. O objetivo era incorporar a variável ambiental 
no processo de gestão e concessão de crédito oficial 
e benefícios fiscais às atividades produtivas, atuando 
nas seguintes linhas:
• dar subsídios à atuação institucional para o 
cumprimento das prescrições constitucionais relativas 
ao princípio de que a defesa e preservação do meio 
ambiente cabem ao poder público e à sociedade civil. 
• assessorar as ações governamentais para 
a priorização de programas e projetos que 
apresentem maiores garantias de sustentabilidade 
sócio-econômico-ambiental e que não contenham 
componentes que venham a causar danos ambientais, 
no futuro. 
• promover a captação de recursos internos e 
externos que viabilizem a criação de linhas de crédito, 
no sistema financeiro, orientadas especificamente 
para o desenvolvimento de projetos com alto teor 
ambiental a ser atendido.
• atender a condicionamentos de doadores para 
obter isenção de imposto de renda.
• financiar atividades pioneiras no desenvolvimento 
de estudos, pesquisas e instrumentos ligados ao 
desenvolvimento sustentável.
II - à definição de áreas prioritárias de ação 
governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio 
ecológico, atendendo aos interesses da União, dos 
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos 
Municípios;
O Brasil tem dimensões continentais e, com 
certeza, há áreas que merecem mais atenção no que 
se refere à manutenção da qualidade e do equilíbrio 
ecológico. Os recursos naturais são variados em 
quantidade e qualidade e concentram-se em distintas 
partes do país.
Por isso, quis o legislador deixar claro que os 
entes da federação podem criar áreas prioritárias 
para receber investimentos no sentido de guardam o 
meio ambiente nacional.
Você deve ter observado que, na época de 
publicação dessa lei, havia mais um ente federativo: 
Legislação Ambiental 1
24
o território. No Brasil, Fernando de Noronha existiu 
na condição de Território, mas com a Constituição 
Federal de 1988 passou a integrar o estado de 
Pernambuco. Outros casos de territórios que foram 
transformadosem estados são Amapá, Rondônia e 
Roraima.
III - ao estabelecimento de critérios e padrões de 
qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e 
manejo de recursos ambientais;
Novamente, o princípio do limite está sendo 
lembrado pelo legislador. Será fundamental que os 
entes federativos unam-se com o objetivo de se 
estabelecer padrões e critérios para o manejo de 
recursos ambientais.
O Parque Municipal de Nova Iguaçu, localizado 
no maciço do Gericinó-Mendanha e abrange os 
municípios de Nova Iguaçu e Mesquita, no Estado 
do Rio de Janeiro. O parque é uma unidade de 
conservação integral criada em 1998. Mas, no 
início do presente século, houve a transformação 
do local em geoparque, uma área protegida, com 
limites definidos e que contém pontos de interesse 
geológico e importância científica. Os geoparques 
também são providos de áreas em que há valores 
arqueológicos, ecológicos, históricos e/ou culturais a 
serem preservados. 
Figura 15: Parque Municipal de Nova Iguaçu
Fonte: BARBOSA et al. (2009)
Com o desmembramento de Nova Iguaçu a 
criação do município de Mesquita, em 15, houve a 
necessidade de estabelecimento conjunto de critérios 
para a preservação da Unidade de Conservação, que 
vem sofrendo com a pressão imobiliária em suas 
encostas.
IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de 
tecnologias nacionais orientadas para o uso racional 
de recursos ambientais;
Esse inciso é de primordial importância, uma 
vez que baseia os investimentos em pesquisa para 
o desenvolvimento de tecnologias limpas, como é o 
caso do biodiesel.
O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel 
(PNPB) é um programa interministerial do Governo 
Federal que objetiva a implementação de forma 
sustentável, tanto técnica, como economicamente, a 
produção e uso do Biodiesel, com enfoque na inclusão 
social e no desenvolvimento regional, via geração de 
emprego e renda. No Governo do Presidente Luiz 
Inácio Lula da Silva, por meio do Programa Nacional 
de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), o Governo 
Federal organizou a cadeia produtiva, definiu as linhas 
de financiamento, estruturou a base tecnológica 
e editou o marco regulatório do novo combustível 
(Gráfico 01).
Fonte: CAVALCANTI (2006)
O biodiesel pode ser feito com qualquer óleo 
vegetal ou animal. Mas uma das vantagens do 
óleo da mamona é o seu custo baixo. A Embrapa 
Legislação Ambiental 1
25
- Pesquisadores da Embrapa Algodão (Campina 
Grande - PB) estão envolvidos em um projeto para 
a produção de biodiesel a partir do óleo da mamona.
Em abril de 2010, o Conselho Nacional de 
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/
MCT), abriu chamada pública para selecionar projetos 
de pesquisas científicas, tecnológicas e de inovação 
para o desenvolvimento da cadeia produtiva do 
Biodiesel. As propostas serão financiadas no valor 
global estimado de R$ 15 milhões, provenientes 
do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e 
Tecnológico (FNDCT/Fundos Setoriais).
V - à difusão de tecnologias de manejo do meio 
ambiente, à divulgação de dados e informações 
ambientais e à formação de uma consciência pública 
sobre a necessidade de preservação da qualidade 
ambiental e do equilíbrio ecológico;
O legislador entendeu que não adianta apenas 
produzir tecnologias que auxiliariam na proteção 
ambiental, mas também há a necessidade de 
divulgação desse material, no sentido de contribuir 
para a conscientização pública da importância do 
Meio Ambiente.
Neste sentido, foi criado, no âmbito do IBAMA, o 
Centro de Estudos de Desenvolvimento Sustentável, 
através da Portaria 93 (14/11/1995), que visa à 
organização de um fórum que permita ao Instituto 
colocar à disposição dos Órgãos do Governo e da 
Sociedade, instrumentos adequados à consecução 
do desenvolvimento sustentado efetivo e eficaz 
(ARAÚJO, 1997).
Na verdade, é colocar em vigor o princípio da 
publicidade da Administração Pública. A obrigação de 
dar publicidade, levar ao conhecimento de todos os 
atos, contratos ou instrumentos jurídicos do Estado 
e seus entendes federativos. Isso dá transparência 
e confere a possibilidade de qualquer pessoa 
questionar e controlar toda a atividade administrativa 
deve representar o interesse público, por isso não se 
justifica, de regra, o sigilo.
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, 
da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos 
causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização 
de recursos ambientais com fins econômicos.
Você acompanhou o vídeo dos princípios 
ambientais e já conhece os princípios do Poluidor-
pagador e usuário-pagador. O primeiro aplica o 
conceito de se imputar a responsabilidade do poluidor 
em arcar com os custos resultantes da poluição por 
parte de quem polui. O segundo estabelece que 
quem utiliza o recurso ambiental deve suportar seus 
custos, sem que essa cobrança resulte na imposição 
taxas abusivas. Então, não há que se falar em Poder 
Público ou a coletividade suportando esses custos, 
mas somente naqueles que dele se beneficiaram 
(figura 16).
Fonte: A autora
Vamos dar prosseguimento ao texto, comentando 
sobre o quinto parágrafo.
Art. 5º - As diretrizes da Política Nacional do Meio 
Ambiente serão formuladas em normas e planos, 
destinados a orientar a ação dos Governos da União, 
dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos 
Municípios no que se relaciona com a preservação 
da qualidade ambiental e manutenção do equilíbrio 
ecológico, observados os princípios estabelecidos no 
art. 2º desta Lei.
Parágrafo único - As atividades empresariais 
públicas ou privadas serão exercidas em consonância 
com as diretrizes da Política Nacional do Meio 
Ambiente.
Legislação Ambiental 1
26
Aqui, há apenas uma reafirmação de que para 
alcançar a manutenção do equilíbrio ecológico, 
descritos do artigo 2º, será necessária a formulação 
de normais e planos destinados para orientação a 
ação dos entes da federação.
Essas diretrizes não nortearão apenas os órgãos 
públicos mais também as atividades produtivas do 
setor privado.
Daremos prosseguimento ao artigo 6º:
Art. 6º - Os órgãos e entidades da União, dos 
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos 
Municípios, bem como as fundações instituídas pelo 
Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria 
da qualidade ambiental, constituirão o Sistema 
Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, assim 
estruturado:
Houve a intenção do legislador de desenvolver 
ferramentas para aplicação, em território nacional, 
da Política Nacional de Meio Ambiente. Para isso, era 
necessário univicar os órgãos associados á proteção 
dos recursos naturais, através de um sistema, que ele 
denominou de Sistema Nacional do Meio Ambiente – 
SISNAMA (Figura 17).
Figura 17: Sistema Nacional do Meio Ambiente
I - órgão superior: o Conselho de Governo, com 
a função de assessorar o Presidente da República 
na formulação da política nacional e nas diretrizes 
governamentais para o meio ambiente e os recursos 
ambientais;
Anteriormente chamado de “Conselho Superior do 
Meio Ambiente”, com a Lei nº 10.683/2003, de 1990 
passou a ser apenas “Conselho do Governo”.
O Conselho de Governo é o órgão superior de 
assessoramento imediato da Presidência da República, 
que tem por finalidade pronunciar-se sobre questões 
relevantes apresentadas pelo Governo Federal, 
incluída a estabilidade das instituições e problemas 
emergentes, de grave complexidade e implicações 
sociais. O Conselho se reúne mediante convocação 
do Presidente da República.
Nessa situação é importante relembrar que dentre 
os princípios da Lei 6.938/81 está a “natureza pública 
da proteção ambiental” e da “observação obrigatória 
da variável ambiental no processo decisório de 
políticas públicas”. Portanto, o Presidente da 
República PRECISA considerar o meio ambiente, emsuas decisões para o país.
II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho 
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a 
finalidade de assessorar, estudar e propor ao 
Conselho de Governo, diretrizes de políticas 
governamentais para o meio ambiente e os recursos 
naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, 
sobre normas e padrões compatíveis com o meio 
ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à 
sadia qualidade de vida;
O Conselho Nacional do Meio Ambiente foi 
instituído pela Lei 6.938/81 e regulamentado pelo 
Decreto 99.274/90. O Conselho é um colegiado 
representativo de cinco setores, a saber: órgãos 
federais, estaduais e municipais, setor empresarial e 
sociedade civil.
Legislação Ambiental 1
27
É composto por Plenário, CIPAM, Grupos 
Assessores, Câmaras Técnicas e Grupos de 
Trabalho. O Conselho é presidido pelo Ministro do 
Meio Ambiente e sua Secretaria Executiva é exercida 
pelo Secretário-Executivo do MMA.
O Plenário é o órgão máximo do Conama, que 
detém o poder decisório para discutir votar e aprovar 
as resoluções nos termos da lei. É presidido pelo 
ministro do Meio Ambiente. O Conama reúne-se 
ordinariamente a cada 3 meses no Distrito Federal, 
podendo realizar Reuniões Extraordinárias fora do 
Distrito Federal, sempre que convocada pelo seu 
Presidente, por iniciativa própria ou a requerimento 
de pelo menos 2/3 dos seus membros.
O Comitê de Integração de Políticas Ambientais 
(CIPAM) é um órgão interno ao Conama que promove 
a integração das políticas ambientais das diversas 
esferas de poder. As Câmaras Técnicas são instâncias 
encarregadas de desenvolver, examinar e relatar ao 
Plenário as matérias de sua competência. Por sua 
vez, os Grupos de Trabalho são criados por tempo 
determinado para analisar, estudar e apresentar 
propostas sobre matérias de sua competência. Na 
verdade, o Decreto 99.274/90 não deixa claras as 
funções dos Grupos de Assessores e de Trabalho, mas 
devem colher informações e dados para fundamentar 
as decisões do Conselho.
III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente 
da Presidência da República, com a finalidade de 
planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como 
órgão federal, a política nacional e as diretrizes 
governamentais fixadas para o meio ambiente;
De acordo com o próprio inciso, cabe ao órgão 
central fazer a função de secretária executiva, 
apoiando o planejamento, a coordenação, a 
supervisão e o controle das medidas de proteção 
ambiental, dentro do âmbito federal.
É importante destacar que não existe mais a 
Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da 
República que foi ampliada e agora é o próprio 
Ministério de Meio Ambiente.
O enquadramento do MMA, vinculado ao 
poder executivo federal, como órgão central do 
SISNAMA, não o torna hierarquicamente superior a 
nenhum outro de natureza estadual ou municipal, 
especialmente em virtude da competência material 
comum. Sua atuação fica vinculada a sua qualidade 
de órgão federal, imprescindível como todos os 
demais para a consecução dos objetivos previstos 
nessa lei (RODRIGUES, 2008).
IV - órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio 
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, com 
a finalidade de executar e fazer executar, como órgão 
federal, a política e diretrizes governamentais fixadas 
para o meio ambiente;
Na Lei de 1981, não foi pensado em um órgão com 
a função exclusiva de executar os procedimentos de 
proteção ambiental. Mas, em 12 de abril de 1990, 
com a lei nº 8.028, o IBAMA foi considerado órgão 
executor da Política Nacional de Meio Ambiente. Isso 
porque o IBAMA só foi criado em 1989, com a Lei 
nº 7.735 pela fusão de quatro entidades brasileiras 
que atuavam na área ambiental: Secretaria do Meio 
Ambiente (SEMA), Superintendência da Borracha 
(SUDHEVEA), Superintendência da Pesca (SUDEPE) 
e Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal 
(IBDF).
Até 2007, o IBAMA atuava como único órgão 
executor, com a finalidade de executar a Política, 
referentes às atribuições federais permanentes, 
relativas à preservação, à conservação e ao uso 
sustentável dos recursos ambientais e sua fiscalização 
e controle.
Mas, a Lei nº 11.516/2007 criou o Instituto Chico 
Mendes de Conservação da Biodiversidade deslocando 
algumas competências do IBAMA – figura 18.
Legislação Ambiental 1
28
Figura xx18: Logotipo do Instituto Chico Mendes – intenção de 
mostrar o avanço para as Unidades de Conservação por todo o 
território nacional
O novo órgão é responsável exclusivamente pela 
administração das unidades de conservação federais, 
além de fomentar e executar programas de pesquisa, 
proteção e conservação da biodiversidade em todo o 
Brasil. O instituto tem também a função de executar 
as políticas de uso sustentável dos recursos naturais 
renováveis e de apoio ao extrativismo e às populações 
tradicionais nas unidades de conservação federais de 
uso sustentável.
V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades 
estaduais responsáveis pela execução de programas, 
projetos e pelo controle e fiscalização de atividades 
capazes de provocar a degradação ambiental;
Os Órgãos Seccionais têm atuação restrita dentro 
do território brasileiro. Cada um dos 26 Estados 
tem um órgão seccional que pode concentrar as 
atribuições de proteção ao meio ambiente.
No Estado do Rio de Janeiro, havia diferentes 
órgãos que atuavam em conjunto, antes da criação 
do INEA, com a Lei 5.101, de 4 de outubro de 2007. 
A Serla cuidava de Rios e Lagos; a Feema trava 
da fiscalização e licenciamento ambiental e o IEF 
tinha atribuições associadas panas às Unidades de 
Conservação.
VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades 
municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização 
dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições;
Diante da necessidade fundamental de se 
ter órgãos que cuidem do controle e fiscalize as 
atividades produtivas que consumam atributos 
ambientais, desde o seu início, a Política Nacional de 
Meio Ambiente atribuiu aos municípios a função.
§ 1º Os Estados, na esfera de suas competências 
e nas áreas de sua jurisdição, elaboração normas 
supletivas e complementares e padrões relacionados 
com o meio ambiente, observados os que forem 
estabelecidos pelo CONAMA.
§ 2º O s Municípios, observadas as normas e 
os padrões federais e estaduais, também poderão 
elaborar as normas mencionadas no parágrafo 
anterior.
Relembre de que Estados e Municípios podem 
complementar as normas gerais estabelecidas pelo 
órgão federal. Mas nunca deverão contrariá-las, uma 
vez que serão consideradas inconstitucionais. Há 
sempre a necessidade de se respeitar a hierarquia 
dos entes federativos.
§ 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e 
locais mencionados neste artigo deverão fornecer 
os resultados das análises efetuadas e sua 
fundamentação, quando solicitados por pessoa 
legitimamente interessada.
Assim, como no inciso V do art. 4º, há a necessidade 
dos órgãos do SISNAMA dar publicidade atos, 
contratos, dentre outros, para pessoa legitimamente 
interessada.
É dentro dessa realidade, que pessoas físicas e 
jurídicas recolhem dados dos órgãos públicos para 
a elaboração de suas pesquisas e estratégicas, a 
exemplo de instituições acadêmicas.
Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente 
visará:
§ 1º Os Estados, na esfera de suas competências 
e nas áreas de sua jurisdição, elaboração normas 
Legislação Ambiental 1
29
supletivas e complementares e padrões relacionados 
com o meio ambiente, observados os que forem 
estabelecidos pelo CONAMA.
§ 2º Os Municípios, observadas as normas e os 
padrões federais e estaduais, também poderão 
elaborar as normas mencionadas no parágrafo 
anterior.
§ 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e 
locais mencionados neste artigo deverão fornecer 
os resultados das análisesefetuadas e sua 
fundamentação, quando solicitados por pessoa 
legitimamente interessada.
§ 4º De acordo com a legislação em vigor, é o 
Poder Executivo autorizado a criar uma Fundação de 
apoio técnico científico às atividades do IBAMA.
Desde a sua criação, em 1981 até os dias atuais, o 
quarto parágrafo não foi implementado pelo IBAMA. 
O seu objetivo é servir de base para os estudos 
científicos multidisciplinares do órgão.
Art. 7º (Revogado).
Art. 8º Compete ao CONAMA: (Redação dada 
pela Lei nº 8.028, de 1990).
O artigo 7º informava sobre a composição do 
antigo Conselho Superior de Meio Ambiente, que 
foi substituído pelo Conselho do Governo, em 1990, 
através da sua revogação, oferecida pela Lei nº 
8.028.
Nessa mesma lei, há o desenvolvimento do texto 
que estabelece as competências do CONAMA. Vamos 
conhecê-las.
I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, 
normas e critérios para o licenciamento de atividades 
efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido 
pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA;
O Estado brasileiro é composto por 27 Estados 
e um Distrito Federal, cada qual com sua própria 
competência para julgar os pedidos de licenciamento 
ambiental – figura 19. 
Figura 19: Mapa político do Brasil
Fonte: IBGE (2000)
Mas, quis o legislador que o CONAMA oferecesse 
normais e critérios mínimos a serem requeridos pelos 
órgãos ambientais seccionais. Esse procedimento 
evita que decisões políticas dos governos rotativos, 
dentro do território brasileiro estabeleçam limites 
inapropriados para a proteção do meio ambiente.
Mas, observe que os Conselheiros não estão 
livres de elaborarem uma regulamentação adequada 
apenas aos seus interesses. É fundamental que o 
IBAMA envie uma proposta de regulamentação, no 
sentido de aumentar a legitimidade do dispositivo 
normativo.
Em agosto de 2010, por exemplo, o IBAMA enviou 
para a reunião de conselho do CONAMA uma proposta 
de resolução que dispõe sobre o fornecimento das 
informações referentes à movimentação interestadual 
de resíduos perigosos.
Legislação Ambiental 1
30
II - determinar, quando julgar necessário, a 
realização de estudos das alternativas e das possíveis 
consequências ambientais de projetos públicos ou 
privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais 
e municipais, bem assim a entidades privadas, 
as informações indispensáveis para apreciação 
dos estudos de impacto ambiental, e respectivos 
relatórios, no caso de obras ou atividades de 
significativa degradação ambiental, especialmente 
nas áreas consideradas patrimônio nacional;
Até 1989, cabia ao CONAMA, a responsabilidade 
de apreciar os estudos de impacto ambiental, e 
respectivos relatórios de impacto ambiental, no caso 
de obras ou atividades de significativa degradação 
ambiental, nas áreas consideradas Patrimônio 
Nacional pela Constituição Federal. A partir da Lei 
nº 8.028/1990, coube ao IBAMA a execução das 
“ordens” dadas pelo CONAMA. Portanto, cabia a este 
órgão a apreciação do processo de licenciamento de 
empreendimentos considerados de nível nacional. 
Após 2007, o IBAMA divide com o Instituto Chico 
Mendes de Conservação e Biodiversidade essa 
obrigação, como explicado.
Mas, o que se faz notar, nesse inciso, é que 
o CONAMA tem poderes para atuar como órgão 
vigilante de qualquer processo de licenciamento 
ambiental no território brasileiro.
III - decidir, como última instância administrativa 
em grau de recurso, mediante depósito prévio, sobre 
as multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA; 
(REVOGADO)
A partir da Lei nº 7.804, de 1989, cabia ao 
CONAMA a última decisão sobre os processos e 
recursos apresentados pelos réus, que se sintam 
injustiçados de multas por infrações ambientais. 
Embora a manifestação do órgão ficasse atrelada ao 
pagamento prévio d do valor em litígio.
Mas, a Lei nº 11.941, de 2009 revogou esse inciso 
e agora quem toma essa providência é o Conselho 
Administrativo de Recursos Fiscais, que é responsável 
pelo julgamento dos recursos associados ao setor 
tributário brasileiro.
IV - homologar acordos visando à transformação 
de penalidades pecuniárias na obrigação de executar 
medidas de interesse para a proteção ambiental; 
(VETADO)
Embora esse artigo tenha sido suspenso antes 
mesmo da publicação dessa Política Nacional de 
Meio Ambiente, a Lei de Crimes Ambientais (nº 
9.605/1998) prevê a transformação de multas 
por infração ambiental em medidas de interesse 
ambiental, quando for de interesse da coletividade.
Mas, esse tipo de prerrogativa só acontece no 
caso da multa simples, que pode ser convertida em 
serviços de preservação, melhoria e recuperação 
da qualidade do meio ambiente. Entretanto, caso 
ocorra reincidência, este benefício não poderá mais 
ser utilizado.
V - determinar, mediante representação do IBAMA, 
a perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos 
pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, 
e a perda ou suspensão de participação em linhas 
de financiamento em estabelecimentos oficiais de 
crédito;
Você aprendeu que uma das sanções oferecidas 
pela Lei de Crimes Ambientais é a multa simples. 
Mas, há um conjunto de sanções, dentre elas, há 
a restrição de direitos, como no caso do inciso V 
desse artigo, a perda de benefícios fiscais concedidos 
pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, 
e a perda ou suspensão de participação em linhas 
de financiamento em estabelecimentos oficiais de 
crédito.
Verifique que os conselheiros Conama não têm 
competência para determinar a sanção sozinhos. Eles 
apenas ratificam o que os funcionários do IBAMA, os 
Legislação Ambiental 1
31
agentes de fiscalização, entenderem como melhor 
punição para o infrator ambiental.
VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões 
nacionais de controle da poluição por veículos 
automotores, aeronaves e embarcações, mediante 
audiência dos Ministérios competentes;
Embora os Estados e Municípios possam legislar 
complementarmente sobre recursos naturais (a 
exceção sobre água), inclusive sobre limites e 
padrões de poluição, entende-se que apenas o 
Conama pode estabelecer esses mesmos limites de 
poluição, quando o caso for veículos automotores, 
aeronaves e embarcações.
Mais uma vez, o legislador quis deixar claro que os 
conselheiros do Conama não podem tomar nenhuma 
providência sozinhos. Precisam de audiência e 
anuência dos Ministérios competentes, como o de 
Transportes, por exemplo.
VII - estabelecer normas, critérios e padrões 
relativos ao controle e à manutenção da qualidade 
do meio ambiente com vistas ao uso racional dos 
recursos ambientais, principalmente os hídricos;
Já aprendemos no artigo 3º, que dispõe sobre 
o estabelecimento de limites ao uso dos recursos 
naturais, que há a necessidade de estabelecimento de 
normais, critérios e padrões de controle da qualidade 
do meio ambiente. Esse inciso informa que caberá ao 
Conama essa atribuição, de maneira geral. Estados e 
Municípios poderão estabelecer limites locais, desde 
que não contrariem a normatização geral.
Como a Política Nacional foi criada em 1981, é 
bom deixar claro que já há uma normatização mais 
recente, de 1997: a Lei nº 9.433 que criou o Conselho 
Nacional de Recursos Hídricos, para tratar apenas do 
elemento água.
Parágrafo único. O Secretário do Meio Ambiente 
é, sem prejuízo de suas funções, o Presidente do 
Conama.
A Lei original de 1981 foi alterada em 1990 (Lei º 
8.028), também para informar que o presidente do 
Conama será o ministro de Meio Ambiente.
Após trabalhar com a competência do Conama, 
iniciaremos os trabalhos sobre os instrumentos da 
Política Nacional de Meio Ambiente.
Art. 9º - São instrumentos da Política Nacional do 
Meio Ambiente:
I - o estabelecimento de padrões de qualidade 
ambiental;
O estabelecimento dos

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