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DIFERENÇA ENTRE REGRA E PRINCÍPIO - ALEXY E DWORKIN

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1 – b) Pode-se dizer que Alexy e Dworkin tiveram uma grande importância no que se refere à renovação e discussão a respeito da diferença entre “regra” e “princípios”, sobretudo quanto à concepção de que os princípios se distinguem das regras por serem “generalizados” e aplicáveis igualmente a todas as situações jurídicas. Eles sustentam uma forte distinção entre essas espécies normativas não mais baseada em tal critério de generalidade, mas em virtude de sua aplicabilidade. Ou seja, regras e princípios são aplicáveis às situações concretas de maneira distinta. 
Pode-se dizer que para Ronald Dworkin os princípios e regras apresentam uma distinção qualitativa que concerne ao modo de aplicação. Segundo ele, “as regras são comandos disjuntivos aplicados de acordo com o padrão do ‘tudo ou nada’”. Se os fatos que estão previstos na regra ocorrem, ela deve ser aplicada, com a produção integral das consequências nela estabelecidas, ou então será considerada inválida ou inaplicável ao caso. Pode-se concluir das lições de Dworkin que, no conflito entre regras, o intérprete deve socorrer-se de critérios formais para resolução de antinomias, e quando definida a norma aplicável, resolver a questão. Já os princípios para ele, seguem uma lógica inteiramente distinta por possuírem o que ele intitulou de “dimensão do peso”. Esta dimensão de peso faz necessário analisar qual a importância assumida por cada um no caso em questão, para definir aquele que deverá prevalecer. Essa análise não é formal como aquela usada no conflito entre regras, mas substantiva, deixando-se impregnar pela argumentação moral.
Segundo Dworkin, os princípios dividem-se em duas espécies, os princípios em sentido estrito e diretrizes políticas. O primeiro relaciona-se aos direitos, e devem ser observados “não porque isto vá promover ou garantir alguma situação econômica, política ou social considerada desejável, mas porque se trata de uma exigência de justiça, de equidade ou de alguma outra dimensão da moralidade”. Já o segundo, são os chamados “standards que estabelecem um objetivo a ser alcançado, geralmente a melhoria de algum aspecto econômico, político ou social da comunidade”. Dworkin atribuiu primazia absoluta aos princípios em sentido estrito em relação às diretrizes políticas, afirmando que, em hipóteses de conflito, os primeiros devem sempre prevalecer. Dworkin afasta-se da concepção de princípios como mandados de otimização, associados a uma natureza gradual, mas reafirma a natureza destes como mandados deontológicos, ou seja, dotados de uma natureza “binária”, aplicam-se ou não ao caso concreto, inexistindo qualquer relação de hierarquia. 
Já o jurista alemão Robert Alexy, também elaborou uma distinção qualitativa entre princípios e regras, que tem pontos em comum, mas também diferenças em relação à distinção formulada por Dworkin. Para Alexy, os princípios são “mandados de otimização”, que devem ser cumpridos na maior medida possível, dentro das possibilidades fáticas e jurídicas de cada caso a ser observado. Eles comportam, portanto, cumprimento em diferentes graus, que dependem não só das possibilidades reais, presentes no plano fático, como também das possibilidades jurídicas, que estão relacionadas a possíveis colisões com princípios contrapostos. Já as regras não têm essa característica pois elas não podem ser cumpridas de forma gradual: elas são cumpridas integralmente ou descumpridas. Nesse mesmo diapasão, para Alexy, os princípios são comandos “prima facie”, e não mandamentos definitivos, pois, mesmo quando válidos e incidentes sobre determinado caso, podem pode ter que ceder de forma parcial ou total na sua solução, em razão de colisão com outros princípios que apontem em uma direção oposta. Assim sendo, deve-se recorrer a uma ponderação entre os princípios, pautada pelos critérios da proporcionalidade. O conflito entre regras, segundo ele, é resolvido por meio da invalidação de uma delas, ou do reconhecimento da sua não incidência ao caso, pela introdução de uma cláusula de exceção. 
Sinteticamente, para Alexy essas diferenças estruturais entre regras e princípios resulta uma outra distinção concernente à resolução de conflitos normativos. Para tratar as tensões entre princípios constitucionais, recorre-se à ponderação, que busca a otimização dos bens jurídicos em jogo. Já para as colisões entre regras da Constituição define-se, por intermédio de critérios lógicos, qual será a regra aplicável, e as respectivas consequências serão integralmente produzidas.

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