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Teoria da argumentação jurídica O primeiro ponto para compreensão do tema é entender o que é a argumentação. Argumentação nada mais é o do que uma forma de persuasão, falada ou escrita, para convencimento a respeito de algo. No campo do direito a argumentação jurídica surge da necessidade de discutir a aplicação correta da norma, por meio de formas de pensamento racional, como maneira de diminuir o subjetivismo do juiz, e a devida aplicação da norma, segundo ilustre tratado, “ a teoria da argumentação jurídica” de Robert Alexy. A teoria da argumentação jurídica tem maior enfoque a partir da rediscussão da teoria positivista que pregava a aplicação cerrada da Lei, desde que se respeitasse um procedimento legislativo de criação da norma. Alexy também é um dos primeiros a colocar no palco da argumentação jurídica a associação do direito e a moral. Assim como para hermenêutica é necessário instrumentalizar a interpretação a partir de regras e princípios válidos para nortear de forma mais completa e válida o sentido e alcance de uma norma, o mesmo vale para uma teoria de argumentação jurídica. Em outros termos, maneiras de persuasão jurídicas racionais, guiadas por regras e princípios. Teorias argumentativas, serão válidos ou aceitos caso sejam racionalmente fundados, tornando aplicáveis de forma universal. Para se chegar essa base teórica válida, a respeito da teoria da argumentação no mundo jurídico, Alexy institui um modelo procedimental, como um guia para aplicação mais objetiva da norma: 1. Discurso prático geral; 2. Procedimento legislativo; 3. Discurso jurídico; 4.Procedimento judicial. A primeira das estratégias de objetivação do universo de valores a ser utilizado na decisão é a noção de que a argumentação deve ter por fundamento os "valores da coletividade" ou de "círculos determinados". Trata-se da regra segundo a qual deve o intérprete fundar-se na moral objetiva que permeia uma sociedade determinada no tempo e no espaço ou nas convicções éticas de um determinado grupo, considerado de autoridade para a solução do problema em análise. O nosso ordenamento jurídico é rodeado desses exemplos, como nos direitos e garantias fundamentais, garantias que vinculam as pessoas pelo simples fato de se identificarem como pessoas, assim, a dignidade da pessoa humana utiliza-se fortemente desse tipo de argumentação de grupo, todas as pessoas tem direito a felicidade, liberdade, direitos para execução de tudo aquilo que os realiza como pessoa. No processo legislativo o argumentante enuncia que os valores propostos eles estão inseridos dentro do ordenamento jurídico, a exemplo da dignidade da pessoa humana, que constitui fundamento do nosso Estado democrático de Direito. No processo legislativo, do ponto de vista de uma argumentação e hermenêutica constitucional também a passível de se extrair valores e princípios implícitos, aqueles decorrentes dos expressos porém que também vinculam no campo prático jurídico, a exemplo do princípio da proporcionalidade. Terceiro ponto, a metodologia linguística da argumentação jurídica é chamado de discurso jurídico, que podem englobar as mais variadas ordens normativas à moral, religião, ao direito. Segundo Alexy, "O discurso jurídico é prático, por se constituir de enunciados normativos. É racional por se submeter à pretensão de correção discursivamente obtida. É especial, por se subordinar a condições limitadoras ausentes no discurso prático racional geral, a saber – a lei, a dogmática e os precedentes. Essas condições, que institucionalizam o discurso jurídico, reduzem consideravelmente seu campo do discursivamente possível, na medida em que delimitam mais precisamente de quais premissas devem partir os participantes do discurso, fixando ainda as etapas da argumentação jurídica, mediante as formas e regras dos argumentos jurídicos. Dessa forma, após a passagem de que captação do discurso prático geral deve haver o procedimento legislativo, e que de sua sensibilidade social, por meio da racionalização, produzir as normas, que também serão aplicadas em um âmbito judicial. Para Alexy se a lei escrita não cumpre sua função de resolver um problema jurídico de forma justa, a decisão judicial preenche tal lacuna segundo critérios da razão prática somado às concepções gerais de justiça da coletividade, sendo uma visão normativa com enfoque normativo. Outro ponto que merece destaque é que muitas das argumentações do mundo jurídico estão regradas, o que equivale dizer existe uma forma pré- determinada de atuação, a exemplo das alegações finais por memoriais no direito penal, com um tempo e momento predeterminado, o uso da sustentação oral nos tribunais. Em outros termos a argumentação jurídica ela difere da argumentação geral, porque esta última ocorre com certas limitações. Limite de tempo, participação do acusado não é voluntária, obrigação de dizer é verdade é relativa, a argumentação é definida sua forma pelas regras processuais. No geral as argumentações jurídicas no âmbito dos processos são apenas destinadas a vinculação do interesse de uma parte, não necessariamente na busca de um resultado justo, utilizando de teses, por meio de afirmações, que posteriormente serão justificadas por meio de fundamentos jurídicos que embasam pedidos. Os tipos de justificativas infelizmente não tem como serem abordados dado o exíguo tempo para matéria tão vasta. Uso de Princípios e o conflito de normas "O ponto decisivo na distinção entre regras e princípios é que princípios são normas que ordenam que algo seja realizado na maior medida possível dentro das possibilidades jurídicas e fáticas existentes. Princípios são, por conseguinte, mandamentos de otimização, que são caracterizados por poderem ser satisfeitos em graus variados e pelo fato de que a medida devidas de sua satisfação não depende somente das possibilidades fáticas, mas também das possibilidades jurídicas "já as regras são normas que são sempre ou satisfeitas ou não satisfeitas. Se uma regra vale, então, deve se fazer exatamente aquilo que ela exige; nem mais,nem menos. Regras contêm, portanto, determinações no âmbito daquilo que é fática e juridicamente possível. Isso significa que a distinção entre regras e princípios é uma distinção qualitativa, e não uma distinção de grau. Toda norma é uma regra ou um princípio. Conflito de regras: As regras encontram-se no plano de validade, logo em eventual conflito de regras, uma será válida ou não. Salvo casos em que se permite uma exceção, o conflito de regras leva uma regra ser declarada inválida e outra válida. Com as regras a ideia é o sistema de aplicação em que é tudo ou nada. Aplica ou não aplica. Como exemplifica Alexy, no caso da regra que proíbe a saída de sala aula antes que o sinal toque. Se houver um incêndio, entretanto, há uma cláusula de exceção à regra, diante de uma situação excepcional, que supre a aparente contradição entre regras – em caso de um incêndio a saída antecipada ao toque do sinal está autorizada. Ademais, se em determinado caso a aplicabilidade de duas regras distam em consequências jurídicas contraditórias, e essa contradição não pode ser eliminado por uma cláusula de exceção, pelo menos uma das regras deve ser declarada inválida. Conflito de princípios: Aqui, a ideia que todo princípio se está no ordenamento é porque é válido, logo não poderá ser declarado inválido, e não existe cláusula de exceção. Em eventual colisão de princípios, que sempre são válidos, não deve existir aniquilamento de qualquer princípio, deve ser tentado preservar ambos os princípios e sua aplicação em uma técnica de ponderação, porém cada caso concreto deve ser analisado, de maneira que pode existir supesamento de um princípio sobre o outro, prevalecendo um em maior importância, mas diante do referencial fático. Exemplo,nesse estado de pandemia as empresas públicas de fornecimento de água e energia, em muitos estados estão vedadas de cortar o fornecimento, mesmo com eventual atraso de pagamento superior a 90 dias. Nesse caso há dois princípios em conflito, o da proteção ao patrimônio x saúde. Nesse caso em específico, não há forma de deixar de prestar o serviço, sem afetar a saúde, já que por determinações estatais as pessoas devem ficar em quarentena, logo após a colisão dos princípios a saúde terá maior força. Alguém poderia perguntar e voltando a normalidade, após extinta a quarentena como é feita a proteção de ambos os princípios, proteção a saúde, vida e proteção ao patrimônio ? Por regra dado a essencialidade do fornecimento de água, as empresas gestoras do seu fornecimento só podem cortar o serviço, medida mais drástica, após 90 dias de atraso, logo há um ponderamento em que a propriedade é resguardada, mas dando uma possibilidade de proteção por maior tempo a saúde. A essência senhores na colisão de conflitos, até mesmo direitos, é que não há um princípio absoluto, nem mesmo a vida o é, como no caso da legítima defesa, guerra declarada, abordo após estupro. A liberdade como está sendo observado frente a necessidade de proteção da saúde. Em síntese, todo e qualquer princípio em conflito deve ser analisado no caso concreto, de maneira que não há princípios superiores a outros, depende do contexto fático de que está inserido, assim como sempre que possível ambos devem coexistir, haja vista serem válidos posto que estão inseridos no sistema jurídico.
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