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PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO Pós-edital DIREITO DO CONSUMIDOR CAMPO DE APLICAÇÃO DO CDC. PRINCÍPIOS DA POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO. DIREITOS BÁSICOS DOS CONSUMIDORES Livro Eletrônico FABRÍCIO MISSORINO É especialista em Defesa da Concorrência pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-EDESP), possui graduação em Ciências Sociais pela Universi- dade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) e graduação em Direito pelo Centro Universitário de Araraquara (UNIARA). Atua na advocacia privada consultiva e contenciosa com foco nas relações de consumo. Atua como Consultor junto à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), prestando serviços à Câma- ra de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão responsável pela regulação do mercado de medicamentos. Atua como Consul- tor Associado junto à ATIVACIDADE - Diálogo e implementação de políticas públicas, coletivo de profissionais que tem por objetivo atuar na ges- tão de políticas, programas e projetos junto ao setor público. Tem experiência na área de edu- cação à distância, educação superior em Direito e capacitação de profissionais do Sistema Na- cional de Defesa do Consumidor, com atuação em iniciativas de formação de profissionais de atendimento que atuam em Procons, Ministé- rios Públicos, Defensorias Públicas e Entidades Civis de Defesa do Consumidor, no ensino à dis- tância de servidores públicos federais em par- ceria com a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) e Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU), bem como no ensino universitário e projetos de extensão nas disci- plinas Direito do Consumidor, Direito Agrário e Urbano, Direito Constitucional, Direitos Huma- nos e Sociologia Jurídica. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 3 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino Apresentação do Professor, da Metodologia e Conteúdo a Ser Abordado .............4 1. Campo de Aplicação do Código de Defesa do Consumidor .............................9 2. A Vulnerabilidade do Consumidor ............................................................10 3. Formação da Relação Jurídica de Consumo ...............................................16 3.1. Conceito de Consumidor .....................................................................17 3.2. Conceito de Fornecedor.......................................................................31 3.3. Conceito de Produto e Serviço .............................................................41 3.4. A Internet e as Relações de Consumo ...................................................49 4. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo ............................51 5. Direitos Básicos dos Consumidores ..........................................................66 Resumo ...................................................................................................88 Questões de Concurso ...............................................................................94 Gabarito ................................................................................................ 128 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino Apresentação do Professor, da Metodologia e Conteúdo a Ser Abordado Prezado(a) candidato(a), ou melhor, prezado(a) futuro(a) Agente Fiscal de Pos- turas da Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto/SP! Estou aqui para auxiliá-lo(a) na caminhada para a aprovação no próximo con- curso público para provimento do cargo de Agente Fiscal de Posturas da Prefei- tura Municipal de São José do Rio Preto/SP. Meu objetivo é auxiliar você a ganhar tempo nos estudos e focar nos pontos que realmente importam nessa trajetória cheia de dificuldades, mas, ao mesmo tempo, muito gratificante na medida que os obstáculos são vencidos e o candidato avança para o próximo nível dos estudos. Vou fazer uma breve apresentação, sem perder muito tempo. Meu nome é Fabri- cio Missorino Lázaro e sou advogado (inscrito na OAB/SP desde 2000) e consultor nas áreas de direito do consumidor e políticas públicas. Tenho formação em Direito e Ciências Sociais, com atuação na advocacia privada consultiva e contenciosa com foco na orientação dos participantes da relação de consumo acerca de seus direitos e deveres, assim como acerca dos conceitos e contextos que envolvem as relações de consumo. Atuo também na análise e acompanhamento dos movimentos legisla- tivos, com foco nos impactos positivos e negativos das normas regulamentares nos setores produtivos e as consequências para o mercado de consumo. Outra frente que me dedico atualmente é a consultoria em gestão de processos administrativos e de políticas públicas, auxiliando órgãos federais e municípios na busca por formas alternativas de financiamento de projetos em diversas áreas de importância para o órgão ou para o município. Bem, mais informações estão disponíveis nas platafor- mas Lattes e Linkedin. Vamos ao que interessa! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino Pois bem, como previsto no edital, o concurso se destina ao provimento de 16 vagas para o cargo de Agente Fiscal de Posturas, sendo 15 para ampla concorrên- cia e uma reservada a pessoa com deficiência. Quanto à remuneração, o edital prevê a remuneração de R$ 4.942,46, prevendo ainda outras vantagens como reembolso transporte no valor máximo de R$ 1.425,03 (caso utilize veículo próprio), adicional de produtividade variável com valores podendo chegar a R$ 2.605,76 ou R$ 3.745,79 (a depender do limite máximo de quotas), auxílio- -saúde no valor de R$ 350,00 e auxílio-alimentação no valor de R$ 400,00. Diante desse quadro, a estratégia para essa prova deve ser muito bem planejada, eis que a disputa tende a ser muito mais acirrada entre os candidatos, fazendo com que o nível de acertos para uma boa classificação fique acima de 90%. Você com certeza já deve ter ouvido de muitos professores e palpiteiros de plantão dicas e mais dicas sobre o que “deve” ou “não deve” fazer um concurseiro e coisa e tal. Não pretendo entrar nessa seara, porém, não posso deixar de dividir com você um ensinamento que guardei com muito carinho e respeito de um antigo professor aqui de Brasília, um juiz de direito que ministrava aulas num cursinho preparatório para carreiras jurídicas. Logo no primeiro dia de aula ele chegou e já foi bem direto: “se vocês querem ingressar em alguma carreira jurídica, duas coisas são essenciais e imprescindíveis: RENÚNCIA e DISCIPLINA”. Sem perder muito tempo, com base nesse breve relato, tenho a dizer a você que a trajetória do candidatovai certamente exigir uma combinação quase que perfeita desses dois elementos no dia a dia da pessoa, por um lado abrindo mão de certas atividades ou programações do cotidiano e, o mais importante, cravar a questão da rotina, da disciplina, do atingimento das metas de estudo. Esse vai ser o diferencial, pois, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino como você já deve saber, o maior concorrente do candidato é ele mesmo, sendo que o desafio vai se concentrar no quanto ele consegue prosseguir diante de todos os incentivos negativos que o permeiam e, ao mesmo tempo, o quanto ele conse- gue abstrair isso tudo e se fixar nos incentivos positivos da carreira, do sonho a ser alcançado. Dito isso, nossa conversa nesta e nas próximas 06 (seis) aulas será sobre o DIREITO DO CONSUMIDOR, com maior foco nos dispositivos previstos na Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor (CDC), mas, também, trazendo informações e conteúdos a respeito do tema previstos em doutrina e jurisprudên- cia do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal. Para tanto, farei uma apresentação teórica, com a utilização de pontos de maior atenção e outros recursos que possam ajudar no aprendizado, além de comentar os artigos do CDC e as questões aplicadas em concursos de várias carreiras jurídicas (Delegado de Polícia, Promotor de Justiça, Magistrados, Defensores Públicos, OAB, entre outros). Além disso, um resumo será disponibilizado no fim da aula com os principais tó- picos abordados e mais algumas questões aplicadas, adiantando desde já que essa temática em especial vem sendo cada vez mais cobrada nas provas, oportunidade que nos dá uma certa vantagem em verificar com mais facilidade o mapeamento das principais temáticas escolhidas pelas bancas organizadoras e, com isso, garan- tir o resultado positivo nessas questões. Vamos lá! Antes de iniciar nosso estudo da AULA 1 a partir do Sumário acima indicado, vejamos a programação das nossas 07 (sete) aulas acerca da disciplina Direito do Consumidor: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino AULA DISCIPLINA: DIREITO DO CONSUMIDOR 1. Campo de aplicação do Código de Defesa do Consumidor. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos básicos dos consumidores. 1. Campo de aplicação do Código de Defesa do Consumidor. 2. A vulnerabilidade do con- sumidor. 3. Formação da relação jurídica de consumo. 3.1. Conceito de consumidor. 3.2. Conceito de fornecedor. 3.3. Conceito de produto e serviço. 3.4. A Internet e as relações de consumo. 4. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. 5. Direitos bási- cos dos consumidores. 2. Responsabilidade pelo fato do produto e do serviço. 1. Proteção à saúde e segurança dos consumidores. 2. Responsabilidade pelo fato do produto. 2.1. Excludentes de responsabilidade dos fornecedores (PRODUTO). 2.2. Res- ponsabilidade do comerciante. 3. Responsabilidade pelo fato do serviço. 3.1. Excludentes de responsabilidade dos fornecedores (SERVIÇO). 4. Responsabilidade dos profissionais liberais. 4.1. Responsabilidade na contratação de serviços advocatícios. 3. Responsabilidade por vício do produto e do serviço. Decadência e prescrição. Desconsideração da personalidade jurídica. 1. Responsabilidade por vício do produto e do serviço. 1.1. Solidariedade entre forne- cedores. 2. O vício de qualidade do produto no CDC. 2.1. Vício aparente e vício oculto. 2.2. Saneamento do vício de qualidade do produto (a tríplice opção do consumidor). 3. Vício de quantidade do produto. 4. Vício do serviço no CDC. 5. Serviços públicos no CDC. 6. Decadência e prescrição. 6.1. Da relação entre os prazos de garantia legal e garantia contratual. 7. Decreto n. 6.523/2008 – Normas Gerais sobre o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC). 8. Desconsideração da personalidade jurídica no CDC. 4. Oferta e publicidade no CDC. Práticas comerciais abusivas. 1. Oferta e publicidade no CDC. 2. O princípio da vinculação e o dever de informação. 3. Recusa no cumprimento da oferta. 4. A regra geral de publicidade no CDC. 5. O dever de informação na publicidade. 6. Publicidade enganosa e publicidade abusiva no CDC. 7. Práticas comerciais abusivas no CDC. 8. O rol exemplificativo de práticas abusivas no CDC e outros normativos. 9. A cobrança de dívidas de consumo. 10. A regra da repetição do indébito. 5. Bancos de dados e cadastros de consumo. 1. Considerações iniciais. 2. Distinção entre bancos de dados e cadastros de consumo. 3. Informações negativas e informações positivas (Lei n. 12.414/2011). 3.1. Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec). 3.2. Cadastro de Reclama- ções Fundamentadas. Privacidade e proteção de dados pessoais. 4. Privacidade e prote- ção de dados pessoais. 5. Responsabilidade objetiva e solidária entre bancos de dados e fornecedores. 6. Direito de acesso, comunicação e retificação das informações. 7. Limites temporais dos registros e prazo prescricional. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino 6. Proteção contratual e cláusulas abusivas. 1. A proteção contratual no CDC. 2. Interpretação do contrato em favor do consumidor. 3. Arrependimento e desistência do contrato. 4. Da aplicação do CDC às cláusulas abusivas. 4.1. O rol exemplificativo do art. 51 do CDC. 4.2. Os normativos que estabelecem cláusu- las abusivas nos contratos de consumo. 5. Limites e regras dos contratos de adesão. 5.1. Da apresentação do contrato de adesão. 5.2. Das cláusulas contratuais que necessitam de destaque. 6. Crédito e financiamento ao consumidor. 6.1. Breves considerações sobre as situações de superendividamento. 7. Contratos em espécie: Contratos bancários. Con- trato de transporte. Contrato de seguro. Contrato de planos de saúde. 7. Das sanções administrativas no CDC. Defesa do consumidor em juízo. Ações coletivas. 1. Sanções administrativas no CDC. 1.1. Da competência normativa. 1.2. Da competência fiscalizatória. 1.3. Do rol de sanções administrativas previstas no CDC. 1.4. Do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor – SNDC (Decreto n. 2.181, de 20 de março de 1997, alterado pelo Decreto n. 7.738, de 28 de maio de 2012). 2. Direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. 3. Defesa coletiva dos consumidores. 4. Os agentes legitimados para a defesa coletiva dos consumidores. 4.1. Da legitimidade do Ministério Público. 4.2. Da legitimidade das pessoas jurídicas da Administração Pública. 4.3. Da legitimidade das associações. 5. Ações de responsabilidade do fornecedorde produtos e serviços. 6. Coisa julgada e limites subjetivos e territoriais das decisões em ações coletivas. 6.1. Da limita- ção territorial da coisa julgada. 7. Custas processuais, honorários advocatícios e periciais. 8. Termos de ajustamento de conduta. Pois bem, meu(inha) caro(a), a princípio essa quantidade e diversidade de te- mas pode até assustar, mas o nosso estudo sobre a Lei n. 8.078/1990 será siste- matizado, seguindo a lógica de estruturação proposta pelo próprio legislador, qual seja, a análise do campo de aplicação da lei, bem como dos princípios e direitos básicos dos consumidores, como se compusessem uma espécie de parte geral da lei (arts. 1º a 7º do CDC), ou seja, como se todos os principais institutos trazidos pela norma estivessem ali mencionados de maneira sucinta, porém estratégica, tendo seu detalhamento nos artigos 8º e seguintes do Código. Vamos então para a AULA 1! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino 1. Campo de Aplicação do Código de Defesa do Consumi- dor Prezado(a), iniciamos nossa conversa com uma breve colocação da abrangên- cia e importância do direito do consumidor no nosso ordenamento jurídico. Como sabido, o direito do consumidor é uma disciplina transversal entre direito privado e direito público, que visa proteger um sujeito de direitos (o consumidor) nas re- lações de consumo, apresentando-se como um reflexo do direito constitucional de proteção afirmativa dos consumidores (art. 5º, XXXII e art. 170, V, da Constituição Federal de 1988 – CF/1988). O contexto de criação do CDC remonta a um período de intensos debates legis- lativos e não poderia ser diferente, eis que um novo agente de direitos surgia no início da década de 90 com proteção especial no âmbito das relações de consumo e num contexto de clara intervenção do estado no relacionamento entre cidadãos e empresas. Além da garantia fundamental de que o Estado deve promover a defesa dos con- sumidores, também nos termos da CF/1988 temos que as atividades econômicas desenvolvidas no Brasil devem se organizar de modo a respeitarem a fragilidade do consumidor seja ela de comércio, distribuição, fabricação, prestação de serviços, dentre outras, em respeito ao princípio da ordem econômica constitucional, nos termos do art. 170, inc. V, da CF/1988. É nesse contexto que o CDC aparece como um novo marco regulatório do mer- cado de consumo, garantindo uma série de importantes direitos aos consumidores e apresentando uma série de responsabilidades aos fornecedores, num arcabouço normativo muito consistente que certamente mudou a realidade de muitos cida- dãos e suas relações de consumo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino Pois bem, meu(inha) caro(a), nesse momento entramos na linha de convergên- cia de um dos temas da nossa aula, pois a aplicação do CDC pressupõe determinar seu campo de aplicação, ou seja, quem pode ser considerado consumidor numa relação comercial, quem figura como fornecedor direto, quem atua como distri- buidor, quem integra a cadeia de produção e como se dá a responsabilidade entre os fornecedores, dentre outros pressupostos de extrema relevância para a decisão quanto à aplicação ou não do Código. O outro tema de relevância que trataremos nesta aula será a principiologia existente no Código de Defesa do Consumidor, bem como faremos uma análise da importância e amplitude dos direitos básicos dos consumidores, ambos previstos nos artigos 4º e 6º do CDC. Em relação ao campo de aplicação, um exercício constante que devemos fazer é definir quem é o sujeito ou quem são os sujeitos da relação contratual e extracon- tratual de consumo, eis que o resultado dessa análise prévia definirá se a situação é passível ou não de aplicação da lei de proteção do consumidor. Vamos então para o primeiro ponto da verificação quanto ao campo de aplicação da lei: a identificação da vulnerabilidade do consumidor. 2. A Vulnerabilidade do Consumidor Com base na raiz constitucional do direito do consumidor, um dos desafios do legislador do CDC foi compatibilizar as obrigações civis e comerciais previstas no Código Civil em face das garantias de igualdade e de tutela especial dos direitos dos consumidores em suas relações civis. Nesse sentido, a igualdade perante a nova lei que surgiria só poderia existir a partir da distinção entre os fracos e os fortes na relação de consumo, dando espaço O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino para a conceituação das figuras do consumidor e do fornecedor, sempre pautada na dignidade da pessoa humana e na ideia de proteção do vulnerável, da identificação da desigualdade entre ambos. Portanto, a definição do campo de aplicação da lei importa numa análise sub- jetiva e relacional envolvendo os participantes da relação jurídica, notadamente a verificação da vulnerabilidade da pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatária final, eis que o pressuposto do equilíbrio na relação de consumo é o reconhecimento da desigualdade entre o ocupante da po- sição de consumidor e o ocupante da posição de fornecedor. O CDC, portanto, parte do pressuposto de que o consumidor é um sujeito vul- nerável ao adquirir produtos e serviços ou simplesmente se expor a práticas do mercado. A vulnerabilidade, nesse caso, traduz-se na fragilidade de o consumidor diante de práticas lesivas perpetradas por fornecedores, podendo aquele ser atin- gido em sua incolumidade física ou psíquica, bem como no âmbito econômico. Vejamos como as bancas exploraram o tema da vulnerabilidade. Questão 1 (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-PR/FCC/2017) De acordo com a evolução dos fatores de produção, de distribuição, de comercialização e de consumo, ocorri- da no direito privado, é correto afirmar: a) Não há relação de consumo entre condomínio edilício e empresa de construção civil contratada para realizar reforma em suas partes comuns, tendo em vista que, por ser o condomínio ente despersonalizado, não resta preenchido o requisito pes- soa física ou jurídica para o advento da condição de consumidor. b) O superenvidamento é fenômeno contemporâneo que atinge a sociedade de consumo de massa. As dívidas fiscais, especialmente em época de crise econômica, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilizaçãocivil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino são o principal passivo que impedem o consumidor de adimplir com as suas obri- gações, dando origem ao superenvidamento. c) O terceiro intermediário ou ajudante da relação de consumo, como, por exem- plo, os órgãos de proteção ao crédito, por não fazer parte da destinação final do produto ou do serviço, não é considerado como fornecedor. d) Não configura relação de consumo o serviço gratuito prestado por provedor de internet, pois o conceito de serviço, adotado pelo Código de Defesa do Consumidor, pressupõe remuneração. e) A vulnerabilidade do consumidor decorre de presunção iure et de iure e tem repercussão simplesmente no direito material. Para o seu reconhecimento, basta a condição jurídica de destinatário final de produtos ou de serviços. Letra e. Na análise desta questão, é importante se atentar aos conceitos de consumidor e fornecedor previstos no CDC e os requisitos para a formação da relação jurídica de consumo, assim como compreender o alcance do reconhecimento da vulnerabilida- de do consumidor, em conjunto com a constatação da destinação final do produto ou serviço. Questão 2 (AGENTE FISCAL/PREFEITURA DE OSASCO-SP/FGV/2014) Um dos princípios que norteiam a Política Nacional das Relações de Consumo é o da: a) instrumentalidade de formas; b) economia processual; c) irretroatividade; d) vulnerabilidade e) relatividade. 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O fornecimento do serviço de energia elétrica na cidade onde moram é prestado por uma única concessioná- ria, a Companhia de Eletricidade Luz S.A. Há uma semana, o casal vem sofrendo com as contínuas e injustificadas interrupções na prestação do serviço pela con- cessionária, o que já acarretou a queima do aparelho de televisão e da geladeira, com a perda de todos os alimentos nela contidos. O casal pretende ser indenizado. Nesse caso, à luz do princípio da vulnerabilidade previsto no Código de Proteção e Defesa do Consumidor, assinale a afirmativa correta. a) Prevalece o entendimento jurisprudencial no sentido de que a vulnerabilidade no Código do Consumidor é sempre presumida, tanto para o consumidor pessoa física, Maria e Manoel, quanto para a pessoa jurídica, no caso, o Condomínio Vila Feliz, tendo ambos direitos básicos à indenização e à inversão judicial automática do ônus da prova. b) A doutrina consumerista dominante considera a vulnerabilidade um conceito jurídico indeterminado, plurissignificativo, sendo correto afirmar que, no caso em questão, está configurada a vulnerabilidade fática do casal diante da concessio- nária, havendo direito básico à indenização pela interrupção imotivada do serviço público essencial. 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Logo, basta ao casal Maria e Manoel demonstrá-la para receber a integral proteção das normas consumeristas e o consequente direito básico à inversão automática do ônus da prova e a ampla indenização pelos danos sofridos. d) A vulnerabilidade nas relações de consumo se divide em apenas duas espécies: a jurídica ou científica e a técnica. Aquela representa a falta de conhecimentos ju- rídicos ou outros pertinentes à contabilidade e à economia, e esta, à ausência de conhecimentos específicos sobre o serviço oferecido, sendo que sua verificação é requisito legal para inversão do ônus da prova a favor do casal e do consequente direito à indenização. Letra b. Trata-se de questão relativamente simples, cabendo ao(à) candidato(a) se atentar ao conceito de consumidor previsto no CDC, bem como os requisitos para a forma- ção da relação jurídica de consumo, assim como compreender o alcance do reco- nhecimento da vulnerabilidade do consumidor, em conjunto com a constatação da destinação final do produto ou serviço. A palavra “mercado” tem vários sentidos, podendo designar um espaço físico onde comerciantes se reúnem para oferecer produtos ou serviços, pode indicar um ramo específico de certa atividade empresarial (ex.: mercado imobiliário, mercado automobilístico etc), ou, de uma forma mais ampla, pode representar o O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino conjunto de atividades econômicas que envolvem o fornecimento de produtos e serviços em diversos aspectos (por meio de loja física, por meio eletrônico, de natureza bancária, comercial, educacional, creditícia etc.). Dito isso, façamos uma pausa para uma observação quanto ao tratamento que a doutrina consumerista dá ao reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor, pela qual a vulnerabilidade se divide em quatro âmbitos: técnico, jurídico, fático e informacional. O reconhecimento da vulnerabilidade técnica parte da ideia de que o consu- midor não tem conhecimentos específicos sobre o produto ou serviço adquirido, conhecimento este que, em geral, o fornecedor possui, tendo como exemplo mais clássico a relação entre médico e paciente. A vulnerabilidade jurídica seria aquela em que o consumidor não entende quais as consequências de firmar um contrato ou estabelecer uma relação de consumo, tendo como resultado um embate desigual ao passo que o fornecedor trabalha frequentemente com seu ramo econômico, contando com assessoramento jurídico especializado, enquanto o consumidor detém poucos recursos ao seu dispor. O reconhecimento da vulnerabilidade fática, pela sua natureza mais abrangen- te, é reconhecida no caso concreto. É espécie importante, pois além de apresentar uma conceituação genérica, as particularidades da relação de consumo indicarão a necessidade de um tratamento especial, tendo como exemplos mais clássicos o consumidor idoso, as crianças etc. A vulnerabilidadeinformacional diz respeito ao contexto de globalização dos meios de comunicação, notadamente em relação à rapidez e fluidez do acesso à informação. Nesse contexto, o dever de informar ganha contornos importantíssi- mos e fundamentais, refletindo mais ainda a necessidade de se proteger o agente mais fraco O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino Acerca da vulnerabilidade, é importante observar que os pontos acima observados são apenas critérios didáticos que auxiliam na identificação do ponto de fragilida- de do consumidor, eis que, na prática, a demonstração da vulnerabilidade é presumida pela própria lei (art. 4º, I). Vejamos o seguinte exemplo: uma pessoa muito rica e estudada resolve fazer uma refeição em um estabelecimento comercial bastante humilde. O fato de ter posses e ser estudado não lhe retira a condição de vulnerável frente ao restaurante, eis que o consumidor, neste caso, não detém as informações acerca do preparo do alimento, não conhece a ido- neidade dos fornecedores de insumos para o restaurante, nem tem condições de acompanhar o preparo do alimento. O fornecedor, por sua vez, coloca-se se colo- ca em posição de domínio em relação ao consumidor, por deter toda a expertise da cadeia de fornecimento daquele produto. Vale ressaltar que o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor, além de representar a principal fonte de verificação deste ator na relação de consumo, atua também como princípio norteador da Política Nacional das Relações de Consumo em sua missão de atender às necessidades dos consumidores, de garantir o respei- to à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos e a melhoria da sua qualidade de vida. 3. Formação da Relação Jurídica de Consumo Considerando que o CDC instituiu o princípio da proteção da confiança do con- sumidor, tendo como um dos seus aspectos mais importantes a garantia da ade- quação do produto ou serviço adquirido, a relação de consumo se destaca pelos O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino princípios que devem norteá-la, dentre eles, transparência, confiança, harmonia nas relações de consumo, reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor, bem como a harmonização de interesses, sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores, princípios estes previstos expressa- mente no art. 4º do CDC. Pois bem, a partir dessa premissa básica de que todas as pessoas físicas ou ju- rídicas, para figurarem como consumidores devem ter reconhecida sua vulnerabili- dade na relação de consumo frente aos fornecedores, vamos agora nos concentrar na identificação de todos os aspectos de uma relação jurídica de consumo, quais sejam, a existência de um consumidor e de um fornecedor mantendo uma relação negocial, tendo como foco a aquisição ou a utilização de um produto ou um serviço. 3.1. Conceito de Consumidor O Código de Defesa do Consumidor prevê quatro conceitos de consumidor: Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que inde- termináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se a consumidores todas as vítimas do evento. Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se a consumidores todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. O conceito padrão, também denominado de standard, encontra-se previsto no caput do art. 2º do Código, pelo qual consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Esse conceito, adotado na doutrina brasileira pela teoria finalista, restringe a interpretação da ex- pressão “destinatário final” ao consumidor não profissional, aquele que adquire ou utiliza o produto ou serviço para uso próprio ou da família. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino Para a doutrinadora Cláudia Lima Marques, importante jurista do movimen- to consumerista, o destinatário final é aquele destinatário fático e econômico, ou seja, não basta que o consumidor apenas retire o produto da cadeia de produção, é necessário que ele seja o destinatário final econômico, que não adquira para uso profissional ou como um instrumento de produção. O conceito standard também é objeto de análise da doutrina por meio da teo- ria maximalista, pela qual o destinatário final seria somente o destinatário fático, pouco importando a destinação econômica do bem. No entendimento de Cláudia Lima Marques, para os maximalistas, o CDC seria uma espécie de “código geral de consumo”, com normas e princípios para todos os agentes do mercado, assumindo papéis ora de fornecedores ora de consumidores, estendendo (ou maximalizando), portanto, a interpretação acerca da destinação final do produto ou do serviço, não importando se o consumidor os adquiriria ou utilizaria com ou sem fins de lucro. No entanto, em que pesem os argumentos de parte a parte, a interpretação mais acertada e consequentemente mais difundida tanto na doutrina como na ju- risprudência dos tribunais superiores seria a que realiza interpretação teleológica da regra do art. 2º do CDC com o sistema tutelar consumerista, buscando a ratio principal da norma. Nesse caso, o destinatário final, para efeitos de definição do conceito de consumidor, seria somente aquele que, segundo o art. 4º do CDC, fosse reconhecido como vulnerável numa relação de consumo, não importando sua con- dição de pessoa física ou jurídica. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça – STJ tem adotado uma linha de interpretação que prevê a aplicação do CDC às empresas ou aos profissionais O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino que empregam os produtos e serviços para incremento de suas atividades, exami- nando, em cada caso específico, se os empresários estão realmente em situação de vulnerabilidade,isto é, se contratam em situação notoriamente fragilizada com fornecedores que detenham maiores conhecimentos específicos do produto. Assim, não é incomum encontrar decisões do STJ entendendo que um pequeno agricultor que adquire sementes de uma multinacional beneficiadora de alimentos poderia ocupar a posição de consumidor em uma relação de consumo, bem como entendendo que um dentista interessado na compra de uma máquina importada de radiografia poderia ser considerado consumidor nos termos do CDC, por conta da acentuada vulnerabilidade que ambos apresentam naquela relação específica com os fornecedores. Acerca desse entendimento, merece destaque o seguinte trecho do voto da Ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça, no Recurso Especial n. 476.428/SC: [...] não se pode olvidar que a vulnerabilidade não se define tão somente pela capacidade econômica, nível de informação, cultura ou valor do contrato em exame. Todos esses elementos podem estar presentes e o comprador ainda ser vulnerável pela dependência do produto, pela natureza adesiva do contrato imposto, pelo monopólio da produção do bem ou sua qualidade insuperável, pela extremada necessidade do bem ou serviço, pelas exigências da moderni- dade atinentes à atividade, dentre outros fatores. Vejamos como as bancas abordaram essa temática. 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Trata-se de questão que exige atenção do(a) candidato(a), pois não se trata de analisar a vulnerabilidade da pessoa jurídica, mas, sim, analisar se existe o ele- mento da destinação final, não podendo ser considerada como consumidora a pes- soa jurídica que inserir o produto em seu processo de fabricação. Questão 5 (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-BA/FCC/2016) Sebastião juntou dinheiro que arrecadou ao longo de 20 anos trabalhando como caminhoneiro para adquirir um caminhão, zero quilômetros, que passou a utilizar em seu trabalho, realizando fretes no interior do Estado da Bahia. Ainda no prazo de garantia, o veículo apre- sentou problemas e ficou imobilizado. Sua esposa, Raimunda, microempresária do ramo da costura, adquiriu uma máquina bordadeira de valor elevado de uma gran- de produtora mundial, que depois de poucas semanas de funcionamento, também parou de funcionar. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino Diante desses fatos, é correto afirmar que a) Ambos podem ser considerados consumidores, desde que se configurem como usuários finais dos produtos adquiridos e comprovem hipossuficiência econômica em relação ao fornecedor, uma vez que, embora o Código de Defesa do Consumidor adote a teoria finalista como regra geral, a lei reconhece expressamente a hipóte- se de consumo intermediário mediante prova da hipossuficiência econômica e do desequilíbrio na relação. b) ambos podem ser considerados consumidores, ainda que não se configurem como usuários finais dos produtos adquiridos, uma vez que, embora o Código de Defesa do Consumidor adote a teoria finalista, em casos semelhantes, o Superior Tribunal de Justiça já admitiu a mitigação desta teoria diante da prova da hipossu- ficiência e do desequilíbrio na relação, caracterizando hipótese de consumo inter- mediário. c) nenhum dos dois pode se enquadrar no conceito de consumidor previsto no Có- digo de Defesa do Consumidor, pois não são destinatários finais dos produtos; a lei adotou a teoria finalista, e a jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça não admite a hipótese de consumo intermediário, afastando as disposições consu- meristas para os produtos adquiridos para a utilização em cadeia de produção. d) ambos podem ser considerados consumidores, ainda que não se configurem como usuários finais dos produtos adquiridos, uma vez que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça entende que o Código de Defesa do Consumidor não adotou a teoria finalista, bastando a prova da hipossuficiência e do desequilíbrio na relação e, portanto, se apresentando como irrelevante que o consumo tenha ocor- rido na cadeia de produção. e) Sebastião pode ser considerado consumidor mesmo que não seja usuário final do produto adquirido, uma vez que, embora o Código de Defesa do Consumidor O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino adote a teoria finalista, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça admite a mitigação desta teoria diante da prova da hipossuficiência e do desequilíbrio na relação, caracterizando hipótese de consumo intermediário, mas Raimunda não poderá ser considerada consumidora, por se tratar de pessoa jurídica. Letra b. Na análise desta questão é importante se atentar para o posicionamento do STJ acerca da aplicação da teoria finalista aprofundada, que permite considerar como consumidor a pessoa jurídica que apresenta acentuada vulnerabilidade em deter- minada relação comercial específica com determinados fornecedores. Questão 6 (EXAME DE ORDEM UNIFICADO IX/1ª FASE/OAB/FGV/2012) A so- ciedade empresária XYZ Ltda. oferta e celebra, com vários estudantes universitá- rios, contratos individuais de fornecimento de material didático, nos quais garante a entrega, com 25% de desconto sobre o valor indicado pela editora, dos livros didáticos escolhidos pelos contratantes (de lista de editoras de antemão definidas). Os contratos têm duração de 24 meses, e cada estudante compromete-se a pagar valor mensal, que fica como crédito, a ser abatido do valor dos livros escolhidos. Posteriormente, a capacidade de entrega da sociedade diminuiu, devido a dívidas e problemas judiciais. Em razão disso, ela pretende rever judicialmente os contratos, para obter aumento do valor mensal, ou então liberar-se do vínculo. Acerca dessa situação, assinale a afirmativa correta. a) A empresa não pode se valer do Código de Defesa do Consumidor e não há base, à luz do indicado, para rever os contratos. b) Aplica-se o CDC, já que os estudantes são destinatários finais do serviço, mas o aumento só será concedido se provada a dificuldade financeira e que, ademais, ainda assim o contratoseja proveitoso para os compradores. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino c) Aplica-se o CDC, mas a pretendida revisão da cláusula contratual só poderá ser efetuada se provado que os problemas citados têm natureza imprevisível, caracte- rística indispensável, no sistema do consumidor, para autorizar a revisão. d) A revisão é cabível, assentada na teoria da imprevisão, pois existe o contrato de execução diferida, a superveniência de onerosidade excessiva da prestação, a ex- trema vantagem para a outra parte, e a ocorrência de acontecimento extraordinário e imprevisível. Letra a. Trata-se de questão que exige atenção quanto ao posicionamento do STJ acerca da aplicação da teoria finalista aprofundada, que apenas permite considerar como consumidor a pessoa jurídica que apresenta acentuada vulnerabilidade em deter- minada relação comercial específica com determinados fornecedores. Questão 7 (EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXII/1ª FASE/OAB/FGV/2017) Alvi- na, condômina de um edifício residencial, ingressou com ação para reparação de danos, aduzindo falha na prestação dos serviços de modernização dos elevadores. Narrou ser moradora do 10º andar e que hospedou parentes durante o período dos festejos de fim de ano. Alegou que o serviço nos elevadores estava previsto para ser concluído em duas semanas, mas atrasou mais de seis semanas, o que implicou falta de elevadores durante o período em que recebeu seus hóspedes, fazendo com que seus convidados, todos idosos, tivessem que utilizar as escadas, o que gerou transtornos e dificuldades, já que os hóspedes deixaram de fazer passeios e outras atividades turísticas diante das dificuldades de acesso. Sentindo-se constrangida e tendo que alterar todo o planejamento de atividades para o período, Alvina afirmou ter sofrido danos extrapatrimoniais decorrentes da mora do fornecedor de serviço, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino que, ainda que regularmente notificado pelo condomínio, quedou-se inerte e não apresentou qualquer justificativa que impedisse o cumprimento da obrigação de forma tempestiva. Diante da situação apresentada, assinale a afirmativa correta. a) Existe relação de consumo apenas entre o condomínio e o fornecedor de servi- ço, não tendo Alvina legitimidade para ingressar com ação indenizatória, por estar excluída da cadeia da relação consumerista. b) Inexiste relação consumerista na hipótese, e sim relação contratual regida pelo Código Civil, tendo a multa contratual pelo atraso na execução do serviço cunho indenizatório, que deve servir a todos os condôminos e não a Alvina, individual- mente. c) Existe relação de consumo, mas não cabe ação individual, e sim a perpetrada por todos os condôminos, em litisconsórcio, tendo como objeto apenas a cobrança de multa contratual e indenização coletiva. d) Existe relação de consumo entre a condômina e o fornecedor, com base da teo- ria finalista, podendo Alvina ingressar individualmente com a ação indenizatória, já que é destinatária final e quem sofreu os danos narrados. Letra d. Trata-se de questão que a FGV procurou se concentrar na constatação de destina- tário final do serviço, além dos conceitos de consumidor e fornecedor previstos no CDC e os requisitos para a formação da relação jurídica de consumo. Também a respeito do tema, Cláudia Lima Marques salienta que em casos di- fíceis envolvendo pequenas empresas que utilizam insumos para a sua produção, mas não em sua área de expertise ou com utilização mista, principalmente na O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino área de serviços, caso provada sua vulnerabilidade, conclui-se pela prevalência da destinação final de consumo, estendendo a ela toda a proteção dada pelo CDC aos consumidores, utilizando-se, como exemplo, a empresa de alimentos que contrata serviços de informática que não serão usados em sua linha de produção. Pois bem, todo esse debate permeia o conceito padrão, standard, utilizado pelo CDC na definição da figura do consumidor. Vejamos como a banca abordou o conceito padrão de consumidor, na oportuni- dade, em conjunto com a inversão do ônus da prova. Questão 8 (EXAME DE ORDEM UNIFICADO XX/1ª FASE/OAB/FGV/2016) Inês, pretendendo fazer pequenos reparos e manutenção em sua residência, contrai em- préstimo com essa finalidade. Ocorre que, desconfiando dos valores pagos nas prestações, procura orientação jurídica e ingressa com ação revisional de cédula de crédito bancário, questionando a incidência de juros remuneratórios, ao argumento de serem mais altos que a média praticada no mercado. Requereu a inversão do ônus da prova e, ao final, a procedência do pedido para determinar a declaração de nulidade da cláusula. A respeito desta situação, é correto afirmar que o Código de Defesa do Consumidor a) não é aplicável na relação jurídica entre Inês e a instituição financeira, motivo pelo qual o questionamento deve seguir a ótica dos direitos obrigacionais previstos no Código Civil, o que inviabiliza a inversão do ônus da prova. b) é aplicável na relação jurídica entre Inês e a instituição financeira, cabível a inversão do ônus da prova, se preenchidos os requisitos legais e, em caso de nu- lidade da cláusula, todo contrato será declarado nulo, tendo em vista que prática abusiva é questão de ordem pública. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino c) é aplicável na relação jurídica entre Inês e a instituição financeira, cabível a inversão do ônus da prova caso a consumidora comprove preenchimento dos re- quisitos legais, sendo certo que a declaração de nulidade da cláusula não invalida o contrato, salvo se importar em ônus excessivo para o consumidor, apesar dos esforços de integração. d) não é aplicável na relação jurídica entre Inês e a instituição financeira, motivo pelo qual o questionamento orienta-se pela norma especial de direito bancário, em prejuízo da inversão do ônus da prova pleiteado, ainda que formalmente estives- sem cumpridosos requisitos legais. Letra c. Na análise desta questão é importante se atentar para a formação da relação jurí- dica de consumo, identificando as posições do consumidor e do fornecedor diante do caso concreto, assim como avaliar se os direitos básicos previstos nos incisos V (modificação das cláusulas contratuais) e VIII (inversão do ônus da prova) do art. 6º do CDC se aplicam ao caso em tela. Em relação aos consumidores equiparados, conceito trazido pelo § único do art. 2º e pelo art. 17 do Código, estes seriam todas as pessoas que, mesmo não figurando como consumidores diretamente na aquisição ou utilização de produtos ou serviços, poderiam de alguma forma serem atingidas ou prejudicadas pelas ati- vidades dos fornecedores no mercado de consumo, levando-se em consideração sua condição de vulnerabilidade frente a conduta do fornecedor. A aplicação direta desse conceito se daria nos casos em que crianças adoecem por conta da ingestão de alimentos impróprios ao consumo, ou pessoas que pela O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino sua localização em determinado local, sejam atingidas por eventos catastróficos, como uma queda de avião, a explosão de uma praça de alimentação etc. Vejamos como as bancas exploraram o conceito de consumidor equiparado. Questão 9 (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-AL/CESPE/2017) A necessidade de prote- ção dos destinatários finais dos produtos e serviços ofertados no mercado de con- sumo abarca as pessoas humana e jurídica, com o objetivo de tutelar a vulnerabi- lidade e a hipossuficiência dos consumidores. A partir dessa informação, assinale a opção correta, a respeito dos integrantes e do objeto da relação de consumo. a) Aplica-se o CDC para a relação entre condômino e condomínio no que diz res- peito à cobrança de taxas, em decorrência da vulnerabilidade do condômino em relação ao condomínio. b) Em circunstâncias específicas, pessoas que não firmaram qualquer contrato de consumo podem ser equiparadas a consumidores, para fins de proteção. c) O conceito de fornecedor não abarca as pessoas jurídicas que atuam sem fins lucrativos, com caráter beneficente ou filantrópico, ainda que elas desenvolvam, mediante remuneração, atividades no mercado de consumo. d) Com base na teoria finalista, a condição de destinatário final do produto não é requisito essencial para a classificação da pessoa física ou jurídica como consumi- dora. e) A teoria maximalista amplia sobremaneira o alcance da relação de consumo, mas não abarca as pessoas jurídicas, devido ao fato de considerar que estas jamais se encontrarão em situação de vulnerabilidade frente ao fornecedor. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino Letra b. Trata-se de questão fácil, principalmente se o(a) candidato(a) se atentar para os conceitos de consumidor expressos nos artigos 2º, caput e 17 do CDC, lembrando que as pessoas submetidas a acidentes de consumo podem ou não ter adquirido qualquer produto ou contratado qualquer serviço com o fornecedor que causou o dano. Questão 10 (ATENDENTE COMERCIAL I/CENTRAIS ELÉTRICAS DE SANTA CA- TARINA/FEPESE/2013) Assinale a alternativa correta. a) As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao for- necedor. b) A Política Nacional das Relações de Consumo reconhece a invulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo. c) Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante re- muneração, excluindo as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. d) Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Equipara-se a consumidor a coletividade de pesso- as, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. e) Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Equipara-se a consumidor a coletividade de pesso- as, desde que determináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino Letra d. Trata-se de questão bem fácil, principalmente se o(a) candidato(a) se atentar para os conceitos de consumidor expressos nos artigos 2º, caput e 17 do CDC. Questão 11 (PROCURADOR MUNICIPAL/PREFEITURA DE ARAGUARI-MG/IA- DHED/2016) Em relação ao conceito de consumidor, assinale a opção correta: a) Consumidor é toda pessoa física que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final; b) Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, exceto as indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo; c) Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo; d) A pessoa jurídica não pode ser consumidora de produtos ou serviços, pois utili- za-os como insumos para sua atividade principal. Letra c. Trata-se de questão muito fácil, devendo o(a) candidato(a) se atentar para os con- ceitos de consumidor expressos nos artigos 2º, caput e 17 do CDC. Questão 12 (PROCURADOR MUNICIPAL/PREFEITURA DE GUARAPARI-ES/ IBEG/2016) O Diploma Consumerista trouxe quatro definições de consumidor, sen- do que três delas retratam o denominado consumidor por equiparação. Partindo dessa premissa, analise as assertivas e indique a alternativa incorreta: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino a) Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário intermediário ou final. b) Segundo posicionamento consolidado no Superior Tribunal de Justiça, a com- provação da vulnerabilidade da pessoa jurídica é pressuposto sine qua non para o enquadramento desta no conceito de consumidor previsto no CDC. Trata-se da adoção pela jurisprudência da Teoria Finalista, porém de forma atenuada, mitigada ou aprofundada que admite a pessoa jurídica como consumidora, desde que com- provada sua fragilidade no caso concreto. c) Nos termos dajurisprudência dominante, Hospital adquirente do equipamento médico de vultosos valores para fins de incrementar a atividade profissional lucra- tiva, por se tratar de consumo intermediário, para desenvolvimento de sua própria atividade negocial, não se caracteriza, tampouco destinatário final como hipossufi- ciente na relação contratual travada, pelo que não pode ser considerado “consumi- dor”. Em outros termos, ausente a relação de consumo, não incidindo o CDC. d) Consideram-se consumidores equiparados às vítimas do evento danoso — de um acidente de consumo —, independentemente da efetiva aquisição de um produ- to ou da contratação de um serviço. Assim, pouco importa saber qual foi a pessoa que adquiriu o produto ou o serviço no mercado de consumo. Existindo vítima do evento danoso, esta será equiparada a consumidor e far-se-á necessária a incidên- cia do CDC. e) O CDC (art.29), quanto aos capítulos que se referem às práticas comerciais e contratuais, determina que se equipare a consumidor, todas as pessoas, determi- náveis ou não, expostas às práticas comerciais e contratuais, em especial as abu- sivas. Porém, deve-se interpretar tal comando em consonância com a aplicação do princípio da vulnerabilidade. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino Letra a. Trata-se novamente de questão muito fácil, devendo o(a) candidato(a) se atentar para o conceito de consumidor expresso no artigo 2º, caput, do CDC. No tocante ao conceito trazido pelo artigo 29 do CDC, ainda estão equiparadas a consumidores todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às chamadas práticas abusivas dos fornecedores, no caso, passíveis de lesões causadas por uma oferta inverídica, uma publicidade enganosa ou abusiva, um constrangimento na cobrança de uma dívida, a inscrição indevida em bancos de dados e cadastros de consumidores, além do rol de exemplos do artigo 39 do CDC. Para a equiparação ocorrer, basta que a coletividade se encontre, potencialmente, na iminência de so- frer algum dano. Estes seriam, portanto, os conceitos de consumidor trazidos pelo CDC. Vamos agora analisar a identificação do fornecedor na relação de consumo. 3.2. Conceito de Fornecedor Considerando que a definição do campo de aplicação do CDC se faz a partir de uma análise relacional, a identificação do consumidor depende da presença de um fornecedor no outro polo da relação jurídica. O legislador do CDC, em atenção ao comando constitucional de proteção ao consumidor, previu um amplo conceito de fornecedor com abrangência em pratica- mente todas as cadeias de fornecimento de produtos e serviços, vejamos: Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de pro- dução, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distri- buição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino Vejamos como a banca abordou a aplicação do conceito de fornecedor. Questão 13 (ANALISTA DE GESTÃO EDUCACIONAL/DIREITO E LEGISLAÇÃO/ SECRETARIA DE EDUCAÇÃO-GDF/CESPE/2017) Acerca do inadimplemento das obrigações e do Código de Defesa do Consumidor (CDC), julgue o próximo item. De acordo com o CDC, o que diferencia a figura do consumidor daquela do forne- cedor é que o primeiro é toda pessoa física que adquire ou utiliza produtos ou ser- viços, enquanto que o segundo é toda pessoa jurídica que comercializa ou distribui produtos ou serviços. Errado. Outra questão muito fácil, que exige do(a) candidato(a) o conhecimento acerca dos conceitos de consumidor e fornecedor expressos nos artigos 2º e 3º do CDC. A identificação do fornecedor, à luz do CDC, por conta do critério expresso do “desenvolvimento de atividade”, sinaliza que o aplicador da lei deve se concentrar no viés da habitualidade, no desenvolvimento de atividade profissional, como a comercialização, a produção, a importação, a transformação, a distribuição de pro- dutos, dentre outras previstas no texto do caput do art. 3º da lei. Trata-se, pois, de um conceito com larga amplitude, entretanto, contempla so- mente o exercício habitual no mercado de consumo, ou seja, somente será forne- cedor nos termos do CDC o agente econômico que pratica determinada atividade com profissionalismo e habitualidade. Acompanhem dois bons exemplos para demonstrar a aplicação ou não do CDC sob o viés da habitualidade: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino • a escola que oferece cursos não gratuitos no mercado de consumo é consi- derada fornecedora nos termos do CDC? Sim, pois pratica ou desenvolve ati- vidade regular de ensino, com profissionalismo e habitualidade, seguindo as regras de regulação do ensino superior; • se essa mesma escola resolve vender o veículo que serve para transporte de professores, poderia ser considerada fornecedora à luz do CDC? Não, eis que não atuará com habitualidade e dentro da sua natureza de comércio, ou seja, a atividade de compra e venda de veículos não será considerada para a sua identificação como fornecedora nos termos do CDC, aplicando-se o Código Civil em eventual litígio envolvendo a comercialização do veículo. Diante disso, verifica-se que as normas do Código de Defesa do Consumidor não se aplicam às relações de compra e venda de objeto totalmente diferente daquele que não se reveste da natureza do comércio exercido pelo vendedor. Deve-se considerar que o fornecedor não precisa necessariamente auferir lucro de sua atividade, mas apenas receber uma remuneração direta ou indireta pelo produto ou serviço colocado em circulação. Assim, não importa a forma de consti- tuição da empresa (seja ela uma pequena ou grande empresa ou uma associação sem fins lucrativos), desde que desempenhe a atividade descrita no artigo. Vejamos como a banca abordou a aplicação do conceito de fornecedor. Questão 14 (DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/DPU/CESPE/2017) Com base em informações do sistema de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco, determinada instituição financeira recusou pedido de empréstimo em dinheiro O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br34 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino feito por João. Em razão da recusa, João ajuizou ação contra a instituição financei- ra, alegando prática comercial ilegal por parte dela, e requereu a aplicação do CDC. Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir à luz do entendimen- to do STJ. Dadas as partes envolvidas na referida situação, o CDC não poderá ser aplicado ao caso, que deverá ser tratado com base nas disposições contratuais do Código Civil. Errado. Trata-se de questão bem fácil, eis que não há dúvidas quanto à aplicabilidade do CDC às instituições financeiras, até porque a análise de crédito figura dentre as ati- vidades prestadas por tais instituições, abrangidas no campo de aplicação do CDC. Um ponto que merece destaque na identificação do fornecedor é o fato de que o CDC menciona a expressão “fornecedor” quando fixa regras para todos serem obri- gados ou responsabilizados de forma objetiva e solidária. Ao mesmo tempo, deu tratamento especial a algumas situações envolvendo tipos de fornecedores, estabelecendo responsabilidade exclusiva a alguns ou impondo uma espécie de or- dem de responsabilização. Vejamos os artigos que especificam o alvo específico da norma, ou seja, para qual espécie de fornecedor o legislador direciona a aplicação daquela regra: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino ARTIGOS DO CDC QUE ESPECIFICAM O FORNECEDOR Art. 8º, parágrafo único Fabricante (prestar informações em produto industrial) Art. 12 Responsabilidade do fabricante, produtor, construtor e importador Art. 13 Responsabilidade do comerciante Art. 14, § 4º Responsabilidade dos profissionais liberais Art. 18, § 5º Fornecedor imediato = comerciante (produtos in natura) Art. 19, § 2º Fornecedor imediato = comerciante (pesagem de produtos e balança não aferida segundo padrões oficiais) Art. 21 Fabricante (especificação técnica na reparação de produtos) Art. 25, § 2º Fabricante, construtor, importador e quem realizou a incorporação (dano em função de peça ou componente incorporado ao produto) Art. 32 Fabricantes e importadores (peças de reposição) Art. 33 Fabricante (nome na embalagem/oferta ou venda por telefone) Ainda sobre a identificação do fornecedor na relação de consumo, cabe ainda mencionar que a teoria da aparência tem sido aplicada em julgados relativos às relações de consumo, pela qual se determina que os deveres de boa-fé, coopera- ção, transparência e informação alcancem todos os fornecedores, diretos ou indi- retos, principais ou auxiliares, ou seja, todos aqueles que participam da cadeia de fornecimento, entendimento esse adotado pelo STJ (REsp. 1.077.911). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 36 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino O CDC estabelece, ainda, que as pessoas jurídicas de direito público tam- bém poderão ser enquadradas como fornecedores à luz do CDC quando do forne- cimento de produtos ou serviços em que haja uma contraprestação direta pelos consumidores. Nessa ótica, quais seriam os serviços públicos protegidos pelo CDC? Justamente aqueles prestados mediante contraprestação ou remuneração diretamente efetu- ada pelos consumidores por tarifa ou preço público e que a sua medição seja re- alizada individualmente (também denominados de serviços uti singuli): água, luz, telefone, transporte público etc. A respeito desse tema, mais adiante trataremos especificamente dos serviços submetidos ao Código. A respeito do campo de aplicação do CDC, vale frisar o entendimento do Superior Tribunal de Justiça externado por meio da Súmula n. 563 – O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência complemen- tar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fecha- das. (Súmula 563, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/02/2016, DJe 29/02/2016). Ao reconhecer a aplicação do diploma consumerista, o STJ entendeu que a re- lação contratual mantida entre a entidade de previdência privada administradora do plano de benefícios e o participante não se confunde com a relação trabalhista mantida entre o participante obreiro e a patrocinadora. Vejamos como as bancas abordaram essas temáticas. Questão 15 (JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/TRF-5ª REGIÃO/CESPE/2015) Acerca dos sujeitos integrantes da relação de consumo nos moldes do que é descrito no CDC, assinale a opção correta com base na jurisprudência do STJ. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 37 de 130www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores Prof. Fabrício Missorino a) Será considerado consumidor pelo CDC o sujeito que for submetido a publicida- de enganosa, desde que ele tenha realizado contrato com fornecedor de produto ou serviço objeto da referida publicidade. b) As vítimas de um acidente de consumo, mesmo que não tenham adquirido o produto como destinatários finais, são consideradas consumidores pelo CDC. c) Empresa de transporte de pessoas ou cargas pode ser considerada consumidora em sua relação com a empresa concessionária de rodovia d) O condomínio que utiliza a água para o consumo das pessoas que nele residem não deve ser considerado consumidor em sua relação com a empresa concessioná- ria de água e) A jurisprudência do STJ consagrou a teoria maximalista para interpretar o con- ceito de consumidor, admitindo a aplicação do CDC nas relações entre fornecedores e consumidores empresários em que fique evidenciada a relação de consumo. Letra b. Trata-se de questão relativamente fácil, eis que a alternativa “b” se coaduna dire- tamente ao disposto no art. 17 do CDC. Entretanto, na análise desta questão, um ponto de maior atenção seria o disposto na alternativa “c”, eis que a análise acerca da configuração do agente como consumidor nos termos do CDC é casuística, à luz da vulnerabilidade e de outros fatores. Ocorre que, em geral, a jurisprudência tem afastado a figura do consumidor pessoa jurídica quando se trata de empresa de maior porte financeiro, como é o caso do julgamento do REsp. 1481134, julgado pela 3ª Turma do STJ, no qual firmou-se o entendimento de que “a empresa segu- radora não pode ser considerada consumidora nos termos do Código de Defesa do Consumidor”. 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