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PREFEITURA MUNICIPAL DE
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
Pós-edital
DIREITO DO CONSUMIDOR
CAMPO DE APLICAÇÃO DO CDC. PRINCÍPIOS DA POLÍTICA 
NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO. DIREITOS 
BÁSICOS DOS CONSUMIDORES
Livro Eletrônico
FABRÍCIO MISSORINO
É especialista em Defesa da Concorrência pela 
Fundação Getúlio Vargas (FGV-EDESP), possui 
graduação em Ciências Sociais pela Universi-
dade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho 
(UNESP) e graduação em Direito pelo Centro 
Universitário de Araraquara (UNIARA). Atua 
na advocacia privada consultiva e contenciosa 
com foco nas relações de consumo. Atua como 
Consultor junto à Organização Pan-Americana 
da Saúde (OPAS), prestando serviços à Câma-
ra de Regulação do Mercado de Medicamentos 
(CMED), órgão responsável pela regulação do 
mercado de medicamentos. Atua como Consul-
tor Associado junto à ATIVACIDADE - Diálogo e 
implementação de políticas públicas, coletivo de 
profissionais que tem por objetivo atuar na ges-
tão de políticas, programas e projetos junto ao 
setor público. Tem experiência na área de edu-
cação à distância, educação superior em Direito 
e capacitação de profissionais do Sistema Na-
cional de Defesa do Consumidor, com atuação 
em iniciativas de formação de profissionais de 
atendimento que atuam em Procons, Ministé-
rios Públicos, Defensorias Públicas e Entidades 
Civis de Defesa do Consumidor, no ensino à dis-
tância de servidores públicos federais em par-
ceria com a Escola Nacional de Administração 
Pública (ENAP) e Escola Superior do Ministério 
Público da União (ESMPU), bem como no ensino 
universitário e projetos de extensão nas disci-
plinas Direito do Consumidor, Direito Agrário e 
Urbano, Direito Constitucional, Direitos Huma-
nos e Sociologia Jurídica.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das 
Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores
Prof. Fabrício Missorino 
Apresentação do Professor, da Metodologia e Conteúdo a Ser Abordado .............4
1. Campo de Aplicação do Código de Defesa do Consumidor .............................9
2. A Vulnerabilidade do Consumidor ............................................................10
3. Formação da Relação Jurídica de Consumo ...............................................16
3.1. Conceito de Consumidor .....................................................................17
3.2. Conceito de Fornecedor.......................................................................31
3.3. Conceito de Produto e Serviço .............................................................41
3.4. A Internet e as Relações de Consumo ...................................................49
4. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo ............................51
5. Direitos Básicos dos Consumidores ..........................................................66
Resumo ...................................................................................................88
Questões de Concurso ...............................................................................94
Gabarito ................................................................................................ 128
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das 
Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores
Prof. Fabrício Missorino 
Apresentação do Professor, da Metodologia e Conteúdo 
a Ser Abordado
Prezado(a) candidato(a), ou melhor, prezado(a) futuro(a) Agente Fiscal de Pos-
turas da Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto/SP!
Estou aqui para auxiliá-lo(a) na caminhada para a aprovação no próximo con-
curso público para provimento do cargo de Agente Fiscal de Posturas da Prefei-
tura Municipal de São José do Rio Preto/SP.
Meu objetivo é auxiliar você a ganhar tempo nos estudos e focar nos pontos que 
realmente importam nessa trajetória cheia de dificuldades, mas, ao mesmo tempo, 
muito gratificante na medida que os obstáculos são vencidos e o candidato avança 
para o próximo nível dos estudos.
Vou fazer uma breve apresentação, sem perder muito tempo. Meu nome é Fabri-
cio Missorino Lázaro e sou advogado (inscrito na OAB/SP desde 2000) e consultor 
nas áreas de direito do consumidor e políticas públicas. Tenho formação em Direito 
e Ciências Sociais, com atuação na advocacia privada consultiva e contenciosa com 
foco na orientação dos participantes da relação de consumo acerca de seus direitos 
e deveres, assim como acerca dos conceitos e contextos que envolvem as relações 
de consumo. Atuo também na análise e acompanhamento dos movimentos legisla-
tivos, com foco nos impactos positivos e negativos das normas regulamentares nos 
setores produtivos e as consequências para o mercado de consumo. Outra frente 
que me dedico atualmente é a consultoria em gestão de processos administrativos 
e de políticas públicas, auxiliando órgãos federais e municípios na busca por formas 
alternativas de financiamento de projetos em diversas áreas de importância para o 
órgão ou para o município. Bem, mais informações estão disponíveis nas platafor-
mas Lattes e Linkedin. Vamos ao que interessa!
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Pois bem, como previsto no edital, o concurso se destina ao provimento de 16 
vagas para o cargo de Agente Fiscal de Posturas, sendo 15 para ampla concorrên-
cia e uma reservada a pessoa com deficiência. Quanto à remuneração, o edital 
prevê a remuneração de R$ 4.942,46, prevendo ainda outras vantagens como 
reembolso transporte no valor máximo de R$ 1.425,03 (caso utilize veículo 
próprio), adicional de produtividade variável com valores podendo chegar a 
R$ 2.605,76 ou R$ 3.745,79 (a depender do limite máximo de quotas), auxílio-
-saúde no valor de R$ 350,00 e auxílio-alimentação no valor de R$ 400,00. 
Diante desse quadro, a estratégia para essa prova deve ser muito bem planejada, 
eis que a disputa tende a ser muito mais acirrada entre os candidatos, fazendo com 
que o nível de acertos para uma boa classificação fique acima de 90%.
Você com certeza já deve ter ouvido de muitos professores e palpiteiros de 
plantão dicas e mais dicas sobre o que “deve” ou “não deve” fazer um concurseiro 
e coisa e tal. Não pretendo entrar nessa seara, porém, não posso deixar de dividir 
com você um ensinamento que guardei com muito carinho e respeito de um antigo 
professor aqui de Brasília, um juiz de direito que ministrava aulas num cursinho 
preparatório para carreiras jurídicas. Logo no primeiro dia de aula ele chegou e 
já foi bem direto: “se vocês querem ingressar em alguma carreira jurídica, duas 
coisas são essenciais e imprescindíveis: RENÚNCIA e DISCIPLINA”. Sem perder 
muito tempo, com base nesse breve relato, tenho a dizer a você que a trajetória do 
candidatovai certamente exigir uma combinação quase que perfeita desses dois 
elementos no dia a dia da pessoa, por um lado abrindo mão de certas atividades 
ou programações do cotidiano e, o mais importante, cravar a questão da rotina, 
da disciplina, do atingimento das metas de estudo. Esse vai ser o diferencial, pois, 
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como você já deve saber, o maior concorrente do candidato é ele mesmo, sendo 
que o desafio vai se concentrar no quanto ele consegue prosseguir diante de todos 
os incentivos negativos que o permeiam e, ao mesmo tempo, o quanto ele conse-
gue abstrair isso tudo e se fixar nos incentivos positivos da carreira, do sonho a ser 
alcançado.
Dito isso, nossa conversa nesta e nas próximas 06 (seis) aulas será sobre o 
DIREITO DO CONSUMIDOR, com maior foco nos dispositivos previstos na Lei n. 
8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor (CDC), mas, também, trazendo 
informações e conteúdos a respeito do tema previstos em doutrina e jurisprudên-
cia do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal. Para tanto, farei 
uma apresentação teórica, com a utilização de pontos de maior atenção e outros 
recursos que possam ajudar no aprendizado, além de comentar os artigos do CDC 
e as questões aplicadas em concursos de várias carreiras jurídicas (Delegado de 
Polícia, Promotor de Justiça, Magistrados, Defensores Públicos, OAB, entre outros).
Além disso, um resumo será disponibilizado no fim da aula com os principais tó-
picos abordados e mais algumas questões aplicadas, adiantando desde já que essa 
temática em especial vem sendo cada vez mais cobrada nas provas, oportunidade 
que nos dá uma certa vantagem em verificar com mais facilidade o mapeamento 
das principais temáticas escolhidas pelas bancas organizadoras e, com isso, garan-
tir o resultado positivo nessas questões.
Vamos lá! Antes de iniciar nosso estudo da AULA 1 a partir do Sumário acima 
indicado, vejamos a programação das nossas 07 (sete) aulas acerca da disciplina 
Direito do Consumidor:
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DIREITO DO CONSUMIDOR
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AULA DISCIPLINA: DIREITO DO CONSUMIDOR
1.
Campo de aplicação do Código de Defesa do Consumidor. Princípios da Política 
Nacional das Relações de Consumo. Direitos básicos dos consumidores.
1. Campo de aplicação do Código de Defesa do Consumidor. 2. A vulnerabilidade do con-
sumidor. 3. Formação da relação jurídica de consumo. 3.1. Conceito de consumidor. 3.2. 
Conceito de fornecedor. 3.3. Conceito de produto e serviço. 3.4. A Internet e as relações 
de consumo. 4. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. 5. Direitos bási-
cos dos consumidores.
2.
Responsabilidade pelo fato do produto e do serviço.
1. Proteção à saúde e segurança dos consumidores. 2. Responsabilidade pelo fato do 
produto. 2.1. Excludentes de responsabilidade dos fornecedores (PRODUTO). 2.2. Res-
ponsabilidade do comerciante. 3. Responsabilidade pelo fato do serviço. 3.1. Excludentes 
de responsabilidade dos fornecedores (SERVIÇO). 4. Responsabilidade dos profissionais 
liberais. 4.1. Responsabilidade na contratação de serviços advocatícios.
3.
Responsabilidade por vício do produto e do serviço. Decadência e prescrição. 
Desconsideração da personalidade jurídica.
1. Responsabilidade por vício do produto e do serviço. 1.1. Solidariedade entre forne-
cedores. 2. O vício de qualidade do produto no CDC. 2.1. Vício aparente e vício oculto. 
2.2. Saneamento do vício de qualidade do produto (a tríplice opção do consumidor). 3. 
Vício de quantidade do produto. 4. Vício do serviço no CDC. 5. Serviços públicos no CDC. 
6. Decadência e prescrição. 6.1. Da relação entre os prazos de garantia legal e garantia 
contratual. 7. Decreto n. 6.523/2008 – Normas Gerais sobre o Serviço de Atendimento 
ao Consumidor (SAC). 8. Desconsideração da personalidade jurídica no CDC.
4.
Oferta e publicidade no CDC. Práticas comerciais abusivas.
1. Oferta e publicidade no CDC. 2. O princípio da vinculação e o dever de informação. 3. 
Recusa no cumprimento da oferta. 4. A regra geral de publicidade no CDC. 5. O dever 
de informação na publicidade. 6. Publicidade enganosa e publicidade abusiva no CDC. 
7. Práticas comerciais abusivas no CDC. 8. O rol exemplificativo de práticas abusivas no 
CDC e outros normativos. 9. A cobrança de dívidas de consumo. 10. A regra da repetição 
do indébito.
5.
Bancos de dados e cadastros de consumo.
1. Considerações iniciais. 2. Distinção entre bancos de dados e cadastros de consumo. 
3. Informações negativas e informações positivas (Lei n. 12.414/2011). 3.1. Sistema 
Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec). 3.2. Cadastro de Reclama-
ções Fundamentadas. Privacidade e proteção de dados pessoais. 4. Privacidade e prote-
ção de dados pessoais. 5. Responsabilidade objetiva e solidária entre bancos de dados e 
fornecedores. 6. Direito de acesso, comunicação e retificação das informações. 7. Limites 
temporais dos registros e prazo prescricional.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
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6.
Proteção contratual e cláusulas abusivas.
1. A proteção contratual no CDC. 2. Interpretação do contrato em favor do consumidor. 3. 
Arrependimento e desistência do contrato. 4. Da aplicação do CDC às cláusulas abusivas. 
4.1. O rol exemplificativo do art. 51 do CDC. 4.2. Os normativos que estabelecem cláusu-
las abusivas nos contratos de consumo. 5. Limites e regras dos contratos de adesão. 5.1. 
Da apresentação do contrato de adesão. 5.2. Das cláusulas contratuais que necessitam 
de destaque. 6. Crédito e financiamento ao consumidor. 6.1. Breves considerações sobre 
as situações de superendividamento. 7. Contratos em espécie: Contratos bancários. Con-
trato de transporte. Contrato de seguro. Contrato de planos de saúde.
7.
Das sanções administrativas no CDC. Defesa do consumidor em juízo. Ações 
coletivas.
1. Sanções administrativas no CDC. 1.1. Da competência normativa. 1.2. Da competência 
fiscalizatória. 1.3. Do rol de sanções administrativas previstas no CDC. 1.4. Do Sistema 
Nacional de Defesa do Consumidor – SNDC (Decreto n. 2.181, de 20 de março de 1997, 
alterado pelo Decreto n. 7.738, de 28 de maio de 2012). 2. Direitos difusos, coletivos e 
individuais homogêneos. 3. Defesa coletiva dos consumidores. 4. Os agentes legitimados 
para a defesa coletiva dos consumidores. 4.1. Da legitimidade do Ministério Público. 4.2. 
Da legitimidade das pessoas jurídicas da Administração Pública. 4.3. Da legitimidade das 
associações. 5. Ações de responsabilidade do fornecedorde produtos e serviços. 6. Coisa 
julgada e limites subjetivos e territoriais das decisões em ações coletivas. 6.1. Da limita-
ção territorial da coisa julgada. 7. Custas processuais, honorários advocatícios e periciais. 
8. Termos de ajustamento de conduta.
Pois bem, meu(inha) caro(a), a princípio essa quantidade e diversidade de te-
mas pode até assustar, mas o nosso estudo sobre a Lei n. 8.078/1990 será siste-
matizado, seguindo a lógica de estruturação proposta pelo próprio legislador, qual 
seja, a análise do campo de aplicação da lei, bem como dos princípios e direitos 
básicos dos consumidores, como se compusessem uma espécie de parte geral da 
lei (arts. 1º a 7º do CDC), ou seja, como se todos os principais institutos trazidos 
pela norma estivessem ali mencionados de maneira sucinta, porém estratégica, 
tendo seu detalhamento nos artigos 8º e seguintes do Código. Vamos então para 
a AULA 1!
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1. Campo de Aplicação do Código de Defesa do Consumi-
dor
Prezado(a), iniciamos nossa conversa com uma breve colocação da abrangên-
cia e importância do direito do consumidor no nosso ordenamento jurídico. Como 
sabido, o direito do consumidor é uma disciplina transversal entre direito privado 
e direito público, que visa proteger um sujeito de direitos (o consumidor) nas re-
lações de consumo, apresentando-se como um reflexo do direito constitucional de 
proteção afirmativa dos consumidores (art. 5º, XXXII e art. 170, V, da Constituição 
Federal de 1988 – CF/1988).
O contexto de criação do CDC remonta a um período de intensos debates legis-
lativos e não poderia ser diferente, eis que um novo agente de direitos surgia no 
início da década de 90 com proteção especial no âmbito das relações de consumo 
e num contexto de clara intervenção do estado no relacionamento entre cidadãos 
e empresas.
Além da garantia fundamental de que o Estado deve promover a defesa dos con-
sumidores, também nos termos da CF/1988 temos que as atividades econômicas 
desenvolvidas no Brasil devem se organizar de modo a respeitarem a fragilidade do 
consumidor seja ela de comércio, distribuição, fabricação, prestação de serviços, 
dentre outras, em respeito ao princípio da ordem econômica constitucional, nos 
termos do art. 170, inc. V, da CF/1988.
É nesse contexto que o CDC aparece como um novo marco regulatório do mer-
cado de consumo, garantindo uma série de importantes direitos aos consumidores 
e apresentando uma série de responsabilidades aos fornecedores, num arcabouço 
normativo muito consistente que certamente mudou a realidade de muitos cida-
dãos e suas relações de consumo.
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Pois bem, meu(inha) caro(a), nesse momento entramos na linha de convergên-
cia de um dos temas da nossa aula, pois a aplicação do CDC pressupõe determinar 
seu campo de aplicação, ou seja, quem pode ser considerado consumidor numa 
relação comercial, quem figura como fornecedor direto, quem atua como distri-
buidor, quem integra a cadeia de produção e como se dá a responsabilidade entre 
os fornecedores, dentre outros pressupostos de extrema relevância para a decisão 
quanto à aplicação ou não do Código.
O outro tema de relevância que trataremos nesta aula será a principiologia 
existente no Código de Defesa do Consumidor, bem como faremos uma análise da 
importância e amplitude dos direitos básicos dos consumidores, ambos previstos 
nos artigos 4º e 6º do CDC.
Em relação ao campo de aplicação, um exercício constante que devemos fazer é 
definir quem é o sujeito ou quem são os sujeitos da relação contratual e extracon-
tratual de consumo, eis que o resultado dessa análise prévia definirá se a situação 
é passível ou não de aplicação da lei de proteção do consumidor.
Vamos então para o primeiro ponto da verificação quanto ao campo de aplicação 
da lei: a identificação da vulnerabilidade do consumidor.
2. A Vulnerabilidade do Consumidor
Com base na raiz constitucional do direito do consumidor, um dos desafios do 
legislador do CDC foi compatibilizar as obrigações civis e comerciais previstas no 
Código Civil em face das garantias de igualdade e de tutela especial dos direitos dos 
consumidores em suas relações civis.
Nesse sentido, a igualdade perante a nova lei que surgiria só poderia existir a 
partir da distinção entre os fracos e os fortes na relação de consumo, dando espaço 
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para a conceituação das figuras do consumidor e do fornecedor, sempre pautada na 
dignidade da pessoa humana e na ideia de proteção do vulnerável, da identificação 
da desigualdade entre ambos.
Portanto, a definição do campo de aplicação da lei importa numa análise sub-
jetiva e relacional envolvendo os participantes da relação jurídica, notadamente 
a verificação da vulnerabilidade da pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produto ou serviço como destinatária final, eis que o pressuposto do equilíbrio na 
relação de consumo é o reconhecimento da desigualdade entre o ocupante da po-
sição de consumidor e o ocupante da posição de fornecedor.
O CDC, portanto, parte do pressuposto de que o consumidor é um sujeito vul-
nerável ao adquirir produtos e serviços ou simplesmente se expor a práticas do 
mercado. A vulnerabilidade, nesse caso, traduz-se na fragilidade de o consumidor 
diante de práticas lesivas perpetradas por fornecedores, podendo aquele ser atin-
gido em sua incolumidade física ou psíquica, bem como no âmbito econômico.
Vejamos como as bancas exploraram o tema da vulnerabilidade.
Questão 1 (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-PR/FCC/2017) De acordo com a evolução 
dos fatores de produção, de distribuição, de comercialização e de consumo, ocorri-
da no direito privado, é correto afirmar:
a) Não há relação de consumo entre condomínio edilício e empresa de construção 
civil contratada para realizar reforma em suas partes comuns, tendo em vista que, 
por ser o condomínio ente despersonalizado, não resta preenchido o requisito pes-
soa física ou jurídica para o advento da condição de consumidor.
b) O superenvidamento é fenômeno contemporâneo que atinge a sociedade de 
consumo de massa. As dívidas fiscais, especialmente em época de crise econômica, 
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são o principal passivo que impedem o consumidor de adimplir com as suas obri-
gações, dando origem ao superenvidamento.
c) O terceiro intermediário ou ajudante da relação de consumo, como, por exem-
plo, os órgãos de proteção ao crédito, por não fazer parte da destinação final do 
produto ou do serviço, não é considerado como fornecedor.
d) Não configura relação de consumo o serviço gratuito prestado por provedor de 
internet, pois o conceito de serviço, adotado pelo Código de Defesa do Consumidor, 
pressupõe remuneração.
e) A vulnerabilidade do consumidor decorre de presunção iure et de iure e tem 
repercussão simplesmente no direito material. Para o seu reconhecimento, basta a 
condição jurídica de destinatário final de produtos ou de serviços.
Letra e.
Na análise desta questão, é importante se atentar aos conceitos de consumidor e 
fornecedor previstos no CDC e os requisitos para a formação da relação jurídica de 
consumo, assim como compreender o alcance do reconhecimento da vulnerabilida-
de do consumidor, em conjunto com a constatação da destinação final do produto 
ou serviço.
Questão 2 (AGENTE FISCAL/PREFEITURA DE OSASCO-SP/FGV/2014) Um dos 
princípios que norteiam a Política Nacional das Relações de Consumo é o da:
a) instrumentalidade de formas;
b) economia processual;
c) irretroatividade;
d) vulnerabilidade
e) relatividade.
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Letra d.
Trata-se de questão fácil, principalmente se o(a) candidato(a) se atentar ao rol de 
princípios da Política Nacional das Relações de Consumo que o CDC traz expressa-
mente em seu artigo 4º.
Questão 3 (EXAME DE ORDEM UNIFICADO XII/1ª FASE/OAB/FGV/2013) Maria 
e Manoel, casados, pais dos gêmeos Gabriel e Thiago que têm apenas três meses 
de vida, residem a seis meses no Condomínio Vila Feliz. O fornecimento do serviço 
de energia elétrica na cidade onde moram é prestado por uma única concessioná-
ria, a Companhia de Eletricidade Luz S.A. Há uma semana, o casal vem sofrendo 
com as contínuas e injustificadas interrupções na prestação do serviço pela con-
cessionária, o que já acarretou a queima do aparelho de televisão e da geladeira, 
com a perda de todos os alimentos nela contidos. O casal pretende ser indenizado.
Nesse caso, à luz do princípio da vulnerabilidade previsto no Código de Proteção e 
Defesa do Consumidor, assinale a afirmativa correta.
a) Prevalece o entendimento jurisprudencial no sentido de que a vulnerabilidade 
no Código do Consumidor é sempre presumida, tanto para o consumidor pessoa 
física, Maria e Manoel, quanto para a pessoa jurídica, no caso, o Condomínio Vila 
Feliz, tendo ambos direitos básicos à indenização e à inversão judicial automática 
do ônus da prova.
b) A doutrina consumerista dominante considera a vulnerabilidade um conceito 
jurídico indeterminado, plurissignificativo, sendo correto afirmar que, no caso em 
questão, está configurada a vulnerabilidade fática do casal diante da concessio-
nária, havendo direito básico à indenização pela interrupção imotivada do serviço 
público essencial.
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c) É dominante o entendimento no sentido de que a vulnerabilidade nas relações 
de consumo é sinônimo exato de hipossuficiência econômica do consumidor. Logo, 
basta ao casal Maria e Manoel demonstrá-la para receber a integral proteção das 
normas consumeristas e o consequente direito básico à inversão automática do 
ônus da prova e a ampla indenização pelos danos sofridos.
d) A vulnerabilidade nas relações de consumo se divide em apenas duas espécies: 
a jurídica ou científica e a técnica. Aquela representa a falta de conhecimentos ju-
rídicos ou outros pertinentes à contabilidade e à economia, e esta, à ausência de 
conhecimentos específicos sobre o serviço oferecido, sendo que sua verificação é 
requisito legal para inversão do ônus da prova a favor do casal e do consequente 
direito à indenização.
Letra b.
Trata-se de questão relativamente simples, cabendo ao(à) candidato(a) se atentar 
ao conceito de consumidor previsto no CDC, bem como os requisitos para a forma-
ção da relação jurídica de consumo, assim como compreender o alcance do reco-
nhecimento da vulnerabilidade do consumidor, em conjunto com a constatação da 
destinação final do produto ou serviço.
A palavra “mercado” tem vários sentidos, podendo designar um espaço físico 
onde comerciantes se reúnem para oferecer produtos ou serviços, pode indicar 
um ramo específico de certa atividade empresarial (ex.: mercado imobiliário, 
mercado automobilístico etc), ou, de uma forma mais ampla, pode representar o 
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conjunto de atividades econômicas que envolvem o fornecimento de produtos 
e serviços em diversos aspectos (por meio de loja física, por meio eletrônico, de 
natureza bancária, comercial, educacional, creditícia etc.).
Dito isso, façamos uma pausa para uma observação quanto ao tratamento que 
a doutrina consumerista dá ao reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor, 
pela qual a vulnerabilidade se divide em quatro âmbitos: técnico, jurídico, fático e 
informacional.
O reconhecimento da vulnerabilidade técnica parte da ideia de que o consu-
midor não tem conhecimentos específicos sobre o produto ou serviço adquirido, 
conhecimento este que, em geral, o fornecedor possui, tendo como exemplo mais 
clássico a relação entre médico e paciente.
A vulnerabilidade jurídica seria aquela em que o consumidor não entende quais 
as consequências de firmar um contrato ou estabelecer uma relação de consumo, 
tendo como resultado um embate desigual ao passo que o fornecedor trabalha 
frequentemente com seu ramo econômico, contando com assessoramento jurídico 
especializado, enquanto o consumidor detém poucos recursos ao seu dispor.
O reconhecimento da vulnerabilidade fática, pela sua natureza mais abrangen-
te, é reconhecida no caso concreto. É espécie importante, pois além de apresentar 
uma conceituação genérica, as particularidades da relação de consumo indicarão 
a necessidade de um tratamento especial, tendo como exemplos mais clássicos o 
consumidor idoso, as crianças etc.
A vulnerabilidadeinformacional diz respeito ao contexto de globalização dos 
meios de comunicação, notadamente em relação à rapidez e fluidez do acesso à 
informação. Nesse contexto, o dever de informar ganha contornos importantíssi-
mos e fundamentais, refletindo mais ainda a necessidade de se proteger o agente 
mais fraco
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Acerca da vulnerabilidade, é importante observar que os pontos acima observados 
são apenas critérios didáticos que auxiliam na identificação do ponto de fragilida-
de do consumidor, eis que, na prática, a demonstração da vulnerabilidade é 
presumida pela própria lei (art. 4º, I). Vejamos o seguinte exemplo: uma 
pessoa muito rica e estudada resolve fazer uma refeição em um estabelecimento 
comercial bastante humilde. O fato de ter posses e ser estudado não lhe retira a 
condição de vulnerável frente ao restaurante, eis que o consumidor, neste caso, 
não detém as informações acerca do preparo do alimento, não conhece a ido-
neidade dos fornecedores de insumos para o restaurante, nem tem condições de 
acompanhar o preparo do alimento. O fornecedor, por sua vez, coloca-se se colo-
ca em posição de domínio em relação ao consumidor, por deter toda a expertise 
da cadeia de fornecimento daquele produto.
Vale ressaltar que o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor, além de 
representar a principal fonte de verificação deste ator na relação de consumo, atua 
também como princípio norteador da Política Nacional das Relações de Consumo 
em sua missão de atender às necessidades dos consumidores, de garantir o respei-
to à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos 
e a melhoria da sua qualidade de vida.
3. Formação da Relação Jurídica de Consumo
Considerando que o CDC instituiu o princípio da proteção da confiança do con-
sumidor, tendo como um dos seus aspectos mais importantes a garantia da ade-
quação do produto ou serviço adquirido, a relação de consumo se destaca pelos 
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princípios que devem norteá-la, dentre eles, transparência, confiança, harmonia 
nas relações de consumo, reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor, bem 
como a harmonização de interesses, sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas 
relações entre consumidores e fornecedores, princípios estes previstos expressa-
mente no art. 4º do CDC.
Pois bem, a partir dessa premissa básica de que todas as pessoas físicas ou ju-
rídicas, para figurarem como consumidores devem ter reconhecida sua vulnerabili-
dade na relação de consumo frente aos fornecedores, vamos agora nos concentrar 
na identificação de todos os aspectos de uma relação jurídica de consumo, quais 
sejam, a existência de um consumidor e de um fornecedor mantendo uma relação 
negocial, tendo como foco a aquisição ou a utilização de um produto ou um serviço.
3.1. Conceito de Consumidor
O Código de Defesa do Consumidor prevê quatro conceitos de consumidor:
Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que inde-
termináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se a consumidores todas as vítimas do 
evento.
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se a consumidores todas 
as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
O conceito padrão, também denominado de standard, encontra-se previsto no 
caput do art. 2º do Código, pelo qual consumidor é toda pessoa física ou jurídica 
que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Esse conceito, 
adotado na doutrina brasileira pela teoria finalista, restringe a interpretação da ex-
pressão “destinatário final” ao consumidor não profissional, aquele que adquire ou 
utiliza o produto ou serviço para uso próprio ou da família.
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Para a doutrinadora Cláudia Lima Marques, importante jurista do movimen-
to consumerista, o destinatário final é aquele destinatário fático e econômico, ou 
seja, não basta que o consumidor apenas retire o produto da cadeia de produção, 
é necessário que ele seja o destinatário final econômico, que não adquira para uso 
profissional ou como um instrumento de produção.
O conceito standard também é objeto de análise da doutrina por meio da teo-
ria maximalista, pela qual o destinatário final seria somente o destinatário fático, 
pouco importando a destinação econômica do bem. No entendimento de Cláudia 
Lima Marques, para os maximalistas, o CDC seria uma espécie de “código geral de 
consumo”, com normas e princípios para todos os agentes do mercado, assumindo 
papéis ora de fornecedores ora de consumidores, estendendo (ou maximalizando), 
portanto, a interpretação acerca da destinação final do produto ou do serviço, não 
importando se o consumidor os adquiriria ou utilizaria com ou sem fins de lucro.
No entanto, em que pesem os argumentos de parte a parte, a interpretação 
mais acertada e consequentemente mais difundida tanto na doutrina como na ju-
risprudência dos tribunais superiores seria a que realiza interpretação teleológica 
da regra do art. 2º do CDC com o sistema tutelar consumerista, buscando a ratio 
principal da norma. Nesse caso, o destinatário final, para efeitos de definição do 
conceito de consumidor, seria somente aquele que, segundo o art. 4º do CDC, fosse 
reconhecido como vulnerável numa relação de consumo, não importando sua con-
dição de pessoa física ou jurídica.
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça – STJ tem adotado uma linha 
de interpretação que prevê a aplicação do CDC às empresas ou aos profissionais 
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que empregam os produtos e serviços para incremento de suas atividades, exami-
nando, em cada caso específico, se os empresários estão realmente em situação 
de vulnerabilidade,isto é, se contratam em situação notoriamente fragilizada 
com fornecedores que detenham maiores conhecimentos específicos do produto.
Assim, não é incomum encontrar decisões do STJ entendendo que um pequeno 
agricultor que adquire sementes de uma multinacional beneficiadora de alimentos 
poderia ocupar a posição de consumidor em uma relação de consumo, bem como 
entendendo que um dentista interessado na compra de uma máquina importada de 
radiografia poderia ser considerado consumidor nos termos do CDC, por conta da 
acentuada vulnerabilidade que ambos apresentam naquela relação específica com 
os fornecedores.
Acerca desse entendimento, merece destaque o seguinte trecho do voto da 
Ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça, no Recurso Especial 
n. 476.428/SC:
[...] não se pode olvidar que a vulnerabilidade não se define tão somente pela 
capacidade econômica, nível de informação, cultura ou valor do contrato em 
exame. Todos esses elementos podem estar presentes e o comprador ainda 
ser vulnerável pela dependência do produto, pela natureza adesiva do contrato 
imposto, pelo monopólio da produção do bem ou sua qualidade insuperável, 
pela extremada necessidade do bem ou serviço, pelas exigências da moderni-
dade atinentes à atividade, dentre outros fatores.
Vejamos como as bancas abordaram essa temática.
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Questão 4 (AUXILIAR TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO/ÁREA ADMINISTRA-
TIVA/TCE-PA/CESPE/2016) À luz do Código de Defesa do Consumidor (CDC) e do 
Estatuto do Idoso, julgue o item a seguir.
Uma sociedade empresária que compra peças de outra sociedade empresária e as 
utiliza na montagem do produto que revende poderá invocar, em seu favor, normas 
do CDC no caso de ajuizamento de ação contra a pessoa jurídica que lhe vende as 
peças.
Errado.
Trata-se de questão que exige atenção do(a) candidato(a), pois não se trata de 
analisar a vulnerabilidade da pessoa jurídica, mas, sim, analisar se existe o ele-
mento da destinação final, não podendo ser considerada como consumidora a pes-
soa jurídica que inserir o produto em seu processo de fabricação.
Questão 5 (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-BA/FCC/2016) Sebastião juntou dinheiro 
que arrecadou ao longo de 20 anos trabalhando como caminhoneiro para adquirir 
um caminhão, zero quilômetros, que passou a utilizar em seu trabalho, realizando 
fretes no interior do Estado da Bahia. Ainda no prazo de garantia, o veículo apre-
sentou problemas e ficou imobilizado. Sua esposa, Raimunda, microempresária do 
ramo da costura, adquiriu uma máquina bordadeira de valor elevado de uma gran-
de produtora mundial, que depois de poucas semanas de funcionamento, também 
parou de funcionar.
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Diante desses fatos, é correto afirmar que
a) Ambos podem ser considerados consumidores, desde que se configurem como 
usuários finais dos produtos adquiridos e comprovem hipossuficiência econômica 
em relação ao fornecedor, uma vez que, embora o Código de Defesa do Consumidor 
adote a teoria finalista como regra geral, a lei reconhece expressamente a hipóte-
se de consumo intermediário mediante prova da hipossuficiência econômica e do 
desequilíbrio na relação.
b) ambos podem ser considerados consumidores, ainda que não se configurem 
como usuários finais dos produtos adquiridos, uma vez que, embora o Código de 
Defesa do Consumidor adote a teoria finalista, em casos semelhantes, o Superior 
Tribunal de Justiça já admitiu a mitigação desta teoria diante da prova da hipossu-
ficiência e do desequilíbrio na relação, caracterizando hipótese de consumo inter-
mediário.
c) nenhum dos dois pode se enquadrar no conceito de consumidor previsto no Có-
digo de Defesa do Consumidor, pois não são destinatários finais dos produtos; a lei 
adotou a teoria finalista, e a jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça 
não admite a hipótese de consumo intermediário, afastando as disposições consu-
meristas para os produtos adquiridos para a utilização em cadeia de produção.
d) ambos podem ser considerados consumidores, ainda que não se configurem 
como usuários finais dos produtos adquiridos, uma vez que a jurisprudência do 
Superior Tribunal de Justiça entende que o Código de Defesa do Consumidor não 
adotou a teoria finalista, bastando a prova da hipossuficiência e do desequilíbrio na 
relação e, portanto, se apresentando como irrelevante que o consumo tenha ocor-
rido na cadeia de produção.
e) Sebastião pode ser considerado consumidor mesmo que não seja usuário final 
do produto adquirido, uma vez que, embora o Código de Defesa do Consumidor 
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adote a teoria finalista, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça admite a 
mitigação desta teoria diante da prova da hipossuficiência e do desequilíbrio na 
relação, caracterizando hipótese de consumo intermediário, mas Raimunda não 
poderá ser considerada consumidora, por se tratar de pessoa jurídica.
Letra b.
Na análise desta questão é importante se atentar para o posicionamento do STJ 
acerca da aplicação da teoria finalista aprofundada, que permite considerar como 
consumidor a pessoa jurídica que apresenta acentuada vulnerabilidade em deter-
minada relação comercial específica com determinados fornecedores.
Questão 6 (EXAME DE ORDEM UNIFICADO IX/1ª FASE/OAB/FGV/2012) A so-
ciedade empresária XYZ Ltda. oferta e celebra, com vários estudantes universitá-
rios, contratos individuais de fornecimento de material didático, nos quais garante 
a entrega, com 25% de desconto sobre o valor indicado pela editora, dos livros 
didáticos escolhidos pelos contratantes (de lista de editoras de antemão definidas). 
Os contratos têm duração de 24 meses, e cada estudante compromete-se a pagar 
valor mensal, que fica como crédito, a ser abatido do valor dos livros escolhidos. 
Posteriormente, a capacidade de entrega da sociedade diminuiu, devido a dívidas e 
problemas judiciais. Em razão disso, ela pretende rever judicialmente os contratos, 
para obter aumento do valor mensal, ou então liberar-se do vínculo.
Acerca dessa situação, assinale a afirmativa correta.
a) A empresa não pode se valer do Código de Defesa do Consumidor e não há base, 
à luz do indicado, para rever os contratos.
b) Aplica-se o CDC, já que os estudantes são destinatários finais do serviço, mas 
o aumento só será concedido se provada a dificuldade financeira e que, ademais, 
ainda assim o contratoseja proveitoso para os compradores.
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c) Aplica-se o CDC, mas a pretendida revisão da cláusula contratual só poderá ser 
efetuada se provado que os problemas citados têm natureza imprevisível, caracte-
rística indispensável, no sistema do consumidor, para autorizar a revisão.
d) A revisão é cabível, assentada na teoria da imprevisão, pois existe o contrato de 
execução diferida, a superveniência de onerosidade excessiva da prestação, a ex-
trema vantagem para a outra parte, e a ocorrência de acontecimento extraordinário 
e imprevisível.
Letra a.
Trata-se de questão que exige atenção quanto ao posicionamento do STJ acerca 
da aplicação da teoria finalista aprofundada, que apenas permite considerar como 
consumidor a pessoa jurídica que apresenta acentuada vulnerabilidade em deter-
minada relação comercial específica com determinados fornecedores.
Questão 7 (EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXII/1ª FASE/OAB/FGV/2017) Alvi-
na, condômina de um edifício residencial, ingressou com ação para reparação de 
danos, aduzindo falha na prestação dos serviços de modernização dos elevadores. 
Narrou ser moradora do 10º andar e que hospedou parentes durante o período dos 
festejos de fim de ano. Alegou que o serviço nos elevadores estava previsto para 
ser concluído em duas semanas, mas atrasou mais de seis semanas, o que implicou 
falta de elevadores durante o período em que recebeu seus hóspedes, fazendo com 
que seus convidados, todos idosos, tivessem que utilizar as escadas, o que gerou 
transtornos e dificuldades, já que os hóspedes deixaram de fazer passeios e outras 
atividades turísticas diante das dificuldades de acesso. Sentindo-se constrangida e 
tendo que alterar todo o planejamento de atividades para o período, Alvina afirmou 
ter sofrido danos extrapatrimoniais decorrentes da mora do fornecedor de serviço, 
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que, ainda que regularmente notificado pelo condomínio, quedou-se inerte e não 
apresentou qualquer justificativa que impedisse o cumprimento da obrigação de 
forma tempestiva.
Diante da situação apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) Existe relação de consumo apenas entre o condomínio e o fornecedor de servi-
ço, não tendo Alvina legitimidade para ingressar com ação indenizatória, por estar 
excluída da cadeia da relação consumerista.
b) Inexiste relação consumerista na hipótese, e sim relação contratual regida pelo 
Código Civil, tendo a multa contratual pelo atraso na execução do serviço cunho 
indenizatório, que deve servir a todos os condôminos e não a Alvina, individual-
mente.
c) Existe relação de consumo, mas não cabe ação individual, e sim a perpetrada 
por todos os condôminos, em litisconsórcio, tendo como objeto apenas a cobrança 
de multa contratual e indenização coletiva.
d) Existe relação de consumo entre a condômina e o fornecedor, com base da teo-
ria finalista, podendo Alvina ingressar individualmente com a ação indenizatória, já 
que é destinatária final e quem sofreu os danos narrados.
Letra d.
Trata-se de questão que a FGV procurou se concentrar na constatação de destina-
tário final do serviço, além dos conceitos de consumidor e fornecedor previstos no 
CDC e os requisitos para a formação da relação jurídica de consumo.
Também a respeito do tema, Cláudia Lima Marques salienta que em casos di-
fíceis envolvendo pequenas empresas que utilizam insumos para a sua produção, 
mas não em sua área de expertise ou com utilização mista, principalmente na 
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área de serviços, caso provada sua vulnerabilidade, conclui-se pela prevalência da 
destinação final de consumo, estendendo a ela toda a proteção dada pelo CDC aos 
consumidores, utilizando-se, como exemplo, a empresa de alimentos que contrata 
serviços de informática que não serão usados em sua linha de produção.
Pois bem, todo esse debate permeia o conceito padrão, standard, utilizado pelo 
CDC na definição da figura do consumidor.
Vejamos como a banca abordou o conceito padrão de consumidor, na oportuni-
dade, em conjunto com a inversão do ônus da prova.
Questão 8 (EXAME DE ORDEM UNIFICADO XX/1ª FASE/OAB/FGV/2016) Inês, 
pretendendo fazer pequenos reparos e manutenção em sua residência, contrai em-
préstimo com essa finalidade. Ocorre que, desconfiando dos valores pagos nas 
prestações, procura orientação jurídica e ingressa com ação revisional de cédula de 
crédito bancário, questionando a incidência de juros remuneratórios, ao argumento 
de serem mais altos que a média praticada no mercado. Requereu a inversão do 
ônus da prova e, ao final, a procedência do pedido para determinar a declaração 
de nulidade da cláusula.
A respeito desta situação, é correto afirmar que o Código de Defesa do Consumidor
a) não é aplicável na relação jurídica entre Inês e a instituição financeira, motivo 
pelo qual o questionamento deve seguir a ótica dos direitos obrigacionais previstos 
no Código Civil, o que inviabiliza a inversão do ônus da prova.
b) é aplicável na relação jurídica entre Inês e a instituição financeira, cabível a 
inversão do ônus da prova, se preenchidos os requisitos legais e, em caso de nu-
lidade da cláusula, todo contrato será declarado nulo, tendo em vista que prática 
abusiva é questão de ordem pública.
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c) é aplicável na relação jurídica entre Inês e a instituição financeira, cabível a 
inversão do ônus da prova caso a consumidora comprove preenchimento dos re-
quisitos legais, sendo certo que a declaração de nulidade da cláusula não invalida 
o contrato, salvo se importar em ônus excessivo para o consumidor, apesar dos 
esforços de integração.
d) não é aplicável na relação jurídica entre Inês e a instituição financeira, motivo 
pelo qual o questionamento orienta-se pela norma especial de direito bancário, em 
prejuízo da inversão do ônus da prova pleiteado, ainda que formalmente estives-
sem cumpridosos requisitos legais.
Letra c.
Na análise desta questão é importante se atentar para a formação da relação jurí-
dica de consumo, identificando as posições do consumidor e do fornecedor diante 
do caso concreto, assim como avaliar se os direitos básicos previstos nos incisos 
V (modificação das cláusulas contratuais) e VIII (inversão do ônus da prova) do 
art. 6º do CDC se aplicam ao caso em tela.
Em relação aos consumidores equiparados, conceito trazido pelo § único do 
art. 2º e pelo art. 17 do Código, estes seriam todas as pessoas que, mesmo não 
figurando como consumidores diretamente na aquisição ou utilização de produtos 
ou serviços, poderiam de alguma forma serem atingidas ou prejudicadas pelas ati-
vidades dos fornecedores no mercado de consumo, levando-se em consideração 
sua condição de vulnerabilidade frente a conduta do fornecedor.
A aplicação direta desse conceito se daria nos casos em que crianças adoecem 
por conta da ingestão de alimentos impróprios ao consumo, ou pessoas que pela 
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sua localização em determinado local, sejam atingidas por eventos catastróficos, 
como uma queda de avião, a explosão de uma praça de alimentação etc.
Vejamos como as bancas exploraram o conceito de consumidor equiparado.
Questão 9 (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-AL/CESPE/2017) A necessidade de prote-
ção dos destinatários finais dos produtos e serviços ofertados no mercado de con-
sumo abarca as pessoas humana e jurídica, com o objetivo de tutelar a vulnerabi-
lidade e a hipossuficiência dos consumidores. A partir dessa informação, assinale a 
opção correta, a respeito dos integrantes e do objeto da relação de consumo.
a) Aplica-se o CDC para a relação entre condômino e condomínio no que diz res-
peito à cobrança de taxas, em decorrência da vulnerabilidade do condômino em 
relação ao condomínio.
b) Em circunstâncias específicas, pessoas que não firmaram qualquer contrato de 
consumo podem ser equiparadas a consumidores, para fins de proteção.
c) O conceito de fornecedor não abarca as pessoas jurídicas que atuam sem fins 
lucrativos, com caráter beneficente ou filantrópico, ainda que elas desenvolvam, 
mediante remuneração, atividades no mercado de consumo.
d) Com base na teoria finalista, a condição de destinatário final do produto não é 
requisito essencial para a classificação da pessoa física ou jurídica como consumi-
dora.
e) A teoria maximalista amplia sobremaneira o alcance da relação de consumo, 
mas não abarca as pessoas jurídicas, devido ao fato de considerar que estas jamais 
se encontrarão em situação de vulnerabilidade frente ao fornecedor.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
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Letra b.
Trata-se de questão fácil, principalmente se o(a) candidato(a) se atentar para os 
conceitos de consumidor expressos nos artigos 2º, caput e 17 do CDC, lembrando 
que as pessoas submetidas a acidentes de consumo podem ou não ter adquirido 
qualquer produto ou contratado qualquer serviço com o fornecedor que causou 
o dano.
Questão 10 (ATENDENTE COMERCIAL I/CENTRAIS ELÉTRICAS DE SANTA CA-
TARINA/FEPESE/2013) Assinale a alternativa correta.
a) As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao for-
necedor.
b) A Política Nacional das Relações de Consumo reconhece a invulnerabilidade do 
consumidor no mercado de consumo.
c) Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante re-
muneração, excluindo as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, 
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
d) Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final. Equipara-se a consumidor a coletividade de pesso-
as, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
e) Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final. Equipara-se a consumidor a coletividade de pesso-
as, desde que determináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
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Letra d.
Trata-se de questão bem fácil, principalmente se o(a) candidato(a) se atentar para 
os conceitos de consumidor expressos nos artigos 2º, caput e 17 do CDC.
Questão 11 (PROCURADOR MUNICIPAL/PREFEITURA DE ARAGUARI-MG/IA-
DHED/2016) Em relação ao conceito de consumidor, assinale a opção correta:
a) Consumidor é toda pessoa física que adquire ou utiliza produto ou serviço como 
destinatário final;
b) Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, exceto as indetermináveis, 
que haja intervindo nas relações de consumo;
c) Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, 
que haja intervindo nas relações de consumo;
d) A pessoa jurídica não pode ser consumidora de produtos ou serviços, pois utili-
za-os como insumos para sua atividade principal.
Letra c.
Trata-se de questão muito fácil, devendo o(a) candidato(a) se atentar para os con-
ceitos de consumidor expressos nos artigos 2º, caput e 17 do CDC.
Questão 12 (PROCURADOR MUNICIPAL/PREFEITURA DE GUARAPARI-ES/
IBEG/2016) O Diploma Consumerista trouxe quatro definições de consumidor, sen-
do que três delas retratam o denominado consumidor por equiparação. Partindo 
dessa premissa, analise as assertivas e indique a alternativa incorreta:
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a) Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário intermediário ou final.
b) Segundo posicionamento consolidado no Superior Tribunal de Justiça, a com-
provação da vulnerabilidade da pessoa jurídica é pressuposto sine qua non para 
o enquadramento desta no conceito de consumidor previsto no CDC. Trata-se da 
adoção pela jurisprudência da Teoria Finalista, porém de forma atenuada, mitigada 
ou aprofundada que admite a pessoa jurídica como consumidora, desde que com-
provada sua fragilidade no caso concreto.
c) Nos termos dajurisprudência dominante, Hospital adquirente do equipamento 
médico de vultosos valores para fins de incrementar a atividade profissional lucra-
tiva, por se tratar de consumo intermediário, para desenvolvimento de sua própria 
atividade negocial, não se caracteriza, tampouco destinatário final como hipossufi-
ciente na relação contratual travada, pelo que não pode ser considerado “consumi-
dor”. Em outros termos, ausente a relação de consumo, não incidindo o CDC.
d) Consideram-se consumidores equiparados às vítimas do evento danoso — de 
um acidente de consumo —, independentemente da efetiva aquisição de um produ-
to ou da contratação de um serviço. Assim, pouco importa saber qual foi a pessoa 
que adquiriu o produto ou o serviço no mercado de consumo. Existindo vítima do 
evento danoso, esta será equiparada a consumidor e far-se-á necessária a incidên-
cia do CDC.
e) O CDC (art.29), quanto aos capítulos que se referem às práticas comerciais e 
contratuais, determina que se equipare a consumidor, todas as pessoas, determi-
náveis ou não, expostas às práticas comerciais e contratuais, em especial as abu-
sivas. Porém, deve-se interpretar tal comando em consonância com a aplicação do 
princípio da vulnerabilidade.
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Letra a.
Trata-se novamente de questão muito fácil, devendo o(a) candidato(a) se atentar 
para o conceito de consumidor expresso no artigo 2º, caput, do CDC.
No tocante ao conceito trazido pelo artigo 29 do CDC, ainda estão equiparadas 
a consumidores todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às chamadas 
práticas abusivas dos fornecedores, no caso, passíveis de lesões causadas por uma 
oferta inverídica, uma publicidade enganosa ou abusiva, um constrangimento na 
cobrança de uma dívida, a inscrição indevida em bancos de dados e cadastros de 
consumidores, além do rol de exemplos do artigo 39 do CDC. Para a equiparação 
ocorrer, basta que a coletividade se encontre, potencialmente, na iminência de so-
frer algum dano.
Estes seriam, portanto, os conceitos de consumidor trazidos pelo CDC. Vamos 
agora analisar a identificação do fornecedor na relação de consumo.
3.2. Conceito de Fornecedor
Considerando que a definição do campo de aplicação do CDC se faz a partir de 
uma análise relacional, a identificação do consumidor depende da presença de um 
fornecedor no outro polo da relação jurídica.
O legislador do CDC, em atenção ao comando constitucional de proteção ao 
consumidor, previu um amplo conceito de fornecedor com abrangência em pratica-
mente todas as cadeias de fornecimento de produtos e serviços, vejamos:
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou 
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de pro-
dução, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distri-
buição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
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Vejamos como a banca abordou a aplicação do conceito de fornecedor.
Questão 13 (ANALISTA DE GESTÃO EDUCACIONAL/DIREITO E LEGISLAÇÃO/
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO-GDF/CESPE/2017) Acerca do inadimplemento das 
obrigações e do Código de Defesa do Consumidor (CDC), julgue o próximo item.
De acordo com o CDC, o que diferencia a figura do consumidor daquela do forne-
cedor é que o primeiro é toda pessoa física que adquire ou utiliza produtos ou ser-
viços, enquanto que o segundo é toda pessoa jurídica que comercializa ou distribui 
produtos ou serviços.
Errado.
Outra questão muito fácil, que exige do(a) candidato(a) o conhecimento acerca dos 
conceitos de consumidor e fornecedor expressos nos artigos 2º e 3º do CDC.
A identificação do fornecedor, à luz do CDC, por conta do critério expresso do 
“desenvolvimento de atividade”, sinaliza que o aplicador da lei deve se concentrar 
no viés da habitualidade, no desenvolvimento de atividade profissional, como a 
comercialização, a produção, a importação, a transformação, a distribuição de pro-
dutos, dentre outras previstas no texto do caput do art. 3º da lei.
Trata-se, pois, de um conceito com larga amplitude, entretanto, contempla so-
mente o exercício habitual no mercado de consumo, ou seja, somente será forne-
cedor nos termos do CDC o agente econômico que pratica determinada atividade 
com profissionalismo e habitualidade.
Acompanhem dois bons exemplos para demonstrar a aplicação ou não do CDC 
sob o viés da habitualidade:
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•	 a escola que oferece cursos não gratuitos no mercado de consumo é consi-
derada fornecedora nos termos do CDC? Sim, pois pratica ou desenvolve ati-
vidade regular de ensino, com profissionalismo e habitualidade, seguindo as 
regras de regulação do ensino superior;
•	 se essa mesma escola resolve vender o veículo que serve para transporte de 
professores, poderia ser considerada fornecedora à luz do CDC? Não, eis que 
não atuará com habitualidade e dentro da sua natureza de comércio, ou seja, 
a atividade de compra e venda de veículos não será considerada para a sua 
identificação como fornecedora nos termos do CDC, aplicando-se o Código 
Civil em eventual litígio envolvendo a comercialização do veículo.
Diante disso, verifica-se que as normas do Código de Defesa do Consumidor não 
se aplicam às relações de compra e venda de objeto totalmente diferente daquele 
que não se reveste da natureza do comércio exercido pelo vendedor.
Deve-se considerar que o fornecedor não precisa necessariamente auferir lucro 
de sua atividade, mas apenas receber uma remuneração direta ou indireta pelo 
produto ou serviço colocado em circulação. Assim, não importa a forma de consti-
tuição da empresa (seja ela uma pequena ou grande empresa ou uma associação 
sem fins lucrativos), desde que desempenhe a atividade descrita no artigo.
Vejamos como a banca abordou a aplicação do conceito de fornecedor.
Questão 14 (DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/DPU/CESPE/2017) Com base em 
informações do sistema de escore de crédito, método estatístico de avaliação de 
risco, determinada instituição financeira recusou pedido de empréstimo em dinheiro 
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feito por João. Em razão da recusa, João ajuizou ação contra a instituição financei-
ra, alegando prática comercial ilegal por parte dela, e requereu a aplicação do CDC.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir à luz do entendimen-
to do STJ.
Dadas as partes envolvidas na referida situação, o CDC não poderá ser aplicado ao 
caso, que deverá ser tratado com base nas disposições contratuais do Código Civil.
Errado.
Trata-se de questão bem fácil, eis que não há dúvidas quanto à aplicabilidade do 
CDC às instituições financeiras, até porque a análise de crédito figura dentre as ati-
vidades prestadas por tais instituições, abrangidas no campo de aplicação do CDC.
Um ponto que merece destaque na identificação do fornecedor é o fato de que o 
CDC menciona a expressão “fornecedor” quando fixa regras para todos serem obri-
gados ou responsabilizados de forma objetiva e solidária. Ao mesmo tempo, 
deu tratamento especial a algumas situações envolvendo tipos de fornecedores, 
estabelecendo responsabilidade exclusiva a alguns ou impondo uma espécie de or-
dem de responsabilização. Vejamos os artigos que especificam o alvo específico da 
norma, ou seja, para qual espécie de fornecedor o legislador direciona a aplicação 
daquela regra:
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ARTIGOS DO CDC QUE ESPECIFICAM O FORNECEDOR
Art. 8º, parágrafo único Fabricante (prestar informações em produto industrial)
Art. 12 Responsabilidade do fabricante, produtor, construtor e importador
Art. 13 Responsabilidade do comerciante
Art. 14, § 4º Responsabilidade dos profissionais liberais
Art. 18, § 5º Fornecedor imediato = comerciante (produtos in natura)
Art. 19, § 2º
Fornecedor imediato = comerciante (pesagem de produtos e balança 
não aferida segundo padrões oficiais)
Art. 21 Fabricante (especificação técnica na reparação de produtos)
Art. 25, § 2º
Fabricante, construtor, importador e quem realizou a incorporação 
(dano em função de peça ou componente incorporado ao produto)
Art. 32 Fabricantes e importadores (peças de reposição)
Art. 33 Fabricante (nome na embalagem/oferta ou venda por telefone)
Ainda sobre a identificação do fornecedor na relação de consumo, cabe ainda 
mencionar que a teoria da aparência tem sido aplicada em julgados relativos às 
relações de consumo, pela qual se determina que os deveres de boa-fé, coopera-
ção, transparência e informação alcancem todos os fornecedores, diretos ou indi-
retos, principais ou auxiliares, ou seja, todos aqueles que participam da cadeia de 
fornecimento, entendimento esse adotado pelo STJ (REsp. 1.077.911).
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O CDC estabelece, ainda, que as pessoas jurídicas de direito público tam-
bém poderão ser enquadradas como fornecedores à luz do CDC quando do forne-
cimento de produtos ou serviços em que haja uma contraprestação direta pelos 
consumidores.
Nessa ótica, quais seriam os serviços públicos protegidos pelo CDC? Justamente 
aqueles prestados mediante contraprestação ou remuneração diretamente efetu-
ada pelos consumidores por tarifa ou preço público e que a sua medição seja re-
alizada individualmente (também denominados de serviços uti singuli): água, luz, 
telefone, transporte público etc. A respeito desse tema, mais adiante trataremos 
especificamente dos serviços submetidos ao Código.
A respeito do campo de aplicação do CDC, vale frisar o entendimento do Superior 
Tribunal de Justiça externado por meio da Súmula n. 563 – O Código de Defesa 
do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência complemen-
tar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fecha-
das. (Súmula 563, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/02/2016, DJe 29/02/2016).
Ao reconhecer a aplicação do diploma consumerista, o STJ entendeu que a re-
lação contratual mantida entre a entidade de previdência privada administradora 
do plano de benefícios e o participante não se confunde com a relação trabalhista 
mantida entre o participante obreiro e a patrocinadora.
Vejamos como as bancas abordaram essas temáticas.
Questão 15 (JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/TRF-5ª REGIÃO/CESPE/2015) Acerca 
dos sujeitos integrantes da relação de consumo nos moldes do que é descrito no 
CDC, assinale a opção correta com base na jurisprudência do STJ.
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a) Será considerado consumidor pelo CDC o sujeito que for submetido a publicida-
de enganosa, desde que ele tenha realizado contrato com fornecedor de produto ou 
serviço objeto da referida publicidade.
b) As vítimas de um acidente de consumo, mesmo que não tenham adquirido o 
produto como destinatários finais, são consideradas consumidores pelo CDC.
c) Empresa de transporte de pessoas ou cargas pode ser considerada consumidora 
em sua relação com a empresa concessionária de rodovia
d) O condomínio que utiliza a água para o consumo das pessoas que nele residem 
não deve ser considerado consumidor em sua relação com a empresa concessioná-
ria de água
e) A jurisprudência do STJ consagrou a teoria maximalista para interpretar o con-
ceito de consumidor, admitindo a aplicação do CDC nas relações entre fornecedores 
e consumidores empresários em que fique evidenciada a relação de consumo.
Letra b.
Trata-se de questão relativamente fácil, eis que a alternativa “b” se coaduna dire-
tamente ao disposto no art. 17 do CDC. Entretanto, na análise desta questão, um 
ponto de maior atenção seria o disposto na alternativa “c”, eis que a análise acerca 
da configuração do agente como consumidor nos termos do CDC é casuística, à luz 
da vulnerabilidade e de outros fatores. Ocorre que, em geral, a jurisprudência tem 
afastado a figura do consumidor pessoa jurídica quando se trata de empresa de 
maior porte financeiro, como é o caso do julgamento do REsp. 1481134, julgado 
pela 3ª Turma do STJ, no qual firmou-se o entendimento de que “a empresa segu-
radora não pode ser considerada consumidora nos termos do Código de Defesa do 
Consumidor”.
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