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REGISTRO DO EMPRESÁRIO
1. INTRODUÇÃO
· Uma das obrigações do empresário, aquele que exerce atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços é a de inscrever-se no Registro das Empresas, antes de dar início à exploração de seu negócio (art. 967 CC):
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.
Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha:
I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens;
II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa que poderá ser substituída pela assinatura autenticada com certificação digital ou meio equivalente que comprove a sua autenticidade, ressalvado o disposto no 
III - o capital;
IV - o objeto e a sede da empresa.
Exceções a obrigatoriedade do registro:
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.
Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresária, pode, com as formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária.
Parágrafo único. Embora já constituída a sociedade segundo um daqueles tipos, o pedido de inscrição se subordinará, no que for aplicável, às normas que regem a transformação.
Filial:
Art. 969. O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscrição originária.
Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede.
O registro de empresa está estruturado de acordo com a Lei 8.934/94 LRE (Lei de registro de Empresas).
O Empresário não registrado não pode usufruir de benefícios que o direito comercial libera a seu favor e contra ele vão as seguintes restrições quando se tratar de exercente individual da empresa:
a- Não tem legitimidade ativa para o pedido de falência de seu devedor. (Somente o empresário inscrito na JC, tem esta condição desde que comprove a inscrição). Porém, ele pode ter sua falência requerida e pode requerer a sua própria falência.
b- Não tem legitimidade ativa para requerer recuperação judicial, pois a lei dá como condição a inscrição para ter acesso a esse favor legal.
c- Não pode ter seus livros autenticados no registro de empresa, não podendo usá-los como eficácia probatória em prováveis ou futuros processos, devendo, se decretada a sua falência, ser esta fraudulenta.
· Quando se tratar de sociedade empresária, além dessas conseqüências, também será imposta as do art. 990 do CCB, onde os sócios respondem solidária e ilimitadamente, respondendo diretamente aquele que, dentre eles, administrou a sociedade.
· Além dessas conseqüências, ainda temos os seguintes efeitos secundários:
a- impossibilidade de participar de licitações nas modalidades de concorrência pública e tomada de preço.
b- Impossibilidade de inscrição em cadastros fiscais
c- Ausência de matrícula junto ao INSS, que incorre em multa e na hipótese de sociedade comercial a proibição de contratar com o poder público.
2. FINALIDADE DO REGISTRO
Art. 1º O Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, subordinado às normas gerais prescritas nesta lei, será exercido em todo o território nacional, de forma sistêmica, por órgãos federais e estaduais, com as seguintes finalidades:
        I - dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das empresas mercantis, submetidos a registro na forma desta lei;
II - cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no País e manter atualizadas as informações pertinentes;
III - proceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem como ao seu cancelamento.
Art. 2º Os atos das firmas mercantis individuais e das sociedades mercantis serão arquivados no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, independentemente de seu objeto, salvo as exceções previstas em lei.
3. SISTEMA NACIONAL DE REGISTRO DE EMPRESAS MERCANTIS
O Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis funciona por um sistema integrado de dois níveis diferentes:
- Federal – Departamento Nacional do Registro do Comércio (DNRC)
- Estadual – Junta Comercial
· Essa repartição vincula hierarquicamente seus órgãos, variando em função da matéria.
· O DNRC integra o Ministério do desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e entre suas atribuições, estão as seguintes:
a- Supervisionar e coordenar a execução do registro de empresa, expedindo, para esse fim, as normas e instruções necessárias, dirigidas às juntas comerciais de todo o País.
b- Orientar e fiscalizar juntas comerciais, zelando pela regularidade na execução do registro de empresa. (caso suas instruções não sejam atendidas, caberá representação junto às autoridades administrativas competentes, como Secretário de Estado ou até mesmo o Governador).
c- Promover ou providenciar medidas correicionais do Registro de Empresa. (somente poderá ocorrer se resultar positiva a interferência apresentada à autoridade estadual, concordando que a correção se faça pelo órgão federal). 
· A atuação do DNRC é supletiva por força do princípio constitucional federativo.
d- Organizar e manter atualizado o Cadastro Nacional das empresas mercantis.
· Esse cadastro não tem efeitos registrários.
· Não supre o registro da Junta Comercial para fins de regularidade do exercício do comércio.
· É um simples banco de dados que serve de subsídio à política econômica federal.
· É competência de o DNRC fixar diretrizes gerais para a prática dos atos registrários, pelas juntas comerciais, acompanhando a sua aplicação e corrigindo distorções.
- Às JUNTAS COMERCIAIS, órgão da administração estadual cabe a execução do registro de empresa além de outras atribuições legalmente estabelecidas. E destacam-se entre suas funções, as seguintes:
a- Assentamento dos usos e práticas mercantis.
· O comércio rege-se também por normas consuetudinárias, cuja compilação é da Junta Comercial.
· Na forma do seu regimento interno, o assentamento deve ser precedido de ampla discussão no meio empresarial e análise de sua adequação à ordem jurídica vigente, pela Procuradoria.
· Serve como início de prova através de certidão, a quem interessar o assentamento desses usos e práticas.
b- Habilitação e nomeação de tradutores públicos e intérpretes comerciais.
· Cabe a Junta exercer o poder disciplinar e estabelecer o código de ética da atividade e controlar o exercício da profissão.
c- Expedição da carteira de exercício profissional de empresário e demais pessoas legalmente inscritas no registro de empresa.
· A Junta Comercial é subordinada hierárquicamente de forma híbrida:
- Deve reportar-se ao DNRC quando a matéria for técnica.
- Deve reportar-se ao Estado quando a matéria for de ordem administrativa.
· Assim, não pode o governador do Estado expedir decreto referente a registro de sociedade comercial.
· Não pode também o DNRC interferir em questões de funcionalismo ou de dotação orçamentária da junta.
· Se a matéria se tratar de questão de Direito Empresarial é ao DNRC que deve se reportar a Junta.
· Se a questão é de matéria de direito administrativo ou de direito financeiro, diz respeito ao Poder Executivo estadual.
· O prejudicado pela ilegalidade no ato registral na junta, poderá recorrer ao judiciário.
· A Justiça competente para apreciar a validade dos atos da junta comercial éa Estadual.
· Se se tratar de mandado de Segurança contra ato pertinente ao registro das empresas, hipótese em que a Junta age por orientação do DNRC, a competência é da Justiça Federal. (CF art. 109, VIII).
4. ATOS DE REGISTRO DE EMPRESA
· São três os atos: Matrícula, Arquivamento e Autenticação
· Matrícula é o ato de inscrição dos tradutores públicos, intérpretes comerciais, leiloeiros, trapicheiros e administradores de armazéns gerais. São profissionais que desenvolvem atividades paracomerciais.
· Os dois primeiros além de matriculados, são também habilitados e nomeados, os três últimos são apenas matriculados.
· O arquivamento é pertinente à inscrição do empresário individual, isto é, do empresário que exerce sua atividade econômica como pessoa física, bem como à constituição, dissolução e alteração contratual das sociedades comerciais.
· O CCB determina que os atos modificativos da inscrição do empresário sejam averbados à margem desta (art. 968, § 1º). A Averbação é uma espécie de arquivamento.
· Também são arquivados os atos de registro das Cooperativas, dos Consórcios de empresas, grupos de Sociedades, Empresas Mercantis Estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil, Microempresas e empresas de Pequeno Porte.
· Autenticação está ligada aos denominados instrumentos de escrituração, que são os livros comerciais e as fichas escriturais.
· É requisito de regularidade do documento, pois se configura como validade de escrituração mercantil.
5. PUBLICIDADE DOS ATOS DE REGISTRO
Art. 29. Qualquer pessoa, sem necessidade de provar interesse, poderá consultar os assentamentos existentes nas juntas comerciais e obter certidões, mediante pagamento do preço devido.
Art. 1.152. Cabe ao órgão incumbido do registro verificar a regularidade das publicações determinadas em lei, de acordo com o disposto nos parágrafos deste artigo.
§ 1o Salvo exceção expressa, as publicações ordenadas neste Livro serão feitas no órgão oficial da União ou do Estado, conforme o local da sede do empresário ou da sociedade, e em jornal de grande circulação.
§ 2o As publicações das sociedades estrangeiras serão feitas nos órgãos oficiais da União e do Estado onde tiverem sucursais, filiais ou agências.
§ 3o O anúncio de convocação da assembléia de sócios será publicado por três vezes, ao menos, devendo mediar, entre a data da primeira inserção e a da realização da assembléia, o prazo mínimo de oito dias, para a primeira convocação, e de cinco dias, para as posteriores.
6. ESCRITURAÇÃO DO EMPRESÁRIO
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.
Balanço Patrimonial: Art. 1.188. O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situação real da empresa e, atendidas as peculiaridades desta, bem como as disposições das leis especiais, indicará, distintamente, o ativo e o passivo.
Parágrafo único. Lei especial disporá sobre as informações que acompanharão o balanço patrimonial, em caso de sociedades coligadas
Resultado econômico: Art. 1.189. O balanço de resultado econômico, ou demonstração da conta de lucros e perdas, acompanhará o balanço patrimonial e dele constarão crédito e débito, na forma da lei especial.
Microempresários e empresários de pequeno porte:
§ 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970.
7. SIGILO EMPRESARIAL
Os livros comerciais são protegidos pelo sigilo, conforme o art. 1190 CC:
Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.
 Exceção: Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais. 
Sigilo pode ser quebrado por ordem judicial:
· A exibição de livros empresariais em juízo por isso não pode ser feita por simples vontade das partes ou por decisão do juiz, senão em determinadas hipóteses da lei.
191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência.
§ 1o O juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de ação pode, a requerimento ou de ofício, ordenar que os livros de qualquer das partes, ou de ambas, sejam examinados na presença do empresário ou da sociedade empresária a que pertencerem, ou de pessoas por estes nomeadas, para deles se extrair o que interessar à questão.
8. INATIVIDADE DA EMPRESA 
· O empresário individual e a sociedade empresária que não procederem a qualquer arquivamento no período de 10 anos devem comunicar à Junta que ainda se encontram em atividade. (art. 60 LRE).
· Se não o fizerem serão considerados inativos.
· A inatividade autoriza a Junta a proceder ao cancelamento do registro e a conseqüente perda da proteção do nome empresarial pelo titular inativo.
· A Junta deve comunicar ao empresário, previamente, acerca da possibilidade do cancelamento, podendo fazê-lo por edital.
· Se atendida a comunicação desfaz-se a inatividade.
· Caso não seja atendida, efetua-se o cancelamento do registro, informando-se ao fisco.
· Se no futuro o empresário resolver reativar o registro, deverá obedecer aos mesmos procedimentos relacionados com a constituição de uma nova empresa.
· Após o cancelamento, ele não tem do direito de reivindicar o mesmo nome empresarial anteriormente adotado, caso tenha sido registrado por outro empresário.
· Do cancelamento não decorre a dissolução da sociedade.
· Decorre apenas a irregularidade no seu funcionamento.
· A consequência é o exercício irregular da atividade empresarial.