Prévia do material em texto
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL PROF. RENATO CAVALCANTE 1. Introdução à automação industrial 2. Conceitos e definições 3. Controle de sistemas a eventos discretos 4. Modelagem das tarefas de controle 5. Descrição do algoritmo de controle 6. Diagrama de relés 7. Noções de Comandos Elétricos 8. CLPs 9. Programação do CLPs 10. Aplicação de CLPs nos sistemas práticos 11. Redes PETRI 12. Desenvolvimento de controle por rede PETRI 13. Metodologia de projeto de controle automação 1. Introdução à automação industrial 2. Conceitos e definições 3. Controle de sistemas a eventos discretos 4. Modelagem das tarefas de controle 5. Descrição do algoritmo de controle 6. Diagrama de relés 7. Noções de Comandos Elétricos 8. CLPs 9. Programação do CLPs 10. Aplicação de CLPs nos sistemas práticos 11. Redes PETRI 12. Desenvolvimento de controle por rede PETRI 13. Metodologia de projeto de controle automação BIBLIOGRAFIA 1. MORAES, CÍCERO COUTO DE; CASTRUCCI, PLÍNIO DE LAURO, 2001 - Engenharia de Automação Industrial- Hardware e Software, Redes de Petri, Sistemas de Manufatura, Gestão da Automação- LTC- Livros Técnicos e Científicos. Editora S.A. (leitura obrigatória). 2. PIRES, NORBERTO, 2002 - Automação Industrial- Automação, Robótica, Software Distribuído, Aplicações Industrias- ETEP, Edição Técnicas e Profissionais, Lisboa, Portugal. 3. ROSÁRIO, JOÃO MAURÍCIO, 2005 - Princípios de Mecatrônica- Editora Pearson. 4. FIALHO, ARIVELTO BUSTAMANTE, 2003 - Automação Pneumática- Projetos, Dimensionamento e Análise de Circuitos- Ed. Érica LTDA. 5. NATALE, FERDINANDO, 2000 - Automação Industrial-Série Brasileira de Tecnologia - Editora Érica LTDA. 6. SILVEIRA, P. R., SANTOS,W. E., 1998 - Automação e Controle Discreto - Editora Érica LTDA. 1 - Introdução à automação industrial 1 - Introdução à automação industrial Você já reparou que a automação faz parte do dia-a-dia do homem moderno? Pela manhã, o smartphone automaticamente dispara o alarme que você programou para acordá-lo. Enquanto está se arrumando, alguém esquenta o pão para o café da manhã numa torradeira elétrica, ajustando o tempo de aquecimento. 1 - Introdução à automação industrial Na sala, a Smart TV pode ser programada para ligar na hora do jornal da manhã. Quando a casa esquenta pela incidência dos raios solares, o ar condicionado insufla mais ar frio, mantendo a temperatura agradável. Esses simples fatos evidenciam como a automação faz parte da vida cotidiana. 1 - Introdução à automação industrial Estes e outros exemplos mostram que o ser humano busca melhorar seu dia-a-dia em vários aspectos, através da mecanização e na automação. As primeiras iniciativas do homem para mecanizar atividades manuais ocorreram na pré-história. Invenções como a roda, o moinho movido por vento ou força animal e as rodas d’água demonstram a criatividade do homem para poupar esforço. 1 - Introdução à automação industrial Porém, a automação só ganhou destaque na sociedade quando o sistema de produção agrário e artesanal transformou-se em industrial, a partir da segunda metade do século XVIII, inicialmente na Inglaterra. Os sistemas inteiramente automáticos surgiram no início do século XX. Entretanto, bem antes disso foram inventados dispositivos simples e semiautomáticos. 1 - Introdução à automação industrial Por volta de 1788, James Watt desenvolveu um mecanismo de regulagem do fluxo de vapor em máquinas, mostrado na figura abaixo: Isto pode ser considerado um dos primeiros sistemas de controle com realimentação. 1 - Introdução à automação industrial A partir de 1870, também a energia elétrica passou a ser utilizada e a estimular indústrias como a do aço, a química e a de máquinas- ferramenta. O setor de transportes progrediu bastante graças à expansão das estradas de ferro e à indústria naval. No século XX, a tecnologia da automação passou a contar com computadores, servomecanismos e controladores programáveis. Os computadores são os alicerces de toda a tecnologia da automação contemporânea. 1 - Introdução à automação industrial Encontramos exemplos de sua aplicação praticamente em todas as áreas do conhecimento e da atividade humana. Por exemplo, ao entrarmos num banco para retirar um simples extrato somos obrigados a interagir com um computador. Passamos o cartão magnético, informamos nossa senha e em poucos segundos obtemos a movimentação bancária impressa. 1 - Introdução à automação industrial A origem do computador está relacionada à necessidade de automatizar cálculos, evidenciada inicialmente no uso de ábacos pelos babilônios, entre 2000 e 3000 a.C. No último século, houve um avanço gigantesco na evolução do computador, destacando-se em 4 gerações: -1ª geração de computadores: Desenvolvimento do primeiro computador de grande porte (em 1946), completamente eletrônico. Funcionava com válvulas e tinha a capacidade de realizar até 5 mil cálculos aritméticos por segundo. 1 - Introdução à automação industrial - 2ª geração de computadores: É marcada pelo uso de transistores (1952). Consomem menos energia e são mais confiáveis. Seu tamanho era cem vezes menor que o de uma válvula, permitindo que os computadores ocupassem muito menos espaço. - 3ª geração de computadores: É marcada pelo avanço tecnológico, onde foi possível colocar milhares de transistores numa pastilha de silício de 1 cm², o que resultou no circuito integrado (CI). 1 - Introdução à automação industrial 4ª geração de computadores: Surgiram os circuitos integrados em escala muito grande (VLSI). Foram então criados os computadores pessoais, de tamanho reduzido e baixo custo de fabricação. um chip atual faz 50 milhões de cálculos no mesmo tempo. A partir daí, o avanço tecnológico tomou proporções exponenciais. Dando origem à várias terminologias usadas até hoje, tais como: Comando numérico; Computação Gráfica Interativa; CAD; Etc.. 1 - Introdução à automação industrial O computador/Controlador se tornou peça fundamental em aplicações de automação industrial que conhecemos. Um exemplo disso é o CLP (Controlador Lógico Programável) aplicado especificamente à automação. Vale ressaltar que em nosso curso vamos usar a ferramenta computacional para diversos trabalhos relacionados à automação industrial: Programação; Verificação de erros; Simulação; Etc. 1 - Introdução à automação industrial Mas antes de trabalharmos a automação de processos industriais, precisamos entender alguns conceitos importantes aplicados à automação, convenções e terminologias usadas. Além disso, é necessário o entendimento de conceitos básicos sobre eletricidade, eletrônica e lógica de programação. Pois estes conteúdos são frequentes em projetos práticos de automação industrial. 2 - Conceitos e definições 2 - Conceitos e definições A maioria dos sistemas modernos de automação, como os utilizados nas indústrias automobilística e petroquímica e nos supermercados, é extremamente complexa e requer muitos ciclos de realimentação. Cada sistema de automação compõe-se de cinco elementos: Acionamento: provê o sistema de energia para atingir determinado objetivo. É o caso dos motores elétricos, pistões hidráulicos etc.; 2 - Conceitos e definições sensoriamento: mede o desempenho do sistema de automação ou uma propriedade particular de algum de seus componentes. Exemplos: termopares para medição de temperatura e encoders para medição de velocidade; controle: utiliza a informação dos sensores para regular o acionamento. Por exemplo, para manter o nível de água num reservatório, usamos um controlador de fluxo que abre ou fecha uma válvula, de acordo com o consumo. Mesmo um robô requer um controlador, para acionar o motor elétrico que o movimenta; 2 - Conceitos e definições comparador ou elemento de decisão: compara os valores medidos com valores preestabelecidos e toma a decisão de quando atuar no sistema. Como exemplos, podemos citar os termostatos e os programas de computadores; programas: contêm informações de processo e permitemcontrolar as interações entre os diversos componentes.; 2 - Conceitos e definições A automação pode ser classificada de acordo com suas diversas áreas de aplicação. Por exemplo: automação bancária; Comercial; Industrial; Agrícola; De comunicações; De transportes. 2 - Conceitos e definições A automação industrial pode ser desdobrada em automação de planejamento, de projeto, de produção. Essa automação pode ser classificada também quanto ao grau de flexibilidade. A flexibilidade de um sistema de automação depende do tipo e da quantidade do produto desejado. Isto significa que quanto mais variados forem os produtos e menor a sua quantidade, mais flexível será o sistema de automação. 2 - Conceitos e definições O quadro a seguir apresenta uma classificação de tipos de processo e de produção e respectivos sistemas de produção. 2 - Conceitos e definições Automação Comercial Industrial Comunicação Agrícola Projeto Planejamento Produção 2 - Conceitos e definições Documentação Uma parte essencial de uma instalação é a documentação. Trata-se de um requisito necessário para que uma instalação possa ser mantida e ampliada. Também a documentação do programa de controle deve estar disponível tanto em papel quanto em arquivo eletrônico. 2 - Conceitos e definições A documentação compõe-se de referências sobre cada fase do projeto, impressão dos programas de controle e, eventualmente, também outras descrições sobre este programa. Trata-se ,portanto de: • Memorial descritivo. • Croquis e layouts da planta. • Diagramas de circuitos elétricos de comando e de potência (unifilar ou multifilar). • Diagramas de circuitos pneumáticos e hidráulicos. 2 - Conceitos e definições • Desenhos técnicos de detalhamento dos componentes. • Esquemas de conexão de bornes. • Impressão dos programas de controle. • Listas de alocação de entradas e saídas (fazendo parte da impressão do programa de controle). • Listas de materiais. • Outros documentos que se fizerem necessários. 2 - Conceitos e definições Um pouco sobre Robótica Esse termo, traduzido para o inglês tornou-se robot, e teve o seu uso popularizado pelo escritor Issac Asimov com seu livro “Eu, Robô”, de 1950, data em que pela primeira vez foi utilizado o termo robótica para denominar ciência que estuda os sistemas robóticos. Somente nas décadas de 1940 e 1950 surgiram tecnologias que permitiriam o advento do robô industrial moderno. Essas tecnologias foram o telecomando e o comando numérico. O telecomando, ou controle remoto, consistia em controlar um atuador a distância, através de conexões elétricas. O comando numérico, foi desenvolvido em seguida e consiste basicamente em sistemas que podem ser programados através de uma série de comandos que podem, representar a posição de uma ferramenta no espaço. 2 - Conceitos e definições A primeira patente de um dispositivo robótico foi feita por um britânico, Cyril W. Kenward, em 1954. Porém o conceito moderno de robô industrial foi criado por Joseph Engelberger, que, em conjunto com o americano George C. Devol, desenvolveu o primeiro protótipo comercial chamado Unimate. 2 - Conceitos e definições A primeira instalação industrial foi realizada pela Ford Motor Company, que utilizou um modelo Unimate para realizar o descarregamento robotizado de uma máquina de fundição sob pressão. 2 - Conceitos e definições Os conceitos básicos dos robôs industriais modernos permanecem praticamente os mesmos, havendo, porém um grande desenvolvimento dos seus Sistemas de controle, principalmente devido ao desenvolvimento dos sistemas computadorizados. Essa evolução permitiu um grande salto na velocidade de trabalho e principalmente Na complexidade das tarefas Realizadas pelos Robôs industriais. Os sistemas de controle dos robôs normalmente estão localizados externamente à parte mecânica do mesmo, normalmente em um gabinete metálico, o qual chamamos controlador. 2 - Conceitos e definições Esse gabinete normalmente é conectado por cabos ao atuador, podendo portanto localizar-se a uma distância segura da área de trabalho. Para completar o sistema ainda temos que contar com uma fonte de alimentação de alta potência para o acionamento dos eixos (normalmente localizada no mesmo gabinete do controlador) e da interface de programação do robô. 2 - Conceitos e definições 2 - Conceitos e definições 2 - Conceitos e definições Controlador do robô É interessante que ao imaginarmos um robô industrial, pensamos logo no braço manipulador. Esse elemento é obviamente o mais importante do conjunto, pois é o responsável por realizar o trabalho útil na linha de produção. Porém, um robô industrial depende inteiramente de outro elemento, o controlador. 2 - Conceitos e definições O controlador do robô é um sistema eletrônico que faz todo o processamento de dados, gera os comandos e alimenta os elementos do robô industrial. Normalmente é composto por um gabinete metálico dentro do qual estão: Unidade lógica de comando – a maioria dos robôs industriais atuais utiliza um microcomputador PC como unidade de comando. Esta unidade roda o programa de comando que controla os eixos, processa os programas do usuário e controla as interfaces de comunicação do robô. 2 - Conceitos e definições Interface de programação – são as interfaces que possibilitam a interação entre o operador e o robô, permitindo acompanhar o trabalho, realizar a programação e o diagnóstico de problemas. Interfaces lógicas – normalmente os robôs apresentam uma placa de entrada/ saída digital que permite a sua integração com outros elementos do sistema, como controlar a abertura e fechamentos dos efetuadores (garras, ventosas pneumáticas, ...). 2 - Conceitos e definições Sistema de potência – os robôs normalmente são movimentados utilizando-se servo-motores elétricos. Esses elementos necessitam de altas correntes de acionamento, as quais são controladas por circuitos eletrônicos de potência que chamamos “drivers dos eixos”. O transformador de alimentação – gera a tensão necessária para alimentar todos os elementos. 2 - Conceitos e definições Robôs industriais manipuladores “Um robô industrial é um manipulador reprogramável, multifuncional, projetado para mover materiais, peças, ferramentas ou dispositivos especiais em movimentos variáveis programados para a realização de uma variedade de tarefas.” 2 - Conceitos e definições Essa definição na verdade caracteriza os robôs manipuladores, que são os mais utilizados nas indústrias. Pela definição podemos extrair algumas conclusões: A tarefa a ser realizada deve estar previamente definida pelo programa. Os robôs manipuladores têm como principal objetivo deslocar materiais, que trabalharão sobre uma peça, sistemas de visão que irão monitorar processos entre outras possibilidades. 2 - Conceitos e definições O tipo mais conhecido de robô industrial é o braço mecânico. Consiste em uma série de corpos rígidos interligados por juntas que permitem um movimento relativo entre si. Assemelhando-se assim à forma de um braço humano, e, às vezes, quase com as mesmas possibilidades de movimentos. Todo robô manipulador tem em algum ponto da sua estrutura física um dispositivo chamado de efetuador, ou atuador. 2 - Conceitos e definições Os elos são unidos por juntas motorizadas que lhes permitem um movimento relativo, com o acionamento monitorado pelo sistema de controle. A primeira junta está montada sobre uma superfície fixa (base). No último elo existe um flange para a montagem do efetuador (punho). As juntas de um robô podem ser de dois tipos: • Revolução (movimentos angulares) • Prismáticas (movimento linear) 2 - Conceitos e definições Um robô industrial pode ser classificado de diversas formas, como: Graus de liberdade Geometria da cadeia cinemática 2 - Conceitos e definições Graus de liberdade O número total de juntas do manipulador é conhecido como graus de liberdade. Um manipulador típico possui 6 graus de liberdade,ou seja, é formado por 6 juntas. Este tipo de robô tem a capacidade de posicionar a peça em qualquer ponto do espaço, e com qualquer orientação. 2 - Conceitos e definições Geometria da cadeia cinemática Essa classificação é definida pela anatomia do robô, ou seja, os tipos de juntas utilizados em seus três primeiros elos são: • Articulados • Cartesianos • Paralelos • SCARA 2 - Conceitos e definições Geometria da cadeia cinemática 2 - Conceitos e definições Tipos de programação O programa de um robô consta basicamente de uma sequência de pontos no espaço por onde o robô deve se mover. Esses pontos formam a trajetória do robô. Também pode possuir uma lógica que interaja com outros elementos da instalação através das interfaces disponíveis do robô (sensores, câmeras, comunicação em rede, ...) 2 - Conceitos e definições Podemos citar 3 modos de programação: • Programação on-line. • Programação off-line. • Programação híbrida off/on-line. 2 - Conceitos e definições Programação on-line Essa programação é feita diretamente no robô. Foi o primeiro sistema de programação e ainda é bastante utilizado, pois é o mais simples. O robô é movimentado manualmente através de sua interface e os pontos e ações são memorizados individualmente. 2 - Conceitos e definições Programação off-line Na programação off-line o programa é gerado fora do controlador do robô, normalmente em um PC, e, portanto, podemos ter uma série de ferramentas para auxiliar nesta programação. Estas ferramentas podem ser desde simples editores de texto com verificação de sintaxe até complexos sistemas de simulação em 3 dimensões. 2 - Conceitos e definições Programação híbrida É basicamente a otimização do processo de programação onde se aproveitam as vantagens de cada método. A lógica é programada e testada off-line com o cuidado de permitir que os pontos possam ser adquiridos e/ou ajustados on-line. Até Amanha