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CONTROLE DE MICRORGANISMOS A escolha do melhor a gente depende em parte se você que destruir ou remover todos os microrganismos presentes, destruir somente certos tipos ou simplesmente prevenir a multiplicação daqueles microrganismos já presentes. ● Agentes antimicrobianos: Matam os microrganismos ou previnem o seu crescimento. Ex: antibacterianos, antivirais, antifúngicos e antiprotozoários. ● Agentes microbicidas: são agentes antimicrobianos que matam os microrganismos. Ex: bactericida, viricida e fungicida. ● Esterilização: destruição de todos os microrganismos presentes em um material, incluindo esporos. ● Agentes microbiostáticos: são agente que apenas inibem o crescimento dos microrganismos. Ex: fungistáticos e bacteriostáticos. PADRÃO DE MORTE EM UMA POPULAÇÃO MICROBIANA O critério de morte de um microrganismo é baseado na capacidade de se reproduzir. Portanto, morte é a perda da capacidade de reprodução. As células microbianas devem entrar em contato com um agente para serem mortas. Porém, todos os microrganismos não são mortos instantaneamente. Eles morrem em uma relação constante, em um dado período de tempo (morte exponencial). CONDIÇÕES QUE INFLUENCIAM A ATIVIDADE ANTIMICROBIANA Os agentes antimicrobianos utilizados para inibir ou destruir populações de microrganismos podem sofrer grande influência de muitos fatores ambientais, assim como de características biológicas das células. Algumas variáveis importantes a serem consideradas quando se quer avaliar a eficiència de um agente microbicida são: 1. Tamanho da população microbiana: populações maiores levam mais tempo para morrer do que populações menores. 2. Intensidade ou concentração do agente microbicida: quanto menor a concentração, mais tempo leva para destruir a população. 3. Tempo de exposição ao agente microbiano: quanto maior, mais células mortas. 4. Temperatura em que os microrganismos são expostos ao agente microbicida: geralmente, quanto mais alta, mais rapidamente a população morre. 5. Natureza do material que contém os microrganismos: o material pode afetar o índice de morte. 6. Características dos microrganismos que estão presentes: os microrganismos variam consideravelmente na resistência a agentes físicos e químicos. MECANISMOS DE DESTRUIÇÃO DAS CÉLULAS MICROBIANAS Os agentes antimicrobianos atuam de várias maneiras para inibir ou matar os microrganismos. Agentes Físicos I. Altas temperaturas A temperatura elevada é um dos métodos de maior eficiência e dos mais utilizados na destruição de microrganismos. O calor pode ser aplicado tanto em condições úmidas (vapor ou água) quanto secas. O método que utiliza temperaturas extremas para matar os microrganismos é o da incineração. Calor úmido O calor úmido é muito mais eficiente que o calor seco para destruir os microrganismos. Isto acontece porque o calor úmido causa desnaturação e coagulação das proteínas vitais como enzimas, enquanto que o calor seco causa oxidação dos constituintes orgânicos da célula. A desnaturação ocorre em temperaturas e tempos de exposição menores do que aqueles requeridos para a oxidação. OBS: Endósporos bacterianos são as formas mais resistentes de vida. O calor úmido pode ser na forma de vapor, água fervente ou água aquecida a temperaturas abaixo do seu ponto de ebulição. VAPOR D’ÁGUA: o uso do vapor d’água sob pressão é o mais prático e seguro de aplicação do calor úmido. O aparelho que utiliza esse mecanismo é a autoclave. ● Aplicação: Esterilização de instrumentos, bandejas de tratamento, tecidos, utensílios, meios e outros líquidos. ● Limitações: ineficiente contra microrganismos presentes em materiais impermeáveis ao vapor, não pode ser utilizado em materiais termossensíveis. ÁGUA FERVENTE: matará os microrganismos vegetativos presentes no líquido. Entretanto, materiais ou objetos contaminados expostos à água em ebulição não serão esterilizados com segurança. Isto acontece porque alguns endósporos bacterianos podem resistir a 100ºC por mais de uma hora. Dessa forma, água em ebulição não é considerada um método de esterilização. ● Aplicação: destruição de células vegetativas em instrumentos e recipientes. ● Limitações: não esterilizante. PASTEURIZAÇÃO: é o aquecimento lento a baixas temperaturas para destruir microrganismos indesejados. Esse método mata as células vegetativas de muitos microrganismos, mas não esteriliza. ● Aplicações: destruição de células vegetativas de microrganismos patogênicos e de muitos outros microrganismos no leite, suco de frutas e outras bebidas. ● Limitações: não esterilizante. *MEDIDAS DE SUSCEPTIBILIDADE MICROBIANA A ALTAS TEMPERATURAS: relação entre tempo e temperatura. ● Tempo de morte térmica (TMT): mais curto espaço de tempo requerido para destruir todos os microrganismos de uma amostra, quando exposta a uma temperatura específica sob condições padrão. ● Tempo de redução decimal (valor D): tempo requerido para diminuir uma população microbiana em uma amostra em 90% a uma temperatura predeterminada. Calor seco O calor seco ou ar quente em temperaturas suficientemente altas levam os microrganismos à morte. Entretanto, essa técnica não é tão efetiva quanto o calor úmido e , portanto, são necessárias temperaturas muito altas e tempo de exposição maior. Há situações em que o material não pode ser exposto à umidade, aí o método pelo calor seco é preferido. ● Aplicações: esterilização de materiais impermeáveis ou danificáveis pela umidade. ● Limitações: destrói materiais que não suportam altas temperaturas por muito tempo. Incineração Prática rotineira em laboratórios. ● Aplicações: esterilização de alças de semeadura, eliminação de carcaças de animais infectados, eliminação de objetos contaminados que não podem ser reutilizados. ● Limitações: o tamanho do incinerador deve ser adequado à queima rápida e completa da maior carga, apresenta potencial de poluição do ar. II. Baixas temperaturas Algumas bactérias psicrófilas podem crescer a 0ºC, porém temperaturas abaixo de 0ºC inibir o metabolismo dos microrganismos em geral. O congelamento comumente utilizado para preservar alimentos, drogas e espécimes laboratoriais, porque bloqueia efetivamente o crescimento microbiano. No entanto, temperaturas abaixo de zero não podem matar os microrganismos, só conseguem preservá-los por um longo tempo em materiais congelados. ● Aplicações: preservação de alimentos e outros materiais (congelamento). Preservação dos microrganismos (nitrogênio líquido). ● Limitações: principalmente microbiostático em vez de microbicida (congelamento). Alto custo do nitrogênio líquido (NL). III. Radiações É a energia na forma de ondas eletromagnéticas transmitida através do espaço ou através de um material. A quantidade de energia de uma radiação é inversamente proporcional ao comprimento de onda. Radiações ionizantes Radiações eletrônicas de alta energia, raios gama e raios x têm energia suficiente para causar ionização de moléculas. São microbicidas, e conseguem penetrar pacotes e produtos e esterilizar seus interiores. Os raios gama são mais baratos que os raios x porque são emitidosespontaneamente de certos isótopos radiativos. Entretanto, são difíceis de serem controlados, pois emitem radiações em todas as direções, além de emitirem radiação constantemente, não podem ser desligados como uma máquina de RX. Apesar dessas desvantagens eles são utilizados para esterilizar alimentos e equipamentos médicos previamente acondicionados. Radiações não-ionizantes A radiação ultravioleta ao em vez de ionizar uma molécula, ela excita os elétrons, resultando em uma molécula que reage diferentemente das moléculas não irradiadas. A luz UV é absorvida por muitos compostos intracelulares, mas o DNA é quem sofre a maior avaria (formação de dímeros de pirimidina). Lâmpadas especiais que emitem luz UV com comprimento de onda microbicida são utilizadas para matar microrganismos. Mas a luz UV tem pouca capacidade de penetrar na matéria e somente microrganismos na superfície de um objeto são mortos pela radiação. Esta forma de radiação é comumente utilizada para reduzir o número de microrganismos no ar, em superfícies de salas cirúrgicas e em salas assépticas onde produtos esterilizados são distribuídos em garrafas ou ampolas estéreis. IV. Filtração Utilizada para remover os microrganismos de líquidos e do ar. É um método de esterilização. Os filtros são utilizados no laboratório e na indústria para esterilizar materiais que não podem ser esterilizados por autoclavação, como vitaminas ou proteínas termossensíveis. Inicialmente os filtros eram feitos de cerâmica, asbesto e vidro sinterizado. Muitos deles são substituídos agora por filtros de membrana de celulose, chamados de membranas filtrantes. Membranas filtrantes São discos estéreis e descartáveis de celulose extremamente finos, com poros pequenos o suficiente para impedir a passagem de microrganismos. Elas são melhores que os filtros antigos porque: os poros são de diâmetros conhecidos e uniformes, os filtros podem ser fabricados com qualquer tamanho de poro desejado, absorvem muito pouco o fluido que está sendo filtrado e a filtração com membranas filtrantes é mais rápida do que com os filtros antigos. Além da esterilização, as membranas filtrantes são também utilizadas para separar diferentes tipos de microrganismos e para coletar amostras microbianas. Filtros de partículas de ar de alta eficiência (HEPA) Algumas técnicas laboratoriais envolvem o trabalho com materiais potencialmente perigosos, como tecido animal doente, microrganismos infecciosos ou a manipulação gênica de microrganismos. Esses filtros ficam nas cabines de segurança biologica, que apresentam uma abertura frontal por meio da qual o ar é aspirado para dentro e sempre a partir do manipulador e sai da cabine por meio do filtro, que retém partículas como os microrganismos. Um filtro HEPA é constituído de acetato de celulose aderido a uma folha de alumínio, retém 99% das partículas presentes no ar. V. Dessecação Células microbianas vegetativas quando dessecadas, interrompem duas atividades metabólicas, levando a um declínio na população total viável. Foi largamente utilizado antes do desenvolvimento da técnica de resfriamento. Indústrias de alimentos ainda utilizam este método quando secam frutas, carnes e pães, e os agricultores utilizam na preservação de grãos. O tempo de sobrevivência dos microrganismos dependem de alguns fatores: tipo de microrganismo, intensidade do processo, condições ambientais (luz, temperatura, umidade) e material no qual o microrganismo se encontra. Na liofização, os microrganismos são submetidos a desidratação extrema em temperaturas de congelamento e são então mantidos em ampolas fechadas a vácuo, Culturas podem ser preservadas por esse método. Agentes Químicos Substâncias químicas utilizadas para matar ou inibir o crescimento de microrganismos são denominados agentes antimicrobianos. Alguns reduzem o número de microrganismos na superfície de material inanimado, outros são aplicados em lesões de peles para prevenir infecções, e outros eliminam microrganismos patogênicos de água potável e de piscinas. Certos compostos matam os microrganismos enquanto que outros inibem o crescimento. Alguns podem inibir ou matar, dependendo da concentração utilizada. Algunas tem amplo espectro, outros não. ● Esterilizante: destroem ou removem todas as formas de vida microscópica de um objeto ou espécime. ● Desinfetante: substância química que mata as formas vegetativas de microrganismos patogênicos, mas não necessariamente suas formas esporuladas. Utilizados em objetos inanimados. ● Germicida: matam as formas vegetativas de microrganismos, mas não necessariamente suas formas esporuladas. Na prática, é sinônimo de desinfetante, entretanto os microrganismos mortos por um germicida nao sao necessariamente patogênicos. ● Anti-séptico: usualmente aplicado na superfície do corpo humano, e previne a multiplicação dos microrganismos. Mata ou inibe o crescimento do microrganismo. ● Saneador: agente que mata 99,9% dos microrganismos contaminantes de uma área. São utilizados em objetos inanimados, como copos, talheres, pratos, e também são utilizados para limpar equipamentos de laticínios e indústrias de alimentos. Características de um agente químico ideal Deve apresentar eficiência sob todas as condições. 1. Atividade antimicrobiana 2. Solubilidade 3. Estabilidade: não perder sua ação antimicrobiana com o tempo. 4. Ausência de toxicidade 5. Homogeneidade: os compostos ativam estejam presentes em cada aplicação. 6. Inativação mínima por material estranho 7. Atividade em temperaturas ambiente ou corporal 8. Poder de penetração 9. Ausência de poderes corrosivos e tintoriais 10. Poder desodorizante: deve ser inodoro ou com odor agradável. 11. Capacidade detergente 12. Disponibilidade e baixo custo Principais grupos de desinfetantes e antissépticos Ignaz Semmelweis, utilizou compostos clorados na enfermaria do hospital obstetrico para reduzir a incidência da febre puerperal. I. Fenol e compostos fenólicos (nível de atividade intermediário a baixo) O fenol, também chamado de ácido carbólico, foi um dos primeiros agentes químicos utilizados como antiséptico. Joseph Lister utilizou o fenol para reduzir infecção em incisões cirúrgicas. Derivados: Lysol e Hexaclorofeno (bacteriostático). ● Aplicações práticas: Uma solução aquosa de fenol a 5% mata rapidamente as formas vegetativas, porém os esporos são muito mais resistentes. Pode ser tóxico e ter um odor desagradável. ● Mecanismos de ação: Lesam as células microbianas pela alteração da permeabilidade seletiva da membrana citoplasmática, causando umas perda das substâncias intracelulares vitais. Desnaturam e inativam proteínas e enzimas, e podem ser bacteriostáticos ou bactericidas. II. Álcoois (nível de atividade intermediário) Em concentrações entre 70% e 90%, as soluções de álcool etílico são eficientes contra formas vegetativas, porém não esterilizam objetos, pois não matam endósporos bacterianos. Tipos: A. etílico, A. metílico (não é utilizado como agente antimicrobiano, pois é altamente tóxico e pouco bactericida), A. n-propílico, A. isopropílico, outros. As propriedadesbactericidas do álcool aumentam quanto maior for sua cadeia de carbono. ● Aplicações práticas: São utilizados como antissépticos de pele e desinfetantes de instrumentos cirúrgicos e termômetros clínicos. ● Mecanismos de ação: desnaturam as proteínas, lesam as membranas das células microbianas e apresenta ação detergente. III. Halogênios Elementos: iodo, cloro e bromo. Fortes agentes oxidantes, e destroem os componentes vitais das células microbianas. ● Iodos e compostos iodados (nível de atividade intermediário): um dos mais antigos e eficientes agente antimicrobianos. Tradicionalmente usado como antisséptico na forma de tintura de iodo (solução alcoólica). Também utilizado na forma de iodóforos, que são complexos de iodo com compostos que atuam como carreadores e agentes solubilizadores do iodo, são germicidas e não coram. ● Aplicações práticas: microbicida em alta eficiência, esporicida fungicida, viricida e amebicida. Utilizados na anti-sepsia da pele, desinfecção da água e do ar. ● Mecanismos de ação: agente oxidante. ● Cloro e compostos clorados (nível de atividade baixo): o cloro na forma gasosa ou em combinações químicas, representa um dos desinfetantes mais largamente utilizados. Os hipocloritos de cálcio e de sódio, que são utilizados nos alvejantes domésticos, também são usados, assim como as cloraminas. ● Aplicações práticas: desinfecção de água potável, de piscinas e de esgotos, higiene pessoal, desinfecção domésticas e sanificantes em instalações de laticínios e indústrias de alimentos. ● Mecanismos de ação: quando adicionado na água, dá origem ao ácido hipocloroso. Tem poder oxidante. IV. Metais pesados (nível de atividade baixo) Refere-se ao mercúrio, chumbo, zinco, prata e cobre. A atividade dos íons metálicos se deve à inativação de certas enzimas que se combinam com o metal. ● Aplicações práticas: mercúrio: tratamentos de pequenos cortes, feridas e infecções de pele. Prata: prevenção de infecções oculares por gonococos em recém-nascidos (antigamente), prevenir infecções em queimaduras. Cobre: infecções em plantas, fungicida. Zinco: tratamento do pé de atleta, fungicida. V. Detergentes (nível de atividade baixo) São compostos que diminuem a tensão superficial e são utilizados para limpar superfícies. Também chamados de surfactantes. Os sabões são detergentes naturais e possuem a desvantagem de precipitar facilmente. Existem tambem os detergentes sintéticos que não forma precipitados. São classificados em: 1. Detergentes aniônicos 2. Detergentes catiônicos 3. Detergentes não-iônicos (não são antimicrobianos) Muitos detergentes microbianos pertencem ao grupo catiônico, dos quais os compostos quaternários de amônio são mais largamente utilizados. ● Compostos quaternários de amônio: são bactericidas ou bacteriostáticos, depende da concentração. ● Aplicações práticas: atividade germicida e detergente, baixa toxicidade, alta solubilidade em água, alta estabilidade em solução e não são corrosivos. Excelente agente antisséptico, desinfetante e sanificante. ● Mecanismos de ação: Desnaturação de proteínas das células, interferência nos processos metabólicos e lesão da membrana citoplasmática. Avaliação do poder antimicrobiano dos desinfetantes e antisséptico Técnicas laboratoriais são utilizadas para determinar o potencial antimicrobiano dos agentes químicos, possibilitando a escolha de desinfetantes e antissépticos apropriados. Os três procedimentos amplamente utilizados no laboratório são: 1. Técnica da diluição em tubo: procura-se a maior diluição em que a substância consegue matar os microrganismos. 2. Técnica da inoculação em placa: procura-se uma zona de inibição. 3. Técnica do coeficiente fenólico: se compara ao poder dos desinfetantes fenólicos. Esterilizantes químicos São particularmente utilizados para a esterilização de materiais médicos sensíveis ao calor, como bolsas de sangue, seringas plásticas descartáveis e equipamentos de cateterização. Também são utilizados para esterilizar ambientes fechados, como câmaras assépticas. Principais: óxido de etileno, beta-propiolactona, glutaraldeído e formaldeído. I. Óxido de etileno: É líquido em temperaturas abaixo de 10,8ºC, e acima desta torna-se gás. Ele é inflamável e causa irritação na mucosa. Tem o poder de matar as células vegetativas e os endósporos também. Apresenta alto poder de penetração. ● Aplicações práticas: esterilização de materiais médicos e laboratoriais, utilizado para descontaminação dos componentes das naves espaciais. Requer controle preciso da concentração, temperatura e umidade. ● Mecanismo de ação: inativa enzimas e proteínas que têm átomos de hidrogênio lábil. II. Beta-propiolactona: Líquido incolor em temperatura ambiente. Causa bolhas quando em contato com a pele. É bactericida, esporicida, fungicida e viricida. Baixo poder de penetração. III. Glutaraldeído: líquido oleoso e incolor. Uma solução aquosa a 2% deste agente químico tem um largo espectro de atividade antimicrobiana. É efetivo contra vírus, células vegetativas e esporuladas de bactérias e fungos. Usado para esterilizar instrumentos urológicos, lentes de instrumentos, equipamentos respiratórios, etc. IV. Formaldeído: è um gás que se mostra estável somente em altas concentrações e em temperaturas elevadas. É extremamente tóxico. Em solução, é utilizado para esterilizar instrumentos, na forma gasosa, é utilizado para desinfecção e esterilização de áreas fechadas. Possui baixo poder de penetração. Tem capacidade de inativar constituintes celulares, como proteínas e ácidos nucleicos. Drogas antimicrobianas Quando as defesas normais do organismo não são capazes de impedir ou derrotar uma doença, ela frequentemente pode ser tratada por quimioterapia pelo uso de drogas antimicrobianas. Como os desinfetantes, às drogas antimicrobianas agem matando ou interferindo no crescimento dos micro-organismos. Diferentemente dos desinfetantes, no entanto, essas drogas precisam agir dentro do hospedeiro, sem causar dano a ele. Esse é o princípio da toxicidade seletiva. Antibiótico, substância produzida por um micro-organismo que, em pequenas quantidades, pode inibir outros micro-organismos. Assim, as drogas Sulfa totalmente sintéticas, por exemplo, não são antibióticos do ponto de vista técnico, uma distinção com frequência ignorada na prática. Alguns são usados comercialmente para outras funções que não o tratamento de doenças – por exemplo, como um suplemento na alimentação animal. Mais da metade dos nossos antibióticos é produzida por espécies do gênero Streptomyces, bactérias filamentosas que comumente habitam o solo. Alguns poucos antibióticos são produzidos por bactérias formadoras de endósporos, como Bacillus, e outros são produzidos por bolores, a maioria sendo dos gêneros Penicillium e Cephalosporium. Paul Ehrlich foi o fundador da quimioterapia, criou as drogas antimicrobianas. Já Alexander Fleming, fez a descoberta da penicilina. Propriedades dos antimicrobianos utilizados em terapêutica 1. Toxicidade seletiva 2. Não agir sobre a microbiota 3. Mínimo de efeito colateral 4. Não ser inativado pela acidez estomacal 5. Ser capaz de atingir tecidos e corrente sanguíneaO espectro de atividade antimicrobiana Algumas drogas apresentam um espectro restrito de atividade microbiana, ou alcance de tipos microbianos diferentes que elas podem afetar. Antibióticos que afetam amplamente vários tipos de bactérias gram-positivas ou gram-negativas são chamados de antibióticos de amplo espectro. Um fator primário envolvido na toxicidade seletiva de ação antibacteriana reside na camada externa de lipopolissacarídeos de bactérias gram-negativas e nas porinas, que formam canais aquosos através dessa camada. Drogas que atravessam os canais de porinas precisam ser relativamente pequenas e preferencialmente hidrofílicas. Drogas que são lipofílicas (apresentam afinidade por lipídios) ou muito grandes não conseguem penetrar imediatamente em uma bactéria gram-negativa. Uma vez que a identidade de um patógeno nem sempre é imediatamente reconhecida, uma droga de amplo espectro poderia ser vantajosa no tratamento de uma doença por poupar um tempo precioso. No entanto, a desvantagem é que essas drogas destroem também grande parte da microbiota normal do hospedeiro. A microbiota normal compete com patógenos e outros micróbios e limita seu crescimento. Se o antibiótico não destrói certos organismos na microbiota normal, mas elimina seus competidores, os sobreviventes podem proliferar e se tornar patógenos oportunistas. Esse crescimento acentuado é chamado de superinfecção, termo também aplicado ao crescimento de um patógeno-alvo que desenvolveu resistência a um antibiótico. Nessa situação, essa cepa resistente ao antibiótico substituirá a cepa sensível, e a infecção permanece. OBS: a penicilina G apresenta espectro restrito, só afeta bactérias gram-positivas. Já as tetraciclinas apresentam espectro amplo, afetando vários tipos de bactérias. Ação das drogas antimicrobianas As drogas antimicrobianas podem ser bactericidas ou bacteriostáticas. Na bacteriostase, as próprias defesas do hospedeiro, como a fagocitose e a produção de anticorpos, normalmente destroem o micro-organismo. I. Inibição da síntese de parede celular: os betalactamicos inibem a síntese de peptideoglicano da parede celular, as proteínas responsáveis pela etapa final da síntese do peptideoglicano e bloqueio da construção do peptideoglicano. OBS: a penicilina age inibindo a síntese da parede celular. II. Inibição da síntese proteica: a diferença na estrutura ribossomal é a razão da toxicidade seletiva dos antibióticos que afetam a síntese de proteínas. Entretanto, as mitocôndrias (importantes organelas eucarióticas) também contêm ribossomos 70S semelhantes aos bacterianos. Dessa forma, antibióticos que afetam os ribossomos 70S podem causar efeitos adversos nas células do hospedeiro. Ex: cloranfenicol (liga-se à porção 50S e inibe a formação da ligação peptídica.), eritromicina, estreptomicina (muda a conformação da porção 30S, fazendo com que o código contido no mRNA seja lido incorretamente) e tetraciclinas (interferem com o acoplamento entre o tRNA e o complexo mRNA-ribossomo). III. Dano à membrana plasmática: certos antibióticos, especialmente aqueles compostos por polipeptídeos, induzem mudanças na permeabilidade da membrana plasmática; essas mudanças resultam na perda de metabólitos importantes pela célula microbiana. IV. Inibição da síntese de ácidos nucleicos: vários antibióticos interferem nos processos de replicação de DNA e transcrição em micro-organismos. Algumas drogas com essa atividade apresentam utilidade limitada, uma vez que também interferem no metabolismo de DNA e RNA de mamíferos. V. Inibição da síntese de metabólitos essenciais: uma atividade enzimática específica de um micro-organismo pode ser inibida competitivamente por uma substância (antimetabólito) que se assemelha muito ao substrato normal da enzima. Análise das drogas antimicrobianas comumente utilizadas 1. Inibidores da parede celular: PENICILINA O termo penicilina se refere a um grupo que engloba mais de 50 antibióticos quimicamente relacionados. Todas as penicilinas apresentam uma estrutura central comum, contendo um anel β-lactâmico, chamada de núcleo. As penicilinas podem ser produzidas de forma natural ou semissintética. Elas impedem a ligação cruzada entre peptideoglicanos, o que interfere nos estágios finais da construção das paredes celulares, principalmente de bactérias gram-positivas ● Penicilinas naturais: Penicilinas extraídas de culturas do bolor Penicillium existem sob diversas formas muito relacionadas. O composto prototípico de todas as penicilinas é a penicilina G. Ela possui um espectro de atividade bastante restrito, porém muito útil, sendo com frequência a droga de escolha no tratamento contra estreptococos, estafilococos e diversas espiroquetas. Penicilinas naturais apresentam algumas desvantagens. As principais são o seu estreito espectro de atividade e sua suscetibilidade a penicilinases. Penicilinases são enzimas produzidas por muitas bactérias, mais notadamente espécies de estafilococos, que clivam o anel β-lactâmico da molécula de penicilina. Devido a essa característica, as penicilinases são às vezes chamadas de β-lactamases. ● Penicilinas semissintéticas: um grande número de penicilinas semissintéticas tem sido desenvolvido como tentativa de superar as desvantagens das penicilinas naturais. Os cientistas desenvolvem essas penicilinas de duas maneiras. Primeiro, é possível interromper a síntese de uma molécula de penicilina e obter apenas o núcleo comum das penicilinas para ser utilizado. Segundo, é possível remover as cadeias laterais de moléculas naturais completas e, em seguida, adicionar outras cadeias laterais que as tornem mais resistentes a penicilinases ou ampliem seu espectro de ação. Daí o termo semi sintético, em que parte da penicilina é produzida pelo bolor e parte é adicionada sinteticamente. Essas novas penicilinas são eficientes contra muitas bactérias gram-negativas e também contra gram-positivas, embora elas não sejam resistentes a penicilinases. ● Penicilinas resistentes às penicilinases ● Penicilinas mais inibidores de β-lactamase: Uma abordagem diferente para combater a proliferação da penicilinase é a combinação de penicilinas com clavulanato de potássio (ácido clavulânico), uma substância produzida por um estreptomiceto. O clavulanato de potássio é um inibidor não competitivo da penicilinase sem qualquer ação antimicrobiana própria. CARBAPENEMOS Apresenta amplo espectro, afeta gram-positivas, gram-negativas, anaeróbicas e multirresistentes. MONOBACTAMOS Espectro restrito à gram-negativas. CEFALOSPORINAS As cefalosporinas inibem a síntese de parede celular de forma essencialmente similar à ação das penicilinas. Elas são mais utilizadas que qualquer outro antibiótico β-lactâmico. Apresentam amplo espectro e várias gerações. GLICOPEPTÍDEOS Alteram a permeabilidade da membrana plasmática. Apresentam espectro restrito à gram-positivas e anaeróbios. Exemplos: vancomicina e teicoplanina. Indicado a pacientes com infecção grave e alergia a penicilina. 2. Ação na membrana citoplasmática: A síntese da membrana plasmática bacterianarequer a produção de determinados ácidos graxos, que funcionam como blocos de montagem. O bloqueio desse processo é o alvo de vários antibióticos e drogas antimicrobianas, eles aumentam a permeabilidade. A polimixina B é um antibiótico bactericida eficiente contra bactérias gram-negativas. Por muitos anos, ela foi uma das poucas drogas a ser utilizada em infecções contra a bactéria gram-negativa Pseudomonas. Entretanto, a polimixina B raramente é usada hoje, exceto no tratamento tópico de infecções superficiais. Exemplo: polimixina B e E, daptomicinas. 3. Inibição da síntese proteica: Atuam nos ribossomos 30S ou 50S. CLORANFENICOL Atua na unidade 50S e apresenta amplo espectro. Inibe a formação de ligações peptídicas nas cadeias nascentes de polipeptídeos. AMINOGLICOSÍDEOS Atuam na unidade 30S e apresentam espectro restrito à gram-positivas e micobactérias. Interferem nas etapas iniciais da síntese proteica pela alteração conformacional da porção 30S. TETRACICLINAS Atuam na unidade 30S e apresentam amplo espectro. As tetraciclinas estão entre os antibióticos mais comumente adicionados às rações animais, e seu uso resulta em ganho de peso significativamente mais rápido, embora essa atividade possa trazer prejuízos à saúde humana. Esses antibióticos interferem na ligação do tRNA, carreando aminoácidos específicos, à porção 30S do ribossomo 70S procariótico, o que previne a adição de aminoácidos as cadeias nascentes de polipeptídeos. MACROLÍDEOS Atuam na unidade 50S e apresentam espectro restrito à gram-positivas e micoplasma. Seu modo de ação consiste na inibição da síntese proteica. É comumente usada como alternativa ao uso da penicilina. 4. Inibição da síntese de DNA/RNA: RIFAMICINAS Inibem a síntese de mRNAs, pois age na RNA polimerase. Atua sobre cocos gram-positivos e micobactérias. QUINOLONAS Inibição seletiva de uma enzima (DNA-girase) necessária para a replicação do DNA. Apresenta amplo espectro. NITROIMIDATÓRIOS Liberação de radicais livres. Atua sobre bactérias anaeróbias e protozoários. Resistência a drogas antimicrobianas As diferenças genéticas se originam de mutações aleatórias. Essas mutações podem se espalhar horizontalmente entre as bactérias por processos como a conjugação ou a transdução. A resistência a drogas frequentemente é carreada por plasmídeos ou por pequenos segmentos de DNA denominados transposons, os quais podem saltar de um pedaço de DNA para outro. Alguns plasmídeos, incluindo-se aqueles chamados de fatores de resistência (R), podem ser transferidos entre células bacterianas em uma população e entre populações de bactérias diferentes, porém proximamente relacionadas. Fatores R com frequência apresentam genes que conferem resistência a vários antibióticos. Uma vez adquiridas, entretanto, as mutações são transmitidas por mecanismos normais de reprodução, e a progênie passa a carregar a característica genética dos micróbios parentais. Devido à alta taxa de reprodução das bactérias, apenas um curto período é necessário para que quase toda a população passe a ser resistente ao novo antibiótico. I. Destruição ou inativação enzimática da droga: a destruição ou inativação enzimática afeta principalmente antibióticos que são produtos naturais, como as penicilinas e às cefalosporinas. Grupos de antibióticos totalmente sintéticos, como as fluoroquinolonas, apresentam menor probabilidade de serem afetados dessa maneira, embora possam ser neutralizados de outras formas. II. Prevenção da entrada no sítio-alvo dentro do micróbio: bactérias gram-negativas são relativamente mais resistentes a antibióticos devido à natureza de suas paredes celulares, que restringem a absorção de moléculas e seu movimento por aberturas denominadas porinas. Alguns mutantes bacterianos modificaram a abertura das porinas de forma que os antibióticos são incapazes de entrar no espaço periplasmático. III. Alterações no sítio-alvo da droga: pequenas modificações no sítio podem neutralizar os efeitos dos antibióticos sem que ocorram alterações significativas nas funções celulares. IV. Efluxo rápido (ejeção) do antibiótico: certas proteínas na membrana plasmática de bactérias gram-negativas agem como bombas que expelem os antibióticos, impedindo que alcancem uma concentração efetiva.
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