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Carlos Henrique Prevital Fileni, Rodrigo da Cruz Oliveira, Guanis de B. Vilela Junior (Organizadores) EDUCAÇÃO FÍSICA: na Ciência, na Escola e na Prática Ficha Catalográfica Ficha catalográfica: elaborada pela editoria do Centro de Pesquisa Avançadas em Qualidade de Vida. Fileni, Carlos Henrique Prevital; Oliveira, Rodrigo da Cruz; Vilela Junior, Guanis de Barros (organizadores) EDUCAÇÃO FÍSICA: NA CIÊNCIA, NA ESCOLA E NA PRÁTICA Revisão: Anie Mariette Schwartz – Campinas – CPAQV, 2019. ISBN: 978-65-900730-0-6 Prefixo editorial: 900730 Editora: CPAQV – Campinas, São Paulo, Brasil. 1. Educação Física. 2. Ciência. 3. Escola. 4. Prática. Sumário APRESENTAÇÃO CAPÍTULO 1 NEUROPLASTICIDADE E MOVIMENTO HUMANO Introdução Referências CAPÍTULO 2 ASPECTOS BIOMECÂNICOS DO SKATE Breve história do skate Conceitos e movimentos básicos no skate A biomecânica do skate Concluindo ou começando? Referências CAPÍTULO 3 CONTROLE POSTURAL EM PACIENTES HEMIPLÉGICOS Introdução Referências CAPÍTULO 4 EDUCAÇÃO FÍSICA: PERCEPÇÃO DE PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM LUTAS Introdução As lutas na educação física escolar Métodos Atuação na educação básica- dificuldades e currículo Currículo e propostas desenvolvidas Considerações finais Referências CAPÍTULO 5 CORPO E PROGRAMAS DE GINÁSTICA LABORAL: POSSÍVEIS IMPACTOS NAS RELAÇÕES DO TRABALHO Introdução Corpo, trabalho e ginástica laboral Lazer do trabalho e ginástica laboral Considerações finais Referências CAPÍTULO 6 REFLEXÕES FILOGENÉTICAS E DISTÓPICAS SOBRE O MOVIMENTO HUMANO Introdução O nosso desequilíbrio evolutivo Poderíamos controlar nossa própria evolução? Conclusão Referências CAPÍTULO 7 OSSOS FORTES PARA UMA VIDA SAUDÁVEL Introdução Hormônios masculino e feminino Cálcio e Vitamina D Cristais de hidroxiapatita e o efeito piezoelétrico Treinamento contra resistência e sua influência no tecido ósseo Ossos e aspectos da física atividade na água Formas mais conhecidas do treinamento de força Discussão e conclusões Referências CAPÍTULO 8 CINESIOLOGIA E A COMPLEXIDADE DO MOVIMENTO HUMANO Introdução Referências CAPÍTULO 9 PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS PARA PORTADORES DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT) – HIPERTENSÃO ARTERIAL E DIABETES MELLITUS Introdução Atividade física, exercício físico, hipertensão e diabetes Exercício e hipertensão arterial Orientações para prescrição Exercício e diabetes Orientações para Prescrição de Exercícios para Diabetes dos Tipos 1 e 2 Referências Sobre os autores Índice Remissivo APRESENTAÇÃO Este livro, Educação Física: na ciência, na escola, na prática, é fruto de um esforço coletivo de professores e/ou alunos de mestrado e doutorado que pertencem ao Núcleo de Pesquisas em Biomecânica Ocupacional (CNPq/UNIMEP) junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano. O mesmo teve como eixo norteador o exercício epistemologicamente pensado de mostrar uma das maneiras possíveis de refletir a famosa tríade Pesquisa – Ensino – Extensão; como se articulam de maneira complexa, em espaços de saberes que estão intimamente articulados: a Ciência, a Escola, a Prática. Se como já foi dito, “Ciência sem prática é burra, prática sem ciência é cega”, vale acrescentar: Ciência e Prática sem a Escola não existem! Primeiro, pela mais óbvia lógica, todo conhecimento científico é normativamente construído a partir e através de um ato pedagógico que se materializa no espaço escolar, espaço este, que vai além da escola tradicional e atinge milhões de estudiosos mundo afora através das tecnologias virtuais. Isto explica parcialmente a opção pelo livro no formato digital, acessível, democrático, mais barato e ecologicamente correto, pois poupamos árvores no planeta. Segundo, nem tão óbvio, e, portanto, merece um esclarecimento: O Brasil e suas crises perenizadas através de uma espécie de anti-lógica tropical que oscila entre o “Deus é brasileiro” até o “Brasil, ame-o ou deixe-o” repaginado nas redes sociais pela governança com uma amálgama de virulência e ingenuidade. Fato é que a Educação no Brasil nunca foi levada à sério, do ensino básico à pós-graduação, o calor no planalto central, parece perturbar a capacidade de reflexão de nossos “gestores educacionais” (expressão chic que gente inteligente repete nas suas bolhas de conforto existencial) que não conseguem, porque não querem compreender que a sociedade brasileira não aguenta mais ser de segunda ou terceira linha! E esta sociedade somos nós, somos o Brasil materializado nas nossas vidas de pão caro e berço esplêndido raro. Senhores gestores, fica o recado: se redima do pecado, cada centavo roubado, é um sonho abortado de um cidadão injustiçado! Cada centavo, na educação não aplicado, é mais um miserável na rua a nos deixar incomodado. É contra tudo isto que os autores do presente livro, humildemente doaram seus saberes, seu tempo, seu dinheiro para que o mesmo fosse possível. Somos, de alguma maneira privilegiados, tivemos a oportunidade de estudarmos a vida inteira, e sabemos que só a economia não resolverá a fome de tudo que o Brasil tem. A Educação de qualidade é a nossa honrosa saída de nossas fomes. Boa leitura! Professor Dr. Guanis de Barros Vilela Junior Campinas, maio de 2019. Coordenador do Núcleo de Pesquisas em Biomecânica Ocupacional e Qualidade de Vida (NPBOQV) do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano da Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP. CAPÍTULO 1 NEUROPLASTICIDADE E MOVIMENTO HUMANO Gustavo Celestino Martins Carlos Henrique Prevital Fileni Bráulio Nascimento Lima Leandro Borelli de Camargo Ricardo Pablo Passos Fernanda Turrioni Costa Valter Roberto de Moraes Fabio da Silva Ferreira Vieira Rodrigo da Cruz Oliveira Guanis de Barros Vilela Junior Introdução Estudos a respeito dos aspectos motores do desenvolvimento global e a Neuroplasticidade de indivíduos saudáveis e/ou praticantes de atividade física vêm se tornando constantes dentro do contexto das ciências do movimento humano, especialmente em referenciais que tratam de melhores condições na avaliação e reabilitação com estes indivíduos. Desta forma, os estudos vêm se reestruturando em termos de conceitos teóricos e práticas efetivas, sendo importante analisar, observar e intervir nos processos que envolvem este desenvolvimento para elaborar estratégias pedagógicas a fim de promover este desenvolvimento global do indivíduo. A seguir serão detalhados aspectos neuroanatômicos do SNC mais relevantes para a presente pesquisa. O cerebelo é uma grande estrutura encefálica, que se encontra na parte dorsal à ponte e o bulbo, ocupando no quarto ventrículo a maior parte do cérebro posterior.1 O cerebelo juntamente com o cérebro, formam o Sistema Nervoso Suprassegmentar, e possuem um córtex que envolve um centro de substância branca (centro medular do cérebro e corpo medular do cerebelo).2 O cerebelo contém mais neurônios do que os encontrados no resto do encéfalo, o que atesta sua complexidade anatômico funcional. É descrito como um dispositivo de temporização, que assegura a ordem e o tempo correto da ativação muscular individual; de aprendizagem, tanto na memorização como habilidades motoras; de coordenação, organizando movimentos multiarticulares ou multimembros; compara erros emergentes durante um movimento, em relação ao plano motor.1 Uma das principais características dos neurônios, é a transmissão de informações de uma célula para outra, especificamente nas regiões especializadas das membranas celulares, onde as mesmas chegam bem perto uma da outra, formando a sinapse. Para Latash1, a sinapse é constituída por três componentes: membrana pré-sináptica, membrana pós-sináptica e fenda sináptica, como mostra a figura 1 a seguir: Figura 1. Fenda sináptica Fonte: Autor, (2019) Segundo o mesmo autor, a membrana pré-sináptica pertence a célula que transmite a informação, a membrana pós-sináptica pertence a célula receptora de informação e entre uma e outra, possui uma lacunadenominada de fenda sináptica. A transferência de informações de um neurônio para outro é mediada pela ação de neurotransmissores, os quais utilizam várias substâncias químicas que estão em vesículas, no neurônio pré-sináptico. Os neurotransmissores envolvem as regiões do receptor estabelecido sobre a membrana pós-sináptica e despolarizam (potencial pós-sináptico excitatório – PPSE) ou hiperpolarizam (potencial pós-sináptico inibitório – PPSI). Aminoácidos, aminas biogênicas e neuropeptídios são três principais grupos de neurotransmissores, onde os aminoácidos são proteínas encontradas no corpo humano, essencialmente no Sistema Nervoso (SN) e, tem como neurotransmissor mais assíduo o ácido gama-aminobutírico (AGAB), que está presente em 25% a 40% de todas as sinapses. As aminas biogênicas são vistas em quantidades menores quando comparadas com a anterior, porém várias destas possuem importante função neurotransmissora como a acetilcolina, que inibe os neurônios pós-sinápticos dentro do SNC, mas é o intercessor excitatório mais relevante para a transmissão dos sinais neuronais às fibras musculares; a serotonina é responsável no SNC pela inibição da ira, agressão, temperatura corporal, humor, sono, apetite, dentre outras; a dopamina que está envolvida em várias funções no SN e particularmente no controle de movimentos, aprendizado, cognição e memória; e a noradrenalina é a mediadora do humor, ansiedade, sono e alimentação; junto com a serotonina. O desempenho do cerebelo depende da integridade da sinapse das fibras de Purkinje de escalada, Streng; Popa; Ebner3, afirmam que o circuito celular Purkinje de fibra de escalada é um dos mais poderosos e altamente conservados no SNC. As fibras de escalada exercem uma poderosa ação excitatória que resulta em um pico complexo nas células de Purkinje, cuja a entrada dessas fibras controla a codificação da informação comportamental, no disparo simples das células. Figura 2. Esquema da divisão funcional do cerebelo. Fonte: Autor, (2019) Para Machado e Haertel2, o cerebelo tem papel fundamental relacionado a postura, equilíbrio, coordenação dos movimentos dentre outras, porém, ele não se limita às funções motoras, e está envolvido em finalidades cognitivas também. Uma característica do cerebelo é a capacidade de reparar e restaurar as funções perdidas, que são explicadas por uma abundante plasticidade sináptica e pela convergência de sinais centrais e periféricos multimodais, além das estruturas extras-cerebelares que contribuem para a recuperação de lesão do mesmo.4 O cerebelo é responsável pelas adaptações do controle neuromotor diante das mudanças que ocorrem no meio ambiente, função esta que fica usualmente prejudicada em sujeitos com danos cerebelares, conforme afirmam Statton et al.5 O cerebelo baseado em suas conexões do córtex com os núcleos centrais pode ser dividido em três partes segundo Machado e Haertel:2 a) vestíbulocerebelo que compreende o lobo floculonodular e tem conexões com núcleo fastigial e os núcleos vestibulares; b) espinocerebelo que compreende o vérmis e a zona intermédia dos hemisférios e tem conexões com a medula espinhal; c) Cérebro-cerebelo que compreende a zona lateral e tem conexões com o córtex cerebral. Segundo Machado e Haertel2, cada uma das partes citadas acima, possuem suas vias de conexões aferentes e eferentes, onde no vestibulocerebelo, as fibras aferentes chegam ao cérebro pelo fascículo vestibulocerebelar, tendo sua origem nos núcleos vestibulares que se distribuem ao lobo floculonodular. Já as conexões eferentes quem projeta as informações para os neurônios dos núcleos vestibulares medial e lateral, são as células de Purkinje. Para a parte do espinocerebelo, os responsáveis pelas vias aferentes, que penetram pelo cerebelo são os tratos espinocerebelar anterior e posterior. Nas vias eferentes os responsáveis são os axônios das células de Purkinje da zona medial, a partir da sinapse. Na área do cérebro-cerebelo, as vias aferentes são transportadas pela via ponte-cerebelar, que penetra no cerebelo pelo pedúnculo médio e se distribui nos dois hemisférios laterais. Nas vias eferentes os percursores são os axônios das células de Purkinje da zona lateral do cerebelo. O córtex cerebral é uma das partes mais importantes do SNC, pois é onde chegam os impulsos de todas as vias da sensibilidade, e onde saem os impulsos nervosos que iniciam e comandam os movimentos voluntários.2 Segundo Latash1, o movimento é elaborado na via cérebro cerebelar, a partir de áreas do córtex cerebral ligadas às funções psíquicas superiores, associando os dados do plano motor do cerebelo com seus próprios dados, resultando em um plano motor comum, que é colocado em execução através de neurônios da área motora primária. Uma das mais importantes vias neuronais que envolvem o controle neuromotor no processo de aprendizagem é a cerebelo-tálamo-cortical. Segundo Chabrol, Blot e Mrsic-Flogel6, o cerebelo dispara o impulso excitatório para o tálamo motor, que está envolvido na coordenação e no tempo das ações aprendidas. Estes autores ressaltam que a atividade neuronal preparatória preditiva de ações específicas, surge segundos antes do movimento e é mantida por um ciclo de retroalimentação positiva com o tálamo. No modelo Hebbiano considerado nessa pesquisa, esta via é a segunda mais importante no processo de aprendizagem, ficando atrás apenas da via cerebelar. Entretanto, pesquisar estes comportamentos complexos não é tarefa simples, por isso, muitas vezes, pesquisadores optam por estudar aspectos pontuais desta complexidade na tentativa de elucidá-lo. Por exemplo, Peh, Chow e Davids7, mostram que o controle neuromotor apresenta determinadas questões não respondidas, como a problemática da focalidade: o foco do movimento (foco interno), ou o efeito do movimento (foco externo). Ao invés de comparar qual foco de atenção é mais efetivo, a análise é pontual, ou seja, aborda ambos os aspectos enquanto totalidade que são. Brittain e Brown8, mostram que a variabilidade está presente o tempo todo no SNC, mostrando a importância da gânglia basal e sua relação com a atividade cortical, no trânsito das informações neuronais. É conhecida a importância da mesma no controle voluntário do movimento, desde a movimentação dos olhos, até movimentos amplos e complexos. Dentro desse contexto, Hirschfeld9 em seu estudo de controle neuromotor e terapia física, procurou compreender o controle da coordenação entre postura e ações voluntárias que refletem na performance das tarefas motoras diárias no sujeito normal e com controle neuromotor debilitado (sujeitos com AVE e crianças com paralisia cerebral). Através de análises multifatoriais em relação à cinemática, forças de reação do solo e padrões de ativação muscular, variáveis críticas de controle neuromotor para tarefas específicas são identificadas. Esta pesquisa esclareceu as diferenças dos padrões de ativação muscular e forças de reação do solo na reabilitação, baseado na hipótese de controle neuromotor. Em pesquisas sobre os substratos neurais relacionados a integração audiomotora, nas quais foram examinadas as atividades cerebrais, constatou- se que o córtex pré-motor e o plano temporal, são fundamentais para as ações motoras através do sistema auditivo.10 Flash e Sejnowski11 apresentaram novos conceitos e modelos computacionais para observações comportamentais e neurofisiológicas dos problemas de controle neuromotor. Nesses modelos eles incluem uma grande seleção de trajetórias para as possibilidades de solução da cinemática inversa e problemas dinâmicos. Pesquisas dessa natureza (modelamento neuronal), são importantes à medida que recorrem a diferentes métodos de modelamento de redes neurais artificiais. Entretanto, os conceitos mais recentes sobre a neuroplasticidade e a aprendizagem motora, destacam que os estímulos de experiências sensoriomotoras e perceptuais, dependendo do meio em que o indivíduo está inserido, como mecanismos responsáveis pela constantereorganização estrutural e funcional do Sistema Nervoso Humano. De acordo com Florindo e Pedro12 “Conceitos recentes de neuroplasticidade e aprendizagem motora sugerem o estímulo de experiências sensoriomotoras e perceptuais, como mecanismos responsáveis pela constante reorganização estrutural e funcional do Sistema Nervoso”. Nesse contexto, podemos destacar alguns estudos que atestam a influência da neuroplasticidade no controle motor; Arazi13, objetivou estabelecer o somatotipo, o perfil antropométrico e neuromotor de escaladores indoor da elite jovem de escaladores femininos, masculinos e recreativos. Para tanto, as medidas antropométricas foram coletadas conforme padronizações internacionais, a força e resistência dos membros superiores foram avaliadas por teste isométrico. Força explosiva e equilíbrio foram avaliados pelos testes Sargent jump e Star Excursion Balance (SEBT), respectivamente. Os resultados deste estudo podem proporcionar uma melhor compreensão do desempenho sobre a escalada indoor, identificar um talentoso alpinista e, consequentemente ajudará os treinadores a planejar programas de treinamento eficientes. No estudo de Barcelos14, sobre a análise do equilíbrio postural e força muscular isocinética de joelho em atletas de futsal feminino, que teve como objetivo analisar o equilíbrio postural e a força muscular isocinética do joelho em atletas amadoras de futsal feminino. Desta forma, foram avaliadas 12 atletas (22,07±3,61 anos), para verificar se existe associação entre essas variáveis. Mediu-se a força muscular com um dinamômetro isocinético, e o equilíbrio, por meio da posturografia com testes de organização sensorial (TOS), de controle motor e unilateral. As atletas mostraram maior dependência visual para manter o equilíbrio, percebida nas condições do teste unilateral com restrição visual, possivelmente, essa situação indica que o sistema somatossensorial e/ou vestibular das atletas foi afetado por fatores associados ao treinamento físico e à participação em competições. Tal estudo é relevante no escopo da presente pesquisa, uma vez que, o cerebelo assume papel de alta relevância na postura e na manutenção do equilíbrio. No estudo de Alves15, tiveram como foco o controle postural como um fator determinante para execução de gestos funcionais e desempenho motor com o objetivo de investigar o controle postural durante a tarefa controlada do chute futebolístico por meio de um sistema de análise biomecânica. A amostra contou com 11 atletas profissionais do sexo masculino, com média de idade de 22 anos. Os atletas realizaram vinte e cinco chutes de precisão em direção ao alvo, com a bola em movimento vertical lançada por meio de um dispositivo manual sincronizado com as medidas biomecânicas computadas. O resultado do controle postural dentro da ação motora, em geral, a média dos dados descritivos do controle postural, através dos parâmetros do COP, foi elevado quando comparado aos dados de COP durante protocolos tradicionais de equilíbrio na literatura, denotando o grau de complexidade da ação motora investigada, mais uma evidência da neuroplasticidade que está sempre presente no controle neuromotor. A partir deste ponto, se faz necessária uma breve revisão sobre pesquisas que estudaram a neuroplasticidade e o controle neuromotor subjacente em tarefas manipulativas. Um dos parâmetros biomecânicos mais relevantes para o controle neuromotor de tarefas manipulativas é a capacidade de produção de forças nos dedos. Com o passar do tempo, os sujeitos apresentam mudanças nas mãos relacionadas ao sistema neuromuscular, devido à queda de força e coordenação dos dedos. Através desta queda de força, pode tornar a ação realizada com as mãos aprendida ao longo da vida, abaixo do ideal.16 Segundo Latash; Scholz; Schoner16 e Latash1, essa perda de força ocorre simultaneamente em todos os dedos das mãos, impactando no nível de organização do controle neuromotor dos dedos, tal fato é atestado pela complexidade anatômica da mão, composta por 27 ossos e vários músculos (intrínsecos e extrínsecos), ligamentos e inervações oriundas de diferentes ramos nervosos da medula. Flament17 utilizaram ressonância magnética funcional para verificar alterações na ativação do cerebelo, propuseram duas tarefas a serem executadas com um controle de vídeo game, para sobrepor o cursor em alvos visuais. No primeiro, o movimento do controle e o cursor foram invertidos, exigindo uma aprendizagem de transformação visuomotora para otimizar o desempenho; e a segunda tarefa, o controle e o cursor foram alterados aleatoriamente para cada tentativa. A ativação no cerebelo foi maior durante as fases iniciais da tarefa um e dois. Na tarefa um, o desempenho foi considerado insatisfatório nos estágios iniciais e com a prática foi melhorando o nível de proficiência em relação a tarefa padrão (consolidação da aprendizagem). Já no segundo momento, em função da aleatoriedade o desempenho foi também insatisfatório, e mesmo com a prática não se obteve melhora. Tais resultados corroboraram a hipótese de que o cerebelo é fortemente ativado quando o desempenho motor é impreciso, onde o mesmo detecta e corrige os erros visuomotores. Este estudo está em concordância com a presente pesquisa, pois a tarefa solicitada na mesma é de característica visuomotora, quando espera-se uma intensa atividade cerebelar antes da consolidação da aprendizagem da mesma. Ao pesquisarem o efeito da estimulação transcraniana de corrente alternada (TAC), com diferentes frequências na atividade cerebelar e seus impactos na excitabilidade da perna e no controle neuromotor da marcha em indivíduos saudáveis, Naro18 concluíram que a TAC é uma ferramenta útil na reabilitação de pessoas com comprometimento da marcha, relacionada ao cerebelo. Mais uma vez, destaca-se o papel da atividade cerebelar no controle de atividades neuromotoras. Peterburs19 investigaram se o cerebelo processa o feedback de maneira diferenciada, quando há mudanças na estratégia de resposta durante a aprendizagem. Constataram aumento na ativação dos lóbulos VI e VII do cerebelo, por feedback negativo. O recrutamento de regiões posteriores na aprendizagem por feedback negativo está de acordo com a topografia funcional do cerebelo, com regiões posteriores envolvidas em funções motoras e cognitivas complexas, portanto, atestando a relevância dos diferentes tipos de feedbacks. Habilidades visuoespaciais comprometidas, podem impedir as atividades da vida diária. O cerebelo tem sido engajado no processamento visuoespacial, e os pacientes com lesão do mesmo, frequentemente exibem pouca habilidade visuoespacial, Slapik20 utilizaram uma mesa digitalizadora para avaliar 49 pacientes com ataxia cerebelar e 60 pessoas saudáveis, na execução de uma tarefa manipulativa visuomotora; concluíram que os pacientes exibiam comprometimentos de organização visuoespacial na ausência da lembrança da mesma. Lokesh e Ranganathan21 estudaram 36 adultos saudáveis, universitários com faixa etária entre 20-24 anos, sendo 20 mulheres e 16 homens, onde os participantes utilizaram um aparelho de manipulação bimanual, ao qual ficavam sentados em um banco de 45°, onde receberam a informação visual na tela, que parecia estar localizada nas mãos. Os participantes controlavam o cursor, e tinham que controlar uma trilha em formato de W, onde o objetivo era fazer o percurso o mais rápido possível dentro da faixa demarcada. Os resultados mostraram que o tempo de movimento dependeu da dificuldade da tarefa, mas todos conseguiram diminuir o tempo de movimento com a prática. A aprendizagem foi associada com uma redução na variedade do espaço nulo, mas, criticamente, não houve efeito da dificuldade da tarefa. Análises posteriores mostraram que, embora a variabilidade do espaço de tarefas tenha mostrado uma troca de velocidade e precisão esperada com o tempo de movimento, a variabilidade espacial nula mostrou um padrão qualitativamente diferente. Estes resultados sugerem um controle diferencialda tarefa e a variedade do espaço nulo em resposta a mudanças na dificuldade da tarefa com a aprendizagem, e podem refletir uma forte preferência para minimizar a variabilidade global do movimento durante a aprendizagem. No estudo de Patel, Zablocki e Lodha22, investigaram se o desempenho de tarefas e coordenação bimanual diferem entre aumento de força e diminuição de força, e determina a contribuição da coordenação de ambas as mãos para o desempenho de tarefas durante o aumento de força e diminuição de força. Para o estudo, foram utilizados dezessete adultos saudáveis com idade média de 24 anos, que tinham como tarefa combinar a força alvo com a força total, ou seja, soma de forças produzidas por ambas as mãos com a maior precisão possível. Como resultado foram encontrados acurácia diminuída e aumento da variabilidade da força total em decréscimo em comparação com a fase de aumento. Além disso, o coeficiente de correlação cruzada e a amplitude de coerência foram maiores durante o decréscimo de força do que a fase de incremento de força. Pode-se concluir que o desempenho da tarefa é reduzido durante o decréscimo da força em comparação com o incremento de força, sugerindo que a liberação de força é mais desafiadora do que a geração de força em tarefas bimanuais. Além disso, o acoplamento bimanual das forças foi melhor durante a diminuição de força do que o aumento de força. No geral, a coordenação de forças de ambas as mãos influencia o desempenho da tarefa nas fases combinadas de incremento e decremento. Especificamente, o desacoplamento de forças produzidas pelas duas mãos facilita a estratégia de compensação de erros para atingir o objetivo da tarefa. Juntos, esses resultados destacam que o controle bimanual de forças é dependente de tarefas e enfatizam a importância da colaboração entre as mãos para alcançar um objetivo de tarefa comum. Esses resultados podem ter implicações para o entendimento de mudanças no controle bimanual com o envelhecimento e distúrbios neurológicos. No trabalho de Sarasso23, foram estudados trinta e nove indivíduos saudáveis, onde foram divididos em dois grupos, o experimental que foi submetido a treinamento de diferenças somatossensorial consistindo de diferenças de distância, forma e superfície; já o grupo controle realizou uma manipulação simples de objetos. No início e após 2 semanas de treinamento, os indivíduos foram submetidos a avaliações sensório-motoras e ressonância magnética funcional, consistindo de estimulação tátil à direita, manipulação de um objeto simples, e execução complexa da sequência motora à direita. A destreza da mão direita melhorou em ambos os grupos, mas apenas o grupo experimental mostrou melhorias em todos os testes de destreza manual. Após o treinamento, o grupo experimental mostrou: diminuição da ativação das áreas sensoriomotoras ipsilaterais durante a tarefa de estimulação tátil. Isto corrobora o papel das vias cerebelares envolvidas no processo de aprendizagem motora. Referências 1- Latash, M.L. Bases Neurofisiológica do Movimento. Tradução Grace Kawali. 1 ed. – São Paulo: Phorte, 2015. 2- Machado, A.B.M.; Haertel, L.M. Neuroanatomia Funcional. Atheneu, São Paulo, 3ed., 2014. 3- Streng, M.L.; Popa, L.S.; Ebner, T.J. Complex Spike Wars: a New Hope. The Cerebellum, 17:735–746, 2018. 4- Mitoma, H.; Manto, M.; Hampe, C.S. Time Is Cerebellum. Cerebellum 17:387–391, 2018. 5- Statton, M.A.; et al. Making Sense of Cerebellar Contributions to Perceptual and Motor Adaptation. Cerebellum, 2017. 6- Chabrol, F.; Blot, A.; Mrsic-Flogel, T.D. Cerebellar contribution to preparatory activity in motor neocortex. bioRxiv preprint first posted online. May, 2018. 7- Peh, S.Y.C.; Chow, J.Y.; Davids, K. Focus of attention and its impact on movement behaviour. Journal of Science and Medicine in Sport; 14:70–78, 2011. 8- Brittain, J.S.; Brown, P. Oscillations and the basal ganglia: Motor control and beyond. n.85, pp. 637 – 647. Amsterdam: Elsevier, 2014. 9- Hirschfeld, H. Motor control of every day motor tasks: Guidance for neurological rehabilitation. Physiology & Behavior, 92: 161–166, 2007. 10- Tachibana, R.O.; Yanagida, M.; Riquimaroux, H. Novel approach for understanding the neural mechanisms of auditory-motor control: Pitch regulation by finger force. Neuroscience Letters; 482: 198–202, 2010. 11- Flash, T.; Sejnowski, T.J. Computational approaches to motor control. Current Opinion in Neurobiology, 11:655–662. 2001. 12- Florindo, M.; Pedro, R. The motor learning process and the neuroplasticity. Revista de Ciências da Saúde da ESSCVP, v.6, 2014. 13- Arazi, H.; Rashidlamir, A.; Abolhasani, M. Z.; Hosaini, S. A. Profiling and predicting performance of indoor rock climbers. Revista Brasileira Cineantropom Desempenho Hum. 20(1):82-94, 2018. 14- Barcelos, B. B.; Teixeira, L. P.; Lara. S. Analysis of the postural balance and knee isokinetic muscle strength of female futsal players. Revista Fisioter Pesqui. 25(1):28-34, 2018. 15- Alves, B. M. O.; et al. Postural control analysis during a standardized kick task in soccer athletes. Rev Bras Med Esporte. v. 24, n 2 – Mar/Abr, 2018. 16- Latash, M.L.; Scholz, J.P.; Schoner, G. To ward a new theory of motor synergies. Motor Control 11:275-307, 2007. 17- Flament, D.; Ellerman, J.M.; Kim, S.G.; Ugurbil, K.; Ebner, T.J. Functional Magnetic Resonance Imaging of Cerebellar Activation During the Learning of a Visuomotor Dissociation Task. Human Brain Mapping, 4:210- 226, 1996. 18- Naro, A.; et al. What Do We Know About the Influence of the Cerebellum on Walking Ability? Promising Findings from Transcranial Alternating Current Stimulation. Cerebellum, 2017. 19- Peterburs,J. et al. The role of the cerebellum for feedback processing and behavioral switching in a reversal-learning task. Brain and Cognition 125: 142–148, 2018. 20- Slapik, M.; et al. Visuospatial Organization and Recall in Cerebellar Ataxia. The Cerebellum, 2018. 21- Lokesh, R.; Ranganathan, R. Differential control of task and null space variability in response to changes in task difficulty when learning a bimanual steering task. Experimental Brain Research, 2019. 22- Patel, P.; Zablocki, V.; Lodha, N. Bimanual force control differs between increment and decrement. Neuroscience Letters. V. 701, 2019. 23- Sarasso, E. et al. Brain motor functional changes after somatosensory discrimination training. Brain Imaging and Behavior. V. 12, 2018. CAPÍTULO 2 ASPECTOS BIOMECÂNICOS DO SKATE Pietro Balducci Carlos Henrique Prevital Fileni Gustavo Celestino Martins Bráulio Nascimento Lima Leandro Borelli de Camargo Ricardo Pablo Passos Fernanda Turrioni Costa Claudio Novelli Luis Felipe Silio Rodrigo da Cruz Oliveira Guanis de Barros Vilela Junior Breve história do skate E o skate chegou às Olimpíadas de Tokyo de 2020, algo talvez, inimaginável para aquele grupo de jovens que na grande seca que assolou a Califórnia em 1975 e deixou muitas piscinas vazias e os meninos de Dogtown começaram a utilizá-las para praticar o esporte. Entretanto, existem relatos de que o skate tenha sido criado na década de 1960, quando jovens da região de Los Angeles, Califórnia, fixaram rolamentos em uma tábua, para “surfar nas calçadas” nos dias que as condições climáticas impossibilitavam o surf. A empresa Roller Derby Skate Company, de La Miranda, começou a produzir e vender o "Skate Board" no início dos anos 60. Mas foi nos anos 70, que Frank Nasworthy substituiu as rodas de ferro por rodas de uretano, esta inovação tecnológica garantiu um incremento da manobrabilidade do skate que foi decisiva para sua consolidação enquanto esporte. A cidade de Tucson, no Arizona, foi a primeira a construir um skatepark, inaugurado em setembro de 1965. No Brasil, a primeira pista de skate foi construída em Nova Iguaçu (RJ) e inaugurada em dezembro de 1976. A primeira mulher campeã e skatista profissional foi Patti McGee, que antes praticava surfe, quando não havia ondas boas no mar, praticava skate. Era considerada um exemplo da liberação feminina em temposde importantes mudanças no tecido social americano, chegando a ser capa da famosa revista Life, que tinha circulação mundial. Skatistas começaram a surgir em todo o mundo, na Europa, Ásia, América Latina, África, Oceania. Segundo a World Skateboarding Federarion (WSF)1 existem atualmente mais de 40 milhões de praticantes regulares de skate no mundo. No Brasil, mais de oito milhões, nos Estados Unidos mais de 6 milhões; trata- se de um esporte com característica primordialmente urbana, que pode ser praticado em qualquer época do ano e independente das condições climáticas. Segundo o Datafolha, um em cada dez lares no Brasil possui um skatista, totalizando mais de 8,5 milhões de praticantes no Brasil; movimentando só em roupas e acessórios mais de um bilhão de reais por ano, perdendo apenas para o mercado americanos que movimenta 4,5 bilhões de dólares por ano. Com campeonatos mundo afora e especialmente, com sua inclusão como esporte olímpico, estima-se que o mercado mundial de skate movimente mais de 15 bilhões de dólares por ano. Estudos científicos sobre a biomecânica do skate são ainda raros. O objetivo deste capítulo é discutir aspectos biomecânicos da prática do skate, tanto na perspectiva cinemática, quanto cinética. É importante esclarecer que o termo “biomecânica do skate” que será utilizado neste capítulo, se refere ao conjunto skate + skatista, uma vez que é a interação entre ambos que definirá a qualidade de qualquer uma das mais de 100 manobras existentes na modalidade. Conceitos e movimentos básicos no skate A interação skate e skatista se dá fundamentalmente com os pés e as mãos. Como o skatista usa as mãos é um aspecto importante que influenciará na biomecânica do mesmo. Serão utilizados os termos em inglês, mundialmente utilizados. A única exceção foi para a palavra grab aqui traduzida como “pegada”. Os mais conhecidos são: Melon, Nosegrab, Stalefish, Indy, Tailgrab, Mute, Crail. Melon – ou “melancholy” é um tipo de manobra onde o skatista segura o skate com as mãos para mante-lo junto aos pés, sendo importante na realização para saltos em escadas e/ou de grandes distâncias. Os melons são considerados difíceis pois o skatista tem que controlar a tendência natural de levantar as mãos durante a execução de um ollie. Nosegrab – trata-se de uma pegada na ponta dianteira do skate, ou seja, na direção do movimento, que assegura ao skatista que o skate está sob seus pés, e com base nesta informação, poder tentar realizar uma manobra do tipo “do-or-die” (fazer ou morrer). Stalefish – manobra de transição, pois a parte de trás do skate é lançada para cima com um ollie de frente, fazendo com que seja mais fácil pegar o skate por atrás do tornozelo com a mão que está para trás em relação ao corpo. É considerada uma manobra difícil e de quantificação complexa sob o ponto de vista da qualidade do movimento. Indy – A dificuldade desta pegada, onde o sujeito tem que segurar o skate pela frente, com a mão de trás, entre os pés, e simultaneamente afastar- se do skate para fazer o ollie ao mesmo tempo que você agacha para segurar o skate. Tailgrab – são consideradas mais fáceis do que qualquer outra pegada, sendo necessário tocar na sola do pé quando em fase aérea. No entanto, é fácil errar a mesma caso o skatista empurre o skate com pé que está adiante. Mute – manobra onde o skatista segura o skate entre os pés com a mão da frente, para garantir uma boa aterrissagem, por exemplo. Crail – Considerada a pegada mais rara, é na realidade um nosegrab realizado com a mão de trás. Requer um apurado controle neuromotor do pé que está atrás para não imprimir um torque (tendência rotacional) excessivo sobre o skate. Movimentos básicos acrobáticos no skate utilizando os pés Pushing – movimento onde o skatista está com o pé não dominante sobre o shape próximo ao truck dianteiro, enquanto que a perna dominante, adquire energia cinética gerada pela mesma, ao empurrar o solo para trás. Ollie – com os membros inferiores flexionados o skatista exerce uma força obliqua e para baixo sobre o tail do skate, isto gera uma rotação no shape para cima e em direção ao quadril do mesmo. Simultaneamente o outro pé precisa estabilizar e nivelar o skate nesta fase aérea o que demanda um complexo controle neuromotor altamente eficiente. Ollie frontside 180 – trata-se de um ollie onde a perna dominante é projetada para frente, ocasionando, portanto, uma inversão de base, estando os pés em permanente contato com o shape, o skatista simultaneamente rotaciona o tronco, membros superiores e quadril, realizando uma rotação de 180 graus. Ollie backside 180 – basicamente apresenta a mesma sequência de movimento anterior, mas com a perna dominante sendo projetada para trás. Ollie flip – um ollie onde o pé da dominante exerce uma força na porção lateral do shape localizada um pouco abaixo do truck dianteiro, imprimindo um torque que faz o skate rotacionar 360 graus ao redor de seu eixo longitudinal. Na sequencia o skate deve ser estabilizado pelos pés para cessar esta rotação. 360 flip – o pé dominante exerce uma força tangencial sobre a superfície do tail do skate e simultaneamente o pé dianteiro exerce um torque na porção dianteira lateral do shape próximo ao truck, a combinação destas ações determina um giro de 360 do skate em relação aos planos horizontal e longitudinal. A sequência a seguir mostra a execução do 360 flip. Nollie – o pé dominante posicionado no nose (parte dianteira do shape) exerce uma força no mesmo, isto implica numa inclinação do shape em direção ao quadril, simultaneamente, o outro pé exerce uma força estabilizadora sobre a superfície posterior do mesmo. A biomecânica do skate A biomecânica de qualquer modalidade onde um implemento qualquer, como ciclismo, peso com barras, surf, skate dentre outras modalidades, há de ser pesquisada a partir do conjunto formado entre o implemento e o atleta. Portanto, estudar a biomecânica do skate, significa estudar a biomecânica do conjunto skatista mais o skate. É evidente que, por exemplo, no ciclismo de estrada, o ciclista possui quase sempre 5 apoios claramente definidos com a bicicleta (duas mãos nos guidões, dois pés nos pedais e os glúteos no assento). Tal fato, impõe ao sistema uma redução importante no número de graus de liberdade (GL) que o atleta terá que controlar. No skate, ocorre o oposto disto, skate e skatista, apesar do contato sistemático, porém intermitente, faz com que o número de GL a serem controlados pelo skatista além de ser maior, é variável em frações de segundo. Tal fato, dá ao skate sua radicalidade e de fato, biomecanicamente, um desafio pesquisa-lo, quer sob o ponto de vista cinemático quanto cinematicamente. Sob o ponto de vista metodológico, levar skatistas para o laboratório é tão caricatural quanto levar um peixe para andar de bicicleta. Portanto, pesquisas da biomecânica do skate, devem ser realizadas em campo, ou seja, onde eles praticam a modalidade em toda sua plenitude de possibilidades locomotoras. Colocar eletrodos (wireless) em skatistas para averiguar a ativação muscular durante a prática é no mínimo temerário, posto que o número de ruídos é tão grande que o pesquisador, provavelmente, estará pesquisando “os ruídos” e não a ativação muscular real, especialmente quando se trata de eletromiografia de superfície (outra limitação metodológica), uma vez que o ponto de fixação dos eletrodos fixados na pele, durante o movimento se desliza em relação ao músculo pesquisado. Talvez por estas limitações e dificuldades, o skate tenha sido tão pouco pesquisado na biomecânica. Com o advento de novas tecnologias, não invasivas, capazes de capturar dados em tempo real, no local onde o esporte acontece, é provável que surjam cada vez mais pesquisas relativas a este esporte olímpico. Rosatello et al.1 realizaram estudos com modelamento físico matemático para avaliar as variações da velocidade na performance do skatista. Incialmente com apenas um grau de liberdade para determinar os parâmetros que mais influenciamna estabilidade em altas velocidades. Utilizaram as equações de Lagrange para descrever o movimento a partir de sua energia cinética e potencial. Constatou-se que quando a distância entre as rodas nos eixos dianteiros é maior que esta distância no eixo traseiro o sistema é estável; enquanto e opostamente, quando a distância no eixo dianteiro é menor que no eixo traseiro o sistema se torna instável. Ou seja, uma maior base de apoio entre as rodas dianteiras do skate garante, em tese, uma maior manobrabilidade do mesmo e o contrário, maior dificuldade em realizar manobras. O papel da velocidade, é, como reportam os autores, como nas bicicletas, em velocidades maiores, o skatista apresenta mais equilíbrio, existindo uma velocidade limite estabilizadora (18 Km/h); velocidades superiores a esta tornam o sistema instável. Esta velocidade, como todas durante a prática do skate, depende da rigidez, capacidade de amortecimento do conjunto (skate + skatista). Tais achados científicos estão de acordo com os relatos dos skatistas, que empiricamente aprendem, através da prática ostensiva, a controlar estes parâmetros biomecânicos do skate. Uma das manobras consideradas básicas no skate é o ollie, que consiste em decolar junto com o skate sem o uso das mãos. Para isto o praticante bate a parte de trás do skate no solo e, no impulso da parte dianteira para cima, o nivela com o pé da frente no ar. O domínio do ollie é básico para a realização de manobras como o flip, air, grab, grind, slide, shove it, de front, de back e switch, dentre outras. Para compreender a biomecânica do ollie Leuchanka et al.2 realizaram pesquisa de campo onde quatro skatistas, utilizando o mesmo modelo de calçado, tiveram que realizer o ollie em três situações aleatórias: (1) Ollie em pé estático (OE); (2) Ollie em movimento (OM); (3) Ollie na descida (OD). Foi utilizada uma plataforma de força de 36 cm, marca OpenGo Motion, palmilhas com 13 baroceptores e acelerômetro com frequência de aquisição de dados de 50 Hz. As maiores forças na decolagem foram encontradas nos ollies em movimento, estático e na descida com magnitudes de 2,55; 2,47 e 2,34 vezes o peso corporal respectivamente. Nas aterrissagens os maiores valores foram encontrados nos ollies na descida (3,15 vezes o peso corporal), em movimento (2,71 vezes o peso corporal) e no estático (2,40 vezes o peso corporal). Tal estudo mostra que as magnitudes das forças são elevadas, por exemplo, um atleta de 70 Kg, sofre estresses mecânicos de mais de 250 Kg em cada ollie realizado. Se em um dia em um parque ele realizou 100 ollies são 25 toneladas descarregadas nas estruturas articulares inferiores do skatista. A região medial do antepé foi a que recebeu maiores pressões durantes as três situações, tanto na decolagem quanto na aterrissagem. É evidente que estratégias de dissipação de energia na musculatura, ligamentos e no tecido ósseo, são cruciais para minimizar riscos de lesões agudas ou crônicas e neste sentido, são necessárias muitas pesquisas para a melhor compreensão biomecânica do skate. Pham3 realizou estudo para analisar as forças de reação do solo, o impulse e o gasto metabólico de 11 skatistas saudáveis e experientes (mais de um ano de prática) com massa corporal média de 74,35 Kg, estatura média de 1,75m e idade média de 20 anos e nove meses. Utilizou uma esteira instrumentalizada com uma plataforma de força AMTI com frequência de aquisição de dados de 1,0 KHz. As rodas utilizadas foram padronizadas para todos os skatistas sendo: tamanho das rodas (76mm diâmetro, 59mm com contato, 76a rigidez). Os skatistas foram submetidos a um protocolo de incremento de velocidades, foram elas: 1,0; 1,25; 2,0; 2,5; 3,0; 3,5 e 4.0 m/s; e foram utilizados filtros Butterworth, tipo low-pass, com frequências de corte entre 15 e 25 Hz. Durante a coleta de dados foram identificados dois padrões de força de reação do solo (FRS), configurando dois grupos os frenadores e os não-frenadores. Os autores concluíram que os frenadores mostraram um aumento nas forças de resistivas e propulsivas para velocidade mais altas e o impulso propulsivo a cada passo não apresentou diferenças significantes. Com as equações de regressão obtidas neste estudo, observou- se que a FRS para os frenadores era 82% mais dependente da velocidade do que para os não frenadores. Concluíram também que, com o protocolo utilizado, o gasto energético do skatista é equivalente ao de caminhar com velocidade de 1,25m/s, mas deve-se ressaltar que fora do laboratório skatistas chegam com facilidade a ter velocidades de 5m/s, e, portanto, nestes casos o gasto energético será diferente. Vorlíček et al.4 realizaram estudos sobre a atividade muscular em diferentes níveis de performance do ollie, comparando o salto básico do mesmo com o switchstance, que é o mesmo salto realizado com a posição alternada dos membros. Para isto recorreram a 10 homens experientes na modalidade com massa média de 71,5 Kg e estatura média de 1,79m. Todos executaram três vezes cada um dos dois tipos de saltos. O salto foi dividido em quatro fases: preparatória, decolagem, aérea e aterrissagem. A amplitude média da atividade muscular foi medida nos seguintes músculos: tibial anterior, gastrocnêmio medial, reto femoral, semitendíneo e glúteo máximo. A comparação da atividade muscular durante o Ollie e o Switchstance foi realizada pelo Teste de Wilcoxon, com P<0,05. Os resultados destacaram diferenças significantes na ativação dos músculos gastrocnêmio medial e reto femoral, semitendíneo e quadrado lombar durante a aterrissagem da fase do Ollie. No switchstance a atividade muscular é aumentada no quadrado lombar durante o período de preparação e aterrissagem do movimento. Nesse tipo de salto, os skatistas devem mover seu centro de gravidade da parte traseira do skate para o centro do mesmo, além de estabelecer estratégias de controle neuromotor adequadas para uma aterrissagem eficiente. Concluindo ou começando? É difícil concluir alguma coisa sobre algo que mal começou. Em uma metáfora: é temerário falar que um filme é muito bom ou ruim, tendo visto apenas seus 2 minutos iniciais. Mas nestes dois minutos iniciais da pesquisa em biomecânica do skate, pode-se vislumbrar uma grande potencialidade de avanços importantes neste esporte, tanto do ponto de vista do implemento quanto do treinamento e da diminuição de lesões. Por exemplo, basicamente, os skates pouco mudaram nos últimos 30 anos, com as pesquisas em biomecânica, certamente a indústria hoje bilionária do skate, desenvolverá e aprimorará os skates de maneira significativa, provavelmente quem estiver nascendo no ano das Olimpíadas de Tokyo, 2020, quando jovens adultos praticantes de skate, comentarão entre si, “como aqueles caras conseguiam praticar o skateboarding com aquelas coisas primitivas?” Referências 1- Rosatello, M. The skateboard speed wobble. (2015) In Proceedings of the ASME 2015 International Design Engineering Technical Conferences & Computers and Information in Engineering Conference. 2- Aliaksandr Leuchanka, Joanne Ewen & Ben Cooper (2017) Bipedal in- shoe kinetics of skateboarding – the ollie, Footwear Science, 9:sup1, S122-S124. 3- Pham, Bryant, "The Biomechanics and Energetics of Skateboarding" (2016). Integrative Physiology Graduate Theses & Dissertations. 46. 4- Michal Vorlíček, Zdeněk Svoboda,, Markéta Procházková (2015) Analysis of muscle activity in various performance levels of Ollie jumps in skateboarding: A pilot study. In Acta Gymnica vol. 45, no. 1, 41–44. Obs: os autores Leandro Borelli de Camargo e Ricardo Pablo Passos são bolsistas de doutorado do CNPq. CAPÍTULO 3 CONTROLE POSTURAL EM PACIENTES HEMIPLÉGICOS Valter Roberto de Moraes Rodrigo da Cruz Oliveira Gustavo Celestino Martins Bráulio Nascimento Lima Leandro Borelli de Camargo Ricardo Pablo Passos Pietro Balducci Cynara Cristina Pereira Mauro Guiselini Carlos Henrique Prevital Fileni Guanis de Barros Vilela Junior Introdução Pacientes com hemiplegia resultante de um acidente vascular encefálico(AVE) apresentam déficits motores que consequentemente influenciam sua qualidade de vida e sensação de bem-estar. Tais comprometimentos afetam múltiplas dimensões como a saúde física, a capacidade de realizar as atividades de vida diária (AVD’S) e o estado emocional e social. Impasses referentes a saúde pública, psíquica e social, quer queira quer não, sempre estarão presentes no contexto saúde e por este motivo um dos desafios que o profissional da área tem é de superar tais impasses. Deste modo, quais são os exercícios físicos adequados para sua reabilitação relacionando-os com as estratégias de controle postural dos pacientes com hemiplegia? Os exercícios físicos, assim como as atividades físicas trazem efeitos benéficos tanto para a prevenção quanto para a reabilitação de um paciente1, portanto praticar exercícios e atividades físicas além de trazer benefícios é uma forma acessível para garantir uma melhor qualidade de vida a todos. É considerada uma alternativa de terapia sem o auxílio de medicamentos, ou seja, um tratamento alternativo não medicamentoso que favorece o tratamento e melhora na qualidade de vida das pessoas com doenças crônicas, promoção da saúde e prevenção de doenças ou até mesmo potencializar o tratamento com medicamentos.1 A alta incidência de AVE com expressiva taxa de sobrevida e consequentemente de pacientes hemiplégicos incapacitados de exercer suas funções na vida diária justificam a importância de potencializar os exercícios físicos adequados e as estratégias de controle postural nestes pacientes para deste modo avivar sua qualidade de vida e bem-estar. O objetivo principal deste capítulo é apontar os exercícios físicos e as estratégias de controle postural em pacientes hemiplégicos após a ocorrência do AVE. A doença vascular que mais afeta o sistema nervoso central (SNC) é o acidente vascular encefálico (AVE) e causa danos motores, sensitivos, cognitivos e redução na capacidade de tolerar esforços.2,3 O evento pode trazer como consequências a incapacidade, que modifica a sobrevivência e pode levar o indivíduo à morte, suspendendo o curso da vida.4 A patologia é considerada a principal causa da incapacidade crônica numa população, no qual os déficits motores que se apresentam na sequência do acometimento da patologia sucedem da lesão dos neurônios motores superiores que exercem a função de controle muscular distal e proximal.5, 6 A diminuição do fluxo sanguíneo ao cérebro resulta na lesão das células neuronais e danos às funções neurológicas do indivíduo.6,7 O evento é ponderado como a terceira causa da mortalidade em países considerados mais ricos e o primeiro motivo da deficiência em adultos.8 Estudos indicam que na América Latina o AVE é a patologia que mais leva o indivíduo à morte e no Brasil é a causa mais constante da morte natural9, contudo cerca de 50 a 70% das pessoas que foram acometidas restabelecem a capacidade e independência nas funções de vida diária, porém após seis meses, aproximadamente 50% manifestam hemiparesia/hemiplegia.5 Cerca de 80% dos pacientes de AVE resistem à fase aguda, de modo que grande parte restabelece a capacidade de andar e 30 a 66% dos que sobrevivem não conseguem recuperar a função do membro superior afetado, pois sua recuperação é mais lenta que a do membro inferior.10 Estes pacientes têm um índice elevado de sobrevida e devido à alteração no controle motor, e consequentemente no controle da postura, necessitam do auxílio de seus familiares para a execução de tarefas que anteriormente eram consideradas fáceis de realizar11 além de necessitarem de acompanhamento de um profissional da área da saúde para sua reabilitação e retorno às atividades de cotidianas. A causa do AVE é a diminuição da irrigação de sangue ao cérebro e desta forma gera lesões de células e disfunções neurológicas importantes referentes ao sistema motor, sensorial e cognitivo, sendo a disfunção motora um dos transtornos mais frequentes desta doença.6,7 Os déficits neurológicos que podem aparecer após a ocorrência dos primeiros sintomas deverão se manter constante por 24 horas para ser considerado como AVE3,8,12 e esta é a principal observação que os médicos utilizam para diagnóstico da patologia.12 Além disso, a confirmação do diagnóstico desta patologia é efetivada através de exames clínicos, tomografia computadorizada e exame de ressonância magnética.13 Desvio de rima, cefaleia, vertigem, diminuição do nível de consciência, alteração visual, convulsão, desvios no olhar, náuseas, vômitos, distasia, disartria e paresias são os primeiros sintomas, onde os três últimos aparecem com mais frequência nas primeiras três horas.14 Em cada ocorrência, os sinais clínicos particulares dependem da localização, dimensão e expansão da lesão, e é desta maneira que será determinada a gravidade da disfunção adquirida.8 Dentre os relatos dos problemas decorrentes do AVE estão o confinamento, a imobilidade, perda das habilidades para realizar tarefas cotidianas, comorbidades metabólicas e cardiovasculares.2 A patologia causa lesão no neurônio motor superior que leva o indivíduo a limitações físicas.6 Basicamente o problema decorrente destes pacientes pode ser considerado nos padrões postural anormal, nos movimentos, na anormalidade da qualidade do tônus postural e na inervação recíproca.15 As sequelas desta doença podem causar uma variedade de deficiências como as motoras, sensitivas ou relacionadas com as funções nervosas superiores.16 Os comprometimentos que se apresentam após o episódio estão a espasticidade, fraqueza de músculos, alterações sensoriais, deficiência no equilíbrio e também a diminuição da amplitude de movimento.17 A lesão do córtex motor ou do trato corticoespinhal pode trazer como resultados a diminuição ou perda total dos movimentos e controle dos músculos do lado contralateral do corpo em relação à lesão, características de uma hemiparesia ou hemiplegia, consequência mais comum de AVE.18 O comprometimento mais claro de um paciente hemiplégico é a disposição de sustentar-se em uma posição de assimetria postural.19 A hemiplegia é apontada como um dos principais sintomas decorrentes de AVE isquêmico ou hemorrágico, compreendendo hemisfério ou tronco cerebral, e afeta o controle motor voluntário contralateral da lesão7, podendo comprometer com maior ocorrência o membro superior e é acompanhada de hiperreflexia, espasticidade e sinal de Babinski.20 O resultado mais considerável após a ocorrência do AVE é a inabilidade funcional porque engloba a junção de múltiplos elementos como ambiente, recurso financeiro e social e fatores comportamentais e de motivação.21 Apresenta um quadro clínico que pode ser dividido em agudo, pelo enfraquecimento dos músculos ou hipotonia, confusão e incontinência, e crônico, pela espasticidade ou rigidez dos músculos flexores de membro superior e os músculos extensores do membro inferior.7,22 Logo após o episódio do AVE ocorre uma flacidez no tônus muscular, ou seja, em uma hipotonia muscular, que resulta em escassez ou nenhuma oposição em relação ao movimento.8,23 Esta hipotonia pode perdurar por horas, dias, ou mesmo semanas, mas gradualmente vai sendo sucedido por um quadro de padrões motores fora do normal procedente da variação do tônus muscular, alteração dos reflexos posturais e deformidades nas articulações24, que caracteriza a espasticidade na fase crônica como citado anteriormente. Tais alterações, com certa frequência prejudicam as habilidades motoras e o controle postural, que são indispensáveis para o desempenho de atividades e tarefas de vida diária.23 Os que sobrevivem ao AVE apresentam uma qualidade de vida sedentária, limitando as atividades de vida diária (AVD’s) e também redução da reserva cardiológica7, porém a grande maioria dos pacientes sobreviventes ao AVE, voltam a sua capacidade de deambular, através da marcha hemiparética, que tem a descrição de lenta, laboriosa e abrupta.22 Não generalizando e contrariando a afirmação posso citar um paciente hemiplégico que comecei a atender em julhode 2015 quando três meses antes sofreu um AVE com sequelas substanciais a esquerda. Na avaliação o paciente do gênero masculino e 19 anos se encontrava hipotônico, desta forma sem nenhum controle postural. No início de seu tratamento foi realizado por várias vezes mobilização articular passiva de membros superiores e inferiores assim como exercícios de reexpansão pulmonar e drenagem linfática de membros inferiores para redução de edema local. Após três meses de mobilização passiva o quadro clínico evoluiu e desta forma a mobilização articular passou a ser realizada de forma ativa. Em fevereiro de 2016 seu tratamento passou a ser realizado com exercícios de alongamento e fortalecimento com controle postural de membros superiores e inferiores. Para os membros superiores foram realizados exercícios de flexão e extensão com barra e para os membros inferiores foram realizados em decúbito dorsal a elevação dos membros alternados provocando o controle postural e assimetria dos movimentos dos mesmos. Ao findar do primeiro semestre de 2016, foi incluído o treino de marcha aos exercícios que passaram a ser mais intensos. Em 2018 o paciente recebeu alta fisioterapêutica e passou a fazer exercícios em uma academia sob os cuidados de um profissional da educação física onde permanece realizando atividades e exercícios físicos para a manutenção postural. A fraqueza dos músculos, não é considerada o problema principal decorrente da hemiplegia após AVE, porém a principal alteração que ocorre em pacientes hemiplégicos é a coordenação motora anormal que prejudica a coordenação dos movimentos e o controle postural, dificultando sobremaneira o controle motor do indivíduo.15 Pesquisadores afirmam que o hemisfério cerebral esquerdo demonstra uma atuação maior no que diz respeito ao planejamento motor com relação ao hemisfério direito, e por este motivo citam que pacientes com hemiplegia à esquerda tendem a ser mais precavidos e sem organização na realização de uma determinada tarefa quando comparados com pacientes com hemiplegia à direita.3 Equiparando o lado onde ocorreu a lesão e a diferença da transferência de peso, pacientes hemiplégicos ou hemiparéticos à esquerda têm tendência de transferir o peso para o lado esquerdo e os portadores de hemiplegia ou hemiparesia à direita tendem a transferir o peso para o lado esquerdo, o que faz subentender que pacientes hemiplégicos à esquerda apresentam maior ocorrência de déficits na percepção, e pacientes com hemiplegia à direita não apresentam alterações sensitivas em nenhum hemicorpo e desta forma fazem a transferência para o lado não par ético.3 A hemiplegia é definida como a paralisia de um hemicorpo, ou seja, de um lado do corpo e pode causar variações no controle motor de um indivíduo, que traz como consequência a privação do controle motor e do controle postural, consequências essas que compõem a principal característica dos pacientes hemiplégicos.6 É uma disfunção neurológica que pode ser provocada por variadas causas que atinjam o encéfalo, como por exemplo, a hipóxia perinatal, alterações do sistema vascular cerebral, tumores e outras mais.17 Quando acontece a paralisia parcial da ação motora, esta se denomina hemiparesia.13 Como já citado anteriormente a hemiplegia, como um dos principais sintomas do quadro clínico provocado pelo AVE afeta o controle motor voluntário contralateral da lesão7,18, e por este motivo têm o equilíbrio postural comprometido, uma vez que a tendência de manter-se em uma posição de simetria postural está prejudicada, com sobrecarga reduzida no hemicorpo afetado e consequentemente uma sobrecarga maior no hemicorpo não afetado, o que compromete a manutenção postural.22 Esta assimetria e o impedimento da transferência de peso para o lado acometido diminuem a capacidade de manter o controle postural, o que faz com que ocorra o comprometimento da orientação e estabilidade para a realização de movimentos com o tronco e os membros, tanto superiores quanto inferiores.25 O controle postural do indivíduo será perturbado quando ocorrer qualquer restrição de força e da amplitude de movimento, dor ou mesmo a limitação de controle dos pés, ou seja, da base de suporte, assim como o comprometimento da sinergia muscular pós AVE.26 As sinergias musculares podem ser apontadas por meio da ativação e co-ativação de músculos e seus relativos padrões espaço-temporais e têm significativa função no aprimoramento dos padrões de movimento.27 As sinergias musculares e as estratégias posturais são conceitos que levam à ciência do controle postural, onde as sinergias musculares são padrões de atividade dos músculos em respostas às desordens ou perturbações que são organizadas centralmente de modo para simplificar o controle do movimento e as estratégias posturais envolvem as sinergias musculares, padrões de movimento, torques articulares e forças de contato.28 A sinergia indica que o conjunto é mais do que soma das partes, o que nos faz compreender que a noção de sinergia está subentendida o fato de não ocorrer importância maior de um componente da ação em relação aos demais.29 Um estudo citou um exemplo de sinergia muscular durante o movimento da deambulação, na transição da fase de balanço para a fase de apoio, quando se constata uma atividade maior do músculo vasto lateral, coordenada à atividade do músculo bíceps femoral, que resulta em uma sinergia extensora que preserva a estabilidade do joelho no momento do impacto com o solo, ou seja, na fase de apoio, e nesta fase, o músculo bíceps femoral facilita na extensão do quadril por intermédio de atividade concêntrica e controla a flexão do joelho.27 As atividades de flexão de joelho do músculo bíceps femorais e do impacto mecânico no momento do toque contrapõe-se à contração excêntrica do músculo vasto lateral, que proporciona a extensão do joelho.27 A recuperação do controle motor e a manutenção da postura se relacionam com as estruturas do sistema nervoso que foram mais afetadas no acometimento da lesão.19 Com relação à avaliação do controle postural, esta deve ser realizada através da quantificação da capacidade funcional e a especificidade das alterações que torna comprometido o controle postural do paciente, e ainda deve envolver os aspectos sensoriais, estratégias específicas de postura e fatores com relação à atenção.28 Vários pacientes com distúrbios neurológicos apresentam problemas na estrutura temporal das estratégias de controle postural.30 Outros fatores específicos que limitam o controle motor e o controle postural podem ter relação com a dificuldade de harmonização das estratégias de posturas com as alterações de ambiente e até mesmo às limitações do sistema musculoesquelético como a fraqueza e a falta da habilidade de promover força necessária para refutar um distúrbio corporal.26 Quando acontece uma modificação do ambiente sensorial, a dominância das informações do sistema sensorial é readequada para diminuir ou minimizar os conflitos.28 Apesar da separação anatômica dos sistemas somatossensorial, visual e vestibular, que estão envolvidos na manutenção postural e a diminuição considerável das informações sensoriais, com os olhos ou sobre áreas instáveis ou macias, conseguimos nos manter em pé31, o que nos faz entender que o sistema nervoso tem a capacidade de alterar discretamente a fonte principal de informação sensorial, por exemplo, transferir do domínio da informação visual para o somatossensorial32, e desta maneira promover o controle da postura. O sistema nervoso define a fonte sensorial principal para o controle postural e no momento que faz a transferência de uma fonte para a outra, a realiza de forma brusca utilizando uma informação sensorial de cada vez.31 Os sistemas sensoriais são os grandes responsáveis pela manutenção da postura, portanto a partir desta afirmação, o sistema nervoso elabora estratégias posturais que correspondem soluções sensório-motoras para um controle postural adequado, o que inclui não apenas as sinergias musculares, como também os variados grausde liberdade, torques e forças de contato.28 As perturbações da postura promovem respostas motoras que são denominadas de ajustes e controladas pelo sistema nervoso central (SNC), dependendo das tarefas e do ambiente.33 Tais ajustes podem ser iniciados na fase preparatória, durante a qual acontece a ativação dos músculos posturais antes dos músculos primários34, precedendo a perturbação, como o Ajuste Postural Antecipatório (APA), sendo de primordial importância para a efetiva realização de qualquer movimento voluntário, desta forma o SNC prediz a perturbação postural e associa ao movimento, atenuando o APA.33 Reações compensatórias são disparadas logo após o início do movimento para ajuste da postura pós-perturbação, ocorridas pela ação de menor eficiência do APA.35 Este ajuste que tem atuação de maneira compensatória após a perturbação é denominado de Ajuste Postural Compensatório (APC).33 Para o corpo voltar à posição de equilíbrio, e assim manter o controle postural, é utilizado três estratégias.26 Tais estratégias são consideradas uma maneira compensatória após uma perturbação (APC), e estão descriminadas na sequência: Estratégia do tornozelo, comparada com um pêndulo invertido, em que o corpo se movimenta ao nível do tornozelo.28 Esta estratégia é empregada para a sustentação do equilíbrio quando ocorrem pequenas oscilações.26 Estratégia do quadril, que é empregada no momento em que a base de suporte se torna menor e menos estável.28 Fazem parte desta estratégia os movimentos centrados na articulação do quadril e sua característica é a precoce ativação dos músculos proximais do tronco e do quadril.26 Estratégia do passo, que é empregada para não deixar que aconteça a queda no momento em que ocorrem grandes perturbações, e sua característica é a ativação inicial dos músculos abdutores do quadril e co-contração do tornozelo.26 As estratégias surgem do processamento neural para prover o planejamento de ação com base nos objetivos, no ambiente e em especial na tarefa ou atividade a ser realizada.30 Para que ocorra a estabilidade e o controle postural, é necessário que o centro da gravidade esteja alinhado em conjunto com a base de suporte36, e para o estudo do controle postural existem duas grandezas que podem ser obtidas por intermédio da Biomecânica que são o centro de massa (COM) e o centro de pressão (COP), que se origina das forças aplicadas no apoio.37 As estratégias posturais, como a estratégia do tornozelo, a estratégia do quadril e a estratégia do passo são organizadas no espaço e no tempo para a produção de efetivas forças que opõem o distúrbio, e pacientes com distúrbios neurológicos apresentam dificuldades na organização temporal das estratégias posturais.28 Dentre estas dificuldades, destaca-se lentidão no início da resposta da postura e a sequência temporal inadequada na ativação dos músculos posturais.38 O componente visual nos indivíduos com lesão cerebelar ou hemiplégicos torna-se um fator primordial para a manutenção do equilíbrio e o controle postural, e no apoio unipodal, indivíduos sequelados de AVE, apesar da assimetria na postura do corpo se apresentaram com um menor déficit de equilíbrio, provavelmente pela preservação das conexões vestibulares.36 A atuação conjunta dos sistemas posturais promove a estabilização e a manutenção do equilíbrio, e quando ocorre um comprometimento de um dos sistemas, pode ocasionar uma redução na estabilidade postural.39 Pessoas que apresentam algum tipo de problema com relação as informações sensoriais oriundas de qualquer um dos sistemas somatossensorial, vestibular e visual, têm aptidão para aprender a depender dos outros dois sistemas.40 O equilíbrio é excepcionalmente influenciado pela visão, onde a estabilidade corporal na postura torna-se ainda mais complexa com os olhos fechados.41 O sistema visual predomina sobre os demais sistemas envolvidos na manutenção da postura e as pessoas quando realizam funções simples ou mais complexas que demandam um controle postural coordenado, sempre utilizam e confiam no sistema visual.42 Uma pesquisa comprovou que no decorrer da manutenção da postura desejada, há a necessidade de acontecer um relacionamento estável entre o indivíduo e o ambiente, e para isto são utilizadas continuamente as informações sensoriais e a ação motora, que forma o ciclo percepção-ação, na utilização da informação somatossensorial que utiliza uma estratégia de “feedforward”, para presumir a oscilação do corpo e promover a atividade motora com as reações antecipatórias, e desta forma diminuir a oscilação corporal.43 Ao longo destes anos de atendimentos a pacientes hemiplégicos de várias idades (19 a 92 anos) foram vários casos em que os exercícios e as atividades físicas dispuseram de benefícios para os pacientes. Durante o tratamento de um paciente com hemiplegia os primeiros exercícios empregados devem ser passivo sucedendo os exercícios ativos e posteriormente os exercícios de alongamento, exercícios aeróbicos, fortalecimento muscular dos músculos afetados e exercícios que trabalhem o equilíbrio de forma geral com a bola suíça e prancha de equilíbrio. Exercícios como a dança, exercícios potencializados com peso ou até mesmo a prática esportiva devem e podem ser realizados, porém somente após a liberação médica onde os pacientes devem estar sem obstruções arteriais cerebrais e cardíacas. De uma forma geral os exercícios e as atividades físicas são benéficos não somente na prevenção de uma patologia, mas também se apresenta com bastante eficiência no controle postural de pacientes hemiplégicos. Para o sucesso de um tratamento após o AVE e suas sequelas, se faz necessário a escolha correta da conduta profissional e para isto é primordial o conhecimento da patologia e também das estratégias de postura destes pacientes. Além de tudo é necessário também que o paciente sequelado tenha o objetivo de se reabilitar e desta maneira almeje o sucesso do tratamento. É parte da cura o desejo de ser curado. Referências 1- Camargo L.B.; et al. A atividade física e exercício físico como promotor de saúde em pessoas com doenças crônico não transmissíveis (DCNT). In Passos, R.P.; Vilela Junior, G.B. Exercício físico e atividade física na promoção da saúde. Coleção: Qualidade de vida e biomecânica. Ed.1. Curitiba. 2019. p.10-29. 2- Ovando AC. Acidente vascular encefálico: comprometimento motor dos membros inferiores e alterações na marcha. Revista Digital Efdeportes, Buenos Aires, n.132, 2009. 3- Torriane C, Mota EPO, Kazurayama SHP, Burin SR, Mengatti T, Caminho J, et al. 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CAPÍTULO 4 EDUCAÇÃO FÍSICA: PERCEPÇÃO DE PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM LUTAS Rodrigo da Cruz Oliveira Carlos Henrique Prevital Fileni Bráulio Nascimento Lima Leandro Borelli de Camargo Ricardo Pablo Passos Cynara Cristina Pereira Henrique Araújo Pacheco Gustavo Celestino Martins Guanis de Barros Vilela Junior Introdução A concepção de Educação Física Escolar utilizada neste capítulo parte dos aspectos de que “a construção da área Educação Física esteve desde seu início vinculada ao processo de escolarização e, ainda hoje, podemos dizer que Educação Física Escolar é inerente à Educação Física”.1 Deste modo, distinguir a Educação Física da Educação Física escolar requer um esforço, porém parte-se da pergunta: o “que fazem (ou espera-se que façam) os professores de Educação Física na Escola? ”.1 Elaboram, implementam e avaliam programas de ensino que tematizam, do ponto de vista didático-pedagógico, as brincadeiras e o jogos, os esportes, as lutas, as ginásticas, as danças, exercícios físicos, atividades rítmicas e etc., com propósitos educacionais explícitos e implícitos, quer dizer, com intenção de influenciar a formação dos sujeitos [...].1:106 A tematização didático-pedagógico relatada, refere-se às manifestações ligadas às tradições da Educação Física que estão relacionadas aos sentidos culturais e que potencializam a estimulação do organismo humano através dos jogos, danças, lutas etc., portanto, leva-se em conta o contexto sócio-histórico, que são “mutáveis”, pois os contextos econômicos, políticos, culturais e científicos se modificam e o mesmo ocorre com os interesses envolvidos.1 A expressão Artes Marciais (AM) ou Lutas (L) não tem uma origem datada e nem um local específico de surgimento, já a terminologia “Modalidades Esportivas de Combate” (MEC) é uma expressão classificada como moderna, introduzida a partir da institucionalização dos esportes. Independente da nomenclatura, elas são parte da “cultura corporal de movimento”.2 Qualquer uma das três expressões é utilizada para representar vários tipos de manifestações corporais e abriga uma gama de modalidades que contém originalmente contextos históricos singulares. Portanto, não discutiremos cada nomenclatura e assumiremos, a princípio, a nomenclatura
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