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EDUCAÇÃO FÍSICA_ na Ciência, na Escola e na Prática

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Carlos Henrique Prevital Fileni, Rodrigo da Cruz Oliveira, Guanis de B.
Vilela Junior 
(Organizadores)
EDUCAÇÃO FÍSICA: 
na Ciência, na Escola e na Prática
Ficha Catalográfica
Ficha catalográfica: elaborada pela editoria do Centro de Pesquisa Avançadas em Qualidade de Vida.
Fileni, Carlos Henrique Prevital; Oliveira, Rodrigo da Cruz;
Vilela Junior, Guanis de Barros (organizadores)
EDUCAÇÃO FÍSICA: NA CIÊNCIA, NA ESCOLA E NA
PRÁTICA
Revisão: Anie Mariette Schwartz – Campinas – CPAQV, 2019.
ISBN: 978-65-900730-0-6 Prefixo editorial:
900730
Editora: CPAQV – Campinas, São Paulo, Brasil.
1. Educação Física. 2. Ciência. 3. Escola. 4. Prática.
Sumário
APRESENTAÇÃO
CAPÍTULO 1
NEUROPLASTICIDADE E MOVIMENTO HUMANO
Introdução
Referências
CAPÍTULO 2
ASPECTOS BIOMECÂNICOS DO SKATE
Breve história do skate
Conceitos e movimentos básicos no skate
A biomecânica do skate
Concluindo ou começando?
Referências
CAPÍTULO 3
CONTROLE POSTURAL EM PACIENTES HEMIPLÉGICOS
Introdução
Referências
CAPÍTULO 4
EDUCAÇÃO FÍSICA: PERCEPÇÃO DE PROFESSORES SOBRE AS DIFICULDADES DAS
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM LUTAS
Introdução
As lutas na educação física escolar
Métodos
Atuação na educação básica- dificuldades e currículo
Currículo e propostas desenvolvidas
Considerações finais
Referências
CAPÍTULO 5
CORPO E PROGRAMAS DE GINÁSTICA LABORAL: POSSÍVEIS IMPACTOS NAS
RELAÇÕES DO TRABALHO
Introdução
Corpo, trabalho e ginástica laboral
Lazer do trabalho e ginástica laboral
Considerações finais
Referências
CAPÍTULO 6
REFLEXÕES FILOGENÉTICAS E DISTÓPICAS SOBRE O MOVIMENTO HUMANO
Introdução
O nosso desequilíbrio evolutivo
Poderíamos controlar nossa própria evolução?
Conclusão
Referências
CAPÍTULO 7
OSSOS FORTES PARA UMA VIDA SAUDÁVEL
Introdução
Hormônios masculino e feminino
Cálcio e Vitamina D
Cristais de hidroxiapatita e o efeito piezoelétrico
Treinamento contra resistência e sua influência no tecido ósseo
Ossos e aspectos da física atividade na água
Formas mais conhecidas do treinamento de força
Discussão e conclusões
Referências
CAPÍTULO 8
CINESIOLOGIA E A COMPLEXIDADE DO MOVIMENTO HUMANO
Introdução
Referências
CAPÍTULO 9
PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS PARA PORTADORES DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO
TRANSMISSÍVEIS (DCNT) – HIPERTENSÃO ARTERIAL E DIABETES MELLITUS
Introdução
Atividade física, exercício físico, hipertensão e diabetes
Exercício e hipertensão arterial
Orientações para prescrição
Exercício e diabetes
Orientações para Prescrição de Exercícios para Diabetes dos Tipos 1 e 2
Referências
Sobre os autores
Índice Remissivo
APRESENTAÇÃO
Este livro, Educação Física: na ciência, na escola, na prática, é fruto de um esforço coletivo de
professores e/ou alunos de mestrado e doutorado que pertencem ao Núcleo de Pesquisas em
Biomecânica Ocupacional (CNPq/UNIMEP) junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências do
Movimento Humano. O mesmo teve como eixo norteador o exercício epistemologicamente pensado de
mostrar uma das maneiras possíveis de refletir a famosa tríade Pesquisa – Ensino – Extensão; como se
articulam de maneira complexa, em espaços de saberes que estão intimamente articulados: a Ciência, a
Escola, a Prática. Se como já foi dito, “Ciência sem prática é burra, prática sem ciência é cega”, vale
acrescentar: Ciência e Prática sem a Escola não existem! Primeiro, pela mais óbvia lógica, todo
conhecimento científico é normativamente construído a partir e através de um ato pedagógico que se
materializa no espaço escolar, espaço este, que vai além da escola tradicional e atinge milhões de
estudiosos mundo afora através das tecnologias virtuais. Isto explica parcialmente a opção pelo livro no
formato digital, acessível, democrático, mais barato e ecologicamente correto, pois poupamos árvores
no planeta. Segundo, nem tão óbvio, e, portanto, merece um esclarecimento: O Brasil e suas crises
perenizadas através de uma espécie de anti-lógica tropical que oscila entre o “Deus é brasileiro” até o
“Brasil, ame-o ou deixe-o” repaginado nas redes sociais pela governança com uma amálgama de
virulência e ingenuidade. Fato é que a Educação no Brasil nunca foi levada à sério, do ensino básico à
pós-graduação, o calor no planalto central, parece perturbar a capacidade de reflexão de nossos
“gestores educacionais” (expressão chic que gente inteligente repete nas suas bolhas de conforto
existencial) que não conseguem, porque não querem compreender que a sociedade brasileira não
aguenta mais ser de segunda ou terceira linha! E esta sociedade somos nós, somos o Brasil
materializado nas nossas vidas de pão caro e berço esplêndido raro. Senhores gestores, fica o recado: se
redima do pecado, cada centavo roubado, é um sonho abortado de um cidadão injustiçado! Cada
centavo, na educação não aplicado, é mais um miserável na rua a nos deixar incomodado. É contra tudo
isto que os autores do presente livro, humildemente doaram seus saberes, seu tempo, seu dinheiro para
que o mesmo fosse possível. Somos, de alguma maneira privilegiados, tivemos a oportunidade de
estudarmos a vida inteira, e sabemos que só a economia não resolverá a fome de tudo que o Brasil tem.
A Educação de qualidade é a nossa honrosa saída de nossas fomes.
Boa leitura!
Professor Dr. Guanis de Barros Vilela Junior Campinas, maio de 2019.
Coordenador do Núcleo de Pesquisas em Biomecânica Ocupacional e Qualidade de Vida (NPBOQV)
do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano da Universidade Metodista de
Piracicaba – UNIMEP.
CAPÍTULO 1
NEUROPLASTICIDADE E MOVIMENTO HUMANO
Gustavo Celestino Martins
Carlos Henrique Prevital Fileni
Bráulio Nascimento Lima
Leandro Borelli de Camargo
Ricardo Pablo Passos
Fernanda Turrioni Costa
Valter Roberto de Moraes
Fabio da Silva Ferreira Vieira
Rodrigo da Cruz Oliveira
Guanis de Barros Vilela Junior
Introdução
Estudos a respeito dos aspectos motores do desenvolvimento global e
a Neuroplasticidade de indivíduos saudáveis e/ou praticantes de atividade
física vêm se tornando constantes dentro do contexto das ciências do
movimento humano, especialmente em referenciais que tratam de melhores
condições na avaliação e reabilitação com estes indivíduos. Desta forma, os
estudos vêm se reestruturando em termos de conceitos teóricos e práticas
efetivas, sendo importante analisar, observar e intervir nos processos que
envolvem este desenvolvimento para elaborar estratégias pedagógicas a fim
de promover este desenvolvimento global do indivíduo. A seguir serão
detalhados aspectos neuroanatômicos do SNC mais relevantes para a presente
pesquisa.
O cerebelo é uma grande estrutura encefálica, que se encontra na parte
dorsal à ponte e o bulbo, ocupando no quarto ventrículo a maior parte do
cérebro posterior.1 O cerebelo juntamente com o cérebro, formam o Sistema
Nervoso Suprassegmentar, e possuem um córtex que envolve um centro de
substância branca (centro medular do cérebro e corpo medular do cerebelo).2
O cerebelo contém mais neurônios do que os encontrados no resto do
encéfalo, o que atesta sua complexidade anatômico funcional. É descrito
como um dispositivo de temporização, que assegura a ordem e o tempo
correto da ativação muscular individual; de aprendizagem, tanto na
memorização como habilidades motoras; de coordenação, organizando
movimentos multiarticulares ou multimembros; compara erros emergentes
durante um movimento, em relação ao plano motor.1
Uma das principais características dos neurônios, é a transmissão de
informações de uma célula para outra, especificamente nas regiões
especializadas das membranas celulares, onde as mesmas chegam bem perto
uma da outra, formando a sinapse.
Para Latash1, a sinapse é constituída por três componentes:
membrana pré-sináptica, membrana pós-sináptica e fenda sináptica, como
mostra a figura 1 a seguir:
Figura 1. Fenda sináptica
​Fonte: Autor, (2019)
Segundo o mesmo autor, a membrana pré-sináptica pertence a célula
que transmite a informação, a membrana pós-sináptica pertence a célula
receptora de informação e entre uma e outra, possui uma lacunadenominada
de fenda sináptica.
A transferência de informações de um neurônio para outro é mediada
pela ação de neurotransmissores, os quais utilizam várias substâncias
químicas que estão em vesículas, no neurônio pré-sináptico.
Os neurotransmissores envolvem as regiões do receptor estabelecido
sobre a membrana pós-sináptica e despolarizam (potencial pós-sináptico
excitatório – PPSE) ou hiperpolarizam (potencial pós-sináptico inibitório –
PPSI). Aminoácidos, aminas biogênicas e neuropeptídios são três principais
grupos de neurotransmissores, onde os aminoácidos são proteínas
encontradas no corpo humano, essencialmente no Sistema Nervoso (SN) e,
tem como neurotransmissor mais assíduo o ácido gama-aminobutírico
(AGAB), que está presente em 25% a 40% de todas as sinapses.
As aminas biogênicas são vistas em quantidades menores quando
comparadas com a anterior, porém várias destas possuem importante função
neurotransmissora como a acetilcolina, que inibe os neurônios pós-sinápticos
dentro do SNC, mas é o intercessor excitatório mais relevante para a
transmissão dos sinais neuronais às fibras musculares; a serotonina é
responsável no SNC pela inibição da ira, agressão, temperatura corporal,
humor, sono, apetite, dentre outras; a dopamina que está envolvida em várias
funções no SN e particularmente no controle de movimentos, aprendizado,
cognição e memória; e a noradrenalina é a mediadora do humor, ansiedade,
sono e alimentação; junto com a serotonina.
O desempenho do cerebelo depende da integridade da sinapse das
fibras de Purkinje de escalada, Streng; Popa; Ebner3, afirmam que o circuito
celular Purkinje de fibra de escalada é um dos mais poderosos e altamente
conservados no SNC. As fibras de escalada exercem uma poderosa ação
excitatória que resulta em um pico complexo nas células de Purkinje, cuja a
entrada dessas fibras controla a codificação da informação comportamental,
no disparo simples das células. 
​Figura 2. Esquema da divisão funcional do cerebelo.
Fonte: Autor, (2019)
Para Machado e Haertel2, o cerebelo tem papel fundamental
relacionado a postura, equilíbrio, coordenação dos movimentos dentre outras,
porém, ele não se limita às funções motoras, e está envolvido em finalidades
cognitivas também. Uma característica do cerebelo é a capacidade de reparar
e restaurar as funções perdidas, que são explicadas por uma abundante
plasticidade sináptica e pela convergência de sinais centrais e periféricos
multimodais, além das estruturas extras-cerebelares que contribuem para a
recuperação de lesão do mesmo.4 
O cerebelo é responsável pelas adaptações do controle neuromotor
diante das mudanças que ocorrem no meio ambiente, função esta que fica
usualmente prejudicada em sujeitos com danos cerebelares, conforme
afirmam Statton et al.5 O cerebelo baseado em suas conexões do córtex com
os núcleos centrais pode ser dividido em três partes segundo Machado e
Haertel:2
a) vestíbulocerebelo que compreende o lobo floculonodular e tem
conexões com núcleo fastigial e os núcleos vestibulares;
b) espinocerebelo que compreende o vérmis e a zona intermédia dos
hemisférios e tem conexões com a medula espinhal;
c) Cérebro-cerebelo que compreende a zona lateral e tem conexões
com o córtex cerebral.
Segundo Machado e Haertel2, cada uma das partes citadas acima,
possuem suas vias de conexões aferentes e eferentes, onde no
vestibulocerebelo, as fibras aferentes chegam ao cérebro pelo fascículo
vestibulocerebelar, tendo sua origem nos núcleos vestibulares que se
distribuem ao lobo floculonodular. Já as conexões eferentes quem projeta as
informações para os neurônios dos núcleos vestibulares medial e lateral, são
as células de Purkinje.
Para a parte do espinocerebelo, os responsáveis pelas vias aferentes,
que penetram pelo cerebelo são os tratos espinocerebelar anterior e posterior.
Nas vias eferentes os responsáveis são os axônios das células de Purkinje da
zona medial, a partir da sinapse.
Na área do cérebro-cerebelo, as vias aferentes são transportadas pela
via ponte-cerebelar, que penetra no cerebelo pelo pedúnculo médio e se
distribui nos dois hemisférios laterais. Nas vias eferentes os percursores são
os axônios das células de Purkinje da zona lateral do cerebelo. 
O córtex cerebral é uma das partes mais importantes do SNC, pois é
onde chegam os impulsos de todas as vias da sensibilidade, e onde saem os
impulsos nervosos que iniciam e comandam os movimentos voluntários.2
Segundo Latash1, o movimento é elaborado na via cérebro cerebelar, a partir
de áreas do córtex cerebral ligadas às funções psíquicas superiores,
associando os dados do plano motor do cerebelo com seus próprios dados,
resultando em um plano motor comum, que é colocado em execução através
de neurônios da área motora primária.
Uma das mais importantes vias neuronais que envolvem o controle
neuromotor no processo de aprendizagem é a cerebelo-tálamo-cortical.
Segundo Chabrol, Blot e Mrsic-Flogel6, o cerebelo dispara o impulso
excitatório para o tálamo motor, que está envolvido na coordenação e no
tempo das ações aprendidas. Estes autores ressaltam que a atividade neuronal
preparatória preditiva de ações específicas, surge segundos antes do
movimento e é mantida por um ciclo de retroalimentação positiva com o
tálamo. No modelo Hebbiano considerado nessa pesquisa, esta via é a
segunda mais importante no processo de aprendizagem, ficando atrás apenas
da via cerebelar.
Entretanto, pesquisar estes comportamentos complexos não é tarefa
simples, por isso, muitas vezes, pesquisadores optam por estudar aspectos
pontuais desta complexidade na tentativa de elucidá-lo. Por exemplo, Peh,
Chow e Davids7, mostram que o controle neuromotor apresenta determinadas
questões não respondidas, como a problemática da focalidade: o foco do
movimento (foco interno), ou o efeito do movimento (foco externo). Ao invés
de comparar qual foco de atenção é mais efetivo, a análise é pontual, ou seja,
aborda ambos os aspectos enquanto totalidade que são.
Brittain e Brown8, mostram que a variabilidade está presente o tempo
todo no SNC, mostrando a importância da gânglia basal e sua relação com a
atividade cortical, no trânsito das informações neuronais. É conhecida a
importância da mesma no controle voluntário do movimento, desde a
movimentação dos olhos, até movimentos amplos e complexos. Dentro desse
contexto, Hirschfeld9 em seu estudo de controle neuromotor e terapia física,
procurou compreender o controle da coordenação entre postura e ações
voluntárias que refletem na performance das tarefas motoras diárias no
sujeito normal e com controle neuromotor debilitado (sujeitos com AVE e
crianças com paralisia cerebral). Através de análises multifatoriais em relação
à cinemática, forças de reação do solo e padrões de ativação muscular,
variáveis críticas de controle neuromotor para tarefas específicas são
identificadas. Esta pesquisa esclareceu as diferenças dos padrões de ativação
muscular e forças de reação do solo na reabilitação, baseado na hipótese de
controle neuromotor.
Em pesquisas sobre os substratos neurais relacionados a integração
audiomotora, nas quais foram examinadas as atividades cerebrais, constatou-
se que o córtex pré-motor e o plano temporal, são fundamentais para as ações
motoras através do sistema auditivo.10
Flash e Sejnowski11 apresentaram novos conceitos e modelos
computacionais para observações comportamentais e neurofisiológicas dos
problemas de controle neuromotor. Nesses modelos eles incluem uma grande
seleção de trajetórias para as possibilidades de solução da cinemática inversa
e problemas dinâmicos. Pesquisas dessa natureza (modelamento neuronal),
são importantes à medida que recorrem a diferentes métodos de modelamento
de redes neurais artificiais.
Entretanto, os conceitos mais recentes sobre a neuroplasticidade e a
aprendizagem motora, destacam que os estímulos de experiências
sensoriomotoras e perceptuais, dependendo do meio em que o indivíduo está
inserido, como mecanismos responsáveis pela constantereorganização
estrutural e funcional do Sistema Nervoso Humano.
De acordo com Florindo e Pedro12 “Conceitos recentes de
neuroplasticidade e aprendizagem motora sugerem o estímulo de experiências
sensoriomotoras e perceptuais, como mecanismos responsáveis pela
constante reorganização estrutural e funcional do Sistema Nervoso”.
Nesse contexto, podemos destacar alguns estudos que atestam a
influência da neuroplasticidade no controle motor; Arazi13, objetivou
estabelecer o somatotipo, o perfil antropométrico e neuromotor de
escaladores indoor da elite jovem de escaladores femininos, masculinos e
recreativos. Para tanto, as medidas antropométricas foram coletadas conforme
padronizações internacionais, a força e resistência dos membros superiores
foram avaliadas por teste isométrico. Força explosiva e equilíbrio foram
avaliados pelos testes Sargent jump e Star Excursion Balance (SEBT),
respectivamente. Os resultados deste estudo podem proporcionar uma melhor
compreensão do desempenho sobre a escalada indoor, identificar um
talentoso alpinista e, consequentemente ajudará os treinadores a planejar
programas de treinamento eficientes. 
No estudo de Barcelos14, sobre a análise do equilíbrio postural e força
muscular isocinética de joelho em atletas de futsal feminino, que teve como
objetivo analisar o equilíbrio postural e a força muscular isocinética do joelho
em atletas amadoras de futsal feminino. Desta forma, foram avaliadas 12
atletas (22,07±3,61 anos), para verificar se existe associação entre essas
variáveis. Mediu-se a força muscular com um dinamômetro isocinético, e o
equilíbrio, por meio da posturografia com testes de organização sensorial
(TOS), de controle motor e unilateral. As atletas mostraram maior
dependência visual para manter o equilíbrio, percebida nas condições do teste
unilateral com restrição visual, possivelmente, essa situação indica que o
sistema somatossensorial e/ou vestibular das atletas foi afetado por fatores
associados ao treinamento físico e à participação em competições. Tal estudo
é relevante no escopo da presente pesquisa, uma vez que, o cerebelo assume
papel de alta relevância na postura e na manutenção do equilíbrio.
No estudo de Alves15, tiveram como foco o controle postural como
um fator determinante para execução de gestos funcionais e desempenho
motor com o objetivo de investigar o controle postural durante a tarefa
controlada do chute futebolístico por meio de um sistema de análise
biomecânica. A amostra contou com 11 atletas profissionais do sexo
masculino, com média de idade de 22 anos. Os atletas realizaram vinte e
cinco chutes de precisão em direção ao alvo, com a bola em movimento
vertical lançada por meio de um dispositivo manual sincronizado com as
medidas biomecânicas computadas. O resultado do controle postural dentro
da ação motora, em geral, a média dos dados descritivos do controle postural,
através dos parâmetros do COP, foi elevado quando comparado aos dados de
COP durante protocolos tradicionais de equilíbrio na literatura, denotando o
grau de complexidade da ação motora investigada, mais uma evidência da
neuroplasticidade que está sempre presente no controle neuromotor. A partir
deste ponto, se faz necessária uma breve revisão sobre pesquisas que
estudaram a neuroplasticidade e o controle neuromotor subjacente em tarefas
manipulativas.
Um dos parâmetros biomecânicos mais relevantes para o controle
neuromotor de tarefas manipulativas é a capacidade de produção de forças
nos dedos. Com o passar do tempo, os sujeitos apresentam mudanças nas
mãos relacionadas ao sistema neuromuscular, devido à queda de força e
coordenação dos dedos. Através desta queda de força, pode tornar a ação
realizada com as mãos aprendida ao longo da vida, abaixo do ideal.16
Segundo Latash; Scholz; Schoner16 e Latash1, essa perda de força
ocorre simultaneamente em todos os dedos das mãos, impactando no nível de
organização do controle neuromotor dos dedos, tal fato é atestado pela
complexidade anatômica da mão, composta por 27 ossos e vários músculos
(intrínsecos e extrínsecos), ligamentos e inervações oriundas de diferentes
ramos nervosos da medula.
Flament17 utilizaram ressonância magnética funcional para verificar
alterações na ativação do cerebelo, propuseram duas tarefas a serem
executadas com um controle de vídeo game, para sobrepor o cursor em alvos
visuais. No primeiro, o movimento do controle e o cursor foram invertidos,
exigindo uma aprendizagem de transformação visuomotora para otimizar o
desempenho; e a segunda tarefa, o controle e o cursor foram alterados
aleatoriamente para cada tentativa. A ativação no cerebelo foi maior durante
as fases iniciais da tarefa um e dois. Na tarefa um, o desempenho foi
considerado insatisfatório nos estágios iniciais e com a prática foi
melhorando o nível de proficiência em relação a tarefa padrão (consolidação
da aprendizagem). Já no segundo momento, em função da aleatoriedade o
desempenho foi também insatisfatório, e mesmo com a prática não se obteve
melhora. Tais resultados corroboraram a hipótese de que o cerebelo é
fortemente ativado quando o desempenho motor é impreciso, onde o mesmo
detecta e corrige os erros visuomotores. Este estudo está em concordância
com a presente pesquisa, pois a tarefa solicitada na mesma é de característica
visuomotora, quando espera-se uma intensa atividade cerebelar antes da
consolidação da aprendizagem da mesma.
Ao pesquisarem o efeito da estimulação transcraniana de corrente
alternada (TAC), com diferentes frequências na atividade cerebelar e seus
impactos na excitabilidade da perna e no controle neuromotor da marcha em
indivíduos saudáveis, Naro18 concluíram que a TAC é uma ferramenta útil na
reabilitação de pessoas com comprometimento da marcha, relacionada ao
cerebelo. Mais uma vez, destaca-se o papel da atividade cerebelar no controle
de atividades neuromotoras.
Peterburs19 investigaram se o cerebelo processa o feedback de
maneira diferenciada, quando há mudanças na estratégia de resposta durante
a aprendizagem. Constataram aumento na ativação dos lóbulos VI e VII do
cerebelo, por feedback negativo. O recrutamento de regiões posteriores na
aprendizagem por feedback negativo está de acordo com a topografia
funcional do cerebelo, com regiões posteriores envolvidas em funções
motoras e cognitivas complexas, portanto, atestando a relevância dos
diferentes tipos de feedbacks.
Habilidades visuoespaciais comprometidas, podem impedir as
atividades da vida diária. O cerebelo tem sido engajado no processamento
visuoespacial, e os pacientes com lesão do mesmo, frequentemente exibem
pouca habilidade visuoespacial, Slapik20 utilizaram uma mesa digitalizadora
para avaliar 49 pacientes com ataxia cerebelar e 60 pessoas saudáveis, na
execução de uma tarefa manipulativa visuomotora; concluíram que os
pacientes exibiam comprometimentos de organização visuoespacial na
ausência da lembrança da mesma.
Lokesh e Ranganathan21 estudaram 36 adultos saudáveis,
universitários com faixa etária entre 20-24 anos, sendo 20 mulheres e 16
homens, onde os participantes utilizaram um aparelho de manipulação
bimanual, ao qual ficavam sentados em um banco de 45°, onde receberam a
informação visual na tela, que parecia estar localizada nas mãos. Os
participantes controlavam o cursor, e tinham que controlar uma trilha em
formato de W, onde o objetivo era fazer o percurso o mais rápido possível
dentro da faixa demarcada. Os resultados mostraram que o tempo de
movimento dependeu da dificuldade da tarefa, mas todos conseguiram
diminuir o tempo de movimento com a prática. A aprendizagem foi
associada com uma redução na variedade do espaço nulo, mas, criticamente,
não houve efeito da dificuldade da tarefa. Análises posteriores mostraram
que, embora a variabilidade do espaço de tarefas tenha mostrado uma troca
de velocidade e precisão esperada com o tempo de movimento, a
variabilidade espacial nula mostrou um padrão qualitativamente diferente.
Estes resultados sugerem um controle diferencialda tarefa e a variedade do
espaço nulo em resposta a mudanças na dificuldade da tarefa com a
aprendizagem, e podem refletir uma forte preferência para minimizar a
variabilidade global do movimento durante a aprendizagem.
No estudo de Patel, Zablocki e Lodha22, investigaram se o
desempenho de tarefas e coordenação bimanual diferem entre aumento de
força e diminuição de força, e determina a contribuição da coordenação de
ambas as mãos para o desempenho de tarefas durante o aumento de força e
diminuição de força. Para o estudo, foram utilizados dezessete adultos
saudáveis com idade média de 24 anos, que tinham como tarefa combinar a
força alvo com a força total, ou seja, soma de forças produzidas por ambas as
mãos com a maior precisão possível. Como resultado foram encontrados
acurácia diminuída e aumento da variabilidade da força total em decréscimo
em comparação com a fase de aumento. Além disso, o coeficiente de
correlação cruzada e a amplitude de coerência foram maiores durante o
decréscimo de força do que a fase de incremento de força. Pode-se concluir
que o desempenho da tarefa é reduzido durante o decréscimo da força em
comparação com o incremento de força, sugerindo que a liberação de força é
mais desafiadora do que a geração de força em tarefas bimanuais. Além
disso, o acoplamento bimanual das forças foi melhor durante a diminuição de
força do que o aumento de força. No geral, a coordenação de forças de ambas
as mãos influencia o desempenho da tarefa nas fases combinadas de
incremento e decremento. Especificamente, o desacoplamento de forças
produzidas pelas duas mãos facilita a estratégia de compensação de erros para
atingir o objetivo da tarefa. Juntos, esses resultados destacam que o controle
bimanual de forças é dependente de tarefas e enfatizam a importância da
colaboração entre as mãos para alcançar um objetivo de tarefa comum. Esses
resultados podem ter implicações para o entendimento de mudanças no
controle bimanual com o envelhecimento e distúrbios neurológicos.
No trabalho de Sarasso23, foram estudados trinta e nove indivíduos
saudáveis, onde foram divididos em dois grupos, o experimental que foi
submetido a treinamento de diferenças somatossensorial consistindo de
diferenças de distância, forma e superfície; já o grupo controle realizou uma
manipulação simples de objetos. No início e após 2 semanas de treinamento,
os indivíduos foram submetidos a avaliações sensório-motoras e ressonância
magnética funcional, consistindo de estimulação tátil à direita, manipulação
de um objeto simples, e execução complexa da sequência motora à direita. A
destreza da mão direita melhorou em ambos os grupos, mas apenas o grupo
experimental mostrou melhorias em todos os testes de destreza manual. Após
o treinamento, o grupo experimental mostrou: diminuição da ativação das
áreas sensoriomotoras ipsilaterais durante a tarefa de estimulação tátil. Isto
corrobora o papel das vias cerebelares envolvidas no processo de
aprendizagem motora.
Referências
1- Latash, M.L. Bases Neurofisiológica do Movimento. Tradução Grace
Kawali. 1 ed. – São Paulo: Phorte, 2015.
2- Machado, A.B.M.; Haertel, L.M. Neuroanatomia Funcional. Atheneu, São
Paulo, 3ed., 2014.
3- Streng, M.L.; Popa, L.S.; Ebner, T.J. Complex Spike Wars: a New Hope.
The Cerebellum, 17:735–746, 2018.
4- Mitoma, H.; Manto, M.; Hampe, C.S. Time Is Cerebellum. Cerebellum
17:387–391, 2018.
5- Statton, M.A.; et al. Making Sense of Cerebellar Contributions to
Perceptual and Motor Adaptation. Cerebellum, 2017.
6- Chabrol, F.; Blot, A.; Mrsic-Flogel, T.D. Cerebellar contribution to
preparatory activity in motor neocortex. bioRxiv preprint first posted online.
May, 2018.
7- Peh, S.Y.C.; Chow, J.Y.; Davids, K. Focus of attention and its impact on
movement behaviour. Journal of Science and Medicine in Sport; 14:70–78,
2011.
8- Brittain, J.S.; Brown, P. Oscillations and the basal ganglia: Motor control
and beyond. n.85, pp. 637 – 647. Amsterdam: Elsevier, 2014.
9- Hirschfeld, H. Motor control of every day motor tasks: Guidance for
neurological rehabilitation. Physiology & Behavior, 92: 161–166, 2007.
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22- Patel, P.; Zablocki, V.; Lodha, N. Bimanual force control differs between
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23- Sarasso, E. et al. Brain motor functional changes after somatosensory
discrimination training. Brain Imaging and Behavior. V. 12, 2018.
CAPÍTULO 2
ASPECTOS BIOMECÂNICOS DO SKATE
Pietro Balducci
Carlos Henrique Prevital Fileni
Gustavo Celestino Martins
Bráulio Nascimento Lima
Leandro Borelli de Camargo
Ricardo Pablo Passos
Fernanda Turrioni Costa
Claudio Novelli
Luis Felipe Silio
Rodrigo da Cruz Oliveira
Guanis de Barros Vilela Junior
Breve história do skate
E o skate chegou às Olimpíadas de Tokyo de 2020, algo talvez,
inimaginável para aquele grupo de jovens que na grande seca que assolou a
Califórnia em 1975 e deixou muitas piscinas vazias e os meninos de
Dogtown começaram a utilizá-las para praticar o esporte. Entretanto, existem
relatos de que o skate tenha sido criado na década de 1960, quando jovens da
região de Los Angeles, Califórnia, fixaram rolamentos em uma tábua, para
“surfar nas calçadas” nos dias que as condições climáticas impossibilitavam o
surf. A empresa Roller Derby Skate Company, de La Miranda, começou a
produzir e vender o "Skate Board" no início dos anos 60. Mas foi nos anos
70, que Frank Nasworthy substituiu as rodas de ferro por rodas de uretano,
esta inovação tecnológica garantiu um incremento da manobrabilidade do
skate que foi decisiva para sua consolidação enquanto esporte. A cidade de
Tucson, no Arizona, foi a primeira a construir um skatepark, inaugurado em
setembro de 1965. No Brasil, a primeira pista de skate foi construída em
Nova Iguaçu (RJ) e inaugurada em dezembro de 1976. A primeira mulher
campeã e skatista profissional foi Patti McGee, que antes praticava surfe,
quando não havia ondas boas no mar, praticava skate. Era considerada um
exemplo da liberação feminina em temposde importantes mudanças no
tecido social americano, chegando a ser capa da famosa revista Life, que
tinha circulação mundial. Skatistas começaram a surgir em todo o mundo, na
Europa, Ásia, América Latina, África, Oceania.
Segundo a World Skateboarding Federarion (WSF)1 existem
atualmente mais de 40 milhões de praticantes regulares de skate no mundo.
No Brasil, mais de oito milhões, nos Estados Unidos mais de 6 milhões; trata-
se de um esporte com característica primordialmente urbana, que pode ser
praticado em qualquer época do ano e independente das condições climáticas.
Segundo o Datafolha, um em cada dez lares no Brasil possui um skatista,
totalizando mais de 8,5 milhões de praticantes no Brasil; movimentando só
em roupas e acessórios mais de um bilhão de reais por ano, perdendo apenas
para o mercado americanos que movimenta 4,5 bilhões de dólares por ano.
Com campeonatos mundo afora e especialmente, com sua inclusão como
esporte olímpico, estima-se que o mercado mundial de skate movimente mais
de 15 bilhões de dólares por ano. Estudos científicos sobre a biomecânica do
skate são ainda raros.
O objetivo deste capítulo é discutir aspectos biomecânicos da prática
do skate, tanto na perspectiva cinemática, quanto cinética. É importante
esclarecer que o termo “biomecânica do skate” que será utilizado neste
capítulo, se refere ao conjunto skate + skatista, uma vez que é a interação
entre ambos que definirá a qualidade de qualquer uma das mais de 100
manobras existentes na modalidade.
Conceitos e movimentos básicos no skate
A interação skate e skatista se dá fundamentalmente com os pés e as
mãos. Como o skatista usa as mãos é um aspecto importante que influenciará
na biomecânica do mesmo. Serão utilizados os termos em inglês,
mundialmente utilizados. A única exceção foi para a palavra grab aqui
traduzida como “pegada”. Os mais conhecidos são: Melon, Nosegrab,
Stalefish, Indy, Tailgrab, Mute, Crail.
Melon – ou “melancholy” é um tipo de manobra onde o skatista
segura o skate com as mãos para mante-lo junto aos pés, sendo importante na
realização para saltos em escadas e/ou de grandes distâncias. Os melons são
considerados difíceis pois o skatista tem que controlar a tendência natural de
levantar as mãos durante a execução de um ollie.
Nosegrab – trata-se de uma pegada na ponta dianteira do skate, ou
seja, na direção do movimento, que assegura ao skatista que o skate está sob
seus pés, e com base nesta informação, poder tentar realizar uma manobra do
tipo “do-or-die” (fazer ou morrer).
Stalefish – manobra de transição, pois a parte de trás do skate é
lançada para cima com um ollie de frente, fazendo com que seja mais fácil
pegar o skate por atrás do tornozelo com a mão que está para trás em relação
ao corpo. É considerada uma manobra difícil e de quantificação complexa
sob o ponto de vista da qualidade do movimento.
Indy – A dificuldade desta pegada, onde o sujeito tem que segurar o
skate pela frente, com a mão de trás, entre os pés, e simultaneamente afastar-
se do skate para fazer o ollie ao mesmo tempo que você agacha para segurar
o skate.
Tailgrab – são consideradas mais fáceis do que qualquer outra
pegada, sendo necessário tocar na sola do pé quando em fase aérea. No
entanto, é fácil errar a mesma caso o skatista empurre o skate com pé que está
adiante.
Mute – manobra onde o skatista segura o skate entre os pés com a
mão da frente, para garantir uma boa aterrissagem, por exemplo.
Crail – Considerada a pegada mais rara, é na realidade um nosegrab
realizado com a mão de trás. Requer um apurado controle neuromotor do pé
que está atrás para não imprimir um torque (tendência rotacional) excessivo
sobre o skate.
Movimentos básicos acrobáticos no skate utilizando os pés
Pushing – movimento onde o skatista está com o pé não dominante
sobre o shape próximo ao truck dianteiro, enquanto que a perna dominante,
adquire energia cinética gerada pela mesma, ao empurrar o solo para trás.
Ollie – com os membros inferiores flexionados o skatista exerce uma
força obliqua e para baixo sobre o tail do skate, isto gera uma rotação no
shape para cima e em direção ao quadril do mesmo. Simultaneamente o outro
pé precisa estabilizar e nivelar o skate nesta fase aérea o que demanda um
complexo controle neuromotor altamente eficiente.
Ollie frontside 180 – trata-se de um ollie onde a perna dominante é
projetada para frente, ocasionando, portanto, uma inversão de base, estando
os pés em permanente contato com o shape, o skatista simultaneamente
rotaciona o tronco, membros superiores e quadril, realizando uma rotação de
180 graus.
Ollie backside 180 – basicamente apresenta a mesma sequência de
movimento anterior, mas com a perna dominante sendo projetada para trás.
Ollie flip – um ollie onde o pé da dominante exerce uma força na
porção lateral do shape localizada um pouco abaixo do truck dianteiro,
imprimindo um torque que faz o skate rotacionar 360 graus ao redor de seu
eixo longitudinal. Na sequencia o skate deve ser estabilizado pelos pés para
cessar esta rotação.
360 flip – o pé dominante exerce uma força tangencial sobre a
superfície do tail do skate e simultaneamente o pé dianteiro exerce um torque
na porção dianteira lateral do shape próximo ao truck, a combinação destas
ações determina um giro de 360 do skate em relação aos planos horizontal e
longitudinal. A sequência a seguir mostra a execução do 360 flip.
Nollie – o pé dominante posicionado no nose (parte dianteira do
shape) exerce uma força no mesmo, isto implica numa inclinação do shape
em direção ao quadril, simultaneamente, o outro pé exerce uma força
estabilizadora sobre a superfície posterior do mesmo.
A biomecânica do skate
A biomecânica de qualquer modalidade onde um implemento
qualquer, como ciclismo, peso com barras, surf, skate dentre outras
modalidades, há de ser pesquisada a partir do conjunto formado entre o
implemento e o atleta. Portanto, estudar a biomecânica do skate, significa
estudar a biomecânica do conjunto skatista mais o skate. É evidente que, por
exemplo, no ciclismo de estrada, o ciclista possui quase sempre 5 apoios
claramente definidos com a bicicleta (duas mãos nos guidões, dois pés nos
pedais e os glúteos no assento). Tal fato, impõe ao sistema uma redução
importante no número de graus de liberdade (GL) que o atleta terá que
controlar. No skate, ocorre o oposto disto, skate e skatista, apesar do contato
sistemático, porém intermitente, faz com que o número de GL a serem
controlados pelo skatista além de ser maior, é variável em frações de
segundo. Tal fato, dá ao skate sua radicalidade e de fato, biomecanicamente,
um desafio pesquisa-lo, quer sob o ponto de vista cinemático quanto
cinematicamente. Sob o ponto de vista metodológico, levar skatistas para o
laboratório é tão caricatural quanto levar um peixe para andar de bicicleta.
Portanto, pesquisas da biomecânica do skate, devem ser realizadas em
campo, ou seja, onde eles praticam a modalidade em toda sua plenitude de
possibilidades locomotoras. Colocar eletrodos (wireless) em skatistas para
averiguar a ativação muscular durante a prática é no mínimo temerário, posto
que o número de ruídos é tão grande que o pesquisador, provavelmente,
estará pesquisando “os ruídos” e não a ativação muscular real, especialmente
quando se trata de eletromiografia de superfície (outra limitação
metodológica), uma vez que o ponto de fixação dos eletrodos fixados na pele,
durante o movimento se desliza em relação ao músculo pesquisado. Talvez
por estas limitações e dificuldades, o skate tenha sido tão pouco pesquisado
na biomecânica. Com o advento de novas tecnologias, não invasivas, capazes
de capturar dados em tempo real, no local onde o esporte acontece, é
provável que surjam cada vez mais pesquisas relativas a este esporte
olímpico.
Rosatello et al.1 realizaram estudos com modelamento físico
matemático para avaliar as variações da velocidade na performance do
skatista. Incialmente com apenas um grau de liberdade para determinar os
parâmetros que mais influenciamna estabilidade em altas velocidades.
Utilizaram as equações de Lagrange para descrever o movimento a partir de
sua energia cinética e potencial. Constatou-se que quando a distância entre as
rodas nos eixos dianteiros é maior que esta distância no eixo traseiro o
sistema é estável; enquanto e opostamente, quando a distância no eixo
dianteiro é menor que no eixo traseiro o sistema se torna instável. Ou seja,
uma maior base de apoio entre as rodas dianteiras do skate garante, em tese,
uma maior manobrabilidade do mesmo e o contrário, maior dificuldade em
realizar manobras. O papel da velocidade, é, como reportam os autores, como
nas bicicletas, em velocidades maiores, o skatista apresenta mais equilíbrio,
existindo uma velocidade limite estabilizadora (18 Km/h); velocidades
superiores a esta tornam o sistema instável. Esta velocidade, como todas
durante a prática do skate, depende da rigidez, capacidade de amortecimento
do conjunto (skate + skatista). Tais achados científicos estão de acordo com
os relatos dos skatistas, que empiricamente aprendem, através da prática
ostensiva, a controlar estes parâmetros biomecânicos do skate.
Uma das manobras consideradas básicas no skate é o ollie, que
consiste em decolar junto com o skate sem o uso das mãos. Para isto o
praticante bate a parte de trás do skate no solo e, no impulso da parte
dianteira para cima, o nivela com o pé da frente no ar. O domínio do ollie é
básico para a realização de manobras como o flip, air, grab, grind, slide,
shove it, de front, de back e switch, dentre outras.
Para compreender a biomecânica do ollie Leuchanka et al.2 realizaram
pesquisa de campo onde quatro skatistas, utilizando o mesmo modelo de
calçado, tiveram que realizer o ollie em três situações aleatórias: (1) Ollie em
pé estático (OE); (2) Ollie em movimento (OM); (3) Ollie na descida (OD). 
Foi utilizada uma plataforma de força de 36 cm, marca OpenGo Motion,
palmilhas com 13 baroceptores e acelerômetro com frequência de aquisição
de dados de 50 Hz. As maiores forças na decolagem foram encontradas nos
ollies em movimento, estático e na descida com magnitudes de 2,55; 2,47 e
2,34 vezes o peso corporal respectivamente. Nas aterrissagens os maiores
valores foram encontrados nos ollies na descida (3,15 vezes o peso corporal),
em movimento (2,71 vezes o peso corporal) e no estático (2,40 vezes o peso
corporal). Tal estudo mostra que as magnitudes das forças são elevadas, por
exemplo, um atleta de 70 Kg, sofre estresses mecânicos de mais de 250 Kg
em cada ollie realizado. Se em um dia em um parque ele realizou 100 ollies
são 25 toneladas descarregadas nas estruturas articulares inferiores do
skatista. A região medial do antepé foi a que recebeu maiores pressões
durantes as três situações, tanto na decolagem quanto na aterrissagem. É
evidente que estratégias de dissipação de energia na musculatura, ligamentos
e no tecido ósseo, são cruciais para minimizar riscos de lesões agudas ou
crônicas e neste sentido, são necessárias muitas pesquisas para a melhor
compreensão biomecânica do skate.
Pham3 realizou estudo para analisar as forças de reação do solo, o
impulse e o gasto metabólico de 11 skatistas saudáveis e experientes (mais de
um ano de prática) com massa corporal média de 74,35 Kg, estatura média de
1,75m e idade média de 20 anos e nove meses. Utilizou uma esteira
instrumentalizada com uma plataforma de força AMTI com frequência de
aquisição de dados de 1,0 KHz. As rodas utilizadas foram padronizadas para
todos os skatistas sendo: tamanho das rodas (76mm diâmetro, 59mm com
contato, 76a rigidez). Os skatistas foram submetidos a um protocolo de
incremento de velocidades, foram elas: 1,0; 1,25; 2,0; 2,5; 3,0; 3,5 e 4.0 m/s;
e foram utilizados filtros Butterworth, tipo low-pass, com frequências de
corte entre 15 e 25 Hz. Durante a coleta de dados foram identificados dois
padrões de força de reação do solo (FRS), configurando dois grupos os
frenadores e os não-frenadores. Os autores concluíram que os frenadores
mostraram um aumento nas forças de resistivas e propulsivas para velocidade
mais altas e o impulso propulsivo a cada passo não apresentou diferenças
significantes. Com as equações de regressão obtidas neste estudo, observou-
se que a FRS para os frenadores era 82% mais dependente da velocidade do
que para os não frenadores. Concluíram também que, com o protocolo
utilizado, o gasto energético do skatista é equivalente ao de caminhar com
velocidade de 1,25m/s, mas deve-se ressaltar que fora do laboratório skatistas
chegam com facilidade a ter velocidades de 5m/s, e, portanto, nestes casos o
gasto energético será diferente.
Vorlíček et al.4 realizaram estudos sobre a atividade muscular em
diferentes níveis de performance do ollie, comparando o salto básico do
mesmo com o switchstance, que é o mesmo salto realizado com a posição
alternada dos membros. Para isto recorreram a 10 homens experientes na
modalidade com massa média de 71,5 Kg e estatura média de 1,79m. Todos
executaram três vezes cada um dos dois tipos de saltos. O salto foi dividido
em quatro fases: preparatória, decolagem, aérea e aterrissagem. A amplitude
média da atividade muscular foi medida nos seguintes músculos: tibial
anterior, gastrocnêmio medial, reto femoral, semitendíneo e glúteo máximo.
A comparação da atividade muscular durante o Ollie e o Switchstance foi
realizada pelo Teste de Wilcoxon, com P<0,05. Os resultados destacaram
diferenças significantes na ativação dos músculos gastrocnêmio medial e reto
femoral, semitendíneo e quadrado lombar durante a aterrissagem da fase do
Ollie. No switchstance a atividade muscular é aumentada no quadrado lombar
durante o período de preparação e aterrissagem do movimento. Nesse tipo de
salto, os skatistas devem mover seu centro de gravidade da parte traseira do
skate para o centro do mesmo, além de estabelecer estratégias de controle
neuromotor adequadas para uma aterrissagem eficiente.
Concluindo ou começando?
É difícil concluir alguma coisa sobre algo que mal começou. Em uma
metáfora: é temerário falar que um filme é muito bom ou ruim, tendo visto
apenas seus 2 minutos iniciais. Mas nestes dois minutos iniciais da pesquisa
em biomecânica do skate, pode-se vislumbrar uma grande potencialidade de
avanços importantes neste esporte, tanto do ponto de vista do implemento
quanto do treinamento e da diminuição de lesões. Por exemplo, basicamente,
os skates pouco mudaram nos últimos 30 anos, com as pesquisas em
biomecânica, certamente a indústria hoje bilionária do skate, desenvolverá e
aprimorará os skates de maneira significativa, provavelmente quem estiver
nascendo no ano das Olimpíadas de Tokyo, 2020, quando jovens adultos
praticantes de skate, comentarão entre si, “como aqueles caras conseguiam
praticar o skateboarding com aquelas coisas primitivas?”
Referências
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ASME 2015 International Design Engineering Technical Conferences &
Computers and Information in Engineering Conference.
2- Aliaksandr Leuchanka, Joanne Ewen & Ben Cooper (2017) Bipedal in-
shoe kinetics of skateboarding – the ollie, Footwear Science, 9:sup1,
S122-S124.
3- Pham, Bryant, "The Biomechanics and Energetics of Skateboarding"
(2016). Integrative Physiology Graduate Theses & Dissertations. 46.
4- Michal Vorlíček, Zdeněk Svoboda,, Markéta Procházková (2015) Analysis
of muscle activity in various performance levels of Ollie jumps in
skateboarding: A pilot study. In Acta Gymnica vol. 45, no. 1, 41–44.
Obs: os autores Leandro Borelli de Camargo e Ricardo Pablo Passos são bolsistas de
doutorado do CNPq.
CAPÍTULO 3
CONTROLE POSTURAL EM PACIENTES HEMIPLÉGICOS
Valter Roberto de Moraes
Rodrigo da Cruz Oliveira
Gustavo Celestino Martins
Bráulio Nascimento Lima
Leandro Borelli de Camargo
Ricardo Pablo Passos
Pietro Balducci
Cynara Cristina Pereira
Mauro Guiselini
Carlos Henrique Prevital Fileni
Guanis de Barros Vilela Junior
Introdução
Pacientes com hemiplegia resultante de um acidente vascular
encefálico(AVE) apresentam déficits motores que consequentemente
influenciam sua qualidade de vida e sensação de bem-estar. Tais
comprometimentos afetam múltiplas dimensões como a saúde física, a
capacidade de realizar as atividades de vida diária (AVD’S) e o estado
emocional e social. Impasses referentes a saúde pública, psíquica e social,
quer queira quer não, sempre estarão presentes no contexto saúde e por este
motivo um dos desafios que o profissional da área tem é de superar tais
impasses. Deste modo, quais são os exercícios físicos adequados para sua
reabilitação relacionando-os com as estratégias de controle postural dos
pacientes com hemiplegia?
Os exercícios físicos, assim como as atividades físicas trazem efeitos
benéficos tanto para a prevenção quanto para a reabilitação de um paciente1,
portanto praticar exercícios e atividades físicas além de trazer benefícios é
uma forma acessível para garantir uma melhor qualidade de vida a todos. É
considerada uma alternativa de terapia sem o auxílio de medicamentos, ou
seja, um tratamento alternativo não medicamentoso que favorece o
tratamento e melhora na qualidade de vida das pessoas com doenças
crônicas, promoção da saúde e prevenção de doenças ou até mesmo
potencializar o tratamento com medicamentos.1
A alta incidência de AVE com expressiva taxa de sobrevida e
consequentemente de pacientes hemiplégicos incapacitados de exercer suas
funções na vida diária justificam a importância de potencializar os exercícios
físicos adequados e as estratégias de controle postural nestes pacientes para
deste modo avivar sua qualidade de vida e bem-estar. O objetivo principal
deste capítulo é apontar os exercícios físicos e as estratégias de controle
postural em pacientes hemiplégicos após a ocorrência do AVE.
A doença vascular que mais afeta o sistema nervoso central (SNC) é
o acidente vascular encefálico (AVE) e causa danos motores, sensitivos,
cognitivos e redução na capacidade de tolerar esforços.2,3 O evento pode
trazer como consequências a incapacidade, que modifica a sobrevivência e
pode levar o indivíduo à morte, suspendendo o curso da vida.4
A patologia é considerada a principal causa da incapacidade crônica
numa população, no qual os déficits motores que se apresentam na sequência
do acometimento da patologia sucedem da lesão dos neurônios motores
superiores que exercem a função de controle muscular distal e proximal.5, 6 A
diminuição do fluxo sanguíneo ao cérebro resulta na lesão das células
neuronais e danos às funções neurológicas do indivíduo.6,7
O evento é ponderado como a terceira causa da mortalidade em países
considerados mais ricos e o primeiro motivo da deficiência em adultos.8
Estudos indicam que na América Latina o AVE é a patologia que mais leva o
indivíduo à morte e no Brasil é a causa mais constante da morte natural9,
contudo cerca de 50 a 70% das pessoas que foram acometidas restabelecem a
capacidade e independência nas funções de vida diária, porém após seis
meses, aproximadamente 50% manifestam hemiparesia/hemiplegia.5 Cerca
de 80% dos pacientes de AVE resistem à fase aguda, de modo que grande
parte restabelece a capacidade de andar e 30 a 66% dos que sobrevivem não
conseguem recuperar a função do membro superior afetado, pois sua
recuperação é mais lenta que a do membro inferior.10
Estes pacientes têm um índice elevado de sobrevida e devido à
alteração no controle motor, e consequentemente no controle da postura,
necessitam do auxílio de seus familiares para a execução de tarefas que
anteriormente eram consideradas fáceis de realizar11 além de necessitarem de
acompanhamento de um profissional da área da saúde para sua reabilitação e
retorno às atividades de cotidianas.
A causa do AVE é a diminuição da irrigação de sangue ao cérebro e
desta forma gera lesões de células e disfunções neurológicas importantes
referentes ao sistema motor, sensorial e cognitivo, sendo a disfunção motora
um dos transtornos mais frequentes desta doença.6,7
Os déficits neurológicos que podem aparecer após a ocorrência dos
primeiros sintomas deverão se manter constante por 24 horas para ser
considerado como AVE3,8,12 e esta é a principal observação que os médicos
utilizam para diagnóstico da patologia.12 Além disso, a confirmação do
diagnóstico desta patologia é efetivada através de exames clínicos,
tomografia computadorizada e exame de ressonância magnética.13
Desvio de rima, cefaleia, vertigem, diminuição do nível de
consciência, alteração visual, convulsão, desvios no olhar, náuseas, vômitos,
distasia, disartria e paresias são os primeiros sintomas, onde os três últimos
aparecem com mais frequência nas primeiras três horas.14 Em cada
ocorrência, os sinais clínicos particulares dependem da localização, dimensão
e expansão da lesão, e é desta maneira que será determinada a gravidade da
disfunção adquirida.8
Dentre os relatos dos problemas decorrentes do AVE estão o
confinamento, a imobilidade, perda das habilidades para realizar tarefas
cotidianas, comorbidades metabólicas e cardiovasculares.2
A patologia causa lesão no neurônio motor superior que leva o
indivíduo a limitações físicas.6 Basicamente o problema decorrente destes
pacientes pode ser considerado nos padrões postural anormal, nos
movimentos, na anormalidade da qualidade do tônus postural e na inervação
recíproca.15 As sequelas desta doença podem causar uma variedade de
deficiências como as motoras, sensitivas ou relacionadas com as funções
nervosas superiores.16 Os comprometimentos que se apresentam após o
episódio estão a espasticidade, fraqueza de músculos, alterações sensoriais,
deficiência no equilíbrio e também a diminuição da amplitude de
movimento.17 A lesão do córtex motor ou do trato corticoespinhal pode trazer
como resultados a diminuição ou perda total dos movimentos e controle dos
músculos do lado contralateral do corpo em relação à lesão, características de
uma hemiparesia ou hemiplegia, consequência mais comum de AVE.18 O
comprometimento mais claro de um paciente hemiplégico é a disposição de
sustentar-se em uma posição de assimetria postural.19
A hemiplegia é apontada como um dos principais sintomas
decorrentes de AVE isquêmico ou hemorrágico, compreendendo hemisfério
ou tronco cerebral, e afeta o controle motor voluntário contralateral da lesão7,
podendo comprometer com maior ocorrência o membro superior e é
acompanhada de hiperreflexia, espasticidade e sinal de Babinski.20 O
resultado mais considerável após a ocorrência do AVE é a inabilidade
funcional porque engloba a junção de múltiplos elementos como ambiente,
recurso financeiro e social e fatores comportamentais e de motivação.21
Apresenta um quadro clínico que pode ser dividido em agudo, pelo
enfraquecimento dos músculos ou hipotonia, confusão e incontinência, e
crônico, pela espasticidade ou rigidez dos músculos flexores de membro
superior e os músculos extensores do membro inferior.7,22
Logo após o episódio do AVE ocorre uma flacidez no tônus muscular,
ou seja, em uma hipotonia muscular, que resulta em escassez ou nenhuma
oposição em relação ao movimento.8,23 Esta hipotonia pode perdurar por
horas, dias, ou mesmo semanas, mas gradualmente vai sendo sucedido por
um quadro de padrões motores fora do normal procedente da variação do
tônus muscular, alteração dos reflexos posturais e deformidades nas
articulações24, que caracteriza a espasticidade na fase crônica como citado
anteriormente.
Tais alterações, com certa frequência prejudicam as habilidades
motoras e o controle postural, que são indispensáveis para o desempenho de
atividades e tarefas de vida diária.23 Os que sobrevivem ao AVE apresentam
uma qualidade de vida sedentária, limitando as atividades de vida diária
(AVD’s) e também redução da reserva cardiológica7, porém a grande maioria
dos pacientes sobreviventes ao AVE, voltam a sua capacidade de deambular,
através da marcha hemiparética, que tem a descrição de lenta, laboriosa e
abrupta.22
Não generalizando e contrariando a afirmação posso citar um paciente
hemiplégico que comecei a atender em julhode 2015 quando três meses
antes sofreu um AVE com sequelas substanciais a esquerda. Na avaliação o
paciente do gênero masculino e 19 anos se encontrava hipotônico, desta
forma sem nenhum controle postural. No início de seu tratamento foi
realizado por várias vezes mobilização articular passiva de membros
superiores e inferiores assim como exercícios de reexpansão pulmonar e
drenagem linfática de membros inferiores para redução de edema local. Após
três meses de mobilização passiva o quadro clínico evoluiu e desta forma a
mobilização articular passou a ser realizada de forma ativa. Em fevereiro de
2016 seu tratamento passou a ser realizado com exercícios de alongamento e
fortalecimento com controle postural de membros superiores e inferiores.
Para os membros superiores foram realizados exercícios de flexão e extensão
com barra e para os membros inferiores foram realizados em decúbito dorsal
a elevação dos membros alternados provocando o controle postural e
assimetria dos movimentos dos mesmos. Ao findar do primeiro semestre de
2016, foi incluído o treino de marcha aos exercícios que passaram a ser mais
intensos. Em 2018 o paciente recebeu alta fisioterapêutica e passou a fazer
exercícios em uma academia sob os cuidados de um profissional da educação
física onde permanece realizando atividades e exercícios físicos para a
manutenção postural.
A fraqueza dos músculos, não é considerada o problema principal
decorrente da hemiplegia após AVE, porém a principal alteração que ocorre
em pacientes hemiplégicos é a coordenação motora anormal que prejudica a
coordenação dos movimentos e o controle postural, dificultando
sobremaneira o controle motor do indivíduo.15
Pesquisadores afirmam que o hemisfério cerebral esquerdo demonstra
uma atuação maior no que diz respeito ao planejamento motor com relação ao
hemisfério direito, e por este motivo citam que pacientes com hemiplegia à
esquerda tendem a ser mais precavidos e sem organização na realização de
uma determinada tarefa quando comparados com pacientes com hemiplegia à
direita.3
Equiparando o lado onde ocorreu a lesão e a diferença da
transferência de peso, pacientes hemiplégicos ou hemiparéticos à esquerda
têm tendência de transferir o peso para o lado esquerdo e os portadores de
hemiplegia ou hemiparesia à direita tendem a transferir o peso para o lado
esquerdo, o que faz subentender que pacientes hemiplégicos à esquerda
apresentam maior ocorrência de déficits na percepção, e pacientes com
hemiplegia à direita não apresentam alterações sensitivas em nenhum
hemicorpo e desta forma fazem a transferência para o lado não par ético.3
A hemiplegia é definida como a paralisia de um hemicorpo, ou seja,
de um lado do corpo e pode causar variações no controle motor de um
indivíduo, que traz como consequência a privação do controle motor e do
controle postural, consequências essas que compõem a principal
característica dos pacientes hemiplégicos.6 É uma disfunção neurológica que
pode ser provocada por variadas causas que atinjam o encéfalo, como por
exemplo, a hipóxia perinatal, alterações do sistema vascular cerebral, tumores
e outras mais.17 Quando acontece a paralisia parcial da ação motora, esta se
denomina hemiparesia.13
Como já citado anteriormente a hemiplegia, como um dos principais
sintomas do quadro clínico provocado pelo AVE afeta o controle motor
voluntário contralateral da lesão7,18, e por este motivo têm o equilíbrio
postural comprometido, uma vez que a tendência de manter-se em uma
posição de simetria postural está prejudicada, com sobrecarga reduzida no
hemicorpo afetado e consequentemente uma sobrecarga maior no hemicorpo
não afetado, o que compromete a manutenção postural.22 Esta assimetria e o
impedimento da transferência de peso para o lado acometido diminuem a
capacidade de manter o controle postural, o que faz com que ocorra o
comprometimento da orientação e estabilidade para a realização de
movimentos com o tronco e os membros, tanto superiores quanto inferiores.25
O controle postural do indivíduo será perturbado quando ocorrer qualquer
restrição de força e da amplitude de movimento, dor ou mesmo a limitação de
controle dos pés, ou seja, da base de suporte, assim como o
comprometimento da sinergia muscular pós AVE.26
As sinergias musculares podem ser apontadas por meio da ativação e
co-ativação de músculos e seus relativos padrões espaço-temporais e têm
significativa função no aprimoramento dos padrões de movimento.27 As
sinergias musculares e as estratégias posturais são conceitos que levam à
ciência do controle postural, onde as sinergias musculares são padrões de
atividade dos músculos em respostas às desordens ou perturbações que são
organizadas centralmente de modo para simplificar o controle do movimento
e as estratégias posturais envolvem as sinergias musculares, padrões de
movimento, torques articulares e forças de contato.28
A sinergia indica que o conjunto é mais do que soma das partes, o que
nos faz compreender que a noção de sinergia está subentendida o fato de não
ocorrer importância maior de um componente da ação em relação aos
demais.29
Um estudo citou um exemplo de sinergia muscular durante o
movimento da deambulação, na transição da fase de balanço para a fase de
apoio, quando se constata uma atividade maior do músculo vasto lateral,
coordenada à atividade do músculo bíceps femoral, que resulta em uma
sinergia extensora que preserva a estabilidade do joelho no momento do
impacto com o solo, ou seja, na fase de apoio, e nesta fase, o músculo bíceps
femoral facilita na extensão do quadril por intermédio de atividade
concêntrica e controla a flexão do joelho.27 As atividades de flexão de joelho
do músculo bíceps femorais e do impacto mecânico no momento do toque
contrapõe-se à contração excêntrica do músculo vasto lateral, que
proporciona a extensão do joelho.27
A recuperação do controle motor e a manutenção da postura se
relacionam com as estruturas do sistema nervoso que foram mais afetadas no
acometimento da lesão.19 Com relação à avaliação do controle postural, esta
deve ser realizada através da quantificação da capacidade funcional e a
especificidade das alterações que torna comprometido o controle postural do
paciente, e ainda deve envolver os aspectos sensoriais, estratégias específicas
de postura e fatores com relação à atenção.28
Vários pacientes com distúrbios neurológicos apresentam problemas
na estrutura temporal das estratégias de controle postural.30 Outros fatores
específicos que limitam o controle motor e o controle postural podem ter
relação com a dificuldade de harmonização das estratégias de posturas com
as alterações de ambiente e até mesmo às limitações do sistema
musculoesquelético como a fraqueza e a falta da habilidade de promover
força necessária para refutar um distúrbio corporal.26 Quando acontece uma
modificação do ambiente sensorial, a dominância das informações do sistema
sensorial é readequada para diminuir ou minimizar os conflitos.28
Apesar da separação anatômica dos sistemas somatossensorial, visual
e vestibular, que estão envolvidos na manutenção postural e a diminuição
considerável das informações sensoriais, com os olhos ou sobre áreas
instáveis ou macias, conseguimos nos manter em pé31, o que nos faz entender
que o sistema nervoso tem a capacidade de alterar discretamente a fonte
principal de informação sensorial, por exemplo, transferir do domínio da
informação visual para o somatossensorial32, e desta maneira promover o
controle da postura.
O sistema nervoso define a fonte sensorial principal para o controle
postural e no momento que faz a transferência de uma fonte para a outra, a
realiza de forma brusca utilizando uma informação sensorial de cada vez.31
Os sistemas sensoriais são os grandes responsáveis pela manutenção da
postura, portanto a partir desta afirmação, o sistema nervoso elabora
estratégias posturais que correspondem soluções sensório-motoras para um
controle postural adequado, o que inclui não apenas as sinergias musculares,
como também os variados grausde liberdade, torques e forças de contato.28
As perturbações da postura promovem respostas motoras que são
denominadas de ajustes e controladas pelo sistema nervoso central (SNC),
dependendo das tarefas e do ambiente.33 Tais ajustes podem ser iniciados na
fase preparatória, durante a qual acontece a ativação dos músculos posturais
antes dos músculos primários34, precedendo a perturbação, como o Ajuste
Postural Antecipatório (APA), sendo de primordial importância para a efetiva
realização de qualquer movimento voluntário, desta forma o SNC prediz a
perturbação postural e associa ao movimento, atenuando o APA.33
Reações compensatórias são disparadas logo após o início do
movimento para ajuste da postura pós-perturbação, ocorridas pela ação de
menor eficiência do APA.35 Este ajuste que tem atuação de maneira
compensatória após a perturbação é denominado de Ajuste Postural
Compensatório (APC).33
Para o corpo voltar à posição de equilíbrio, e assim manter o controle
postural, é utilizado três estratégias.26 Tais estratégias são consideradas uma
maneira compensatória após uma perturbação (APC), e estão descriminadas
na sequência:
Estratégia do tornozelo, comparada com um pêndulo invertido, em
que o corpo se movimenta ao nível do tornozelo.28 Esta estratégia é
empregada para a sustentação do equilíbrio quando ocorrem pequenas
oscilações.26
Estratégia do quadril, que é empregada no momento em que a base de
suporte se torna menor e menos estável.28 Fazem parte desta estratégia os
movimentos centrados na articulação do quadril e sua característica é a
precoce ativação dos músculos proximais do tronco e do quadril.26
Estratégia do passo, que é empregada para não deixar que aconteça a
queda no momento em que ocorrem grandes perturbações, e sua característica
é a ativação inicial dos músculos abdutores do quadril e co-contração do
tornozelo.26 As estratégias surgem do processamento neural para prover o
planejamento de ação com base nos objetivos, no ambiente e em especial na
tarefa ou atividade a ser realizada.30
Para que ocorra a estabilidade e o controle postural, é necessário que
o centro da gravidade esteja alinhado em conjunto com a base de suporte36, e
para o estudo do controle postural existem duas grandezas que podem ser
obtidas por intermédio da Biomecânica que são o centro de massa (COM) e
o centro de pressão (COP), que se origina das forças aplicadas no apoio.37
As estratégias posturais, como a estratégia do tornozelo, a estratégia
do quadril e a estratégia do passo são organizadas no espaço e no tempo para
a produção de efetivas forças que opõem o distúrbio, e pacientes com
distúrbios neurológicos apresentam dificuldades na organização temporal das
estratégias posturais.28 Dentre estas dificuldades, destaca-se lentidão no início
da resposta da postura e a sequência temporal inadequada na ativação dos
músculos posturais.38
O componente visual nos indivíduos com lesão cerebelar ou
hemiplégicos torna-se um fator primordial para a manutenção do equilíbrio e
o controle postural, e no apoio unipodal, indivíduos sequelados de AVE,
apesar da assimetria na postura do corpo se apresentaram com um menor
déficit de equilíbrio, provavelmente pela preservação das conexões
vestibulares.36
A atuação conjunta dos sistemas posturais promove a estabilização e a
manutenção do equilíbrio, e quando ocorre um comprometimento de um dos
sistemas, pode ocasionar uma redução na estabilidade postural.39 Pessoas que
apresentam algum tipo de problema com relação as informações sensoriais
oriundas de qualquer um dos sistemas somatossensorial, vestibular e visual,
têm aptidão para aprender a depender dos outros dois sistemas.40 O equilíbrio
é excepcionalmente influenciado pela visão, onde a estabilidade corporal na
postura torna-se ainda mais complexa com os olhos fechados.41 O sistema
visual predomina sobre os demais sistemas envolvidos na manutenção da
postura e as pessoas quando realizam funções simples ou mais complexas que
demandam um controle postural coordenado, sempre utilizam e confiam no
sistema visual.42
Uma pesquisa comprovou que no decorrer da manutenção da postura
desejada, há a necessidade de acontecer um relacionamento estável entre o
indivíduo e o ambiente, e para isto são utilizadas continuamente as
informações sensoriais e a ação motora, que forma o ciclo percepção-ação, na
utilização da informação somatossensorial que utiliza uma estratégia de
“feedforward”, para presumir a oscilação do corpo e promover a atividade
motora com as reações antecipatórias, e desta forma diminuir a oscilação
corporal.43
Ao longo destes anos de atendimentos a pacientes hemiplégicos de
várias idades (19 a 92 anos) foram vários casos em que os exercícios e as
atividades físicas dispuseram de benefícios para os pacientes. Durante o
tratamento de um paciente com hemiplegia os primeiros exercícios
empregados devem ser passivo sucedendo os exercícios ativos e
posteriormente os exercícios de alongamento, exercícios aeróbicos,
fortalecimento muscular dos músculos afetados e exercícios que trabalhem o
equilíbrio de forma geral com a bola suíça e prancha de equilíbrio. Exercícios
como a dança, exercícios potencializados com peso ou até mesmo a prática
esportiva devem e podem ser realizados, porém somente após a liberação
médica onde os pacientes devem estar sem obstruções arteriais cerebrais e
cardíacas. De uma forma geral os exercícios e as atividades físicas são
benéficos não somente na prevenção de uma patologia, mas também se
apresenta com bastante eficiência no controle postural de pacientes
hemiplégicos.
Para o sucesso de um tratamento após o AVE e suas sequelas, se faz
necessário a escolha correta da conduta profissional e para isto é primordial o
conhecimento da patologia e também das estratégias de postura destes
pacientes. Além de tudo é necessário também que o paciente sequelado tenha
o objetivo de se reabilitar e desta maneira almeje o sucesso do tratamento. É
parte da cura o desejo de ser curado.
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p.79-88, 2000.
CAPÍTULO 4
EDUCAÇÃO FÍSICA: PERCEPÇÃO DE PROFESSORES SOBRE AS
DIFICULDADES DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM LUTAS
Rodrigo da Cruz Oliveira
Carlos Henrique Prevital Fileni
Bráulio Nascimento Lima
Leandro Borelli de Camargo
Ricardo Pablo Passos
Cynara Cristina Pereira
Henrique Araújo Pacheco
Gustavo Celestino Martins
Guanis de Barros Vilela Junior
Introdução
A concepção de Educação Física Escolar utilizada neste capítulo parte
dos aspectos de que “a construção da área Educação Física esteve desde seu
início vinculada ao processo de escolarização e, ainda hoje, podemos dizer
que Educação Física Escolar é inerente à Educação Física”.1 Deste modo,
distinguir a Educação Física da Educação Física escolar requer um esforço,
porém parte-se da pergunta: o “que fazem (ou espera-se que façam) os
professores de Educação Física na Escola? ”.1
Elaboram, implementam e avaliam programas de ensino que tematizam, do
ponto de vista didático-pedagógico, as brincadeiras e o jogos, os esportes, as
lutas, as ginásticas, as danças, exercícios físicos, atividades rítmicas e etc.,
com propósitos educacionais explícitos e implícitos, quer dizer, com intenção
de influenciar a formação dos sujeitos [...].1:106
A tematização didático-pedagógico relatada, refere-se às
manifestações ligadas às tradições da Educação Física que estão relacionadas
aos sentidos culturais e que potencializam a estimulação do organismo
humano através dos jogos, danças, lutas etc., portanto, leva-se em conta o
contexto sócio-histórico, que são “mutáveis”, pois os contextos econômicos,
políticos, culturais e científicos se modificam e o mesmo ocorre com os
interesses envolvidos.1
A expressão Artes Marciais (AM) ou
Lutas (L) não tem uma origem datada e nem um local específico de
surgimento, já a terminologia “Modalidades Esportivas de Combate” (MEC)
é uma expressão classificada como moderna, introduzida a partir da
institucionalização dos esportes.
Independente da nomenclatura, elas são parte da “cultura corporal de
movimento”.2 Qualquer uma das três expressões é utilizada para representar
vários tipos de manifestações corporais e abriga uma gama de modalidades
que contém originalmente contextos históricos singulares. Portanto, não
discutiremos cada nomenclatura e assumiremos, a princípio, a nomenclatura

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