Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FAMÍLIA, TRABALHO E O DEFICIENTE NA SOCIEDADE Me. Roberto Fonseca GUIA DA DISCIPLINA 2020 1 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1. HISTÓRICO DA VISÃO SOCIAL EM RELAÇÃO À PESSOA COM DEFICIÊNCIA Objetivo Introduzir o estudo da deficiência na sociedade, levantar o histórico da visão social em relação às pessoas com deficiência; apresentar o histórico das legislações que atendem o direito das pessoas com deficiência e apresentar e introduzir o estudo da norma de acessibilidade NBR9050. Introdução Ao longo da história, a sociedade vem discriminando pessoas que não fazem parte de certo grupo intitulado “normal”, pensando em atender exclusivamente os ideais dos homens brancos e sem deficiência. O modelo discriminatório vem desde à antiguidade onde as pessoas com deficiência eram consideradas sub-humanas, em outros termos poderíamos dizer que para eles eram pessoas que “nada contribuíam com a vida humana”. Isso ocorreu, principalmente, em cidades como Atenas e esparta, lugares onde se cultuava o corpo físico pleno, sadio e padronizado, para eles as pessoas com deficiência estavam contrapondo os seus ideais e, portanto, ali eles não poderiam conviver. Em Esparta e Atenas crianças com deficiências física, sensorial e mental eram consideradas subumanas, o que legitimava sua eliminação e abandono. Tal prática era coerente com os ideais atléticos, de beleza e classistas que serviam de base à organização sócio-cultural desses dois locais. Em Esparta eram lançados do alto dos rochedos e em Atenas eram rejeitados e abandonados nas praças públicas ou nos campos. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, 2008, p.7) Observa-se que a sociedade sempre enxergou o deficiente como alguém “a margem”, nota-se que sempre houve por parte da sociedade o direito de eliminar ou excluir as pessoas que eram diferentes dos padrões estabelecidos por elas. [...] desde os primórdios da humanidade pessoas nasceram ou adquiriram alguma deficiência ou limitação que as impediram de realizar suas atividades diárias de forma autônoma. De maneira perversa, essas pessoas foram alijadas da sociedade e tratadas como estorvo ou “coitadinhas” (NEGREIROS, 2014 p.13). Uma das primeiras etapas de auxílio associado à compaixão para com os indivíduos com deficiência física ou mental, pobres e moradores de rua começassem a receber atenção e suprimento de suas necessidades em suas limitações partiram dos primeiros Cristãos, inspirados nas atitudes de Jesus. 2 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Foi no vitorioso Império Romano que surgiu o cristianismo. A nova doutrina voltava- se para a caridade e o amor entre as pessoas. As classes menos favorecidas sentiram-se acolhidas com essa nova visão. O cristianismo combateu, dentre outras práticas, a eliminação dos filhos nascidos com deficiência. Os cristãos foram perseguidos, porém, alteraram as concepções romanas a partir do Século IV. Nesse período é que surgiram os primeiros hospitais de caridade que abrigavam indigentes e pessoas com deficiências (NEGREIROS, 2014 p.3). Embora houvessem os benefícios advindos do Cristianismo, acolhendo os mais necessitados de todo tipo de infortúnio, a sociedade da época continuava a enxergá- los como escória, rejeitando sua presença, no máximo de sua caridade, encaminhava-os aos cristãos para que fossem acolhidos. Quando não era possível levá-los até eles, seja por qual motivo fosse, eram entregues e abandonados em lugares longe de seu meio, em manicômios ou orfanatos, fugindo assim dos olhares e julgamento social. . A partir do século XVII, os deficientes passaram a ser internados em orfanatos, manicômios, prisões e outros tipos de instituições, juntamente com delinquentes, idosos e pedintes, ou seja, eram excluídos do convívio social por causa da discriminação que então vigorava contra pessoas diferentes (BERGAMO, 2010, p.35). Avançando alguns séculos, após o advento da Segunda Guerra Mundial, o olhar a despeito dos deficientes teve novo prisma. Até esse período, o conceito de deficiência era baseado erroneamente sobre algo ligado ao nascimento da criança, e não uma situação que poderia ocorrer posteriormente, independentemente da idade do indivíduo, como aconteciam nas guerras. Tocou a sensibilidade do ser humano, ao perceber que, nesse novo cenário de deficientes físicos e mentais, haviam familiares e heróis de guerra, que traziam suas chagas ao voltarem de suas batalhas, possibilitado a evolução da assistência aos portadores de algum tipo de deficiência, agora sem os preconceitos que existiam antes. Foi a partir da Segunda Guerra Mundial que o direito necessita se preocupar com grupos sociais específicos, nesse caso surgem os mutilados da guerra, pessoas que foram para a guerra sem nenhuma deficiência e voltam às suas casas com algum tipo de mutilação que impedem a fruição normal de suas atividades de vida diária (TAHAN, 2012, p.21). Sob esse novo prisma, diluem-se o preconceito das pessoas, alterando ao olhar sobre a situação, não sendo visto mais como sendo um “castigo divino, ou uma maldição”. Desde então, surge a possibilidade de uma sociedade mais justa e humana, onde alguns cidadãos abraçam essa causa nobre, preocupando-se com leis que pudessem defender os direitos, sob a visão da inclusão dos deficientes a sociedade. 3 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Enquanto isso, os órgãos governamentais passaram, da mesma forma, a se organizar de forma a absorver essa demanda de pessoas na sociedade de forma igualitária, justa. Mudanças sócio-cultural foram ocorrendo paulatinamente na Europa, cujas marcas principais foram o reconhecimento do valor humano, o avanço da ciência e a libertação quanto a dogmas e crendices, reconhecendo-se que o grupo de pessoas com deficiência deveria ter atenção específica fora dos abrigos ou asilos para pobres e velhos. A despeito das malformações físicas ou limitações sensoriais, essas pessoas, de maneira esporádica e ainda tímida, começaram a ser valorizadas enquanto seres humanos (NEGREIROS, 2014, p.15). 1.1. Início dos jogos paraolímpicos Ludwig Guttmann, em 1948 em Stoke Mandeville, Inglaterra, foi responsável pela organização de uma competição desportiva envolvendo veteranos de guerra que apresentavam lesão medular. A cuja finalidade inicial era a de reabilitar veteranos de guerra. Nessa data, os jogos contaram com a presença de 16 atletas, e hoje já ultrapassa o número de 4.000. Abertura dos jogos paralímpicos na Inglaterra, em 28 de julho de 1948. Guttmann associou em seu trabalho de reabilitação de seus pacientes o esporte, usando basquetebol, tiro com arco, dardos e bilhar, motivando a adaptação das mais modalidades na reabilitação para veteranos de guerra. 4 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância . Cerimônia de encerramento dos Jogos Internacionais de Stoke Mandeville International de 1962. FOTO: IPC Após quatro anos, competidores holandeses uniram-se ao evento, e a partir desse momento, nasceu um evento internacional, os jogos paralímpicos. Ele foi organizado pela primeira vez no estilo olímpico, de forma mundial, na data de 1960 em Roma, para atletas com vários tipos de deficiência. Em Toronto, no Canadá, após 16 anos do início dos jogos para deficientes medulares, foram incluídos atletas de vários tipos de deficiência, surgindo posteriormente um evento internacional. Nesse mesmo ano, em 1976, surge na Suécia os primeiros jogos paralímpicos de inverno. 5 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília- Educação a Distância Os jogos paralímpicos, são esportes de alto rendimento para atletas de várias modalidades, dando mais destaque às conquistas do que as deficiências dos participantes, denotando a diminuição drástica do preconceito e à inclusão dos mesmos, com direitos iguais. Na data de 19 de junho de 2001, foi assinado um acordo entre o COI (Comitê Olímpico Internacional) e o IPC (Comitê Paralímpico Internacional) garantindo a prática de ambos em jogos internacionais, e dentro desse processo, a cidade-sede escolhida para as olimpíadas também acolhe as Paralimpíadas. 1.2. Histórico de legislação e inclusão Com a mudança da visão e do valor a despeito da pessoa com deficiência, começaram a ser geradas legislações que os protegiam e garantiam seus direitos no Brasil e no mundo inteiro. Algumas das legislações mais relevantes criadas sobre o direito da pessoa com deficiência são: 1961-LeiNº4.024 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) fundamenta o atendimento educacional às pessoas com deficiência, chamadas no texto de “excepcionais”. Segue trecho: “A Educação de excepcionais, deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral de Educação, a fim de integrá-los na comunidade.” 1971LeiNº5.692 A segunda lei de diretrizes e bases educacionais do Brasil é da época da ditadura militar e substitui a anterior. O texto afirma que os alunos com “deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados deverão receber tratamento especial”. Essas normas deveriam estar de acordo com as regras fixadas pelos Conselhos de Educação. Ou seja, a lei não promovia a inclusão na rede regular, determinando a escola especial como destino certo para essas crianças. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4024.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5692.htm 6 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1988 Constituição Federal O artigo 208, que trata da Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos, afirma que é dever do Estado garantir “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. Nos artigos 205 e 206, afirma-se, respectivamente, “a Educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho” e “a igualdade de condições de acesso e permanência na escola”. 1989-Lei N°7.853 O texto dispõe sobre a integração social das pessoas com deficiência. Na área da Educação afirma, por exemplo, obriga a inserção de escolas especiais, privadas e públicas, no sistema educacional e a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino. Também afirma que o poder público deve se responsabilizar pela “matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino”. Ou seja: exclui da lei uma grande parcela das crianças ao sugerir que elas não são capazes de se relacionar socialmente e, consequentemente, de aprender. O acesso a material escolar, merenda escolar e bolsas de estudo também são garantidos pelo texto. 1990- Lei N° 8.069 Mais conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei Nº 8.069 garante, entre outras coisas, o atendimento educacional especializado às crianças com deficiência preferencialmente na rede regular de ensino; trabalho protegido ao adolescente com deficiência e prioridade de atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção e proteção para famílias com crianças e adolescentes nessa condição. 1994- Política Nacional de Educação Especial Em termos de inclusão escolar, o texto é considerado um atraso, pois propõe a chamada “integração instrucional”, um processo que permite que ingressem em classes regulares de ensino apenas as crianças com deficiência que “(...) possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais”. Ou seja, a política exclui grande parte desses alunos do sistema regular de ensino, “empurrando-os” para a Educação Especial. 7 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1999- Decreto N°3.298 O decreto regulamenta a Lei nº 7.853/89, que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e consolida as normas de proteção, além de dar outras providências. O objetivo principal é assegurar a plena integração da pessoa com deficiência no “contexto socioeconômico e cultural” do país. Sobre o acesso à Educação, o texto afirma que a Educação Especial é uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino e a destaca como complemento do ensino regular. 2001-Lei N°10.172 O Plano Nacional de Educação (PNE) anterior, criticado por ser muito extenso, tinha quase 30 metas e objetivos para as crianças e jovens com deficiência. Entre elas, afirmava que a Educação Especial, “como modalidade de educação escolar”, deveria ser promovida em todos os diferentes níveis de ensino e que “a garantia de vagas no ensino regular para os diversos graus e tipos de deficiência” era uma medida importante. 2001- Resolução CNE/CEB N°2 Texto do Conselho Nacional de Educação (CNE) institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Entre os principais pontos, afirma que “os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos”. Porém, o documento coloca como possibilidade a substituição do ensino regular pelo atendimento especializado. Considera ainda que o atendimento escolar dos alunos com deficiência tem início na Educação Infantil, “assegurando-lhes os serviços de educação especial sempre que se evidencie, mediante avaliação e interação com a família e a comunidade, a necessidade de atendimento educacional especializado”. 2002- Resolução CNE/CP N°1/2002 A resolução dá “diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena”. Sobre a Educação Inclusiva, afirma que a formação deve incluir “conhecimentos sobre crianças, adolescentes, jovens e adultos, aí incluídas as especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais”. 8 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2002 – Lei Nº 10.436/02 Reconhece como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais (Libras). 2006 – Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos Documento elaborado pelo Ministério da Educação (MEC), Ministério da Justiça, Unesco e Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Entre as metas está a inclusão de temas relacionados às pessoas com deficiência nos currículos das escolas. 2007 – Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) No âmbito da Educação Inclusiva, o PDE trabalha com a questão da infraestrutura das escolas, abordando a acessibilidade das edificações escolares, da formação docente e das salas de recursos multifuncionais. 2007-Decreto Nº 6.094/07 O texto dispõe sobre a implementação do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação do MEC. Ao destacar o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos com deficiência, o documento reforça a inclusão deles no sistema público de ensino. 2008 – Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação InclusivaDocumento que traça o histórico do processo de inclusão escolar no Brasil para embasar “políticas públicas promotoras de uma Educação de qualidade para todos os alunos”. 2008 – Decreto Nº 6.571 Dispõe sobre o atendimento educacional especializado (AEE) na Educação Básica e o define como “o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular”. O decreto obriga a União a prestar apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino no oferecimento da modalidade. Além disso, reforça que o AEE deve estar integrado ao projeto pedagógico da escola. 2009 – Resolução Nº 4 CNE/CEB http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm http://portal.mj.gov.br/sedh/edh/pnedhpor.pdf http://portal.mec.gov.br/arquivos/livro/livro.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6094.htm http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6571.htm http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf 9 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância O foco dessa resolução é orientar o estabelecimento do atendimento educacional especializado (AEE) na Educação Básica, que deve ser realizado no contra turno e preferencialmente nas chamadas salas de recursos multifuncionais das escolas regulares. A resolução do CNE serve de orientação para os sistemas de ensino cumprirem o Decreto Nº 6.571. 2011 - Decreto Nº 7.611 Revoga o decreto Nº 6.571 de 2008 e estabelece novas diretrizes para o dever do Estado com a educação das pessoas público-alvo da educação especial. Entre elas, determina que sistema educacional seja inclusivo em todos os níveis, que o aprendizado seja ao longo de toda a vida, e impede a exclusão do sistema educacional geral sob alegação de deficiência. Também determina que o ensino fundamental seja gratuito e compulsório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais, que sejam adotadas medidas de apoio individualizadas e efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena, e diz que a oferta de educação especial deve se dar preferencialmente na rede regular de ensino. 2011 - Decreto Nº 7.480 Até 2011, os rumos da Educação Especial e Inclusiva eram definidos na Secretaria de Educação Especial (Seesp), do Ministério da Educação (MEC). Hoje, a pasta está vinculada à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi). 2012 – Lei nº 12.764 A lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. 2014 – Plano Nacional de Educação (PNE) A meta que trata do tema no atual PNE, como explicado anteriormente, é a de número 4. Sua redação é: “Universalizar, para a população de 4 a 17 anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados”. O http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7480.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htmhttp:/www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm 10 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância entrave para a inclusão é a palavra “preferencialmente”, que, segundo especialistas, abre espaço para que as crianças com deficiência permaneçam matriculadas apenas em escolas especiais. INTERNACIONAL 1990 – Declaração Mundial de Educação para Todos No documento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), consta: “as necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de deficiências requerem atenção especial. É preciso tomar medidas que garantam a igualdade de acesso à Educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do sistema educativo”. O texto ainda usava o termo “portador”, hoje não mais utilizado. 1994 – Declaração de Salamanca O documento é uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) e foi concebido na Conferência Mundial de Educação Especial, em Salamanca. O texto trata de princípios, políticas e práticas das necessidades educativas especiais, e dá orientações para ações em níveis regionais, nacionais e internacionais sobre a estrutura de ação em Educação Especial. No que tange à escola, o documento aborda a administração, o recrutamento de educadores e o envolvimento comunitário, entre outros pontos. 1999 Convenção da Guatemala A Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, mais conhecida como Convenção da Guatemala, resultou, no Brasil, no Decreto nº 3.956/2001. O texto brasileiro afirma que as pessoas com deficiência têm “os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas e que estes direitos, inclusive o direito de não ser submetidas a discriminação com base na deficiência, emanam da dignidade e da igualdade que são inerentes a todo ser humano”. O texto ainda utiliza a palavra “portador”. 2009 – Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência A convenção foi aprovada pela ONU e tem o Brasil como um de seus signatários. Ela afirma que os países são responsáveis por garantir um sistema de Educação inclusiva em todos as etapas de ensino. 2015 Declaração de Incheon http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/D3956.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6949.htm http://unesdoc.unesco.org/images/0024/002432/243278POR.pdf 11 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância O Brasil participou do Fórum Mundial de Educação, em Incheon, na Coréia do Sul, e assinou a sua declaração final, se comprometendo com uma agenda conjunta por uma educação de qualidade e inclusiva. Outro fato importante foi quer por volta de 1981, a ONU “atribuiu” o valor de pessoas àqueles que tinha deficiências, igualando-os em diretos e dignidades à maioria dos membros de qualquer sociedade ou país, no Brasil, isso ocorreu na constituição de 1988, mas o status de pessoa não trouxe a elas os recursos e serviços para que elas pudessem se desenvolver. Algumas normas vieram depois e estabeleceram alguns princípios básicos para possibilitar uma vida confortável e funcional as pessoas com deficiência, essas leis chamadas leis de acessibilidade orientam a construção de uma sociedade acessível a todas as pessoas que nela vivem. Um exemplo é a NBR 9050, essa norma técnica estabelece critérios e parâmetros técnicos aplicáveis a projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade. 1.3. As Normas e legislação brasileira para a educação especial A legislação brasileira que administra a Educação Especial é definida pela Constituição Federal de 1988, No Art. 208, III, onde elucida que o Estado deve atendimento especializado aos portadores de deficiência, preferivelmente na rede regular de ensino, atendimento em creches e pré-escola às crianças entre 0 a 6 anos deidade. Em 2001, foi promulgada a Lei nº 10701 que estabelece o Plano Nacional de Educação (PNE). Ela possui diversas especificações em relação ao plano físico de ensino, entre os padrões mínimos encontram-se na meta de nº 2: a) espaço interno, com iluminação, insolação, ventilação, visão para o espaço externo, rede elétrica e segurança, água potável, esgotamento sanitário; b) instalações sanitárias e para a higiene pessoal das crianças; c) instalações para o preparo e /ou serviços de alimentação; d) ambiente interno e externo para o desenvolvimento das atividades, conforme as diretrizes curriculares e a metodologia da educação infantil, incluindo repouso, expressão livre, movimento e brinquedo; 12 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância e) mobiliário, equipamentos e materiais pedagógicos f) adequação às características das crianças especiais (BRASIL, 2001, p. 61). Diversas leis foram criadas e/ou aprimoradas com o intuito de melhorar o regimento escolar das crianças deficientes e o meio em que estão inseridas, tanto quanto para todo e qualquer tipo de deficiente e sua função. Entre as leis, destacam-se algumas Normas Técnicas, que estabelecem as formas de trabalho para que todas as leis sejam cumpridas em sua excelência. Entre elas, destacam-se: a) NBR 14021/2005: Transporte Acessibilidade no sistema de trem urbano ou metropolitano. b) NBR 9050/2004: sobre a acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência a edificações, espaço, mobiliário e equipamentos urbanos, fixando as condições exigíveis. c) NBR 13994/2000: Elevadores de passageiros Elevador para transporte de pessoa portadora de deficiência. d) NBR 14273/1999: Transporte Acessibilidade da pessoa portadora de deficiência no transporte aéreo comercial. e) NBR 14020/1997: Transporte Acessibilidade à pessoa portadora de deficiência Trem de longo percurso. f) NBR 14022/1997: Transporte Acessibilidade à pessoa portadora de deficiência em ônibus e trólebus para atendimento urbano e intermunicipal. 1.4. Compreendendo conceitos de inclusão e a inserção dela na escola A inclusão de educandos com qualquer que sejam as suas deficiências no ensino regular, tem gerado um processo de reflexão a despeito da acessibilidade em todos os seus âmbitos, inclusive nos quais referem-se às adequações espaciais. Ao ser proposto ambientes inclusivos, certas medidas e ações devem ser adotadas e implantadas sob a ótica de se reconhecer e valorizar as diferenças humanas, para que as condições de acesso, atividade e participação desses alunos se concretizem de forma harmoniosa. É necessário o investimento em ações que forneçam a acessibilidade nas escolas, entretanto, pode-se perguntar, “como identificar as necessidades de alunos com 13 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância deficiência? ” ou “como buscar alternativas para eliminação das barreiras de acesso?”, e a questão prioritária, talvez fosse “o que fazer para que a escola se torne acessível?” De acordo com inúmeros manuais de acessibilidade escolar e normas técnicas, para que garantam as condições de acessibilidade espacial em qualquer ambiente, é de suma importância que, primeiramente ser identifique as barreiras físicas limitantes que estão aumentando o grau de dificuldade ou impossibilitando a participação e a integração de pessoas com deficiência nas escolas! Assim, pode-se definir as barreiras como qualquer obstáculo ou bloqueio que limite ou impeça o acesso, a autonomia dos movimentos, o fluxo de passagem com segurança e a possibilidade de as pessoas se comunicarem ou terem acesso à informação (BRASIL, 2004, p. 61 apud DISCHINGER; ELY; BORGES, 2009). Para eliminar as barreiras físicas dentro de uma escola, existem diversas ações a serem providenciadas, tais como a avaliação dos ambientes da escola, a elaboração de projetos baseados nas Normas de acessibilidade, a execução de obras e a fiscalização adequada. Para que se entenda os projetos acessíveis e/ou as adequações das existentes para as Normas, é importante que, primeiramente, se compreenda as necessidades e a gama de deficiências para que, posteriormente, seja criado bases sólidas para eliminar as barreiras físicas que impeçam a inclusão de todos os indivíduos portadores de alguma deficiência. “[...] pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas” (ONU, Art. 1, 2006) O que são barreiras? As barreiras físicas podem ser elementos naturais ou construídos, que dificultam ou impedem a realização de atividades desejadas de forma independente. A presença de árvores e postes numa calçada estreita reduz, por exemplo, a área de circulação para todos os pedestres. Pode, inclusive, impedir o deslocamento de uma pessoa em cadeira de rodas e, assim, torna-se uma barreira para essa pessoa. O excesso de ruído pode ser uma barreira para uma pessoa que escuta mal e também para uma pessoa cega que precisa reconhecer os sons das atividades para saber onde está (DISCHINGER; ELY; BORGES, 2009, p.21). 14 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Primordialmente, é importante sempre pensarmos e agirmos de forma para que se diminua o grau de dificuldade que o deficiente possa enfrentar na realização de qualquer atividade em função das características físicas do meio. 2. A RELAÇÃO INICIAL DA FAMÍLIA COM O SUJEITO COM DEFICIÊNCIA Objetivo 15 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Explicitar aspectos inerentes da família e o sujeito com deficiência, descrevendo os quadros iniciais de aceitação, exemplificando os desafios que essas famílias enfrentam na chegada de uma nova realidade. Introdução Sabe-se que as famílias exercem função primordial na promoção da melhora da qualidade de vida da pessoa com deficiência. Ela é responsável pela manutenção da atmosfera inclusiva que a cerca. Entende-se que toda família enfrenta grandes desafios, entretanto as que têm em sua constituição uma pessoa com deficiência precisa entrar em um processo educativo que visam as práticas e o acolhimento a ela. A família é a primeira atmosfera de convivência de uma pessoa, exercendo ela a função de uma força social que influenciará na construção do ser, atuando no comportamento e na construção da personalidade. De acordo com Buscaglia (1997, p.15) a família é uma força social que tem influência na determinação do comportamento humano e na formação da personalidade. Pode ser definida como uma unidade social significativa inserida na comunidade imediata e na sociedade mais ampla. É interdependente, ou seja, os relacionamentos estabelecidos entre os familiares influenciam uns aos outros e toda mudança ocorrida nesse sentido irá exercer influência em cada membro individualmente ou no sistema como um todo. Nota-se que a presença de uma pessoa com deficiência em uma família altera completamente o roteiro desta, fazendo com que todos desse referido grupo social se adaptem a este novo parâmetro. A chegada de uma criança gera uma expectativa muito grande aos pais e aos demais membros de um núcleo familiar, a relação de parentalidade começam a se desenha. Os atuantes deste processo buscam apresentar para sociedade o produto final dessa união (A criança), então eles projetam uma criança nos 16 Família, trabalho e o deficiente nasociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância seus planos, eles criam vastas expectativas sobre o sexo do bebê, sobre a carreira, sobre o papel social que ele vai exercer, entre outros. Esse discurso tem natureza antecipatória, os pais lançam a criança para a realização das suas demandas. Nesse sentido, as funções como: a psicomotricidade, a aprendizagem, a relação com a linguagem, o relacionamento social, o modo de vida, o brincar e a construção psíquica se realizam na medida que em que em que há uma relação entre a antecipação e precipitação, ou seja, na medida do desenvolvimento da criança. O nascimento de uma criança com deficiência rompe com todo ciclo de projeção dos pais, e o núcleo família é acometido por uma situação inesperada. As expectativas em relação ao futuro dessa criança são modificadas, e essa nova relação parental é reconstruída adaptando-se à nova realidade. Contudo, esse processo geralmente não ocorre com tanta fluidez, as famílias passam por um processo de reflexão e amadurecimento dessa realidade de conceber e ser responsável por uma pessoa com deficiência, assim elas percorrem por algumas etapas importantes nesse processo, sendo importante citar o processo de narcísico primário em relação aos filhos, no qual os pais impõe a eles todas suas projeções diante a vida daquela criança, colocando-a como um ser imortal, tornando-a extensão do próprio Eu, desejando que ela dê prosseguimento aos meus projetos. Considerando as contribuições de Nasio (1991, p. 49) obtém-se uma caracterização de Freud em concordância ao quadro citado acima: Em 1914, Freud colocou em relevo a posição dos pais na constituição do narcisismo primário: “O amor dos pais pelo filho equivale a seu narcisismo recém-renascido”. Produz-se uma “revivescência”, uma “reprodução” do narcisismo dos pais, que atribuem ao filho todas as perfeições e projetam nele todos os sonhos a que eles mesmos tiveram de renunciar. “Sua Majestade o Bebê” realizará “os sonhos de desejo que os pais não puseram em prática”, assim garantindo a imortalidade de seu eu. O narcisismo primário representa, de certa forma, uma espécie de onipotência que se cria no encontro entre o narcisismo nascente do bebê e o narcisismo renascente dos pais. 17 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância No momento que há uma divergência dessas expectativas entre a realidade da criança e as projeções dos pais acontece o processo de ruptura Jerusalinsky (2010, p. 96) indica que: A ruptura narcísica que se opera nos pais faz com que eles tropecem com sérias dificuldades para encontrar nessas crianças traços que se ajustem ao simbólico, de tal modo que possam ser considerados dignos e a altura do Ideal que sua cadeia significante havia previamente estabelecido. Sendo assim, o diagnóstico da deficiência infere aos pais uma espécie de desejo de morte e surpresa inesperada gera a frustração, pois a primeira concepção que se tem em relação à deficiência é do sujeito limitado, sem possibilidades de aprendizagens, evolução e crescimento. Surge então os posicionamentos dos pais em relação a imposição da deficiência: O primeiro quadro que aparece é uma postura ligada ao abandono, da frustração do e da vergonha do filho idealizado que não correspondeu às expectativas impostas pelo grupo parental. Esse quadro dizima toda e qualquer possibilidade de desenvolvimento da criança, porque a família isenta do cuidado e da responsabilidade sobre ela, assumindo um papel de vítima, usando a deficiência como justificativa para todas as ações negativas em relação a criança. A ruptura narcísica exerce grande influência nesse quadro, pois começam a aparecer barreiras na vida familiar e eles delegam a criança a culpa por esta “falha” que ele tem. Então eles elencam a culpa de todas as impossibilidades daquele grupo à deficiência da criança, a excluindo direta ou indiretamente. Vale ressaltar que o nível de impossibilidades que a família na maioria das vezes impõe ao filho com deficiência é divergente ao limite que realmente ele tem criando uma barreira simbólica causada pelo sentimento de incapacidade. A segundo quadro de posicionamento familiar é o são as atitudes de compensação. Neste quadro a família tenta preencher uma lacuna em relação ao deficiente, sendo essa uma tentativa de promover ao filho deficiente a superação dos limites reais impostos pela deficiência. Meira (2001, p.68) diz que: Os pais recolhem do social os instrumentos que supõem ser as armas para lutar contra esta fratura em seu ideal narcísico. A imagem especular que oferecem ao seu filho é do ser esbelto, potente, forte, competitivo, belo, transmitida pelos ideais sociais. Nesta imagem as crianças deficientes não encontram possibilidade de encontrar seu semelhante, a não ser pela via psicotizante. 18 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Nestes casos geralmente a mãe é responsável por criar esta apresentação psicotizante, em que ela se mostra como potente e onipotente, estabelecendo uma prisão ao grande poder materno no qual todos limites reais da deficiência serão vencidos por esta força. A falha apresentada nesse quadro está ligada ao desenvolvimento dessa criança, deixando-a passiva de receber tudo pronto, de fazerem tudo por ela, incapacitando-a da busca da superação das suas limitações. O terceiro posicionamento ocorre quando o grupo parental consegue realizar o rompimento das expectativas do filho idealizado através da elaboração do luto. É quando a chegada da criança com deficiência é conscientizada através da busca de auxilio profissional, para promover o estimulo para que ela possa de desenvolver, potencializando suas possibilidades. Observa-se que neste quando a deficiência sendo psíquica ou física não é considerada como o fim das possibilidades de vida dessa criança e não será uma barreira para o grupo familiar. Pode-se chegar essa conclusão a este quadro através da ajuda profissional, na qual as dúvidas e os mitos sobre a deficiência serão desvelados, começando um trabalho específico em prol do desenvolvimento do sujeito em construção. O posicionamento desta etapa não ocorre de primeira, pois nenhum pai aceita naturalmente a deficiência do filho. Sendo assim, se vê a necessidade do auxílio médico e psicológico à família desde o momento do diagnóstico, para que eles possam ter mais conscientizam e elaborarem melhor a chegada da criança. 3. ESCOLA, ALUNO E FAMÍLIA Objetivos 19 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Considerar a importância da família para a compreensão do processo de desenvolvimento da criança com deficiência destacando a importância do acompanhamento, da motivação, do respeito à diversidade e do amor constante, bem como, a influência nas questões da aprendizagem. Introdução Viver é superar desafios, que não são sinônimos apenas dos grandes obstáculos, mas a soma das pequenas dificuldades de cada dia, tais como as dúvidas, os medos.... Estas talvez sejam, na verdade, os desafios mais importantes de enfrentar e vencer, que estão encastelados nas inseguranças e preconceitos. Para a família enfrentar este desafio, no seu dia-a-dia, de frente, com olhar atento ao que a cerca é o que importa e cabe a escola socializar. Dez por cento das famílias brasileiras tem pessoas com algum tipo de deficiência, sendo que muitos deles poderiam ser evitados se tivéssemos medidas eficazes de prevenção. Deveríamos estar tratando sim, o desenvolvimento pleno das potencialidades humanas, a melhoria da qualidade de vida e do conhecimento e a participação na transformação cultural. De acordo com o Decreto 3.298 de, 20 de dezembrode 1999, é considerado pessoa com deficiência: Art. 3º Para os efeitos deste Decreto considera-se: I - Deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; II - Deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; III - incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida. Art. 4º - É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias: I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade 20 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções; II - Deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz; III - deficiência visual - cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores; IV - Deficiência mental – funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas. Nas últimas décadas conseguimos avanços significativos em relação à legislação, recomendações e diretrizes que asseguram os direitos sociais e a inclusão de pessoas com deficiência na escola, no trabalho e na sociedade. Ainda há muito a se fazer porque se os documentos preconizam a inclusão, há ainda empresas e espaços sociais que as inviabilizam por preconceito que as vezes nascem no próprio lar por ignorância, e por este motivo a importância da escola estar dentro da casa dos alunos oferecendo saberes também para os familiares abordando os seus direitos, que de acordo com a Constituição Federal de 1988, no seu Artigo 5º, traz a igualdade entre todos cidadãos brasileiros. Art. 5º - Todos são iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...] A presença de uma criança deficiente gera uma mudança significativa na vida de uma família, portanto é de grande importância que esteja respaldada por conhecimentos teóricos e apoio emocional por profissionais preparados para melhor compreensão do comportamento e necessidades de seu filho, seja na limitação ou nas altas habilidades. A escola passa a ser a parceira, dando orientação e traçando diretrizes para o sucesso do aluno e o equilíbrio da família. A família é o início, o primeiro estágio da criança, por onde recebe os costumes, hábitos, crenças, que são transmitidas de gerações a gerações. E a “missão” da escola é intervir com competência em todo está dinâmica e fazer com que a ação pedagógica seja um processo permeado dos critérios morais e éticos claros e definidos, num sistema de liberdade e capaz de gerar oportunidades para que estas crianças tenham uma vida digna, aspirando propósitos elevados e vencendo desafios. 21 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A família deve ter a clareza que a criança tem o direito a Educação, tendo como principal papel o desenvolvimento global das potencialidades de condutas típicas ou de altas habilidades, abrangendo os diferentes níveis e graus dos sistemas de ensino. Este ensino deve estar assentado nos princípios firmados nos valores democráticos que deve nortear toda a ação educativa e ter como meta a sua cidadania plena, observando o respeito da dignidade da pessoa, o direito à igualdade de oportunidade, o direito à liberdade de aprender e de ser diferente e o direito à felicidade. Os empecilhos do acesso aos direitos e a felicidade não se restringem somente ao Brasil, mas também a Portugal, de acordo Casanova: “…As pessoas com deficiências e incapacidades continuam a ser discriminadas desde logo no acesso ao trabalho. As taxas de atividade e de emprego nesta população são normalmente inferiores à média nacional, e por diferenças significativas. Mas mesmo quando trabalham, verifica-se muitas vezes uma sobrerepresentação destes indivíduos em situações de subemprego, quando os comparamos com os que não têm deficiências nem incapacidades. O subemprego recobre um conjunto de aspetos muito variados. Está patente, por exemplo, quando existe uma subutilização de capacidades, mas também quando se observam situações involuntárias de emprego a tempo parcial, quando a situação laboral é percecionada pelo próprio como sendo de subemprego, ou quando existe uma subutilização de qualificações. (CASANOVA, 2008:.3) Temos ciência que estar na escola não é suficiente e a inclusão social é um desafio de mudar prática, a atitude e cultura. Alguns princípios devem ser observados tais como: o princípio de normalização, oferecendo ao incluso as mesmas oportunidades que são oferecidas às pessoas ditas normais; o princípio de individuação que pressupõe adequar o atendimento educacional às necessidades de cada aluno, em respeito às suas diferenças individuais; o princípio da construção do real, como resultado da conciliação entre o que é possível fazer e o que é necessário ser feito; o princípio de legitimidade, que é entendido como a participação das pessoas inclusas na elaboração e formulação de políticas públicas, planos e programas, apontando soluções e o princípio de interiorização, concebida como expansão do atendimento nas zonas periféricas das cidades, estimulando a implantação de novos serviços com profissionais especializados e valorizando as iniciativas comunitárias relevantes. As atribuições do professor do atendimento educacional especializado merecem uma atenção especial, porque o seu campo de atuação vai muito além dos aspectos simplesmente pedagógicos, mas também de ponte entre a família, a escola e a sociedade, fazendo dele um agente mobilizador. 22 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Art. 13. São atribuições do professor do Atendimento Educacional Especializado: I - identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias considerando as necessidades específicas dos alunos público-alvo da Educação Especial; II - elaborar e executar plano de Atendimento Educacional Especializado, avaliando a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade; III - organizar o tipo e o número de atendimentos aos alunos na sala de recursos multifuncionais; IV - acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicose de acessibilidade na sala de aula comum do ensino regular, bem como em outros ambientes da escola; V - estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias e na disponibilização de recursos de acessibilidade; VI - orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelo aluno; VII - ensinar e usar a tecnologia assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos, promovendo autonomia e participação; VIII - estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando à disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias que promovem a participação dos alunos nas atividades escolares. Para que estes princípios ganhem força há a necessidade do envolvimento da família, da escola e da sociedade para que a inclusão dos alunos no ensino regular represente um compromisso com o princípio da igualdade de direitos e oportunidades educacionais para todos, previsto na legislação brasileira. Desenvolvendo ações que reconheçam a diversidade como elemento enriquecedor do cotidiano escolar e valorizando as características individuais dos educandos. Assegurando uma educação de qualidade onde os educadores sejam apoiados para desenvolver uma prática pedagógica que transforme a realidade da escola e onde a diferença não signifique desvantagem. Para que isto ocorra é necessário que aos pais e educadores sejam oferecidos atendimentos e suporte especializado, para promover reflexões acerca das atitudes e metodologias. A finalidade da união da família e da escola fortalece a compreensão da singularidade e da pluralidade no processo de ensinar e aprender, onde os pais passam a fazer parte e abordar os conhecimentos necessários. Os materiais didáticos passam a ser mais valorizados e passam auxiliar e fazer parte no desenvolvimento das atividades de casa. Eleva a autoestima da família desmitificando a ideia da incapacidade do seu filho, tomando ciência que na maioria das vezes somente não superavam os desafios, porque não eram oferecidas condições. 3.1. Práticas exitosas no contexto de inclusão Brincadeira como instrumento de inclusão social 23 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A brincadeira é a vida da criança e a forma mais gostosa para ela conhecer o ambiente, aprender, movimentar-se, ser independente, desenvolver seu físico, sua mente, sua autoestima, afetividade e criatividade. Brincando, as crianças entram em contato com diferentes cores, texturas, formas, tamanhos, sons e conhecem tudo o que existe no ambiente. Como bem ressalta Kishimoto; Santos (1997, p. 24), Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades. Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração e atenção Qualquer criança, independentemente de suas diferenças físicas, sensoriais, intelectuais, sociais, econômicas e culturais, tem o direito e a necessidade vital de brincar, de viver experiências lúdicas com o outro: seus pais, irmãos, colegas de escola, vizinhos e amigos, em um ambiente familiar e comunitário positivo, com participação, companheirismo e real convivência de todos os membros. O brincar alegra e motiva as crianças, juntando- as e dando-lhes oportunidade de ficar felizes, trocar experiências, ajudarem-se mutuamente: as que enxergam e as que não enxergam, as que escutam muito bem e aquelas que não escutam, as que correm muito depressa e as que não podem correr. É brincando que a criança aprende a lidar com as diferenças: somos diferentes, gostamos de coisas diferentes, fazemos as coisas de modo diferente, necessitamos um tempo diferente para realizá-las, aprendemos de maneira diferente. 24 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Brincar é importante para qualquer criança, mas para a criança com deficiência a brincadeira é ainda mais importante em todas as idades, desde bebês até a adolescência. Os brinquedos especiais e os adaptados tornam seu aprendizado significativo e alegre, facilitam a aquisição de conceitos e habilidades, integram os sentidos, promovem a interação, comunicação e socialização. Vygotsky (1979) cita que no brinquedo a criança cria uma situação imaginária, tem- se a mudança da predominância de situações imaginárias para a predominância de regras. Vygotsky (1994, p. 135) diz que: Nesta época de globalização e de avanços tecnológicos o valor dos velhos brinquedos e brincadeiras está passando por um processo de transição, pois as crianças estão deixando de se envolverem com tais situações devido a influência do computador, vídeo game, televisão e outros brinquedos eletrônicos que deixam o espaço e o tempo da criança restrito apenas a imaginação e não a manipulação que corresponde a situação real. A criança deve brincar bastante com outras crianças, conhecer muitas pessoas, ter participação através de atividades lúdicas, recreativas, de artes, livros de histórias pessoas e todo o mundo a sua volta e ter participação. E importante que a família e a escola facilitem, incentivem e participem das brincadeiras das crianças oferecendo apoio para que desenvolvam o gosto por brincar. 25 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Com brinquedos ou até com objetos comuns da casa, o aluno desenvolve suas habilidades para usar as mãos; aprende formas, reconhece objetos, aprende dimensão e peso, entende o que é alto e baixo, pequeno e grande, maior e menor, comprido e curto, largo e estreito, pesado e leve cheio e vazio. Empilhar, encaixar, rosquear, costurar, enfiar contas são atividades interessantes e divertidas. Montar quebra-cabeça, pintar, desenhar brincar com massinha ou argila, separar e classificar objetos são ótimos exercícios para seu aprendizado. Os livros, revistas, discos, fitas e filmes infantis são muito interessantes para as crianças. É importante ajudar o aluno a identificar nas revistas os objetos, animais, pessoas e chamar sua atenção para cores, formas e nomes, recortar as figuras e colá-las em um caderno ou em folhas de papel. 3.2. Familiarização com o ambiente escolar A familiarização do aluno deve ter início com o percurso que ele faz de sua casa até a escola, a forma de adentrar o portão da escola, o caminho a ser percorrido até a sala de aula e a localização da carteira. A familiarização do ambiente físico, a vivência do corpo no espaço, os trajetos e caminhos devem ser atividades priorizadas no processo de inclusão escolar do aluno inclusivo. Seus deslocamentos dentro do espaço escolar devem propiciar segurança para o brincar, para a locomoção independente, para o ir e vir com os demais. Os familiares, os professores e profissionais especializados podem participar desta familiarização, que deve ser feita fora do horário de aulas, para que outros fatores, próprios do ambiente escolar, não interfiram no trabalho. A familiarização inicia-se no portão de entrada e abrange corredores, pátio, quadras esportivas, sanitários, cantina, bebedouros, escadas, biblioteca e todas as outras salas de aula da escola, terminando na sala que o aluno irá frequentar. Os alunos inclusivos precisam receber orientação dos professores da sala de recursos ou dos profissionais especializados que através de atividades complementares suplementam as ações da escola regular além das atividades que não são contempladas no currículo da escola e são necessárias aos alunos, como as orientações especificas para alcançar independência e autonomia nas atividades de vida diária e prática. 26 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília- Educação a Distância Posicionamento em sala de aula O ambiente da escola deve estar organizado de forma a encorajar as crianças a explorá-lo. Na Educação Infantil, podemos dispor os brinquedos na sala de maneira acessível, em altura tal que as crianças possam observar, fazer escolhas e brincar livremente. A organização desses espaços é fundamental. Se as prateleiras com os brinquedos estiverem sinalizadas com etiquetas, podemos utilizar, além de uma letra grande e com contraste, pistas táteis ou sonoras para também facilitar o acesso das crianças. O espaço para as brincadeiras pode ser feito como um cantinho organizado para essa atividade. Esse tipo de disposição facilita a organização das crianças e evita espaços muito poluídos e de difícil circulação, facilitando o processo de familiarização com a sala. Os outros espaços da sala também podem ser organizados dessa maneira, com o cantinho para colocar mochilas, a bengala, a cadeira de rodas e assim por diante. Assim fica mais interessante para todas as crianças da sala, facilita a participação da criança com baixa visão e daquela que tem outros comprometimentos em todas as atividades da escola. O aluno precisa estar bem posicionado em sala de aula, os surdos e com baixa visão sentar de preferência na primeira carteira e ter liberdade de levantar-se e chegar perto da lousa ou mudar de lugar para copiar a lição. Mesmo assim, poderá levar muito mais tempo que seu colega para finalizar uma tarefa e seu ritmo deverá ser respeitado. Para o aluno de baixa visão por exemplo, geralmente copiar da lousa é difícil para ele, pois, a todo momento, deve localizar o ponto em que parou; pode não entender a letra da professora e seu modo de escrever; precisa organizar a escrita em seu caderno - pauta, ordem e sequência da tarefa, assim como utilizar as cores corretas dos lápis ou das canetas. Neste processo, que se repete até o término da lição, ele corre o risco de não completar a atividade, se a professora não lhe der o tempo suficiente. As cópias longas e exaustivas da lousa, entre outras práticas tradicionais, não são motivadoras para a classe e vão exigir dos alunos inclusivos um esforço visual muito maior que o de seus colegas. Mais interessante será criar estratégias e atividades significativas das quais todos os alunos possam participar. 27 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A aula poderá ser mais prazerosa e divertida se for proposto aos alunos que se ajudem mutuamente, ditando a atividade uns aos outros, trabalhando em grupos para resolver problemas, descrevendo situações ou preparando previamente materiais escritos em alto contraste e outras adaptações. Para as salas onde há alunos inclusivos sugerimos, que o professor investigue com o aluno a que distância ele tem mais facilidade, permitir que ele se sente na primeira carteira, preferencialmente no centro da sala, podendo deslocar- se para a carteira da direita ou da esquerda, a fim de observar todo o material exposto na lousa. Isso pode ser importante para alunos que enxergam com um só olho, ou para aqueles que têm alterações grandes de campo visual e para os surdos que fazem a leitura orofacial. Permitir que ele se levante para aproximar-se da lousa e se o aluno tiver auxílio ópticos para distância (sistemas telescópicos: telelupas, telessistemas), poderá necessitar maior distância da lousa na realização das atividades, pois este auxilio melhora sua resposta visual, por meio da magnificação (ampliação) da imagem. Se a dificuldade visual não permitir a cópia da lousa, o professor poderá dar as tarefas escritas em folha avulsa para que o aluno use a visão de perto ou posicione e tradutor intérprete que melhor atenda ao surdo. 4. A ACESSIBILIDADE ESPACIAL: LEGISLAÇÃO, DESENHO UNIVERSAL E A NBR 9050:2015 Objetivos 28 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Proporcionar aos discentes, maior compreensão sobre as medidas e proporções necessárias para que o deficiente consiga compreender e captar o ambiente de melhor forma, além de propiciar o entendimento sobre a legislação referente as normas de acessibilidade. Introdução A NBR 9050 é uma norma reguladora, criada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que define os aspectos de acessibilidade que devem ser observados nas construções urbanas. Essas Normas visam eliminar barreiras arquitetônicas em espaços, dando condição para a integração de qualquer indivíduo com algum tipo de necessidade especial. Algumas das orientações da NBR 9050 dizem respeito à: • sinalização horizontal e vertical; • tamanho dos banheiros; • características dos pisos; • espaço de circulação adequado para uma cadeira de rodas; • informações em braile; • estacionamentos acessíveis; • rampas de acesso; • etc. Segundo dados do IBGE, 45,6 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, este é um percentual de 23,91% da população. Entretanto, apesar desse número expressivo, a acessibilidade ainda é um tema distante da realidade de muitas dessas pessoas, com dificuldades básicas como o direito de ir e vir, devido às inúmeras barreiras encontradas nas nossas cidades. É importante sempre visar formas de oferecer total autonomia aos deficientes, para que eles possam usufruir de qualquer ambiente, independente de qual esteja situado. Segundo a NBR 9050 seu objetivo é: 1.1. Esta Norma estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quando do projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade. 29 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1.2. No estabelecimento desses critérios e parâmetros técnicos foram consideradas diversas condições de mobilidade e de percepção do ambiente, com ou sem a ajuda de aparelhos específicos, como: próteses, aparelhos de apoio, cadeiras de rodas, bengalas de rastreamento, sistemas assistivos de audição ou qualquer outro que venha a complementar necessidades individuais. 1.3. Esta Norma visa proporcionar à maior quantidade possível de pessoas, independentemente de idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção, a utilização de maneira autônoma e segura do ambiente, edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos. 1.3.1. Todos os espaços, edificações, mobiliário e equipamentos urbanos que vierem a ser projetados, construídos, montados ou implantados, bem como as reformas e ampliações de edificações e equipamentos urbanos, devem atender ao disposto nesta Norma para serem considerados acessíveis. 1.3.2. Edificações e equipamentos urbanos que venham a ser reformados devem ser tornados acessíveis. Em reformas parciais, a parte reformada deve ser tornada acessível. 1.3.3. As edificações residenciais multifamiliares, condomínios e conjuntos habitacionais devem ser acessíveis em suas áreas de uso comum, sendo facultativa a aplicação do disposto nesta Norma em edificações unifamiliares. As unidades autônomas acessíveis devem ser localizadas em rota acessível. 1.3.4. As entradas e áreas de serviço ou de acesso restrito, tais como casas de máquinas, barriletes, passagem de uso técnico etc., não necessitam ser acessíveis. A NBR 9050 não se limita apenas a uma única Norma, ela se relaciona com outras complementando-se. Abaixo deixo algumas das Normas que se interligam-se a mesma: • ABNT NBR 5410, Instalações elétricas de baixa tensão • ABNT NBR 9077, Saídas de emergência em edifícios • ABNT NBR 10152, Níveis de ruído para conforto acústico ‒ Procedimento • ABNT NBR 10283, Revestimentos eletrolíticos de metais e plásticos sanitários‒ Requisitos e métodos de ensaio • ABNT NBR 10898, Sistema de iluminação de emergência • ABNT NBR 11003, Tintas ‒ Determinação da aderência • ABNT NBR 11785, Barra antipânico ‒ Requisitos • ABNT NBR 13434 (todas as partes), Sinalização de segurança contra incêndio e pânico 30 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • ABNT NBR 13713, Instalações hidráulicas prediais ‒ Aparelhos automáticos acionados mecanicamente e com ciclo de fechamento automático ‒ Requisitos e métodos de ensaio • ABNT NBR 14718, Guarda-corpos para edificação • ABNT NBR 15097 (todas as partes), Aparelho sanitário de material cerâmico • ABNT NBR 15250, Acessibilidade em caixa de auto-atendimento bancário • ABNT NBR 15599, Acessibilidade ‒ Comunicação na prestação de serviços • ABNT NBR ISO 9386 (todas as partes), Plataformas de elevação motorizadas para pessoas com mobilidade reduzida ‒ Requisitos para segurança, dimensões e operação • ABNT NBR NM 313, Elevadores de passageiros ‒ Requisitos de segurança para construção e instalação ‒ Requisitos particulares para a acessibilidade das pessoas, incluindo pessoas com deficiência • ABNT NBR IEC 60529, Graus de proteção para invólucros de equipamentos elétricos (código IP) • ASTM C609-07, Measurement of light refectance value and small color differences between pieces of ceramic tile 4.1. Termos e definições Da página 2 até a página 6 da ABNT NBR 9050/2015 há uma série de termos, definições e abreviaturas que são de suma importância. Abaixo seguem algumas delas que são primordiais para os próximos itens abordados. Acessibilidade: possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edifcações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privado de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida. Acessível: espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias ou elemento que possa ser alcançado, acionado, utilizado e vivenciado por qualquer pessoa. 31 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Adaptável: espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento cujas características possam ser alteradas para que se torne acessível Adequado: espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento cujas características foram originalmente planejadas para serem acessíveis. Ajuda técnica ou Tecnologia Assistiva: produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida, visando a sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. Área de aproximação: espaço sem obstáculos, destinado a garantir manobra, deslocamento e aproximação de todas as pessoas, para utilização de mobiliário ou elemento com autonomia e segurança. Área de circulação: espaço livre de obstáculos, destinado ao uso de todas as pessoas. Área de refúgio ou resgate: área com acesso direto para uma saída, destinada a manter em segurança pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, enquanto aguardam socorro em situação de sinistro. Área de transferência: espaço livre de obstáculos, correspondente no mínimo a um módulo de referência, a ser utilizado para transferência por pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida, observando as áreas de circulação e manobra. Desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem utilizados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva. NOTA: O conceito de desenho universal tem como pressupostos: equiparação das possibilidades de uso, flexibilidade no uso, uso simples e intuitivo, captação da informação, tolerância ao erro, mínimo esforço físico, dimensionamento de espaços para acesso, uso e interação de todos os usuários. É composto por sete princípios que serão dispostos posteriormente. 32 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Equipamento urbano: todos os bens públicos e privados, de utilidade pública, destinados à prestação de serviços necessários ao funcionamento da cidade, em espaços públicos e privados. Faixa elevada: elevação do nível do leito carroçável composto de área plana elevada, sinalizada com faixa para travessia de pedestres e rampa de transposição para veículos, destinada a nivelar o leito carroçável às calçadas em ambos os lados da via. Fatores de impedância: elementos ou condições que possam interferir no fluxo de pedestres, como, por exemplo, mobiliário urbano, entradas de edificações junto ao alinhamento, vitrines junto ao alinhamento, vegetação, postes de sinalização, entre outros. Guia de balizamento: elemento edificado ou instalado junto aos limites laterais das superfícies de piso, destinado a definir claramente os limites da área de circulação de pedestres. Linha-guia: qualquer elemento natural ou edificado que possa ser utilizado como referência de orientação direcional por todas as pessoas, especialmente as com deficiência visual. Mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas vias e nos espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elementos de urbanização ou de edificação, de forma que sua modificação ou seu traslado não provoque alterações substanciais nesses elementos, como semáforos, postes de sinalização e similares, terminais e pontos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quiosques e quaisquer outros de natureza análoga. Piso tátil: piso caracterizado por textura e cor contrastantes em relação ao piso adjacente, destinado a constituir alerta ou linha-guia, servindo de orientação, principalmente, às pessoas com deficiência visual ou baixa visão. São de dois tipos: piso tátil de alerta e piso tátil direcional Rota acessível: trajeto contínuo, desobstruído e sinalizado, que conecte os ambientes externos ou internos de espaços e edificações, e que possa ser utilizado de forma autônoma e segura por todas as pessoas, inclusive aquelas com deficiência e mobilidade reduzida. A rota acessível pode incorporar estacionamentos, calçadas 33 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância rebaixadas, faixas de travessia de pedestres, pisos, corredores, escadas e rampas, entre outros Serviço assistido: apoio para auxiliar qualquer pessoa com dificuldade de circular no ambiente ou de utilizar algum equipamento. ABREVIATURAS M.R. – módulo de referência; P.C.R. – pessoa em cadeira de rodas; P.M.R. – pessoa com mobilidade reduzida; P.O. – pessoa obesa; L.H. – linha do horizonte 4.2. Parâmetros antropométricos Para a determinação das dimensões referenciais, foram consideradas as medidas entre 5 % a 95 % da população brasileira, ou seja, os extremos correspondentes a mulheres de baixa estatura e homens de estatura elevada. 4.3. Acessibilidade espacial O que é acessibilidade espacial? Acessibilidade espacial significa bem mais do que apenas poder chegar ou entrar num lugar desejado. É, também, necessário que a pessoa possa situar-se, orientar-se no espaço e que compreenda o que acontece, a fim de encontrar os diversos lugares e ambientes com suas diferentes atividades, sem precisarfazer perguntas. Deve ser possível para qualquer pessoa deslocar-se ou movimentar-se com facilidade e sem impedimentos. Além disso, um lugar acessível deve permitir, através da maneira como está construído e das características de seu mobiliário, que todos possam participar das atividades existentes e que utilizem os espaços e equipamentos com igualdade e independência na medida de suas possibilidades (DISCHINGER; ELY; BORGES, 2009, p.22;23). 34 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A dificuldade de locomoção e inserção no espaço que um indivíduo pode encontrar em um ambiente, pode ser agravada ou atenuada dependendo das características do local e das soluções que vão ou não ser incorporadas em busca da acessibilidade espacial. Dischinger, Ely e Borges (2009, p.23), citam como exemplo, uma criança com baixa visão, transitando por um corredor Com paredes e forro brancos, com piso e portas de cor cinza claro, vai ter sua dificuldade agravada, pois não existe contraste de cores entre piso, paredes e portas. Mas, se o corredor for branco, o piso cinza escuro e as portas coloridas, ele vai poder distinguir tanto os planos horizontais e verticais como as aberturas. Existem vários tipos de barreiras, entretanto, estaremos relatando em especifico quatro delas que precisam, impreterivelmente, serem consideradas para possibilitar a acessibilidade espacial, sendo elas a: orientação espacial, deslocamento, uso e comunicação. 4.3.1. Orientação espacial A orientação espacial é definida de acordo com as características ambientais que concedam as pessoas reconhecer a identidade e as funções dos espaços e definir estratégias para seu deslocamento e uso. É importante que se observe itens como “a forma, a iluminação, as cores e a disposição dos lugares e equipamentos, assim como as informações escritas ou desenhos – letreiros, mapas, imagens – que auxiliam na compreensão dos lugares” (DISCHINGER; ELY; BORGES, 2009, p.23). 4.3.2. Deslocamento As condições de deslocamento são caracterizadas pela disposição de circulação de qualquer indivíduo de forma plena, ou seja, o mesmo poder se movimentar ao longo de percursos horizontais e verticais, além de, também, em ambientes internos como em salas, sanitários, saguões, e externos, como caminhos, pátios, jardins, etc., sem impedimentos baseados em barreiras físicas, de forma autônoma, segura e confortável. 35 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Neste quesito é importante observar o tipo e a qualidade dos pisos e revestimentos, a viabilidade das subidas em desníveis – em relação a rampas, elevadores e escadas -, e a existência de espaço livre que seja suficiente para o movimento (DISCHINGER; ELY; BORGES, 2009, p.24). 4.3.3. Uso Segundo Dischinger; Ely; Borges (2009, p.25) as “condições de uso dos espaços e dos equipamentos referem-se à possibilidade efetiva de realização de atividades por todas as pessoas”. É importante ser verificado, em absoluto, as características físicas dos equipamentos e mobiliários, ou seja, os itens que se referem a forma, a dimensões, o relevo, a textura e as cores desses mobiliários, assim como, também, a relacionado a sua posição nos ambientes, ou seja, a forma como o mobiliário foi ou será disposto no espaço, com a finalidade de permitir que sejam alcançados e utilizados por qualquer indivíduo que necessite. 4.3.4. Comunicação A comunicação faz respeito em referência as possibilidades de troca de informações entre pessoas, independentemente de ter ou não o auxílio de meios de comunicação externos, e à aquisição de informações gerais através de suportes informativos. É primordial para este quesito os itens referentes a acústica dos ambientes, a presença de sinais, pictogramas complementando informações escritas; e os meios de tecnologia assistiva, como programas computacionais para surdos e cegos (DISCHINGER; ELY; BORGES, 2009, p.25,26). 4.4. O desenho universal e a NBR 9050 A NBR 9050 (2015) tem como priori auxiliar no desenvolvimento de locais e objetos que auxiliem o desempenho do deficiente. Diversos itens constam em evidência, a maioria deles, aproveitáveis em instituições de ensino, para melhor desempenho dos alunos. A NBR 9050 é extremamente importante no sentido de incluir uma parcela significativa da população, oferecendo a essas pessoas maior facilidade de mobilidade, de qualidade de vida e de acesso à serviços básicos. Ela tem como base o “Desenho universal”, sendo o conceito do mesmo, propor uma arquitetura e um design mais centrados no ser humano, na sua diversidade e função. O desenho universal estabelece critérios para que as edificações, os ambientes internos, os ambientes urbanos, os produtos e mobiliários atendam a um maior número de usuários, independente das características físicas do 36 Família, trabalho e o deficiente na sociedade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância indivíduo, das habilidades e/ou faixa etária, contribuindo com a biodiversidade humana e propiciando uma melhor ergonomia para todas as pessoas. Para tanto, segundo o Anexo A, da ABNT NBR9050 (2015, p.139) foram definidos sete princípios do Desenho Universal, que são mundialmente adotados em planejamentos e obras de acessibilidade: 1) uso equitativo: é a característica do ambiente ou elemento espacial que faz com que ele possa ser usado por diversas pessoas, independentemente de idade ou habilidade. Para ter o uso equitativo deve-se: propiciar o mesmo significado de uso para todos; eliminar uma possível segregação e estigmatização; promover o uso com privacidade, segurança e conforto, sem deixar de ser um ambiente atraente ao usuário; 2) uso flexível: é a característica que faz com que o ambiente ou elemento espacial atenda a uma grande parte das preferências e habilidades das pessoas. Para tal, devem-se oferecer diferentes maneiras de uso, possibilitar o uso para destros e canhotos, facilitar a precisão e destreza do usuário e possibilitar o uso de pessoas com diferentes tempos de reação a estímulos; 3) uso simples e intuitivo: é a característica do ambiente ou elemento espacial que possibilita que seu uso seja de fácil compreensão, dispensando, para tal, experiência, conhecimento, habilidades linguísticas ou grande nível de concentração por parte das pessoas; 4) informação de fácil percepção: essa característica do ambiente ou elemento espacial faz com que seja redundante e legível quanto a apresentações de informações vitais. Essas informações devem se apresentar em diferentes modos (visuais, verbais, táteis), fazendo com que a legibilidade da informação seja maximizada, sendo percebida por pessoas com diferentes habilidades (cegos, surdos, analfabetos, entre outros); 5) tolerância ao erro: é uma característica que possibilita que se minimizem os riscos e consequências adversas de ações acidentais ou não intencionais na utilização do ambiente ou elemento espacial. Para tal, devem-se agrupar os elementos que apresentam risco, isolando-os ou eliminando-os, empregar avisos de risco ou erro, fornecer opções de minimizar as falhas e evitar ações inconscientes em tarefas que requeiram vigilância; 6) baixo esforço físico: nesse princípio, o ambiente ou elemento espacial deve oferecer condições de ser usado de maneira eficiente e confortável, com o mínimo de fadiga muscular do usuário. Para alcançar esse princípio deve-se: possibilitar que os usuários mantenham o corpo em posição neutra, usar força de operação razoável, minimizar ações repetidas e minimizar a sustentação do esforço físico; 7) dimensão e espaço para aproximação e uso: essa característica diz que o ambiente ou elemento espacial deve ter dimensão e espaço apropriado para aproximação, alcance, manipulação e uso, independentemente
Compartilhar