Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE ENSINO E INVESTIGAÇÃO DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA FREQUÊNCIA E PERFIL DAS MULHERES INTERNADAS COM LEIOMIOMA UTERINO NO SERVIÇO DE GINECOLOGIA DA MATERNIDADE LUCRÉCIA PAIM, NO ANO DE 2019 Autor: João Domingos Tito Luanda, Outubro de 2020 UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE ENSINO E INVESTIGAÇÃO DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE LICENCIATURA EM MEDICINA FREQUÊNCIA E PERFIL DAS MULHERES INTERNADAS COM LEIOMIOMA UTERINO NO SERVIÇO DE GINECOLOGIA DA MATERNIDADE LUCRÉCIA PAIM, NO ANO DE 2019 Autor: João Domingos Tito, estudante do 6º ano da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto Orientadora: Lígia Nazaré de Sousa Carvalho Alves, Médica, Esp. em Ginecologia e Obstetrícia, professora auxiliar da FMUAN, Mestre em Educação Médica e Doutoranda em Ciências Biomédicas Luanda, Outubro de 2020 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho ao meu pai João Tito Cota que foi uma das pessoas que muito apoiou e motivou-me na conquista do tão almejado sonho de um dia tornar-se médico. A mãe Marcela Joaquim João que foi muitas vezes testemunha das noites perdidas ao lado do computador ou do livro na busca do conhecimento. A minha princesa Dádiva Marciane António Tito Aos meus irmãos e demais familiares A minha segunda mãe Isabel Francisco João que a sua alma descanse em paz. Aos meus futuros pacientes que são a razão do meu amor pela Medicina João Domingios Tito AGRADECIMENTOS Primeiramente começo por agradecer a Deus pela saúde e por estar comigo em todos os momentos da minha vida Aos meus pais João Tito Cota e Bernarda Domingos Andrade por me darem a vida A excelentíssima Dra. Lígia Alvés, pelas orientações dadas durante a elaboração desta obra Ao meu homólogo e companheiro Santland de Lemos, pela inigualável ajuda durante a elaboração desta obra, foste pra mim um verdadeiro co-orientador Ao meu colega e amigo Dr. Aldair Dinis pelo apoio e paciência que teve comigo não só a quando da elaboração desta obra mas ao longo de todo o meu percurso nos 6 anos enquanto estudante da Faculdade de Medicina, espero continuar a contar contigo O meu agradecimento vai ainda ao meu professor e amigo, o Biólogo Vladmir Cahali Chitumba pelos sábios conselhos e ensinamentos que certamente irei levar por toda à vida Aos nossos mestres da Faculdade de medicina que certamente servem como grande fonte de inspiração pela sua paciência, dedicação e profissionalismo Aos meus colegas de turma dá época 2014-2019 particularmente o Alberto Cólua, Catutu Alexandre, Silvano Zua, Lombo Quifica, Isabel Dias, Joana Kuimba, Inês António, José Júnior e outros que não foram cá citados, por serem a verdadeira família dentro da FMUAN Ao Dr. Andreas Matos pelos valiosos conselhos, motivação e amizade. A todo aquele que directa ou indirectamente contribuiu para a minha formação como médico O meu muito obrigado. João Domingos Tito RESUMO Introdução: Os leiomiomas são neoplasias benignas da musculatura lisa do útero e considerado o tumor mais comum do trato genital feminino, desenvolvendo sintomas em apenas 30% das pacientes acometidas. Objectivo: Descrever a frequência e perfil das mulheres internadas com leiomioma uterino no serviço de ginecologia da maternidade Lucrécia Paim, durante o ano de 2019. Metodologia: Fez-se um estudo observacional descritivo retrolectivo em 200 mulheres internadas no serviço de ginecologia da MLP.Resultados: Em 2019 o leiomioma uterino foi a primeira causa ginecológica de internamento no serviço de ginecologia da MLP com uma frequência de 25,71%. A faixa etária mais frequente foi a dos 45-49 anos (30%). O ciclo básico ( 27%) foi o nível acadêmico mais frequentado. Quanto a paridade, a maioria tinha de 4-6 gestações (38%) e 1-3 partos (43,5%). Os princípais factores de risco foram raça negra (100%), idade (71%), hipertensão arterial (28,5%), nuliparidade (15,5%) e o uso de contraceptivo hormonal (15%). As princípais queixas foram hemorragia uterina anormal (78%) e o desconforto/dor abdominal (43%). A penas 27% das mulheres tiveram diagnóstico histológico. A princípal conduta terapêutica foi a cirúrgica (55%), sendo 83,64% histerectomia e 16,36% miomectomia. Conclusão: A frequência de pacientes internadas com leiomioma uterino no serviço de ginecologia da MLP foi de 25,71% cujo-o perfil foi idade dos 47-51 anos, raça negra, com média de 3 gestações anteriores e 2 partos (G3P2), com queixa de sagramento uterino arnormal, dor/desconforto abdominal e com princípal tipo de tratamento cirúrgico. Palavras chaves: Leiomioma uterino, mioma uterino, perfil, frênquencia., Angola ABSTRACT Introduction: Leiomyomas are benign neoplasms of the smooth musculature of the uterus and considered the most common tumor of the female genital tract, developing symptoms in only 30% of affected patients. Objective: To describe the frequency and profile of women hospitalized with uterine leiomyoma in the gynecology service of lucrezia Paim maternity, during 2019. Methodology: A retrospective descriptive observational study was conducted in 200 women hospitalized in the gynecology service of the MLP. Results: In 2019 uterine leiomyoma was the first gynecological cause of hospitalization in the gynecology service of the MLP with a frequency of 25.71%. The most frequent age group was 45-49 years (30%). The basic cycle ( 27%) was the most frequented academic level. Regarding parity, the majority had 4-6 pregnancies (38%) and 1-3 deliveries (43.5%). The main risk factors were black race (100%), age (71%), hypertension (28.5%), nulliparity (15.5%) and the use of hormonal contraceptives (15%). The main complaints were abnormal uterine hemorrhage (78%) and abdominal discomfort/pain (43%). The sentences of 27% of the women had a histological diagnosis. The main therapeutic approach was surgical (55%), 83.64% hysterectomy and 16.36% myomectomy. Conclusion: The frequency of patients hospitalized with uterine leiomyoma in the gynecology service of the MLP was 25.71% whose profile was age of 47-51 years, black race, with a mean of 3 previous pregnancies and 2 deliveries (G3P2), complaining of arnormal uterine bleeding, abdominal pain/discomfort and with a pre-type of surgical treatment. Keywords: Uterine leiomyoma, uterine fibroid, profile, frequency, Angola. ABREVIATURAS AINE´S - Anti-inflamatóriosnão esteróide Aco – Anticonceptivo hormonal EAU – Embolização da Artéria Uterina DIU – Dispositivo intra-uterino DIU-Lang – Dispositivo Intra-Uterino medicado com Levonogestrel DIP – Doença inflamatória pélvica LAVH – Histerectomia Assistida por Laparoscopia MLP- Maternidade Lucrécia Paim RMN – Ressonância Magnética Nuclear SPOGE – Status pós operatório por gravidez ectópica TC – Tomografia Computarizada UTI – Unidade de Tratatamento Intensivo ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico 1: Distribuição das patologias ginecológicas observadas no serviço de ginecologia da MLP……………………………………………………………………........38 Gráfico 2: Distribuição das pacientes internadas com leiomioma uterino no serviço de ginecologia durante os últimos 5 anos……………………………………………………39 Gráfico 3: Distribuição da amostra segundo a faixa etária………………………………40 Gráfico 4: Distribuição da amostra quanto ao nível de escolaridade…………….........41 Gráfico 5: Distribuição da amostra segundo o número de gestações…………………..42 Gráfico 6: Distribuição da amostra segundo o número de partos……………………..43Gráfico 7: Distribuição da amostra segundo os factores de riscos……………………...45 Gráfico 8: Distribuição da amostra segundo as queixas princípais apresentadas…….46 Gráfico 9: Distribuição da amostra quanto a realização do exame histológico………..47 Gráfico 10: Distribuição da amostra segundo a conduta terapêutica efectuada………48 Gráfico 11: Distribuição da amostra segundo o tipo de tratamento cirúrgico efectuadodo…………………………………………………………………………………49 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1: Distribuição da amostra segundo a faixa etária e a paridade.......................44 Tabela 2: Distribuição da amostra segundo ao número de partos e o tipo de tratamento cirúrgico efectuado……………………………………………………………………….. ..50 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1: Corte sagital da pelve mostrando orgãos intrapélvicos e relação com outros órgãos………………………………………………………………………………………….8 Figura 2: órgãos internos do aparelho reprodutor femenino……………………………11 Figura 3: Vascularizão arterial do útero……………………………………………………12 Figura 4: Classificação e localização do leiomioma uterino……………………………..17 1 ÍNDICE GERAL DEDICATÓRIA ........................................................................................................ iii AGRADECIMENTOS .............................................................................................. iv RESUMO................................................................................................................. v ABSTRACT ............................................................................................................. vi ABREVIATURAS .................................................................................................... vii LISTA DE GRÁFICOS ........................................................................................... viii LISTA DE TABELAS ............................................................................................... ix LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... x 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 3 1.1. Justificativa ....................................................................................................... 5 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 6 2.1. Anatomia do útero ............................................................................................ 7 2.2. Ligamentos do útero ......................................................................................... 8 2.3. Estrutura do útero ........................................................................................... 10 2.4. Vascularização e inervação ............................................................................ 12 2.5. Etiopatogenia ................................................................................................. 14 2.6. Caracterização anatomo-patológica do leiomioma uterino ............................. 15 2.7. Processos degenerativos do leiomioma uterino ............................................. 15 2.8. Classificação do leiomioma uterino ................................................................ 17 2.9. Factores de riscos .......................................................................................... 18 2.10. Quadro clínico .............................................................................................. 19 2.11. Diagnóstico ................................................................................................... 21 2.12. Tratamento ................................................................................................... 24 2 3. OBJECTIVOS .................................................................................................... 31 3.1. Geral............................................................................................................... 31 3.2. Específicos ..................................................................................................... 31 4. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................. 32 4.1.Tipo de estudo ................................................................................................. 32 4.2.Local de estudo ............................................................................................... 32 4.3. Universo ......................................................................................................... 32 4.4. Amostragem e Amostra .................................................................................. 32 4.5. Critérios de inclusão ...................................................................................... 33 4.6.Critérios de exclusão ....................................................................................... 33 4.7.Variáveis utilizadas .......................................................................................... 33 4.8.Recolha dos dados .......................................................................................... 33 4.9.Processamento, análise dos dados e apresentação dos resultados ............... 33 4.10.Definições operacionais ................................................................................ 34 4.11.Considerações éticas .................................................................................... 36 4.12. Limitação do estudo ..................................................................................... 36 5. CONCLUSÕES ................................................................................................. 57 6. RECOMENDAÇÕES ......................................................................................... 58 7. BIBLIOGRÁFIA ................................................................................................. 59 8. APÊNDICE – A .................................................................................................. 62 Formulário ............................................................................................................. 62 2. CRONOGRAMA ................................................................................................ 64 TABELAS DE APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS .......................................... 64 3 1. INTRODUÇÃO Os leiomiomas uterinos são os tumores pélvicos mais comuns do trato genital feminino. (Hoffman, 2014). São neoplasias benignas da musculatura lisa do útero (Hoffman, 2014). Em geral são referidos como miomas uterinos e por apresentarem um conteúdo considerável de colágeno, o que lhe confere consistência fibrosa, são erroneamente denominados fibroma (Hoffman, 2014). O termo fibroma foi introduzido por Karl Von Rokitansky em 1860 e em seguida modificado por Virchow para leiomioma devido ao facto de as células do tumor derivarem da musculatura lisa (Czarnabay, 2014). A maior parte da literatura mundial cita uma incidência de 20 a 25%, sendo que em estudos usando exames histológicos ou ultrassonográfico a incidência chegou a atingir 70 a 80% (Hoffman, 2014), apresentado sintomas apenas 30% das mulheres acima de 30 anos (Czarnabay, 2014). O consenso nacional português sobre o mioma uterino afirma que a verdadeira incidência do mioma é até agora desconhecida dado que muitas mulheres são assintomáticas (Sociedade Portuguesa de Ginecologia, 2017). Estima-se, entretanto, que a sua incidência varie entre 5 e 80% dependendo da idade e da raça (Sociedade Portuguesa de Ginecologia, 2017). com uma prevalência de 20-40% nas mulheres em idade reprodutiva e de 70-80% aos 50 anos (Sociedade Portuguesa de Ginecologia, 2017). São a quinta causa mais frequentede internamento hospitalar por causa ginecológica não relacionada com a gravidez, em mulheres dos 15 – 44 anos (Joana Faria, 2008). Nos estados unidos estudos demográficos relatam frequência de 3 à 9 vezes maior em mulheres de raça negra em relação a raça branca, demostrando também maior frequência em mulheres com antecedentes familiares de leiomioma uterino. (Hoffman, 2014). No Brasil estudo feito sobre a prevalência do leiomioma nas gestantes atendidas em uma unidade de saúde de um centro periférico revelou existir uma prevalência de 2,5%. (Mariana at al, 2019). 4 Em um estudo feito sobre prevalência do leiomioma uterino em 226 gestantes atendidas em dois (2) hospitais regionais de Limbe e Buea em camarões foi observado uma prevalência de 16,7% (Egbe at al, 2018). Um estudo feito em 2015 na população nigériana sobre prevalência do leiomioma uterino utilizando exames ultrasonográficos em que foram avaliadas 2.575 pacientes verificou-se uma prevalência de 6,83% (Ukwenya at al, 2015). Estudo feito em Kinshasa, capital do da República democrática do Congo verificou-se uma frequência de 21,18%, sendo que a faixa etária mais frequente foi a dos 35-44 anos, a maioria com o ensino superior (54,6%) e com princípais queixas de hemorragia (33,2%) e dor no baixo ventre (32,6%) (Ingala P at al, 2017). Outro estudo em África, na maternidade do centro hospital do Souro Sanou (Burkina Faso) sobre todas histerectomias realizadas num período de dois anos (1995-1996) mostrou que leiomioma uterino representaou nesta data a segunda causa de indicação de histerectomias correspondendo a 25,53% do total de casos (como citado em Quessongo, 2013 pag. 10). Em Angola um estudo feito na Maternidade Lucrécia Paim no periódo de 2009 a 2010 permitiu vericar que o leiomioma uterino foi neste periódo a patologia ginecológica mais frequente com uma frequência de 42%, sendo 97% dasmulheres pertencente a raça negra e com queixa princípal de sangramento utrerino anormal (Diogo, Janeiro de 2009 a Dezembro de 2010). Em estudo feito na mesmo local sobre a frequência do leiomioma uterino de 2009- 2012 demostrou-se um aumento do número de casos em cada ano cuja-a maior frequência obervada foi de 37,3% correspondente ao ano de 2012 (Quessongo, 2013). Já no estudo feito em 2015 no serviço de ginecologia da MLP o leiomioma uterino foi neste ano a patologia ginecológica mais frequênte com uma frequência de 40,1%. (Tchissueca, 2016). 5 1.1. Justificativa O leiomioma uterino é o tumor pélvico mais frequênte do trato genital feminino. Apesar de ser um tumor bastante estudado os seus mecanismos etiopatogênicos bem como a sua real prevalência não são completamente conhecidos visto que grande parte das doentes acometidas são assintomáticas. Pelo aumento do número de casos que se verifica nos nossos hospitais, pelo grande impacto que causa na fertilidade feminina e por ser causa frequente de histerectomias em mulheres em idade reprodutiva, um estudo sobre frequência e perfil das mulheres com leiomioma uterino em nosso território faz-se necessário pois permite conhecer melhor essas mulheres e assim garantir uma assistência mais adequada. 6 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 7 2.1. ANATOMIA DO ÚTERO É um órgão único, de paredes espessas e contráteis, e normalmente está situado na parte anterior da cavidade pélvica. (Conceição, 2010) Tem dimensões variáveis de acordo com a idade e gravidez. Na nulipara o útero apresenta 6 a 7 cm de comprimento, 4cm de largura no corpo, 2 cm no colo e espessura de 2,5 a 3 cm. Na multípara mede 7 a 8 cm de comprimento, 5 cm de largura no corpo e 3 cm de espessura (Bernardes, 2017). Quando vista de frente tem o formato de uma pêra invertida, achatada no sentido antero-posterior. Sua porção superiror é denominada corpo e sua porção inferior é denominada cérvix ou colo uterino, que é constituida por duas porções: a porsão supra vaginal e infra-avaginal. (Conceição, 2010) O ístmo, porção inferior do corpo do útero, é a área onde o útero apresenta as menores dimensões, enquanto o fundo corresponde à porção do corpo situada acima de um plano que passe ao nível das implantações das tubas uterinas. (Conceição, 2010) Em condições normais o útero encontra-se na posição ante-vertida e ante-flectida. (Conceição, 2010). Possui um peso de 40 a 60 gramas na nulípara e 60 a 80 gramas na multípara (Bernardes, 2017). Quanto a relação com outros órgãos, o útero encontra-se a 2-2,5 cm atrás da sínfise púbica, enquanto que o orifício exterior do colo está situado 3 cm à frente do cócix. Podemos considerar duas regiões topográficas distintas, supravaginal, intra- abdominal (inclui o corpo, isto e porção supravaginal docolo), visível por via endovaginal (Bernardes, 2017). 8 Figura 1: Corte sagital da pelve mostrando orgãos intrapélvicos e relação com outros órgãos. Fonte: Atlas de anatomia humana 6ª Edição 2.2. LIGAMENTOS DO ÚTERO um conjunto de ligamentos que impedem que o útero sofra grandes deslocamentos na cavidade pélvica. Estes ligamentos são divididos de acordo com a sua função em: ligamentos de fixação e ligamentos de sustentação (suspensão). (Conceição, 2010) e (Faria at al, 2008). São ligamentos de fixação o ligamento redondo do útero e o ligamento largo do útero. a) Ligamento redondo do útero: É um ligamento fibromuscular, com cerca de 10 a 12 cm de comprimento, parte do ângulo súpero-lateral do útero. É o ligamento que limita os deslocamentos posteriores do útero, sendo, portanto, importante na manutenção da posição de anteversão. (Conceição, 2010) 9 b) Ligamento largo do útero: É constituída peloperotôneo visceral. Nele, transitam os vasos e nervos que se destinam às tubas uterinas. Devido a esta fixação parietal osmovimentos de rotação do útero ficam limitados e contribuem na manutenção das tubas uterinas e dos ovários em uma posição elevada em relação ao assoalho pélvico. (Conceição, 2010) c) Ligamentos de Sustentação: Os ligamentos desustentação são espessamentos do tecido conjuntivo subperitoneal que, partindo do cérvix uterino, o fixam à circunferência lateral do soalho e da estrutura óssea da pélve. (Conceição, 2010) Os ligamentos de sustenção são: ligamento cardinal (ligamento de Mackemrodt) ou paramétrio, ligamento útero-sacro e ligamento pubouterino (Conceição, 2010). a) Ligamento cardinal (ligamento de Mackemrodt) ou paramétrio: é o mais importante na função de suspensão do útero por ser o mais largo e volumoso. Estende-se da superfície lateral da cérvix uterina para terminar espraiando- se na fáscia superior do diafragma pélvico. (Conceição, 2010) b) Ligamento útero-sacro: estende-se da região posterior do cérvix uterino e da parte superior da vagina até a face ântero-lateral do sacro no nível das vértebras S2, S3 e S4 após passarem lateralmente ao reto. Estes ligamentos elevam o peritônio da região, formando as pregas reto-uterinas. Estas pregas limitam, superiormente, a escavação reto-uterina (fundo de saco de Douglas) (Conceição, 2010). c) Ligamento pubouterino: são ligamentos mais delicados, que fixam a porção anterior do cérvix uterino à face posterior do púbis. Em seu trajeto infravesical apresenta aderências à bexiga, auxiliando no sua sustentação (Conceição, 2010). 10 2.3. ESTRUTURA DO ÚTERO Na arquitetura do útero identificam-se três camadas que, da cavidade pélvica para a sua, são: túnica serosa (perimétrio), túnica muscular (miométrio) e túnica mucosa (endométrio) (Hoffman, 2014). Túnica Serosa (Perimétrio) - O perimétrio corresponde ao peritônio visceral que reveste grande parte do útero (Hoffman, 2014) Túnica Muscular (Miométrio) - A camada muscular apresenta espessura que varia de 10 a 15 mm e é composta porfibras musculares lisas dispostas em fascículos, separados por fibras colágenas. O miométrio é ricamente irrigado por ramos das artérias uterinas, as artérias arqueadas, que se dirigem à porção média do útero. Delas partem as artérias radiais, atravessando o miométrio em direção à cavidade uterina para originar, no endométrio, as arteríolas retas e espiraladas (Hoffman, 2014) Túnica Mucosa (Endométrio) - É a camada que reveste internamente a cavidade do útero, em íntimo contato com o miométrio, seu aspecto morfológico varia com o estímulo hormonal. Na pré-puberdade e na pós-menopausa encontra-se fino e atrofiado e no menacme apresenta-se desenvolvido, sofrendo modificações cíclicas que caracterizam o ciclo menstrual, condicionadas pela ação dos hormônios ovarianos. (Hoffman, 2014) Durante o ciclo menstrual, o endométrio apresenta três fases distintas: proliferativa, secretora e menstrual. (Hoffman, 2014) 11 Figura 2: órgãos internos do aparelho reprodutor femenino Fonte: Atlas de anatomia humana Sobotta 21ª Edição Vol. 2 12 2.4. VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO 2.4.1.Vascularização arterial O útero é vascularizado princípalmente pelas artérias uterinas e acesoriamente pelas artérias ováricas e do ligamento redondo (Bernardes, 2017). Figura 3: Vascularizão arterial do útero Fonte:Atlas de anatomia humana Sobotta 21ª Edição 2.4.2.Drenagem venosa De cada lado do útero há um plexo venoso muito rico, o plexo úterovaginal, que acompanha a artéria uterina e que comunica posteriormente com as veias rectais e anteriormente com o plexo vesical. O plexo drena tabém pela pudenda interna para a ilíaca interna. Acessóriamente drena pelas veias ováricas externas para aovárica e pelas veias do ligamento redondo para a veia epigátrica inferior. A ovárica direita drena 13 directamente para a veia cava inferior, enquanto que a esquerda drena para a veia renal esquerda. 2.4.3. Drenagem linfática A drenagem linfática faz-se para um plexo periuterino subperitoneal, localizado princípalmente nos bordos laterais e parede posterior do útero. A parte superior do corpo drena para os gânglios latero aórticos homolaterais princípalmente e acessoriamente para os gânglios inguinais superficiais através dos ligamentos redondos; a parte inferior do corpo drena para os gâglios externos;o colo drena para os gâglios ilíacos externos e internos (Bernardes, 2017) . 2.4.4. Inervação A inervação é meramente vegetativa e feita princípalmente pelos nervos utero- vaginais. Os aferente simpáticos destes plexos sãos os nervos intermesentéricos, os esplânicos lombares e os nervos esplânicos sagrados. O útero recebe tabém ramos simpáticos do plexo ovárico que caminhampara o ligamento suspensor do ovário. A inervação parassinpática é proveniente dos nervos esplâncnicos pévicos que nascemdas raízes dos 2º, 3º e 4º nervos sagrados (SILVEIRA, 2008). 14 2.5. ETIOPATOGENIA É neoplasia de origem muscular, embora se acredite que possa originar-se não de células musculares já existentes, mas de ninhos de células embrionárias do mesoderma, que mantém o potencial de gerar os tecidos do sistema genital. (Hoffman, 2014) e (Conceição, 2010). Dentre os fatores passíveis de influenciar o aparecimento e crescimento tumorais, sobressai o estímulo estrogênico, do hormônio de crescimento e da progesterona. (Hoffman, 2014) e (Faria at al, 2008). A influência estrogênica evidencia-se, clinicamente, pelo seu aparecimento no menacme, crescimento durante a gestação ou com estrogenioterapia exógena, e diminuição ou parada de crescimento após a menopausa, além da associação a outras síndromes hiperestrogênicas como adenomiose, endometriose, hiperplasias endometriais etc. (Hoffman, 2014) Bioquimicamente, é possível observar maiores concentrações de receptores estrogênicos nos leiomiomas do que as encontradas no miométrio normal. O hormônio de crescimento, assim como o lactogênio placentário, tem ação sinérgica com o estrogênio, podendo todos serem responsáveis pelo aumento dos leiomiomas durante a gestação. (Hoffman, 2014) O papel da progesterona nos leiomiomas não está claro e, na verdade, tanto efeitos estimulantes quanto inibidores são relatados. (william). Cada leiomioma é derivado de um único miócito progenitor.Assim, cada tumor dentro de um útero com múltiplos tumores apresenta origem citogenética independente (Hoffman, 2014). 15 2.6. CARACTERIZAÇÃO ANATOMO-PATOLÓGICA DO LEIOMIOMA UTERINO Macroscopicamente, têm aparência nodular, com consistência e cor que variam segundo a proporção de tecido conjuntivo e muscular; predominando o primeiro, são duros e brancacentos; quando predomina o tecido muscular tornam-se mais amolecidos com coloração rósea. A consistência e cor podem-se alterar, ainda, em função de diversos processos degenerativos. (Conceição, 2010) Os leiomiomas encontram-se autonomamente isolados do miométrio ao seu redor por uma camada tecidual fina, conectiva externa. Esse plano de clivagem é clinicamente importante por permitir que os leiomiomas sejam facilmente “separados” do útero durante a cirurgia. (Faria at al, 2008) e (Hoffman, 2014). Histologicamente, os leiomiomas contêm células alongadas de músculo liso agregadas em feixes, sem atipias, necrose ou mitoses, e ainda por uma quantidade variável de colagénio e vasos sanguíneos. A atividade mitótica é rara, no leiomioma constitui ponto-chave na diferenciação com o leiomiossarcoma (Faria at al, 2008) e (Hoffman, 2014). 2.7. PROCESSOS DEGENERATIVOS DO LEIOMIOMA UTERINO A aparência característica dos leiomiomas pode ser alterada quando o tecido muscular normal é substituído por várias substâncias degenerativas após hemorragia e necrose. Esse processo é coletivamente chamado de degeneração, e as substâncias substitutivas determinam a denominação desses tipos degenerativos. Dentre as possíveis formas estão hialina, calcificada, cística, mixoide, carnosa ou vermelha e gordurosa. (Conceição, 2010), (Faria at al, 2008) e (Hoffman, 2014). Hialina: é a mais comum, tornando o tumor amolecido. (Conceição, 2010), (Faria at al, 2008) e (Hoffman, 2014). Cística: resultante da liquefação de áreas previamente hialinizadas, com formação de coleções líquidas. (Conceição, 2010), (Faria at al, 2008) e (Hoffman, 2014). 16 Mucóide: apresentando cistos preenchidos com material gelatinoso Carnosa, vermelha ou rubra: é a mais comum durantea gestação, resultando de deficiências da drenagem venosa. É mais freqüente nos leiomiomas intramurais. Gordurosa: menos freqüente, nela pode-se observar a presença de lípides no interior da célula muscular. Segundo Parsons e Sommers, precede a necrose e a calcificação. (Conceição, 2010), (Faria at al, 2008) e (Hoffman, 2014). Necrose: resultante da interrupção do fluxo sangüíneo, pode acometer qualquer tipo de leiomioma. Os pediculados, entretanto, são mais vulneráveis à necrose, principalmente se houver torção do pedículo. (Conceição, 2010), (Faria at al, 2008) e (Hoffman, 2014). Calcificação: resulta da deposição de cálcio em áreas do tumor nas quais o suprimento sangüíneo é deficiente, como ocorre nos leiomiomas que sofreram degeneração gordurosa ou necrose e em mulheres na pós-menopausa. (Conceição, 2010), (Faria at al, 2008) e (Hoffman, 2014). Sarcomatosa: é condição extremamente rara, estimando-se sua incidência em torno de 0,1% a 1% dos leiomiomas. É discutível se o leiomiossarcoma originou-se do leiomioma ou já se iniciou como uma neoplasia maligna. É mais comum em mulheres idosas e apresentam crescimento rápido com evolução agressiva Tais alterações no aspecto macroscópico são reconhecidas como variantes normais pela maioria dos cirurgiões e patologistas. Necrose e degeneração desenvolvem-secom frequência nos leiomiomas em razão do suprimento limitado de sangue dentro desses tumores. (Conceição, 2010), (Faria at al, 2008) e (Hoffman, 2014). Em comparação com o miométrio normal ao seu redor, os leiomiomas apresentam menor densidade arterial. Além disso, a falta de organização vascular intrínseca deixa alguns tumores vulneráveis à hipoperfusão e à isquemia (Hoffman, 2014). 17 2.8. CLASSIFICAÇÃO DO LEIOMIOMA UTERINO Dois fatores são mais comumente empregados para classificá-los: 1. A porção do útero onde se encontram, que permite dividi-los em corporais (98% dos casos), ístmicos e cervicais. (Conceição, 2010). 2. A posição relativa às camadas uterinas, que os classifica em subserosos (abaixo da serosa uterina), intramurais ou intersticiais (na intimidade do miométrio) e submucosos (em íntima relação com o endométrio) (Conceição, 2010). Ainda com relação à localização, podem ser intraligamentares quando crescem entre os folhetos do ligamento largo e se revestem de importância pela íntima relação anatômica com os ureteres e possibilidade de compressão do trato urinário (Conceição, 2010) Figura 4: Classificação e localização do leiomioma uterino. Fonte: Hoffman at al 2014 pag. 250 18 Os leiomiomas pediculados são um tipo especial podendo originar-se dos submucosos ou dos subserosos. Os submucosos com crescimento exagerado do pedículo podem ser expulsos pelo canal cervical, e são chamados de miomas paridos (Conceição, 2010). Os leiomiomas parasíticos são variantes subserosas que se prendem às estruturas pélvicas próximas, a partir das quais recebem suporte vascular, podendo ou não se soltar do miométrio progenitor (Hoffman, 2014). 2.9. FACTORES DE RISCOS Apesar da sua etiopatogénese ser ainda um tema de debate, foram já identificados vários factores predisponentes: Idade A incidência aumenta com a idade até cerca dos 50 anos. Entre os 25 e 30 anos a incidência aproximada é de 0,31/1000 mulheres-ano. Entre os 45 e 50 anos a incidência aumenta 20 vezes, para 6,2/1000 mulheres-ano. (Faria at al, 2008) Menarca precoce o início mais precoce de ciclos regulares poderá aumentar o número de divisões celulares sofridas pelo miométrio durante a idade reprodutiva, resultando numa maior probabilidade de mutações genéticas responsáveis pela proliferação miometrial. (Faria at al, 2008) Raça negra Estudos demostram que em relacção a raça, os leiomiomas uterinos são 2-3 vezes mais frequentes, ocorrem mais precocemente, são mais numerosos e sintomáticos na raça negra. Apesar de não se saber ainda o que está na base desta prevalência aumentada na raça negra versus raça caucasiana, alguns estudos mostram diferenças, quer nos níveis de estrogénios circulantes nas duas raças, quer no metabolismo dos estrogénios (Faria at al, 2008). 19 Nuliparidade O risco de leiomioma uterino diminui 20-50% em mulheres que apresentam um nado vivo, continuando a diminuir com o aumento do número de nados vivos. Uma explicação frequentemente citada aponta para a redução da exposição a estrogénios não contrabalançada, durante a gravidez, enquanto que a nuliparidade poderá associar-se a ciclos anovulatórios caracterizados por longos períodos de hiperestrogenismo relativo. (Faria at al, 2008). Obesidade Embora seja ainda controverso, mulheres com o IMC (índice de massa corporal) aumentado parecem ter 2-3 vezes maior incidência de miomas (Faria at al, 2008). Contracepção hormonal Há uma boa evidência epidemiológica que, ao contrário do que se pensava anteriormente, sugere que a administração de estro-progestativo oral também se associe a uma menor incidência de miomas uterinos (Faria at al, 2008). 2.10. QUADRO CLÍNICO A maioria das mulheres com leiomiomas é assintomática. Entretanto, as pacientes sintomáticas costumam se queixar de sangramento, dor, sensação de pressão ou infertilidade. Em geral, quanto maior o leiomioma, maior a probabilidade de sintomas. Embora a maioria dos sintomas seja crônica, a dor aguda pode acompanhar um leiomioma degenerativo ou o prolapso do tumor pelo útero. O sofrimento agudo também pode acompanhar complicações raras como torção de um leiomioma subseroso pedunculado, retenção urinária aguda, tromboembolismo de veia profunda ou hemorragia intraperitoneal. (Hoffman, 2014). Alterações menstruais: é o sintoma mais comum, e a hipermenorréia é o distúrbio mais característico. Entretanto, outras alterações podem ocorrer, principalmente em leiomiomas degenerados ou se houver associação com outras doenças do endométrio. Assim, é possível a queixa de polimenorréia, metrorragias ou perdas 20 sangüíneas contínuas. Apontam-se como mecanismos da hemorragia o aumento da superfície endometrial sangrante, a deficiência das fibras musculares para se contraírem e, o mais importante, alterações vasculares com conseqüente compressão e congestão venosa no miométrio e endométrio (Conceição, 2010). Dor: a isquemia é a responsável pela dor oriunda do próprio tumor. Todavia, a dor decorre, mais freqüentemente, de compressão de estruturas vizinhas, apresentando- se como peso no baixo ventre com irradiação para região lombar e membros inferiores, sintomas urinários e intestinais: Pode manifestar-se, também, como dispareunia decorrente da congestão pélvica. A infecção e rotura do tumor também podem provocar dor aguda (Conceição, 2010). Aumento do volume abdominal: presente nos leiomiomas volumosos, não limitados à pelve. Não é raro presenciar tumores que atingem o mesogástrio, dando ao abdome aspecto gravídico. Reveste-se de importância o aumento súbito do volume dos leiomiomas, assim como a mudança brusca de consistência ou forma, principalmente em mulheres na pós-menopausa, pois faz suspeitar de degeneração sarcomatosa. Como queixa isolada, entretanto, o aumento de volume abdominal tem-se tornado menos freqüente com a prática de exames periódicos e emprego rotineiro de ultra- sonografia (Conceição, 2010). Distúrbios urinários: nos leiomiomas volumosos ou naqueles localizados no istmo uterino ou nos intraligamentares, podem ocorrer compressão vesical e/ou ureteral, levando à polaciúria, à incontinência urinária, à hidronefrose e à infecções urinárias Distúrbios intestinais: havendo compressão do reto podem ocorrer constipação, fezes em fita e hemorróidas (Conceição, 2010). Infertilidade: apontam-se vários mecanismos pelos quais os leiomiomas podem impedir a concepção ou provocar a interrupção da gravidez. Tumores submucosos atuando como dispositivos intra-uterinos, alterações vasculares impedindo a nidação, oclusão dos óstios tubários nos tumores fúndicos e impossibilidade de distensão uterina nos leiomiomas volumosos ou nos múltiplos (Conceição, 2010). 21 2.11. DIAGNÓSTICO O diagnóstico do leiomioma pode ser feito pela clínica do paciente ou através de exames complementares (Conceição, 2010), (Faria at al, 2008) e (Hoffman, 2014). O diagnóstico clínico é feito pela anamnese (investigando os sintomas) e pelo toque vaginal bimanual. Através da anamnese e do exame clínico cuidadoso é possível realizar o diagnóstico na maior parte dos casos. No entanto, qualquer tumor pélvico pode ser confundido com um leiomioma uterino, daí a necessidade de se recorrer a exames complementares para confirmação do diagnóstico clínico (Faria at al, 2008). O diagnóstico definitivo é obtido por exame anátomo-patológico (Faria at al, 2008). Exames complementares Anteriormente, a principal via de abordagem no tratamento dos miomas uterinos era cirúrgica: a histerectomia ou miomectomia (Faria at al, 2008). Com o desenvolvimento de novas armas terapêuticas menos invasivas e mais adaptadas às necessidades da mulher, assiste-se à necessidade de definir com exactidão as características, localização e mapeamento dos leiomiomas. Para atingir este objectivo, é necessário recorrera exames de imagem, que possam, com maior acuidade, distinguir as lesões potencialmente malignas das benignas. Conhecer as alterações anatómicas induzidas por esta patologia é, cada vez mais, um pressuposto essencial, de modo a optimizar a informação obtida por estes exames complementares de diagnóstico (Faria at al, 2008). 22 Os princípais exames complementares empregados no diagnóstico do leiomioma uterino são: 1 – Ecografia pélvica e transvaginal É o gold standard da imagiologia na avaliação inicial da paciente com miomas uterinos. É fácil de usar, é segura, tem baixo custo (comparativamente a outros exames de imagem) e está facilmente disponível. Contudo, a sua sensibilidade é, em larga escala, operador-dependente (Faria at al, 2008). Ecograficamente, os miomas surgem tipicamente como lesões nodulares sólidas hipoecogénicas com origem na camada miometrial. Na vasta maioria dos casos, a ecografia pélvica é suficiente na identificação e no diagnóstico diferencial entre miomas uterinos e outras patologias pélvicas (Faria at al, 2008). A sensibilidade, especificidade e valor preditivo positivo do uso de sonda abdominal, em associação com a sonda endovaginal no diagnóstico de miomas uterinos ronda os 90-98% (Faria at al, 2008). 2 – Tomografia computorizada (TC) Tem um papel muito limitado no diagnóstico de miomas uterinos. Não permite o diagnóstico diferencial com segurança entre miomas uterinos e outras massas uterinas ou cervicais. O achado mais frequente é o aumento do tamanho uterino ou deformidade dos seus contornos. A presença de calcificação é o sinal mais específico, mas é encontrado em menos de 10% dos casos (Faria at al, 2008). 3 – Ressonância magnética (RMN) É o método de imagem mais fidedigno no diagnóstico, mapeamento e caracterização dos miomas uterinos, tendo-se tornado no complemento da ecografia em casos seleccionados, ultrapassando as suas limitações.Trabalhos bem conduzidos afirmam que se trata de um exame menos dependente do operador, logo, mais reprodutível30. O uso de ponderação T2 permite uma resolução de imagem necessária para detalhar a anatomia pélvica, tornando a RMN superior à TC (Faria at al, 2008). 23 Devido ao facto de ter um custo muito elevado, a realização deste exame de imagem só se justificará em casos seleccionados de massas pélvicas que suscitam dúvidas no exame ecográfico; mais de 95% dos miomas uterinos tem uma apresentação ecográfica típica, não sendo necessária mais investigação imagiológica, especialmente em mulheres assintomáticas (Faria at al, 2008). 4 – Video-histeroscopia A video-histeroscopia é recurso indispensável na investigação dos sangramentos uterinos anormais e faz o diagnóstico definitivo dos leiomiomas submucosos pela sua visualização, ou dos intramurais, pelas deformidades que causam à cavidade uterina. É importante, ainda, nos casos em que é necessário afastar outras afecções concomitantes, como pólipos, hiperplasias endometriais, adenomiose e até o carcinoma de endométrio. Em pacientes com esterilidade, permite a localização exata do tumor e avaliação do comprometimento dos óstios tubários e sua permeabilidade. (Conceição, 2010). 5 – Videolaparoscopia Não é exame de rotina e só encontra indicação nos casos de esterilidade ou quando há suspeita de outra afecção ginecológica associada, principalmente a endometriose. Não é raro o achado casual de leiomiomas em pacientes submetidas à laparoscopia para investigação de esterilidade ou de dor pélvica (Conceição, 2010). 6 – Histerossalpingografia A histerossalpingografia possui importância na investigação da infertilidade por ser capaz de revelar falhas de enchimento da cavidade endometrial, nos leiomiomas submucosos, ou deformidades uterinas, nos intramurais. Seu emprego se restringe aos casos de esterilidade associada, quando se quer avaliar a permeabilidade tubária (Conceição, 2010). 24 2.12. TRATAMENTO Mulheres com miomatose assintomática não necessitam tratamento, apenas acompanhamento e exame ginecológico de rotina (Corleta at al, 2007) O tratamento das pacientes com miomas sintomáticos deve ser individualizado, levando-se em consideração diversos factores tais como (Corleta at al, 2007): • Idade da paciente. • Presença ou não de sintomas. • Paridade e desejo de engravidar. • Volume do tumor e possível compressão de órgãos adjacentes. • Comprometimento geral, principalmente por eventual anemia. A abordagem do leiomioma uterino pode ser feita por simples expectação ou orientação de tratamento feitas desde o ponto de vista farmacológico, cirúrgico e por técnica de acesso mínimo. (Corleta at al, 2007) 2.12.1. Conduta expectante Segundo o colégio américano de ginecologia e obstetrícia (2001), em geral, os leiomiomas uterinos assintomáticos independetemente do seu tamanho. podem ser mantidos em observação e acompanhados com o exame pélvico anual. ~ 2.12.2. Tratamento farmacológico a) Anti-Inflamatórios não esteróides (AINE’s) Visam o alívio das algias pélvicas e a redução do fluxo menstrual em caso de menorragia idiopática. O seu efeito na diminuição da perda hemática associada a miomas uterinos não está confirmado. (Faria at al, 2008). 25 b) Terapêutica estroprogestativa/progestativa A terapêutica estroprogestativa combinada ou progestativa isolada tem sido usada no controlo da hemorragia anómala associada aos miomas, por indução de atrofia ou estabilização endometrial (Faria at al, 2008). Se por um lado o controlo hemorrágico pode ser conseguido, ainda que temporariamente, esta terapêutica não tem demonstrado favorecer a diminuição da dimensão dos miomas. Atendendo aos estudos limitados e contraditórios, a terapêutica estroprogestativa parece ter um efeito mínimo no crescimento dos miomas, mas a terapêutica progestativa isolada poderá ter um potencial efeito no crescimento miomatoso (Faria at al, 2008). c) DIU medicado com Progestativo Numerosos estudos comprovam a eficácia dos DIU medicados com progestativo no tratamento da menorragia. Este efeito associa-se à possibilidade de contracepção, se necessário (Faria at al, 2008). Relativamente ao efeito do DIU medicado com levonorgestrel (DIU-LNG) no crescimento dos miomas, serão necessários mais estudos (Faria at al, 2008).. Se, por um lado, os progestativos podem ter um papel no crescimento dos miomas, dependendo da influência de outros factores de crescimento36, o efeito dos DIU-LNG na dimensão dos miomas necessita de mais estudos, havendo alguns relatos sobre a eventual prevenção do seu crescimento (Faria at al, 2008). d) Moléculas com acção sobre os receptores da progesterona O Mifepristone (RU 486) é um esteróide sintético com propriedades anti-progestativa e acção competitiva sobre os receptores da progesterona. Consequentemente, têm um efeito inibitório no crescimento dos miomas, com uma redução aproximadamente de 50% do seu volume ao fim de três meses de tratamento. Pode ser usado: pré- operatoriamente (com o intuito de reduzir o tamanho dos miomas, diminuindo as complicações operatórias), no período da perimenopausa (para reduzir os miomas até à menopausa) ou em mulheres jovens que pretendam preservar a fertilidade. Os principais efeitos secundários do mifepristone são a sintomatologia vasomotora, 26 alteração das enzimas hepáticas e hiperplasia endometrial, podendo esta limitar o seu uso a longo prazo (Faria at al, 2008). O asoprisnil, como modulador selectivo dos receptores da progesterona, parece eficaz na redução do volume dos miomas e redução da hemorragia uterina através da supressão da angiogénese a nível endometrial e sem efeito nos níveis de estrogénios. Actualmente encontra-se em fase de ensaio clínico (Faria at al, 2008). e) Agonistas da GnRH (Gonadotropin-releasing hormone) Os agonistas da GnRH (GnRH-a) induzemuma diminuição dos níveis de estrogénios e progesterona pseudomenopáusico, sendo esta a base que fundamenta a diminuição do volume dos miomas, enquanto tumores hormono-dependentes. Shaw e colaboradores, em 1997, sugeriram uma redução de 77% do volume uterino após 3 meses de tratamento. No entanto, a suspensão do tratamento resulta num rápido crescimento dos miomas e útero até uma dimensão semelhante nos 4 a 6 meses seguintes. Induz ainda um estado de amenorreia, que é particularmente útil na reversão dos casos de anemia ferropénica induzida pela menorragia, minimizando a necessidade de transfusão sanguínea (Faria at al, 2008). O seu uso pré-operatório, durante 3 a 4 meses, visa estabilizar hemodinamicamente a doente, reduzir o volume uterino e dos miomas, facilitando a intervenção cirúrgica, minimizando as perdas de sangue intra-operatórias e reduzindo os tempos de internamento. A utilização de GnRH-a pré-operatoriamente poderá evitar a incisão abdominal mediana ou permitir a conversão de uma histerectomia abdominal em histerectomia vaginal (Faria at al, 2008). As principais desvantagens dos GnRH-a são os efeitos secundários, que impossibilitam o seu uso a longo prazo: sintomas de hipoestrogenismo, algias pélvicas por necrose dos miomas, diminuição da densidade mineral óssea e distúrbios no perfil lipídico. O tratamento a longo prazo (superior a 6 meses) não é, portanto, recomendado. Recentemente tem-se proposto que, com a combinação de agonistas da GnRH e baixas dosagens de hormonas esteróides (estroprogestativo ou tibolona) , se poderá estender a duração do tratamento com os agonistas e minimizar as sequelas adversas do hipoestrogenismo crónico, nomeadamente prevenir a perda de massa 27 óssea. No entanto, esta associação poderá diminuir a eficácia terapêutica, em termos de redução do volume dos miomas (Faria at al, 2008). f) Antagonistas da GnRH O uso de antagonistas da GnRH tem por base a supressão endógena imediata da GnRH, sem elevação prévia inicial, donde resulta uma diminuição rápida do volume uterino ou de miomas (Faria at al, 2008). Num estudo de pequena dimensão, Flierman e colaboradores administraram diariamente um antagonista da GnRH (ganirelix), donde resultou numa rápida diminuição dos volumes dos miomas e uterino, com uma redução média máxima de 43% do volume após 19 dias de tratamento1. Contudo, os inconvenientes causados pelo hipoestrogenismo e a necessidade de administração diária levam estes autores a sugerir que, no futuro, os antagonistas GnRH de longa duração de acção poderão tornar-se o tratamento médico de eleição, previamente à cirurgia (Faria at al, 2008). 2.12.3. Tratamento Cirúrgico a) Miomectomia É uma opção, quando cirurgicamente exequível, para as mulheres que pretendem preservar o seu útero. Contudo, é necessário serem consciencializadas de que pode vir a ser necessária uma re-intervenção por recidiva dos sintomas e dos nódulos de mioma. A taxa de recorrência, 5 anos após miomectomia, poderá atingir os 62%. Relata-se uma diminuição das menorragias em 80% das mulheres, mas um risco de recorrência de 25-51%, com 10% dos casos a necessitarem de re-intervenção. Este facto, descrito como “recorrência”, poderá resultar da persistência de miomas não removidos completamente durante a cirurgia ou do desenvolvimento de novos miomas (Faria at al, 2008). Não há evidências que comprovem que a miomectomia profiláctica diminua as complicações gestacionais em mulheres com miomas, podendo até inviabilizar gravidezes futuras, pela formação de aderências. Neste caso, a cirurgia só está indicada quando a infertilidade foi comprovada (Faria at al, 2008). 28 A abordagem pode ser histeroscópica ou abdominal (laparoscópica ou clássica). O trabalho de Vavala e colaboradores, em 1997, evidenciou que o tratamento com GnRH-a, após a miomectomia, pode reduzir o seu crescimento ``de novo´´ (Faria at al, 2008). b) Histerectomia É o único tratamento definitivo para mulheres com miomas uterinos sintomáticos que não respondem ao tratamento conservador, mas com a desvantagem de comprometer definitivamente a fertilidade e de ser uma intervenção cirúrgica major, com todos os riscos que lhe são inerentes (Faria at al, 2008). A abordagem deve ser individualizada, podendo a via ser vaginal ou abdominal (laparotomia ou laparoscopia) ou, ainda, uma combinação das duas abordagens, a histerectomia vaginal assistida por laparoscopia (LAVH). Se a histerectomia vaginal for tecnicamente exequível, não há benefício em realizar uma histerectomia laparoscópica; comparando a LAVH com a histerectomia abdominal, a primeira técnica oferece a vantagem de ser uma intervenção menos invasiva, sem se verificar um aumento dos riscos (Faria at al, 2008). No caso de uma forte suspeita de leiomiosarcoma, a histerectomia é, habituamente, o tratamento de eleição. Classicamente considerava-se que um aumento rápido do volume uterino seria uma indicação para histerectomia pela forte suspeita de malignização. Vários estudos realizados na última década afirmam que esta indicação é infundada. Parker e colaboradores, em 1994, concluiram que apenas 1 em 371 mulheres com aumento rápido do tamanho uterino tinham sarcoma uterino (Faria at al, 2008). 29 2.12.4. Terapêutica minimamente invasiva - Embolização das Artérias Uterinas (EAU) Este método surgiu recentemente como opção de tratamento conservador, com bons resultados. Foi pela primeira vez utilizado em França, em 1991, como terapêutica inicial em miomas uterinos sintomáticos (Faria at al, 2008). Em Portugal, a 24 de Junho de 2004, efectua-se com êxito a primeira embolização das artérias uterinas numa paciente de 32 anos, anteriormente submetida a 2 miomectomias sem resolução do quadro de menorragias (Faria at al, 2008). A EAU consiste na introdução de partículas ou polímeros de polivinil-álcool ou microsferas de polímero de tris-acril com esponja de gelatina em ambas as artérias uterinas após a cateterização de uma ou ambas as artérias femorais. Este procedimento visa produzir alterações isquémicas nos miomas, pela diminuição do fluxo arterial, sem causar lesão permanente no restante útero. Globalmente, trata-se de uma técnica minimamente invasiva, preserva o útero e requer internamento hospitalar mais curto que a abordagem cirúrgica clássica (histerectomia ou miomectomia) e com complicações major raras. Contudo, parece haver um maior número de complicações minor após a alta hospitalar, com maior necessidade de consultas pós-tratamento e maior taxa de re-internamento, o que nos alerta para a necessidade de realização de mais estudos que testem a sua eficácia e perfil de segurança (Faria at al, 2008). As indicações para EAU não estão claramente definidas, no entanto são, actualmente, critérios de exclusão para o uso desta técnica: o desejo de engravidar (que pode tornar-se impossível pela amenorreia e insuficiência ovárica transitória ou permanente pós-EAU), infecção genito-urinária, DIP aguda, neoplasia genital maligna, alergia ao contraste iodado, coagulopatia, vasculite, insuficiência renal e mioma pediculado subseroso ou submucoso (Faria at al, 2008). 30 2.12.5. Futuras perspectivas terapêuticas Outras abordagens terapêuticas são de prever num futuro próximo, como sejam novos antagonistas da GnRH, inibidores da aromatase, progestativos e anti-progestativos, oclusão das artérias uterinas via transvaginal não incisional, técnicas de miólise laparoscópica ou percutânea guiadas por RMN, ablação térmica laparoscópica por radiofrequência dos miomas uterinos e oclusão laparoscópica dos vasos uterinos, numa tentativa de tornar o tratamento desta patologia progressivamente menos invasivo. Tem sido demonstrado que certos factores de crescimento têm um papel relevante na patofisiologia dos miomas uterinos e que, provavelmente,a inibição da sua acção poderá ser a base do tratamento futuro (Faria at al, 2008). 31 3. OBJECTIVOS 3.1. Geral Descrever a frequência e perfil das mulheres internadas com leiomioma uterino no serviço de ginecologia da maternidade Lucrécia Paim, durante o ano de 2019 3.2. Específicos Determinar a frequência das pacientes em estudo; Descrever a evolução do número de casos interrnados com leiomioma uterino nos últimos cinco anos caracterizar o perfil sociodemográfico e obstétrico das pacientes em estudo; Identificar os factores de riscos, manifestações clínicas apresentadas pelas pacientes; Descrever o número de paciente com diagnostico histológico confirmado de leiomioma uterino; Identificar a conduta terapêutica efectuada para o leiomioma uterino nas pacientes em estudo. 32 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1. Tipo de estudo: Foi realizado um estudo observacional descritivo retrolectivo 4.2. Local de estudo: O estudo foi realizado no serviço de ginecologia da MLP, um estabelecimento público de nível terciário, localizado na província de Luanda. Integrado no Serviço Nacional de Saúde para a prestação de assistência hospitalar materno-infantil diferenciada. O concelho directivo é constituido por vários órgãos dentre os quais a Direcção geral, Direcção de enfermagem, Administração, Direcção pedagógico e científico e Direcção Clínica. A Direcção clínica é composta pelos Serviços de Urgência, Serviços de Ambulatórios, Unidade de Técnicas Especiais, Serviços de Apoio ao Diagnóstico e Terapêutica e Serviços de internamento. O serviço de internamento é composto por: Ginecologia, Puerpério Fisiológico, Patologia Obstétrica, Puerpério Patológico, UTI/Neonatologia, Cirúrgia Obstétrica, Neonatologia, UTI 1, UTI 2 e Cuidados intermediários (Decreto presidencial nº 247/14 de 10 de Setembro de 2014). 4.3. Universo: Foi constituído por 362 processos de pacientes internadas com leiomioma no referido serviço durante o período contemplado para o estudo, independentemente da data do diagnóstico. 4.4. Amostra e amostragem: Foi feita uma seleção de 200 processos pelo método probabilístico aleatório simples utilizando a técnica de lotaria. Fez-se a numeração dos 362 processos que constituiram o universo. Colocou-se os respectivos número dos processos em pedaços de papel que foram em seguida inseridos em uma caixa. Pela técnica da lotaria retirou- se aleatóriamente 250 papeis cada contendo numeração correspondente a um processo clínico. Destes 250 processos seleccionados foram excluídos 50 processos clínicos, restanto 200 processos que ficou considerado a amostra. 33 4.5. Critérios de Inclusão: Foram incluídos no estudo todos os processos de pacientes internadas no serviço de ginecologia da MLP com o diagnostico de leiomioma uterino durante o prazo contemplado para o estudo. 4.6. Critérios de Exclusão: Foram excluídos do estudo cinquenta (50) processos clínicos por apresentarem-se mal preenchidos, com déficet de informação e diferente diagnóstico final. 4.7. Variáveis utilizadas: - Sociodemográficas: Idade, Nível acadêmico, Residência - Obstétricas: Número de partos, número de gestações, número de abortos - Variável do perfil clínico: Factores de riscos, manifestações clínicas, diagnóstico histológico, conduta terapêutica. 4.8. Recolha de dados: Os dados foram colhidos por intermédio de um formulário eletrónico com perguntas fechadas e abertas desenvolvido no Epi-Info ™ versão 7.2.3.1, um software informático desenvolvido pelo centro de controle e prevenção de doenças (CDC). O Epi-Info ™ é um software utilizado para recolha, processamento e análise de dados estatísticos principalmente em estudos epidemiológicos. 4.9. Processamento, análise dos dados e apresentação dos resultados: Os dados foram processados em uma base de dados utilizando o software do programa Epi-Info ™ versão 7.2.3.1. A análise foi feita utilizando procedimentos da estatística descritiva nomeadamente a frequência absoluta simples, frequência relactiva simples e a média através do programa Epi-info. A apresentação dos resultados fez-se por intermédio de textos, tabelas e gráficos elaborados no software dos programas Epi-Info e Excel. No fim o resultadio foi projetado e apresentado através do Microsoft Power Point 2016 em ambiente Windows 10. 34 4.10. Definições operacionais Variável Tipo de variável Definição da variável Escala Idade Quantitativa discreta Referencia em anos completos da paciente encontrado no processo clinico Intervalar (Faixa etária) Nível acadêmico Qualitativa Grau acadêmico frequentado pela paciente. Ordinal (Nenhum, Básico, Médio e Superior) Residência Qualitativa Local onde a pessoa vive Nominal (Por Municípios) Nº de gestações Quantitativa discreta Nº de vezes a mulher engravidou Intervalar Nº de partos Quantitativa discreta Nº de vezes que a mulher teve parto Intervalar Nº de aborto Quantitativa discreta Perda do produto da concepção sem sinais de vida independe da idade gestacional Intervalar Frequência do leiomioma uterino Quantitativa discreta Número de mulheres observadas com leiomioma no local de estudo e no tempo contemplado para o estudo Numérica Nominal 35 factor de risco Qualitativa Factores ligados ao surgimento e/ou desenvolvimento do leiomioma (Raça Obesidade Idade Nuliparidade Uso de ACO História Familiar HTA Menarca precoce) Manifestações clínicas Qualitativa Sinais e sintomas relatado e observados na paciente durante admissão Nominal (Hemorragia uterina anormal Infertilidade Desconforto/ Dor abdominal Aborto de repetição Aumento do volume do abdômen. Nenhum Outro) Diagnostico feito através da análise microscópica de um Nominal 36 4.11. Considerações éticas Foi enviada uma carta acompanhada de duas cópias do protocolo de investigação científica à direcção do hospital da MLP para a solicitação de rcolha de dados. A identidade das doentes foi mantida em anonimato e os resultados seram utilizados exclusivamente para fins didáticos. 4.12. Limitação do estudo As princípais limitações durante o estudo foram: - Dificuldade na localização dos processos clínicos e acesso as informações por mau organização e consevação inadequada; - Preenchimento incompleto dos processos clínicos - Dificuldade na compreenção da letra dos médicos; - Falta de clareza do exame histológico pelo médico patologista; Diagnóstico histológico Qualitativa pedaço de tecido do útero retirado através da biópsia. (Fez, Não fez) Conduta tomada Qualitativa Todo procedimento adotado para aliviar os sintomas ou promover cura do leiomioma, quer seja médico ou cirúrgico Nominal (Médica, Expectante) 37 5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 38 Fonte: Livro de registro estatístico da MLP Em 2019 o leiomioma uterino foi a primeira causa ginecológica de internamento no serviço de ginecologia da MLP com uma frequência de 25,71% (362). 82 142 362 125 75 39 77 62 55 29 3 270 6 15 66 1408 0 300 600 900 1200 1500DIP Tumor do ovário Mioma uterino Neoplasia do colo uterino Mola Hidatiforme Septo Vaginal Violação a menores de idade Abecesso Tubo ovárico Hemorragia vaginal disfuncional Endometrites Tumor abdominal Fístula vesico-vaginal Abcesso da mama Laceração pós coito Outras patologias Total Número de pacientes P a to lo g ia s g in e c o ló g ic a s Gráfico 1: Distribuição das patologias ginecológicas observadas no serviço de ginecologia da MLP n 39 Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP Nota-se um aumento em crescente do número de pacientes internadas com leiomioma uterino de 2015 à 2019. O menor número de casos foi de 204 pacientes em 2015 e o maior foi de 362 pacientes em 2019. 204 246 314 322 362 2015 2016 2017 2018 2019 Anos Gráfico 2: Distribuição das pacientes internadas com leiomioma uterino nos últimos 5 anos 40 Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP Observou-se maior frequência da faixa etária dos 45-49 anos com cerca de 30% (60) seguidada faixa etária dos 40-44 com frequência de 21% (42). A menor frequência foi das pacientes com faixa etária entre os 15-19 anos correspondente a 0,5% (1). 0,5% 5% 5% 11% 14% 21% 30% 9% 5% 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 ≥55 Faixa etária Gráfico 3: Distribuição da amostra segundo a faixa etária % 41 Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP Cerca de 72 (36%) processos clínicos não tinham informações sobre o nível de escolaridade das mulheres. Dentre os processos que tinham preenchidos os respectivos níveis de escolaridade, o nível mais frequente identificado foi o ensino básico com uma frequência de 27% (55) e o menor foi o das mulheres que não frequantaram a escola, tendo estas uma frequência de 5% (9), seguida do nível superior cuja frequência foi de 11% (22). 27% 36% 21% 5% 11% Gráfico 4: Distribuição da amostra quanto ao nível de escolaridade Básico Não identificado Médio Nenhum Superior 42 Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP Em relacção a distribuição da amostra segundo o número de gestações a maior frequência observada foi da mulhes com gestação entre os 4-6 correspondente a 38% (76) seguida daquelas com número gestação compreendida entre os 1-3 com frequência de 35% (70). A menor frequência foi das mulheres com número de gestação superior a 10 na qual a frequência foi de 4% (7%). 15% 35% 38% 8,5% 4% 0 1 - 3 4 - 6 7 - 9 ≥10 Número de gestações Gráfico 5: Distribuição da amostra segundo o número de gestação % 43 Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP Em relacção a distribuição por número de partos a maior frequência observada foi das pacientes com número de parto compreendido entre 1-3 cuja frequência observada foi de 43,5% (87) e a menor frequência foi a das mulheres com umnúmero de partos igual ou maior que 10, tendo se vericado uma frequência de 1% (2). 19,5% 43,5% 31% 5% 1% 0 1 - 3 4 - 6 7 - 9 ≥ 10 Número de partos Gráfico 6: Distribuição da amostra segundo o número de partos % 44 Tabela 1: Distribuição da amostra segundo a faixa etária e a paridade Nº de partos Faixa etária 15- 19 20- 24 25- 29 30- 34 35- 39 40- 44 45- 49 50- 54 ≥55 n % 0 1 5 9 6 8 5 4 1 0 39 19,5% 1-3 0 3 1 13 13 19 31 7 0 87 43,5% 4-6 0 1 0 3 7 16 21 9 5 62 31,5% 7-9 0 0 0 0 0 2 4 1 3 10 5% ≥10 0 0 0 0 0 0 0 0 2 2 1% Total 1 9 10 22 28 42 60 18 10 200 100% Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP Das 39 (19,5%) pacientes nulíparas a maioria encontram-se na faixa etária dos 25-29 (9) e 35-39 anos de idade (8). Em relação a aquelas que possuem mais de dez (10) partos, todas possuem idade maior ou igual a 55 anos (2). 45 Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP Nas mulheres estudadas o principal factor de risco identificado foi a raça negra com uma frequência de 100% (200), seguido da idade que se verificou em 142 pacientes (71%). O menor factor de risco identificado foi a obesidade com uma frequência de 1,5% (3). 142 sem informação 5 30 200 3 57 31 0 50 100 150 200 Idade História familiar Menarca Precoce Uso de ACo Raça Obesidade Hipertensão Arterial Nuliparidade Gráfico 7: Distribuição da amostra segundo os factores de riscos factores de riscos 46 Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP Outros: Anemia (53), Lombalgia (8), cefaleia (3), tontura (2), retenção urinária (1). A principal manifestação clínica relactada pelas pacientes foi a hemorragia uterina anormal com frequência de 78% (156) seguido do desconforto/dor abdominal com frequência de 43% (86). A menor manifestação clínica relactada foi a infertilidade, que se verificou em apenas 3,5% (7) das pacientes. 7 25 71 156 7 86 27 0 50 100 150 200 Nenhum Aumento do volume do abdomen Outros Hemorragia Uterina anormal infertilidade Desconforto/Dor abdominal Aborto de repetição Gráfico 8: Distribuição da amostra segundo as princípais queixas apresentadas Manifestacões… 47 Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP Dentre as pacientes em estudo apenas 54 (27%) tinham realizado o exame histológico e 146 (73%) não realizaram o exame histológico. 54 146 27,00% 73,00% 0 30 60 90 120 150 180 Sim Não N º d e p a c ie n te s Diagnóstico histológico Gráfico 9: Distribuição da amostra quanto a realização do exame histológico Frequência Percentagem 48 Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP A princípal conduta terapêutica para o leiomioma foi a cirúrgica com uma frequência de 55% (110) seguida da conduta expectante onde a frequência foi de 44,5% (89). A frequência de pacientes submetida a tratamento médico foi de apenas 0,5% (1) num total de 200 pacientes. 110 89 155% 44,5% 0,5% 0 20 40 60 80 100 120 Cirúrgica Expectante Médica N º d e p a c ie n te s Conduta terapêutica Gráfico 10: Distribuição da amostra quanto a conduta terapêutica efectuada n % 49 Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP Nas pacientes submetidas a conduta terapêutica cirúrgica, o princípal tipo de tratamento foi a histerectomia com uma frequência de 83,64% (92), sendo que as restantes 18 pacientes (16,36%) foram submetidas a miomectomia. 92 18 83,64% 16,36% 0 20 40 60 80 100 Histerectomia Miomectomia N º d e p a c ie n te s Tipo de Cirurgia efectuada Gráfico 11: Distribuição da amostra quanto ao tipo de tratamento cirúrgico efectuado n % 50 Tabela 2: Distribuição da amostra segundo o número de partos e o tipo de tratamento cirúrgico efectuado. Nº de partos Tipo de tratamento cirúrgico efectuado Miomectomia Histerectomia n % 0 13 8 21 19,1% 1-3 4 41 45 40,9% 4-6 1 35 36 32,7% 7-9 0 7 7 6,4% ≥10 0 1 1 0,9% Total 18 92 110 100% Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP Quanto a distribuição da amostra por paridade e o tipo de tratamento cirúrgico das mulheres nulíparas que foram submetidas a cirurgia (21 pacientes) a princípal conduta foi a miomectomia com uma frequência de 61,9% (13) e a menor foi histerectomia com frequência de 38,1% (8). Nas mulheres com 1-3 partos cerca de 91,1% (41) foram submetidas a histerectomia. 51 6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Em 2019 o leiomioma uterino foi a primeira causa ginecológica de internamento no serviço de ginecologia da MLP com frequência de 25,71%. Este resultado corrobora com um estudo similar feito no mesmo local em 2016, que demostrou que o leiomioma uterino foi neste ano a patologia ginecológica mais frequente nas pacientes internadasno serviço de ginecologia durante o referido ano (Tchissueca, 2016). Em outro estudo feito no ambulatório ginecológico de um hospital universitário no Brazil em mulheres cuja-a média de idade foi de 45 anos, os diagnósticos mais comuns foram o climatério (17,0%) e miomatose uterina (16,7%) (Lodi at al, 2017- 2018). Em relacção ao número de pacientes internadas com leiomioma uterino nos últimos cinco (5) anos (2015 a 2019), o gráfico 2 demostra que houve uma evolução em crescente de casos de leiomioma uterino durante o período, com o menor número de casos observados em 2015 (204 casos) e o maior em 2019 (362 casos) e tendência crescente nos próximos anos. Este aumento na frequência das pacientes observadas com leiomioma uterino ao longo dos últimos cinco (5) anos pode ser justifcado por factores como maior adesão das utentes à consulta de ginecologia, melhora na capacidade diagnóstica dos profissionais graças a difusão da ecografia, aumento nos factores de risco como a nuliparidade e/ou tendência a baixa paridade fruto da diminuição da disponibilidade das mulheres para a procriação e adesão aos métodos contraceptivos. Estes dados corroboram com estudo feito em 2012 sobre a frequência do leiomioma uterino em consultas externas da MLP que demostra um aumento na frequência das mulheres com essa patologia nas consultas de 2008 a 2010 e uma redução da frequência apenas em 2011 (Cangombe, 2012). A média de idade identificada foi de 41 anos. Na distribuição da amostra por faixas etárias, a faixa etária de maior frequencia foi a dos 45-49 anos com cerca de 30% seguida da faixa etária dos 40-44 anos (21%). A menor faixa etária obervada foi das mulheres com idade compreendida entre os 15-19 anos de idade (0,5%). Em um 52 estudo realizado recentemente no Brazil sobre perfil epidemiológico das internações por leiomioma no estado de Sergipe de 2014-2017 observou-se quase os mesmos resultados em relação a faixa etária de maior frequência que foi das mulheres com idade compreendida os 40-49 anos, representando 57,7% dos casos, seguida da faixa entre 30 a 39 anos com 25,2% (Santos at al, 2017). Estes resultados são compatíveis com a maior parte da bibliografia consultada que afirma haver maior incidência do leiomioma uterino entre a terceira e quarta década de vida diminuindo consideravelmente após a menopausa, facto que é justificado pela diminuição fisiológica da concentração de estrogênio e progesterona que se verifica nesta etapa de vida da mulher (Hoffman, 2014), (SILVEIRA, 2008), (Conceição, 2010) (SILVEIRA, 2008), (Federação Brazileira das sociedades de Ginecologia e Obstetrícia, 2004), (K. L. Boclin, 2013), (Joana Faria, 2008), (Sociedade Portuguesa de Ginecologia, 2017). Em relacção ao nível acadêmico o mais frequente obervado foi o nível básico (27%) e o menor foi o das mulheres que alegaram não possuirem nenhum nível acadêmico por não terem frequentado a escola (5%) seguida daqueles que frequentam ou frequentaram o ensino superior (11%). Este achado pode ser justificado pelas prováveis dificuldades que muitas dessas mulheres tiveram para o acesso ao ensino durante o seu crescimento fruto de escassez de escolas nas suas localidades, dificuldades económicas, ideologias sociais e culturais, etc. Quanto a distribuição da amostra por número de gestações o grupo mais representativo foi daquelas com historial de 4-6 gestações (38%) seguida das mulheres com historial de 1-3 gestações (35%). A menor frequência foi das pacientes com mais de 10 gestações anteriores na qual a frequência foi de 4%. A média do número de gestações nas mulheres estudadas foi de 3. Estes dados são encontrados em quase toda a bibliografia consultada que afirma haver maior probabilidade de surgimento de leiomioma nas mulheres com baixa paridade particularmente as nuligestas e/ou nulíparas (Hoffman, 2014), (Conceição, 2010), (Quessongo, Estudo da Frequencia de mioma uterino nas consultas de ginecologia na Maternidade Lucrecia Paim em 2012, 2013), (Santos at al, 2017). 53 A média de paridade identificada foi de 2 . Quanto a distribuição das mulheres por número de partos anteriores, o grupo de maior frequência foi das mulheres com 2-3 partos com frequência de 43,5%. A menor frequência foi das pacientes com mais de dez (10) partos anteriores (1%) e cerca de 19,5% das paciente eram nulíparas (P0). Este resultado é encontrado em todas as bíbliografias consultadas que apontam a nuliparidade como um dos principais factores de riscos para o surgimento do leiomioma uterino (Silva, 2012-2013), (K. L. Boclin, 2013), (Quessongo,2013). Dentre as pacientes com um historial de 1 a 4 partos que foram as mais frequentes quanto a distribuição das mulheres por número de partos (87) a faixa etária mais predominante nestas mulheres foi a faixa dos 45-49 com frequência de 35,6% (31). Nas nulíparas (39) a maioria encontrava-se na faixa etária dos 25-29 anos (31,03). A ausencia ou baixa paridade nestas idade pressupõe maior risco de surgimento do leiomioma e ao mesmo tempo do surgimento precoce dos sintomas em função da maior exposição ao estrogênio que é um dos princípais promotores envolvido no crescimento e desenvolvimento do deste tumor. A justificativa parte do facto de haver nas nuliparas e naquelas mulheres com baixa paridade maior exposição ao estrogênio fruto do contínuo cíclo menstrual normal, uma vez que o estrogênio é considerado o principal promotor do crescimento do leiomioma por aumentarem a taxa de mitoses das células que constituem o nódulo favorecendo o aumento do número de células e consequentemente o aumento no tamanho do leiomioma. Neste caso a maior exposição estrogénica pressupõe um aumento rápido e significativo do leiomioma levando com isso a maior probabilidade de aparecimento dos sintomas (Hoffman, 2014), (SILVEIRA, 2008), (Conceição, 2010). Os principais factores de riscos identificado foram a raça negra (100%), idade (71%), hipertensão arterial (28,5%), nuliparidade (15,5%) e o uso de contraceptivo hormonal (15%). Estes dados corroboram com estudos similares feitos na MLP no ano de 2012, 2013 e 2016 em que foi identificado os mesmo factores de risco nomeadamente a idade dos 35-45 anos, HTA, raça negra e nuliparidade (Quessongo, 2013), (Cangombe, 2012), (Tchissueca, 2016). 54 Um estudo análítico prospectivo sobre factores predisponentes do leiomioma uterino identificou que o uso prolongado e inadequado dos métodos contraceptivos hormonais bem como o aumento de peso são factores de riscos importantes para o desenvolvimento do leiomioma uterino (Cedeño e Coello, 2019). Apesar de ser conhecido que o leiomioma uterino possui um padrão heredo-familiar, durante a recolha de dados não foi encontrado nos processos clínicos das pacientes em estudo qualquer informação sobre a história familiar quanto ao leiomioma uterino. A obtenção desta informação é de grande utilidade para que se tenha uma nocção de existência ou não de história de leiomioma uterino na fmília. A principal manifestação clínica identificada foi a hemorragia (78%) seguido do desconforto/dor abdominal (43%) e anemia (26,5)%. Este achado corrobora com quase toda a bibliografia consultada que refere a hemorragia uterina anormal e a dor ou desconforto abdominal como manifestações clínicas mais frequentes em pacientes com leiomioma uterino (Quessongo, 2013), (Tchissueca, 2016), (Cangombe, 2012). Quanto a realização do diagnóstico histológico apenas 27% tinham realizado o exame histológico e 73% não realizaram o exame histológico. Em um estudo epidemiológico de biópsias em pacientes atendidas no ambulatório de patologia de um hospital universitário no Brazil o principal diagnóstico anatomopatológico foi o pólipo endometrial com frequência de 42,1% enquanto que o leiomioma uterino teve uma frequência de 4,4% (Frassetto, 2004). A realização do
Compartilhar