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Perfil das pacientes com mioma uterino na Materidade Lucrécia Pain no ano de 2019. Angola

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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO 
FACULDADE DE MEDICINA 
DEPARTAMENTO DE ENSINO E INVESTIGAÇÃO DE GINECOLOGIA 
E OBSTETRÍCIA 
 
 
 
 
FREQUÊNCIA E PERFIL DAS MULHERES INTERNADAS COM LEIOMIOMA UTERINO NO 
SERVIÇO DE GINECOLOGIA DA MATERNIDADE LUCRÉCIA PAIM, NO ANO DE 2019 
 
 
 
 
Autor: 
João Domingos Tito 
 
 
 
 
 
Luanda, Outubro de 2020 
 
 
UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO 
FACULDADE DE MEDICINA 
DEPARTAMENTO DE ENSINO E INVESTIGAÇÃO DE GINECOLOGIA 
E OBSTETRÍCIA 
 
 
 
TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE 
LICENCIATURA EM MEDICINA 
 
 
FREQUÊNCIA E PERFIL DAS MULHERES INTERNADAS COM LEIOMIOMA UTERINO NO 
SERVIÇO DE GINECOLOGIA DA MATERNIDADE LUCRÉCIA PAIM, NO ANO DE 2019 
 
 
 
Autor: João Domingos Tito, estudante do 6º ano da Faculdade de Medicina da Universidade 
Agostinho Neto 
 
 
Orientadora: Lígia Nazaré de Sousa Carvalho Alves, Médica, Esp. em Ginecologia e 
Obstetrícia, professora auxiliar da FMUAN, Mestre em Educação Médica e Doutoranda em 
Ciências Biomédicas 
 
Luanda, Outubro de 2020 
 
 
DEDICATÓRIA 
Dedico este trabalho ao meu pai João Tito Cota que foi uma das pessoas que muito 
apoiou e motivou-me na conquista do tão almejado sonho de um dia tornar-se médico. 
A mãe Marcela Joaquim João que foi muitas vezes testemunha das noites perdidas ao 
lado do computador ou do livro na busca do conhecimento. 
A minha princesa Dádiva Marciane António Tito 
Aos meus irmãos e demais familiares 
A minha segunda mãe Isabel Francisco João que a sua alma descanse em paz. 
Aos meus futuros pacientes que são a razão do meu amor pela Medicina 
 
João Domingios Tito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Primeiramente começo por agradecer a Deus pela saúde e por estar comigo em todos 
os momentos da minha vida 
Aos meus pais João Tito Cota e Bernarda Domingos Andrade por me darem a vida 
A excelentíssima Dra. Lígia Alvés, pelas orientações dadas durante a elaboração desta 
obra 
Ao meu homólogo e companheiro Santland de Lemos, pela inigualável ajuda durante 
a elaboração desta obra, foste pra mim um verdadeiro co-orientador 
Ao meu colega e amigo Dr. Aldair Dinis pelo apoio e paciência que teve comigo não 
só a quando da elaboração desta obra mas ao longo de todo o meu percurso nos 6 
anos enquanto estudante da Faculdade de Medicina, espero continuar a contar contigo 
O meu agradecimento vai ainda ao meu professor e amigo, o Biólogo Vladmir Cahali 
Chitumba pelos sábios conselhos e ensinamentos que certamente irei levar por toda 
à vida 
Aos nossos mestres da Faculdade de medicina que certamente servem como grande 
fonte de inspiração pela sua paciência, dedicação e profissionalismo 
Aos meus colegas de turma dá época 2014-2019 particularmente o Alberto Cólua, 
Catutu Alexandre, Silvano Zua, Lombo Quifica, Isabel Dias, Joana Kuimba, Inês 
António, José Júnior e outros que não foram cá citados, por serem a verdadeira família 
dentro da FMUAN 
Ao Dr. Andreas Matos pelos valiosos conselhos, motivação e amizade. 
 A todo aquele que directa ou indirectamente contribuiu para a minha formação como 
médico 
 
O meu muito obrigado. 
João Domingos Tito 
 
 
 
RESUMO 
Introdução: Os leiomiomas são neoplasias benignas da musculatura lisa do útero e 
considerado o tumor mais comum do trato genital feminino, desenvolvendo sintomas 
em apenas 30% das pacientes acometidas. Objectivo: Descrever a frequência e perfil 
das mulheres internadas com leiomioma uterino no serviço de ginecologia da 
maternidade Lucrécia Paim, durante o ano de 2019. Metodologia: Fez-se um estudo 
observacional descritivo retrolectivo em 200 mulheres internadas no serviço de 
ginecologia da MLP.Resultados: Em 2019 o leiomioma uterino foi a primeira causa 
ginecológica de internamento no serviço de ginecologia da MLP com uma frequência 
de 25,71%. A faixa etária mais frequente foi a dos 45-49 anos (30%). O ciclo básico 
( 27%) foi o nível acadêmico mais frequentado. Quanto a paridade, a maioria tinha de 
4-6 gestações (38%) e 1-3 partos (43,5%). Os princípais factores de risco foram raça 
negra (100%), idade (71%), hipertensão arterial (28,5%), nuliparidade (15,5%) e o uso 
de contraceptivo hormonal (15%). As princípais queixas foram hemorragia uterina 
anormal (78%) e o desconforto/dor abdominal (43%). A penas 27% das mulheres 
tiveram diagnóstico histológico. A princípal conduta terapêutica foi a cirúrgica (55%), 
sendo 83,64% histerectomia e 16,36% miomectomia. Conclusão: A frequência de 
pacientes internadas com leiomioma uterino no serviço de ginecologia da MLP foi de 
25,71% cujo-o perfil foi idade dos 47-51 anos, raça negra, com média de 3 gestações 
anteriores e 2 partos (G3P2), com queixa de sagramento uterino arnormal, 
dor/desconforto abdominal e com princípal tipo de tratamento cirúrgico. 
Palavras chaves: Leiomioma uterino, mioma uterino, perfil, frênquencia., Angola 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
Introduction: Leiomyomas are benign neoplasms of the smooth musculature of the 
uterus and considered the most common tumor of the female genital tract, developing 
symptoms in only 30% of affected patients. Objective: To describe the frequency and 
profile of women hospitalized with uterine leiomyoma in the gynecology service of 
lucrezia Paim maternity, during 2019. Methodology: A retrospective descriptive 
observational study was conducted in 200 women hospitalized in the gynecology 
service of the MLP. Results: In 2019 uterine leiomyoma was the first gynecological 
cause of hospitalization in the gynecology service of the MLP with a frequency of 
25.71%. The most frequent age group was 45-49 years (30%). The basic cycle ( 27%) 
was the most frequented academic level. Regarding parity, the majority had 4-6 
pregnancies (38%) and 1-3 deliveries (43.5%). The main risk factors were black race 
(100%), age (71%), hypertension (28.5%), nulliparity (15.5%) and the use of hormonal 
contraceptives (15%). The main complaints were abnormal uterine hemorrhage (78%) 
and abdominal discomfort/pain (43%). The sentences of 27% of the women had a 
histological diagnosis. The main therapeutic approach was surgical (55%), 83.64% 
hysterectomy and 16.36% myomectomy. Conclusion: The frequency of patients 
hospitalized with uterine leiomyoma in the gynecology service of the MLP was 25.71% 
whose profile was age of 47-51 years, black race, with a mean of 3 previous 
pregnancies and 2 deliveries (G3P2), complaining of arnormal uterine bleeding, 
abdominal pain/discomfort and with a pre-type of surgical treatment. 
Keywords: Uterine leiomyoma, uterine fibroid, profile, frequency, Angola. 
 
 
 
 
 
 
 
ABREVIATURAS 
 
AINE´S - Anti-inflamatóriosnão esteróide 
Aco – Anticonceptivo hormonal 
EAU – Embolização da Artéria Uterina 
DIU – Dispositivo intra-uterino 
DIU-Lang – Dispositivo Intra-Uterino medicado com Levonogestrel 
DIP – Doença inflamatória pélvica 
LAVH – Histerectomia Assistida por Laparoscopia 
MLP- Maternidade Lucrécia Paim 
RMN – Ressonância Magnética Nuclear 
SPOGE – Status pós operatório por gravidez ectópica 
TC – Tomografia Computarizada 
UTI – Unidade de Tratatamento Intensivo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1: Distribuição das patologias ginecológicas observadas no serviço de 
ginecologia da MLP……………………………………………………………………........38 
Gráfico 2: Distribuição das pacientes internadas com leiomioma uterino no serviço de 
ginecologia durante os últimos 5 anos……………………………………………………39 
Gráfico 3: Distribuição da amostra segundo a faixa etária………………………………40 
Gráfico 4: Distribuição da amostra quanto ao nível de escolaridade…………….........41 
Gráfico 5: Distribuição da amostra segundo o número de gestações…………………..42 
 Gráfico 6: Distribuição da amostra segundo o número de partos……………………..43Gráfico 7: Distribuição da amostra segundo os factores de riscos……………………...45 
Gráfico 8: Distribuição da amostra segundo as queixas princípais apresentadas…….46 
Gráfico 9: Distribuição da amostra quanto a realização do exame histológico………..47 
Gráfico 10: Distribuição da amostra segundo a conduta terapêutica efectuada………48 
Gráfico 11: Distribuição da amostra segundo o tipo de tratamento cirúrgico 
efectuadodo…………………………………………………………………………………49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE DE TABELAS 
 
Tabela 1: Distribuição da amostra segundo a faixa etária e a paridade.......................44 
Tabela 2: Distribuição da amostra segundo ao número de partos e o tipo de tratamento 
cirúrgico efectuado……………………………………………………………………….. ..50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE DE FIGURAS 
Figura 1: Corte sagital da pelve mostrando orgãos intrapélvicos e relação com outros 
órgãos………………………………………………………………………………………….8 
Figura 2: órgãos internos do aparelho reprodutor femenino……………………………11 
Figura 3: Vascularizão arterial do útero……………………………………………………12 
Figura 4: Classificação e localização do leiomioma uterino……………………………..17 
 
 
 
 1 
ÍNDICE GERAL 
DEDICATÓRIA ........................................................................................................ iii 
AGRADECIMENTOS .............................................................................................. iv 
RESUMO................................................................................................................. v 
ABSTRACT ............................................................................................................. vi 
ABREVIATURAS .................................................................................................... vii 
LISTA DE GRÁFICOS ........................................................................................... viii 
LISTA DE TABELAS ............................................................................................... ix 
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... x 
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 3 
1.1. Justificativa ....................................................................................................... 5 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 6 
2.1. Anatomia do útero ............................................................................................ 7 
2.2. Ligamentos do útero ......................................................................................... 8 
2.3. Estrutura do útero ........................................................................................... 10 
2.4. Vascularização e inervação ............................................................................ 12 
2.5. Etiopatogenia ................................................................................................. 14 
2.6. Caracterização anatomo-patológica do leiomioma uterino ............................. 15 
2.7. Processos degenerativos do leiomioma uterino ............................................. 15 
2.8. Classificação do leiomioma uterino ................................................................ 17 
2.9. Factores de riscos .......................................................................................... 18 
2.10. Quadro clínico .............................................................................................. 19 
2.11. Diagnóstico ................................................................................................... 21 
2.12. Tratamento ................................................................................................... 24 
 
 2 
3. OBJECTIVOS .................................................................................................... 31 
3.1. Geral............................................................................................................... 31 
3.2. Específicos ..................................................................................................... 31 
4. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................. 32 
4.1.Tipo de estudo ................................................................................................. 32 
4.2.Local de estudo ............................................................................................... 32 
4.3. Universo ......................................................................................................... 32 
4.4. Amostragem e Amostra .................................................................................. 32 
4.5. Critérios de inclusão ...................................................................................... 33 
4.6.Critérios de exclusão ....................................................................................... 33 
4.7.Variáveis utilizadas .......................................................................................... 33 
4.8.Recolha dos dados .......................................................................................... 33 
4.9.Processamento, análise dos dados e apresentação dos resultados ............... 33 
4.10.Definições operacionais ................................................................................ 34 
4.11.Considerações éticas .................................................................................... 36 
4.12. Limitação do estudo ..................................................................................... 36 
5. CONCLUSÕES ................................................................................................. 57 
6. RECOMENDAÇÕES ......................................................................................... 58 
7. BIBLIOGRÁFIA ................................................................................................. 59 
8. APÊNDICE – A .................................................................................................. 62 
Formulário ............................................................................................................. 62 
2. CRONOGRAMA ................................................................................................ 64 
TABELAS DE APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS .......................................... 64 
 
 
 3 
1. INTRODUÇÃO 
Os leiomiomas uterinos são os tumores pélvicos mais comuns do trato genital 
feminino. (Hoffman, 2014). São neoplasias benignas da musculatura lisa do útero 
(Hoffman, 2014). Em geral são referidos como miomas uterinos e por apresentarem 
um conteúdo considerável de colágeno, o que lhe confere consistência fibrosa, são 
erroneamente denominados fibroma (Hoffman, 2014). O termo fibroma foi introduzido 
por Karl Von Rokitansky em 1860 e em seguida modificado por Virchow para 
leiomioma devido ao facto de as células do tumor derivarem da musculatura lisa 
(Czarnabay, 2014). 
A maior parte da literatura mundial cita uma incidência de 20 a 25%, sendo que em 
estudos usando exames histológicos ou ultrassonográfico a incidência chegou a atingir 
70 a 80% (Hoffman, 2014), apresentado sintomas apenas 30% das mulheres acima 
de 30 anos (Czarnabay, 2014). 
O consenso nacional português sobre o mioma uterino afirma que a verdadeira 
incidência do mioma é até agora desconhecida dado que muitas mulheres são 
assintomáticas (Sociedade Portuguesa de Ginecologia, 2017). Estima-se, entretanto, 
que a sua incidência varie entre 5 e 80% dependendo da idade e da raça (Sociedade 
Portuguesa de Ginecologia, 2017). com uma prevalência de 20-40% nas mulheres em 
idade reprodutiva e de 70-80% aos 50 anos (Sociedade Portuguesa de Ginecologia, 
2017). São a quinta causa mais frequentede internamento hospitalar por causa 
ginecológica não relacionada com a gravidez, em mulheres dos 15 – 44 anos (Joana 
Faria, 2008). 
Nos estados unidos estudos demográficos relatam frequência de 3 à 9 vezes maior 
em mulheres de raça negra em relação a raça branca, demostrando também maior 
frequência em mulheres com antecedentes familiares de leiomioma uterino. (Hoffman, 
2014). 
No Brasil estudo feito sobre a prevalência do leiomioma nas gestantes atendidas em 
uma unidade de saúde de um centro periférico revelou existir uma prevalência de 
2,5%. (Mariana at al, 2019). 
 
 4 
Em um estudo feito sobre prevalência do leiomioma uterino em 226 gestantes 
atendidas em dois (2) hospitais regionais de Limbe e Buea em camarões foi observado 
uma prevalência de 16,7% (Egbe at al, 2018). 
Um estudo feito em 2015 na população nigériana sobre prevalência do leiomioma 
uterino utilizando exames ultrasonográficos em que foram avaliadas 2.575 pacientes 
verificou-se uma prevalência de 6,83% (Ukwenya at al, 2015). 
Estudo feito em Kinshasa, capital do da República democrática do Congo verificou-se 
uma frequência de 21,18%, sendo que a faixa etária mais frequente foi a dos 35-44 
anos, a maioria com o ensino superior (54,6%) e com princípais queixas de 
hemorragia (33,2%) e dor no baixo ventre (32,6%) (Ingala P at al, 2017). 
Outro estudo em África, na maternidade do centro hospital do Souro Sanou (Burkina 
Faso) sobre todas histerectomias realizadas num período de dois anos (1995-1996) 
mostrou que leiomioma uterino representaou nesta data a segunda causa de indicação 
de histerectomias correspondendo a 25,53% do total de casos (como citado em 
Quessongo, 2013 pag. 10). 
Em Angola um estudo feito na Maternidade Lucrécia Paim no periódo de 2009 a 2010 
permitiu vericar que o leiomioma uterino foi neste periódo a patologia ginecológica 
mais frequente com uma frequência de 42%, sendo 97% dasmulheres pertencente a 
raça negra e com queixa princípal de sangramento utrerino anormal (Diogo, Janeiro 
de 2009 a Dezembro de 2010). 
 Em estudo feito na mesmo local sobre a frequência do leiomioma uterino de 2009-
2012 demostrou-se um aumento do número de casos em cada ano cuja-a maior 
frequência obervada foi de 37,3% correspondente ao ano de 2012 (Quessongo, 2013). 
Já no estudo feito em 2015 no serviço de ginecologia da MLP o leiomioma uterino foi 
neste ano a patologia ginecológica mais frequênte com uma frequência de 40,1%. 
(Tchissueca, 2016). 
 
 
 
 5 
 
1.1. Justificativa 
 
O leiomioma uterino é o tumor pélvico mais frequênte do trato genital feminino. Apesar 
de ser um tumor bastante estudado os seus mecanismos etiopatogênicos bem como 
a sua real prevalência não são completamente conhecidos visto que grande parte das 
doentes acometidas são assintomáticas. Pelo aumento do número de casos que se 
verifica nos nossos hospitais, pelo grande impacto que causa na fertilidade feminina e 
por ser causa frequente de histerectomias em mulheres em idade reprodutiva, um 
estudo sobre frequência e perfil das mulheres com leiomioma uterino em nosso 
território faz-se necessário pois permite conhecer melhor essas mulheres e assim 
garantir uma assistência mais adequada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
 7 
2.1. ANATOMIA DO ÚTERO 
É um órgão único, de paredes espessas e contráteis, e normalmente está situado na 
parte anterior da cavidade pélvica. (Conceição, 2010) 
 Tem dimensões variáveis de acordo com a idade e gravidez. Na nulipara o útero 
apresenta 6 a 7 cm de comprimento, 4cm de largura no corpo, 2 cm no colo e 
espessura de 2,5 a 3 cm. Na multípara mede 7 a 8 cm de comprimento, 5 cm de largura 
no corpo e 3 cm de espessura (Bernardes, 2017). 
Quando vista de frente tem o formato de uma pêra invertida, achatada no sentido 
antero-posterior. Sua porção superiror é denominada corpo e sua porção inferior é 
denominada cérvix ou colo uterino, que é constituida por duas porções: a porsão 
supra vaginal e infra-avaginal. (Conceição, 2010) 
O ístmo, porção inferior do corpo do útero, é a área onde o útero apresenta as 
menores dimensões, enquanto o fundo corresponde à porção do corpo situada acima 
de um plano que passe ao nível das implantações das tubas uterinas. (Conceição, 
2010) 
Em condições normais o útero encontra-se na posição ante-vertida e ante-flectida. 
(Conceição, 2010). 
Possui um peso de 40 a 60 gramas na nulípara e 60 a 80 gramas na multípara 
(Bernardes, 2017). 
Quanto a relação com outros órgãos, o útero encontra-se a 2-2,5 cm atrás da sínfise 
púbica, enquanto que o orifício exterior do colo está situado 3 cm à frente do cócix. 
Podemos considerar duas regiões topográficas distintas, supravaginal, intra-
abdominal (inclui o corpo, isto e porção supravaginal docolo), visível por via 
endovaginal (Bernardes, 2017). 
 
 
 
 
 8 
Figura 1: Corte sagital da pelve mostrando orgãos intrapélvicos e relação com outros 
órgãos. 
 
Fonte: Atlas de anatomia humana 6ª Edição 
 
 
2.2. LIGAMENTOS DO ÚTERO 
um conjunto de ligamentos que impedem que o útero sofra grandes deslocamentos na 
cavidade pélvica. Estes ligamentos são divididos de acordo com a sua função em: 
ligamentos de fixação e ligamentos de sustentação (suspensão). (Conceição, 2010) e 
(Faria at al, 2008). 
São ligamentos de fixação o ligamento redondo do útero e o ligamento largo do útero. 
a) Ligamento redondo do útero: É um ligamento fibromuscular, com cerca de 10 a 12 
cm de comprimento, parte do ângulo súpero-lateral do útero. É o ligamento que 
limita os deslocamentos posteriores do útero, sendo, portanto, importante na 
manutenção da posição de anteversão. (Conceição, 2010) 
 
 
 9 
b) Ligamento largo do útero: É constituída peloperotôneo visceral. Nele, transitam os 
vasos e nervos que se destinam às tubas uterinas. Devido a esta fixação parietal 
osmovimentos de rotação do útero ficam limitados e contribuem na manutenção 
das tubas uterinas e dos ovários em uma posição elevada em relação ao assoalho 
pélvico. (Conceição, 2010) 
c) Ligamentos de Sustentação: Os ligamentos desustentação são espessamentos 
do tecido conjuntivo subperitoneal que, partindo do cérvix uterino, o fixam à 
circunferência lateral do soalho e da estrutura óssea da pélve. (Conceição, 2010) 
 
Os ligamentos de sustenção são: ligamento cardinal (ligamento de Mackemrodt) ou 
paramétrio, ligamento útero-sacro e ligamento pubouterino (Conceição, 2010). 
a) Ligamento cardinal (ligamento de Mackemrodt) ou paramétrio: é o mais importante 
na função de suspensão do útero por ser o mais largo e volumoso. Estende-se da 
superfície lateral da cérvix uterina para terminar espraiando- se na fáscia superior do 
diafragma pélvico. (Conceição, 2010) 
b) Ligamento útero-sacro: estende-se da região posterior do cérvix uterino e da parte 
superior da vagina até a face ântero-lateral do sacro no nível das vértebras S2, 
S3 e S4 após passarem lateralmente ao reto. Estes ligamentos elevam o peritônio da 
região, formando as pregas reto-uterinas. Estas pregas limitam, superiormente, 
a escavação reto-uterina (fundo de saco de Douglas) (Conceição, 2010). 
c) Ligamento pubouterino: são ligamentos mais delicados, que fixam a porção anterior 
do cérvix uterino à face posterior do púbis. Em seu trajeto infravesical apresenta 
aderências à bexiga, auxiliando no sua sustentação (Conceição, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 10 
2.3. ESTRUTURA DO ÚTERO 
Na arquitetura do útero identificam-se três camadas que, da cavidade pélvica para a 
sua, são: túnica serosa (perimétrio), túnica muscular (miométrio) e túnica mucosa 
(endométrio) (Hoffman, 2014). 
Túnica Serosa (Perimétrio) - O perimétrio corresponde ao peritônio visceral que 
reveste grande parte do útero (Hoffman, 2014) 
Túnica Muscular (Miométrio) - A camada muscular apresenta espessura que varia 
de 10 a 15 mm e é composta porfibras musculares lisas dispostas em fascículos, 
separados por fibras colágenas. O miométrio é ricamente irrigado por ramos das 
artérias uterinas, as artérias arqueadas, que se dirigem à porção média do útero. Delas 
partem as artérias radiais, atravessando o miométrio em direção à cavidade uterina 
para originar, no endométrio, as arteríolas retas e espiraladas (Hoffman, 2014) 
Túnica Mucosa (Endométrio) - É a camada que reveste internamente a cavidade do 
útero, em íntimo contato com o miométrio, seu aspecto morfológico varia com o 
estímulo hormonal. Na pré-puberdade e na pós-menopausa encontra-se fino e 
atrofiado e no menacme apresenta-se desenvolvido, sofrendo modificações cíclicas 
que caracterizam o ciclo menstrual, condicionadas pela ação dos hormônios 
ovarianos. (Hoffman, 2014) 
Durante o ciclo menstrual, o endométrio apresenta três fases distintas: proliferativa, 
secretora e menstrual. (Hoffman, 2014) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
Figura 2: órgãos internos do aparelho reprodutor femenino 
Fonte: Atlas de anatomia humana Sobotta 21ª Edição Vol. 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 12 
2.4. VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO 
2.4.1.Vascularização arterial 
O útero é vascularizado princípalmente pelas artérias uterinas e acesoriamente pelas 
artérias ováricas e do ligamento redondo (Bernardes, 2017). 
 
Figura 3: Vascularizão arterial do útero 
 
Fonte:Atlas de anatomia humana Sobotta 21ª Edição 
 
2.4.2.Drenagem venosa 
 De cada lado do útero há um plexo venoso muito rico, o plexo úterovaginal, que 
acompanha a artéria uterina e que comunica posteriormente com as veias rectais e 
anteriormente com o plexo vesical. O plexo drena tabém pela pudenda interna para a 
ilíaca interna. Acessóriamente drena pelas veias ováricas externas para aovárica e 
pelas veias do ligamento redondo para a veia epigátrica inferior. A ovárica direita drena 
 
 13 
directamente para a veia cava inferior, enquanto que a esquerda drena para a veia 
renal esquerda. 
2.4.3. Drenagem linfática 
A drenagem linfática faz-se para um plexo periuterino subperitoneal, localizado 
princípalmente nos bordos laterais e parede posterior do útero. A parte superior do 
corpo drena para os gânglios latero aórticos homolaterais princípalmente e 
acessoriamente para os gânglios inguinais superficiais através dos ligamentos 
redondos; a parte inferior do corpo drena para os gâglios externos;o colo drena para 
os gâglios ilíacos externos e internos (Bernardes, 2017) . 
2.4.4. Inervação 
A inervação é meramente vegetativa e feita princípalmente pelos nervos utero-
vaginais. Os aferente simpáticos destes plexos sãos os nervos intermesentéricos, os 
esplânicos lombares e os nervos esplânicos sagrados. O útero recebe tabém ramos 
simpáticos do plexo ovárico que caminhampara o ligamento suspensor do ovário. A 
inervação parassinpática é proveniente dos nervos esplâncnicos pévicos que 
nascemdas raízes dos 2º, 3º e 4º nervos sagrados (SILVEIRA, 2008). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14 
 
2.5. ETIOPATOGENIA 
É neoplasia de origem muscular, embora se acredite que possa originar-se não de 
células musculares já existentes, mas de ninhos de células embrionárias do 
mesoderma, que mantém o potencial de gerar os tecidos do sistema genital. (Hoffman, 
2014) e (Conceição, 2010). 
Dentre os fatores passíveis de influenciar o aparecimento e crescimento tumorais, 
sobressai o estímulo estrogênico, do hormônio de crescimento e da progesterona. 
(Hoffman, 2014) e (Faria at al, 2008). 
A influência estrogênica evidencia-se, clinicamente, pelo seu aparecimento no 
menacme, crescimento durante a gestação ou com estrogenioterapia exógena, e 
diminuição ou parada de crescimento após a menopausa, além da associação a outras 
síndromes hiperestrogênicas como adenomiose, endometriose, hiperplasias 
endometriais etc. (Hoffman, 2014) 
Bioquimicamente, é possível observar maiores concentrações de receptores 
estrogênicos nos leiomiomas do que as encontradas no miométrio normal. 
O hormônio de crescimento, assim como o lactogênio placentário, tem ação sinérgica 
com o estrogênio, podendo todos serem responsáveis pelo aumento dos leiomiomas 
durante a gestação. (Hoffman, 2014) 
O papel da progesterona nos leiomiomas não está claro e, na verdade, tanto efeitos 
estimulantes quanto inibidores são relatados. (william). 
Cada leiomioma é derivado de um único miócito progenitor.Assim, cada tumor dentro 
de um útero com múltiplos tumores apresenta origem citogenética independente 
(Hoffman, 2014). 
 
 
 
 
 15 
 
2.6. CARACTERIZAÇÃO ANATOMO-PATOLÓGICA DO LEIOMIOMA UTERINO 
Macroscopicamente, têm aparência nodular, com consistência e cor que variam 
segundo a proporção de tecido conjuntivo e muscular; predominando o primeiro, são 
duros e brancacentos; quando predomina o tecido muscular tornam-se mais 
amolecidos com coloração rósea. A consistência e cor podem-se alterar, ainda, em 
função de diversos processos degenerativos. (Conceição, 2010) 
Os leiomiomas encontram-se autonomamente isolados do miométrio ao seu redor por 
uma camada tecidual fina, conectiva externa. Esse plano de clivagem é clinicamente 
importante por permitir que os leiomiomas sejam facilmente “separados” do útero 
durante a cirurgia. (Faria at al, 2008) e (Hoffman, 2014). 
Histologicamente, os leiomiomas contêm células alongadas de músculo liso 
agregadas em feixes, sem atipias, necrose ou mitoses, e ainda por uma quantidade 
variável de colagénio e vasos sanguíneos. A atividade mitótica é rara, no leiomioma 
constitui ponto-chave na diferenciação com o leiomiossarcoma (Faria at al, 2008) e 
(Hoffman, 2014). 
 
2.7. PROCESSOS DEGENERATIVOS DO LEIOMIOMA UTERINO 
A aparência característica dos leiomiomas pode ser alterada quando o tecido muscular 
normal é substituído por várias substâncias degenerativas após hemorragia e necrose. 
Esse processo é coletivamente chamado de degeneração, e as substâncias 
substitutivas determinam a denominação desses tipos degenerativos. Dentre as 
possíveis formas estão hialina, calcificada, cística, mixoide, carnosa ou vermelha e 
gordurosa. (Conceição, 2010), (Faria at al, 2008) e (Hoffman, 2014). 
 Hialina: é a mais comum, tornando o tumor amolecido. (Conceição, 2010), (Faria 
at al, 2008) e (Hoffman, 2014). 
 Cística: resultante da liquefação de áreas previamente hialinizadas, com formação 
de coleções líquidas. (Conceição, 2010), (Faria at al, 2008) e (Hoffman, 2014). 
 
 16 
 Mucóide: apresentando cistos preenchidos com material gelatinoso 
 Carnosa, vermelha ou rubra: é a mais comum durantea gestação, resultando de 
deficiências da drenagem venosa. É mais freqüente nos leiomiomas intramurais. 
 Gordurosa: menos freqüente, nela pode-se observar a presença de lípides no 
interior da célula muscular. Segundo Parsons e Sommers, precede a necrose e a 
calcificação. (Conceição, 2010), (Faria at al, 2008) e (Hoffman, 2014). 
 Necrose: resultante da interrupção do fluxo sangüíneo, pode acometer qualquer 
tipo de leiomioma. Os pediculados, entretanto, são mais vulneráveis à necrose, 
principalmente se houver torção do pedículo. (Conceição, 2010), (Faria at al, 2008) 
e (Hoffman, 2014). 
 Calcificação: resulta da deposição de cálcio em áreas do tumor nas quais o 
suprimento sangüíneo é deficiente, como ocorre nos leiomiomas que sofreram 
degeneração gordurosa ou necrose e em mulheres na pós-menopausa. 
(Conceição, 2010), (Faria at al, 2008) e (Hoffman, 2014). 
 Sarcomatosa: é condição extremamente rara, estimando-se sua incidência em 
torno de 0,1% a 1% dos leiomiomas. É discutível se o leiomiossarcoma originou-se 
do leiomioma ou já se iniciou como uma neoplasia maligna. É mais comum em 
mulheres idosas e apresentam crescimento rápido com evolução agressiva 
Tais alterações no aspecto macroscópico são reconhecidas como variantes normais 
pela maioria dos cirurgiões e patologistas. Necrose e degeneração desenvolvem-secom frequência nos leiomiomas em razão do suprimento limitado de sangue dentro 
desses tumores. (Conceição, 2010), (Faria at al, 2008) e (Hoffman, 2014). 
Em comparação com o miométrio normal ao seu redor, os leiomiomas apresentam 
menor densidade arterial. Além disso, a falta de organização vascular intrínseca deixa 
alguns tumores vulneráveis à hipoperfusão e à isquemia (Hoffman, 2014). 
 
 
 
 
 
 17 
2.8. CLASSIFICAÇÃO DO LEIOMIOMA UTERINO 
Dois fatores são mais comumente empregados para classificá-los: 
1. A porção do útero onde se encontram, que permite dividi-los em corporais (98% dos 
casos), ístmicos e cervicais. (Conceição, 2010). 
2. A posição relativa às camadas uterinas, que os classifica em subserosos (abaixo da 
serosa uterina), intramurais ou intersticiais (na intimidade do miométrio) e submucosos 
(em íntima relação com o endométrio) (Conceição, 2010). 
Ainda com relação à localização, podem ser intraligamentares quando crescem entre 
os folhetos do ligamento largo e se revestem de importância pela íntima relação 
anatômica com os ureteres e possibilidade de compressão do trato urinário 
(Conceição, 2010) 
 
Figura 4: Classificação e localização do leiomioma uterino. 
Fonte: Hoffman at al 2014 pag. 250 
 
 18 
Os leiomiomas pediculados são um tipo especial podendo originar-se dos submucosos 
ou dos subserosos. Os submucosos com crescimento exagerado do pedículo podem 
ser expulsos pelo canal cervical, e são chamados de miomas paridos (Conceição, 
2010). 
Os leiomiomas parasíticos são variantes subserosas que se prendem às estruturas 
pélvicas próximas, a partir das quais recebem suporte vascular, podendo ou não se 
soltar do miométrio progenitor (Hoffman, 2014). 
 
2.9. FACTORES DE RISCOS 
Apesar da sua etiopatogénese ser ainda um tema de debate, foram já identificados 
vários factores predisponentes: 
Idade 
A incidência aumenta com a idade até cerca dos 50 anos. Entre os 25 e 30 anos a 
incidência aproximada é de 0,31/1000 mulheres-ano. Entre os 45 e 50 anos a 
incidência aumenta 20 vezes, para 6,2/1000 mulheres-ano. (Faria at al, 2008) 
Menarca precoce 
o início mais precoce de ciclos regulares poderá aumentar o número de divisões 
celulares sofridas pelo miométrio durante a idade reprodutiva, resultando numa maior 
probabilidade de mutações genéticas responsáveis pela proliferação miometrial. (Faria 
at al, 2008) 
Raça negra 
Estudos demostram que em relacção a raça, os leiomiomas uterinos são 2-3 vezes 
mais frequentes, ocorrem mais precocemente, são mais numerosos e sintomáticos na 
raça negra. Apesar de não se saber ainda o que está na base desta prevalência 
aumentada na raça negra versus raça caucasiana, alguns estudos mostram 
diferenças, quer nos níveis de estrogénios circulantes nas duas raças, quer no 
metabolismo dos estrogénios (Faria at al, 2008). 
 
 19 
Nuliparidade 
O risco de leiomioma uterino diminui 20-50% em mulheres que apresentam um nado 
vivo, continuando a diminuir com o aumento do número de nados vivos. Uma 
explicação frequentemente citada aponta para a redução da exposição a estrogénios 
não contrabalançada, durante a gravidez, enquanto que a nuliparidade poderá 
associar-se a ciclos anovulatórios caracterizados por longos períodos de 
hiperestrogenismo relativo. (Faria at al, 2008). 
Obesidade 
Embora seja ainda controverso, mulheres com o IMC (índice de massa corporal) 
aumentado parecem ter 2-3 vezes maior incidência de miomas (Faria at al, 2008). 
Contracepção hormonal 
Há uma boa evidência epidemiológica que, ao contrário do que se pensava 
anteriormente, sugere que a administração de estro-progestativo oral também se 
associe a uma menor incidência de miomas uterinos (Faria at al, 2008). 
 
2.10. QUADRO CLÍNICO 
A maioria das mulheres com leiomiomas é assintomática. Entretanto, as pacientes 
sintomáticas costumam se queixar de sangramento, dor, sensação de pressão ou 
infertilidade. Em geral, quanto maior o leiomioma, maior a probabilidade de sintomas. 
Embora a maioria dos sintomas seja crônica, a dor aguda pode acompanhar um 
leiomioma degenerativo ou o prolapso do tumor pelo útero. O sofrimento agudo 
também pode acompanhar complicações raras como torção de um leiomioma 
subseroso pedunculado, retenção urinária aguda, tromboembolismo de veia profunda 
ou hemorragia intraperitoneal. (Hoffman, 2014). 
Alterações menstruais: é o sintoma mais comum, e a hipermenorréia é o distúrbio 
mais característico. Entretanto, outras alterações podem ocorrer, principalmente em 
leiomiomas degenerados ou se houver associação com outras doenças do 
endométrio. Assim, é possível a queixa de polimenorréia, metrorragias ou perdas 
 
 20 
sangüíneas contínuas. Apontam-se como mecanismos da hemorragia o aumento da 
superfície endometrial sangrante, a deficiência das fibras musculares para se 
contraírem e, o mais importante, alterações vasculares com conseqüente compressão 
e congestão venosa no miométrio e endométrio (Conceição, 2010). 
Dor: a isquemia é a responsável pela dor oriunda do próprio tumor. Todavia, a dor 
decorre, mais freqüentemente, de compressão de estruturas vizinhas, apresentando-
se como peso no baixo ventre com irradiação para região lombar e membros inferiores, 
sintomas urinários e intestinais: Pode manifestar-se, também, como dispareunia 
decorrente da congestão pélvica. A infecção e rotura do tumor também podem 
provocar dor aguda (Conceição, 2010). 
Aumento do volume abdominal: presente nos leiomiomas volumosos, não limitados 
à pelve. Não é raro presenciar tumores que atingem o mesogástrio, dando ao abdome 
aspecto gravídico. Reveste-se de importância o aumento súbito do volume dos 
leiomiomas, assim como a mudança brusca de consistência ou forma, principalmente 
em mulheres na pós-menopausa, pois faz suspeitar de degeneração sarcomatosa. 
Como queixa isolada, entretanto, o aumento de volume abdominal tem-se tornado 
menos freqüente com a prática de exames periódicos e emprego rotineiro de ultra-
sonografia (Conceição, 2010). 
Distúrbios urinários: nos leiomiomas volumosos ou naqueles localizados no istmo 
uterino ou nos intraligamentares, podem ocorrer compressão vesical e/ou ureteral, 
levando à polaciúria, à incontinência urinária, à hidronefrose e à infecções urinárias 
Distúrbios intestinais: havendo compressão do reto podem ocorrer constipação, fezes 
em fita e hemorróidas (Conceição, 2010). 
Infertilidade: apontam-se vários mecanismos pelos quais os leiomiomas podem 
impedir a concepção ou provocar a interrupção da gravidez. Tumores submucosos 
atuando como dispositivos intra-uterinos, alterações vasculares impedindo a nidação, 
oclusão dos óstios tubários nos tumores fúndicos e impossibilidade de distensão 
uterina nos leiomiomas volumosos ou nos múltiplos (Conceição, 2010). 
 
 21 
2.11. DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico do leiomioma pode ser feito pela clínica do paciente ou através de 
exames complementares (Conceição, 2010), (Faria at al, 2008) e (Hoffman, 2014). 
O diagnóstico clínico é feito pela anamnese (investigando os sintomas) e pelo toque 
vaginal bimanual. Através da anamnese e do exame clínico cuidadoso é possível 
realizar o diagnóstico na maior parte dos casos. No entanto, qualquer tumor pélvico 
pode ser confundido com um leiomioma uterino, daí a necessidade de se recorrer a 
exames complementares para confirmação do diagnóstico clínico (Faria at al, 2008). 
O diagnóstico definitivo é obtido por exame anátomo-patológico (Faria at al, 2008). 
 
Exames complementares 
Anteriormente, a principal via de abordagem no tratamento dos miomas uterinos era 
cirúrgica: a histerectomia ou miomectomia (Faria at al, 2008). 
Com o desenvolvimento de novas armas terapêuticas menos invasivas e mais 
adaptadas às necessidades da mulher, assiste-se à necessidade de definir com 
exactidão as características, localização e mapeamento dos leiomiomas. Para atingir 
este objectivo, é necessário recorrera exames de imagem, que possam, com maior 
acuidade, distinguir as lesões potencialmente malignas das benignas. Conhecer as 
alterações anatómicas induzidas por esta patologia é, cada vez mais, um pressuposto 
essencial, de modo a optimizar a informação obtida por estes exames complementares 
de diagnóstico (Faria at al, 2008). 
 
 
 
 
 
 
 22 
Os princípais exames complementares empregados no diagnóstico do leiomioma 
uterino são: 
1 – Ecografia pélvica e transvaginal 
É o gold standard da imagiologia na avaliação inicial da paciente com miomas uterinos. 
É fácil de usar, é segura, tem baixo custo (comparativamente a outros exames de 
imagem) e está facilmente disponível. Contudo, a sua sensibilidade é, em larga escala, 
operador-dependente (Faria at al, 2008). 
Ecograficamente, os miomas surgem tipicamente como lesões nodulares sólidas 
hipoecogénicas com origem na camada miometrial. Na vasta maioria dos casos, a 
ecografia pélvica é suficiente na identificação e no diagnóstico diferencial entre 
miomas uterinos e outras patologias pélvicas (Faria at al, 2008). 
A sensibilidade, especificidade e valor preditivo positivo do uso de sonda abdominal, 
em associação com a sonda endovaginal no diagnóstico de miomas uterinos ronda os 
90-98% (Faria at al, 2008). 
2 – Tomografia computorizada (TC) 
Tem um papel muito limitado no diagnóstico de miomas uterinos. Não permite o 
diagnóstico diferencial com segurança entre miomas uterinos e outras massas uterinas 
ou cervicais. O achado mais frequente é o aumento do tamanho uterino ou 
deformidade dos seus contornos. A presença de calcificação é o sinal mais específico, 
mas é encontrado em menos de 10% dos casos (Faria at al, 2008). 
3 – Ressonância magnética (RMN) 
É o método de imagem mais fidedigno no diagnóstico, mapeamento e caracterização 
dos miomas uterinos, tendo-se tornado no complemento da ecografia em casos 
seleccionados, ultrapassando as suas limitações.Trabalhos bem conduzidos afirmam 
que se trata de um exame menos dependente do operador, logo, mais reprodutível30. 
O uso de ponderação T2 permite uma resolução de imagem necessária para detalhar 
a anatomia pélvica, tornando a RMN superior à TC (Faria at al, 2008). 
 
 23 
Devido ao facto de ter um custo muito elevado, a realização deste exame de imagem 
só se justificará em casos seleccionados de massas pélvicas que suscitam dúvidas no 
exame ecográfico; mais de 95% dos miomas uterinos tem uma apresentação 
ecográfica típica, não sendo necessária mais investigação imagiológica, 
especialmente em mulheres assintomáticas (Faria at al, 2008). 
 
4 – Video-histeroscopia 
A video-histeroscopia é recurso indispensável na investigação dos sangramentos 
uterinos anormais e faz o diagnóstico definitivo dos leiomiomas submucosos pela sua 
visualização, ou dos intramurais, pelas deformidades que causam à cavidade uterina. 
É importante, ainda, nos casos em que é necessário afastar outras afecções 
concomitantes, como pólipos, hiperplasias endometriais, adenomiose e até o 
carcinoma de endométrio. Em pacientes com esterilidade, permite a localização exata 
do tumor e avaliação do comprometimento dos óstios tubários e sua permeabilidade. 
(Conceição, 2010). 
5 – Videolaparoscopia 
Não é exame de rotina e só encontra indicação nos casos de esterilidade ou quando 
há suspeita de outra afecção ginecológica associada, principalmente a endometriose. 
Não é raro o achado casual de leiomiomas em pacientes submetidas à laparoscopia 
para investigação de esterilidade ou de dor pélvica (Conceição, 2010). 
6 – Histerossalpingografia 
A histerossalpingografia possui importância na investigação da infertilidade por ser 
capaz de revelar falhas de enchimento da cavidade endometrial, nos leiomiomas 
submucosos, ou deformidades uterinas, nos intramurais. Seu emprego se restringe 
aos casos de esterilidade associada, quando se quer avaliar a permeabilidade tubária 
(Conceição, 2010). 
 
 
 
 24 
2.12. TRATAMENTO 
Mulheres com miomatose assintomática não necessitam tratamento, apenas 
acompanhamento e exame ginecológico de rotina (Corleta at al, 2007) 
O tratamento das pacientes com miomas sintomáticos deve ser individualizado, 
levando-se em consideração diversos factores tais como (Corleta at al, 2007): 
• Idade da paciente. 
• Presença ou não de sintomas. 
• Paridade e desejo de engravidar. 
• Volume do tumor e possível compressão de órgãos adjacentes. 
• Comprometimento geral, principalmente por eventual 
anemia. 
A abordagem do leiomioma uterino pode ser feita por simples expectação ou 
orientação de tratamento feitas desde o ponto de vista farmacológico, cirúrgico e por 
técnica de acesso mínimo. (Corleta at al, 2007) 
 
2.12.1. Conduta expectante 
Segundo o colégio américano de ginecologia e obstetrícia (2001), em geral, os 
leiomiomas uterinos assintomáticos independetemente do seu tamanho. podem ser 
mantidos em observação e acompanhados com o exame pélvico anual. ~ 
 
2.12.2. Tratamento farmacológico 
a) Anti-Inflamatórios não esteróides (AINE’s) 
Visam o alívio das algias pélvicas e a redução do fluxo menstrual em caso de 
menorragia idiopática. O seu efeito na diminuição da perda hemática associada a 
miomas uterinos não está confirmado. (Faria at al, 2008). 
 
 
 
 25 
b) Terapêutica estroprogestativa/progestativa 
A terapêutica estroprogestativa combinada ou progestativa isolada tem sido usada no 
controlo da hemorragia anómala associada aos miomas, por indução de atrofia ou 
estabilização endometrial (Faria at al, 2008). 
Se por um lado o controlo hemorrágico pode ser conseguido, ainda que 
temporariamente, esta terapêutica não tem demonstrado favorecer a diminuição da 
dimensão dos miomas. Atendendo aos estudos limitados e contraditórios, a 
terapêutica estroprogestativa parece ter um efeito mínimo no crescimento dos miomas, 
mas a terapêutica progestativa isolada poderá ter um potencial efeito no crescimento 
miomatoso (Faria at al, 2008). 
 
c) DIU medicado com Progestativo 
Numerosos estudos comprovam a eficácia dos DIU medicados com progestativo no 
tratamento da menorragia. Este efeito associa-se à possibilidade de contracepção, se 
necessário (Faria at al, 2008). 
Relativamente ao efeito do DIU medicado com levonorgestrel (DIU-LNG) no 
crescimento dos miomas, serão necessários mais estudos (Faria at al, 2008).. 
Se, por um lado, os progestativos podem ter um papel no crescimento dos miomas, 
dependendo da influência de outros factores de crescimento36, o efeito dos DIU-LNG 
na dimensão dos miomas necessita de mais estudos, havendo alguns relatos sobre a 
eventual prevenção do seu crescimento (Faria at al, 2008). 
 
d) Moléculas com acção sobre os receptores da progesterona 
O Mifepristone (RU 486) é um esteróide sintético com propriedades anti-progestativa 
e acção competitiva sobre os receptores da progesterona. Consequentemente, têm 
um efeito inibitório no crescimento dos miomas, com uma redução aproximadamente 
de 50% do seu volume ao fim de três meses de tratamento. Pode ser usado: pré-
operatoriamente (com o intuito de reduzir o tamanho dos miomas, diminuindo as 
complicações operatórias), no período da perimenopausa (para reduzir os miomas até 
à menopausa) ou em mulheres jovens que pretendam preservar a fertilidade. Os 
principais efeitos secundários do mifepristone são a sintomatologia vasomotora, 
 
 26 
alteração das enzimas hepáticas e hiperplasia endometrial, podendo esta limitar o seu 
uso a longo prazo (Faria at al, 2008). 
O asoprisnil, como modulador selectivo dos receptores da progesterona, parece eficaz 
na redução do volume dos miomas e redução da hemorragia uterina através da 
supressão da angiogénese a nível endometrial e sem efeito nos níveis de estrogénios. 
Actualmente encontra-se em fase de ensaio clínico (Faria at al, 2008). 
 
e) Agonistas da GnRH (Gonadotropin-releasing hormone) 
Os agonistas da GnRH (GnRH-a) induzemuma diminuição dos níveis de estrogénios 
e progesterona pseudomenopáusico, sendo esta a base que fundamenta a diminuição 
do volume dos miomas, enquanto tumores hormono-dependentes. Shaw e 
colaboradores, em 1997, sugeriram uma redução de 77% do volume uterino após 3 
meses de tratamento. No entanto, a suspensão do tratamento resulta num rápido 
crescimento dos miomas e útero até uma dimensão semelhante nos 4 a 6 meses 
seguintes. Induz ainda um estado de amenorreia, que é particularmente útil na 
reversão dos casos de anemia ferropénica induzida pela menorragia, minimizando a 
necessidade de transfusão sanguínea (Faria at al, 2008). 
O seu uso pré-operatório, durante 3 a 4 meses, visa estabilizar hemodinamicamente a 
doente, reduzir o volume uterino e dos miomas, facilitando a intervenção cirúrgica, 
minimizando as perdas de sangue intra-operatórias e reduzindo os tempos de 
internamento. A utilização de GnRH-a pré-operatoriamente poderá evitar a incisão 
abdominal mediana ou permitir a conversão de uma histerectomia abdominal em 
histerectomia vaginal (Faria at al, 2008). 
As principais desvantagens dos GnRH-a são os efeitos secundários, que 
impossibilitam o seu uso a longo prazo: sintomas de hipoestrogenismo, algias pélvicas 
por necrose dos miomas, diminuição da densidade mineral óssea e distúrbios no perfil 
lipídico. O tratamento a longo prazo (superior a 6 meses) não é, portanto, 
recomendado. Recentemente tem-se proposto que, com a combinação de agonistas 
da GnRH e baixas dosagens de hormonas esteróides (estroprogestativo ou tibolona) , 
se poderá estender a duração do tratamento com os agonistas e minimizar as sequelas 
adversas do hipoestrogenismo crónico, nomeadamente prevenir a perda de massa 
 
 27 
óssea. No entanto, esta associação poderá diminuir a eficácia terapêutica, em termos 
de redução do volume dos miomas (Faria at al, 2008). 
 
f) Antagonistas da GnRH 
O uso de antagonistas da GnRH tem por base a supressão endógena imediata da 
GnRH, sem elevação prévia inicial, donde resulta uma diminuição rápida do volume 
uterino ou de miomas (Faria at al, 2008). 
Num estudo de pequena dimensão, Flierman e colaboradores administraram 
diariamente um antagonista da GnRH (ganirelix), donde resultou numa rápida 
diminuição dos volumes dos miomas e uterino, com uma redução média máxima de 
43% do volume após 19 dias de tratamento1. Contudo, os inconvenientes causados 
pelo hipoestrogenismo e a necessidade de administração diária levam estes autores a 
sugerir que, no futuro, os antagonistas GnRH de longa duração de acção poderão 
tornar-se o tratamento médico de eleição, previamente à cirurgia (Faria at al, 2008). 
 
2.12.3. Tratamento Cirúrgico 
a) Miomectomia 
É uma opção, quando cirurgicamente exequível, para as mulheres que pretendem 
preservar o seu útero. Contudo, é necessário serem consciencializadas de que pode 
vir a ser necessária uma re-intervenção por recidiva dos sintomas e dos nódulos de 
mioma. A taxa de recorrência, 5 anos após miomectomia, poderá atingir os 62%. 
Relata-se uma diminuição das menorragias em 80% das mulheres, mas um risco de 
recorrência de 25-51%, com 10% dos casos a necessitarem de re-intervenção. Este 
facto, descrito como “recorrência”, poderá resultar da persistência de miomas não 
removidos completamente durante a cirurgia ou do desenvolvimento de novos miomas 
(Faria at al, 2008). 
Não há evidências que comprovem que a miomectomia profiláctica diminua as 
complicações gestacionais em mulheres com miomas, podendo até inviabilizar 
gravidezes futuras, pela formação de aderências. Neste caso, a cirurgia só está 
indicada quando a infertilidade foi comprovada (Faria at al, 2008). 
 
 28 
A abordagem pode ser histeroscópica ou abdominal (laparoscópica ou clássica). 
O trabalho de Vavala e colaboradores, em 1997, evidenciou que o tratamento com 
GnRH-a, após a miomectomia, pode reduzir o seu crescimento ``de novo´´ (Faria at al, 
2008). 
b) Histerectomia 
É o único tratamento definitivo para mulheres com miomas uterinos sintomáticos que 
não respondem ao tratamento conservador, mas com a desvantagem de comprometer 
definitivamente a fertilidade e de ser uma intervenção cirúrgica major, com todos os 
riscos que lhe são inerentes (Faria at al, 2008). 
A abordagem deve ser individualizada, podendo a via ser vaginal ou abdominal 
(laparotomia ou laparoscopia) ou, ainda, uma combinação das duas abordagens, a 
histerectomia vaginal assistida por laparoscopia (LAVH). Se a histerectomia vaginal for 
tecnicamente exequível, não há benefício em realizar uma histerectomia 
laparoscópica; comparando a LAVH com a histerectomia abdominal, a primeira técnica 
oferece a vantagem de ser uma intervenção menos invasiva, sem se verificar um 
aumento dos riscos (Faria at al, 2008). 
No caso de uma forte suspeita de leiomiosarcoma, a histerectomia é, habituamente, o 
tratamento de eleição. Classicamente considerava-se que um aumento rápido do 
volume uterino seria uma indicação para histerectomia pela forte suspeita de 
malignização. Vários estudos realizados na última década afirmam que esta indicação 
é infundada. Parker e colaboradores, em 1994, concluiram que apenas 1 em 371 
mulheres com aumento rápido do tamanho uterino tinham sarcoma uterino (Faria at al, 
2008). 
 
 
 
 
 
 
 
 29 
2.12.4. Terapêutica minimamente invasiva 
- Embolização das Artérias Uterinas (EAU) 
Este método surgiu recentemente como opção de tratamento conservador, com bons 
resultados. Foi pela primeira vez utilizado em França, em 1991, como terapêutica 
inicial em miomas uterinos sintomáticos (Faria at al, 2008). 
Em Portugal, a 24 de Junho de 2004, efectua-se com êxito a primeira embolização das 
artérias uterinas numa paciente de 32 anos, anteriormente submetida a 2 
miomectomias sem resolução do quadro de menorragias (Faria at al, 2008). 
A EAU consiste na introdução de partículas ou polímeros de polivinil-álcool ou 
microsferas de polímero de tris-acril com esponja de gelatina em ambas as artérias 
uterinas após a cateterização de uma ou ambas as artérias femorais. Este 
procedimento visa produzir alterações isquémicas nos miomas, pela diminuição do 
fluxo arterial, sem causar lesão permanente no restante útero. Globalmente, trata-se 
de uma técnica minimamente invasiva, preserva o útero e requer internamento 
hospitalar mais curto que a abordagem cirúrgica clássica (histerectomia ou 
miomectomia) e com complicações major raras. Contudo, parece haver um maior 
número de complicações minor após a alta hospitalar, com maior necessidade de 
consultas pós-tratamento e maior taxa de re-internamento, o que nos alerta para a 
necessidade de realização de mais estudos que testem a sua eficácia e perfil de 
segurança (Faria at al, 2008). 
As indicações para EAU não estão claramente definidas, no entanto são, actualmente, 
critérios de exclusão para o uso desta técnica: o desejo de engravidar (que pode 
tornar-se impossível pela amenorreia e insuficiência ovárica transitória ou permanente 
pós-EAU), infecção genito-urinária, DIP aguda, neoplasia genital maligna, alergia ao 
contraste iodado, coagulopatia, vasculite, insuficiência renal e mioma pediculado 
subseroso ou submucoso (Faria at al, 2008). 
 
 
 
 
 30 
2.12.5. Futuras perspectivas terapêuticas 
Outras abordagens terapêuticas são de prever num futuro próximo, como sejam novos 
antagonistas da GnRH, inibidores da aromatase, progestativos e anti-progestativos, 
oclusão das artérias uterinas via transvaginal não incisional, técnicas de miólise 
laparoscópica ou percutânea guiadas por RMN, ablação térmica laparoscópica por 
radiofrequência dos miomas uterinos e oclusão laparoscópica dos vasos uterinos, 
numa tentativa de tornar o tratamento desta patologia progressivamente menos 
invasivo. Tem sido demonstrado que certos factores de crescimento têm um papel 
relevante na patofisiologia dos miomas uterinos e que, provavelmente,a inibição da 
sua acção poderá ser a base do tratamento futuro (Faria at al, 2008). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 31 
3. OBJECTIVOS 
 
3.1. Geral 
Descrever a frequência e perfil das mulheres internadas com leiomioma uterino no 
serviço de ginecologia da maternidade Lucrécia Paim, durante o ano de 2019 
 
3.2. Específicos 
 
 Determinar a frequência das pacientes em estudo; 
 Descrever a evolução do número de casos interrnados com leiomioma uterino nos 
últimos cinco anos 
 caracterizar o perfil sociodemográfico e obstétrico das pacientes em estudo; 
 Identificar os factores de riscos, manifestações clínicas apresentadas pelas 
pacientes; 
 Descrever o número de paciente com diagnostico histológico confirmado de 
leiomioma uterino; 
 Identificar a conduta terapêutica efectuada para o leiomioma uterino nas pacientes 
em estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 32 
4. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
4.1. Tipo de estudo: 
Foi realizado um estudo observacional descritivo retrolectivo 
 
4.2. Local de estudo: 
O estudo foi realizado no serviço de ginecologia da MLP, um estabelecimento público 
de nível terciário, localizado na província de Luanda. Integrado no Serviço Nacional de 
Saúde para a prestação de assistência hospitalar materno-infantil diferenciada. O 
concelho directivo é constituido por vários órgãos dentre os quais a Direcção geral, 
Direcção de enfermagem, Administração, Direcção pedagógico e científico e Direcção 
Clínica. A Direcção clínica é composta pelos Serviços de Urgência, Serviços de 
Ambulatórios, Unidade de Técnicas Especiais, Serviços de Apoio ao Diagnóstico e 
Terapêutica e Serviços de internamento. O serviço de internamento é composto por: 
Ginecologia, Puerpério Fisiológico, Patologia Obstétrica, Puerpério Patológico, 
UTI/Neonatologia, Cirúrgia Obstétrica, Neonatologia, UTI 1, UTI 2 e Cuidados 
intermediários (Decreto presidencial nº 247/14 de 10 de Setembro de 2014). 
 
4.3. Universo: 
Foi constituído por 362 processos de pacientes internadas com leiomioma no referido 
serviço durante o período contemplado para o estudo, independentemente da data do 
diagnóstico. 
4.4. Amostra e amostragem: 
Foi feita uma seleção de 200 processos pelo método probabilístico aleatório simples 
utilizando a técnica de lotaria. Fez-se a numeração dos 362 processos que 
constituiram o universo. Colocou-se os respectivos número dos processos em pedaços 
de papel que foram em seguida inseridos em uma caixa. Pela técnica da lotaria retirou-
se aleatóriamente 250 papeis cada contendo numeração correspondente a um 
processo clínico. Destes 250 processos seleccionados foram excluídos 50 processos 
clínicos, restanto 200 processos que ficou considerado a amostra. 
 
 33 
4.5. Critérios de Inclusão: 
Foram incluídos no estudo todos os processos de pacientes internadas no serviço de 
ginecologia da MLP com o diagnostico de leiomioma uterino durante o prazo 
contemplado para o estudo. 
 
4.6. Critérios de Exclusão: 
Foram excluídos do estudo cinquenta (50) processos clínicos por apresentarem-se mal 
preenchidos, com déficet de informação e diferente diagnóstico final. 
 
4.7. Variáveis utilizadas: 
- Sociodemográficas: Idade, Nível acadêmico, Residência 
- Obstétricas: Número de partos, número de gestações, número de abortos 
- Variável do perfil clínico: Factores de riscos, manifestações clínicas, diagnóstico 
histológico, conduta terapêutica. 
 
4.8. Recolha de dados: 
Os dados foram colhidos por intermédio de um formulário eletrónico com perguntas 
fechadas e abertas desenvolvido no Epi-Info ™ versão 7.2.3.1, um software 
informático desenvolvido pelo centro de controle e prevenção de doenças (CDC). O 
Epi-Info ™ é um software utilizado para recolha, processamento e análise de dados 
estatísticos principalmente em estudos epidemiológicos. 
 
4.9. Processamento, análise dos dados e apresentação dos resultados: 
Os dados foram processados em uma base de dados utilizando o software do 
programa Epi-Info ™ versão 7.2.3.1. A análise foi feita utilizando procedimentos da 
estatística descritiva nomeadamente a frequência absoluta simples, frequência 
relactiva simples e a média através do programa Epi-info. A apresentação dos 
resultados fez-se por intermédio de textos, tabelas e gráficos elaborados no software 
dos programas Epi-Info e Excel. No fim o resultadio foi projetado e apresentado através 
do Microsoft Power Point 2016 em ambiente Windows 10. 
 
 34 
4.10. Definições operacionais 
Variável Tipo de variável Definição da variável Escala 
 
Idade 
 
Quantitativa discreta 
Referencia em anos completos 
da paciente encontrado no 
processo clinico 
 
Intervalar 
(Faixa etária) 
 
Nível 
acadêmico 
 
Qualitativa 
 
Grau acadêmico frequentado 
pela paciente. 
 
Ordinal 
(Nenhum, 
Básico, Médio 
e Superior) 
 
Residência 
 
Qualitativa 
 
Local onde a pessoa vive 
Nominal 
(Por 
Municípios) 
Nº de 
gestações 
 
Quantitativa discreta 
Nº de vezes a mulher 
engravidou 
 
Intervalar 
 
Nº de partos 
 
Quantitativa discreta 
Nº de vezes que a mulher teve 
parto 
 
Intervalar 
 
Nº de aborto 
 
 
Quantitativa discreta 
Perda do produto da concepção 
sem sinais de vida independe 
da idade gestacional 
 
Intervalar 
Frequência do 
leiomioma 
uterino 
 
 
Quantitativa discreta 
Número de mulheres 
observadas com leiomioma no 
local de estudo e no tempo 
contemplado para o estudo 
 
Numérica 
 
 
 
 
 
 
Nominal 
 
 35 
 
 
 
 
factor de risco 
 
 
 
 
Qualitativa 
 
 
 
 
Factores ligados ao surgimento 
e/ou desenvolvimento do 
leiomioma 
(Raça 
Obesidade 
Idade 
Nuliparidade 
Uso de ACO 
História 
Familiar 
HTA 
Menarca 
precoce) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manifestações 
clínicas 
 
 
 
 
 
 
 
 
Qualitativa 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sinais e sintomas relatado e 
observados na paciente durante 
admissão 
Nominal 
(Hemorragia 
uterina 
anormal 
Infertilidade 
Desconforto/ 
Dor 
abdominal 
Aborto de 
repetição 
Aumento do 
volume do 
abdômen. 
Nenhum 
Outro) 
 
 
Diagnostico feito através da 
análise microscópica de um 
 
Nominal 
 
 36 
 
4.11. Considerações éticas 
Foi enviada uma carta acompanhada de duas cópias do protocolo de investigação 
científica à direcção do hospital da MLP para a solicitação de rcolha de dados. A 
identidade das doentes foi mantida em anonimato e os resultados seram utilizados 
exclusivamente para fins didáticos. 
 
4.12. Limitação do estudo 
As princípais limitações durante o estudo foram: 
- Dificuldade na localização dos processos clínicos e acesso as informações por mau 
organização e consevação inadequada; 
- Preenchimento incompleto dos processos clínicos 
- Dificuldade na compreenção da letra dos médicos; 
- Falta de clareza do exame histológico pelo médico patologista; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diagnóstico 
histológico 
 Qualitativa pedaço de tecido do útero 
retirado através da biópsia. 
(Fez, Não fez) 
 
Conduta 
tomada 
 
 Qualitativa 
Todo procedimento adotado 
para aliviar os sintomas ou 
promover cura do leiomioma, 
quer seja médico ou cirúrgico 
Nominal 
(Médica, 
Expectante) 
 
 37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 
 
 38 
 
Fonte: Livro de registro estatístico da MLP 
 
Em 2019 o leiomioma uterino foi a primeira causa ginecológica de internamento no 
serviço de ginecologia da MLP com uma frequência de 25,71% (362). 
 
82
142
362
125
75
39
77
62
55
29
3
270
6
15
66
1408
0 300 600 900 1200 1500DIP
Tumor do ovário
Mioma uterino
Neoplasia do colo uterino
Mola Hidatiforme
Septo Vaginal
Violação a menores de idade
Abecesso Tubo ovárico
Hemorragia vaginal disfuncional
Endometrites
Tumor abdominal
Fístula vesico-vaginal
Abcesso da mama
Laceração pós coito
Outras patologias
Total
Número de pacientes
P
a
to
lo
g
ia
s
 g
in
e
c
o
ló
g
ic
a
s
Gráfico 1: Distribuição das patologias ginecológicas 
observadas no serviço de ginecologia da MLP
n
 
 39 
 
Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP 
 
Nota-se um aumento em crescente do número de pacientes internadas com leiomioma 
uterino de 2015 à 2019. O menor número de casos foi de 204 pacientes em 2015 e o 
maior foi de 362 pacientes em 2019. 
 
 
204
246
314 322
362
2015 2016 2017 2018 2019
Anos
Gráfico 2: Distribuição das pacientes internadas com 
leiomioma uterino nos últimos 5 anos
 
 40 
Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP 
 
Observou-se maior frequência da faixa etária dos 45-49 anos com cerca de 30% (60) 
seguidada faixa etária dos 40-44 com frequência de 21% (42). A menor frequência foi 
das pacientes com faixa etária entre os 15-19 anos correspondente a 0,5% (1). 
0,5%
5% 5%
11%
14%
21%
30%
9%
5%
15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 ≥55
Faixa etária
Gráfico 3: Distribuição da amostra segundo a faixa etária
%
 
 41 
 
Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP 
 
Cerca de 72 (36%) processos clínicos não tinham informações sobre o nível de 
escolaridade das mulheres. Dentre os processos que tinham preenchidos os 
respectivos níveis de escolaridade, o nível mais frequente identificado foi o ensino 
básico com uma frequência de 27% (55) e o menor foi o das mulheres que não 
frequantaram a escola, tendo estas uma frequência de 5% (9), seguida do nível 
superior cuja frequência foi de 11% (22). 
 
 
27%
36%
21%
5%
11%
Gráfico 4: Distribuição da amostra quanto ao nível de 
escolaridade
Básico Não identificado Médio Nenhum Superior
 
 42 
Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP 
 
Em relacção a distribuição da amostra segundo o número de gestações a maior 
frequência observada foi da mulhes com gestação entre os 4-6 correspondente a 38% 
(76) seguida daquelas com número gestação compreendida entre os 1-3 com 
frequência de 35% (70). A menor frequência foi das mulheres com número de gestação 
superior a 10 na qual a frequência foi de 4% (7%). 
 
 
 
 
15%
35%
38%
8,5%
4%
0 1 - 3 4 - 6 7 - 9 ≥10
Número de gestações
Gráfico 5: Distribuição da amostra segundo o número de 
gestação
%
 
 43 
 
Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP 
 
 
Em relacção a distribuição por número de partos a maior frequência observada foi das 
pacientes com número de parto compreendido entre 1-3 cuja frequência observada foi 
de 43,5% (87) e a menor frequência foi a das mulheres com umnúmero de partos igual 
ou maior que 10, tendo se vericado uma frequência de 1% (2). 
 
 
 
 
 
 
19,5%
43,5%
31%
5%
1%
0 1 - 3 4 - 6 7 - 9 ≥ 10 
Número de partos
Gráfico 6: Distribuição da amostra segundo o número de 
partos
%
 
 44 
Tabela 1: Distribuição da amostra segundo a faixa etária e a paridade 
Nº de 
partos 
Faixa etária 
15-
19 
20-
24 
25-
29 
30-
34 
35-
39 
40-
44 
45-
49 
50-
54 
≥55 n % 
 0 1 5 9 6 8 5 4 1 0 39 19,5% 
 1-3 0 3 1 13 13 19 31 7 0 87 43,5% 
 4-6 0 1 0 3 7 16 21 9 5 62 31,5% 
 7-9 0 0 0 0 0 2 4 1 3 10 5% 
≥10 0 0 0 0 0 0 0 0 2 2 1% 
Total 1 9 10 22 28 42 60 18 10 200 100% 
Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP 
 
Das 39 (19,5%) pacientes nulíparas a maioria encontram-se na faixa etária dos 25-29 
(9) e 35-39 anos de idade (8). Em relação a aquelas que possuem mais de dez (10) 
partos, todas possuem idade maior ou igual a 55 anos (2). 
 
 45 
 
Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP 
 
 Nas mulheres estudadas o principal factor de risco identificado foi a raça negra com 
uma frequência de 100% (200), seguido da idade que se verificou em 142 pacientes 
(71%). O menor factor de risco identificado foi a obesidade com uma frequência de 
1,5% (3). 
 
 
 
142
sem 
informação
5
30
200
3
57
31
0 50 100 150 200
Idade
História familiar
Menarca Precoce
Uso de ACo
Raça
Obesidade
Hipertensão
Arterial
Nuliparidade
Gráfico 7: Distribuição da amostra segundo os factores de 
riscos
factores de
riscos
 
 46 
Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP 
Outros: Anemia (53), Lombalgia (8), cefaleia (3), tontura (2), retenção urinária (1). 
 
A principal manifestação clínica relactada pelas pacientes foi a hemorragia uterina 
anormal com frequência de 78% (156) seguido do desconforto/dor abdominal com 
frequência de 43% (86). A menor manifestação clínica relactada foi a infertilidade, que 
se verificou em apenas 3,5% (7) das pacientes. 
 
7
25
71
156
7
86
27
0 50 100 150 200
Nenhum
Aumento do volume do
abdomen
Outros
Hemorragia Uterina anormal
 infertilidade
Desconforto/Dor abdominal
Aborto de repetição
Gráfico 8: Distribuição da amostra segundo as princípais 
queixas apresentadas
Manifestacões…
 
 47 
 
Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP 
 
Dentre as pacientes em estudo apenas 54 (27%) tinham realizado o exame histológico 
e 146 (73%) não realizaram o exame histológico. 
 
 
54
146
27,00% 73,00%
0
30
60
90
120
150
180
Sim Não
N
º 
d
e
 p
a
c
ie
n
te
s
Diagnóstico histológico
Gráfico 9: Distribuição da amostra quanto a realização do 
exame histológico
Frequência
Percentagem
 
 48 
Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP 
 
A princípal conduta terapêutica para o leiomioma foi a cirúrgica com uma frequência 
de 55% (110) seguida da conduta expectante onde a frequência foi de 44,5% (89). A 
frequência de pacientes submetida a tratamento médico foi de apenas 0,5% (1) num 
total de 200 pacientes. 
 
 
 
110
89
155% 44,5% 0,5%
0
20
40
60
80
100
120
Cirúrgica Expectante Médica
N
º 
d
e
 p
a
c
ie
n
te
s
 
Conduta terapêutica 
Gráfico 10: Distribuição da amostra quanto a conduta 
terapêutica efectuada
n %
 
 49 
 
Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP 
 
Nas pacientes submetidas a conduta terapêutica cirúrgica, o princípal tipo de 
tratamento foi a histerectomia com uma frequência de 83,64% (92), sendo que as 
restantes 18 pacientes (16,36%) foram submetidas a miomectomia. 
 
 
 
 
92
18
83,64% 16,36%
0
20
40
60
80
100
Histerectomia Miomectomia
N
º 
d
e
 p
a
c
ie
n
te
s
 
Tipo de Cirurgia efectuada
Gráfico 11: Distribuição da amostra quanto ao tipo de 
tratamento cirúrgico efectuado
n %
 
 50 
Tabela 2: Distribuição da amostra segundo o número de partos e o tipo de 
tratamento cirúrgico efectuado. 
Nº de 
partos 
Tipo de tratamento cirúrgico efectuado 
Miomectomia Histerectomia n % 
0 13 8 21 19,1% 
 1-3 4 41 45 40,9% 
 4-6 1 35 36 32,7% 
 7-9 0 7 7 6,4% 
 ≥10 0 1 1 0,9% 
Total 18 92 110 100% 
Fonte: Processos clínicos do serviço de ginecologia da MLP 
 
Quanto a distribuição da amostra por paridade e o tipo de tratamento cirúrgico das 
mulheres nulíparas que foram submetidas a cirurgia (21 pacientes) a princípal conduta 
foi a miomectomia com uma frequência de 61,9% (13) e a menor foi histerectomia com 
frequência de 38,1% (8). Nas mulheres com 1-3 partos cerca de 91,1% (41) foram 
submetidas a histerectomia. 
 
 
 
 
 51 
6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
 
Em 2019 o leiomioma uterino foi a primeira causa ginecológica de internamento no 
serviço de ginecologia da MLP com frequência de 25,71%. Este resultado corrobora 
com um estudo similar feito no mesmo local em 2016, que demostrou que o leiomioma 
uterino foi neste ano a patologia ginecológica mais frequente nas pacientes internadasno serviço de ginecologia durante o referido ano (Tchissueca, 2016). 
Em outro estudo feito no ambulatório ginecológico de um hospital universitário no 
Brazil em mulheres cuja-a média de idade foi de 45 anos, os diagnósticos mais 
comuns foram o climatério (17,0%) e miomatose uterina (16,7%) (Lodi at al, 2017-
2018). 
Em relacção ao número de pacientes internadas com leiomioma uterino nos últimos 
cinco (5) anos (2015 a 2019), o gráfico 2 demostra que houve uma evolução em 
crescente de casos de leiomioma uterino durante o período, com o menor número de 
casos observados em 2015 (204 casos) e o maior em 2019 (362 casos) e tendência 
crescente nos próximos anos. Este aumento na frequência das pacientes observadas 
com leiomioma uterino ao longo dos últimos cinco (5) anos pode ser justifcado por 
factores como maior adesão das utentes à consulta de ginecologia, melhora na 
capacidade diagnóstica dos profissionais graças a difusão da ecografia, aumento nos 
factores de risco como a nuliparidade e/ou tendência a baixa paridade fruto da 
diminuição da disponibilidade das mulheres para a procriação e adesão aos métodos 
contraceptivos. Estes dados corroboram com estudo feito em 2012 sobre a frequência 
do leiomioma uterino em consultas externas da MLP que demostra um aumento na 
frequência das mulheres com essa patologia nas consultas de 2008 a 2010 e uma 
redução da frequência apenas em 2011 (Cangombe, 2012). 
 A média de idade identificada foi de 41 anos. Na distribuição da amostra por faixas 
etárias, a faixa etária de maior frequencia foi a dos 45-49 anos com cerca de 30% 
seguida da faixa etária dos 40-44 anos (21%). A menor faixa etária obervada foi das 
mulheres com idade compreendida entre os 15-19 anos de idade (0,5%). Em um 
 
 52 
estudo realizado recentemente no Brazil sobre perfil epidemiológico das internações 
por leiomioma no estado de Sergipe de 2014-2017 observou-se quase os mesmos 
resultados em relação a faixa etária de maior frequência que foi das mulheres com 
idade compreendida os 40-49 anos, representando 57,7% dos casos, seguida da faixa 
entre 30 a 39 anos com 25,2% (Santos at al, 2017). 
 Estes resultados são compatíveis com a maior parte da bibliografia consultada que 
afirma haver maior incidência do leiomioma uterino entre a terceira e quarta década 
de vida diminuindo consideravelmente após a menopausa, facto que é justificado pela 
diminuição fisiológica da concentração de estrogênio e progesterona que se verifica 
nesta etapa de vida da mulher (Hoffman, 2014), (SILVEIRA, 2008), (Conceição, 2010) 
(SILVEIRA, 2008), (Federação Brazileira das sociedades de Ginecologia e Obstetrícia, 
2004), (K. L. Boclin, 2013), (Joana Faria, 2008), (Sociedade Portuguesa de 
Ginecologia, 2017). 
Em relacção ao nível acadêmico o mais frequente obervado foi o nível básico (27%) e 
o menor foi o das mulheres que alegaram não possuirem nenhum nível acadêmico por 
não terem frequentado a escola (5%) seguida daqueles que frequentam ou 
frequentaram o ensino superior (11%). Este achado pode ser justificado pelas 
prováveis dificuldades que muitas dessas mulheres tiveram para o acesso ao ensino 
durante o seu crescimento fruto de escassez de escolas nas suas localidades, 
dificuldades económicas, ideologias sociais e culturais, etc. 
Quanto a distribuição da amostra por número de gestações o grupo mais 
representativo foi daquelas com historial de 4-6 gestações (38%) seguida das 
mulheres com historial de 1-3 gestações (35%). A menor frequência foi das pacientes 
com mais de 10 gestações anteriores na qual a frequência foi de 4%. A média do 
número de gestações nas mulheres estudadas foi de 3. Estes dados são encontrados 
em quase toda a bibliografia consultada que afirma haver maior probabilidade de 
surgimento de leiomioma nas mulheres com baixa paridade particularmente as 
nuligestas e/ou nulíparas (Hoffman, 2014), (Conceição, 2010), (Quessongo, Estudo da 
Frequencia de mioma uterino nas consultas de ginecologia na Maternidade Lucrecia 
Paim em 2012, 2013), (Santos at al, 2017). 
 
 53 
A média de paridade identificada foi de 2 . Quanto a distribuição das mulheres por 
número de partos anteriores, o grupo de maior frequência foi das mulheres com 2-3 
partos com frequência de 43,5%. A menor frequência foi das pacientes com mais de 
dez (10) partos anteriores (1%) e cerca de 19,5% das paciente eram nulíparas (P0). 
Este resultado é encontrado em todas as bíbliografias consultadas que apontam a 
nuliparidade como um dos principais factores de riscos para o surgimento do 
leiomioma uterino (Silva, 2012-2013), (K. L. Boclin, 2013), (Quessongo,2013). 
Dentre as pacientes com um historial de 1 a 4 partos que foram as mais frequentes 
quanto a distribuição das mulheres por número de partos (87) a faixa etária mais 
predominante nestas mulheres foi a faixa dos 45-49 com frequência de 35,6% (31). 
Nas nulíparas (39) a maioria encontrava-se na faixa etária dos 25-29 anos (31,03). A 
ausencia ou baixa paridade nestas idade pressupõe maior risco de surgimento do 
leiomioma e ao mesmo tempo do surgimento precoce dos sintomas em função da 
maior exposição ao estrogênio que é um dos princípais promotores envolvido no 
crescimento e desenvolvimento do deste tumor. 
A justificativa parte do facto de haver nas nuliparas e naquelas mulheres com baixa 
paridade maior exposição ao estrogênio fruto do contínuo cíclo menstrual normal, uma 
vez que o estrogênio é considerado o principal promotor do crescimento do leiomioma 
por aumentarem a taxa de mitoses das células que constituem o nódulo favorecendo 
o aumento do número de células e consequentemente o aumento no tamanho do 
leiomioma. Neste caso a maior exposição estrogénica pressupõe um aumento rápido 
e significativo do leiomioma levando com isso a maior probabilidade de aparecimento 
dos sintomas (Hoffman, 2014), (SILVEIRA, 2008), (Conceição, 2010). 
Os principais factores de riscos identificado foram a raça negra (100%), idade (71%), 
hipertensão arterial (28,5%), nuliparidade (15,5%) e o uso de contraceptivo hormonal 
(15%). Estes dados corroboram com estudos similares feitos na MLP no ano de 2012, 
2013 e 2016 em que foi identificado os mesmo factores de risco nomeadamente a 
idade dos 35-45 anos, HTA, raça negra e nuliparidade (Quessongo, 2013), 
(Cangombe, 2012), (Tchissueca, 2016). 
 
 54 
Um estudo análítico prospectivo sobre factores predisponentes do leiomioma uterino 
identificou que o uso prolongado e inadequado dos métodos contraceptivos hormonais 
bem como o aumento de peso são factores de riscos importantes para o 
desenvolvimento do leiomioma uterino (Cedeño e Coello, 2019). 
Apesar de ser conhecido que o leiomioma uterino possui um padrão heredo-familiar, 
durante a recolha de dados não foi encontrado nos processos clínicos das pacientes 
em estudo qualquer informação sobre a história familiar quanto ao leiomioma uterino. 
A obtenção desta informação é de grande utilidade para que se tenha uma nocção de 
existência ou não de história de leiomioma uterino na fmília. 
A principal manifestação clínica identificada foi a hemorragia (78%) seguido do 
desconforto/dor abdominal (43%) e anemia (26,5)%. Este achado corrobora com 
quase toda a bibliografia consultada que refere a hemorragia uterina anormal e a dor 
ou desconforto abdominal como manifestações clínicas mais frequentes em pacientes 
com leiomioma uterino (Quessongo, 2013), (Tchissueca, 2016), (Cangombe, 2012). 
Quanto a realização do diagnóstico histológico apenas 27% tinham realizado o exame 
histológico e 73% não realizaram o exame histológico. Em um estudo epidemiológico 
de biópsias em pacientes atendidas no ambulatório de patologia de um hospital 
universitário no Brazil o principal diagnóstico anatomopatológico foi o pólipo 
endometrial com frequência de 42,1% enquanto que o leiomioma uterino teve uma 
frequência de 4,4% (Frassetto, 2004). 
A realização do

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